Você está na página 1de 15

incêndio

matéria de capa

incêndio matéria de capa

Benefícios da
compartimentação
para a segurança
contra incêndios
Compartimentar a edificação evita que o fogo se propague e facilita o
resgate de vítimas
por Bruno Simon | redacao3@cipanet.com.br
Foto sxc.hu

20 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

www.cipanet.com.br • Incêndio • 21
incêndio matéria de capa

Em uma noite de setembro de

Foto: Museum of London/Heritage-Images


1666, Thomas Farrinor, padeiro do
rei Charles II, da Inglaterra, esque-
ceu-se de desligar o forno de sua pa-
daria, na região central de Londres,
capital do país. O fogo atingiu res-
tos de madeira que estavam ao lado
do fogão e, em pouco tempo, toda
a casa estava em chamas. O fogo
alastrou-se pela Thames Street e to-
mou grande parte da região central
da cidade, destruindo 13.200 casas,
87 igrejas, 44 prédios públicos e a
catedral de St. Paul. O episódio, co-
nhecido como “O Grande Incêndio
de Londres”, durou três dias e foi Pintura de 1675 representando o grande incêndio de Londres. Tragédia deu origem à cultura de
proteção contra incêndio na Inglaterra
favorecido pela estrutura medieval
da cidade, que contava com ruas sim, um forro de apartamento, por
estreitas e casas de madeira, muito exemplo, exerce a função de deco-
Foto: divulgação

próximas umas às outras. ração, de absorção sonora etc. Mas


Após o incidente, uma das me- também pode proteger o ambiente
didas tomadas pelas autoridades em caso de incêndio, não propagan-
londrinas para evitar tragédias se- do as chamas.”
melhantes foi separar as casas com Nesse contexto, a compartimen-
paredes de tijolos e pedras de ao me- tação deve ser entendida como um
nos 225 mm de espessura. conjunto de medidas construtivas
Em 1875, um novo incêndio na que tem como maior objetivo limi-
cidade, dessa vez em um galpão, te- Para Antonio Berto, a compartimentação tar o incêndio a um determinado
ria levado o comandante da brigada é um dos métodos mais eficientes de ambiente, evitando que ele se alastre
proteção contra incêndios
de incêndio de Londres a afirmar de um compartimento a outro, hori-
que seria impossível controlar cha- zontal ou verticalmente.
mas de tão grandes dimensões, já Esses acontecimentos foram cru- De acordo com Valdir Pignatta
que o ambiente tinha volume total ciais para o desenvolvimento dos e Silva, professor da escola politéc-
de 7 mil metros cúbicos. Esse valor chamados métodos de proteção pas- nica da USP (Universidade de São
foi supostamente tomado como base siva contra incêndios. Paulo) e vice-presidente da Albrasci
para a definição do limite máximo Segundo o pesquisador Antonio (Associação Luso-Brasileira para a
de um compartimento tendo em Fernando Berto coordenador do La- Segurança Contra Incêndio), o ter-
vista os procedimentos de proteção boratório de Segurança ao Fogo do mo compartimento refere-se à “pró-
contra incêndio. IPT (Instituto de Pesquisas Tecno- pria edificação ou parte dela, com-
Nos Estados Unidos, o relatório lógicas), de São Paulo, as metodo- preendendo um ou mais cômodos,
Fire Granding Report, publicado em logias de segurança passiva contra espaços ou pavimentos”.
1946, analisava aspectos relaciona- incêndio, entre as quais se destaca Em um primeiro momento, com-
dos à segurança contra incêndio em a compartimentação, incluem medi- partimentar significa, de acordo
edifícios e sugeria uma nova forma das que basicamente não demandam com Antonio Berto, reduzir áreas de
de classificação de riscos, que levas- energia e que fazem uso de com- risco, como óbvias vantagens finan-
se em conta aspectos como a natureza ponentes e elementos que exercem ceiras: “Em uma unidade industrial
da construção e o tipo de ocupação. funções diversas na edificação. “As- sem compartimentação, por exem-

22 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

as perdas potenciais. Ela também quais os ocupantes da edificação


Foto: Mkahn

traria compensações financeiras na possam sair com segurança: “Ao se


contratação do seguro”. compartimentar uma área, devem-se
Compartimentar significa tam- prever também rotas alternativas de
bém manter o incêndio em dimen- saída e, por isso, a compartimenta-
sões controláveis e salvaguardar a ção interage com a questão das saí-
integridade física dos ocupantes da das de emergência. Uma área segura
edificação. Nesse sentido, as medi- deve dar acesso a outra e assim su-
das de compartimentação facilitam cessivamente, até se chegar ao exte-
Valdir Pignatta: o combate ao fogo; limitam o núme- rior do edifício”.
ro de pessoas em risco num determi- Assim, a compartimentação é
“A compartimentação nado momento; dão tempo para que essencial em ambientes como hos-
é sempre desejável, as pessoas que se encontram em zo- pitais, por exemplo, onde muitos
a fim de evitar a propagação nas sem fogo escapem; e providen- dos ocupantes podem estar impe-
do fogo e da fumaça” ciam zonas de refúgio temporário, didos de se locomover: “Como re-
viabilizando a evacuação segura da solver a questão da segurança con-
edificação. tra incêndio em hospitais se não
plo, um incêndio poderia facilmente Berto afirma, portanto, que com- for com compartimentação? Só ela
passar da linha de produção para o partimentar ambientes não significa pode oferecer condições para que
estoque. A compartimentação difi- isolá-los uns dos outros, mas sim todos os pacientes sejam retirados
culta que isso aconteça, diminuindo providenciar áreas e acessos pelos a tempo”.

consulta 3211

www.cipanet.com.br • Incêndio • 23
incêndio matéria de capa

dem a propagação do incêndio para


Foto: sxc.hu

os andares imediatamente superio-


res ao pavimento atingido.
De acordo com o Regulamen-
to de Segurança Contra Incêndios
do Corpo de Bombeiros Militar do
Estado de São Paulo (CBMESP), os
procedimentos de compartimenta-
ção devem ser realizados levando-se
em conta as dimensões e a natureza
da edificação, bem como seu grupo
de ocupação. Dessa forma, eles não
são exigidos para edificações com
áreas menores ou iguais a 750 me-
tros quadrados e alturas de até 12
metros. Residências (casas e aparta-
Compartimentação é o método de proteção mais eficaz em hospitais
mentos) e habitações coletivas (pen-
sionatos, alojamentos, mosteiros,
conventos etc.), mesmo que tenham
Foto: MHA Engenharia

Outro aspecto importante, de áreas maiores, não necessitam de


acordo com o pesquisador do IPT, compartimentação horizontal, em-
é que a compartimentação deve evi- bora devam ser compartimentadas
tar não apenas que o fogo se alastre, verticalmente caso ultrapassem os
mas também que a fumaça atinja ou- 12 metros de altura. Já edificações
tros compartimentos: “A fumaça é o de natureza industrial e comercial,
que mais mata durante um incêndio. hotéis, escolas, locais de reunião
E ela também dificulta o trabalho pública, depósitos etc. podem ou
dos bombeiros”. Ana Maria Taboada, não exigir compartimentação, de-
Valdir Pignatta e Silva afirma da MHA engenharia pendendo dos riscos que oferecem a
que os elementos de compartimen- seus ocupantes e da carga de incên-
tação devem ser previstos nos pro- dio em potencial. Em muitos casos,
jetos de estrutura, arquitetura e de materiais para compartimentação a compartimentação nesses ambien-
instalações das edificações, e que o podem dar assistência às obras por tes pode ainda ser substituída por
mais importante é que esse projeto meio de cursos de aplicação dos medidas de proteção ativa, como
seja rigorosamente seguido na etapa seus produtos aos funcionários das instalação de sistemas de controle
de construção. construtoras”. de fumaça e chuveiros automáticos.
Para Ana Maria Piñeiro Taboada, A área máxima de um comparti-
gerente de projetos da MHA Enge- mento varia entre 800 e 5 mil metros
nharia, geralmente as grandes cons- Procedimentos de quadrados e é calculada tomando
trutoras estão aptas a realizar esses compartimentação por base a presença ou ausência de
procedimentos, que fazem parte das riscos especiais; a existência ou ine-
exigências legais de segurança con- Os procedimentos de comparti- xistência de sistemas auxiliares de
tra incêndios, mas as constantes ino- mentação dividem-se em horizon- combate a incêndio; os riscos ine-
vações no mercado de produtos para tais e verticais. Os procedimentos rentes à atividade prevista; e o valor
compartimentação podem demandar horizontais evitam que o fogo se do conteúdo presente no ambiente.
a necessidade de assessoria técnica alastre para ambientes em um mes- O anexo B da Instrução Técnica
de fabricantes: “Os fabricantes de mo pavimento; já os verticais impe- (IT) n° 9 dos bombeiros militares

24 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

paulistas, que trata justamente de ter tratamento especial, por meio da tros corta-fogo (dampers); elementos
compartimentação, traz uma tabela utilização de portas, registros e sela- construtivos corta-fogo de separação
com as áreas máximas de comparti- gens corta-fogo. vertical entre pavimentos consecuti-
mentação em função dos grupos de vos; e selagem perimetral corta-fogo.
ocupação das edificações. De acordo com Valdir Pignatta
Compartimentação e Silva, a compartimentação verti-
vertical cal de fachadas é obtida por meio
Foto: divulgação

de parapeito-verga ou marquises
A compartimentação vertical deve (prolongamento dos entrepisos),
ser realizada tanto na fachada como construídos por materiais incom-
no interior dos edifícios. A compar- bustíveis. De acordo com a IT nº
timentação de fachadas tem como 9 dos bombeiros, as vergas e para-
objetivo impedir que o incêndio se peitos existentes entre as aberturas
propague para os outros pavimentos de pavimentos consecutivos devem
da edificação através das aberturas apresentar espessura mínima de 1,2
Carla Costa, especialista em segurança existentes em sua área externa. Já a metro (ver figura 1). Quando a se-
contra incêndios
compartimentação interior visa im- paração entre os pisos for realizada
pedir que o incêndio se propague por meio de marquises, essa estrutu-
através de aberturas nos entrepisos, ra deve ser prolongada por, no míni-
saídas de emergência ou poços de mo, 0,9 metro além do alinhamento
Segundo Carla Costa, engenhei- elevador. da fachada.
ra civil especializada em segurança Os elementos empregados para a No caso de edifícios com facha-
contra incêndio, a compartimenta- compartimentação vertical de edifi- da envidraçada, a engenheira Carla
ção é obtida por meio de uma série cações são entrepisos (ou lajes) corta- Costa explica que devem ser ins-
de medidas, entre elas a construção fogo; paredes corta-fogo, para o en- talados elementos corta-fogo por
de barreiras físicas contra o fogo, clausuramento de escadas e poços de trás desse revestimento. De acordo
tais como pisos e paredes corta-fo- elevadores; selos, vedadores e regis- com a Instrução Técnica dos bom-
go: “São estruturas convencionais,
de alvenaria, de concreto e até de
Foto: cbmesp

dry-wall, mas com uma espessura


mínima, para que impeçam a passa-
gem de chamas, calor e fumaça”.
De acordo com a engenheira, as
barreiras de contenção precisam ser
estanques e isolantes, evitando que
tanto o fogo como o calor passem
para os ambientes adjacentes. “As
barreiras de compartimentação têm
que apresentar baixa condutividade
térmica, para evitar que a tempera-
tura nos ambientes adjacentes suba
muito, impedindo sua ocupação, e
respeitar um tempo mínimo de re-
sistência ao fogo.”
Para evitar a quebra da compar-
timentação, as aberturas e passagens
feitas nas paredes também devem Compartimentação vertical na fachada de edifício. Fonte: IT nº 9 do CBMESP

26 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

as estruturas corta-fogo devem ser


fechadas com selagem corta-fogo.
Para a compartimentação verti-
cal interna, Pignatta explica que as
lajes ou entrepisos devem respei-
tar uma espessura mínima e que as
selagens devem ser utilizadas para
fechar toda e qualquer ligação entre
pavimentos, tais como passagens de
tubulação, dutos, shafts etc. Dutos
de ventilação, ar-condicionado ou
exaustão devem ainda contar com
registros corta-fogo, devidamente
ancorados aos entrepisos.
Segundo Carla Costa, para evi-
tar a quebra da compartimentação,
as escadas de emergência devem ser
Modelo de compartimentação de fachadas
protegidas por paredes de comparti-
mentação e portas corta-fogo, além
beiros, esses elementos podem ser importante ressaltar que frestas ou de contar com sistema de pressuri-
marquises, vigas ou parapeitos. É aberturas entre a fachada de vidro e zação. “É importante que as escadas

Controle remoto
Motor Diesel
Ventilação
Sobe - desce até
300 m
150hp
150.000m3/h
30° inclinação
ROBO -LUF60
A solução inteligente contra incêndios

Aplicações:
Ÿ Túneis
Ÿ Ferroviário e Rodoviário
Ÿ Petroquímica
Segurança para os Bombeiros Ÿ Industrias geral
Ÿ Minas
Monitor 3.000 l/min alcance de 80 metros Névoa d’água 400 l/min Espuma química 3.000 l/min Ÿ Plataforma e Navios
Aplicação especial atinge 10.000 l/min Alcance de 60 metros Alcance de 80 metros
Ÿ Aeroportos
Ÿ Ambientes fechados
Ÿ Florestais e Agricultura
Ÿ Detritos e materiais perigosos

Visite nosso estande:


Representante oficial
R RECHNER S FIRE 3 a 5 de outubro de 2012
na América do Sul G E S . M . B . H
027 3045 8101/ 9774 2629
SHOW Sao Paulo - Brasil
Estande n 212
www.cipanet.com.br • Incêndio • 27
IX INTERNATIONAL FIRE FAIR

consulta 3213
incêndio matéria de capa

A separação entre as janelas


pode ainda ser substituída pelo pro-
longamento da parede de comparti-
mentação, com extensão mínima de
0,9 metro além do alinhamento da
fachada.
Aberturas em fachadas ortogo-
nais situadas em diferentes compar-
timentos devem ser separadas por
uma distância mínima de 4 metros,
para evitar a propagação do incêndio
por irradiação térmica.
De acordo com a IT 9, em edi-
fícios que possuem telhas combus-
tíveis, as paredes de compartimenta-
Modelo de compartimentação horizontal ção devem prolongar-se, no mínimo,
1 metro acima do telhado. Entretan-
de saídas de emergência tenham um corta-fogo, portas corta-fogo, ve- to, se as telhas combustíveis estive-
sistema de ventilação que expulse dadores corta-fogo, registros corta- rem a uma distância de ao menos 2
o ar do compartimento assim que fogo (dampers) e selos corta-fogo. metros da parede de compartimenta-
as portas corta-fogo forem abertas Segundo o professor Pignatta, ção, não há necessidade de prolon-
por quem está fugindo. Isso evita janelas voltadas para o exterior dos gamento da parede. É importante
a entrada de fogo e fumaça em seu compartimentos e em lados opostos ressaltar que a parede de comparti-
interior.” da parede de compartimentação de- mentação deve ser dimensionada es-
De acordo com a IT 9 dos bom- vem manter uma distância mínima truturalmente de forma a não entrar
beiros, átrios podem interferir na de 2 metros entre si. De acordo com em colapso caso ocorra a ruína da
compartimentação vertical das edifi- a Instrução Técnica dos bombeiros, cobertura do compartimento atingi-
cações e por isso devem contar com essa distância deve ser garantida por do pelo fogo.
proteções como sistemas de detec- uma extensão de parede devidamen- Vale mencionar, também, que as
ção e controle de fumaça e chuvei- te consolidada à parede de compar- medidas de compartimentação ho-
ros automáticos. Em prédios acima timentação (ver figura 2). rizontal devem ser combinadas ao
de 60 metros, átrios devem ser pro-
Foto: cbmesp

tegidos com cortinas, vidros ou ou-


tros elementos para-chamas.

Compartimentação
horizontal

A compartimentação horizontal
evita que o fogo se alastre dentro de
um mesmo pavimento ou para edifi-
cações adjacentes. Assim, o proce-
dimento deve ser realizado tanto no
exterior como no interior do edifício.
Internamente, os compartimen- Modelo de compartimentação em fachadas ortogonais. Fonte: IT n° 9 do CBMESP
tos devem ser separados por paredes

28 • Incêndio • www.cipanet.com.br
PROJETO PadRÃO SISTEMaS HIdRÁULICOS
• FM Global • Sprinklers
incêndio matéria de capa • Axa • Hidrantes
• Global Risk • Water Spray
• XL Group • Aquasonic
• NFPA • Casa de bombas

atendimento à Instrução Técnica n° SISTEMaS dE SUPRESSÃO SISTEMaS dE dETECçÃO E aLaRME


11 dos bombeiros, que trata do pla- POR GÁS • Fumaça
nejamento das saídas de emergência • NOVEC • Chama e Gás
da edificação, de forma que cada • FM-200 • Alta Sensibilidade
• CO2 • Feixe
área compartimentada seja dotada
de ao menos uma saída que leve a
InSPEçÕES e SISTEMaS dE SUPRESSÃO
um local seguro. De acordo com a ManUTEnçÕES EM PaínEIS E CabInES
IT 11, essa saída deve estar posicio- • FiREtRACE
nada a distâncias máximas de 30 a
140 metros, de acordo com o grupo
de ocupação da edificação e os ris-
cos envolvidos.

Elementos de
compartimentação

Em edificações compartimenta-
das devem ser utilizados elementos
construtivos chamados de corta-fo-
go, ou seja, pisos, paredes e portas
que apresentem resistência mecâni-
ca às chamas, estanqueidade (im-
pedindo a passagem de chamas e
fumaça) e isolamento térmico (im-
pedindo a passagem do calor). Em
situações especiais, são permitidos
os elementos conhecidos como pa-
ra-chamas, que apresentam apenas
resistência mecânica e estanqueida-
de, mas não impedem a passagem
de calor.
Todos os elementos de compar-
timentação devem respeitar o TRRF
(Tempo Requerido de Resistência
ao Fogo), intervalo de tempo du-
rante o qual a estrutura construtiva DISTRIBUIDOR AUTORIZADO: DISTRIBUIDOR AUTORIZADO:

se mantém íntegra em situações de


incêndio.
O TRRF dos elementos de com-
partimentação pode variar de 30 a
180 minutos, dependendo do tipo de
ocupação e das dimensões da edi-
ficação, sendo classificados de P1
(30 minutos) a P8 (180 minutos). Já
elementos instalados em subsolos
são classificados em S1 (60 minutos

www.gamafire.com.br
consulta 3214

(11) 3868-1000
www.cipanet.com.br • Incêndio • 29
incêndio matéria de capa

paredes de compartimentação com


Foto: sxc.hu

função estrutural; e
• ABNT NBR 6479: Determina-
ção da resistência ao fogo das prote-
ções das aberturas existentes nas pa-
redes de compartimentação (portas
corta-fogo, selagem corta-fogo etc.).
Ambientes compartimentados po-
dem ainda contar com selagens corta-
fogo, para fechar possíveis frestas
deixadas nos espaços por onde pas-
sam tubos e shafts, fachadas de vidro
etc.; vedadores corta-fogo; e registros
corta-fogo (dampers).
Segundo Ana Maria Taboada,
vedadores corta-fogo são elementos
parecidos com portas corta-fogo, só
que utilizados nas paredes corta-
fogo de áreas industriais, com fe-
chamento automático acionado por
detecção ou alarme.
Registros ou dampers corta-
fogo são elementos utilizados nos
dutos de exaustão ou ar-condicio-
nado que atravessam paredes cor-
ta-fogo e que, quando acionados
pela detecção ou alarme, fecham-
se, evitando que a fumaça de uma
área atingida pelo fogo adentre
outros ambientes. De acordo com
Portas corta-fogo devem ser instaladas em passagens entre compartimentos, evitando que o fogo
se alastre a IT 9, os dampers devem ser dota-
dos de acionamentos automáticos
de resistência) ou S2 (90 minutos de matemáticos (analíticos) devida- comandados por fusíveis bimetá-
resistência). mente normatizados ou internacio- licos ou por sistema de detecção
De acordo com a IT 8 – Resis- nalmente reconhecidos. automática de fumaça, de acordo
tência ao fogo dos elementos da Segundo Berto, os ensaios de com a NBR 17240/10.
construção do Corpo de Bombeiros resistência ao fogo aplicados aos Já a selagem corta-fogo é geral-
de São Paulo, o TRRF dos elemen- elementos de compartimentação mente utilizada nas passagens de
tos de compartimentação devem ser no Brasil devem ser realizados em instalações que atravessam paredes
comprovados por meio da execução conformidade às seguintes normas corta-fogo ou nos shafts, evitando a
de testes e ensaios específicos de técnicas: propagação de fogo, fumaça e calor
resistência ao fogo ou atendimen- • ABNT NBR 10636: Deter- para outros ambientes. “A selagem
to a tabelas elaboradas a partir de minação da resistência ao fogo de corta-fogo funciona por meio da
resultados obtidos em ensaios de paredes de compartimentação sem aplicação de produtos que, ao serem
resistência ao fogo. Para elementos função estrutural; aquecidos pelo fogo, possuem efei-
estruturais, o TRRF pode ainda ser • ABNT NBR 5628: Determi- to intumescente e ocupam o espaço
comprovado por meio de modelos nação da resistência ao fogo para vazio deixado pela tubulação que

30 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

entrou em colapso”, explica Ana jaram as discussões sobre seguran- Segundo coronel Hamilton Coelho,
Maria. ça contra incêndios em edificações as legislações brasileiras sobre segu-
no País, principalmente na capital rança contra incêndios evoluíram
paulista. Segundo Berto, essas dis- bastante e o nível de exigência está
Legislação cussões levaram a legislações um de acordo com as principais normas e
pouco melhores, a partir de 1983, e regulamentos internacionais: “O que
De acordo com Antonio Berto, culminaram, em 2001, com o Decre- deve ser feito é uma revisão perió-
até a década de 1970, as legislações to Estadual nº 56.819, que fornece dica, principalmente para incorporar
sobre segurança contra incêndio em as diretrizes para os projetos de se- novas técnicas e equipamentos, à me-
edificações no Brasil previam so- gurança contra incêndio no Estado, dida que são desenvolvidos”.
mente medidas de proteção ativas. a partir das chamadas Instruções A legislação de segurança contra
Assim, era comum que os corpos de Técnicas. incêndios varia de acordo com os
bombeiros estaduais exigissem ape- Para Berto, o decreto de 2001 foi municípios do País. Atualmente, a
nas a instalação de hidrantes e extin- a primeira legislação mais abran- legislação paulistana determina que
tores de incêndios. gente do Brasil, passando a tratar estabelecimentos comerciais e in-
Entretanto, episódios como os de compartimentação com base em dustriais apresentem AVCB (Alvará
incêndios nos Edifícios Andraus e normas nacionais e internacionais. de Vistoria do Corpo de Bombeiros)
Joelma, em 1972 e 1974, respecti- “Não dava para desenvolver uma para obter o alvará de funcionamen-
vamente, que juntos deixaram mais legislação sem uma base normativa to. O AVCB atesta que as medidas
de 200 mortos em São Paulo, ense- forte”, explica. de segurança contra incêndio imple-

www.cipanet.com.br • Incêndio • 31
consulta 3215
incêndio matéria de capa

Cortinas Corta-Fogo
Foto: Exuvent

Foto: Exuvent

Cortina corta-fogo instalada em cozinha Cortina-corta fogo usada para proteger átrio de shopping center

Em 2011, passaram a valer as novas versões das Daniel Franco, diretor-comercial da Exuvent,
Instruções Técnicas dos Bombeiros Militares empresa que atua no segmento de ventila-
Foto: Divulgação

de São Paulo, entre elas a da IT 9. Uma das ção natural, explica que as cortinas corta-
novidades introduzidas pela nova versão é a fogo oferecem vantagens principalmente se
inclusão das chamadas cortinas corta-fogo utilizadas em substituição a uma parede de
entre os elementos de compartimentação. compartimentação, por exemplo: “A cortina
corta-fogo abre grandes possibilidades de
De acordo com o texto da IT 9, as cortinas corta- projeto para arquitetos, engenheiros civis
fogo podem ser utilizadas como elemento de e especificadores e podem ser utilizadas
compartimentação horizontal ou vertical em residências, shoppings, indústrias e até
em edificações protegidas por chuveiros embarcações”.
Cel. reformado Hamilton Coelho,
automáticos e devem ser acionadas por sistema do CBMESP
de detecção automática ou manualmente, de Outra vantagem da cortina corta-fogo, de
acordo com a NBR 17240/10. acordo com Franco, é que ela pode ser usa-
Foto: Divulgação

da para facilitar a fuga dos ocupantes da


Carla Costa explica que as cortinas corta-fogo edificação: “A cortina desce até uma altura
são feitas de tecido sintético com características predeterminada durante um período de
especiais de resistência ao fogo e ao calor e são tempo preestabelecido (compartimentação
mais indicadas para ambientes industriais: “É parcial), criando um ‘reservatório de fumaça’.
que, nas indústrias, existem muitas tubulações Isso garante que as rotas de fuga protegidas
saindo das paredes e que precisam de vedação. permaneçam abertas por mais tempo antes
Elas podem ser aplicadas também naquelas da descida das cortinas até sua posição ope-
aberturas das cozinhas de restaurantes, para racional de contenção de fogo (comparti-
passar os pratos”. mentação total), permitindo uma evacuação
Daniel Franco, diretor-comercial
da Exuvent planejada”.
Outra aplicação possível das cortinas seria
em escadas rolantes de shopping centers: “As Para Hamilton Coelho, coronel reformado
cortinas são acopladas a detectores de fumaças. Então, em caso de do CBMESP, as cortinas corta-fogo são bastante eficazes quando
incêndio, o detector envia um sinal para o painel de controle, que adequadamente projetadas e instaladas, principalmente em locais
aciona as cortinas automaticamente, que então se fechariam ao onde a construção de paredes traz algum prejuízo para a operação
redor da escada rolante, formando uma espécie de caixa”, explica da edificação.
Carla.

32 • Incêndio • www.cipanet.com.br
incêndio matéria de capa

mentadas na edificação, entre elas a integralmente às exigências. Segun-

Foto: Divulgação
compartimentação, estão de acordo do ele, nessas edificações são exi-
com as instruções técnicas dos bom- gidas adaptações, de acordo com as
beiros. Segundo coronel Hamilton possibilidades.
Coelho, o AVCB é emitido apenas Segundo Carla Costa, um dos
após vistorias dos bombeiros na maiores problemas da segurança
edificação, quase sempre por solici- contra incêndio em edificações é a
tação do proprietário: “Nessas oca- dificuldade de fiscalização, princi-
siões, o bombeiro responsável con- palmente em São Paulo, onde a de-
fere a instalação e o funcionamento manda é muito grande: “São Paulo Para Gonçalves, é preciso
conscientização sobre a importância
de todos os sistemas de proteção e tem muitas construções e o Contru da proteção contra incêndios
combate a incêndio, verificando se (Departamento de Controle do Uso
a edificação está de acordo com o de Imóveis) não dá conta de fiscali-
projeto técnico aprovado. Se estiver zar a cidade toda. A maioria das irre-
tudo bem, é emitido o AVCB”. gularidades acaba sendo descoberta estabelecimento de funcionar.
O coronel Hamilton explica ain- por meio de denúncias”. E, para Gérson Gonçalves de
da que as edificações construídas na De acordo com a engenheira, os Souza, subtenente do CBMESP,
cidade de São Paulo já incorporam bombeiros militares podem até cas- nem é essa a intenção dos bombei-
adequadamente as medidas de pro- sar ou não conceder AVCB em caso ros. “Não temos efetivo para reali-
teção contra incêndios, mas ainda há de irregularidades, mas não podem zar a fiscalização e a interdição de
edificações antigas que não atendem embargar uma obra ou impedir um edificações. Além disso, o mais im-

Detecção e Prevenção de Incêndios

Experiência no fornecimento de equipamentos:

- Sistemas Endereçáveis E
HOW DES
/ FIRES NO VIDA
- Sistemas de Combate FIS P
OS E
D NA ENT
- Equipamentos Marinizados O S TAN N ÇAM
A
TE N
OS S S SO
SL / 713
- Equipamentos à prova de Explosão V IS I OS NO 6 1 4-711
ODO
S 2/
- Detectores lineares de fumaça, cabo sensor de ÇA T d 61
temperatura, detectores de chama, CON
HE Stan consulta 3216

detectores por aspiração, etc.

Corpo técnico capacitado para prestação de serviços,


treinamento, pós venda e suporte técnico adequado.

NOVIDADE !!!!
Aerossol para Supressão de Incêndio.
NÃO DEIXA RESÍDUO.

Contate-nos:
email: surcom@surcom.com.br www.cipanet.com.br • Incêndio • 33
Fone/Fax: (11) 4361-8080
incêndio matéria de capa

um ambiente seguro na edificação


durante o tempo necessário para a
fuga das pessoas, evitando intoxica-
ção e falta de visibilidade; controle
e redução da propagação de gases
quentes e fumaça entre as áreas atin-
gidas e áreas adjacentes, baixando
a temperatura interna e limitando a
propagação do incêndio; e prever
condições dentro e fora do ambiente
incendiado que facilitem as opera-
ções de busca e resgate de pessoas e
de controle das chamas.
Segundo a instrução técnica, a
extração da fumaça é facilitada pela
Exemplo de instalação em cobertura SHED, com cortinas fixas de acantonamento de fumaça. Fonte:
divisão de volumes de fumaça a ex-
IT 15 do CBMESP trair, por meio da previsão de áreas
de acantonamento, criadas a partir
portante não é a fiscalização, é pre- Outra medida importante para fa- da instalação dos chamados painéis
ciso antes educar a população sobre cilitar o trabalho dos bombeiros, de de fumaça.
a importância da segurança contra acordo com subtenente Gonçalves, é
incêndios.” o bloqueio da fumaça proporciona-
do pela compartimentação, por meio Arquitetura x
de barreiras estanques e isolantes. compartimentação
Compartimentação e Nesse sentido, os procedimentos de
resgate de vítimas compartimentação também devem
ser realizados em conjunto com os
Foto: Divulgação

Uma das grandes contribuições da descritos na Instrução Técnica nº 15


compartimentação para a segurança do CBMESP, que trata do controle
de edificações é oferecer condições de fumaça em edificações.
adequadas para que os bombeiros Segundo Daniel Franco, as me-
executem as operações de salvamen- didas de controle de fumaça visam
to de vítimas e combate às chamas. isentar de fumaça os ambientes
De acordo com o subtenente Gonçal- compartimentados horizontal e ver-
ves, uma edificação compartimen- ticalmente, e devem ser realizadas
tada garante a eficácia do “Sicer”, em átrios, subsolos, espaços amplos, Marcos Vargas Valentin, arquiteto
especializado em segurança contra incêndio
como é chamado o plano de ação em rotas de fuga etc. Para isso, essas me-
situações de incêndio dos bombeiros: didas devem promover a entrada de
“‘S’ é salvamento; ‘I’, isolamento da ar limpo na edificação e a saída da
área; ‘C’ é confinamento; ‘E’, extin- fumaça, por meio de exaustores na- Segundo Marcos Vargas Valen-
ção das chamas; e ‘R’, rescaldo. A turais, que devem ser instalados na tin, arquiteto, urbanista e pesqui-
compartimentação facilita o salva- cobertura ou fachada da edificação. sador do GSI/NUTAU/FAU-USP
mento, na medida em que restringe o De acordo com o texto da IT (Grupo de Segurança Contra Incên-
fogo a determinadas áreas e cria lo- 15, cada ambiente compartimentado dio do Núcleo de Arquitetura e Ur-
cais seguros para a fuga, e evita que deve contar com um dispositivo in- banismo da Faculdade de Arquitetu-
o incêndio tome maiores proporções, dependente de controle de fumaça, ra e Urbanismo da Universidade de
facilitando sua extinção”. que deve: propiciar a manutenção de São Paulo), as medidas de compar-

34 • Incêndio • www.cipanet.com.br
Foto: Marco Valentin
incêndio matéria de capa

Shaft selado

timentação não geram muitas inter- sional é contratado, o projeto de


ferências nos projetos arquitetônicos arquitetura e os complementares já
das edificações, a não ser nos átrios: estão avançados. Diante das exi-
“Nos átrios, a compartimentação gências necessárias para que a obra
vertical é quebrada, e as exigências seja aprovada, os trabalhos precisam
para minimizar a propagação do passar por revisão, o que acaba atra- consulta 3217
fogo e dos produtos da combustão sando todo o processo”.
nessas áreas elevam o custo da pro- Para Carla Costa, a dificuldade
teção contra incêndio”. maior dos profissionais envolvi-
Outro elemento que deve ser dos em projetos de construção civil
visto com bastante atenção, segun- pode ser resultado da falta de conhe-
do Valentin, são os shafts: “Se não cimento sobre segurança contra in-
forem bem compartimentados, per- cêndios: “Uma pesquisa recente fei-
mitirão que o fogo siga seu caminho ta pela Faculdade de Arquitetura e
natural, que é subir, contaminando Urbanismo (FAU) da Universidade
os ambientes superiores com fumaça de São Paulo (USP) confirmou uma
e dificultando a saída das pessoas”. suspeita que se tinha: hoje, o ensino
De acordo com Valentin, o ar- de projetos de segurança contra in-
quiteto não precisa ser especialista cêndio para arquitetos e engenheiros
em segurança contra incêndio para o civis é uma tragédia em praticamen-
exercício de sua profissão, mas deve te todo o Brasil”.
ter consciência de que o assunto é Segundo a engenheira, salvo
complexo e muito importante para engano, apenas a FAU da USP tem
a proteção da vida. Mesmo assim, disciplinas voltadas ao tema. “Nas
segundo ele, a maioria dos profis- outras faculdades, quando o coorde-
sionais de arquitetura do Brasil não nador do curso é mais antenado, ele
se interessa pelo tema: “Por isso, convida os bombeiros para darem
muitos contratam outro profissional uma palestra sobre o tema. Se não há
para elaborar o projeto (de seguran- essa consciência, não acontece nem
ça contra incêndio), popularmente isso, e o aluno se forma sem ter noção
chamado de ‘projeto de bombeiro’. nenhuma de proteção contra incêndio
Muitas vezes, quando esse profis- nos projetos que vai desenvolver.”

• Incêndio
www.cipanet.com.br consulta 3218• 35

Você também pode gostar