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A Comédia Latina - Anfitrião e Outras - Plauto e Terêncio PDF
A Comédia Latina - Anfitrião e Outras - Plauto e Terêncio PDF
EDIÇÕES DE OURO
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RIO DE JANEIRO - CEP 20.000
PLAUTO E TERÊNCIO
A COMÉDIA LATINA
ANFITRIÃO • AULULÁRIA
OS CATIVOS • O GORGULHO
OS ADELFOS • O EUNUCO
EDIÇÕES DE OURO
Direitos Reservados
HISTÓRIA ou ESTÓRIA?
PLAUTO
Nota Biográfica........................................... 35
Anfitrião........................................................ 37
Aululária....................................................... 121
Os Cativos ..................................................... 179
O Gorgulho.................................................... 245
TERÊNCIO
Agostinho da Silva
* **
* * *
* * *
A. S.
NOTA BIBLIOGRÁFICA
NOTA BIOGRÁFICA
A. S.
ANFITRIÃO
PERSONAGENS
MERCÚRIO
SÓSIA, MERCÚRIO
47
Mercúrio (a parte): O mais acertado era ser eu a
queixar-me deste modo da servidão sempre fui livre,
exceto hoje. Mas a ele já o pai o fez escravo; nasceu
servindo, e ainda se queixa. Mas realmente só sou
escravo de nome.
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Primeiro, logo que lá chegamos, e mal se desem
barcou, escolheu Anfitrião os chefes principais e
nomeou-os seus delegados, dando-lhes ordem de co
municar aos teléboas as suas determinações: se eles
quisessem, sem violência e sem guerra, entregar os
raptores e o raptado, se restituíssem o que tinham
levado, imediatamente ele faria regressar o exército,
os argivos abandonariam o campo e ele lhes daria
sossego e paz. Mas que se outra fosse a sua intenção,
que se não dessem aquilo que ele pedia, ele então
tomaria de assalto com toda a violência e todo o seu
exército a sua cidade.
Quando aqueles que Anfitrião tinha enviado disse
ram estas coisas por sua ordem aos teléboas, logo os
outros, homens corajosos, confiados nas suas forças e
no seu valor, e altivos, insultam os nossos delegados
com toda a violência; respondem que podiam muito
bem guardar-se pelas armas, a si e aos seus e que,
portanto, tratassem de retirar o exército dos seus
territórios, o mais depressa possível.
Quando os delegados vieram comunicar isto, Anfi
trião mandou sair imediatamente do acampamento
todo o seu exército; por seu lado os teléboas formam
as suas legiões fora da cidade, todas equipadas de
armas esplêndidas. Depois que duma banda e doutra
saiu uma grande quantidade de gente, ficaram dis
postos os homens e ficaram dispostas as formações:
nós dispusemos as tropas segundo a nossa maneira,
o nosso costume, e por seu turno fazem o mesmo os
inimigos com as legiões que lhes pertencem. Depois
ambos os comandantes se dirigem ao meio para além
das linhas e falam um com o outro; concordam em
que os vencidos nesta batalha entreguem a cidade, o
campo, os altares, os lares, e a si próprios se entre
gam. Depois de feito isto, soam as trombetas de um e
de outro lado e em resposta a terra ecoa; levanta-se
um clamor de ambos os lados e de ambos os lados
faz o general seus votos a Júpiter e exorta o seu
exército.
Então cada um mostra aquilo que pode o seu va
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lor, e fere com o ferro; passam os dardos, reboa o céu
com o clamor dos homens; forma-se uma nuvem com
o seu fôlego, o seu bafo; caem prostrados pela violên
cia das feridas e dos encontros. Finalmente, como
era nossa vontade, o nosso exército sai vencedor; os
inimigos caem em grande número, e os nossos se
lançam ao ataque. Vencemos pela nossa coragem
terrível. Todavia, ninguém se põe em fuga, ninguém
recua do seu lugar, mas ali combate; prefere morrer a
recuar um passo; cada um fica jazendo no lugar em
que estivera e morre no seu posto. Logo que Anfi
trião, meu amo, viu tudo isto, imediatamente man
dou a cavalaria atacar pela direita. Os cavaleiros
obedecem logo e com grande clamor, com violento
ímpeto, voam pela direita e derrotam, destroem com
toda a justiça as injustas tropas inimigas.
50
Mercúrio (à parte): Que é lá isso? Entrar em casa?
Vou-lhe já ao encontro. Hoje não vou deixar que este
homem entre em casa e como tenho o seu aspecto
acho que vou brincar um bocado com ele. E, assim
como lhe tomei a forma e as ocupações, também te
nho que praticar os mesmos feitos e mostrar os
mesmos costumes. Tenho de ser ruim, esperto, as
tuto e de afastá-lo da porta com a malícia, que é a
sua arma especial. Mas que é isso? Está a olhar para
o céu! Vou ver o que é que ele está a fazer.
51
Sósia: Onde estão esses pândegos que ficam deitados
sozinhos e de má vontade? Isto é que é noite para se
passar com mocas e lhes fazer ganhar dinheiro!
52
Sósia (à parte): Do que eu estou com medo é de ter
que mudar de nome e passar de Sósia a Quinto.1 Ele
gaba-se de ter feito adormecer quatro homens! Estou
com muito receio de ir aumentar o número!
53
Sósia (à parte): Então este homem não se vai pôr a
trabalhar em mim? Quer fazer-me outra cara...!
Mercúrio (à parte): Cara em que tu bateres a jeito,
tem de ficar logo sem ossos!
Sósia (à parte): Olha agora! Está pensando em tirar-
me os ossos, como se eu fosse uma moréia! Oxalá es
tivesse bem longe quem assim desossa gente! Se ele
me vê, estou perdido!
Mercúrio (à parte): Sinto o cheiro dum desgraçado!
Sósia (à parte): Ai que pena que foi não lhe ter cor
tado as asas; tenho voz de pássaro!
54
Mercúrio (à parte): Não sei quem anda a falar por
aqui.
55
Sósia: Não é verdade.
Mercúrio: Ah, sim? então já vais ver que é verdade!
56
Mercúrio: É que se eu pego num pau, não irás por teu
pé. Vão ter que te levar.
57
Mercúrio: Pois, por Pólux, apanhas mesmo sem que
rer! E não é uma pura suposição, é a verdade mesmo.
(Bate-lhe.)
Sósia: Já me calo.
58
Mercúrio: Mas tu dizias que eras Sósia e que perten-
cias a Anfitrião.
Mercúrio: Podes.
Sósia: E se me enganas?
59
Sósia: Eu fiz a paz, eu fiz um tratado, estou a dizer a
verdade.
Mercúrio: Olha que apanhas!
Sósia: Podes fazer o que quiseres, visto que tens mais
força. Mas seja o que for que tu faças, por Hércules,
já não me calo.
Mercúrio: Tu, enquanto estiveres vivo, não consegues
que eu não seja Sósia.
Sósia: E tu, por Pólux, também nunca me impedirás
que eu pertença à minha casa. Não há nenhum outro
escravo a não ser eu que se chame Sósia e que tenha
ido para a guerra, juntamente com Anfitrião.
60
sou como se lá tivesse estado. Mas ouve lá, que foi
dado pelos teléboas a Anfitrião?
Mercúrio: Uma taça de ouro por onde costumava be
ber el-rei Ptérela.
61
Sósia: Juro por Júpiter que sou eu e que estou a dizer
a verdade!
62
Sósia: Então prefiro ir-me embora. Ó deuses imortais,
não quereis ajudar-me? Onde é que eu morri?
Quando é que eu me transformei? Onde é que eu
perdi a minha cara? Será que eu me deixei aqui por
esquecimento? Efetivamente este tem a fisionomia
que eu possuía dantes. Fazem-me enquanto vivo o
que nunca ninguém me fará depois de morto.3 Vou
ao porto, vou contar a meu amo o que sucedeu por
aqui. A não ser que ele também me desconheça, o
que Júpiter queira. Vou já hoje rapar a cabeça para
usar o boné da liberdade.4 (Sai.)
MERCÚRIO
63
Júpiter.5 O Pai do menino menor é o maior, o do
maior o menor. Percebeis agora o que há? Mas meu
Pai tratou de que Alcmena, para que não haja de
sonra alguma, tenha apenas um parto e que com um
só trabalho se livre das duas dores, de maneira a não
ficar com suspeitas de infidelidade e a não haver
qualquer suspeita clandestina. No entanto, como já
disse há bocado, Anfitrião ficará sabendo tudo. E de
pois? Depois, ninguém fará nenhuma censura a Alc
mena, visto que não é justo que um deus deixe cair
sobre um mortal o seu delírio, a sua culpa. Mas vou
parar de falar: a porta fez barulho, aqui vem o falso
Anfitrião com Alcmena, sua mulher de empréstimo.
64
Júpiter: E não consideras bastante não haver ne
nhuma outra mulher de quem eu goste tanto como
de ti?
Mercúrio (à parte): Por Pólux!, se a outra soubesse
em que tu andas ocupado, eu te garanto que prefe-
rias ser Anfitrião a seres Júpiter!
65
nho de voltar às escondidas. Não quero que digam
que eu preferi minha esposa ao Estado.
Alcmena: Mas deixas tua mulher lavada em lágrimas.
66
Mercúrio: Vamos, Anfitrião. Já vem luzindo o dia.
67
ATO II
ANFITRIÃO, SÓSIA
69
Sósia: Verdade pura.
Sósia: Eu?
70
Anfitrião: Mas que homem este!
T1
enquanto estivemos na guerra; tirou-me a cara jun
tamente com o nome: leite não é mais igual a leite
do que ele é igual a mim. Quando me mandaste à
casa, do porto, antes de nascer o dia...
Anfitrião: E então?
72
Anfitrião: Contas-me coisas que são de espantar. Mas
ouve lá: viste minha mulher?
73
Sósia: Vê-lo, a ele, ao teu escravo Sósia.
74
está acima de todas as coisas; é por ele que se con
servam e se guardam a liberdade, a salvação, a vida,
os bens, os pais, a pátria e os filhos; o valor tudo
contém em si: quem tem valor consigo tem tudo o
que é bom.
Alcmena: Mas por que é que ele volta? Dizia que tinha
tanta pressa de ir embora! Ou será que ele vem
experimentar-me? Mas se ele quer saber se eu real
mente estou saudosa por ele ter partido, por Castor,
verá bem que é com toda a alegria que eu o recebo
em casa.
75
Sósia: Porque chegamos tarde.
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anfitrião: E tenho muito gosto em ver que a gravidez
vai bem e que estás perfeitamente cheia.
77
anfitrião: Ela sonha acordada.
78
anfitrião: Porque tu costumavas dantes cumpri
mentar-me quando eu chegava e vir ao meu encontro
como fazem com seus maridos todas as mulheres que
têm bons costumes. Mas hoje, ao chegar, verifiquei
que tinhas perdido o hábito.
79
anfitrião: Ai! pobre de mim!
sósia:O que lhe deu foi bílis negra. Não há nada que
enlouqueça gente tão depressa.
Alcmena: Ai de ti!
80
Sósia: Ai! de ti! que é o que tens a dizer, se pensas
direitinho.
81
anfitrião: Eu quero que tu digas a verdade. Não
quero que digas só mesmo que eu. Tu ouviste-me
contar-lhe hoje o que ela afirma?
sósia: Por Pólux! Será que tu também estás doido
para me vires perguntar uma coisa dessas? É a pri
meira vez que eu a vejo, e contigo.
82
sósia:Eu não lhe disse nada. E não a vi, a não ser
agora contigo.
anfitrião: Quero.
sósia: Mas crês isso possível? Uma taça que vem num
cofre, fechado com teu selo?
anfitrião: O sinete está intacto?
sósia: Vê tu.
83
anfitrião: Ó supremo Júpiter! Que vejo eu! É exata
mente a taça! Estou perdido! Sósia!
84
Alcmena: Mas se ela está aqui!
85
anfitrião:Mas deixa-a explicar-se. Bom; e depois de
comermos?
86
Alcmena: Mas qual foi o meu crime? Foi estar contigo,
quando sou tua mulher?
Alcmena: Testemunhas.
87
Alcmena: Juro pelo reino do Supremo Rei e pela Mãe
de Famílias que é Juno,7 a qual devo respeitar e ve
nerar acima de tudo, que nunca houve nenhum
mortal além de ti que me tivesse tocado no corpo e
com o qual eu tivesse cometido qualquer ação ver
gonhosa.
89
ATO III
JÚPITER
ALCMENA, JÚPITER
91
dessas? Por Hércules, não o farei, não deixarei que
me acusem falsamente de um crime. Vou abandoná-
lo, até que me dê satisfações e jure ainda por cima
que não queria dizer aquilo de que me acusou
quando eu estou inocente.
92
sasse tanto desgosto como saber que estavas zan
gada contra mim. Então por que é que o disseste,
perguntarás tu? Vou explicar-te. Não é, por Pólux,
que eu te julgasse pouco honesta; o que eu quis foi
experimentar-te e ver o que fazias e de que maneira
tomavas uma coisa dessas. Foi por isso que eu te fa
lei, assim de brincadeira e só por graça. Ora per
gunta a Sósia.
93
Alcmena: Oxalá esteja antes sempre a seu favor.
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Sósia: Então? Já estais ambos de bem? Quando vos
vejo sossegados fico todo contente. É mesmo um
gosto. O escravo que é bom tem que arranjar ma
neira de estar sempre como estão seus amos, de mo
delar a sua fisionomia pela fisionomia deles. Se os
amos estão tristes, triste, se estão contentes, alegre.
Mas, vamos, dize-me cá: já vos pusestes de bem?
MERCÚRIO
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fora o homem. De lá de cima, quando ele se aproximar,
arranjarei as coisas para que se vier enxuto fique mo
lhado. Depois quem vai pagá-las é o escravo, o Sósia;
vai acusá-lo de ter feito o que eu fiz. Ora, que tenho eu
com isso? o que eu tenho a fazer é obedecer a meu Pai
e servi-lo nas suas pretensões. Mas cá está anfitrião.
Aí chega ele. E agora é só escutardes: vereis como nos
vamos divertir. Eu vou lá dentro buscar um vestuário
próprio para o que quero. Depois subo ao telhado e
não o deixo entrar em casa. (Sai.)
97
ATO IV
ANFITRIÃO
MERCÚRIO, ANFITRIÃO
99
Mercúrio: Com certeza que Júpiter e todos os deuses
estão furiosos contigo, para assim vires partir essa
porta.
Anfitrião: O quê?
Anfitrião: Sósia!
100
Mercúrio: Vou sacrificar-te cá de cima.8
Anfitrião: Continuo!
Mercúrio (atirando-lhe uma telha): Então toma!
Anfitrião: O quê?
101
Mercúrio: Vai para o inferno! Eu não tenho outro
dono senão Anfitrião!
Anfitrião: Ter-me-ei eu transformado? Que coisa ex
traordinária, que Sósia não me reconheça! Vamos in
vestigar isto. Dize-me lá quem te pareço? Não sou
Anfitrião?
Mercúrio: Anfitrião? Estás doido! Não te disse eu já
que deves ter andado na farra? Vires agora per
guntar-me quem és a outra pessoa? O que eu te
aconselho é ires-te embora, para que não estejas aqui
a incomodar enquanto Anfitrião, que voltou há
pouco da guerra, tem lá os seus prazeres com a mu
lher.
Mercúrio: Alcmena!
102
Mercúrio (à parte): Mas ele está a achar que é uma
desgraça uma coisa que é uma vantagem! É apenas
dar a esposa de empréstimo e alugar para a lavoura
um campo estéril.
Anfitrião: Sósia!
103
acreditar nas lendas dos atenienses transformados
na Arcádia, mudados em feras terríveis e nem reco
nhecidos por seus próprios pais.
104
Sósia: Blefarão!
Blefarão: O quê?
Sósia: Mas foi curioso: fechou a porta para ele não vir.
105
Blefarão: Como quiseres.
Blefarão: Ouço.
Blefarão: Quem?
Anfitrião: Sósia.
106
Anfitrião: Onde?
Sósia: Eu?
107
Sósia: Por que não hei de negar? Essa testemunha que
aí vem comigo é mais que bastante. Fui mandado de
propósito a levar-lhe o teu convite.
Sósia: Blefarão!
108
Blefarão: Este homem já me contou uma porção de
coisas extraordinárias. Talvez algum feiticeiro, algum
mágico, esteja encantando tua familia. Procura por
outro lado, vê se sabes de que se trata. Náo tortures
este desgraçado, sem perceberes o caso.
109
Sósia (a Júpiter): Pois meu amo, se tens fome, eu volto
a ti cheio de socos.
Anfitrião: Teu?
Júpiter: Meu!
Anfitrião: Mentes!
110
Anfitrião: Blefarão, socorro!
Blefarão: Eles são tão iguais que eu nem sei qual hei
de ajudar. Mas vou ver se posso apartar este barulho.
(A Júpiter) Anfitrião, por favor, não mates Anfitrião!
Peço-te que lhe largues o pescoço!
Blefarão: Um e outro.
Júpiter: Tu negas?
111
Júpiter: Para que se os nossos tivessem de fugir hou
vesse para mim um refúgio seguro.
Blefarão: E depois?
112
que tinham matado Electrião e os irmãos de minha
mulher e que, espalhando-se pela Acaia, pela Etólia,
pela Fócida, e pelos mares da Jônia, do Egeu e de
Creta, a tudo devastavam com sua violência de pira
tas.
Anfitrião: Ó deuses imortais! Nem acredito em mim!
Ele conhece tudo o que aconteceu! Vamos a ver, Ble
farão.
Blefarão: Ainda falta uma coisa. E se ela existir en
tão vocês são um Anfitrião a dobrar.
Júpiter: Já sei do que falas: é a cicatriz no braço di
reito daquela ferida que me fez Ptérela.
Blefarão: É isso mesmo.
Anfitrião: Muito bem.
113
Anfitrião: Blefarão, por favor! Serve-me de testemu
nha, não te vás embora!
114
ATO V
BRÔMIA, ANFITRIÃO
115
e vejo que ela tinha dado à luz dois filhos gêmeos.
Nenhuma de nós deu pelo momento do parto ou o
viu. (Percebendo Anfitrião.) Mas que é isso? Quem é
este velho que está deitado diante de nossa casa?
Por Pólux! Será que... Por Júpiter! Está deitado
como se estivesse morto! Vou lá ver quem é! Mas é
Anfitrião, o meu amo! Anfitrião!
Brômia: Levanta-te!
Brômia: Dá cá a mão!
Brômia: Sei.
Brômia: Estou.
116
Anfitrião: De toda a minha gente é esta a única que
tem juízo.
Brômia: Gêmeos.
117
anfitrião: Estou muito contente com isso, qualquer
que seja a maneira por que ela se tenha portado co
migo.
anfitrião: Ai de mim!
118
Anfitrião: Uma voz de quem?
ANFITRIÃO
119
mulher e já não mando vir o velho Tirésias.12 E ago
ra, espectadores, é aplaudir com toda a força em
honra do Supremo Júpiter!
120