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Dr.ª Margarete Inês Biazus Leal Dr.

Miron Biazus Leal


OAB/PR 9883 OAB/PR 52018
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA
COMARCA DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON -
ESTADO DO PARANÁ

AUTOS Nº

MATIAS MAS RIPOLL, espanhol, divorciado, estilista


aposentado, residente e domiciliado á rua 7 de setembro, n° 170, na cidade de Marechal
Cândido Rondon, PR e inscrito no CPF/MF sob n.º 071.807.169-79, Cédula de Identidade
de Estrangeiro RNE V517250-N, vêm, por seus advogados que esta subscrevem, com
fundamento no artigo art. 486 do Código de Processo Civil, propor

AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ACORDO JUDICIAL HOMOLOGADO POR SENTENÇA


COMINADO COM PEDIDO DE PROVIDÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR
COMO FORMA DE PRESERVAÇÃO DO RESULTADO PRÁTICO DA
DEMANDA

em face de ATAÍDES KIST, brasileiro, divorciado, advogado, podendo ser encontrado em


seu endereço comercial á D. João VI, 2133, centro, nesta cidade, portador da C. I.
profissional nº 18026, inscrito no CPF/MF sob nº 516.189.749-04, pelos fatos e
fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor:

O autor ingressou neste juízo com três ações contra o requerido, face ao
dolo e o ardil empregados, resultando numa sórdida trama engendrada por ATAÍDES
KIST, que extorquiu do requerente um imóvel, toda a sua pinacoteca, obras e objetos
de arte, e mais uma soma em dinheiro equivalente a R$ 280.000,00 ( duzentos e
oitenta mil reais ), perfazendo um montante de aproximadamente R$ 1.280.000,00,
em claro e óbvio detrimento ao patrimônio do demandante e enriquecimento ilícito do
requerido.

As ações visavam a desconstituição dos negócios, a saber:

1) AUTOS 0003885-05.2013.8.16.0112 AÇÃO ORDINÁRIA DE ANULABILIDADE DE


CONTRATO DE COMPRA E VENDA CUMULADA COM RESCISÃO CONTRATUAL,
REINTEGRAÇÃO DE POSSE E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - DANOS MORAIS
E MATERIAIS -
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Objetiva a ANULAÇÃO do negócio havido entre as partes ( Instrumento
particular de promessa de compra e venda de bem imóvel ), dado o induzimento em erro
sofrido pelo autor, dado ao DOLO do requerido. Apontada dupla interpretação deixada ao
arbítrio do juízo, pois pode ser entendido nulo e/ou ato anulável, caracterizado no vício de
consentimento, artifício malicioso empregado pelo requerido (a coação ), claro enriquecimento
ilícito, longamente delineado naqueles autos, com o rompimento da barreira da ética e do
dever profissional pelo demandado, a presença de grave lesão ao autor, porque não houve
nenhum pagamento e a desproporcionalidade quanto ao preço.

O Objeto deste feito constituía-se em imóvel com as seguintes características:


- Uma casa de alvenaria com 400 m², situada a rua Natal, nº 475, na cidade de Cascavel,
com área de 660,00 m² ( seiscentos e sessenta metros quadrados ), Lote 08 (oito ), da
quadra 281 ( duzentos e oitenta e um ) com descrição e confrontações conforme
matrícula nº 67 do Registro de Imóveis - 1º Ofício da comarca de Cascavel, PR

Ainda, foi pedido a condenação do requerido no pagamento ( danos materiais),


pelos objetos que estavam no interior da casa, os quais foram alvo de apropriação indevida
pelo demandado, retirados do imóvel com toda a mobília, causando prejuízos.

A saber:

1) Na cozinha removeu todos os móveis que eram embutidos e feitos sob medida, mesa de
jantar, cadeiras, fogão e geladeira, e conforme se vê pelas fotos ficou vazia, causando um
prejuízo de cerca de R$ 16.000,00 ( dezesseis mil reais;
2) Na sala foram retirados lustres, sofás e um barzinho com espelhos, que ficava em um dos
cantos da sala, causando um prejuízo de aproximadamente R$ 10.000,00 (dez mil reais);
3) Nos banheiros, retirou os gabinetes e espelhos, inclusive do lavabo, causando um prejuízo
de cerca de R$ 4.200,00 ( quatro mil e duzentos reais );
4) Na piscina – fez desaparecer mesa com cadeiras, louças, alfaias, até os vasos ornamentais,
fazendo-os desaparecer, causando um prejuízo de cerca de R$ 2.500,00 ( dois mil e
quinhentos reais ).
5) E, no desaparecimento de bens que se encontravam guardados do interior da casa, os
seguintes objetos:
a) Um lustre de cristal;
b) Uma bengala em madeira de lei, entalhada a mão, Com empunhadura em prata trabalhada
a mão, peça antiga e exclusiva de valor inestimável;
c) Espelho de banheiro em cristal, com mais de cento e cinqüenta anos de idade, fabricado por
artesão espanhol;
d) Um jogo copos, de cristal checo, para seis pessoas, formado por seis copos para água, seis
copos para champanhe, todos entalhados a mão, datado do século XIX;
e) Dois cálices de cristal, entalhados á mão, com base de prata, também com entalhes a mão;
f) Bebedouro de água de cristal para cama, consistente de um copo com pipeta, do século
XVIII;
g) Dois cinzeiros de prata, incrustrados com moedas de prata espanholas de durus - cinco
pesetas datadas de 1870;
h) Jogo de licor em cristal, composto de jarra com tampa de prata e seis cálices, entalhados a
mão;
i) Seis copos de cristal da Bohemia com base de prata, datados do século XVIII;
j) Jogo de café de porcelana de George V, com bocal em ouro 24 quilates;
k) Oito copos de licor de cristal, trabalhados a mão, tais objetos são raros e antigos, avaliados
em R$ 50.000,00.

Na mesma ação foi requerido a condenação do requerido ao pagamento pelos


danos morais, considerada a gravidade dos fatos, e o imenso e irreparável dano causado ao
autor.

Incluído pedido de depósito judicial da quantia de R$ 97.151,00 ( noventa e


sete mil cento e cinqüenta e um reais ), valor este que o requerido depositou aleatoriamente na
conta corrente do autor, junto ao Banco HSBC, sem a concordância do requerente, ou
qualquer correlação com a cláusula sobre o preço, data ou mesmo sem referência a que

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negócio se referia, já que haviam outros, entendendo o autor que esse valor deveria ficar a
disposição deste juízo.

2) AUTOS Nº 0003917-10.2013.8.16.0112 - AÇÃO ORDINÁRIA DE ANULABILIDADE


DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA E ESCRITURA PÚBLICA
CUMULADA COM RESCISÃO CONTRATUAL, REINTEGRAÇÃO DE POSSE
E INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS - DANOS MORAIS E MATERIAIS

Objetivava a resolução de contrato particular de compra e venda e


anulação da escritura pública de compra e venda, tendo como objeto o seguinte imóvel:

a) Construção em alvenaria tipo residencial, com área de 231,84 m², edificada sobre o Lote
urbano nº 19/20-A, da quadra 250, com área de 937 ,50 m², situado no Loteamento Jardim
Espigão, desta cidade, com limites e confrontações conforme matrícula nº 35.630 atualmente
40.894 do R.I. desta comarca.

Visa a Resolução do Contrato celebrado entre o Requerente e o


Requerido, anular, com fundamento no art. 166, inciso II do Código Civil, a escritura
pública de compra e venda datada de 13 de junho de 2013, tendo como vendedor o autor
e adquirente Ataides Kist, retornando ao status quo ante, com a declaração da plena
propriedade, uso e gozo do Requerente. A ser reconhecida e declarada a ANULAÇÃO do
negócio havido entre as partes, dado o induzimento em erro pelo autor, e ao DOLO
empregado pelo requerido.

Caracterizado o vício de consentimento, o artifício malicioso empregado


pelo requerido, em vergonhoso enriquecimento ilícito, devidamente demonstrado nos
autos, ao arrepio da ética e do dever profissional pelo demandado que atacou o patrimônio
do autor, causando-lhe grave lesão, porque não houve nenhum pagamento do preço,
usando para tanto de meio astucioso, preconcebido, fraudulento, induzindo o vendedor em
erro para obter o domínio. Ainda quanto ao preço, o autor fundamentou que lhe foi
entregue pelo requerido a importância de R$ 200.000,00 em cheques pré-datados, que
representariam 50% do preço do negócio realizado, que após a assinatura dos recibos e
Escritura, foram sustados.

Consta ainda pedido de condenação do requerido ao pagamento pelos


danos materiais, pela utilização injusta do imóvel no importe correspondente a aluguéis
pela ocupação do imóvel, mais a soma de U$ 4.900 (quatro mil e novecentos dólares ) a
que o autor foi obrigado a pagar pela locação de um imóvel em Salto Del Guairá,
equivalente naquela data a R$ 10.000,00 ( dez mil reais ), em razão da orientação
profissional do demandado, causando franco terror no autor de 83 anos e gravemente
doente, fazendo-o crer que deveria sair imediatamente da casa, fugindo do Brasil,
mentindo-lhe que seria preso e teria seus bens confiscados pela Polícia Federal.

Na mesma esteira de raciocínio o autor solicitou a condenação do


requerido ao pagamento pelos danos morais, deixando ao prudente arbítrio do juízo a
fixação, considerando a gravidade dos fatos, e o imenso e irreparável dano causado ao
autor.

3) AUTOS Nº 0004046-15.2013.8.16.0112 – AÇÃO ORDINÁRIA DE


ANULABILIDADE DE CONTRATO DE COMPRA E VENDA E DE DOAÇÃO
CUMULADA COM REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE OBRAS DE ARTE (
ÓLEO SOBRE TELAS)

Já o terceiro processo versa sobre a pinacoteca de propriedade do autor -


uma coleção de pintura de alto valor artístico e econômico, de vários pintores europeus, a
saber:
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- Dois quadros do pintor GUILLERMO, do ano de 1962, representando dois ramos de flores,
em forma de medalhão, pintor maiorquino, da escola naturalista e paisagista maiorquina,
cotados em aproximadamente R$ 15.000,00 cada um;

- Um quadro do pintor NAVARRO, representando uma marina, do ano de 1960, de estilo


impressionista, pelo traçado pela cor das ondas, pode-se dizer que é o herdeiro do
naturalismo maiorquino, reconhecido internacionalmente em qualquer evento de pintura
cntmporânea e o quadro faz parte do catálogo de registro de obras do artista – seu valor de
mercado é de aproximadamente R$ 12.000,00;

- Uma coleção de pinturas “constumbristas mallorquinas” ( costumismo maiorquino ),


formada por dez quadros, onde cada um representa ofícios e artes do viver em Palma de
Mallorca, mulheres bordando, mulheres cozinhando, mulheres tecendo, etc..., tendo como
pintores, representantes desta escolha, avaliados em aproximadamente R$ 2.500,00 cada
um;

- Dois quadros de Pablo Fornes, que representam cada um, a livre interpretação do famoso
quadro do pintor espanhol Velasquez, no valor de mercado de R$ 15.000,00 ( ambos );
- Uma marina, datada de 1.900, do pintor espanhol OFERIL, da cidade de Barcelona,
comprovada pelo catálogo do artista, com repercussão internacional, pois a assinatura do
artista faz parte da escola catalã modernista – com valor de mercado de aproximadamente
R$ 14.000,00;

- Dois quadros de Plabo Fornes – um representa uma menina com o detalhe de leque,
retratada de lado, pintado em óleo metálico de prata e cobre, de grande envergadura, co
moldura entalhada e cor dourada, obra prima do pintor - e autorias de vários pintores
espanhóis entre eles Paulo Fornes, de valor aproximado de R$ 20.000,00;

A segunda obra, é uma menina com uma bola transparente, de retrospectiva de frente,
destacando a cor azul, como símbolo da época juvenil do pintor , avaliado em R$ 28.000,00;

As duas obras encontram-se no catálogo oficial do pintor, sendo que estas


duas obras participaram de várias exposições nos EEUU nos anos sessenta, sendo de valor
elevado, por serem obras de renome.

-Um quadro que representa “Torren Del Paren”, obra inéditado paisagismo maiorquino, que
remete a escola valenciana de Soraya, valor aproximado de R$ 5.000,00

- Um Quadro que representa a Catedral de Palma de Maiorca ao entardecer, obra muito


reconhecida no mundo pictórico espanhol e reproduzida em gravura que circula pelo
mundo, valor aproximado de R$ 4.000,00;

- Um quadro das Oliveiras, representando o símbolo da cultura mediterrânea do olival,


pintado com estilo de pinceladas surrealistas, de grande valor, avaliado em R$ 3.000,00;

-Um quadro da escola valenciana, óleo sobre pele de carneiro, do século XVIII, comprado
em leilão de artes por U$ 27.500,00 ( vinte e sete mil e quinhentos dólares ).

Trata-se de ação com pedido de Resolução do Contrato celebrado entre o


Requerente e o Requerido, e anulação com fundamento no art. 171, inciso II do Código
Civil, o contrato particular de doação e o posterior contrato particular de compra e venda,
tendo como Doador/vendedor o autor e donatário/adquirente Ataides Kist, e de
conseqüência, , retornando ao status quo ante com a declaração da plena propriedade,
uso e gozo do Requerente.

Ainda, consta pedido para ver declarada a ANULAÇÃO do negócio


havido entre as partes - Instrumento particular de doação e instrumento particular de
compra e venda - do acervo artístico, dado o induzimento em erro sofrido pelo autor, dado
ao DOLO do requerido.

Todos os pedidos lastreados no vício de consentimento, no artifício


malicioso empregado pelo requerido, no enriquecimento ilícito e sem causa do
demandado, a presença de gravíssimo prejuízo ao autor, sem qualquer pagamento de

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preço. A anulação sob a alegação de emprego de comprador/donatário não ter pago
qualquer valor, utilização de meio astucioso para o resultado, preconcebido, fraudulento,
induzimento do autor em erro.

Consta, ainda pedido de condenação do demandado em danos morais.


Em todos os processos foi pedido ao juízo, para que determinasse ao réu,
ora requerido que apresentasse suas declarações de IR dos anos de 2011 e 2012, e caso
não fosse cumprido espontaneamente, fosse oficiada a Receita Federal para que
encaminhasse cópias ao juízo dos referidos documentos, a fim de comprovar-se que o
demandado não tinha condições financeiras para realizar as aquisições retratadas.

REPRISANDO OS FATOS RELATADOS NAS AÇÕES

O autor, espanhol, sem filhos, casou-se com a rondonense LEDI


ZASTROW em 2007, com quem já convivia na Espanha, passando a residir em nossa
cidade em 2008, pensando em passar seus últimos anos de vida, já que na ocasião estava
com 77 anos, transferindo para o Brasil todos os seus bens e numerários guardados por
toda uma vida.
Em 2008 adquiriu um imóvel nesta cidade, que transformou em lar.

Passados três anos, o autor já divorciado, e impossibilitado de retornar a


Espanha, pela idade, e pela saúde fragilizada, acabou por vender sua casa para o Sr.
Arnaldo Kist, quando conheceu o requerido (filho do comprador) que lavrou o contrato
entre as partes, inteirando-se de que o mesmo era advogado, professor na faculdade de
direito da Unioste e que havia feito doutorado na Argentina, onde aprendera a língua
espanhola, o que os aproximou, estreitando amizade, especialmente porque o autor não
fala, nem entende português.

A arte, foi tema de conversas enquanto esperavam pelo contrato, e


o requerido, mostrou-se interessado em conhecer a pinacoteca particular do autor, 50
(cinqüenta ) telas, obras pintadas por conhecidos pintores europeus, e assim, passou a
visitá-lo quando travavam longas conversas sobre as telas, os pintores, histórias das
obras, criando um elo de amizade e confiança especialmente porque o requerido dominava
a língua espanhola, facilitador do contato entre ambos.

Numa destas visitas o autor comentou que estava pensando em mudar-se


para Cascavel, em razão de sua doença crônica ( distúrbio adquirido de plaquetas ), e
necessita transfusão de sangue mensalmente.

O requerido, imediatamente ao comentário, mostrou-se interessado em


comprar a casa do autor, situada nesta cidade de Marechal Cândido Rondon, PR, sito á
rua D. João VI, nº 2133, Jardim Espigão, afirmando que não tinha recursos, mas que como
era cliente antigo do Banco HSBC, iria ter com a gerência para ver a possibilidade de
financiamento.

O autor lhe disse que não tinha pressa em vender a casa, mas que mudar-
se para Cascavel, era uma necessidade, em razão de seus tratamentos de saúde, e como
possuía um imóvel em Cascavel, que já estava mobiliado e o utilizava, acabaria por torná-
lo sua moradia principal.

Várias vezes o requerido esteve na casa do Sr. Matias, para renovar o


interesse na compra do imóvel e informá-lo que havia encaminhado pedido de
financiamento.

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Em janeiro de 2013, o requerido foi contratado pelo autor, como advogado,
eis que imaginou tratar-se de pessoa confiável, respaldado por um currículo vitae
recomendável.

Em começo de maio de 2013, o requerido foi a casa do autor, dizendo-lhe


que havia se divorciado e que necessitava agilizar a compra da casa, pois tencionava
residir nela. A partir desta conversa, durante o resto do mês, o requerido passou a
freqüentar a casa do autor, diariamente.

O autor estava indeciso quanto a venda deste imóvel , mas o requerido


afirmou que seria um pagamento à vista, pois seu financiamento demoraria cerca de 30 (
trinta ) dias para aprovação, quando teria disponibilidade da quantia de R$ 390.000,00 (
trezentos e noventa mil reais), via financiamento junto ao HSBC, dinheiro esse que seria
depositado diretamente na conta do demandante, enquanto daria R$ 10.000,00 ( dez mil
reais) como sinal de negócio.

Acreditando na palavra do requerido, e após horas de conversa, acabou


por concordar com a venda. No dia seguinte, o requerido apareceu na casa do requerente
com o contrato pronto e impresso, em língua pátria.

O requerido, leu o contrato para o autor, e o traduziu, desvirtuando a


interpretação, levando o requerente a crer que tudo estava conforme o combinado.

O preço do imóvel, no valor de R$ 400.000,00, sendo que R$ 390.000,00 (


trezentos e noventa mil seriam depositados diretamente na conta corrente do vendedor,
pelo HSBC, face ao financiamento, que já teria sido encaminhado naquele Banco.

Na mesma ocasião, o requerido ligou, na presença do autor, para o gerente


Claudio do HSBC e lhe passou o telefone, e o bancário (a quem o requerente conhece
muito bem) confirmou que havia um pedido de financiamento encaminhado pelo Sr.
Ataídes Kist naquela instituição financeira, e que faltavam alguns documentos.

O autor acreditou que tudo estava correto, e assinaram o contrato, porém o


demandado não pagou os R$ 10.000,00 ( dez mil reais ) ao autor, alegando que esquecera
o talão de cheques, mas que pagaria em outra ocasião, ou integralizaria, quando do
pagamento total, e assim não necessitava refazer o contrato.

Ponderou o autor que R$ 10.000,00 ( dez mil reais ), era uma importância
muito pequena, frente ao montante contratado, e concordou, crendo que o requerido não
iria negar-se.

Ingenuamente seguiu as orientações do requerido e assinou todos os papéis


que lhe eram apresentados, inclusive o contrato de compra e venda lavrado pelo
requerido.

O autor, condicionado por sua vivência na Espanha, quando realizava todos


os seus negócios, via aconselhamento de advogado, mantendo relacionamento
profissional por décadas com o mesmo causídico, conservava o conceito de higidez moral
dos profissionais do ramo jurídico, insculpido na tradição secular espanhola: de que
advogados são defensores do interesse de seus clientes, agindo , no exercício da profissão
de princípios éticos e morais sobre os quais se fundamentam as leis e justiça, incluindo
esse comportamento em suas vidas pessoais.

Desta forma, firmado o contrato particular de promessa de compra e venda,


do imóvel de propriedade do autor, descrito nos AUTOS Nº 0003917-10.2013.8.16.0112.

Passados alguns dias, o requerido, argumentou junto ao autor, que o


Banco HSBC, necessitava da Escritura Pública de Compra e Venda, passada diretamente

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ao autor, para finalizar os trâmites do financiamento, mas que o valor integral dos R$
400.000,00 seriam depositados diretamente para o requerente.

O autor se sentiu inseguro. “Como passar uma escritura pública de compra


e venda, sem nada receber em pagamento?”

O demandado, com muita calma, relembrou ao autor que havia vendido


uma casa para seu pai, e tinha recebido regiamente, e que por outro lado era seu
advogado, professor universitário e conhecido na cidade, nada havendo que o
desabonasse, argumentando ainda, que era um amigo fiel e diligente, sustentando que o
demandante poderia confiar nos procedimentos que lhe recomendava.

Arrematando, o demandado afirmou que também se sentia constrangido


com o pedido, porém era exigência do Banco, que obrigava a Escritura em nome do
financiado, e no mesmo instrumento público, seria averbada a alienação junto ao HSBC, e
que removido esse entrave burocrático, o dinheiro em poucos dias seria depositado
diretamente para o autor.

Acabou convencido pelo requerido, e assentiu em assinar a escritura


pública, porém, exigiu o pagamento de pelo menos 50% ( cinqüenta por cento ) do valor,
ou seja R$ 200.000,00 ( DUZENTOS MIL REAIS ).

O requerido concordou, contrapropondo pagar com cheques pré datados,


solicitando 30 ( trinta ) dias para a apresentação ao Banco, a dar-se a partir de 13/07/2013,
sob a alegação que se o dinheiro fosse depositado pelo HSBC, na conta do autor antes do
prazo combinado para a apresentação dos cheques, o requerente os devolveria ao
requerido, e assim ficaram acordados.

O requerido no afã de obter a escritura pública de compra e venda,


repassou ao autor os seguintes cheques:

1) SB-001041, da conta corrente Nº 03839-5, a ser sacado contra o Banco Itaú, no valor
de R$ 70.000,00 ( setenta mil reais ), emitido em 13/06/2013;

2) SB-001042, da conta corrente Nº 03839-5, a ser sacado contra o Banco Itaú, no valor de
R$ 70.000,00 ( setenta mil reais ), emitido em 13/06/2013;

e 3) SB-001043, da conta corrente Nº 03839-5, a ser sacado contra o Banco Itaú, no valor
de R$ 60.000,00 ( sessenta mil reais ), emitido em 13/06/2013, todos de titularidade do
demandado.

Para cada cheque, o requerido exibiu um recibo para o autor assinar.


Recorda de um recibo no valor de R$ 150.000,00 ( cento e cinqüenta mil reais ), e ainda
que assinou outro recibo, referente a um cheque de R$ 60.000,00, mas que não lembra o
valor ali consignado, podendo assegurar que o valor deste recibo não era de R$ 60.000,00,
mas inferior.

Lembra que achou estranho, o recibo do último cheque não representar


o valor, mas o requerido respondeu que era tudo “pró forma”, e que era apenas para que
os números coincidissem com os valores que iriam apor na Escritura.

No dia seguinte, o requerido foi a casa do autor e o apanhou, levando-o


ao Tabelionato, onde lhe foi exibida a Escritura para assinar, e este assinou.

Conforme a cláusula quarta do contrato, as partes combinaram que a


posse se daria uma semana após o pagamento integral do preço, ocasião em que o autor
transferiria residência para sua casa, em Cascavel.

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O autor é espanhol, conta com 84 ( oitenta e quatro ) anos de idade e
era cliente do requerido, não sabendo ler em língua portuguesa, tem apenas parcial
entendimento da língua oral, e pelo requerido foi induzido a pensar que a negociação
estava sendo conduzida com lisura.

Poucos dias após a assinatura da Escritura, entre os dias 10 a 15 de


junho de 2013, o réu em visita ao autor, encontrou-o com uma correspondência nas mãos,
tentando interpretá-la, e ao ver o requerente atrapalhado com a leitura da missiva em
língua que não domina, ofereceu-se a ajudá-lo. Traduziu para o Sr. Matias, informando-o
que se tratava de uma intimação para comparecer na DPF de Guairá para prestar
esclarecimentos, enviada pela Polícia Federal.

Constatou o demandante, que a hora e dia designados naquela


intimação, pela autoridade policial, coincidia com o mesmo dia e hora marcados em
hospital de Cascavel, onde o autor deveria receber uma transfusão de sangue, inadiável,
sob pena de vir a sofrer um choque letal.

Face ao intransferível compromisso com a saúde, mais uma vez, sendo


o requerido advogado, professor universitário, com título de doutor, e demonstrando
amizade e carinho pelo autor, este o contratou, para que peticionasse junto a PF e
explicasse as relevantes razões que o impossibilitavam de comparecer naquele órgão
policial, e ainda examinasse o procedimento que dera origem a intimação, estendendo os
serviços para acompanhá-lo e orientá-lo no que fosse necessário.

O autor está doente a vários anos, com sérias complicações em seu


sistema sanguíneo ( atestado anexo), e despreocupado com o que poderia existir na
Polícia Federal, pois está no país em situação regular, imaginou que a intimação da PF se
relacionasse ao pedido de visto permanente de seu sobrinho Santiago Mas Mullero ( a
quem chamou da Espanha para cuidá-lo ), mas por outro lado não queria deixar de
justificar para a autoridade policial que o convocava, os sérios motivos para deixar de
comparecer na oportunidade marcada.

Prontamente, o requerido aceitou o encargo, pedindo ao autor alguns


comprovantes pertinentes a suas enfermidades, pois faria uma petição, informando e
juntando aos autos, oportunidade em apuraria o assunto inerente a intimação.

Em 21 de junho de 2013, o requerido foi a casa do autor, e lhe disse


que viu o inquérito, no sistema eletrônico e que Matias e seu sobrinho, eram acusados de
crimes terríveis e que sua prisão preventiva estava em vias de ser expedida, narrando uma
complexa e tormentosa acusação que estaria contida nos autos do inquérito policial nº
012.063.759-65, que ao ouvi-la o autor quase infartou, pois eram aterradoras mentiras.

Tentando contornar o estado nervoso que provocou no autor, disse o


requerido que se poria a trabalhar em sua defesa, imediatamente, pois poderia contar com
sua atuação profissional, seu carinho e amizade, pelo que realizou um contrato de
prestação de serviços, pelo qual o autor pagou R$ 70.000,00 ao demandado.

Enfim, no dia 25/06/2013, levou o autor a cidade de Quatro Pontes para


lavrar uma procuração, que segundo o advogado ( demandado ) era necessária para atuar
no “processo”, alegando que como o autor era estrangeiro, e idoso, a procuração particular
poderia ser questionada, fazendo-se necessária a procuração pública.

Mesmo ante os argumentos do autor, de que todas aquelas acusações


que o requerido lhe informava eram mentirosas, sendo uma pessoa digna, com uma vida
conduzida com retidão, sem qualquer mácula, por certo não seria agora, com avançada
idade e profundamente doente que o faria.

Insistiu com seu advogado, ora demandado, que queria uma defesa
imediata a estas acusações levianas, inclusive visando cessar tais impropérios, que o

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deixavam ofendido e deprimido, mas o ora requerido, foi incisivo em afirmar que, aqui no
Brasil, as coisas funcionam de forma diferente que na Espanha, especialmente com
estrangeiros, primeiro ele seria aprisionado, em cadeias que são verdadeiras pocilgas e
depois é que seriam apurados os fatos.

O requerido dizia-lhe que examinou o caso a exaustão, e que não via


como defendê-lo, encenando semblante desolado, e grave preocupação, não apenas
como advogado, mas como o “amigo íntimo e querido”, mostrava-se preocupado com a
integridade física do autor, ao lamento de que o autor não resistiria ao iminente
aprisionamento, chegou ao ponto de chorar, pedindo a Matias que “pelo seu bem”
deixasse o Brasil.

A encenação do requerido foi espetacular, ao ponto de deixar o autor


desesperado. A partir desse dia, o requerido passou a frequentar a casa do autor três
vezes ao dia, insistindo para que Matias deixasse sua casa e mudasse de país,
aconselhado-o a retornar imediatamente para a Espanha, ou fugir para o Paraguai.

No dia 26 de junho, o requerido apareceu na casa do Sr. Matias, e


argumentou entre lágrimas e prosápia Diniosiana, que o autor deveria deixar
imediatamente o Brasil, pois “teria recebido uma informação privilegiada de que a
Policia Federal viria prendê-lo nos próximos dias e confiscar todos os seus bens”,
inclusive lhe tomariam a casa da qual o autor era proprietário na cidade de Cascavel,
impingindo no requerente um tal temor, a ponto de o fazer crer que a melhor solução seria
fugir.

O requerido, afirmou ao autor, que na condição de seu procurador e


advogado nada poderia fazer para impedir a prisão dele e seu sobrinho Santiago, pois para
tanto necessitava de tempo, e enquanto realizasse a defesa adequada, o autor deveria sair
imediatamente de Marechal Cândido Rondon, abandonando a casa, e partir do Brasil, para
instalar-se em Salto Del Guairá, que fica a poucos minutos, e assim enquanto “estaria a
salvo” manteriam contato.

Quanto a casa de Cascavel de propriedade do autor, o requerido o


aconselhou que a solução seria simular uma venda a terceiros, e colocou-se como
benemérito defensor deste bem, afirmando a Matias, que faria um “contrato de compra e
venda”, onde o próprio requerido figuraria como comprador, e assim a “Policia Federal” não
o confiscaria, posto que estaria na propriedade de um brasileiro. Isso seria apenas uma
simulação, apenas para protegê-lo, e quando tudo estivesse esclarecido e resolvido,
rasgariam o contrato.

O requerido, “com o propósito de protegê-lo do confisco pelas


autoridades brasileiras”, fabricou contratos para o autor assinar, um era relativo ao imóvel
de Cascavel, o outro relativo as obras de arte (telas) em comento, ambos configurados em
compra e venda, tendo o requerido como adquirente e o autor como vendedor.

O próprio demandado, apresentava-se esbaforido, sem dar tempo para o


autor raciocinar, deixando-o atordoado a ponto de sequer pensar em procurar uma
segunda opinião sobre o assunto, passou a ajudar a arrumar os pertences do autor, com a
intimidade de quem freqüentava habitualmente aquela residência, enquanto eram
colocadas na carroceria do caminhão, ás pressas, a mudança do requerente, naquele
mesmo dia, sob a tutoria do requerido, que fazia crer que estaria engendrando uma fuga
mitológica, a titulo de resguardá-lo.

Com emocionadas e doces palavras, como sempre agia, inclusive por


escrito, conforme a missiva que pode ser encontrada anexa aos autos referidos, insistiu
para que o autor não se preocupasse, pois estariam em contato permanente.

Aterrorizado, confundido e acreditando que seria perseguido, idoso e


doente, sem qualquer condição de raciocinar com frieza, em confusão mental ocasionada

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pela própria doença, e pela fictícia situação, o autor caiu no “golpe” do requerido,
deixando-se conduzir pelo demandado, e assim viu-se em Salto Del Guairá- Paraguay,
sem entender com clareza o que realmente estava ocorrendo.

Acompanhado do requerido foi para Salto Del Guairá, e o demandado o


auxiliou a se instalar em um hotel.

Lá ficou como nômade, com seus pertences sobre o caminhão contratado


até o dia 09 de julho de 2013, quando finalmente conseguiu alugar uma casa naquela
localidade.

O autor que possuía considerável economia pessoal, fruto de longa e


árdua vida de trabalho, valores estes depositados no Banco HSBC, agência desta cidade,
e por outro lado, sua saúde necessitava urgentemente de acompanhamento constante, o
que era realizado por médicos de Marechal Cândido Rondon e Cascavel, ao cabo da
primeira semana naquela cidade de Salto, na companhia de seu sobrinho, passaram a
raciocinar, sobre os últimos acontecimentos, e o autor começou a desconfiar que fora
vítima de uma trama inacreditável e espetaculosa.

Preocupado com sua saúde e seu dinheiro, o autor em 10/07/2013,


resolveu contatar o Sr. Walter Boroski, a quem conhecia por ter sido corretor de um dos
imóveis que comprou, e pediu sua ajuda, contando-lhe tudo o que havia se passado.
Quando este penalizado e estupefato com a narrativa do autor, foi até a cidade de Salto,
ter com o Sr. Matias, e prontificou-se a levantar pontualmente as informações.

Chegando a Salto Del Guayrá, o Sr. Walter encontrou o autor


extremamente enfermo e aterrorizado e extremamente debilitado, sua primeira providência
foi levar o idoso até Cascavel para que fosse assistido por seu médico.

Logo após, o Sr. Walter constatou que Ataídes estava residindo no imóvel
de Marechal Cândido Rondon, sem nada pagar.

O Sr. Walter, também se informou, quanto ao imóvel localizado em


Cascavel, e descobriu que já se encontrava a venda junto a imobiliária Lokatell de
Cascavel pelo preço de R$ 1.050.000,00 ( um milhão e cinqüenta mil reais ), enquanto o
preço que figurava no contrato de compra e venda, simulado, era de R$ 600.000,00 (
seiscentos mil reais ).

Apurou-se ainda, que o requerido em 01/07/2013, depositou na conta


corrente do autor o valor de R$ 97.151,00 ( noventa e sete mil cento e cinqüenta e um
reais ), e foi tudo quanto alcançou ao requerente, porém não se sabe a que contrato se
referia este valor, se da aquisição da casa de Marechal Cândido Rondon, ou a dar
respaldo ao simulado contrato do imóvel de Cascavel, ou ainda das telas.

Conferiu-se também que o requerido foi até o Cartório do 1º ofício de


Cascavel, tentando lavrar Escritura Pública de compra e venda, visando transferir o bem
para seu nome, e só não conseguiu porque o serventuário não aceitou a procuração
pública apresentada ( aquela lavrada em Quatro Pontes que seria para a defesa no IP), por
não ser específica, e ainda como o serventuário pediu o contrato de compra e venda, ficou
perplexo quanto ao pagamento do preço e sua solução, recusou-se a lavrá-la.

Descobriu-se ainda, que o mencionado “Inquérito da Polícia Federal”, nasceu


de uma denúncia anônima, que seria de um suposto “rondonense”, cuja existência se
duvida, e que teria noticiando “tráfico internacional de mulheres” supostamente realizado
pelo autor e seu sobrinho, visando a prostituição, sem qualquer prova ou mesmo indícios
a dar sustentação.

O requerido, por seu turno, utilizou-se da existência da


investigação/inquérito instalado na PF, que tinha apenas caráter de averiguação,

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deturpando as informações, aproveitando-se da ingenuidade de uma pessoa idosa,
doente, e com pouco entendimento da língua portuguesa e das leis que regem nossa
sociedade, para dar vazão a sua ganância, tomando-lhe os bens, sem nada pagar, e
ainda usou os bens para obter mais dinheiro.

O autor também descobriu, que a casa situada em Marechal Cândido


Rondon, foi alienada em tempo Record junto a Caixa Econômica Federal, onde o
demandado conseguiu um empréstimo de mútuo, dando a casa como garantia, levantou
R$ 250.000,00 que jamais repassou ao autor, e os cheques que representavam 50% do
pagamento deste imóvel foram sustados pelo requerido, por contra ordem.

O proceder do requerido é nauseante, para não usar de outras palavras


chulas, e manter a linha do respeito para com V. Exa.

COMO PROCEDEU O REQUERIDO PARA SUBTRAIR DO AUTOR ALGUNS BENS


PESSSOAIS E OBRAS DE ARTE

No cenário de “fuga”, articulado pelo requerido, como não couberam no


caminhão todos os pertences do autor, parte dos bens móveis foram remetidos para a
casa de Cascavel ás pressas.

Como deu certo, o terror psicológico encenado pelo requerido, e estando


o autor aturdido, permitiu que seus pertences fossem imediatamente empilhados e
embarcados, e ainda no mesmo dia ao cair da noite, chegava ao Paraguai,
acompanhando pelo demandado.

Para a casa de Cascavel foram removidos os seguintes bens: Um lustre


de cristal; Uma bengala em madeira de lei, entalhada a mão, Com empunhadura em prata
trabalhada a mão, peça antiga e exclusiva de valor inestimável; Espelho de banheiro em
cristal, com mais de cento e cinqüenta anos de idade, fabricado por artesão espanhol; Um
jogo copos, de cristal checo, para seis pessoas, formado por seis copos para água, seis copos
para champanhe, todos entalhados a mão, datado do século XIX; Dois cálices de cristal,
entalhados á mão, com base de prata, também com entalhes a mão; Bebedouro de água de
cristal para cama, consistente de um copo com pipeta, do século XVIII; Dois cinzeiros de
prata, incrustrados com moedas de prata espanholas de durus cinco pesetas datadas de 1870;
Jogo de licor em cristal, composto de jarra com tampa de prata e seis cálices, entalhados a
mão; Seis copos de cristal da Bohemia com base de prata, datados do século XVIII; Jogo de
café de porcelana de George V, com bocal em ouro 24 quilates; Oito copos de licor de cristal,
trabalhados a mão, tais objetos são raros e antigos, avaliados em R$ 50.000,00.

Todos estes objetos desapareceram da casa de Cascavel, e estão em


posse do requerido.

QUANTO AS TELAS

O requerido por meses engabelou o autor, com o argumento de que as


obras de arte que possuía serviriam a sociedade rondonense, como incentivo as artes e a
cultura, fazendo-o acreditar que se o autor o deixasse como curador, realizaria exposição
permanente. Chegou a lhe mostrar um projeto, onde as obras ficariam a serviço da
comunidade.

Com tais argumentos, o autor, já com avançada idade, concordou em doá-


las, mas em nenhum momento imaginou que tal documento seria para beneficio exclusivo
e particular do requerido, mormente, porque se fosse para beneficiar apenas uma pessoa,
essa pessoa seria seu sobrinho Santiago, e não um estranho a família.

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Tanto isso é verdade que temos no quinto parágrafo da segunda folha do
contrato de doação o seguinte: “...,sendo que os recebe de forma gratuita e
sem ônus do doador com a finalidade de divulgar a cultura e as
artes e geral.”
Depois de formalizada a doação, sob o mesmo argumento de que as
telas também seriam confiscadas e que a doação seria anulada, convenceu
Matias de que só não seriam “tomadas pelas autoridades” se tivesse um
documento onde pudesse afirmar que o acervo fora vendido a um brasileiro.

Os argumentos do requerido ao autor, era de que se fizessem um


documento de alienação das telas, impediriam o “confisco das autoridades
brasileiras”, e ainda facilitaria o transporte das obras para futuras exposições, e
ante as falsas afirmação do réu, induziu o autor em erro levando-o a assinar o
contrato, circunstância em que a simulação resultou superada pelo dolo, que viciou
o consentimento e inquina de anulabilidade o negócio.

Pois bem, no mesmo dia 26 de junho de 2013, juntamente com o contrato


de compra e venda do imóvel de Cascavel, o requerido colheu a assinatura do autor, no
documento denominado de CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA –
CESSÃO DE DIREITOS – QUADROS EM GERAL, estranhamente datado como 30 de
junho de 2013, assinando também um recibo no valor de R$ 30.000,00, valor esse que não
recebeu, pois segundo o requerido esses documentos eram fictícios e apenas para
resguardar os bens.

Estão configuradas as hipóteses dos arts. 171, II do Código Civil (anulável


o ato por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude) e art. 167 I, II e III do
mesmo diploma legal.

Como o autor, saiu da casa ás pressas em razão das mentiras do


requerido, não foi confeccionada a listagem, e os quadros se encontravam no interior da
moradia do autor, quando o requerido, aproveitando-se de toda aquela situação fictícia por
ele INVENTADA, afastou o requerente, conduzindo-o para Salto Del Guairá, tomando
posse não apenas do imóvel desta cidade, mas também o imóvel de Cascavel e das obras
de arte em comento.

Junto a esta coleção, ficaram também quatro quadros sem valor econômico,
perfazendo o número de cinqüenta obras.

A coleção de pinturas pertenciam a senhora Tereza, esposa falecida do


Sr. Matias, e acima do valor econômico existe o valor de cunho sentimental, inestimável.

No que se refere aos bens, o requerido afirmava a Matias que assim que
tudo se resolvesse na Polícia Federal, rasgariam os contratos, ou se não se resolvesse e o
autor tivesse que ficar fora do Brasil, poderia decidir, se quisesse vendê-la, bastaria
comunicar ao demandado que este procuraria o melhor negócio e encaminhar-lhe-ia os
valores. Fazendo uma solene promessa de que cuidaria pessoalmente tanto do imóvel de
Cascavel, quanto dos demais objetos de arte e telas, enquanto o autor estivesse ausente.
Portando-se como “o salvador”.

O TERMO DE ACORDO HOMOLOGADO POR ESTE JUIZO E O


DESFECHO DE UM BEM SUCEDIDO “GOLPE” DE R$ 1.280.000,00

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Como vimos, o requerido nada pagou pelos imóveis situados em Marechal
Cândido Rondon e Cascavel, nem pelas telas e objetos de arte dos quais se apossou de
forma dolosa, maliciosa e em verdadeiro enriquecimento sem causa e ilícito, subtraído de
forma vil de um homem idoso e extremamente doente.
E, ainda extorquiu a quantia de R$ 280.000,00 ( duzentos e oitenta mil
reais), num acordo onde pensava o autor que todas as demandas seriam findas, mas que
todos os bens lhe seriam devolvidos.
Em início de setembro de 2013, o sobrinho e cuidador do autor idoso, o Sr.
Santiago foi chamado ás pressas, por familiares, para a Espanha porque sua mãe sofreu
um infarto agudo de miocárdio.
Estando o autor sozinho e doente, em grave crise anêmica, com sintomas e
sinais relacionados à doença, pela redução do transporte de oxigênio aos tecidos,
variando com sonolência e confusão mental, entre outros, o requerido devidamente
informado desta situação, procurou o demandante propondo o término das demandas.
Mais uma vez, o requerido foi falso e ladino, chegou a chorar ao dizer que era
um “homem religioso e precisava devolver os bens que havia subtraído”, que queria
liberar a casa de Marechal Cândido Rondon, sobre a qual tinha levantado um
financiamento de mútuo no valor de R$ 250.000,00, e que com os encargos estaria em R$
280.000,00 o débito, mas que não tinha o dinheiro para quitar esse contrato.
Convenceu o autor a lhe alcançar o valor de R$ 280.000,00 que seriam
utilizados para pagar o financiamento junto a CEF e liberar o imóvel de Marechal Cândido
Rondon.
Disse-lhe que lhe pagaria esse valor, seria apenas um empréstimo, e tão
logo vendesse um imóvel de sua propriedade, mas que estava em nome do pai do
requerido, imóvel que retirou de seu nome para não dividir com sua ex-mulher, no
divórcio.
O autor ponderou que se o dinheiro – R$ 280.000,00 liberasse o imóvel, e o
tivesse de volta, pelo menos o prejuízo seria menor, haja vista que o imóvel de Marechal
atualmente está avaliado em R$ 750.000,00.
O requerido afirmou que devolveria todas as telas e os objetos do requerente,
bem como a casa de Cascavel.
Por outro lado, o autor não deveria cobrar os prejuízos causados no imóvel
de Cascavel. Ainda afirmou o requerido, que realizariam acordo na presença de um juiz.
E, “ - O juiz não permitiria que o autor fosse prejudicado”, palavras do demandado.
O documento já estava pronto, e no mesmo dia, ainda, conseguiu com que o
magistrado marcasse audiência para homologação.
De outra banda, aconselhou ao autor que sequer consultasse seus atuais
advogados sobre isso, pois segundo ele: “Os advogados não teriam interesse em
encerrar as ações e iriam atrapalhar o acordo” .
E, para mostrar sua “boa vontade”, entregou as chaves e o controle do
portão, do imóvel de Cascavel, situação irônica e meramente simbólica, mas fazia parte de
mais uma cena da ópera encenada pelo requerido.
O contrato foi exibido na mesma data 23/09/2013, tudo isso tratado pela
manhã, e o requerido não mais se apartou do autor, com ele almoçou, e depois o
transportou ao cartório, e ao fórum.
Lógico, que o contrato de acordo foi elaborado pelo requerido e como estava
escrito em português, ele o traduziu a seu modo, transmudando seu verdadeiro sentido e
conteúdo.
O juiz que promoveu a homologação, não foi o mesmo que conduziu a
audiência de justificação, designada nos autos em que foi solicitada liminar de reintegração
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de posse. O recebimento dos autos, a leitura das peças iniciais e o exame dos
documentos, bem como a audiência foi presidida pelo Dr. MARCIO DE LIMA, juiz
substituto, estando em férias o juiz titular.
Assim, lamentavelmente o Dr. PEDRO IVO LINS MOREIRA, ao retornar de
suas férias, deparou-se apenas com o pedido de homologação e ficou mais do que
satisfeito com a possibilidade de ver encerrado e no arquivo definitivo três processo
complexos.

Lastimável, que o excesso de trabalho, o desconhecimento do


conteúdo dos feitos, e a pressa na condução do próprio ato de
audiência de homologação o magistrado sequer lançou um singelo olhar
ao que se passava a sua frente, pois veria que o autor não estava
apenas desacompanhado de advogados, mas era um homem de 84 (
oitenta e quatro ) anos de idade, mentalmente confuso, extremamente
doente, que não entende a língua portuguesa, e que o conteúdo do
acordo que estava homologando, não era o que o autor entendeu, nem
representava sua vontade livre e consciente.
O magistrado, sequer percebeu que o autor não fala, nem
entende português, nem mesmo a vultosa quantia de R$ 280.000,00
alcançada pelo autor ao requerido, ( que seriam ? ), foram suficientes
para produziu um mero fio de dúvida na mente do magistrado e
interromper aquela homologação.
O magistrado passou alheio a todos os sinais que gritavam
por uma interferência severa do judiciário, no sentido de impedir pelo
menos abuso de direito. O malsinado acordo era outro “golpe” do
requerido, e para a verificação bastava um simples olhar sobre os autos,
e surgiria sem grande esforço a constatação de uma gravíssima lesão ao
autor com enorme prejuízo a seu patrimônio, quando na outra parte um
enriquecimento ilícito vultoso se instalava.
No mesmo dia 23/09/2103, como ocorreu em todos os autos, o acordo foi
rapidamente homologado, sem qualquer pergunta, um pálido questionamento, nem óbices.
O requerente em 23/09/2013 tinha um crédito no valor aproximado de R$
1.900.000,00 (Um milhão e novecentos mil reais ), relativamente aos bens objetos dos
contratos acima referidos e das ações que tramitavam junta a esta Vara Cível e não pagos.
Mesmo negando-se a pagar o débito ou a devolver todos os bens que
ilicitamente o requerido passou para seu nome, como o requerente poderia ter-se
obrigado a pagar ao requerido R$ 280.000,00, como ocorreu no termo e conforme
demonstra a v. sentença homologatória do acordo firmado entre as partes, em anexo ?
Qualquer leigo, no mínimo ficarei totalmente intrigado e perplexo com os
termos deste nefasto acordo, A TAL PONTO QUE LEVANTOU AO TOMAR
CONHECIMENTO DESTE DOCUMENTO E SUA HOMOLOGAÇÃO, BEM COMO AOS
DEMAIS DETALHES DESTAS TRANSAÇÕES, O DELEGADO FEDERAL CONSTATOU
A PRESENÇA DE CRIME E ENCAMINHOU PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO AS SUAS
CONCLUSÕES RECOMENDANDO A INSTAURAÇÃO DE AÇÃO PENAL CONTRA O
REQUERIDO.
Tópicos do acordo extrajudicial, juntado em todos os autos :
- “..., para dar fim as 03 (três) demandas o Sr. Matias Mas Ripoll pagará ao
Sr. Ataídes Kist a importância de R$ 280.000,00 ( duzentos e oitenta mil reais ),
mediante as cláusulas e condições abaixo:
“1. Quanto a Ação Ordinária de Anulabilidade de Contrato de Compra e
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Venda c/c com Rescisão Contratual - Reintegração de Posse e Indenização por Perdas e
Danos - Danos Morais e Materiais, referente a casa situada em Cascavel/PR: “Uma casa
de alvenaria 400 m², situado na rua Natal, nº 475, na cidade de Cascavel, com área de
660,0 m², da quadra 281 com discrição e confrontações conforme matrícula nº 67 do
registro de imóveis – 1º ofício da comarca de Cascavel/PR – autos nº 0003885
“Fica resolvido o contrato com a devolução da casa....no estado em que se
encontra...”, revogadas procurações públicas ou particulares e contratos que envolvam a
referida casa, com entrega de posse e chaves ao autor no mesmo ato.
Ainda, previsão de quitação ampla e irretratável aos pedidos contidos nos autos
nº 0003885-05.2013.8.16.0112.

“2- Quanto a Ação Ordinária de Anulabilidade de Contrato de Compra e


Venda e Escritura Pública c/c com Rescisão Contratual - Reintegração de Posse e
Indenização por Perdas e Danos - Danos Morais e Materiais, referente a casa situada
em Marechal Cândido Rondon/PR” denominado de Construção em alvenaria tipo
residencial, com área de 231,84 m², edificada sobre o Lote urbano nº 19/20-A, da quadra
250, com área de 937,50 m², situado no Loteamento Jardim Espigão, desta cidade, com
limites e confrontações conforme matrícula nº 35.630 atualmente 40.894 do R.I. desta
comarca.” (Autos Nº 0003917-10.2013.8.16.0112 )

Ficou consignado que a posse e propriedade definitiva do bem ficaria com


o requerido, sem nenhuma contrapartida financeira, e mesmo assim com quitação
bilateral quanto aos autos Nº 0003917-10.2013.8.16.0112.

“3- Quanto a Ação Ordinária de Anulabilidade de Contrato de Compra e


Venda e de Doação c/c com Reintegração de Posse de Obras de Arte ( óleo sobre
telas) – ( Autos nº 0004046-15.2013.8.16.0112 )...

No item “a” se vê a previsão de consolidação de posse e propriedade para o


requerido, destes bens, e no item “c”, a quitação irretratável dos pedidos contidos naqueles
autos, mais uma vez sem qualquer contrapartida financeira quanto ao preço, pelo
requerido.
Na parte geral do contrato cláusula “4”, verifica-se a imposição de transferência
imediata de R$ 280.00,00 para a conta corrente do requerido – agência 0968 – CEF –
conta corrente nº 113-0, em nome de Ataídes Kist.
Ainda, uma estapafúrdia previsão de que a contrapartida de Ataídes seria a
devolução de uma bengala de madeira com o cabo em prata e quatro caixas, contendo
“preciosidades do autor”, sem qualquer descrição do que deveria ser devolvido, porém
fazendo alusão de que seriam “alguns” dos objetos relacionados nas ações.
Finalizava que o referido acordo seria submetido a homologação
onde seria invocado o pedido de arquivamento dos feitos com julgamento de mérito.
O requerente saiu largamente prejudicado, devido a sua inexperiência com a
língua nacional quando entendeu que o acordo lhe retornaria todos os bens, a mesma
inexperiência jurídica, pois acreditou que o acordo passasse pelo crivo, leitura e análise do
juiz, o qual por dever de ofício aplicaria a equidade e justiça, aplicando a lei e distribuindo o
direito, mas não foi esse o cenário da transação e o acordo tornou-se vergonhosa e
absurdamente vantajoso para o requerido.

O DOLO E ERRO - Do vício de consentimento. Da anulação.

Não existia a vontade ou o consentimento do requerente, na entrega


da posse e transferência definitiva do domínio de seus bens, sem qualquer pagamento

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correspondente, mesmo porque fica configurada uma DOAÇÃO sequer cogitada pelo
autor.

A hipocrisia do requerido chegou as alturas, quando leu para o autor,


com embuste, dando ao texto do documento uma versão traduzida, diferente do que
realmente estava escrito.

O autor se encontrava em uma situação física e psicológica em que


não dispunha de capacidade para pensar de forma independente, até mesmo para concluir
que o requerido seguia na sua “cruzada” de trapaças, acreditou nas explicações e
justificativas do requerido que afirmava seu desejo de por fim aquela situação, com um
mínimo de justiça e prejuízos.

O que o requerido propôs tinha nexo, afirmou que queria devolver


todos os bens e disse que ficou sem o dinheiro que levantou junto a CEF, por tê-lo perdido
na separação judicial, para sua ex-mulher, mentiu com tamanha naturalidade, trouxe o
acordo pré-elaborado, em mãos, e disse que a devolução da casa de Marechal dependia
de pagamento para levantar a hipoteca.

Consentiu verbalmente que ficaria devendo o dinheiro (R$


280.000,00) a Matias, mas o pagaria assim que vendesse um imóvel de sua propriedade,
porém redigiu um documento falsificando a realidade, e o traduziu do português para o
espanhol com outro sentido, verbalmente, era mais um embuste, pois o texto escrito era
totalmente diferente da tradução.

Na audiência, nada foi dito, o acordo sequer foi lido pelo magistrado,
que se limitou ao requerimento, de outro lado, o autor sozinho, sem compreender a língua
pátria, imaginou que o conteúdo do documento fosse fiel a tradução oral, o que não foi,
afetando o consentimento do contratante, pois não foi livre e espontâneo.

DO ERRO - VÍCIO DE CONSENTIMENTO E VÍCIO DE VONTADE

A noção clássica de erro o define como uma falsa representação da


realidade que influencia de maneira determinante a manifestação de vontade.

No erro, o agente procede contrariamente ao seu querer, pois atua ou


por desconhecimento completo ou por conhecimento impreciso acerca de alguma
circunstância. A idéia central desse conceito reside no fato de que o agente agiria de modo
diverso ou mesmo nem praticaria o ato caso tivesse uma percepção correta da realidade.

O autor foi levado ao erro pelo requerido, que se aproveitou do


desconhecimento do autor em relação a língua portuguesa e aos efeitos que seriam
produzidos a partir da sua assinatura do acordo, que em nada representava o combinado
entre as partes, nem a declaração de vontade do demandante.

Do ponto de vista jurídico, não há diferença entre o erro a que incorreu o


autor e sua ignorância completa ao que estava escrito, eis que o que o requerido
verbalizava era um sentido, mas o que estava escrito era outro.

Diz o Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as


declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido
por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

Nesse sentido, há que se observar que apesar do autor ter firmado o


documento de acordo, homologado judicialmente, o ato de vontade estava viciado, porque
ele não tinha noção dos efeitos que seriam perpetrados a partir dele, eram-lhe des-
conhecidos.

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Por certo, ao se ler o contrato, verifica-se que o resultado foi o de
consolidar na posse e domínio, todas as telas, objetos de arte e mais a casa de Marechal
Cândido Rondon, e mais R$ 280.000,00, sem nenhum pagamento ou contrapartida
financeira do requerido, num franco enriquecimento ilícito e sem causa do demandado, em
grave lesão ao patrimônio do autor.

Muito diferente de um acordo equilibrado, ainda que tivesse uma


pequena margem de perda, dentro de um limite de tolerância, no que seria lógico a
devolução de todos os bens tomados pelo requerido via artimanhas e tramas sórdidas.

O erro, e como fundamento o vício da vontade, delineia a linha de


raciocínio pela qual é possível a anulação do acordo, quando para o autor havia
representado uma situação de fato em desacordo com a realidade, que o fez incidir em
erro.

O autor, só veio a descobrir o que realmente tinha assinado, quando seu


sobrinho Santiago, retornou da Espanha, e assim, realizou a exata tradução do
documento, informando ao tio, o que realmente tinha acontecido.

Este novo golpe, teve efeito direto sobre a saúde física do autor, que
ficou muito debilitado, por meses a fio, só se restabelecendo física e mentalmente em fins
de julho de 2014, quando decidiu vir a juízo expor suas razões e pedir a anulação da
homologação do estapafúrdio acordo, totalmente leonino e em favor do requerido, já que
obtido ardilosamente, e em artimanha que viciou a vontade do autor.

O Código inicia o tratamento da matéria no art. 145, elencando o dolo


entre as causas de anulabilidade do negócio jurídico, que se fez presente no acordo que
se visa anular.

No caso dos autos ocorreu a forma mais primária de dolo,


consubstanciada no estratagema utilizado pelo requerido, com o artifício utilizado no
intento de viciar a vontade do autor, para locupletar-se.

Por certo que sem as manobras efetuadas pelo requerido, com o


propósito de obter uma declaração de vontade que não ocorreria caso o autor não fosse
ludibriado.

A definição de Clovis Bevilaqua se mostra bem elucidativa:

“Dolo é o artifício ou expediente astucioso, empregado para induzir alguém à


prática de um ato jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor do dolo ou a
terceiro.” Clovis Bevilaqua. Teoria Geral do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Rio,
1980; p. 436.

Não há DOLO sem vontade de enganar. É necessário que o autor da


malícia tenha a intenção de induzir o deceptus em erro.

"O dolo pode ser caracterizado pelo abuso cometido por quem se aproveita do
estado psíquico desequilibrado de outrem, dando-lhe informação errônea para
incutir-lhe a falsa idéia de realizar negócio interessante" (RT 602/58).

É evidente que através da indução em ERRO (DOLO) o requerido


experimentou um enriquecimento sem causa enquanto que simultaneamente o autor
experimentou um empobrecimento, fato relevante para a "actio in rem verso".

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O RELATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL E SUAS CONCLUSÕES SOBRE O
TERMO DE ACORDO HOMOLOGADO E DEMAIS CIRCUNSTÂNCIAS E
ATOS DE ATAÍDES KIST PARA SUBTRAIR BENS DE MATIAS

Como o inquérito na Polícia Federal teve seu seguimento investigativo, o


delegado que conduziu as investigações também levantou as ações referentes aos bens
que Ataídes subtraiu do autor, e em seu relatório de conclusão do inquérito (anexo) nº
0806/2012-4-DPF/GRA/PR, assim se manifestou o Delegado de Polícia Federal JULIO
MITSUO FUJIKI – 1ª Classe-Matrícula nº 17.606:

“Obteve-se também, informações de que o primeiro advogado de Matias


(Ataides kist) estaria usando a presente investigação para levar
vantagens, que poderia se caracterizar como verdadeira extorsão.
Segundo levantado, esse advogado teria amedrontado bastante Matias,
informando que o mesmo poderia ser preso a qualquer momento pela
Polícia Federal e que todos os seus bens seriam “tomados”. Foi
sugerido que ele fugisse para o Paraguai, fato este que realmente
ocorreu. ....
.....
Matias constituiu nova advogada e entrou com uma ação de anulação de
ato jurídico (Evento 80), mas após algum tempo, sem a anuência de sua
patrona realizou acordo com Ataídes Kist, que lhe era altamente
desvantajoso. Mesmo sem sua patrona, infelizmente o juiz da causa,
sem saber que Matias, pessoa idosa e doente, não sabe se expressar
corretamente na língua portuguesa, homologou o acordo.
...
Uma vez que não se confirmou as denúncias que geraram o presente
inquérito policial, entendo que não há mais nada a ser realizado no
âmbito desta Polícia Federal.
Entretanto, diante da gravidade do fato, solicita-se avaliar a
possibilidade de se ecaminhar o presente caderono investigatório para o
Ministério Público Estadual, para prosseguimento nas diligências de
possível extorsão contra Matias, bem como a OAB seja comunicada para
avaliar a conduta do advogado Ataídes Kist.
...Guaíra/PR, 10 de setembro de 2014...”

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - PROCURADORIA DA


REPÚBLICA NO MUNICÍPIO DE CASCAVEL-PR, subseção de TOLEDO – SEÇÃO
JUDICIÁRIA DO PARANÁ, no Processo nº 5000104-02.2013.404.7016 - Classe:
Inquérito Policial, assim se manifestou em 29/09/2014:

“Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar possível ocorrência


dos delitos previstos nos arts. 230 (rufianismo), 231 (tráfico internacional de pessoa para
fim de exploração sexual), 299.....
.....
Por fim, este Parquet Federal requer a remessa de cópias dos
documentos acostados nos eventos 80 e 83 à Justiça Estadual da Comarca de
Marechal Cândido Rondon/PR, tendo em vista possível do crime de extorsão
pelo advogado Ataíde Kist. Outrossim, requer seja apreciado o pedido de
declínio de ...”Documento eletrônico assinado digitalmente.Data/Hora: 29/09/2014 17:11:06 -
Signatário(a): CARLOS HENRIQUE MACEDO BARA:1014 Certificado: 2864f7f03e23f6c4

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Não é necessário muito esforço de interpretação para concluirmos, que o
acordo nada mais é do que uma grande enganação, com doação de bens, para o que o
autor jamais concordou ou desejou.

Por outro lado, o fundamento jurídico desta ação é traduzido pelo vício da
manifestação de vontade, externada defeituosamente, na realidade de um artifício,
empregado para induzir à prática de um ato prejudicial, em proveito exclusivo do réu.

Sem dúvida, tal fundamento, encontra eco no quadro formado.

As provas autorizam segura conclusão de que o requerido valeu-se da


fragilidade do requerente, para obtenção da transferência dos bens do autor, granjeando-
lhe a estima, a simpatia, as boas graças (e tanto é assim que além de seu advogado era
seu “amigo”), conquistas impregnadas de má-fé, provocando-lhe erro sobre seus
verdadeiros sentimentos.

Renovando todos estes atos de enganação para obter a assinatura no


acordo. Portanto, à evidência, tivesse o autor atinado para a verdadeira intenção do
requerido, e ainda tivesse ele conhecimento de que o juiz trataria com indiferença e
descaso o acordo que lhe era exibido, limitando-se a homologação, sem qualquer
verificação, não assinaria o papel, nem qualquer outro documento envolvendo seus bens.

Destacamos que o legislador preocupou-se em regular as transações


comerciais entre os indivíduos, convencionando regras capazes de colocar comprador e
vendedor em condições igualitárias, reconhecendo o livre arbítrio, respeitando a
manifestação da vontade, acolhendo bons pagadores e fornecedores, ressaltando os
princípios da honestidade, da lealdade, da boa-fé, fazendo com que o contrato tenha força
de lei, exercendo sua função social.

Mister se faz que o impulso gerador da vontade não seja maculado pelo
vício que distorça sua manifestação.

Diz Orlando Gomes que "as razões que levam alguém a realizar
determinado ato jurídico podem resultar de falsa representação, que suscite
desconformidade entre a vontade real e a vontade declarada, quer espontânea, quer em
conseqüência da ação de outrem".

Como podemos perceber, o processo psíquico de formação da vontade


não é indiferente ao direito.

Por isso a doutrina salienta que:

"se alguém, por ignorância de certos fatos, realiza negócio jurídico, que não realizaria se
os conhecesse, a ordem jurídica não poderia deixar de lhe proporcionar os meios para
obter a invalidação ".

Ora, o negócio jurídico somente é perfeito quando, e somente quando, a


vontade é declarada de maneira lícita, livre e consciente, isto é, de acordo com a lei, sem
pressão física e moral e com correta percepção da realidade.

Vislumbra-se no caso em tela o ERRO, que é uma falsa percepção da


realidade ou falsa representação que influencia a vontade no processo de sua formação. O
agente, Diz Orlando Gomes, crê verdadeiro o que é falso, ou falso o que é verdadeiro.

Nos tribunais do Brasil tem prevalecido o entendimento de que o ERRO


SUBSTANCIAL que é capaz de provocar a anulabilidade do negócio jurídico, em
conformidade com os preceitos dos artigos 138 e ss. do CCB, deve ser escusável e real
(RT 666/147).

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E mais: "Em cada caso deve-se analisar a cultura, a inteligência e especialmente a
atividade profissional daquele que o alega" (RT 520/147).

Como salientado pela jurisprudência acima, o autor não tinha a "cultura"


necessária sobre o funcionamento de diversas coisas no Brasil, entre as quais, o do
regime de propriedade, o direito penal, o direito processual civil, e tampouco imaginou que
estava sendo vítima das manobras dolosas do demandado, na presença de um juiz.

Todavia, em que pese o autor estar incorrendo em ERRO, este defeito do


negócio jurídico recebe o tratamento de DOLO, vez que a manifestação de vontade do
autor não foi exteriorizada adequadamente, antes, partiu de manobra ou maquinação do
requerido, feita com o propósito de obter a declaração de vontade que não seria emitida se
o autor não fosse enganado.

O autor, homem de 84 anos de idade, sozinho, com deficiência, sem falar a


língua pátria foi presa fácil para o requerido, obtendo através do chamado «dolo de
captação ou de sugestão» seus intentos para adquirir os bens que o autor possuía no
Brasil, sem nada pagar por eles.

Ingenuamente, o autor, acreditou que como tudo seria feito na presença de


um juiz, mantinha a idéia de que esta autoridade, que tem o encargo e missão de distribuir
justiça, o direito e a nobre responsabilidade na aplicação da Lei, estaria sob o manto da
proteção equilibrada do interesse das partes, e especialmente ele, que das partes era o
mais frágil e hipossuficiente tanto por sua idade, como por sua condição.

A captação ou sugestão, em casos tais, deturpa o caráter espontâneo do ato.

Portanto, as provas indiciárias, circunstâncias e presunções, são suficientes


para demonstração de que a vontade do autor não se manifestou livremente, que acabou
por declarar algo diverso do seu sentimento íntimo, com gravíssima lesão ao seu
patrimônio e absurda vantagem ilegal e ilegítima ao requerido.

É certo que a exteriorização da vontade humana, como a ocorrida no acordo,


tem matizes que devem ser apreciadas pelo magistrado e neste caso, não o foram, e a sua
interpretação deve cogitar não só de elementos de ordem jurídica, mas também de ordem
psíquica, moral e especialmente a verificação de que o que ali está expresso não é contra
a legislação pátria em vigor.

No art. 112 do nosso código civil encontra-se um princípio interpretativo de


vital importância nessa seara:

Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada
do que ao sentido literal da linguagem.

Ao caso concreto, a manifestação de vontade, que redundou na criação de


negócio jurídico dando ao requerido posse e domínio sobre bens do autor, sem nenhum
pagamento de preço em elevada doação, não foram observados pelo nobre julgador os
elementos econômicos e sociais, bem como outros fatores como os princípios jurídicos da
boa-fé e da lealdade entre as partes no contrato.

A boa-fé objetiva atua ainda como forma de valorar o abuso no exercício dos
direitos subjetivos, conforme consta do art. 187 do Código Civil:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

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E, por fim, quanto a boa-fé objetiva, também não foi observado pela
autoridade a aplicação dos princípios de probidade e boa-fé, segundo o disposto no art.
422 do Código Civil.

Assim, quanto ao imóvel de Marechal Cândido Rondon, onde atualmente


reside o requerido - no contrato de compra e venda de imóvel, existe a condição de que o
requerido comprometeu-se a pagar o preço integral de R$ 400.000,00.

Haveriam simples perguntas - Porque o autor estaria doando este bem ao


requerido? Foi isso que aconteceu em conseqüência e efeito do acordo.

Outrossim, a mesma doação revelada quanto aos objetos de arte e telas?


Haveria realmente a intenção do autor em doá-los?

Mais, apesar de todos os danos causados ao imóvel de Cascavel, ainda


assim, seria devolvido sem nenhum reparo, nenhuma indenização, nenhum pagamento?

Porque a doação de R$ 280.000,00 ao requerido?

Para a Polícia Federal, veio à tona ilícita ação - houve manobra dolosa, antes
e durante o acordo.

Nos vícios de consentimento a lei determina a anulação do contrato (art. 86 e


s. e 147 do CC) ao arbítrio dos interessados, sendo que essa anulabilidade não visa
proteger exclusivamente a vontade da pessoa que errou, foi induzida em dolo ou coagida,
mas a invalidade do contrato se faz para respeitar a finalidade deste e a justiça comutativa,
o mesmo se dando na anulação de acordo judicial.

O DIREITO E OS REQUISITOS QUE EMBASAM A ANULAÇÃO DO ACORDO


EXTRAJUDICIAL COM IMPUGNAÇÃO REFLEXA A HOMOLOGAÇÃO E O
PROSSEGUIMENTO DOS FEITOS

FUNDAMENTAÇÃO ADMISSIBILIDADE DO MÉRITO DESTA AÇÃO

Enfim o documento de acordo, para o qual foi requerida a homologação,


encontra-se impregnado de vício, porque houve deturpação e desvirtuamento conduzido
pelo requerido, viciando a vontade do autor, com efeitos diversos daqueles que o autor
tinha em mente.
Devido a esses fatos o requerente submeteu-se a um acordo
completamente desigual, tendo prejuízos da ordem de R$ 1.280.0000,00 ( um milhão
duzentos e oitenta mil reais ).
O requerente está dentro do prazo legal para postular a anulação do negócio
jurídico, que é de quatro anos, de acordo com o artigo 178 do CC/2002.
É patente o enriquecimento ilícito do requerido, a disparidade do acordo é
por si só um fator contrário a homologação feita por este MM. Juízo, que se limitou a
homologar acordo extrajudicial e declarar os processos extintos com base no artigo 329 do
CPC.
Eis decisão do STF sobre o tema: "Quando a sentença não aprecia o mérito
do negócio jurídico de direito material, é simplesmente homologatória, não ensejando ação
rescisória. A ação para desconstituir transação homologada é a comum, de nulidade ou
anulatória" (RE 103.303-SP – RTJ 114/219).

“AÇÃO OBJETIVANDO A ANULAÇÃO DE TRANSAÇÃO HOMOLOGADA


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JUDICIALMENTE. APLICAÇÃO DO artigo 486 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
NÃO VINGA A ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS ARTS. 269, INC. III E 485, INC. VIII, DO
INVOCADO DIPLOMA. A SENTENÇA SIMPLESMENTE HOMOLOGATÓRIA DE
TRANSAÇÃO APENAS FORMALIZA O ATO RESULTANTE DA VONTADE DAS
PARTES. NA ESPÉCIE, A AÇÃO NÃO E CONTRA A SENTENÇA, QUE SE RESTRINGE
A HOMOLOGAÇÃO, EM QUE NÃO HÁ UM CONTEÚDO DECISÓRIO PRÓPRIO DO
JUIZ. INSURGE-SE A AUTORA CONTRA O QUE FOI OBJETO DA MANIFESTAÇÃO
DE VONTADE DAS PARTES, A PRÓPRIA TRANSAÇÃO, ALEGANDO VÍCIO DE
COAÇÃO. QUANDO A SENTENÇA NÃO APRECIA O MÉRITO DO NEGÓCIO JURÍDICO
DE DIREITO MATERIAL, E SIMPLESMENTE HOMOLOGATÓRIA, NÃO ENSEJANDO A
AÇÃO RESCISÓRIA. A AÇÃO PARA DESCONSTITUIR-SE A TRANSAÇÃO
HOMOLOGADA E A COMUM, DE NULIDADE OU ANULATÓRIA (artigo 486 DO
CÓDIGO PROC. CIVIL). DISSIDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO, NOS
TERMOS DA SÚMULA 291. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO.” (STF -
RECURSO EXTRAORDINÁRIO: RE 100466 SP Relator(a): DJACI FALCÃO Julgamento:
25/04/1985 Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Publicação: DJ 28-02-1986 PP-02350
EMENT. VOL-01409-03 PP-00504 - VOTAÇÃO: UNÂNIME. RESULTADO: NÃO
CONHECIDO. ANO: 1986 AUD:28-02-1986 Alteração: 22/11/00)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA DE SENTENÇA


HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO. SENTENÇA MERAMENTE DECLARATÓRIA A
TEOR DO DISPOSTO NO ARTIGO 486 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
CABIMENTO DE AÇÃO ANULATÓRIA E NÃO DA AÇÃO RESCISÓRIA. VÍCIO NO
ACORDO. SUPOSTO ERRO NOS CÁLCULOS QUE ORIGINARAM O VALOR DA
AVENÇA. PRESENÇA DAS CONDIÇÕES DA AÇÃO PARA O TRÂMITE DA AÇÃO EM
APREÇO. Cabível ação anulatória, a teor do disposto no artigo 486 do CPC, em
detrimento de sentença homologatória de acordo, quando se pretende afastar vício
na vontade das partes ou de apenas uma delas.” APELAÇÃO PROVIDA PARA
ANULAR A R. SENTENÇA A QUO. (Apelação Cível nº 0741872-6, 13ª Câmara Cível do
TJPR, Rel. Gamaliel Seme Scaff. j. 27.07.2011, unânime, DJe 10.08.2011).

Sobre o tema o douto magistério de Humberto Theodoro Júnior:

"A autocomposição da lide é jurisdicionalizada, in casu, pela homologação


do juiz, que a encampa e chancela como se fora uma solução dada pela própria
sentença. Daí ter antiga exegese assentado que o ataque à res judicata gerada pela
sentença que homologa a transação haveria de ser feito somente via da ação
rescisória (artigo 485, nº VIII). Nada obstante, é forçoso reconhecer que a
jurisprudência, com o passar do tempo, inclinou-se majoritariamente para tese que
admite o cabimento da ação comum de anulação de negócio jurídico para a hipótese
de transação homologada em juízo, aplicando-se portanto, à espécie, o artigo 486 e
não o artigo 485, nº VIII, do CPC". THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito
processual civil. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, v. 1, 2007. p. 781
Nada a duvidar, portanto da pertinência da ação anulatória para anular os
atos processuais praticados pelas partes e, como no caso em tela, as sentenças judiciais
meramente homologatórias.
A transação decorre de composição entre as partes, afastando, em
consequência, uma solução jurisdicional. Conclui-se que a ação para se desconstituir
transação homologada judicialmente é a comum, anulatória (artigo 486 do CPC) e não a
rescisória, adequada às sentenças que guardam a imutabilidade da coisa julgada material.
É óbvio que o digno Magistrado desta comarca limitou-se a homologar
acordo sem adentrar no mérito das ações, no presente caso, as partes findaram os litígios
mediante transação, esta sim que solucionou as lides e não sentenças, tendo-se limitado
o juiz apenas a declarar extinto o processo (art. 329, do Código de Processo Civil).

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Esta ação anulatória fundamenta-se na lesão como modalidade de vício do
negócio jurídico, ou no caso a transação homologada em juízo:
“ Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade,
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da
prestação oposta.
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes
ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
O novel Código Civil, no art. 157, introduz, no ordenamento jurídico pátrio, a
lesão como modalidade de vício do negócio jurídico, na realidade o CC apenas corrobora o
que o Código de Defesa do Consumidor também já defendia. Vedada a exigência de
vantagens manifestamente excessivas em perfeita consonância ao vício da lesão.
Assim manifesta-se a doutrina:
"A lesão enorme é a obtenção por uma parte, em detrimento
da outra, de vantagem exagerada incompatível com a boa fé ou a
equidade". (JURIS ON-LINE http://www.palhares.com.br apud MARTINS, Jonair Nogueira.
Teoria da lesão enorme. Incidente nos contratos bancários. Spread para a cobrança de juros.. Jus
Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=644>. Acesso em: 09 jun. 2009.)

De acordo com o art. 157 do CCB, a lesão enorme é defeito do negócio


jurídico constituído de elementos subjetivos e objetivos. O elemento subjetivo é a
inferioridade do lesado (autor idoso, doente, confuso mentalmente e sem conhecer a
língua pátria) e o objetivo, a desproporção manifesta nas vantagens do requerido, um
imóvel de alto padrão nesta cidade, 50 telas e objetos de arte, mais R$ 280.000,00, sem
qualquer contrapartida ou pagamento.

Por se tratar de sentença meramente homologatória, com eficácia de


declaração, não faz coisa julgada material, porquanto não é capaz de declarar a existência
ou não de um direito, sem efeito executivo.
Resta então o requisito subjetivo, prima facie, parece ser uma transação
negocial firmada entre iguais, todavia, o caso em tela, revela que o requerido, valendo-se
de embustes e manobras maliciosas, abusou da boa-fé do Requerente.

De outra banda, manifesta a má-fé, razão pela qual, como já se asseverou, o


negócio jurídico homologado entre as partes encontra-se viciado e nulo em sua origem.

O acordo extrajudicial, abrange o estudo relativo à coisa julgada material e à


apreciação do mérito como a própria natureza da homologação por sentença.

Dispõe o art. 486 do CPC:

“Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for
meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral,
nos termos da lei civil.”

A fim de esclarecer o conceito de sentença homologatória, convém registrar


a lição sempre atual de Pontes de Miranda ao demonstrar que a sentença de homologação
se constitui em um "ato jurídico processual transparente", visto que nada acrescenta ao ato
ora homologado. Confere-lhe, apenas, uma espécie de certificação formal (chancela
judicial). ( PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado da ação rescisória. São
Paulo:, RT, 1970. p. 411)

A sentença proferida pelo magistrado, portanto, atuou como simples


certificação, não enfrentando qualquer avaliação do conteúdo do ato homologado,
conforme pode ser conferido no termo de audiência. Não apreciando (julgando) o mérito
dos processos em andamento nem o conteúdo do acordo, tal decisão consequentemente
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deixa de produzir a coisa julgada material, conforme ensina MARINONI, Luiz Guilherme;
ARENHART, Sérgio Cruz. Manual do Processo de Conhecimento. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 640.

Os efeitos produzidos pela homologação decorrem, portanto, do ato judicial


em si, que apenas se encontra certificado pela autoridade judicial através da homologação.

A presente impugnação se volta contra o ato em si, ainda que o mesmo se


encontre homologado através de sentença transitada em julgado, pois em face da
inexistência da apreciação de mérito, a sentença produziria tão somente a coisa julgada
formal.

Claro que a invalidação do ato, dependente da sentença homologatória,


atinge indiretamente tal decisão, esvaziando-a de conteúdo, como conseqüência da
impugnação do ato.

Na lição de Barbosa Moreira:

“Quanto aos atos que constituam objeto de sentença "meramente homologatória", a


importância do dispositivo consiste em deixar claro que, apesar do invólucro sentencial que
os cobre, podem ser diretamente impugnados, sem necessidade de rescindir-se - usada a
palavra, aqui, na acepção técnica - a decisão homologatória. A ação dirige-se ao conteúdo
(ato homologado), como que atravessando, sem precisar desfazê-lo antes, o continente
(sentença de homologação). Insista-se em que não é a sentença, mas o ato homologado,
que constitui o objeto do pedido de anulação - o que não quer dizer que a eventual queda
do segundo deixe de pé a primeira.” MOREIRA, José Carlos Barbosa. Comentários ao
Código de Processo Civil. Vol. V. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 158.

Com efeito, no caso o ato é eivado de vício de nulidade absoluta, embora


pronunciável de ofício no mesmo processo, a ação é intentada contra a outra parte, no
caso, com pedido de interferência do Ministério Público, vez que, como já dito, o exame
relativo à natureza da nulidade objeto de anulação revela a prática de crime pelo requerido,
em tese.

A homologação, com o arquivamento dos feitos, teve trânsito em julgado


nos processos onde se pretende a invalidação do ato homologado. Em caso de
procedência da ação anulatória, deixará de subsistir a sentença que homologou o ato
viciado.

Assim, perdendo seu conteúdo com a invalidação do ato, deixará de


produzir efeitos. Consequentemente, os processos onde ocorrerá a invalidação retornará à
situação anterior, percorrendo seu caminho a partir da impugnação do ato.

DO CABIMENTO

Finalmente, a análise do art. 486 nos casos de transação judicial,


enfrentada de forma controvertida em face dos questionamentos relativos ao cabimento da
ação anulatória ou da ação rescisória do art. 485.

Com efeito, caracteriza-se a transação como um ato judicial promovido


pelas partes (hipótese do art. 486), trazido à juízo para MERA homologação.

Galeno Lacerda em "Ação Rescisória e Homologação de Transação,


publicada na Revista da AJURIS, nº. 14, buscou conciliar a idéia e a distinção dos
dispositivos (art. 485 e 486 do CPC):

Lembra o processualista gaúcho “que o art. 485 trata exclusivamente da


rescisão de sentenças de jurisdição contenciosa, que produzem coisa julgada material em

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face de julgarem a lide (eliminação do conflito com a declaração do direito, ou seja,
apreciando o mérito da causa).”

A sentença homologatória de ato judicial, por outro lado, não assumiria tais
características, visto a inexistência de apreciação do mérito.

A transação, prossegue o jurista, pode ser objeto tanto de sentença


homologatória como de sentença jurisdicional litigiosa (sentença de mérito) nela baseada,
hipótese última do art. 485.

Consequentemente, a distinção entre o art. 486 e o art. 485 dependerá da


análise quanto à análise do mérito na transação.

Por ato anulável, entenda-se o acordo atacado, onde meramente


homologado, foi determinado que fossem feitas cópias e juntadas a cada processo,
praticado pelas partes, e entendendo a expressão “judicial” no sentido de ter sido ao juízo
trazidos para homologação, tal ato envolveu declaração de vontade das partes, sendo
viciada a do autor. Sem julgamento de mérito, a mera homologação do juiz, a saber:

Neste sentido, manifesta-se o ilustre processualista:

“Mas, dir-se-á, o Código, no art. 269, III, afirma que o processo se extingue com
julgamento de mérito quando as partes transigirem. Então, haverá julgamento de mérito na
transação?
Não, a toda evidência.
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Trata-se de impropriedade do Código que deve ser interpretada com inteligência e bom
senso. Se as partes transigem, a homologação conseqüente, como se viu, não julga a lide,
porque esta não mais existe, eliminada como foi pelo acordo dos litigantes.”

Esta ação anulatória tem seus fundamentos nos vícios do direito material e
nas causas de anulabilidades comuns aos negócios jurídicos, onde foi proferida sentença
meramente homologatória, visando atingir diretamente o ato das partes, e não uma
decisão judicial, não se tratando de forma direta de ataque ao ato sentencial, mas sim de
impugnação reflexa, pois visa à desconstituição do ato praticado pelas partes em juízo e
homologado por sentença que não julgou o mérito das demandas.

Esclarecedora a lição de FREDIE DIDIER JR. e LEONARDO CARNEIRO


DA CUNHA, na obra AÇÃO RESCISÓRIA, edição 2013, 11ª edição, pág. 459,
transcrevemos:

“... Se a sentença do juiz restringe-se por outro lado, apenas a homologar a transação,
caberia, desse modo a ação anulatória do art. 486 do CPC. Nessa última hipótese, o juiz
não decidiu nada; a eliminação do conflito resultou de transação celebrada entre as partes.
O que objetiva, portanto, é anular a transação, e não a sentença, que, no particular, é
meramente homologatória. Dessa maneira, a distinção entre a ação rescisória e a
anulatória, no tocante á rescisão ou anulação da transação, estaria em perquirir se o juiz,
na sentença, julgou o caso com base na transação celebrada entre as partes, ou se ele
cingiu-se a homologar a transação, tendo as partes, elas mesmas, ao celebrá-las,
encerrando o litígio....”

Em nosso caso, as partes, nos termos do acordo, encerravam o litígio, e a


sentença foi meramente homologatória, atraindo a ação anulatória.

Como pensam nossos tribunais:

“A ação anulatória prevista no art. 486 objetiva tão somente a anulação de ato judicial. Tal
meio de impugnação pode atingir, igualmente, sentenças homologatórias, na hipótese do
ato objeto de invalidação depender da referida chancela judicial.
Julgada procedente a ação anulatória, o ato impugnado não somente será declarado nulo,
mas também será desconstituído. Importa ressaltar, que embora não tenha como objeto a
desconstituição da sentença (que é o caso da ação rescisória), verifica-se que a
impugnação do ato também atinge a sentença que o homologou. Trata-se de uma
impugnação de caráter reflexo que esvazia o conteúdo da homologação.” O Voto é no
sentido de CONHECER o Recurso de Apelação e NEGAR PROVIMENTO. É o Voto.
Curitiba, 02 de agosto de 2007. J. S. FAGUNDES CUNHA RELATOR

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não discrepa desse oriente:

"O avençado pelas partes homologado no acordo judicial, sem qualquer


fundamentação no mérito da demanda, é desconstituível como os atos jurídicos em geral,
na forma do art.486 do CPC" (RSTJ-19/367).

"A ação cabível para atacar sentença homologatória de transação é a ação


anulatória e não a rescisória" (3.ª Turma; R. Esp. 9651-SP; Rel. Min. Cláudio Santos; pub.
no DJU de 23.09.91).

Sem embargo ao princípio da autonomia de vontade, é possível deduzir


pelo que ficou estabelecido no acordo, que se apresentou extorsivo e em descompasso
com a realidade, traduzindo verdadeira ofensa à supremacia da ordem pública, por
razoável admitir-se pedido de anulação de ato jurídico, com o fim de desconstituir
totalmente, transação contaminada de vício ou de irregularidade na sua forma, atendendo-
se às exigências do bem comum.

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Nesse norte, invocando o comando do art. 486 do CPC, segundo o qual "os
atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei
civil."

Outrossim, não há ofensa a coisa julgada material, e aqui não se há de falar


que houve análise do mérito da causa, ou seja, a ilegalidade do acordo em patamar
extremamente desigual, inserida no acordo extrajudicial.

Verificados os autos em comento, vê-se que ainda não ocorreu a efetiva


solução do conflito de interesses entre as partes, vez que o requerido ficou com os bens do
autor, de alto valor econômico, sem nada pagar por eles.

Inexiste violação ao princípio constitucional da coisa julgada, gizado no


art.5.º, XXXVI, da Constituição Federal, uma vez que, in casu, a pretensão de renovar o
objetivo da discussão reside no fato de que ainda não se decidiu a respeito do mérito
perquirido, nos outros processos.

Evidente que o requerido, que era devedor em todos os processos


apontados, não pode eximir-se, tampouco pode ser admitido seu enriquecimento ilícito em
detrimento do autor.

O acordo que se quer ver anulado, segundo Carvalho Santos, assinala os


quatro requisitos essenciais para se verificar o enriquecimento sem causa:

a) o locupletamento;

b) o empobrecimento correlativo da outra parte;

c) a falta de justa causa;

d) relação de causalidade entre o enriquecimento e o empobrecimento.(Código Civil


Brasileiro Interpretado, vol. XII. Livraria Freitas Bastos, !963, pág. 383).

Trata-se, na verdade, de princípio geral, que proíbe uma das partes


contratantes de impor à outra todos os gastos ou ônus excessivos, invocando para si
apenas as vantagens, como foi o caso do acordo(transação) homologada pelo juiz.

Além de impor ônus excessivos e causar lesão ao patrimônio do autor, o


requerido incorre na figura jurídica do enriquecimento ilícito, ou sem causa, em verdadeira
extorsão.

Assim, há que se entender cláusulas abusivas como sendo aquelas que


estabelecem obrigações iníquas, acarretando desequilíbrio contratual entre as partes e
ferindo os princípios da boa-fé e da eqüidade.

Conforme disposto na Lei civil Pátria tais cláusulas são nulas de pleno
direito, e não operam efeitos, sendo que a nulidade de qualquer cláusula considerada
abusiva não invalida o contrato, somente as cláusulas abusivas são nulas: no nosso caso,
todas as cláusulas são abusivas, pelo que não subsiste o contrato, averiguado o justo
equilíbrio entre as partes.

"Assim, a mais abalizada doutrina e atual jurisprudência, com os olhos postos no


presente, têm decidido em casos tais que, cláusulas como essa do instrumento havido
entre as partes ostentam-se indisfarçavelmente ineficazes e sequer possível o seu
aproveitamento". (STJ – AG Nº 170.699 –MG (97/0088907-6) (Anexo II)

Pensar diferente, estar-se-ia admitindo absurdamente um pacto de


irredutibilidade do contrato leonino convencionado.

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É bem verdade que as partes têm liberdade na estipulação do que lhes
convenha, mas essa autonomia de vontade sofre limitações e se sujeita aos princípios da
moral e da ordem pública.

Indubitável que o acordo é abusivo e vai muito além do eventual dano


causado pela inadimplência dos recorrido, conduzindo ao enriquecimento do demandado e
à destruição financeira do autor, em afronta ao verdadeiro sentimento de justiça.

Aliás, pode-se invocar aqui o art. 5º, da Lei de Introdução ao Código Civil,
pelo qual o juiz adotará no caso concreto a decisão que entender mais justa e equânime,
levando-se em conta os fins sociais e às exigências do bem comum.
O Requerente é ignorante em matéria negocial e jurídica, isto fica patente,
pois logo após a transação, quase dois meses depois, com a chegada de seu sobrinho,
inteirou-se que o requerido não lhe devolveria os bens e que no documento denominado
de acordo, levado para homologação, não estava escrito o que imaginou que contivesse
no texto, ao contrário, era vantajoso apenas para o demandado, tornou-se
desproporcional e espantosamente inescrupuloso. O acima alegado está comprovado, mas
ainda mais respaldado por provas testemunhais, e pareceres de peritos.

DA COMPETÊNCIA PARA JULGAR ESTA AÇÃO ANULATÓRIA

A competência desta ação anulatória é do juízo da homologação, ou seja, este


MM. Juízo, vejamos:
"Competência. Como a ação anulatória é acessória da ação onde foi praticado o
ato anulando, a competência para processá-la e julgá-la é do juízo da homologação (CPC
108)."

DEVER DE OFÍCIO OU POR PROFISSÃO

Há uma restrição legal à liberdade de contratar em razão da


moralidade e estabilidade da ordem pública, que está assegurada no art. 497,I a IV do
CC. Esta restrição diz respeito aos que têm, por dever de ofício ou profissão, a função de
zelar pelos bens alheios, sendo-lhes vedada a possibilidade de adquiri-los, mesmo em
hasta pública, sob pena de nulidade. É possível citar como exemplos do artigo supracitado
os tutores, curadores, testamenteiros, administradores, servidores públicos, juízes,
secretários de tribunais, arbitradores, peritos, leiloeiros, corretores ou qualquer pessoa,
inclusive advogado, que tendo a incumbência de administrar, vender ou litigar em tribunal
sirva-se ou beneficie-se de sua posição, autoridade ou função para aquisição dos
referidos bens.

No que se refere a esta compra e venda que se quer ver anular, é


patente a especulação desleal e o antagonismo entre o dever do requerido e o interesse
próprio, que manobrou uma situação com mentiras induzindo uma pessoa idosa e doente a
lhe transferir todos os seus bens.

Ressaltando-se que o requerido, na condição de advogado do autor,


tinha os seguintes deveres: dever de informação e esclarecimento; de aconselhar o seu
cliente acerca das melhores possibilidades de cada via judicial passível de escolha para a
satisfação de seu desideratum, de avisar a contraparte sobre os riscos que corria, dever de
cooperação e lealdade; deveres de proteção e cuidado; etc....

Sob a alegação de que assinado o acordo e emprestando-lhe R$


280.000,00, teria de volta todos os bens livres e desonerados, não houve fase pré-
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contratual, o autor, viu-se embrulhado em negociações, sem qualquer aviso sobre os fatos
e os efeitos que poderiam ter relevo na formação da declaração.

O requerido ultrapassou todos os limites, inverteu e ultrajou os deveres


de informação e profissionais de exponencial relevância no âmbito das relações jurídicas,
seja por expressa disposição legal, seja em atenção ao mandamento da boa-fé, os
deveres de proteção e cuidado com a pessoa e o patrimônio da contraparte, de ética, de
fidelidade, ferindo os princípios da dignidade humana, a fim de locupletar-se.

Mostra-se a este juízo, os mais variados aspectos que envolveram o


ato jurídico, deixando ao prudente arbítrio a interpretação mais adequada, na verificação
do comportamento doloso por parte do requerido, que levou o autor a percepção errônea
da realidade.

PEDIDO DE PROVIDÊNCIA DE NATUREZA CAUTELAR COMO


FORMA DE PRESERVAÇÃO DO RESULTADO PRÁTICO DA DEMANDA

Temos uma ação de anulação visando a desconstituição do Termo de Acordo


EXTRAJUDICIAL, meramente homologado em AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO, pelo juiz,
que foi juntado nos processos AUTOS 0003885-05.2013.8.16.0112, evento 57.1, AUTOS Nº
0003917-10.2013.8.16.0112, evento 37.1, e AUTOS Nº 0004046-15.2013.8.16.0112,
EVENTO 22.1, produzindo a extinção dos feitos, sem julgamento de mérito, por mera
homologação.
Acontece que o requerido, após ficar inteirado da provável abertura de AÇÃO
PENAL, face as conclusões da Polícia Federal, e do Ministério Público Federal, bem como de
que o autor estava com a saúde recuperada, razão pela qual, demandaria em busca de seus
direitos, colocou a casa situada na rua D. João VI, e que extorquiu de Matias, a venda, junto a
Imobiliária Magrão Imóveis, nesta cidade, pelo preço de R$ 800.000,00
Ainda, fechou seu escritório de advocacia, colocando em locação o imóvel,
bem como se sabe que está tentando vender as obras de arte, em demonstração clara de
preparação para evadir-se desta comarca.
De outro norte, na faculdade Unioeste, onde o requerido é professor, as
informações são de que pediu afastamento, com a afirmação que está deixando o país.
Sendo assim, a presente ação, bem como os prejuízos não alcançarão o
requerido, se providências imediatas não forem tomadas.
Grande é o risco de que os bens sejam transferidos a terceiros e de que o
requerido os desvie a fim de que não possam retornar a seu verdadeiro proprietário.
Assim, o autor postula nesta oportunidade tutela de urgência circunscrita na
proibição de transferência de domínio a terceiros, oficiado o Registro de Imóveis para
que averbe a existência do presente feito na matrícula nº 40.894 do R.I. desta comarca.
Por tudo quanto acima foi sustentado, o Termo de Acordo extrajudicial,
denota a falta de pagamento do preço e as condições extorsiva na aquisição deste imóvel.
Outrossim, requer, seja determinada a remoção de todos os objetos de
arte e a pinacoteca do autor, para o depositário público, a fim de garantir que não
desapareçam.
Com suporte nos argumentos acima explanados, estão presentes os
requisitos que autorizam a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional, traduzidos na

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verossimilhança do alegado e no risco de lesão grave ou de difícil reparação, encontram-se
suficientemente demonstrados, desafiando o acolhimento da tutela de urgência que vindica.
Para a aferição dos pressupostos necessários à antecipação dos efeitos da
tutela jurisdicional vindicada, e quanto à verossimilhança das alegações e o risco de dano
irreparável ou de difícil reparação, podem ser identificados sem grande complexidade pela
leitura dos documentos acostados, associadas as últimas atitudes do requerido.
De conformidade com o emoldurado pelo artigo 273, incisos I e II, do Código
de Processo Civil, a antecipação de tutela tem como pressupostos: (I) a existência de prova
inequívoca apta a revestir de verossimilhança a argumentação aduzida; (II) o risco de dano
irreparável ou de difícil reparação; ou (III) a caracterização do abuso de direito de defesa ou
manifesto propósito do réu. Esses pressupostos, que emergem da literalidade do aditivo
contratual apontado(2013), sendo possível se aferir a presença de flagrante ilegalidade.
No entanto, ainda que se considerasse como matérias a serem apreciadas no
mérito, subsistem outros elementos materiais aptos a ensejarem a concessão de tutela
acautelatória dos efeitos da prestação jurisdicional vindicada, cujos requisitos exigidos, como
cediço, são mais amenos que aqueles exigidos para a antecipação de tutela meritória,
reclamando somente a plausibilidade do direito (fumus boni iuris) e a irreparabilidade ou difícil
reparação desse direito (periculum in mora).
Porém, sem dúvida aqui, ainda há a presença da verossimilhança.
Nesse ponto, merece ser prestigiada a doutrina de Luiz Rodrigues Wambier e
Tereza Arruda Alvim Wambier, que assim ponderam sobre o tema:
“Parece-nos, todavia, mais convincente o argumento de que, se a todo
direito corresponde uma ação, a todo direito corresponde, também, e necessariamente,
uma cautela. Ou seja, assegurar o direito de ação é o mesmo que assegurar o direito à
eficácia da providência jurisdicional pleiteada, quando se demonstra que há o risco de
esta ficar comprometida.
“Parece que esta tendência genérica que diz respeito à fungibilidade de
medidas que têm a urgência como pressuposto, sob risco de ineficácia da prestação
jurisdicional, fica confirmada pelo art. 273, §7o, que permite expressamente a
fungibilidade entre medida cautelar e medida antecipatória de tutela.” (WAMBIER, Luiz
Rodrigues e WAMBIER, Tereza Arruda Alvim. Breves comentários á 2a fase da reforma do
Código de Processo Civil 2a ed. – atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2002, p. 65-64)
Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, confira-se:

“PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - TUTELAS DE URGÊNCIA -


FUNGIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 273, § 7º, CPC - MEDIDA CAUTELAR
PREPARATÓRIA - ANTECIPAÇÃO DE TUTELA COMO MEIO ADEQUADO - INTERESSE
DE AGIR - RECONHECIMENTO. 1. O art. 273, § 7º, do CPC, abarca o princípio da
fungibilidade entre as medidas cautelares e as antecipatórias da tutela e reconhece o
interesse processual para se postular providência de caráter cautelar, a título de
antecipação de tutela. Precedentes do STJ. 2. Recurso especial conhecido e....” (REsp
1011061/BA, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2009,
DJe 23/04/2009)
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FUNGIBILIDADE ENTRE
AS MEDIDAS CAUTELARES E AS ANTECIPATÓRIAS DOS EFEITOS DA TUTELA. ART.
273, § 7.°, DO CPC. INTERESSE PROCESSUAL. O princípio da fungibilidade entre as
medidas cautelares e as antecipatórias dos efeitos da tutela confere interesse
processual para se pleitear providência de natureza cautelar, a título de antecipação
dos efeitos da tutela. Recurso especial não conhecido.” (REsp 653.381/RJ, Rel. Ministra
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/02/2006, DJ 20/03/2006, p. 268)

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No caso, conquanto, ainda que V. Exa. considere ausente a verossimilhança
das alegações do autor, subsiste a fumaça do bom direito, autorizando que seja concedida
medida acautelatória do provimento jurisdicional esperado.

Conforme se apreende da simples leitura dos documentos, e as recentes


atitudes adotadas pelo requerido.

Esses argumentos, de per si, evidenciam a fumaça do bom direito atinente à


suposta ilegalidade dos aditivos contratuais, traduzida no abuso, legitimando que seja
concedida medida acautelatória do provimento jurisdicional atinente à ilegalidade, e se pode
falar em suspensão dos seus efeitos até o deslinde do presente feito.

Sob essa moldura de fato, aferido que o pedido de antecipação dos efeitos da
tutela jurisdicional formulado pelo autor se legitima face à verossimilhança do alegado, e
ainda subsistindo-lhe a fumaça do bom direito, satisfazendo os requisitos da tutela cautelar,
afigura-se recomendável que seja determinada a proibição de transferência do imóvel, e a
averbação junto a matrícula 40.894 do R.I. desta comarca, bem como a remoção e depósito da
pinacoteca e objetos de arte para o depositário público, com ofício ao registro de imóveis, a
fim de que os requerido fiquem impedido de transferir o domínio a terceiros, como medida de
resguardo aos efeitos práticos de eventual sentença meritória de procedência dos pedidos.

Nada obstante, caso reste a improcedência dos pedidos, que o requerido


realize o contrato, sem assim experimentar qualquer prejuízo injusto.

PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante do exposto o ora AUTOR pede e requer a Vossa Excelência que:

a) Seja acolhido preliminarmente a providência de natureza cautelar, ante a


presença dos requisitos do art.273, CPC, dignando-se V. Exa, ante a gravidade dos fatos
narrados e a preparação do requerido para evadir-se da comarca, seja determinada a
proibição de transferência de domínio do imóvel a terceiros ( Construção em alvenaria tipo
residencial, com área de 231,84 m², edificada sobre o Lote urbano nº 19/20-A, da quadra 250, com
área de 937 ,50 m², situado no Loteamento Jardim Espigão, desta cidade, com limites e confrontações
conforme matrícula nº 35.630 atualmente 40.894 do R.I. desta comarca ), oficiado o Registro de
Imóveis para que averbe a censura e a existência do presente feito na matrícula nº
40.894 do R.I. desta comarca.

b) Outrossim, pelas mesmas razões requer a providência de natureza cautelar,


dignando-se V. Exa, em determinar a remoção de todos os objetos de arte e a
pinacoteca do autor, para o depositário público, a fim de garantir que não
desapareçam, e para que fique proibida a transferência a terceiros.

c) Os pedidos de providências de natureza cautelar são medidas de resguardo


aos efeitos práticos de eventual sentença meritória da demanda e deferida, por preencher os
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requisitos da tutela liminar, fumus boni iuris, verossimilhança e risco de grave lesão ao autor.

d) Caso seja outro o entendimento de V. Exa., seja designada audiência,


arroladas as testemunhas, rol que se anexa, e intimado o réu, para efeito de concessão da
liminar.

e) Requer, a procedência da presente ação, para decretar a anulação total da


sentença homologatória do acordo extrajudicial, decretando a nulidade da transação e do
Termo de Acordo Extrajudicial, determinando-se o cancelamento dos termos do acordo nos
AUTOS 0003885-05.2013.8.16.0112, evento 57.1, AUTOS Nº 0003917-10.2013.8.16.0112,
evento 37.1, e AUTOS Nº 0004046-15.2013.8.16.0112, EVENTO 22.1, e assim, digne-se V.
Exa. em determinar o prosseguimento dos feitos, anulando-se todos os atos a partir dos
eventos mencionados, inclusive, salvaguardando o direito do autor consubstanciados nos
pedidos encartados nas iniciais das ações.

f) Requer, seja julgada procedente a ação, reconhecida e declarada a


ANULAÇÃO do TERMO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL e da homologação judicial, havido
entre as partes, dado o induzimento em erro sofrido pelo autor, dado ao DOLO do requerido,
haja vista o ato nulo, caracterizado no vício de consentimento, com o artifício malicioso
empregado pelo requerido, em franco enriquecimento ilícito, o que foi longamente delineado
nestes autos, com o rompimento da barreira da ética e do dever profissional pelo demandado,
a presença da grave lesão ao autor, com perda patrimonial expressiva sem qualquer
pagamento de preço pelo demandado, mais a extorsão de R$ 280.000,00. Objetivando
anular o aludido ato jurídico, pelo fato de requerido ter utilizado meio astucioso,
preconcebido, fraudulento e ilícito contra estrangeiro, com 84 anos de idade que não
compreende a língua portuguesa e doente, manobrando-o.

g) A citação do réu na forma do art. 172, § 2º, do CPC, para, querendo,


contestar a presente ação, no prazo, sob pena de revelia e confissão, julgando, a final,
totalmente procedente esta ação;

h) requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas,


tais como a prova testemunhal, pericial, documental, com aqueles já acostados e os que
se fizerem necessários, para demonstrar o direito ora invocado nesta petição,
especialmente o depoimento pessoal do representante legal do réu, sob pena de
confissão;

i) Requer o depoimento pessoal do réu;

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j) Requer a intervenção do Ministério Público, em razão da matéria e dos atos
ilícitos verificáveis nestes autos, outrossim, seja intimado o Ministério público local, para
que informe se já recebeu os documentos oriundos da Justiça Federal, no sentido de que
seja apurado criminalmente os fatos aqui narrados..

k) Requer seja oficiado o Registro de Imóveis a fim de que fique averbada a


existência da presente ação, bem como fique proibida, alienação a terceiros, seja por
venda direta ou oferta do bem em garantia de contratos de financiamentos, penhora
decorrente de débitos do requerido ou de terceiros em que figura como garantidor, fiador
ou outro.

l) Requer, seja o réu condenado ao pagamento de taxas, custas e honorários

advocatícios á base de 20% ( vinte por cento ) sobre o valor da causa, e demais
inerentes aos ônus de sucumbência.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.280.000,00 ( Um milhão duzentos e oitenta mil


reais ), para efeito de alçada.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Marechal Cândido Rondon, 07 de outubro de 2014

MARGARETE INÊS BIAZUS LEAL


OAB-PR 9883

MIRON BIAZUS LEAL


OAB-PR 52018

ROL DE TESTEMUNHAS

a) VALTER V. BOROSKE – brasileiro, casado, corretor de imóveis, residente e domiciliado


á rua Mto Grosso, nº 515, centro, Marechal Cândido Rondon,PR;

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OAB/PR 9883 OAB/PR 52018
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b) ATILIO WACHHOLZ NEUMANN, brasileiro, casado, caminhoneiro, residente e
domiciliado na Zona Rural, Linha Peroba, neste município;

c) SANTIAGO MAS MULLERO ( INFORMANTE )– espanhol, casado, restaurador,


residente e domiciliado á rua Salgado Filho, nº 889, Bairro Neva, Cascavel,PR;

d) MAYCO RODRIGO NEUMANN – brasileiro, casado, motorista, residente e domiciliado á


rua Salgado Filho, nº 889, Bairro Neva Cascavel, PR

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