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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E ECONOMIA
Curso de Licenciatura em História
Disciplina: História Antiga
Professor: Marcos José de Araújo Caldas
Aluna: Nathália de Ornelas Nunes de Lima

FICHAMENTO
CARDOSO, Ciro Flamarion S. Os dados da questão. In: Antiguidade Oriental: política
e religião. São Paulo: Contexto, 1990, p. 9-22. (Série Repensando a História).

- Monarquia: forma de poder predominante no Antigo Oriente Próximo.


- Sociedade complexa, civilização: agricultura estável, urbanização, escrita, templos e
palácio.
- No Antigo Oriente Próximo, só artificialmente podemos separar política, religião e
economia -> para García Pelayo (1978), eram dimensões de uma mesma realidade.
- Os templos são parte integrante do aparelho do Estado, tanto quanto o palácio real ->
Templos e palácios são elementos centrais também na organização das atividades
econômicas (produção, distribuição e circulação de bens e serviços).
- Crítica ao conceito de “império universal”: a ideia de totalidade não seria
propriamente do mundo, mas sim do que era o cosmos daquela civilização.
- Monarquia: “governo chefiado por um rei em cuja pessoa se encarna e sintetiza o
Estado”, considerada como “o regime político normal dos povos civilizados, isto é,
dotados de escrita, cidades e templos” (p. 12-13).
- Religião: fundamento e justificativa ideológica das monarquias do Antigo Oriente
Próximo.
- Henri Frankfort: via nas monarquias orientais um elemento mediador entre a esfera
humana e a divina.

Henri Frankfort
Modalidades de soberanos*

Regiões nucleares Regiões periféricas

Egito Mesopotâmia Ásia Menor, Síria-Palestina e Irã

Rei: servo ou Rei: líder hereditário, de


Rei: um deus origem tribal.
representante escolhido
encarnado
pelos deuses
Monarquia baseada na consanguinidade. Forma
Faraó Lugal política mais “primitiva” para Frankfort.

*Obs.: Esquema desenvolvido a partir da leitura, não consta originalmente no livro de Cardoso.

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Nathália de Ornelas Nunes de Lima
- Ciro F. Cardoso critica a teoria de Frankfort sobre a monarquia oriental e a religião:
para Cardoso, além da concepção político-religiosa, estão em jogo as diferenças
econômico-sociais e as diferenças étnicas.
- Egito e Mesopotâmia: sociedades complexas e urbanizadas, baseadas na irrigação (as
“duas grandes planícies aluvionais”, cf. p. 16).
- Regiões periféricas: agricultura dependente da água da chuva e, assim, menos
produtiva -> Diferenças nas condições naturais e, em consequência, na utilização da
agricultura irrigada.
- Garantia da sobrevivência das cidades e das elites que nelas viviam: imposição de
tributos em trabalho (“corveia real”) e em produtos às aldeias (maioria da população).
- O sistema palacial e de complexos templários (dependentes do rei e partes integrantes
do aparelho estatal) do Antigo Oriente Próximo durou milênios, até aproximadamente
1200 a. C.
- Funcionamento desse sistema templário-palacial:
No Egito e na Mesopotâmia, a grande densidade demográfica e a fantástica
produtividade agrícola permitiram que, através de um tal sistema, se
formassem enormes e estáveis complexos político-econômicos em torno, por
um lado, do palácio real, e, por outro, dos templos. O palácio e os templos
devem ser entendidos como vastas organizações que cobriam o conjunto do
território, cada uma delas controlando terras, rebanhos, barcos, oficinas
artesanais, depósitos de bens diversos, trabalhadores dependentes (escravos,
camponeses cuja situação era variada, grupos temporariamente chamados a
prestar a “corveia real”). (CARDOSO, p. 1990, p. 16).

- Nas outras áreas urbanizadas do Oriente Próximo, embora existissem templos, a


menor densidade demográfica e agrícola não permitiu o surgimento de complexos
templários -> diferenças na relação entre poder político e religião na Ásia Menor e
Síria-Palestina em comparação ao Egito e Mesopotâmia, já que a tributação funcionava
mais em proveito do palácio real e este também tinha responsabilidade direta sobre
cultos e sacerdotes.
(...) nas áreas próximo-orientais periféricas, menos povoadas e produtivas, o
complexo palacial e os gastos que implicava (...), mesmo funcionando em
escala menor do que a egípcia ou a mesopotâmica, pesavam
proporcionalmente muito mais, exaurindo por vezes os recursos sociais
disponíveis. Por isso mesmo, os complexos palaciais foram, nas regiões não-
nucleares do Oriente Próximo, mãos instáveis, menos duráveis do que nos
vales fluviais irrigados (...).(CARDOSO, p. 1990, p. 17).

- Noção de etnia (afastada da ideia de raça), designa grupo de pessoas que:


1) está estabelecido em caráter durável em um território;
2) possui língua e cultura comuns;
3) autoconsciência e sua unidade e de sua diferença para com outros grupos;
4) autodesignação (atribuir uma nome para si mesmo).
- Baixa Mesopotâmia: apesar das várias cidades-Estados e, no início, duas línguas
(sumério e acádio), os habitantes sedentários desde fins do 4º milênio se enxergavam
como uma única coletividade étnica delimitada, por contraste, com os povos nômades
pastores dos desertos e montanhas ao redor da região.

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- Nas áreas periféricas, a autoconsciência étnica foi tardia (Idade do Ferro, aprox. 1200
a. C. na Ásia Ocidental).
- Meados do 3º milênio: fontes mais numerosas, que apontam a existência do sistema
templário-palacial no Egito e na Mesopotâmia, além do regime de “monarquia
teocrática” em ambas as regiões nucleares (embora com distinções entre elas).
- Fim do 3º milênio: divinização dos governantes supremos também na Mesopotâmia.
- Noção de monarca: sempre mostrado como um chefe militar vitorioso, além do
aspecto religioso. Atribuições políticas, religiosas, militares, administrativas e de
justiça.
- 3º milênio: além de Egito e Mesopotâmia, existem fontes escritas sobre a estrutura
política e social de duas outras áreas, as cidades de Ebla (Síria Setentrional) e Elam
(entre o sul da Mesopotâmia e o Irã).
- 2º milênio: as fontes revelam diversas cidades-Estados da Ásia Menor e da Síria-
Palestina e o surgimento dos Estados monárquicos federais a partir de sua união. Tais
estados eram chefiados por um “rei dos reis” (ao qual estavam subordinados outros reis
das cidades-Estados menos importantes) e “eram Estados exclusivamente territoriais e
não entidades de fundo étnico claro” (CARDOSO, 1990, p. 20). -> Os dois mais
importantes estados federais: reino Hitita (Ásia Menor) e reino Mitanni (norte da
Mesopotâmia e Síria setentrional)
- Meados do 2º milênio: desenvolve-se uma nova forma de guerra no Oriente Próximo,
com carros leves puxados por cavalos, grandes exércitos profissionais e constituição de
uma burocracia estatal mais complexa e numerosa -> Por meio de guerras e alianças,
estabelecem-se dois grandes blocos políticos: império egípcio e império hitita.
- 1200 a. C. – Idade do Ferro: transformações, desaparecimento ou enfraquecimento dos
complexos palaciais -> maior desenvolvimento do comércio privado, com ampliação de
rotas por terra e mar.
- O retração do Egito e o desaparecimento do império Hitita deixam um “vazio de
poder” e propiciam “um breve florescimento de Estados independentes de pequeno ou
médio porte” (CARDOSO, 1990, p. 21), como as cidades-Estados fenícias e filistéias,
Israel e os reinos aramaicos da Síria (como Damasco), que já tinham um caráter étnico
consistente.
- 1º milênio: com o passar dos séculos, há a formação de impérios mais extensos e
complexos, cuja organização lembra a dos Estados federais (com o “Grande Rei”
subordinando outros reis) e ainda com a religião como forma de legitimar o poder
político, mas de forma diferente da observada na Idade de Bronze -> caso do Reino de
Israel.

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Nathália de Ornelas Nunes de Lima

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