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GÁS NATURAL EM ESTADO GASOSO NO SOYO

Uma infra-estrutura de centenas de kms de pipelines submarinos recolhe o gás


associado de várias unidades de produção de petróleo e transporta-o até ao terminal
do Soyo onde é tratado e liquefeito para exportação. A configuração do terminal
Angola LNG prevê a disponibilização de cerca de 3,5 Mm3 por dia (cerca de 1,3 Bcm
anuais) em estado gasoso para utilização local.
Este gás é entregue de forma constante, mas o armazenamento no gasoduto de
ligação às centrais – o designado “line pack” – e eventuais instalações de
armazenagem a construir permitirão concentrar a sua utilização nalgumas horas do
dia. O gráfico da figura 37 mostra a potência que se poderia instalar no Soyo com
base no gás disponível em diferentes cenários de utilização e com diferentes
tecnologias.
A infra-estrutura eléctrica de ligação – linha dupla a 400kV – deverá permitir
transportar até 1.500 MW em direcção ao Sul, valor compatível com a operação em
ciclo combinado concentrada em 50% do tempo ou a 50% de carga – utilizando o
total do gás disponível.
Caso se opte por instalar potência em redor dos 1.500 MW importará garantir uma
solução “dual fuel” para anos hidrológicos secos – eventualmente com base em GNL,
GPL ou gasóleo – que permita atingir níveis de utilização de 90 a 100%. Por outro
lado, a possibilidade de ocorrência de anos com mais hídrica aumentam o interesse
de desenvolver infra-estruturas de interligação – em particular com o Congo – que
permitam exportar os excedentes de produção.

ANÁLISE DO POTENCIAL DE GERAÇÃO COM BASE NO GÁS DISPONÍVEL NO SOYO


PARA CONSUMO NACIONAL

GÁS NATURAL LIQUEFEITO DO SOYO


O Terminal Angola LNG tem prevista a liquefacção e exportação de cerca de 6 Bcm
de gás natural – cerca de 5 vezes o volume de gás disponível em estado gasoso.
O processo de liquefação é realizado por meio da redução da temperatura do gás até
ao nível de -162º C, o que lhe permite ocupar cerca de seiscentas vezes menos
espaço.
A tecnologia existente permite: i) quer o transporte em grandes navios metaneiros
até terminais de regaseificação de grande escala em países distantes; ii) quer o
transporte em pequenos metaneiros até terminais marítimos de pequena/média
dimensão; iii) quer ainda o transporte em iso-contentores ou cisternas por via
terrestre, marítima ou ferroviária até unidades autónomas de armazenagem e
regaseificação junto do consumidor.
O GNL poderá ser utilizado, no caso do sector eléctrico de Angola, quer para
abastecer um terminal de média dimensão em Benguela/Lobito ou Namibe
associado a novas centrais de grande dimensão, quer para abastecer pequenas
unidades de armazenagem e regaseificação associadas a turbinas de menor
dimensão. No entanto, o interesse de contratualizar a venda de parte significativa do
GNL por prazos longos e o investimento na infra-estrutura de recepção e
regaseificação, tornam a conversão interessante apenas para centrais que tenham
alguma estabilidade no seu funcionamento.
Apesar de até 2025 se prever que a maioria das turbinas em ciclo simples existentes
passem a funcionar em regime de “backup”, existirá a necessidade em cada sistema
de manter uma unidade de geração a funcionar para regulação de frequência e
reserva girante. A menor necessidade de geração em Luanda deverá permitir
deslocalizar as turbinas em barcaça existentes na Boavista para o Namibe e
Benguela/Lobito. Estas unidades, em conjunto com o ciclo combinado de média
dimensão em instalação na Central de Cazenga poderão cumprir este tipo de
funções, pelo que se prevê a sua conversão para GNL, mantendo as restantes
turbinas de “backup” a diesel.
A instalação de infra-estruturas de armazenagem e regaseificação ao longo do país
beneficiará também a indústria, que passará a dispôr de uma alternativa energética
adicional.

GÁS NATURAL EM CABINDA

As recentes descobertas de gás natural “on-shore” em Cabinda viabilizam a


conversão das turbinas em Fútila para gás natural. Caso esse gás não demonstre
condições técnicas ou económicas para alimentar a geração então a alternativa de
GNL deverá ser considerada com vista à redução dos custos do sistema.

NOVAS DESCOBERTAS A SUL DE LUANDA

Foram recentemente anunciadas novas descobertas relevantes de gás natural em


blocos situados a sul de Luanda. Este gás, dependendo da dimensão e custo de
extracção que se vier a confirmar, poderá utilizar a infra-estrutura de gasodutos
submarinos existente e reforçar ou prolongar a vida do terminal no Soyo, podendo
também viabilizar uma nova unidade de liquefacção a sul de Luanda – em Benguela
ou Porto Amboim, ou prever apenas a sua utilização e disponibilização para consumo
interno – associado a grandes projectos de indústria, petroquímica ou geração. A
solução final dependerá de estudos detalhados com prazos longos, não se prevendo
a disponibilidade deste gás no horizonte 2025.
Não obstante, a visão das infra-estruturas a desenvolver no horizonte 2025 deve ter
esta perspectiva em consideração preparando o sistema para a possibilidade de
receber geração significativa na região de Porto Amboim ou Benguela se daí não
resultar um aumento de custos significativos a curto prazo.

OPÇÕES ESTRUTURANTES CONSIDERADAS

Foram estabelecidos 4 cenários alternativos de desenvolvimento de novas centrais


estruturantes a partir do gás natural, a ponderar numa óptica integrada com as
alternativas hidroeléctricas (ver figura abaixo).
A primeira alternativa é a da utilização plena do potencial de recurso e infra-
estrutura eléctrica do Soyo, instalando 2 unidades adicionais em ciclo combinado de
cerca de 360 - 400 MW cada uma. Este é o cenário de menor custo mas de maior
concentração da geração de energia no norte.
Uma segunda alternativa passa pela criação de um novo centro de produção a gás
em Benguela/Lobito com a instalação de um terminal portuário de regaseificação de
média dimensão associado à instalação de até 1200 MW de geração. No futuro, as
novas descobertas alimentariam directamente este novo centro. Neste cenário a
central existente no Soyo funcionaria em regime quase permanente libertando-se
algum gás para projectos industriais.
A combinação das duas alternativas anteriores é viável com apenas mais 360 a 400
MW no Soyo e a instalação da restante potência em Benguela ou Lobito.
Finalmente, considera-se a alternativa de uma maior aposta na diversificação
regional com algum aumento de custos através da criação de um terminal de média
dimensão em Benguela/Lobito e um de menor dimensão no Namibe associado a
uma unidade de geração de 200 a 400 MW.

DESCRIÇÃO E CUSTO DOS 4 CENÁRIOS ALTERNATIVOS DE GERAÇÃO ESTRUTURANTE


A GÁS

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