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SUPERELEVAÇÃO

É a inclinação transversal da pista, adotada nas curvas, com objetivo de auxiliar o trabalho executado pelo
atrito pneu/pavimento e compensar a força centrífuga que tende a jogar o veículo para fora, aumentando a
segurança e o conforto de viagem.
A característica a ser inicialmente determinada é a taxa máxima de superelevação, que é condicionada a vários
fatores, de acordo com as tabelas e cálculos que seguem.

Na figura acima estão representadas, numa seção transversal, as três principais forças que atuam sobre o
veículo em movimento, quais sejam:

• a força de atrito (Fa), que atua sobre as faces dos pneus em contato com a pista;
• a força centrífuga (Fc), que é horizontal e atua sobre o centro de gravidade do veículo, podendo ser
decomposta segundo as componentes:

o tangencial à pista, dada por : Ft = Fc . cos(α); e


o normal à pista, dada por : Fn = Fc . sen(α);

• a força peso do veículo (P), que é vertical e atua sobre o centro de gravidade de veículo, e que pode
ser decomposta segundo as componentes:

o tangencial à pista, dada por : Pt = P . sen(α); e


o normal à pista, dada por : Pn = P . cos(α).

A equação de equilíbrio de forças, no plano paralelo ao da pista de rolamento, pode ser representada por:

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Ou seja, o efeito da força centrífuga é compensado pelo da força de atrito somado ao da componente
tangencial do peso do veículo (este último é que se constitui no efeito principal resultante da introdução da
superelevação!).

Observe‐se que, para uma dada velocidade de percurso e para um mesmo raio de curvatura, quanto maior for
a superelevação, menor será a participação da força de atrito no equilíbrio das forças laterais, diminuindo,
portanto a intensidade da resultante das forças laterais que atuam sobre os passageiros e sobre as cargas.

Cálculo da Superelevação

Definições:

i : Inclinação transversal em tangente (abaulamento) [%];


SEp: Superelevação de projeto, também conhecida como “emáx” [%];
SEc : Superelevação da curva, também conhecida como “e” [%];
SE: Superelevação da estaca [m];
CC: Correção da cota do eixo, com três casas decimais [m];
S : Superlargura da curva, com duas casas decimais [m];
SL : Superlargura da estaca, com duas casas decimais [m].

Parâmetros a serem considerados

a) da rodovia: de acordo com as especificações do projeto.

Vd : velocidade diretriz [km/h]


l : largura da pista [m]
SEp :superelevação de projeto [%]
i : inclinação transversal em tangente [%]

b) da curva

PC: início da curva circular simples


PT: fim da curva circular simples
TE: inicio da curva com transição
EC: inicio do trecho circular na curva com transição
CE : fim do trecho circular na curva com transição
ET: fim da curva com transição
R : raio da curva [m]
De: comprimento de um ramo da transição [m]
I : deflexão da curva ("E" esquerda ou "D" direita)

c) Limites para SEp

A superelevação de projeto SEp ser a determinada em função das especificações de projeto, podendo variar
entre 6% a 10% segundo o que recomenda a norma:

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d) Cálculos da superelevação por curva

Superelevação da Curva — SEc

 2.R min R mín


2

SEc = e máx  - 2 
 R R 

SEc = superelevação a adotar para a curva com raio R [%];


emáx = superelevação máxima para a classe de projeto, também chamada Sep [%];
Rmín = raio mínimo de curva para a velocidade diretriz dada [m];
R = raio da curva circular utilizada na concordância [m].

e) Comprimento ideal (L) para a distribuição da superelevação (e também da superlargura)

e.1) Curva Circular Simples

L = C + l' [m]

Sendo:

C = extensão necessária para efetuar o giro da pista desde a situação onde a pista (primeira faixa a ser girada)
tem declividade transversal nula até a situação com a superelevação total necessária no trecho circular.

O valor de "C" é obtido na tabela abaixo.

1’ = extensão necessária para efetuar o giro da pista (primeira faixa a ser girada) desde a situação básica em
tangente até a situação onde a pista (primeira faixa a ser girada) tem declividade transversal nula.

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0 valor de 1’ é obtido pela fórmula:

i.C
l' = [m], onde i é a inclinação transversal em tangente.
SEc

0 comprimento (L) é distribuído 60% fora da curva e 40% dentro.

e.2) Curva de Transição

L = De + l'c [m]

Sendo:

De = comprimento da curva em espiral


l’c = extensão necessária para efetuar o giro da pista (primeira faixa a ser girada) desde a situação básica em
tangente até a situação onde a pista (primeira faixa a ser girada) tem declividade transversal nula. 0 valor de l’c
é obtido pela fórmula:

i.De
l'c = [m], onde i é a inclinação transversal em tangente.
SEc

f) Correção da cota do eixo — CC

Quando for feito giro no bordo, será necessária a correção da cota do eixo toda vez que a SE de uma dada
estaca ultrapassar o valor de | i | e será igual a:

 SEc - i 
CC = l ⋅   [m], onde l é a largura total da pista na estaca.
 200 

Obs. Não haverá correção da cota do eixo se o giro for em torno do eixo.

SUPERLARGURA

São larguras adicionais na pista e plataforma de terraplenagem, introduzidas nas curvas e distribuida no
mesmo segmento da superelevação pois os veículso de projeto, principalmente os veículos mais longos,
quando descrevem trajetórias curvas, ocupam um espaço lateral maior do que a sua própria largura.
Sendo assim, este alargamento melhora as condições de manobras e aumenta a sensação de
segurança.

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Parâmetros a serem considerados

a) da rodovia

Vd: velocidade diretriz km/b]


b : distância entre eixos [m]
n : numero de faixas de trafego

b) da curva

PC : inicio da curva circular simples


PT : fim da curva circular simples
TE : inicio da curva com transição
EC : inicio do trecho circular na curva com transição
CE : fim do trecho circular na curva com transição
ET : fim da curva com transição
R : raio da curva (m)
De : comprimento de um ramo da transição (m)
I : deflexão da curva ("E" esquerda ou "D" direita)

c) Calculo da superlargura por curva

A Equação abaixo é a Fórmula de Voshell‐Pallazzo para cálculo da superlargura, onde:

(
S = n R - R 2 - b2 + ) V
10. R

S = Superlargura [m];
n = número de faixas de tráfego de uma pista;
R = Raio de curvatura do eixo da pista [m];
V = velocidade diretriz [km /h];
b = distância entre os eixos da parte rígida do veículo (normalmente se toma igual a 6 m) [m].

d) Casos de Distribuição

A superlargura, com valor mínimo de 0,40m, será distribuída da seguinte maneira:

d.1) curva circular simples

Nas curvas circulares a superlargura será distribuída no mesmo intervalo de distribuição da superelevação,
variando de 0 a SLc (valor máximo calculado e adotado), podendo ser metade para cada faixa ou toda somente
para um lado, preferencialmente para o lado do bordo interno..

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d.2) curva de transição

Nas curvas de transição a distribuição da superlargura se dará no mesmo intervalo de variação da


superelevação, variando de 0 a SLc (valor máximo calculado e adotado), podendo ser metade para cada faixa
ou toda somente para um lado, preferencialmente para o lado do bordo interno.

Exercício - Distribuir a superelevação e a superlargura na curva de transição de acordo com os dados


abaixo. Utilizar giro em torno do eixo e distribuição da superlargura em metade para cada faixa.

PP = EST 0
- Rodovia Classe II TE = EST 5+11,07m
- R = 325m Estaqueamento:
(curva de transição EC = EST 11 + 1,07m
- Região ondulada à esquerda) CE = EST 18+14,835m
ET = EST 24+4,835m
- V = 70 km/h PF = EST 30+13,905m

Solução

Das tabelas : SEp = 8%, i = 2% e Rmín = 170m

Superlargura

(
S = n R - R 2 - b2 + ) V
10. R
[
SL = 2 325 − 325 2 − 6 2 + ] 70
10 325
= 0,499 ≅ 0,5m

Superelevação

 2.R min R mín


2
  170 1702 
SEc = emáx  - 2  SEc = 8%  2* − 2
= 6, 2%
 R R   325 325 

Distribuição da superelevação e superlargura

De = EC – TE De = 221,07 – 111,07 = 110m

i.De 2 ⋅110
l'c = l 'c = = 35, 484m
SEc 6, 2

L = De + l'c L = 110 + 35, 48 = 145, 484m

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Entrada da Curva:

( I ) = TE − l ' c

( I ) = 111,07 − 35,484 ( I ) = 75,586m EST 3+15,586m

( F ) = EC ( F ) = 221,07 m EST 11+1,07m

Saída da Curva:

( I ) = CE ( I ) = 374,835m EST 18+14,835m

( F ) = ET + l ' c

( F ) = 484,835 + 35,484 ( F ) = 520,319m EST 26+0,319m

0, 499m
Superlargura - Entrada da Curva: = 0, 00343 m
145, 484m m

x = 0, 00343 × 4, 414 x = 0,02m (EST 4)

x = 0, 00343 × 24, 414 x = 0,08m (EST 5)

x = 0, 00343 × 35, 484 x = 0,12m (EST 5+11,07 - TE)

x = 0, 00343 × 44, 414 x = 0,15m (EST 6)

x = 0, 00343 × 64, 414 x = 0,22m (EST 7)

x = 0, 00343 × 84, 414 x = 0,29m (EST 8)

x = 0, 00343 × 104, 414 x = 0,36m (EST 9)

x = 0, 00343 × 124, 414 x = 0,43m (EST 10)

x = 0, 00343 × 144, 414 x = 0,49m (EST 11)

x = 0, 00343 × 145, 484 x = 0,50m (EST 11+1,07 - EC)

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0, 499m
Superlargura - Saída da curva: = 0, 00343 m
145, 484m m

x = 0, 00343 × 145, 484 x = 0,50m (EST 18+14,835 - CE)

x = 0, 00343 ×140,319 x = 0,48m (EST 19)

x = 0, 00343 ×120,319 x = 0,41m (EST 20)

x = 0, 00343 ×100,319 x = 0,34m (EST 21)

x = 0, 00343 × 80,319 x = 0,27 m (EST 22)

x = 0, 00343 × 60, 319 x = 0,21m (EST 23)

x = 0, 00343 × 40,319 x = 0,14m (EST 24)

x = 0, 00343 × 35, 484 x = 0,12m (EST 24+4,835 - ET)

x = 0, 00343 × 20,319 x = 0,07 m (EST 25)

x = 0, 00343 × 0, 319 x = 0,00m (EST 26)

6, 2% − (−2%) 8, 2%
Superelevação - Entrada da curva: = = 0, 0564 %
145, 484m 145, 484 m

x = 4, 414m × 0, 0564 % − 2% x = −1,75% (EST 4)


m

x = 24, 414m × 0, 0564 % − 2% x = −0,62% (EST 5)


m

x = 35, 484m × 0, 0564 % − 2% x = 0,00% (EST 5+11,07 - TE)


m

x = 44, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 0,50% (EST 6)


m

x = 64, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 1,63% (EST 7)


m

x = 84, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 2,76% (EST 8)


m

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x = 104, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 3,89% (EST 9)
m

x = 124, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 5,02% (EST 10)


m

x = 144, 414m × 0, 0564 % − 2% x = 6,14% (EST 11)


m

x = 145, 484m × 0, 0564 % − 2% x = 6,20% (EST 11+1,07 - EC)


m

6, 2% − (−2%) 8, 2%
Superelevação - Saída da curva: = = 0, 0564 %
145, 484m 145, 484 m

x = 145, 484m × 0, 0564 % − 2% x = 6,20% (EST 18+14,835 - CE)


m

x = 140, 319m × 0, 0564 % − 2% x = 5,91% (EST 19)


m

x = 120, 319m × 0, 0564 % − 2% x = 4,76% (EST 20)


m

x = 100, 319m × 0, 0564 % − 2% x = 3,66% (EST 21)


m

x = 80, 319m × 0, 0564 % − 2% x = 2,53% (EST 22)


m

x = 60,319m × 0, 0564 % − 2% x = 1,40% (EST 23)


m
x = 40,319m × 0, 0564 % − 2% x = 0,27% (EST 24)
m

x = 35, 484m × 0, 0564 % − 2% x = 0,00% (EST 24+4,835 – ET)


m

x = 20,319m × 0, 0564 % − 2% x = −0,85% (EST 25)


m

x = 0,319m × 0, 0564 % − 2% x = −1,98% (EST 26)


m

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Superlargura (m) Inclinação Transversal (%)
Estaca
LE LD LE LD
0 0,00 0,00 -2,00 -2,00
1 0,00 0,00 -2,00 -2,00
2 0,00 0,00 -2,00 -2,00
3 0,00 0,00 -2,00 -2,00
l’c 3+15,586 0,000 0,000 -2,00 -2,00
4 0,005 0,005 -2,00 -1,75
5 0,040 0,040 -2,00 -0,62
TE 5+11,07 0,060 0,060 -2,00 0,00
6 0,075 0,075 -2,00 0,50
7 0,110 0,110 -2,00 1,63
8 0,145 0,145 -2,76 2,76
9 0,180 0,180 -3,89 3,89
10 0,215 0,215 -5,02 5,02
11 0,245 0,245 -6,14 6,14
EC 11+1,07 0,250 0,250 -6,20 6,20
12 0,250 0,250 -6,20 6,20
13 0,250 0,250 -6,20 6,20
14 0,250 0,250 -6,20 6,20
15 0,250 0,250 -6,20 6,20
16 0,250 0,250 -6,20 6,20
17 0,250 0,250 -6,20 6,20
18 0,250 0,250 -6,20 6,20
CE 18+14,835 0,250 0,250 -6,20 6,20
19 0,240 0,240 -5,91 5,91
20 0,205 0,205 -4,76 4,76
21 0,170 0,170 -3,66 3,66
22 0,135 0,135 -2,53 2,53
23 0,105 0,105 -2,00 1,40
24 0,070 0,070 -2,00 0,27
ET 24+4,835 0,060 0,060 -2,00 0,00
25 0,035 0,035 -2,00 -0,85
26 0,000 0,000 -2,00 -1,98
l’c 26+0,319 0,000 0,000 -2,00 -2,00
27 0,00 0,00 -2,00 -2,00
28 0,00 0,00 -2,00 -2,00
29 0,00 0,00 -2,00 -2,00
30 0,00 0,00 -2,00 -2,00
30+13,905 0,00 0,00 -2,00 -2,00

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