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Campus Recife
Curso: Bacharelado em Engenharia Civil
Disciplina: Estradas 1
Professor: Mário Ribeiro
SC CS
TS
ST
Figura 2 – Pontos notáveis de curvas circulares com transição
Observe nas figuras abaixo o que acontece com a força centrípeta quando existe uma transição
(neste caso, linear) antes de chegar a curva circular e quando não há uma transição. Na figura 1,
observa-se que a força centrípeta cresce de forma linear até o valor dado pela força centrípeta
na curva. Na curva sem transição a força centrípeta cresce abruptamente do zero para o valor
da força na curva circular. Essa última situação pode causar um desconforto nos passageiros e
motoristas, esforço na estrutura do carro, esforço na carga e insegurança.
FC
Trecho Circular
TS SC CS ST
Trecho transição Trecho transição
a)
FC
𝐾
𝜌=
𝑟
Em que
ρ = o raio de curvatura em um ponto P;
k = uma constante;
r = o raio vetor.
Além da sua função matemática muito conhecida, é também utilizada em projetos rodoviários
como curva de transição de acordo do a formulação:
𝑥3
𝑦=
6𝐾
em que
y é a ordenada do ponto P;
x é a abcissa do ponto P;
k é uma constante.
Clotoide
A clotoide ou espiral é definida pela equação
𝜌∗𝐿 =𝐾
A clotoide tem a vantagem em relações às outras curvas, pois:
1. É a curva descrita por um veículo, em velocidade constante, quando o volante é girado
com velocidade constante;
2. O grau de curvatura, que é proporcional à curvatura, varia linearmente com o
comprimento percorrido
Tipos de transição
A introdução de espirais de transição nas concordâncias horizontais pode ser efetuada de três
maneiras, as quais são:
1. Transição a raio e centro deslocados;
2. A transição a raio conservado e,
3. A transição a centro conservado.
Comprimentos mínimos
Há três propostas para comprimento mínimo do trecho de transição
𝑣
𝐿𝑚𝑖𝑛 = 2 ∗
3,6
Então,
𝐿𝑚𝑖𝑛 = 0,555 ∗ 𝑣
1
𝐿𝑚𝑖𝑛 = 𝑅
9
Em que
R = raio da curva circular, em metros.
3. Critério de conforto
O critério da máxima aceleração centrípeta definida pelo DNIT procura determinar o
menor comprimento admissível para o trecho de transição de modo a não sujeitar os
usuários a sensações de desconforto e insegurança ao permitir uma passagem suave
entre a tangente e a curva circular de concordância ou entre a curva e a tangente.
A taxa de desconforto ou solavanco transversal é a grandeza que varia a aceleração
transversal por unidade de tempo.
O balanceamento entre as forças laterais devidas à superelevação e o atrito lateral dado
pela seguinte equação:
𝑝 ∗ 𝑣2
𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑓𝑝𝑐𝑜𝑠(𝛼) + 𝑝𝑠𝑒𝑛(𝛼)
𝑔𝑅
A força lateral devido à superelevação anula apenas parte da força centrípeta e a
diferença atua sobre o veículo. Essa diferença pode-se deduzir a partir da equação:
𝑝 ∗ 𝑣2
𝑓𝑝𝑐𝑜𝑠(𝛼) = 𝑐𝑜𝑠(𝛼) − 𝑝𝑠𝑒𝑛(𝛼) = 𝐹𝑎
𝑔𝑅
A carga sentida pela estrutura do carro, cargas e passageiros é FT (dividindo por cosα))
𝑝 ∗ 𝑣2
𝐹𝑇 = 𝑓𝑝 = − 𝑝𝑡𝑔(𝛼)
𝑔𝑅
Considerando a aceleração transversal aT, dada pela fórmula abaixo
𝐹𝑇 𝑝
𝑎𝑇 = , considerando que 𝑚 = a equação fica
𝑚 𝑔
𝐹𝑇 𝑝 ∗ 𝑣 2
𝑎𝑇 = = − 𝑝𝑡𝑔(𝛼)
𝑝𝑔 𝑔𝑅
Simplificando, fica
𝑣2
𝑎𝑇 = − 𝑔𝑒𝑅
𝑅
𝑎𝑇
𝐶=
𝑡
Considerando o tempo t mínimo para que o veículo percorra o trecho de transição, e a
velocidade v é
𝐿𝑚𝑖𝑛
𝑡=
𝑣
logo,
𝑎𝑇 𝑣2 𝑣
𝐶= = ( − 𝑔𝑒𝑅 ) ∗
𝐿𝑚𝑖𝑛 𝑅 𝐿𝑚𝑖𝑛
𝑣
𝑣 3 𝑔𝑒𝑅 𝑣 𝑒𝑅
𝐿𝑚𝑖𝑛 = − −
𝐶𝑅 𝐶 0,367𝐶
Convertendo a equação acima para expressar a velocidade em Km/h, tem-se
𝑣3 𝑒𝑅 𝑣
𝐿𝑚𝑖𝑛 = −
46,656𝐶 ∗ 𝑅 0,367𝐶
Em que
Lmin = comprimento mínimo do trecho em transição, em metros,
R = raio da curva circular, em metros
eR = superelevação da curva circular, em metros/metros,
C= taxa de variação da aceleração transversal, dada em m/s2/s
O valor de C estabelecido pelo DNIT é dada pela seguinte equação:
𝐶 = 1,5 − 0,009𝑉
4. Critério da máxima rampa de superelevação
Este critério se baseia no controle da elevação da pista de rolamento em relação ao eixo
de rotação da pista que ocorre quando se efetua a distribuição da superelevação.
São fixados valores limites para rampa de superelevação, denominada como a diferença
entre as inclinações longitudinais do perfil do eixo da pista e do perfil da linha de borda
da pista mais afetada pela superelevação.
O DNIT estabelece os valores máximos admissíveis para rampas de superelevação,
considerando o caso básico de uma pista com duas faixas de trânsito e desenvolvimento
de superelevação efetuado mediante o giro da seção transversal em torno do eixo. Esses
valores estão tabelados pelo DNIT, como reproduzido aqui:
Tabela 1
V >100
40 50 60 70 80 90
(Km/h)
rmáx 1:137 1:154 1:169 1:185 1:200 1:213 1:233
Tabela 2
Largura de rotação da pista Fator multiplicador (Fm)
Caso básico: 1 faixa 1,0
Giro conjunto de 2 faixas 1,5
Giro conjunto de 3 faixas 2,0
Giro conjunto de 4 faixas 2,5
Com base na figura pode-se deduzir a fórmula de cálculo do comprimento mínimo de transição,
sabendo-se que:
∆𝑁 = 𝐿𝑏á𝑠 −𝑟𝑚á𝑥 = 𝐿𝐹 ∗ 𝑒𝑅
eR ∆N
Lbás
e=
0
LF
𝑒𝑅
𝐿𝑏á𝑠 = 𝐿𝐹
𝑟𝑚á𝑥
E, para o caso geral, temos
𝒆𝑹
𝑳𝒎𝒊𝒏 = 𝑭𝒎 ∗ 𝑳𝑭
𝒓𝒎á𝒙
Em que
Lmin = comprimento mínimo de transição, m
Fm = fator multiplicador em função da largura de rotação da pista (tabela 2);
LF = largura da faixa de trânsito (m);
ER = superelevação na curva circular, (m/m)
Rmáx = rampa de superelevação máxima admissível (tabela 1)
Em que
R = raio do círculo de concordância entre duas tangentes, (m)
Lmáx = comprimento máximo de transição, (m)
Limite máximo
a) Lmáx = R, então Lmáx = 214,88 m
b) Critério do tempo de percurso em 8 s
Lmáx = 2,22V = 2,22*70 =155,56 m
Escolhe o menor desses valores, então Lmáx = 155,56 m
Exercício-exemplo 2
Qual seria o comprimento de um trecho de transição para uma rodovia classe 1, pista simples,
terreno plano, raio de 450 m. Determine a superelevação para encontrar o valor de Lc
Solução
Das tabelas
Velocidade diretriz = 100 Km/h
LF = 3,6 m
Ft = 0,13
Cálculo da superelevação
𝑣2 1002
𝑒𝑟 = 127,138𝑅 − 𝑓𝑡 = 127,138∗450 − 0,13 =0,044788 = 4,5%
Limite mínimo
a) Pelo critério mínimo absoluto lmin = 30 m
b) Pelo critério do tempo de 2 s = lmin = 0,555*100 = 55,5m
c) Pelo critério do conforto
Limite máximo
e) Lmáx = R, então Lmáx = 450 m
f) Critério do tempo de percurso em 8 s
Lmáx = 2,22V = 2,2*100 =220 m
Escolhe o menor desses valores, então Lmáx = 220 m