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COMUNICAÇÃO

NAS EMPRESAS
Profª. Esp. JULIANA SPADOTO

001
004 Aula 1: Comunicação e Socialização

014 Aula 2: Elementos da Comunicação

021 Aula 3: Variações Linguísticas

031 Aula 4: Coesão e Coerência

039 Aula 5: Comunicação Interpessoal

051 Aula 6: Redação Comercial

063 Aula 7: Comunicação no Atendimento

071 Aula 8: Oratória em Reuniões

082 Aula 9: Linguagem Corporal e Expressão Oral

093 Aula 10: Comunicação na Era Digital

104 Aula 11: O Novo Acordo Ortográfico

114 Aula 12: Inadequações entre Fala e Escrita

122 Aula 13: Homônimos e Parônimos

132 Aula 14: Ambiguidade e Redundância

137 Aula 15: Concordância Verbo-Nominal

144 Aula 16: Erros Comuns e Vícios de Linguagem

002
Introdução
Olá, estimado(a) aluno(a)!

Vamos iniciar a disciplina de Comunicação nas Empresas, e tenho certeza


que você vai se surpreender com como é bom rever língua portuguesa,
comunicação e gramática com outro olhar!

Muitos graduandos se perguntam: “Por que tenho que estudar comunicação


ou língua portuguesa se não serei professor ou profissional de línguas ou
pedagogia?” Ora, é preciso ter consciência, como indivíduos que necessitam
afinar a comunicação para o sucesso tanto pessoal quanto acadêmico e pro-
fissional, que a comunicação é o nosso cartão de visitas! O tratamento dado
à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas diferentes formas de
interagir. Já é sabido que as modalidades oral e escrita, formal e informal,
são práticas inerentes à língua; elas se complementam e não andam sepa-
radas. O jeito que você as usa é que dá status a cada uma delas, conferin-
do-lhes poder de expressão e de convencimento em dada circunstância.

Quanto à presente disciplina, vamos pensá-la em duas partes: primeiro,


aulas mais conceituais para que você tenha uma base e referências sobre
os estudos da linguagem. Falaremos de linguagem e sociedade, coesão e
coerência, estilos formais e informais e variações linguísticas, além de um
panorama sobre oratória, comunicação organizacional e interpessoal no
ambiente de trabalho. A outra parte conterá aulas com assuntos gramaticais
tais como o novo acordo ortográfico, problemas de concordância,vícios de
linguagem e erros comuns da língua portuguesa.

Espero que você faça bom uso deste material. Aproveite o momento para refle-
tir sobre o jeito como você se comunica e para se conscientizar da importância
da leitura, além de sanar eventuais dúvidas acumuladas ao longo do tempo.

“A leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e realidade se


prendem dinamicamente”
Paulo Freire, educador, pedagogo e filósofo brasileiro

Profª. Juliana Spadoto - julianaspadoto.ead@unimar.br

003
01

Comunicação e
Socialização

004
“Quem não se comunica se trumbica” - Chacrinha, comunicador

Ter uma boa comunicação escrita e falada certamente pode ampliar as oportunidades
no mercado de trabalho. O que se observa muitas vezes é que o pro ssional concentra
esforços em somente entender o que os recrutadores esperam nas entrevistas e como
eles devem se posicionar diante do gestor, mas se esquecem de que dominar o
português demonstra que ele tem um nível básico de educação e que está preparado
para se comunicar em situações diversas, sejam elas com seus colegas de trabalho,
clientes ou fornecedores.

Falar e escrever bem é importante tanto ao participar de um processo seletivo como


para atuar ativamente bem no seu trabalho, a nal, do que adianta ser um pro ssional
com grande experiência e boa formação se você não tiver uma comunicação clara, que
transmita todo o seu conhecimento? Acredite: um português bem falado e bem escrito
faz a diferença.

Agora, estimado(a) aluno(a), pense nas seguintes questões: 

Por que o homem se comunica?


O jeito que um grupo ou indivíduo se comunica tem a ver com o meio social em
que vive?
Comunicar-se é essencial para a vida ou é possível “existir” sem ter contato com a
escrita, a fala e o contato social?

Agora pense em sua casa, seu bairro, sua escola, sua turma. Esses certamente foram
os primeiros meios sociais em que você viveu, e a comunicação foi o canal pelo qual
sua cultura foi transmitida a você.  

Foi usando a linguagem, falando e ouvindo, escrevendo e lendo, que você aprendeu a
ser membro de sociedade (DÍAZ BORDENAVE apud INFANTE, 1998), que adotou seu
modo de pensar e de agir, suas crenças e valores, seus hábitos e tabus. Não foram os
professores na escola que lhe ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com
pais, irmãos e amigos, na rua, no ônibus, no jogo, no bar e na igreja que lhe transmitiu,
ainda criança, as qualidades essenciais para viver em sociedade e ser cidadão.

Utilizar bem a linguagem e a interpretação vai muito além do que apenas falar ou
escrever: é fazer parte de grupos sociais, ascender pessoal e pro ssionalmente,
adquirir e compartilhar conhecimento. A comunicação confunde-se com nossa
própria vida. Temos tanta consciência de que comunicamos como de que respiramos

005
ou andamos. Somente percebemos sua importância quando, por um acidente ou
doença, perdemos a capacidade de nos comunicar. Você sabia que pessoas que foram
impedidas de se comunicar durante longos períodos enlouqueceram ou caram perto
da loucura?

Díaz Bordenave (1986) traduz em exemplos do dia a dia a importância da linguagem e


da comunicação em diferentes contextos:

“Alguém fez, uma vez, uma lista dos atos de comunicação que um
homem qualquer realiza desde que se levanta pela manhã até a hora
de deitar-se, no m do dia. A quantidade de atos de comunicação é
simplesmente inacreditável, desde o ‘bom dia’ à sua mulher,
acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal,
a decodi cação de número e cores do ônibus que o leva ao trabalho,
o pagamento ao cobrador, a conversa com o companheiro de banco,
os cumprimentos aos colegas no escritório, o trabalho com
documentos, recibos, relatórios, as reuniões e entrevistas, a visita ao
banco e as conversas com seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo
durante o almoço, a escolha do prato do menu, a conversa com os
lhos no jantar, o programinha de televisão, o diálogo amoroso com
sua mulher antes de dormir, e o ato nal de comunicação num dia
cheio dela: ‘boa noite’.” (Díaz Bordenave, 1986)      

Assim, vale ressaltar a importância de estar atento ao modo como nos comunicamos
em diferentes meios que convivemos. É fato que ninguém usa o mesmo linguajar, as
mesmas palavras, postura e tom de voz quando conversa com os amigos em uma
festa e quando trata com o patrão no ambiente de trabalho. São contextos
díspares que exigem uma percepção e uma fala para cada um deles. Misturá-los é
perigoso, causa uma impressão errada e pode até lhe retirar de algum meio de
convívio social.

006
No lme “O Náufrago”, de Robert Zemeckis, Chuck Noland (Tom Hanks)
ca sozinho em uma ilha deserta depois de um desastre de avião. A
certa altura da trama, ele “faz amizade” com uma bola de vôlei, à qual
ele chama de Wilson – a marca da bola. À primeira impressão, o
espectador pode achar que Chuck cou louco por conversar e dedicar
sentimentos a uma bola, mas o que se percebe é o contrário: ele sabe
que cará louco se não socializar com alguém na ilha. Logo, conversa
com um objeto e a ele atribui características humanas para evitar ir à
loucura enquanto está sozinho. Leia um artigo sobre as teorias da
comunicação do lme:

Leia o artigo: Disponível aqui

Comunicação e Tecnologia
Após a revolução industrial, no início do século XIX, houve a invenção de máquinas
capazes de produzir, armazenar e difundir linguagens, tais como a fotogra a, o
cinema, os meios de impressão grá ca, o rádio, a TV, o computador e seus derivados,
tablet, iphone, celulares, etc. Com um simples apertar de botões ou por meio de uma
tela touch screen, as notícias nos chegam da mesma forma como nos chegam a água e
a eletricidade.

Atualmente, com o avanço da tecnologia, existe também a indústria 4.0, na qual a


linguagem da comunicação é feita quase que totalmente entre as próprias máquinas,
utilizando-se, inclusive, da tecnologia da linguagem computacional denominada
“Internet das coisas”, obviamente que necessitando de um ser humano para o seu
desenvolvimento. Nesse contexto, “o mundo está no início de uma quarta revolução

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industrial, e essa revolução está acontecendo devido à eliminação dos limites entre o
mundo digital, o mundo físico, que são as coisas, e o mundo biológico, que somos nós”
(IEASP, 2016).

Acompanhe as principais invenções históricas a favor da comunicação:

JORNAL - o primeiro exemplar data de 59 a.C., em Roma, quando Julio César quis
informar o povo sobre os mais importantes acontecimentos sociais e políticos do
seu império. Até hoje, tem praticamente a mesma função.
RÁDIO - com sua primeira transmissão datada de 1900, foi um marco na história,
pois ao contrário do jornal, as ondas do rádio tinham um alcance de pessoas e
velocidade e informação muito superiores.
TELEVISÃO - em 1924, a TV trouxe a junção dos componentes grá cos (imagens e
guras) de um jornal com os componentes de áudio do rádio (a fala), o que
tornou possível ver imagens em movimento juntamente com o áudio.
INTERNET - desenvolvida em 1969 nos EUA para ns de comunicação militar,
tinha o nome de ArpaNet. Com o m da Guerra Fria, o sistema tornou-se
praticamente desnecessário para ns militares e o Exército decidiu levá-lo a
público.

Fazendo um resumo, vê-se um processo crescente em que o homem desenvolveu a


linguagem depois dos desenhos nas cavernas, com a escrita, o papel, as impressões
manuais e as mecânicas, sendo assim possível a informação cruzar grandes distâncias
geográ cas, culturais e cronológicas.

Passamos pelos meios de comunicação como jornais e revistas, rádio e televisão, e


chegamos à nossa época, à qual chamamos de Era da Tecnologia e da Informação. Na
Era da Tecnologia, o computador é o carro-chefe. Quando foi desenvolvido em 1943,
era uma máquina gigantesca que ocupava uma sala inteira e só servia para fazer
cálculos, até 1971, quando surgiu nos EUA o primeiro microcomputador.

Andando lado a lado com a evolução dos computadores, está a Internet, que nem
sempre foi da maneira que a conhecemos: na verdade, ela foi desenvolvida para ns
militares e não passava de um sistema de comunicação entre as bases militares dos
EUA. Em 1971, a até então chamada ArpaNet passou a ser usada por acadêmicos e
professores universitários, principalmente nos EUA, para trocarem ideias e
mensagens, e então recebeu o nome de Internet. A disseminação e a popularização da
rede no Brasil aconteceram no nal da década de 1990, e aos poucos foi se tornando
aquilo que conhecemos hoje: indispensável para a nossa vida, pois estar conectado à
rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade, diversão e, acima de tudo,
de comunicação.

008
Gírias, jargões e os Grupos
Sociais
Considerando o grupo social do qual o sujeito faz parte, ele passa a dominar
determinado tipo de vocabulário e expressões que não são compreendidos dentro de
outro grupo social. É o caso dos diferentes jargões utilizados em discursos jurídicos,
médicos, presidiários, cantores, jogadores de futebol, chefes de cozinha, etc. Cada
grupo especí co possui palavras que são frequentemente utilizadas em seu dia a dia,
mas que di cilmente são compreendidas dentro de outro grupo social.

GÍRIA x JARGÃO

A gíria teve sua origem na maneira de falar de grupos marginalizados


que não queriam ser entendidos por quem não pertencesse ao grupo.
Hoje, entende-se a gíria como uma linguagem especí ca de grupos
especí cos, como os jovens. Já o jargão é o modo de falar especí co de
um grupo, geralmente ligado à pro ssão. Existe, por exemplo, o jargão
dos médicos, o jargão dos especialistas em informática, etc.

Fonte: Disponível aqui

009
A gíria
Conceitualizando, Araújo e Sousa nos dizem que

(...) gíria é o tipo de linguagem que surge restrita a um determinado


grupo, como um código, que com o passar dos tempos invade a
sociedade sendo utilizada pelas pessoas até de forma inconsciente,
independentemente da idade ou nível social da qual fazem parte,
tornando o seu uso muito frequente em qualquer situação de
interação. (ARAÚJO E SOUZA, s/d).

Na prática, sabemos que a gíria é uma fala informal, que varia conforme o grupo e a
época. Você se lembra das gírias que falava quando criança? São as mesmas que os
jovens falam hoje? Certamente a resposta é não. Caso alguém leia este mesmo
material em 2030, por exemplo, as gírias atuais aqui expostas já serão ultrapassadas.

Gírias comuns nos anos 1980 Gírias comuns nos anos 2010

Nossa, peguei ranço dele.


Putz, grila!
Para de ser biscoiteira, só quer atenção!
Isso é do balacobaco!
Partiu?
Essa foto é do arco da velha.
Deu ruim!
Que ideia de jerico!
Hoje vou sair com o meu/a minha crush.
Você fala mais que o homem da cobra…
Sua irmã divou no evento ontem!
Vamos tomar umas birinaites?
Cola lá em casa pra gente ver lme…
Repete isso, volta a ta!
Que estilo mais chavoso, hein!
Vira o disco, fala outra coisa!
Falou tudo! Lacrou!
Você é um chato de galochas
A festa foi top!
Tô gamado!
Hoje o chefe está pistola com a gente.
Sacou?
Meu celular bugou.
Tô na pindaíba… sem um tostão furado.
Pode pá! Entendi!
Ela é pra frentex, toda modernosa…
Vamos sair de rolê?
Vamos deixar rolar…
Ele é meu parça!

Fonte: elaborado pela autora.

E quem cria as gírias? - Nós mesmos, os próprios falantes de uma língua. E elas podem
surgir nas mais diversas situações tais como contextos culturais, de entretenimento,
na internet, na rua, em um vídeo que viraliza... São expressões que normalmente não
fariam sentido nenhum, ou têm algum sentido completamente diferente daquele em
que são usadas, mas o fato é que as gírias enriquecem a linguagem de tal forma que,
em determinados casos, é impossível ser compreendido sem usar nenhuma.

010
Veja mais alguns exemplos da evolução das gírias desde os anos 60:

Fonte: Disponível aqui

O jargão
Imagine que você está em um hospital e ouve um médico conversando com outro. Um
deles diz:

- Em relação à dona Maria, o prognóstico é favorável ao caso de pronta-suspensão do


remédio.

É provável que você tenha levado algum tempo até entender o que o médico falou,
pois ele utilizou termos com os quais os dois colegas médicos estão acostumados.
Com a paciente, o médico deve falar de uma maneira mais simples, como: "Bem, dona
Maria, a senhora pode parar de tomar o remédio, sem problemas.”

Este é um caso de jargão – no caso, médico.

Jargão é o modo de falar usando termos especí cos de um grupo, geralmente ligados
à pro ssão. Para Dino Preti, professor titular de língua portuguesa da PUC-SP, jargão é
a "linguagem cientí ca ou técnica banalizada". Por de nição, é uma forma de falar
inadequada à situação. “A pessoa quer se promover, mostrar que fala uma linguagem
que o outro desconhece”, segundo o professor. Mas muitos especialistas dizem que os
jargões são frases prontas que tiram a autenticidade do texto porque são
consideradas antiquadas.

011
Você sabe o que signi ca brie ng, feedback e ranking? São termos do
chamado “corporativês”. Nessa linguagem, muitos jargões são
emprestados da língua inglesa e nem foram traduzidos para o
português. As pessoas que não sabem o signi cado desses termos
podem prejudicar a comunicação, assim como aquelas que os usam a
todo o momento, pois podem se expressar de maneira incorreta e
“forçada”. Se o pro ssional está em uma conversa entre amigos, não há
necessidade de usar esses termos, pois pode passar uma imagem de
arrogância. Quem não conhece bem o signi cado dos termos é melhor
não utilizá-los! Conheça uma lista desses jargões em inglês em:

Fonte: Disponível aqui

Apesar da rapidez com que os jargões são disseminados, é importante levar em


conta o ambiente e a situação em que estamos para saber utilizar a língua de
modo adequado. Dessa forma, é possível estabelecer uma comunicação e caz,
alcançando o objetivo por parte do emissor e, ao mesmo tempo, a compreensão por
parte do receptor.

Cada pessoa e grupo social possui uma maneira própria de falar e criar suas próprias
marcas linguísticas. Tais marcas produzem uma variedade não apenas no âmbito
geográ co, mas também no âmbito pro ssional. Em suma, a língua varia de acordo
com os elementos regionais, socioculturais e contextuais, conceitos que veremos
mais adiante neste curso.

012
Você já ouviu falar em anglicismo? Trata-se do uso de termos da língua
inglesa mesmo quando existem as mesmas palavras na língua
portuguesa. Há quem diga que são termos indispensáveis para dar um
ar mais “chique”, pro ssional ou corporativo à situação, mas outros
defendem que é um exagero, já que os mesmos termos podem ser
encontrados em português. O que você acha? Exagero ou necessidade?

Passatempo em vez de hobby.


Assessoria em vez de coaching.
Roupa em vez de out t.
Aparência em vez de look.
Registro de entrada em vez de check in.
Registro de saída em vez de check out.
Cópia de segurança em vez de backup.
Senha em vez de password.
Cobrir em vez de cover.
Prazo máximo em vez de deadline.
Experiência em vez de know-how.

013
02

Elementos da
Comunicação

014
“Se você falar com um homem em uma linguagem que ele
compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua
própria linguagem, você atinge seu coração.” (Nelson Mandela)

No mundo moderno e tecnológico, a palavra comuniçação tornou-se chave na


observação das relações humanas e no comportamento individual e coletivo.

De acordo com Martins e Zilberknop (2010), comunicar é buscar entendimento e


compreensão; é manter contato. “É uma ligação, transmissão de sentimentos e de
ideias.” Por isso, comunicar-se bem não signi ca apenas falar bonito, mas ser e ciente
no momento de transmitir mensagens, isto é, fazer com que elas alcancem os
objetivos propostos pelo emissor. Nesse sentido, comunicamos e cientemente
quando o receptor compreende a mensagem segundo os objetivos daquele que a
produz.  

Quando falamos em linguagem, não estamos falando apenas da


linguagem escrita e do português padrão, correto e formal. A
comunicação utiliza vários tipos de linguagens tais como a linguagem
corporal, o tom de voz, os símbolos, as cores, etc. Além dos diferentes
tipos de linguagens, devemos considerar a diversidade de contextos
sociais e indivíduos culturais diferentes entre si. O diálogo realizado
entre amigos no nal da tarde em um happy hour não é o mesmo
diálogo realizado pelos colegas dentro da empresa ou em uma reunião
com a diretoria. Todos os lugares possuem suas regras próprias,
inclusive os locais considerados informais. Ninguém chega à casa de um
amigo e vai entrando no quarto sem pedir licença. Assim, acontece com
a linguagem.

015
Elementos da
Comunicação
Um dos primeiros estudiosos a considerar quais elementos são necessários para que
uma comunicação e caz aconteça foi Roman Jakobson (1896-1982). Para esse linguista
russo, há basicamente seis funções determinadas de acordo com o elemento em que
a ênfase da mensagem recai.

Veja o esquema:

Fonte: arquivo pessoal

Cada um desses elementos é responsável por tornar a comunicação e caz. Se um


deles não existe ou falha, acontece o chamado “ruído” na comunicação, ou seja, a
mensagem não acontece totalmente.

Vamos a cada um deles:

EMISSOR: é aquele que envia a mensagem. Pode ser uma pessoa, uma empresa,
uma equipe, etc. Nem sempre é uma única pessoa a responsável pela
transmissão de uma mensagem.

016
MENSAGEM: é o conteúdo informativo enviado de um emissor para um receptor.
RECEPTOR: é aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor.
CANAL DA COMUNICAÇÃO: é qualquer meio pelo qual a mensagem é enviada.
Pode ser a voz, celular, computador, livro, propaganda, gestos, outdoor, etc.
CÓDIGO: é a língua em que a mensagem é escrita ou falada.

Para ilustrar onde entra cada um desses elementos, imagine uma situação comum do
cotidiano:

Janaína quer lembrar o esposo, Roberto, de algo que ela disse a ele
no café da manhã, antes de saírem para trabalhar: “Amor, não se
esqueça de trazer um suco para o jantar, tá?”

Ela, então, envia uma mensagem de texto pelo WhatsApp


reforçando que ele pare em um supermercado depois do trabalho e
compre o suco.

Roberto responde a mensagem e logo chega em casa com uma


caixa de suco debaixo do braço. Mas tem algo errado: ele comprou
suco de laranja, e Janaína queria suco de uva.

Nesse exemplo, temos o esquema:

017
Continuando nossa historinha:

No supermercado, Roberto tira uma foto da caixa de suco, envia


para Janaína e vai para casa. No entanto, por algum motivo, a
mensagem com a foto não chegou e Janaína não viu que ele iria
levar suco de laranja, e não de uva.

Será que rolou uma “DR” ou o jantar seguiu em paz?

Assim, o processo de comunicação não foi totalmente satisfatório nesse caso porque
houve uma falha em um dos elementos - no canal, na hora de enviar a foto - e a
mensagem não foi recebida.  A essa falha dá-se o nome de ruído.

018
O QUE É RUÍDO NA COMUNICAÇÃO?

Uma comunicação só é efetivamente realizada quando há compreensão


por parte do interlocutor. Sem que haja a recepção, uma mensagem
emitida de nada serve. A isso se chama ruído na comunicação. Este
ruído ocorre quando a mensagem não é decodi cada corretamente
pelo receptor. São vários os fatores que podem atrapalhar na
identi cação dos elementos da comunicação. Desde a voz baixa do
locutor até o barulho de um ambiente ou ainda um código de signos
desconhecidos pelo receptor.

Fonte: CEGALLA, D.P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48.


ed. São Paulo: Editora Nacional, 2008.

Em suma, comunicar-se bem não signi ca falar bonito, mas sim apresentar e ciência
na transmissão das mensagens, isto é, que elas alcancem os objetivos propostos pelo
emissor. Nesse sentido, comunicamos e cientemente quando o receptor compreende
a mensagem segundo os objetivos daquele que a produz.

Para tanto, é necessário ser o mais claro e objetivo dentro do processo comunicativo
para que o receptor compreenda e responda aos objetivos do emissor de modo
positivo.

019
Erro de português x Falha de comunicação

Há uma diferença entre erro de português – palavras escritas de forma


errada, problema de acentuação, de pontuação, de gramática – e erro
de comunicação. Este último é qualquer problema escrito/falado que
não apresenta exatamente erros de português, mas foi uma mensagem
transmitida de tal forma que que confuso e causa dúvidas em quem
está lendo/ouvindo.

Façamos um pequeno teste: você está procurando um dentista e chega à frente de


duas portas. Em uma delas há uma placa (com perdão do exagero no exemplo):
“Cirurgião Dentístico” e na outra, “Consultório Odontológico”. Em qual das duas você
entraria?

A primeira expressão não apresenta erro nenhum, mas simplesmente não é comum
na nossa linguagem. O dentista não tem obrigação de escrever tudo sempre certo,
mas na hora de comunicar seu serviço ao público, ele o deve fazer de forma coerente.
Senão, criará uma imagem errada de sua competência pro ssional.

020
03

Variações
Linguísticas

021
“A linguagem existe para que nos sirvamos dela, não para que sirvamos a
ela” - Fernando Pessoa, poeta.

Nos espaços sociais em que vivemos, temos a oportunidade de encontrar diversas formas de
linguagem escolhidas dependendo da intenção do emissor. Vejamos algumas informações
sobre as características e os aspectos mais relevantes que demarcam as formas de
linguagem, sejam elas no plano verbal ou no plano não verbal.

No instante em que você põe os olhos em um texto, você o lê. Por que você o leu? Porque, a
partir do momento que você se alfabetizou, torna-se um ato instintivo, automático. Placas,
sinais, lmes, livros, bilhetes, posts, todas essas manifestações só existem porque existe a
linguagem aprendida. 

Já vimos nas aulas anteriores que a linguagem está diretamente relacionada à prática social.
Ela é viva e dinâmica, e tanto modi ca a sociedade quanto é por ela modi cada. Nos estudos
sobre o assunto, a linguagem é abordada e entendida a partir de três vertentes, e a prática
social é uma delas:

A linguagem é algo externo ao sujeito

É um conjunto de regras e formas aprendidas, e só existe comunicação se o emissor e o


receptor dividirem o mesmo código.

A linguagem é uma capacidade inerente ao ser humano

Ela se faz na vida do ser humano a partir em que seu cérebro e corpo começam a car
su cientemente maduros para isso.

A linguagem é uma prática social

Ela surge da necessidade do homem de viver em grupos sociais e de realizar trocas com os
integrantes desses grupos.

Fonte: adaptado de Mendonça, 2012.

Além do português padrão, há outras variedades que são usadas em situações informais
diversas e diferentes de acordo com o contexto e sujeitos do processo comunicativo. Fatores
tais como escolaridade, nível social, idade, região, etc. são responsáveis por determinado

022
tipo de linguajar que pode ser discriminado inclusive dentro de situações informais.

Infelizmente, a língua é vista como um status social e há muito preconceito em relação às


pessoas que não sabem utilizar a norma padrão e culta da língua portuguesa, mas conhecer
as variações linguísticas é importante justamente para combater esse preconceito.

Leia o seguinte trecho:

Antigamente

Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e


muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito.
Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa,
mas cavam longos meses debaixo do balaio. (...) Antigamente, acontecia o
indivíduo apanhar constipação; cando perrengue, mandava o próprio chamar o
doutor e, depois, ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas.
Antigamente, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma, não havia
fotógrafos, mas retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.Mas tudo isso
era antigamente, isto é, outrora.

Carlos Drummond de Andrade, in: Quadrante (1962), obra coletiva.


Reproduzida em Caminhos de João Brandão, José Olympio, 1970.

É perceptível que nele existem expressões que já não usamos mais, tais como mademoiselles,
janotas, pé-de-alferes, balaio, botica, ceroulas, outrora. O texto de Drummond fala exatamente
disso: de como se falava antigamente.
Caso fôssemos adequá-las ao vocabulário atual, como caria? Os termos em destaque
seriam substituídos por “mina”, “gatinha”, “cantadas”, “da hora”, “os caras”, “a galera,”
“farmácia”, “cuecas” e assim por diante.

Perceberam que a língua é dinâmica? Ela sofre transformações com o passar do tempo em
virtude de vários fatores advindos da própria sociedade, que também é totalmente mutável.

023
Ou seja: todo mundo tem seu jeito de falar, seja por história pessoal ou coletiva. O que vale
lembrar é que não existe certo ou um errado quando a questão é sotaque, por exemplo, ou
vocabulário diferente de uma geração ou região para outra.

Errado é o que não está de acordo com a gramática vigente. As diferentes formas de falar a
língua portuguesa são chamadas de variações linguísticas.

Segundo Moysés (2014),

“[...] o português, como qualquer outra língua, não é estático e imutável.


Assim sendo, podemos dizer que uma língua não é uma unidade homogênea
e uniforme. Ela poderia ser de nida como um conjunto de variedades. É esta
diversidade que faz surgir os níveis de linguagem que variam de acordo com
o nível social, econômico, cultural e geográ co. No Brasil há uma grande
variedade de pronúncia e vocabulário: há diferentes sotaques: o sotaque
mineiro, o gaúcho, o nordestino, etc. Também no vocabulário observam-se
diferenças entre regiões e também na fala de quem mora na capital e de
quem vive na zona rural” (MOYSÉS, 2014).

Assim, essas variações são dividas em:

Variação histórica - a língua sofre variações devido ao tempo transcorrido


Variação regional - a língua sofre variações devido ao lugar em que o falante vive
Variação sociocultural - a língua sofre variações devido à condição social, econômica e
educacional e ao meio cultural em que o falante vive

Variação Histórica
É aquela que sofre transformações ao longo do tempo. Por exemplo, a palavra “você”, que no
tempo do Brasil colônia era “vossa mercê” e depois virou “vosmecê”. O mesmo acontece com
as palavras escritas com PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia.

No século IX, seria comum encontrar uma placa em algum local público onde se lêsse:

024
Veja como a gra a era diferente. Estava errado? Não, pois na época, era assim que se
escrevia.

É famoso nas redes sociais e por quem estuda variações linguísticas o “cartão da paquera”,
nome usado para identi car o bilhete do século XIX encontrado no acervo bibliográ co que
pertenceu ao gaúcho Othelo Rodrigues Rosa, jornalista, escritor, poeta e historiador que
morreu em 1956.

025
Acredita-se que o galanteio seja obra de algum expert em fazer a corte às damas da época.
Ao que tudo indica, o dono do cartão de fato se deu bem, uma vez que é possível observar
no cartão original uma discreta marca no canto inferior direito do cartão.

E você, em tempos de aplicativos de encontros e amores líquidos, o que achou do método?

Variação Regional
São as variações ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região como, por
exemplo, a palavra mandioca, que em certas regiões é tratada por macaxeira e aipim; e
abóbora, que também é conhecida como jerimum dependendo do estado brasileiro. O
sotaque também é uma variação regional, como em regiões que puxam o “r” ou ainda falam
“tu” mesmo que não conjugue o verbo corretamente (tu é, tu vai, etc.).

026
Uso de “r” pelo “l” em nal de sílaba e nos grupos consonantais: dizem pranta,
broco ao invés de planta, bloco.

Alternância de “lh” e “i”: dizem muié, véio ao invés de mulher, velho.


Tendência a tornar paroxítonas as palavras proparoxítonas: dizem arve,
go ao invés de árvore, fígado.
Redução dos ditongos: dizem pexe, caxa ao invés de peixe, caixa.
Simpli cação da concordância: dizem “as menina” ao invés de “as
meninas”.
Ausência de concordância verbal quando o sujeito vem depois do verbo:
dizem chegou duas moças ao invés de chegaram duas moças.
Uso de pronome pessoal tônico em função de objeto: dizem “Nós
pegamos ele” ao invés de “Nós o pegamos”.
Assimilação do “ndo” em “no”: dizem falano ao invés de falando.
Assimilação do “mb” em “m”: dizem tamém ao invés de também.
Desnasalização das vogais postônicas: dizem home ao invés de homem.
Redução do “o” e do “e” átonos: dizem ovu ao invés de ovo, bébi ao invés
de bebe;
Redução do R do in nitivo ou de substantivos terminados em OR: dizem
amá, amô ao invés de amar, amor.
Simpli cação da conjugação verbal: dizem “nós ama, eles ama” ao invés
de “nós amamos, eles amam”.

Fonte: Nery, 2007

Variação Sociocultural
É aquela pertencente a um grupo especí co. Neste caso, podemos destacar as gírias, a
linguagem coloquial usada no dia a dia das pessoas e a linguagem formal, que é aquela
utilizada por pessoas com maior grau de instrução.

027
Também fazem parte deste grupo os jargões, dos quais já falamos na Aula 2, que pertencem
a uma classe pro ssional mais especí ca, como é o caso dos médicos, pro ssionais da
informática e policias, dentre outros.

Diante de tantas variantes linguísticas, é inevitável perguntar qual delas é a correta.


Resposta: não existe uma opção correta em termos absolutos, mas sim, a mais adequada a
cada contexto. Dessa maneira, falar bem signi ca se mostrar capaz de escolher a variante
adequada a cada situação e conseguir o máximo de e ciência dentro da variante escolhida.

Usar o português próprio da língua escrita formal em uma situação descontraída da


comunicação oral é falar de modo inadequado. Soa como pretensioso, pedante, arti cial. Por
outro lado, é inadequado em situação formal usar gírias, termos chulos, desrespeitosos,
fugindo das normas típicas dessa situação.

Linguagem Formal e
Informal
A linguagem formal é baseada na norma culta, que é o modelo de padrões linguísticos que
determinam seu uso correto. Em outras palavras, é aquela linguagem sem erros e gírias
utilizada em livros, revistas,  documentos o ciais, etc. Como podemos ver, a linguagem
formal é voltada principalmente para a comunicação escrita e vai de acordo com a
gramática vigente.

Por outro lado, quando conversamos espontaneamente e fazemos o uso de formas


reduzidas tais como “cê” (você), “taí” (está aí), “pra” (para), por exemplo, temos a linguagem
informal. Neste caso, nos comunicamos principalmente por meio da fala e de maneira
coloquial. Um famoso exemplo da diferença existente entre tais é o poema “Pronominais”, de
Oswald de Andrade.

Veja:

028
Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.

O primeiro verso foi escrito de acordo com a norma culta, logo, em uma linguagem formal,
pois o verbo (dar) vem antes do pronome (me). A gramática diz que o pronome (no caso
“me”) nunca deve vir antes do verbo em começo de frase. No último verso, já ocorre o
contrário: o pronome (me) vem antes do verbo (dar), representando assim a forma como
falamos e também a linguagem informal. Mas não podemos dizer que se trata de uma forma
errada: é somente inadequada em ocasiões e discursos formais.

Características da linguagem formal


Preserva as convenções gramaticais e sempre respeitando a norma culta da língua
portuguesa.
É utilizada para comunicação com autoridades e superiores em organizações, em
conferências, palestras e seminários, documentos o ciais e discursos públicos.
Envolve a comunicação entre pessoas que não se conhecem ou possuem pouca ou
quase nenhuma a nidade.
Também chamada de norma culta ou padrão. 

Características da linguagem informal


Preza pela descontração e pelo relaxamento quanto às regras gramaticais.
Permite o uso de palavras mais simples, abreviadas e até gírias.
É muito utilizada na comunicação entre amigos, colegas, familiares e pessoas com alto
grau de envolvimento e relacionamento.
Também chamada de linguagem coloquial.

029
Existem diferentes situações de comunicação. Uma mesma pessoa pode escolher uma forma
de linguagem mais conservadora numa situação formal ou um linguajar mais informal, em
situação mais descontraída. Quantas vezes isso não acontece conosco no cotidiano? Na
família e com amigos falamos de uma forma, mas numa entrevista de emprego é muito
diferente.

O sucesso da comunicação não depende apenas de saber utilizar os elementos do processo


comunicativo.  É preciso que o emissor considere, antes de qualquer coisa, quem é o seu
público-alvo. Após estar ciente de quem receberá sua mensagem, o emissor deverá, então,
adequar sua mensagem utilizando uma linguagem que atinja seu receptor da melhor forma.
Para isso, é imprescindível levar em conta o contexto de comunicação, ou seja, se é um
ambiente formal ou informal.   Além disso, é importante compreender as expressões, gírias
ou jargões especí cos do público-alvo para que a comunicação ua da forma mais natural
possível.

Sotaques são fascinantes. É curioso perceber como uma entonação ou palavra


são tão diferentes em lugares distintos do mesmo país, e com um país tão
grande e diverso como o Brasil. Então escolha sabiamente, pois a chave para o
sucesso está em alguma pronuncia entre o Oiapoque ao Chuí!

Assista a uma sketch bem humorada do grupo Porta dos Fundos sobre um
inusitado candidato com diversos sotaques em uma entrevista de emprego.

Acesse: Disponível aqui

030
04

Coesão e
Coerência

031
“Sou todo incoerências. Vivo desolado, abatido, parado de energia, e
admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!” - Mário de
Sá-Carneiro, poeta e contista português

Coesão e coerência são elementos fundamentais para a construção de um bom texto.


Para que um discurso tenha êxito, seja oral ou escrito, ele deve construir um
signi cado, ou seja, precisa ter coerência. Para tanto, deve-se usar elementos que
estabeleçam ligação entre as partes, isto é, que con ram coesão ao discurso. 

Chamamos de coesão os elementos conectivos que criam as relações de sentido


dentro do texto. O uso inadequado desses elementos pode causar a falta de
coerência. Podemos dizer então que o elemento conectivo tem o poder de determinar
a coerência textual. Vejamos o exemplo de duas informações transmitidas
separadamente:

1. Ontem fez sol.


2. Fui à praia.

Apesar de haver sentido entre as orações, não há nenhum elemento


conectivo para estabelecer uma ligação entre elas. O ponto nal faz uma
separação entre as duas orações. Vamos acrescentar um elemento coesivo
para que o texto que articulado. Temos duas opções:

a. portanto
b. entretanto

Qual é o conectivo correto?

Se a sua escolha foi a alternativa a), você acertou, pois o conectivo “portanto”
indica uma conclusão. “Entretanto” é uma adversativa e quer dizer “mas, porém,
todavia”.

1. Ontem fez sol, portanto fui à praia - há coerência.


2. Ontem fez sol, entretanto, fui à praia - não há coerência.

E se eu quisesse usar o conectivo “entretanto”, faria sentido? Não. Para isso, eu teria
que alterar a oração, assim:      

      Ontem choveu, entretanto, fui à praia - há coerência.

Podemos então resumir que coesão tem a ver com a estrutura da oração e coerência
tem a ver com o sentido dela - e, claro, uma está ligada à outra.

032
Os elementos conectivos
TEXTO 1: Sem conectivos TEXTO 2: Com conectivos

Fui à escola e comprei um sanduíche na


Fui à escola. Comprei um sanduíche na
cantina, mas fui assaltado na esquina
cantina. Saí da escola. Fui assaltado na
quando sai da escola e voltei para casa sem
esquina. Voltei para casa sem dinheiro.
dinheiro.

Os conectivos são responsáveis por estabelecer relações de sentido entre segmentos


de um texto (palavras, frases, parágrafos, etc.). Os principais conectivos são as
conjunções e as locuções conjuntivas. Antunes (apud Silva, 2017), apresenta duas
funções fundamentais para o estudo da coesão e dos conectivos: a) entender que os
conectivos são elementos de ligação de partes do texto e b) esses elementos indicam
uma relação de sentido e de orientação argumentativa.

            Vamos estudar essas relações de sentido:

Relações lógico-discursivas (coesão)

Relação de causalidade

É aquela que expressa uma causa para o fato apresentado. As conjunções aqui
utilizadas são: porque, pois, por isso, já que, visto que, uma vez que, etc.

NÃO VOU AO CINEMA PORQUE ESTOU SEM DINHEIRO.

CAUSA: ESTOU SEM DINHEIRO

CONSEQUÊNCIA (FATO APRESENTADO): NÃO VOU AO CINEMA.

033
Relação de condicionalidade

A relação se condicionalidade se dá quando um segmento expressa uma condição


para que outra coisa aconteça. São orações com conjunções condicionais: se, caso,
contanto que, a menos que, salvo se, desde que, etc.

SE EU TIVESSE DINHEIRO, IRIA AO CINEMA.

CONDIÇÃO ANTECEDENTE: SE EU TIVESSE DINHEIRO


CONSEQUÊNCIA HIPOTÉTICA: EU IRIA AO CINEMA

Relação de temporalidade

Expressa uma relação de tempo por meio de conectivos tais como quando,
assim que, logo que, enquanto, cada vez que, etc.

QUANDO EU TIVER DINHEIRO, EU IREI AO CINEMA.

CONDIÇÃO: TER DINHEIRO


CONSEQUÊNCIA: IR AO CINEMA

Relação de finalidade

A nalidade se estabelece quando há uma relação intenção x objetivo, nalidade,


propósito. Os conectivos usados são os do grupo do “para”: para, para que, a m de,
a m de que, etc.

QUERO TER DINHEIRO PARA IR AO CINEMA

OBJETIVO: TER DINHEIRO


FINALIDADE: IR AO CINEMA

034
Relação de oposição ou de adversidade
É quando um conteúdo expresso em um segmento se opõe ao conteúdo do outro
segmento. A relação de oposição está em frase que contenham conjunções
adversativas e concessivas, tais como mas, porém, no entanto, embora, apesar de,
etc.

QUERO IR AO CINEMA, PORÉM, NÃO TENHO DINHEIRO.

CONTEÚDO 1: DESEJO DE IR AO CINEMA


CONTEÚDO DE OPOSIÇÃO: NÃO TER DINHEIRO

Relação de adição

Na relação de adição, ocorre a inclusão de mais um elemento - um item ou


argumento. Contém conjunções aditivas, do grupo do “e”, que inclui o também, ainda,
além de, além disso, nem, etc.

EU TENHO DINHEIRO E VOU AO CINEMA! 

ELEMENTO 1: TENHO DINHEIRO


ELEMENTO 2: E TAMBÉM VOU AO CINEMA

Relação de conclusão

Como o nome deixa claro, essa relação de coesão tem a ver com a conclusão de um
algo a partir das proposições presentes em um segmento anterior do texto. É o grupo
do “portanto”: logo, sendo assim, dessa forma, então, etc.

EU TENHO DINHEIRO, PORTANTO, VOU AO CINEMA.

PROPOSIÇÃO: TENHO DINHEIRO


CONCLUSÃO: VOU AONDE EU QUISER

035
O estudo dos conectivos é cobrado em praticamente todos os
concursos públicos. Nos editais, a matéria a ser estudada aparece com
o nome de “Relações Lógico-Discursivas”, e também é o que deve ser
estudo quando exigem o tópico “Coesão e Coerência”. Conectivos
podem aparecer tanto em questões de gramática quanto serem
cobrados na escrita das questões dissertativas - as temidas redações.
Quer um exemplo? Nunca se deve começar o último parágrafo da
redação com uma conjunção adversativa, por exemplo. Esse parágrafo
é chamado de “Conclusão”, logo, deve ser iniciado com uma conjunção
conclusiva. Do contrário, a argumentação perde a coerência por não ter
um elemento de coesão correto e o candidato perde pontos na prova.

Veja abaixo uma tabela com os principais conectivos e suas respectivas relações. A
maioria já foi explicada neste presente tópico; o restante, deixo com vocês, estimados!

036
Tipo de relação Alguns conectivos

Casualidade porque, uma vez que, visto que, já que, desde que, como

se, caso, desde que, contanto que , a menos que, sem que, salvo que,
Condicionalidade
exceto que

quando, enquanto, apenas, mal, antes que, depois que , logo que,
Temporalidade assim que, sempre que, até que, desde que, todas as vezes que, cada
vez que

Alternância ou

Conformidade de acordo, conforme, consoante, segundo, como

Complementação que, se , como

Delimitação ou
pronomes relativos
restrição

Adição e, ainda, também, não só... mas também, além de, nem

mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, embora, se bem que,


Oposição
apesar de

Justi cativa ou
isto é, quer dizer, ou seja, pois
explicação

Conclusão logo, portanto, pois, por conseguinte, então, assim como

Comparação como, mais... do que, menos... do que, tanto... quanto

Fonte: Silva, 2017

037
O link nos leva ao texto “Coerência textual: um estudo com jovens e
adultos”, um artigo que examinou se o estabelecimento da coerência
textual está relacionado à aquisição da leitura e da escrita com jovens e
adultos, em processo de alfabetização, em uma situação de produção
de texto.

Acesse: Disponível aqui

038
05

Comunicação
Interpessoal

039
As cinco essenciais habilidades empreendedoras para o sucesso são
concentração, discernimento, organização,inovação e comunicação.
Michael Faraday, cientista britânico.

Para começar, a comunicação deve ser entendida como parte inerente à natureza das
organizações, que são formadas por pessoas que se comunicam entre si e que, por
meio de processos de interação, viabilizam o sistema funcional para a realização dos
objetivos organizacionais. Portanto, sem comunicação as organizações não existiriam.
(KUNSCH, 2009).

            Segundo, das várias competências comportamentais valorizadas no ambiente


empresarial - liderança, automotivação, trabalho em equipe, criatividade, etc. -
 destaca-se a excelência na comunicação interpessoal, que é item fundamental para o
sucesso de líderes, colaboradores e equipes.

            Ter habilidades de comunicação interpessoal é uma qualidade que as empresas


têm buscado cada vez mais nos pro ssionais, pois se trata de pessoas que têm mais
facilidade em passar ideias de uma maneira que todos possam entender sem causar
desentendimentos providos de ruídos na comunicação.

O que é comunicação interpessoal?

Comunicação interpessoal é a troca de informação que existe entre dois


ou mais indivíduos. Basicamente, trata-se de passar e receber
mensagens por meio da fala, da escrita, da mímica e dos meios
tecnológicos.

040
Se você passou pelo porteiro hoje, acenou para ele e ele retribuiu, automaticamente
vocês realizaram uma interação de comunicação interpessoal.

No ambiente corporativo, devemos ter cuidado com a maneira como passamos as


mensagens para outras pessoas. Aliás, quantos casos você conhece de gente que
entrou em con ito simplesmente por causa de uma comunicação com ruídos? A
mensagem desejada não é passada, o locutor é mal interpretado e isso causa um
desconforto entre duas partes.

Uma comunicação interpessoal clara evita con itos, pois faz com que as mensagens
sejam passadas de uma maneira que os dois lados possam compreender, resultando
assim no sucesso da troca de informações.

Uma pesquisa realizada por Albert Mehrabian, psicólogo americano e


professor da Universidade da Califórnia – UCLA, constatou que as
formas de comunicação não verbais, aquelas feitas por meio de gestos,
postura corporal e contato visual, são 55% mais impactantes do que
outras formas de comunicação por ser uma forma universal de
relacionamento entre as pessoas. Ainda segundo Mehrabian, 38% do
impacto da comunicação estão no nosso tom de voz, e apenas 7% nas
palavras propriamente ditas. Desenvolver as habilidades de
comunicação não verbal e verbal, portanto, é essencial para
potencializar os resultados e construir harmonia nas relações
interpessoais.

Fonte: Disponível aqui

041
Comunicação no ambiente
profissional
Comunicar-se não envolve apenas o que falamos, mas também a maneira que
levamos essas informações às outras pessoas. A linguagem corporal, o tom de voz e o
que você fala in uenciam na maneira como o outro recebe a sua mensagem. Por isso,
é preciso prestar atenção em como você se porta perto das pessoas com quem
interage, como fala com elas, qual o tom de voz que usa e como gesticula.

Enquanto exercemos nossas atividades diárias, é natural que estejamos sempre


comunicando algo. Claro que existem pessoas que demonstram mais facilidade em
estabelecer a comunicação interpessoal com outros; da mesma forma que há quem
considere tal prática irrelevante. Curiosamente, porém, quem não se atenta às formas
de comunicação interpessoal são os mesmos que costumam reclamar que são
“eternos incompreendidos”.

Aprimorar práticas de comunicação interpessoal pode impulsionar sua vida pessoal


pro ssional. Segundo a Endeavor, maior organização de apoio a empreendedorismo e
empreendedores de alto impacto no mundo, há meios de sempre melhorar as
relações corporativas por meio da comunicação. Vamos aos mais importantes:

042
Utilize a comunicação interpessoal para resolver con itos – as
práticas de comunicação interpessoal são poderosas aliadas na
resolução e na prevenção de con itos. Não são raros casos de
pro ssionais que criam situações con ituosas porque se negam a
dedicar dez minutos do dia para trocar ideias, desfazer equívocos e
chegar a um consenso. Por isso, procure estimular o diálogo entre seus
funcionários. Atue como mediador, ouça as partes envolvidas e procure
aproximá-las para que tudo se resolva com serenidade.

Procure trocar algo mais que palavras –. O ideal é que, quando você
inicie a troca de informações com alguém, procure exercer a empatia,
ou seja, a capacidade de se colocar no lugar da outra pessoa. Assim,
você conseguirá conhecer fatos culturais que, talvez, você jamais chegue
a vivenciar.

Aprenda com seus interlocutores – a partir do momento em que você


está aberto para se comunicar, está também aberto para receber
aprendizados. Lembre-se que o processo de aprendizagem é bilateral:
a troca de ideias, experiências e riqueza de informações em trânsito são
bastante relevantes para o crescimento pessoal e pro ssional.

Combata a inibição – a inibição é uma característica normal de muitas


pessoas, mas quando se trata de compartilhar ideias ou conhecimento
em um ambiente corporativo, ela pode ser prejudicial, pois muitos
pro ssionais deixam de apresentar suas ideias e mostrar o quanto
podem ser valiosos à empresa por conta da timidez. Por isso, é muito
importante exercitar a comunicação interpessoal a m de ganhar mais
con ança, pois falar faz parte do contexto social em que você está
inserido.

Fique atento ao gestual – a comunicação interpessoal não se dá


apenas por meio das palavras, mas também da entonação da voz e dos
gestos que você faz enquanto conversa com alguém. Para quem é

043
atento, a postura e o gestual demonstram todo tipo de sentimento:
alegria, contrariedade, etc., e isso pode causar falhas de comunicação e
desentendimentos.

Melhore o desempenho de sua equipe – sendo você gestor ou gerido,


quando a comunicação interpessoal é praticada no ambiente
corporativo, as pessoas melhoram o desempenho porque passam a se
conectar melhor na busca pela obtenção de resultados. É impensável a
ideia de uma equipe que tenha o silêncio como marca.

Promova o autoconhecimento – a comunicação interpessoal também


serve de termômetro para que um pro ssional saiba como os outros o
percebem, e isso é importante principalmente no desenvolvimento das
habilidades comportamentais. Então, ao promover as práticas de
comunicação interpessoal, você abrirá caminhos para não apenas
conhecer a si próprio, mas para entender como seus funcionários te
veem.

Fonte: adaptado de ENDEAVOR BRASIL. Comunicação interpessoal:dicas


para melhorar suas relações corporativas. Disponível em: Endeavor
. Acesso em 22 maio 2019.

Já ouviu falar que toda empresa tem um “rádio corredor”? Qual o limite
entre comunicação informal e fofoca? Neste artigo, Alessandra Becker,
sócia fundadora da FALE Consultoras, alerta para o perigo de boatos e
fofocas se tornarem a comunicação o cial de uma organização.

Fonte: Disponível aqui

044
Imagem pessoal no
ambiente laboral
No mundo dos negócios, há uma frase que diz: “Você é a sua melhor marca”. Mas
falam-se também outras coisas, do tipo: "Sua imagem pessoal é seu cartão de visita”
ou “Nos negócios, menos é mais.” Você concorda?

No mercado de trabalho, a imagem pessoal tem muito valor. A construção da imagem


pessoal no ambiente pro ssional é algo que se dá ao longo da carreira, mas é inegável
que a marca que deixamos nas pessoas e como seremos lembrados pode ser positiva
ou negativa. E aqui entra outro ditado: “A primeira impressão é a que ca”. Na
modernidade, os pro ssionais bem sucedidos obviamente mantêm uma imagem
pessoal positiva. Para tanto, usam seu poder pessoal para conquistar objetivos,
in uenciar pessoas e assim construir uma base de valor pessoal sólida.

Mas como usar a imagem pessoal como estratégia de mercado? Para ser e ciente,
o marketing pessoal deve ser sutil e inteligente, a começar pela aparência. Exibir
roupas de marca, por exemplo, não faz de você um pro ssional respeitado. Pior: o
resultado pode até ser o contrário e revelar que, na falta do que falar, você exagera na
aparência.

O que não se pode negar, no entanto, é que o primeiro julgamento é o visual, a partir
do visual podemos perceber a que grupo uma pessoa pertence, se é cuidadosa ou não
pelo seu penteado, se é calma ou agitada pelo modo de andar, sentar e falar, ou seja,
fazemos logo um julgamento de alguém que nem conhecemos.

Na Carta ao Leitor do livro “Marketing pessoal no contexto pós-moderno”, de Claúdio


Rizzo, o empresário Antoninho Trevisan comenta:

045
 “Um conhecido meu, quando quer contratar um pro ssional, além de
avaliar o currículo e realizar entrevistas, convida o candidato para
almoçar. Diz que, ao observar seu comportamento à mesa, ele é
capaz de vislumbrar características que podem ser de nitivas para
contratá-lo ou não. Se, por exemplo, a pessoa enterra a cabeça no
prato e só volta a erguê-la quando termina a refeição, meu amigo
entende que ali há uma di culdade e talvez uma falta de interesse no
outro e no ambiente ao seu redor. Outro empresário relatou que dá
muita importância ao fato de um candidato participar de um coral,
de uma orquestra ou ser voluntário em uma atividade de fundo
social, porque denota que a pessoa sabe trabalhar em equipe.”
(RIZZO, 2017). 

A fala do empresário dá uma dica preciosa do que é a imagem pessoal no universo


laboral. Certo ou errado, justo ou injusto, é que cada vez mais importante cuidar da
imagem porque, querendo ou não, o candidato é julgado pelo inconsciente do
recrutador, e depois de contratado, ele será julgado pelo inconsciente dos clientes e
parceiros de negócio.

“Não basta à mulher de César ser honesta, ela tem de parecer


honesta”. Cícero (106–43 a.C.), político, escritor, orador e lósofo
romano. Transportado para os dias de hoje e dentro do contexto
laboral, podemos dizer que não basta ser um ótimo pro ssional, com
currículo impecável e experiências invejáveis: é preciso visualmente
parecer um ótimo pro ssional. 

046
Boas práticas e imagem pessoal

COMUNICAÇÃO NÃO
BOA COMUNICAÇÃO BOA POSTURA
VERBAL

A expressão tanto escrita


quanto
Preste atenção à sua
falada in uencia muito
linguagem
nossa imagem
No ambiente de trabalho, corporal. O aperto de mão
pessoal, por isso deve ser
é fundamental deve ser
mantida
manter uma postura rme para transmitir
sempre em um nível
pro ssional e que segurança. Lembre-se
adequado.
esteja de acordo com os de olhar sempre nos olhos
valores e normas das pessoas
Utilize palavras adequadas e
da empresa, respeitando quando conversar com
pertinentes
os códigos de elas, o que
ao momento e cuide da
trabalho, os horários, o demonstra con ança e dá
língua portuguesa:
código de mais
fuja dos vícios de linguagem,
vestimenta e as diretrizes. credibilidade ao que
erros de
dizemos.
pronúncia, gírias, expressões
Não tente assumir uma
que demonstrem
postura Evite uma postura de
intimidade ou tom de piada.
do que você não é, pois superioridade, com
Deixe a graça
assim você não cabeça muito erguida e
para os amigos e familiares!
conseguirá transmitir “nariz em pé”.
credibilidade sobre a Evite também andar
Procure falar em um tom de
sua imagem pessoal aos curvado ou sentar-se
voz e
outros. Tenha jogado na cadeira
velocidade de fala agradável,
uma postura natural e denotando certo desleixo.
de preferência
condizente com o Ombros bem alinhados e
semelhante à da pessoa com
que você realmente é. coluna ereta já são
quem está
o su ciente para criar uma
conversando, o que confere
boa imagem.
mais
harmonia à conversa.

047
CUIDADO COM A IMAGEM NAS REDES
CÓDIGO DE ÉTICA
APARÊNCIA SOCIAIS

Postou é para sempre. O


Procure manter uma que você lança no A ética é um valor fundamental
aparência condizente ciberespaço revela crenças, em todas
com o seu ambiente valores, preconceitos as esferas da vida para boa
de trabalho, o que e pode criar muita saia justa. convivência com
envolve o modo de se as outras pessoas. Não adianta
vestir e de se Quando publicar fotos, evite ter uma boa
arrumar em geral. divulgar imagens postura dentro da empresa,
com pouca roupa ou ser supercomunicativo
Os homens devem consumindo bebidas e habilidoso no que faz, mas
manter a barba bem alcoólicas, não seguir códigos de ética.
feita, e as mulheres não escreva palavrões, não
devem usar uma exponha suas opiniões Fique longe de mentiras,
maquiagem mais leve. sobre colegas de trabalho ou fofocas, corrupção e
Ambos devem sobre a empresa, de tudo que possa ser
usar vestimentas cuidado com os erros classi cado como um
adequadas seguindo grosseiros de português desvio de conduta.
o código de e selecione bem os vídeos
vestimenta da postados. Eles podem Seja o tipo de pessoa que você
empresa. dar uma ideia errada de gostaria de conhecer.
você e dos seus gostos.

Fonte: adaptado de Disponível aqui

048
No início de 2016, um case corporativo cou famoso nas redes sociais
quando um estagiário da Cantareira Construtora e Imobiliária foi
demitido após fazer posts machistas em suas redes pessoais. Nas fotos
em que tirou ao visitar uma obra, escreveu na legenda algo como
"procurando uma feminista para ajudar a descarregar a carga de
cimento".

A empresa se manifestou na página do Facebook e a rmou que as


opiniões do estagiário não re etiam a visão da construtora. Via
assessoria de imprensa, a Cantareira disse que ele seria demitido e não
manteriam alguém que disseminasse opiniões sexistas.

O CODIM, Comitê de Orientação para Divulgação de Informações ao


Mercado, lançou um manual de boas práticas de utilização das redes
sociais para as companhias.

Fonte: Disponível aqui

Falhas na comunicação interpessoal

Talvez nem seja necessário pontuar, mas é sempre bom validar com dados: segundo
um estudo feito em 2014 pelo Sebrae, 60% dos problemas nas empresas causados se
devem à falta de comunicação entre os colaboradores. Veja algumas das falhas mais
recorrentes nesse âmbito:

1. Não pedir ajuda - quem tem vergonha de tirar alguma dúvida, em algum
momento vai fazer algo de errado. Lembre-se: pergunta boba é aquela que
nunca foi feita.
2. Não explicar quando necessário - às vezes deixamos de explicar qual nossa
expectativa ao designar uma tarefa ou simplesmente combinar algo com as
pessoas, acreditando que elas já compreenderam. Procure explicar sem receio o
que você deseja dos outros.

049
3. Esconder-se atrás do e-mail - mensagens de texto como WhatsApp também são
válidas nesse caso. Com o advento tecnológico, preferimos enviar um e-mail ou
mensagem em que podemos resolver pessoalmente ou fazer uma ligação que
levaria menos tempo. Quando sentir que pode resolver mais rapidamente por
meio de uma ação, vá e faça.
4. Não ir direto ao ponto - existem pessoas que começam um assunto, vão fazer
alguma outra coisa no meio e não conseguem nalizá-lo. Re ita se você é essa
pessoa. Nunca se esqueça de que todo assunto que tem um início, tem um m!
5. Falar demais, escutar de menos -   já ouviu falar que não é à toa termos dois
ouvidos e uma boca, certo? Procure ouvir mais e fala menos, e tenha menos
impulsividade no momento de defender alguma ideia. Esteja atento às
informações e sempre ouça mais!
6. Sempre concordar com tudo - nunca seja o tipo de pessoa que concorda com
tudo, até com opiniões e fatos que, na verdade, você não concorda. Procure
questionar aquilo que está sendo transmitido a você e não concordar de primeira
em tudo quanto é assunto.
7. Não revisar textos - em um e-mail o mensagem de texto, revise antes de enviar.
Veja se o que foi escrito está correto, se não tem problemas de gramática e se
tem coerência. Revisar informações é muito importante para amadurecer a
comunicação escrita e consequentemente a verbal.

Nós temos o poder de mudança positiva no local em que vivemos. Por meio da
comunicação, é possível consolidar essa positividade. Com esses passos com certeza
uma comunicação de sucesso acontecerá.

Fonte: adaptado de Disponível aqui  Acesso em 23 maio 2019.

050
06

Redação
Comercial

051
“Os analfabetos do próximo século não são aqueles que não sabem
ler ou escrever, mas aqueles que se recusam a aprender, reaprender e
voltar a aprender.” – Alvin To er, escritor e futurista norte-americano,
maior nome dos escritos sobre a revolução digital e a revolução das
comunicações.

“A nível de, menas, questã, concerteza”? Quem nunca passou nervoso ao ver textos
com esses termos? Esses erros grosseiros e muitos outros são cometidos no cotidiano
das empresas em sua comunicação com clientes e parceiros. Contudo, é preciso saber
eliminá-los e ter uma boa redação empresarial, o que re ete até mesmo nos
resultados dos trabalhos.

Escrever correta e adequadamente é imprescindível para administradores e


executivos. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para con ar, certo?
Então aprimore sua escrita.

E é necessário cuidado, pois o cenário no mercado atual é assustador. Já que escrever


é um ato que a maioria dos pro ssionais exerce diariamente e com a necessidade de
agilidade exigida pelo mercado, cada vez mais se observa erros de escritas nas
mensagens, e-mails e até mesmo propostas e contratos.

Orientações de escrita
Vejamos seis orientaçõesiniciais para uma boa redação comercial:

1. É importante ter em mente que na redação empresarial a escrita é coletiva, ou


seja, você está falando em nome da organização que trabalha. Assim,
normalmente pense em escrever frases com o sujeito “nós”, e não mais em
primeira pessoa (eu).
2. Preocupe-se com o destinatário da sua mensagem, busque entender a forma
que ele pensa. Re ita como ele vai reagir ao conteúdo do texto produzido por
você e enviado pela sua empresa.
3. Reforçando, no seu texto você está representando toda a empresa, logo, a
apresentação visual é primordial. Cuidado com uma mensagem mal
formatada e sem correção, o que demonstra uma imagem pouco con ável ou

052
de desleixo. Além disso, adapte a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são
mais infantis, outras é difícil de ler em smartphones, etc.
4. Apresente o objetivo da mensagem logo no início, deixando tudo claro e
facilitando o entendimento. Para isso, escreva o texto com frases curtas, elas são
mais fáceis de processar.
5. Procure usar palavras simples, que são facilmente compreendidas. Utilize
também uma diagramação arejada, ou seja, parágrafos curtos, o que faz com o
que o texto não se torne cansativo.
6. Antes de escrever, se tiver di culdade, pontue todos os temas que deseja
abordar, e se forem muito distantes um dos outros, estabeleça subtítulos. Por
m, leia tudo o que escreveu e revise em busca de possíveis erros e expressões
incorretas. Lembre-se: quanto mais você escreve, mais se aprimora!

Fonte: BARBOSA, R.M. Catho, 2018. Disponível em: CATHO . Acesso em 11 maio
2019.

Erros comuns
Erros gramaticais são os mais comuns na redação de qualquer e-mail ou outro tipo de
mensagem. Às vezes, pode se tratar de um erro de digitação, mas outras vezes, talvez
você apenas não conheça a gra a correta de alguma palavra. Pode parecer algo bobo,
mas em um mercado competitivo, até um erro como esse pode reduzir sua
credibilidade diante da concorrência.

E mais: todos nós sabemos que o português não é dos idiomas mais fáceis, mas com
as ferramentas de correção automática de texto disponíveis em softwares, não existe
desculpa para não dar aquela revisada antes de enviar o seu e-mail.

Repetir palavras

Quem trabalha com vendas, por exemplo, está acostumado a ter a rotina interrompida
inúmeras vezes ao longo do dia. Por isso, nem sempre é fácil sentar para escrever um
e-mail com calma sem receber uma ligação no meio do processo. Como consequência,
na hora de retomar a redação, você pode acabar repetindo palavras que já havia
escrito sem nem perceber. Nada que uma rápida releitura não resolva.

053
Errar a grafia do nome ou da empresa do cliente

É o tipo de erro que pode dar a entender que o emissor não está interessado no seu
próprio cliente. Enquanto algumas pessoas podem não ligar, outras podem até
mesmo se ofender. Mais uma vez, nada que uma rápida revisão não resolva.

Se você está conversando com um cliente ou empresa de gra a complexa, é melhor


manter a atenção redobrada! Na dúvida, copie e cole o nome a partir de alguma fonte
segura, como o site da empresa ou algum e-mail anterior do cliente.

Errar a grafia do nome da sua própria empresa

Este é outro erro difícil de engolir, mas que acontece com bastante frequência.
Certamente é menos grave do que errar o nome da empresa do seu cliente, mas não
deixa de ser um problema facilmente evitável.

Não utilizar parágrafos

O parágrafo funciona como se fosse um pedaço do discurso que expressa um mesmo


pensamento, além de quebrar o texto em parágrafos ajuda bastante na leitura. Se
você já precisou ler um longo bloco de texto, vai concordar que a experiência não é
das melhores.

Utilizar um discurso vago ou evasivo

Vamos ser honestos: ninguém gosta de receber um e-mail com ofertas ou propostas
de produtos ou serviços. Você até pode acabar adquirindo aquilo que foi oferecido no
e-mail, mas a reação inicial não costuma ser tão positiva.

Talvez por isso que tantos vendedores pareçam ter receio de escrever um e-mail de
vendas. O pior é que, muitas vezes, isso acaba sendo percebido no próprio conteúdo.
É como se o vendedor estivesse com vergonha de demandar a atenção do seu possível
cliente. O resultado disso costuma ser frases excessivamente longas que podem
provocar ainda mais dúvidas no cliente. Ao invés de escrever “Você, por um acaso,
estaria interessado em agendar uma conversa para debatermos melhor a questão?”,
busque ser objetivo e honesto em relação às suas intenções, optando por algo como
“O que acha de agendarmos uma conversa de 15 minutos para eu te apresentar
melhor o produto?”. Vai utilizar e-mail para realizar o primeiro contato com um
possível cliente? Con ra algumas dicas:

054
Preste atenção na formatação: quando você copia algum texto de
uma página na internet e o cola no corpo de um e-mail que você está
escrevendo, é comum que a formatação original do trecho copiado seja
mantida no e-mail. Quando se fala em formatação, nos referimos a
detalhes como tamanho e tipo de fonte, por exemplo.

Se você já recebeu algum e-mail em que parte do conteúdo está escrito


com uma fonte de um tamanho, enquanto em outra parte o tamanho é
diferente, então você já se deparou com esse tipo de erro. Não é lá um
problema assim tão grave, mas pode di cultar a leitura e fazer com que
o e-mail pareça amador e desleixado

Leia mais, escreva mais e peça ajuda: é sempre válido frisar: o


português não é um idioma fácil. Ninguém espera que sua redação seja
perfeita, mas saber se comunicar a partir da escrita é uma habilidade
que deve ser desenvolvida por qualquer vendedor.

Para algumas pessoas, no entanto, escrever é um pouco mais difícil do


que para outras. Ainda assim, é necessário entender que a redação não
é um dom, mas uma competência. E, como qualquer competência, ela
pode ser aprimorada.

Você pode melhorar sua redação lendo e escrevendo. Simples assim! E,


quando surgir alguma dúvida, basta perguntas para algum colega. As
sugestões de outras pessoas podem nos ajudar a melhorar a qualidade
de um texto e, com o tempo, escrever bem se torna natural.

Fonte: Disponível aqui

Os avanços tecnológicos deixaram a troca de mensagens mais veloz com a ajuda dos
computadores e do espaço virtual – a web. Hoje, a comunicação entre empresas - ou
pessoas jurídicas, pro ssionais autônomos, etc. - ou dentro da própria empresa
acontece em segundos.

055
Por meio dos recursos da Intranet, os veículos online se ampliaram. Têm-se à
disposição e-mails, o Messenger (troca imediata de mensagens, impressas, via vídeo
ou voz), Skype (troca imediata de mensagem via voz, em tempo real), mensagens SMS
(troca de mensagens instantâneas por meio de aparelhos celulares e computadores),
WhatsApp, entre outros recursos que não cabe, neste momento, aprofundar.

Todavia, alguns cuidados necessitam ser tomados para que a comunicação ocorra sem
ruídos quando enviada por meio da web: 

construir mensagens breves, com economia de palavras, mas com conteúdo;


ser claro, objetivo e conciso, sem repetições de palavra;
não deixar de informar dados fundamentais na mensagem;
adequar a fonte ao texto do e-mail: algumas fontes são mais infantis, outras é
difícil de ler em smartphones, etc.
colocar sempre no texto uma frase que sugira a con rmação do recebimento da
mensagem.
NÃO ESCREVER A MENSAGEM EM CAIXA ALTA para não dar a impressão de que
está bravo, pois na linguagem digital essa é a função de um texto escrito todo em
letra maiúscula: dar uma bronca!

Nos meios virtuais, sempre que disponível, é recomendável a utilização do recurso de


con rmação de leitura. Caso não seja viável, deve constar da mensagem con rmação
de recebimento. Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio
eletrônico tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceita como documento
original, é necessário existir certi cação digital que ateste a identidade do remetente,
na forma estabelecida em lei.

056
Como NÃO escrever um e-mail:

Olá, Bom dia!

Escrevo para lembrar sobre o e-mail que passei no outro dia, assunto de seu
interesse. Espero que já tenha resolvido aquilo e já esteja resolvendo outro
sobre o qual conversamos pessoalmente.

Nesse exemplo, ca impossível saber do que se trata e quem enviou.


Assim, não use palavras inde nidas e demonstrativas sem referências:
“no outro dia”, “aquilo”, “outro”, “seu colega de trabalho”. Outra
Informação interessante é sobre as saudações “Bom dia, Boa tarde e
Boa noite”. Se o e-mail é uma correspondência digital, não se pode
prever quando e em que horário o receptor irá ler. Por isso, pre ra o
horário em que você, emissor, está escrevendo, independentemente do
período em que o receptor vai ler. O “Olá” é totalmente aceito nesse
tipo de correspondência, bem como desfechos tais como “Abraços” e
“Saudações”. Formalidades que vão além dessas formas (“Estimas de
consideração”, “Meus votos de respeito e felicidades”, etc.) podem
parecer arrogante demais - ou no mínimo mostra que a pessoa ainda
vive em uma variação histórica antiga” E é importante destacar que
responder mensagens muito tempo depois demonstra ine ciência.

Adaptado de França, 2013.

057
Vícios na Comunicação Comercial
É denominado “chavão” (ou clichê) o vício de estilo incorporado como linguagem do
texto empresarial. Alguns chavões contêm erros gramaticais ou de signi cado, mas
outros são apenas expressões que, de tanto uso, se tornaram muletas que convêm
evitar, uma vez que não conferem ao texto a necessária autenticidade e atrapalham a
e cácia do texto. Assim, os chavões assumem papel negativo não só de concepção do
texto como antiquado, mas também de falha no poder de mobilização do leitor.

Veja o que nos diz o jornalista Renato Paiva:

“Por volta 1880, o poeta parnasiano Luiz Guimarães escreveu o verso


‘depois de um longo e tenebroso inverno‘ na poesia ‘Visita à Casa
Paterna’. Os leitores acharam tão bonito que nunca mais deixaram de
repeti-lo, mesmo não sabendo quem escreveu e em que contexto. Pela
recorrência, o que era agradável cou cansativo e chato. Assim nascem
os chavões, clichês ou lugares-comuns, que são palavras e expressões
tidas um dia por interessantes ou bonitas, mas que se desgastaram pela
repetição.

O leitor mais exigente torce o nariz (chavão proposital) quando lê


expressões tais como ‘luz no m do túnel‘, ‘fechar com chave de ouro‘,
‘lugar ao sol‘, ‘requintes de crueldade‘, ‘acreditar piamente‘, ‘comédia de
erros‘, ‘do Oiapoque ao Chuí‘, ‘merecidas férias‘, ‘caixinha de surpresa‘ e
outras centenas ou milhares que empobrecem artigos, reportagens e
relatórios.

Modismos, que são os clichês usados em um determinado momento,


estimulados pelos meios de comunicação abundam nos jornais,
principalmente colunas sociais: ‘No agito‘ dos ‘ricos e famosos‘ a fulana
‘causou’ (...) Estas coisas acontecem por preguiça de pensar, pois é mais
fácil repetir o que já está pronto economizando esforço.

Claro que a língua é dinâmica e que palavras entram e saem do uso


conforme a vontade dos falantes. Mas os casos de repetições citados
são estimulados pelos meios de comunicação, que deveriam cuidar
melhor dela (a língua), pois é sua matéria prima.”

058
Você já deve ter ouvido e falado inúmeros chavões sem perceber. Quem
nunca falou que o fulano “dispensa apresentações”? Ou teve uma
atuação impecável, cometeu um erro gritante, teve uma calorosa
recepção, algo ou alguém teve uma importância vital num
acontecimento, o Beltrano é a bola da vez, tal coisa caiu como uma luva,
o Cicrano entrou em rota de colisão com o Fulano, outro fugiu da raia, e
tudo voltou à estaca zero, e depois de marcar um gol, a seleção só
administrou o resultado? Pois leia mais sobre chavões e clichês no texto
do jornalista Mouzar Benedito em:

Fonte: Disponível aqui

Vamos estudar alguns chavões a serem evitados na redação comercial e técnica:

Chavões de introduções

“Viemos, através desta, solicitar”

Ora, ninguém, a não ser o super-homem, consegue ver “através” de algo. A palavra
através signi ca atravessar, fazer travessia. Portanto, pode-se ver através da vidraça,
pode-se enriquecer através dos anos, mas não se pode, por exemplo, “aprovar o
aumento através de decreto-lei, pois o decreto-lei não é atravessado, para que o
aumento aconteça; pode-se somente “aprovar o aumento por meio do decreto”.
Portanto, não é correta e não deve ser usada a expressão “através desta carta”, mas
sim por meio, mas não nesta situação frasal, pois não há outra carta por onde vir, a
não ser só por meio da mesma.

“Venho, pela presente, solicitar a V. M.”

Já que pela ausente não se solicita nada, a expressão pela presente torna-se,
obviamente dispensável. Só há uma carta: a presente, só se poderá vir por meio dela.

059
“Solicitamos a V. Sa. a inclusão de João Amaro”

O pronome de tratamento V. Sª. só será utilizado quando o destinatário exigir tal


formalidade, ou por ser de hierarquia superior dentro da empresa e houver tal
orientação, ou por se tratar de destinatário externo, em que se deseja manter tal
formalidade.

No caso de colegas do mesmo nível hierárquico, esse pronome pode ser suprimido,
resultando em um texto com maior empatia e maior e cácia comunicativa.

“Acusamos o recebimento do e-mail”

Hoje em dia não se deve utiliza o verbo acusar nos textos empresariais, devido ao seu
signi cado na atualidade. Diga apenas “Recebemos/Recebi seu e-mail”.

“Em resposta ao contrato referenciado”

A palavra “referenciado” nem existe! - e mesmo assim é tão usada por aí... Substitua-a
por uma das formas: mencionado, referido ou citado.

Chavões de desfechos

“Reiteramos os protestos de elevada estima e consideração”

Esse fecho, exemplo clássico de chavão, utilizado em ofícios e insistentemente usado


por setores do judiciário, está fora de uso desde 1982, quando a Instrução Normativa
nº 133 do Departamento de Administração do Serviço Público recomendou a sua
substituição por fechos mais simples. E como alguém ainda consegue usar isso na Era
Digital?

Além disso, falta coerência de sentido ao chavão citado, pois não se podem fazer
votos, isto é, desejos de estimar (sic) alguém; pode-se desejar prosperidade, saúde,
felicidades, mas a estima e a consideração se adquirem pela convivência e não por
desejo, concorda?

 “Sem mais para o momento”

Quando se analisa o signi cado dessa frase, percebe-se que ela indica que não há
mais nada para acrescentar. Se o texto terminou, é lógico que é sem mais. Portanto, só
deve ser usada em comunicações em que não se pretenda encerrar de forma polida,

060
como em cartas de cobrança ou similares. O uso da expressão está condicionado à
continuidade da comunicação, em relação à mensagem veiculada.

REFINE SEU VOCABULÁRIO CORPORATIVO

Em 2015, o jornalista William Bonner recebeu o prêmio Melhores do Ano da TV Globo


na categoria jornalismo. Ao ser perguntado sobre qual era o sabor daquele troféu,
especialmente após substituir um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro − o
apresentador Cid Moreira −, Bonner respondeu enfaticamente: “Eu não substituí o Cid,
eu o sucedi. Seria impossível substituí-lo”.

Os verbos “substituir” e “suceder” podem, a princípio, parecer quase sinônimos. No


entanto, para Bonner, a opção por “suceder” foi muito mais feliz. “Suceder” soa mais
natural que “substituir”, enquanto “substituir” é muito mais apropriado para uma
lâmpada do que para uma pessoa. Pequenas sutilezas como essa fazem toda a
diferença na comunicação.

Muita leitura e um dicionário sempre à mão na hora de escrever são as principais dicas
para quem deseja re nar o vocabulário. É importante ressaltar a diferença entre
“re nar” e “rebuscar”. O primeiro conceito está muito mais próximo de “lapidar”,
trabalhar para escolher as palavras que melhor exprimem a mensagem desejada. Já o
segundo signi ca “ orear, so sticar sem necessidade”.

Não faz sentido em um jantar familiar dizer “Por obséquio, passe-me o sal”. Note que
no exemplo de William Bonner, ele não usa nenhum rebuscamento. No entanto, ele
procura a palavra exata para exprimir sua mensagem. O re namento assemelha-se a
um trabalho mais artesanal.

Escolher as palavras certas pode ser um diferencial positivo na carreira de um


pro ssional. Por isso, mãos à obra. Veja abaixo alguns exemplos de frases em que é
possível optar por um vocabulário mais re nado e preciso:

Recursos vocabulares

Na sala cabem vinte pessoas.


A sala comporta vinte pessoas.

Eu tenho cinco convites para esse setor.


Eu disponho de cinco convites para esse setor.

061
Suas observações foram passadas para o gerente.
Suas observações foram encaminhadas ao gerente. 

Os documentos têm informações con denciais.


Os documentos contêm informações con denciais.

Puseram um aviso no painel.


A xaram um aviso no painel. 

A atendente me deu informações imprecisas.


A atendente me forneceu informações imprecisas.

Enviarei a proposta para você ver.


Enviarei a proposta para você analisar/avaliar. 

Vou pôr o dinheiro no banco.


Vou depositar o dinheiro no banco. 

A certi cação é a atual meta da empresa.


A certi cação representa a atual meta da empresa.

Os gerentes tiveram momentos difíceis.


Os gerentes viveram momentos difíceis.

OBS: No mundo corporativo, tem-se notado o uso do verbo “experenciar”. Tal termo ainda
não consta do vocabulário o cial da língua portuguesa, por isso, cuidado em que local você
vai utilizá-lo! Pre ra “viver uma experiência” ou “passar por uma experiência”.

Fonte: adaptado de Disponível aqui . Acesso em 30 maio, 2019.

062
07

Comunicação no
Atendimento

063
“Os"Já não basta simplesmente satisfazer clientes. É preciso encantá-los".
                      
Richard Whitely, jornalista e apresentador britânico

Para Chiavenato (2006), “comunicação é a troca de informações entre indivíduos.


Signi ca tornar comum uma mensagem ou informação. Constitui um dos processos
fundamentais da experiência humana e da organização social”. E comunicar-se bem
pressupõe falar bem. Um atendimento, um encontro pro ssional ou uma venda
passam por processos de comunicação intensos, nos quais as pessoas possuem
interesses particulares: um de se fazer entender, outro de entender para realizar o que se
pede. Para tanto, habilidades de comunicação são exigidas.

Habilidades de
Comunicação
Um bom administrador, gestor ou vendedor é sinônimo de um bom comunicador, e ser
um bom comunicador signi ca interagir de várias formas. Veja:

064
Acreditar no seu potencial e na sua capacidade de realizar aquilo que
deseja,
Comunicar- saber valorizar-se e reconhecer-se como uma pessoa capaz de lidar com
se bem situações e clientes difíceis e sentir-se um vencedor são jeitos de manter
consigo uma comunicação constante com você mesmo. Essa autoestima
mesmo certamente será percebida pelo cliente. Como outra pessoa vai valorizar e
reconhecer alguém
que não se dá o devido de valor?

Saber ouvir é uma das grandes di culdades na comunicação de


atendimento, e ouvir também é valorizar o outro, estudar suas
características e cultivar o hábito da empatia - colocar-se no lugar do
Ser todo
cliente, entender suas limitações e seus valores, aquilo que preza ou
ouvidos
detesta, respeitar profundamente seus direitos de ser diferente e ter seus
próprios pensamentos. Um bom vendedor sabe compreender e, a partir
disso, criar um clima favorável para realizar o atendimento.

A primeira impressão que causamos ui por meio da aparência. Tenha


Usar a
sempre os cabelos cortados, os sapatos e as roupas limpas. Ao falar,
expressão
acompanhe a sua fala com gestos adequados ao conteúdo e ao contexto,
corporal a
mas sem exageros. Olhe nos olhos do cliente e movimente seu corpo de
seu favor
forma equilibrada.

É comum você ver atendentes com as mãos en adas nos bolsos, de braços
Use bem cruzados ou fazendo movimentos repetitivos sem sentido. Com esse tipo
a voz de comunicação, seu corpo está falando que não está a m de atender ou
que o está fazendo automaticamente. Cuidado.

Parte daquilo que transmitimos não está no conteúdo da mensagem, mas


Cuide em como fazemos a imposição da voz. Por isso, nosso jeito de falar é capaz
do bom de passar a nossa carga emocional, e o nosso interlocutor percebe como
português estamos. É preciso falar com clareza, pronunciar as sílabas, variar o volume
e a tonalidade e expressar de maneira agradável os nossos argumentos.

Fonte: adaptado de Passadori, 2013.

A comunicação passa pela linguagem, e é possível praticar diariamente a habilidade de


demonstrar excelência em atendimento por meio da fala. Analise a lista de dicas a
seguir e escolha uma ou mais por dia para pôr em prática!

Nunca deixa de incluir o sorriso no seu cumprimento de boas-vindas, pois isso


facilita a aproximação com o cliente. Sempre que possível, chame-o pelo nome e
procure pronunciá-lo corretamente.

065
Mesmo fora de seu setor, cumprimente a todos: colegas de trabalho e clientes
que circulam pelo local. A gentileza não precisa se restringir ao seu setor de
atuação, mas faz toda a diferença quando o cliente percebe o ambiente receptivo
da empresa mesmo entre aqueles que não vão atendê-lo. Isso fortalece a marca
da instituição.
Iniciar o contato com uma expressão do tipo “Em que posso ajudá-lo?” está de
bom tamanho: simples e neutro.
Exclua as palavras de conotação negativa do seu vocabulário. Se você não tiver
aquilo de que seu interlocutor precisa no momento, não fale "Infelizmente não
temos X agora", mas  "Vou providenciar e nos falamos em uma semana".
Não diga que o produto ou serviço "custa $". Pre ra "O valor é de $”.
Ainda quanto ao valor, não diga o preço em parcelas primeiro. O cliente precisará
fazer contas para chegar ao preço nal, que muitas vezes é superior ao valor que
pagaria à vista.
Evite o uso de termos técnicos. O cliente pode car incomodado por não
entender e envergonhado de pedir esclarecimentos, frustrando assim suas
expectativas de compra. Abreviações e siglas também devem ser evitadas.
Evite termos íntimos ou no diminutivo ao falar com o cliente. Adjetivos como
"camarada", “querido(a)”, “ or” podem causar desconforto e uma proximidade
inexistente. Chame pelo apelido apenas se o cliente assim pedir ou se o
relacionamento já é de longa, longa data.
Cuidado com os "achismos". Tenha certeza daquilo que está falando. Se você
usar muito “eu acho”, “não tenho certeza”, “talvez” ou “provavelmente”, pode
parecer que você não tem domínio sobre os dados do produto/serviço.
O ambiente da loja também conta como canal de comunicação para um bom
atendimento. Se puder, contribua com a escolha cores claras e uma boa
iluminação.
Quando atendendo um casal, dê atenção primeiro à fala da mulher e em seguida
volte-se ao homem. A decisão da compra geralmente é DELA, e não DELE.
Nunca use frases que se confundem com uma ordem. Ninguém gosta de ouvir
algo como “O senhor tem que assinar aqui”. Uma expressão cordial (com o uso
de “por favor”) tem mais valor: “Por favor, pode assinar nesta linha?”
Diante de um interlocutor autoritário, tente usar de sua habilidade para
contornar qualquer mal entendido. Caso perceba que uma determinada situação
pode piorar, procure ajuda de seu supervisor ou gerente, mas nunca entre em
um embate direto.

Fonte: Spadoto, 2018.

066
Quer mais algumas dicas de especialistas sobre atendimento ao cliente
(ou sobre erros de atendimento)? Dr. Plínio Tomaz, consultor
empresarial, fala neste podcast sobre “Os 10 Piores Erros do
Atendimento ao Cliente”.

Fonte: Disponível aqui

067
Ferramentas de
Multiatendimento
Existem vários tipos de atendimento que vão ajudar a empresa a se relacionar melhor
com os seus clientes. Investir em multiatendimento é essencial, mas tudo deve ser
feito com muito cuidado e sensibilidade. Algumas dessas estratégias são bem
conhecidas do público empresarial, como o telefone e o e-mail, entretanto, outras
formas têm conquistado cada vez mais espaço no mercado de contact center.

1. Telefone e e-mail: São as ferramentas mais comuns de quem quer fazer um


atendimento de qualidade. Por serem os mais antigos e conhecidos, eles têm um
lugar especial nas estratégias de relacionamento. O telefone xo, por exemplo, é
essencial em qualquer empresa, independentemente do tamanho, segmento ou
advento da telefonia móvel. Ele traz uma sensação de credibilidade e
formalidade, algo necessário para que o cliente con e cada vez mais no seu
negócio. O e-mail também tem um apelo parecido, além de ter um custo bem
baixo e servir como um banco de dados importante para você avançar com suas
estratégias de comunicação.
2. Chat online: se sua empresa tem capacidade ter uma equipe própria para cuidar
do atendimento ao consumidor, pode investir em um chat online dentro do seu
site. Assim, a pessoa não precisa ligar ou esperar a resposta de um e-mail para
resolver um problema imediato. O chat online é uma tendência que vai continuar
forte por muito tempo, pois é uma alternativa que agiliza a comunicação e
diminui o tempo de resposta, satisfazendo o cliente.
3. WhatsApp: é inegavelmente a mais nova forma de prestar atendimento ao
público. Com o aplicativo, você tem contato direto com seus clientes e pode
oferecer a eles novos produtos, ofertas e promoções, além de resolver
diretamente os problemas que eles por acaso tiverem. Embora fosse uma
ferramenta cada vez mais popular, é aconselhável não exagerar no seu uso.
Mandar propaganda em excesso pode fazer com que o cliente se sinta invadido e
bloqueie o seu número. A chave desse aplicativo é ter bom senso.
4. ChatBot: uma nova forma de aprimorar o atendimento e o relacionamento com
os clientes é o ChatBot. Caso você ainda não saiba do que se trata, o ChatBot é
um programa-robô de atendimento programado para “conversar” com o cliente
em busca de uma solução imediata. O sistema pode ser aplicado não só para
atendimento ao cliente, mas também na geração de leads, realização de
pesquisas, agendamentos e reservas e entretenimento. O ChatBot funciona 24
horas por dia, sete dias por semana. Erros por distração não acontecem, e o
atendimento é excelente mesmo com vários clientes simultaneamente, mas a

068
equipe responsável pelo funcionamento do ChatBot deve estar muito bem
preparada, caso contrário, o sistema será um fracasso.

Independente da área de atuação administrativa em que você trabalha, saber como


lidar com as outras pessoas é essencial para que a imagem da sua marca não seja
arranhada e que a propaganda boca a boca tenha efeito - de forma positiva, claro. A
Exame.com listou quatro coisas que os clientes esperam de uma empresa:

RESPEITO CRIATIVIDADE AGILIDADE CREDIBILIDADE

Falta de ânimo
Não use o
não combina
Coloque-se no lugar mesmo Consistência no
com
do cliente e lembre-se discurso : discurso e na prática é
atendimento,
das atitudes aquela história o que leva uma
mas ser proativo
grosseiras que podem de que o empresa a ter
não signi ca
afastar o cliente. O produto é credibilidade no
despejar
primeiro contato é perfeito para mercado. Se um
infomações em
crucial, pois o você é um vendedor falta com a
cima do cliente.
vendedor está falando clichê que não verdade ou mente, isso
Foque em ajudar
em nome da empresa convence. O É catastró co. Caso o
o cliente a
e, por mais que o ideal é sugerir vendedor não tenha a
entender o que
cliente esteja em um até três informação que o
ele quer e o que
dia ruim, as boas opções que consumidor necessita,
vai comprar. Só
maneiras devem ser atendam à a sinceridade é o único
não vale tentar
mantidas. Todo necessidade caminho. “Quero me
empurrar coisas
mundo gosta de ser do cliente. certi car de que não
que não tem
bem tratado, aind Fuja do script, lhe darei uma
nada a ver com o
mais quando se está mas esteja informação errada” é
cliente para
solicitando um serviço atento à uma das frases que ele
terminar o
ou produto. realidade do gostaria de escutar.
atendimento
cliente.
logo.

Fonte: adaptado de Disponível aqui

Deixe sua comunicação mais simples!

Há quem pense que se comunicar adequadamente no mundo corporativo é ser


extremamente formal, mas por pensar dessa forma, alguns pecam pelo excesso de
formalidade. Veja como deixar a sua comunicação mais simples, porém ainda formal:

069
No lugar de: Escreva:
Acusamos o recebimento de Recebemos
Agradecemos a atenção dispensada Agradecemos
Acima citado/ supracitado Citado
Antecipadamente gratos Gratos
Aproveitamos o ensejo para comunicar Comunicamos
Através dessa missiva, informamos Informamos
De acordo com o supracitado Conforme exposto
Essa missiva tem por nalidadeLevamos Nosso objetivo é
ao conhecimento de Informamos
No que tange Em relação a /Quanto a

Fonte: adaptado de Disponível aqui  . Acesso em 30 maio, 2019.

070
08

Oratória em
Reuniões

071
“Você nunca terá uma segunda chance de causar uma primeira
impressão” 
Danuza Leão, jornalista e escritora brasilera

Uma reunião, no seu sentido mais amplo, ocorre em diferentes contextos sociais. Ela
pode acontecer em momentos familiares, encontros com amigos, eventos escolares,
rituais religiosos, festas populares e outras situações em que um grupo se junta com
um objetivo em comum.

No âmbito pro ssional, as reuniões em uma organização são voltadas para situações
especí cas, e aqui vamos pensar em reunião como qualquer evento em que seja
preciso se projetar ao público, falar a um grupo. E, segundo Dionísio et al. (2012) as
vantagens de falar em público, no que diz respeito a atividades pro ssionais (e até
acadêmicas), são muitas. Podemos citar algumas:

projeta a personalidade do falante


propicia a autoanálise e o autoconhecimento
gera cooperação entre os colegas para com o falante
estimula a criatividade
consolida o prestígio do pro ssional
inspira credibilidade
exercita o raciocínio lógico
é um valiosos instrumento de persuasão
favorece o exercício das habilidades de liderança
fortalece o marketing pessoal e pro ssional
estabelece laços de interação e empatia
valoriza o poder de argumentação criativa
aprimora a linguagem verbal e não-verbal do emissor
proporciona mais e melhores relações interpessoais

Creio que nem seja preciso enfatizar como é necessário que o comunicador saiba falar
em público e se posicione diante dos assuntos com os quais se envolve no cotidiano
de uma organização, certo?  Mas esta aula será de grande valia para aqueles que ainda
não têm essa consciência ou querem melhorar suas habilidades oratórias.

072
Habilidades oratórias e
princípios gerais
Segundo Dionísio et.al.,

Em vários momentos, falar em público é tão decisivo quanto garantir


a sobrevivência da democracia. Tem sido assim desde a Antiguidade,
nascedouro dos grandes oradores, e ainda hoje, quando um país
como o Brasil se vê em um longo processo de estabilização e
consolidação dos valores democráticos. Em uma sociedade em que
vozes podem (e devem) ser ouvidas, falar em público com
propriedade, com o domínio do tema e dos recursos de expressa da
fala e dos gestos constitui um dos momentos mais importantes de
partilha da informação e do conhecimento. Desde oradores como
Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.). Cícero (106 a.C. - 43 a.C.) e Quintiliano
(30 d.C - 95 d.C.) até dos oradores modernos, ler o mundo, a apalavra
escrita, acompanhada pelo pensar, escrever e bem dizer apresenta-se
como uma harmoniosa continuidade. (DIONÍSIO ET. AL., 2012, p.177).

Assim, mostrar habilidades oratórias na atualidade é ser dotado de algumas das três
inteligências múltiplas desenvolvidas por Howard Gardner (1995), psicólogo da
Universidade de Harvard:

Inteligência linguística - é ter sensibilidade para os sons, ritmos e signi cados das
palavras. É a principal habilidade para usar a linguagem para convencer ou estimular o
público.

Inteligência interpessoal - é a habilidade para entender e responder adequadamente


a pessoas de diferentes humores, temperamentos e desejos. É bastante apreciada em
psicoterapeutas, professores, político, gestores e vendedores.

Inteligência intrapessoal - é o equivalente interno da inteligência interpessoal: é a


habilidade de entender os próprios sentimentos, desejos e ideias para saber usá-los
na solução de problemas pessoais. Trata-se de reconhecer suas habilidades, sonhos e
necessidades e de formular uma imagem clara de si próprio para usá-la em meios
sociais de forma efetiva.
Os princípios gerais para uma boa apresentação também devem ser considerados
com cuidado.

Vejamos:
073
Grande parte da insegurança de falar em público vem da dúvida do
emissor quanto ao seu conhecimento sobre o tema. Assim, é necessário
estudar o assunto, ainda mais quando houver a possibilidade de os
Domínio do receptores fazer perguntas. A credibilidade do orador depende disso, e o
tema ritmo da fala e a espontaneidade dos gestos e palavras resultam desse
domínio do assunto.

Cada público exige uma abordagem diferente: quem fala com os colegas
de trabalho procura ter uma postura diferente do que se sua
Conhecer o comunicação fosse dirigida a experientes pro ssionais da área. Essa
público diferenciação acontece basicamente no nível a linguagem.

Visitar e avaliar o local no qual se irá palestrar. Veja a disposição dos


assentos em relação ao palco, a luminosidade, a acústica, etc., pois
Conhecer o elementos do espaço físico podem atrapalhar a apresentação caso não
espaço físico se conheça com antecedência.

Uma pesquisa realizada pela UCLA (Universidade da Califórnia) revelou


que somente 7% do impacto da mensagem decorrem do conteúdo, 38%
da intensidade e velocidade da voz e 55% de gestos, postura e contato
visual. Isso signi ca que devemos ngir quem não somos em uma
apresentação? Não. Todos possuímos máscaras sociais que nos ajudam
a interagir em sociedade, mas nada justi ca tentar ser em público aquilo
que você não é. A dica é não exagerar na imposição da voz e não
Naturalidade pronunciar as palavras como se você as tivesse lendo.
de expressão
corporal Assim, se o orador cometer algum erro técnico, mas se comportar de
maneira natural e espontânea, a plateia vai continuar aceitando bem a
mensagem. Do contrário, os receptores podem achá-lo arrogante e
forçado. O segredo é você preservar suas características pessoais e seu
estilo de comunicação, adaptando-o para se sentir con ante na
apresentação.

Não con e na Memorizar palavra por palavra para uma apresentação é muito
memória arriscado, pois caso seja necessário falar de improviso, o orador não vai
saber contornar o problema. Fazer um roteiro da apresentação é o ideal.

074
Anote uma ideia, conceito, frase ou palavra-chave para que você
comente e os amplie, discuta e exponha até que essa parte da
mensagem se esgote.

Em certos momentos, os desvios gramaticais podem até dar uma uidez


ao discurso, mas há erros graves que devem ser observados e evitados,
Cuidado com tais como erros de concordância, gerundismo e outros vícios - que serão
a linguagem vistos nesta disciplina mais adiante. Gírias também devem ser evitadas.

O bom humor dá leveza à apresentação e cria empatia com o público.


Mas cuidado com o exagero! - na dose certa, provoca risos e serve como
termômetro se a plateia está gostando ou não. Todavia, nunca deixe que
Ter bom
a apresentação se transforme em um show de humor: usar qualquer
humor
pretexto para fazer graça coloca a credibilidade do orador em risco.

A atenção com a apresentação pessoal envolve cuidados básicos -


aparência, roupa, modo de sorrir e de gesticular, etc. - mas se for
negligenciada, coloca em risco a gura do orador e seu empenho em
cativar a plateia. O orador está diante de olhares que o percorrerão de
Apresentação
cima a baixo e que farão julgamentos inevitáveis sobre sua aparência.
pessoal
Portanto, para que o primeiro pensamento sobre você não seja algo
relacionado a um descuido com a apresentação pessoal.

Fonte: adaptado de Melo in Dionísio et al., 2012

075
Você já se sentiu como se, ao falar, ninguém ouvisse? Julian Treasure
está aqui para ajudar. Neste TED talk, palestra bastante útil, o
especialista em comunicação e empreendedor demonstra como falar
poderosamente; desde exercícios vocais até dicas de como falar com
empatia. Uma palestra que pode ajudar o mundo a soar mais bonito.
Vale a pena assistir!

Fonte: Disponível aqui

Recursos didáticos
Borges (2013) oferece um guia prático de recursos didáticos bastante úteis para todos
que precisam lidar com apresentações - e isso é inevitável - no meio acadêmico,
pro ssional e outros.

076
Quadro negro

Vantagens Desvantagens

Maçante quando usado em


Disponível em quase todos os locais;
demasia;
Desenvolvimento progressivo durante a
Prática exigida para o layout;
apresentação/aula;
Facilmente desordenável;
Facilmente apagável;
Tendência a escrever fora de
Fácil participação do ouvinte/aluno.
nível.

Indicações

Método espontâneo;

Bom para grupos pequenos (2 a 20 pessoas) em salas iluminadas;

Desenhos e grá cos devem ser simples e de fácil cópia.

Dicas

Cuidado com o giz e seu pó;

Use cores para ênfase;

Escreva legivelmente;

Leia alto o que escreve, mantém a atenção do grupo;

Não deixe muita coisa sempre escrita;

Limpe-o para a próxima apresentação;

Escreva da esquerda para a direita, apagando-o na mesma sequência.

077
Flipchart

Vantagens Desvantagens

Fácil de preparar antes ou durante a


apresentação/aula;

Desenvolvimento progressivo durante a


apresentação/aula;

Sequência exível, pode folhear para frente e Armazenagem;


para trás;
Não muito durável;
Folhas removíveis para colocar na parede ou
quadro-negro; Tendência do apresentador de ler para
o público.
Portátil;

Colorido ou preto e branco;

Atua como roteiro.

Indicações

Uso recomendado em grupos pequenos (2 a 20 pessoas) e salas bem iluminadas;

Bom meio informal;

Facilmente preparável;

Podemos ter acesso em qualquer ordem, embora seja usada uma sequência preparada.

078
Retroprojetor

Vantagens Desvantagens

Variedade de material disponível para


fazer transparência, com ou sem
máquina de copiar/impressora;
Distorção trapezoidal*;
O apresentador olha para o público de
frente; Arranjo na sala onde se realizará a projeção;

Sala iluminada; Tendência a copiar guras de manual ou livros


que sejam pequenos demais para reproduzir
Progressivo;
uma transparência legível.
Baixo custo;

Facilmente disponível. Facilmente


duplicado ou corrigido;
*deformação em forma de trapézio, da imagem projetada na
Colorido ou preto e branco;
tela, resultante da indicação do eixo do feixe de projeção, em
Portátil; relação à normal, ao plano da tela.

Durável.

Indicações

Grupos pequenos e médios (2 a 50 pessoas) em sala escurecida ou não;

Pode se projetada em qualquer superfície clara;

Bom meio informal;

Fácil de preparar;

Ideal para acesso aleatório;

Permite ao apresentador olhar para os ouvintes todo o tempo.

Dicas

Regras que concernem a linhas e cores do ipchart também se aplicam aqui;

Evite transparência de cópias de páginas digitadas. Se absolutamente necessário use tipo


de letra Arial, com tamanho 20, no mínimo;

Considere a possibilidade de usar transparências superpostas;

Utilize cores, canetas para retroprojetor são facilmente encontradas;

Lembre-se de usar cartão adequado para tampar a transparência toda vez que não esteja
em uso ou então desligue o projetor;

Coloque-as em molduras para facilitar o manuseio;

Mantenha-as em molduras para facilitar o manuseio;

079
Mantenha-as em número reduzido;

Leve um indicador e se possível use-o na tela e não no aparelho;

Lembre-se de utilizá-la como o quadro-negro para efeitos de construção.

Datashow

Vantagens Desvantagens

Permite uso de cores;

Movimentação;

Permite maior sequência, mediante


escolha de opções;
Alto custo do equipamento;
Fácil transporte;
Exige conhecimento de operação de software
Permite alterações até mesmo na hora; de apresentação.

Permite uso individual (autoinstrução).

Indicações

Recomendado para grupos pequenos e médios (2 a 50 pessoas) ou para uso individual;

Recursos auxiliares ao computador como datashow e vídeo projetores podem também


auxiliar na exibição de lmes.

Dicas

Planeje o roteiro do que se quer mostrar e os caminhos a serem escolhidos;

Faça sempre backup da apresentação a ser realizada;

Informe-se antecipadamente se a con guração disponível no microcomputador é


compatível como software da sua apresentação;

Chegar com antecedência su ciente para instalar no microcomputador a apresentação e


testá-la;

Veri car a existência de lâmpadas sobressalentes do equipamento de reprodução da tela


do computador (datashow, videoprojetor, canhão etc.).

080
Você é tímido? Fica nervoso quando precisa falar em público, mesmo
que sejam seus conhecidos? Leia na revista Pequenas Empresas,
Grandes Negócios “4 TRUQUES PARA PERDER A TIMIDEZ AO FALAR EM
PÚBLICO EM 5 MINUTOS”:

Fonte: Disponível aqui

081
09

Linguagem Corporal
e Expressão Oral

082
Linguagem Corporal
“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam, de
toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram.” -
Machado de Assis

Voltando à linguagem não verbal, devemos nos atentar para o fato de que assim como
acontece com a linguagem verbal, a compreensão da linguagem corporal nos ajuda a
entender melhor nosso semelhante e nos possibilita agir de maneira inteligente e
respeitosa, além de desenvolver um melhor relacionamento com as pessoas, seja no
âmbito familiar, pro ssional ou social. Também, como na linguagem verbal, o corpo
fornece pistas acerca da pessoa que você é - como pensa e vê o mundo.

No ambiente pro ssional, por exemplo, a linguagem corporal é fortemente valorizada,


pois a importância dela para quem lida com um público reside no fato de muitas
pessoas carem inseguranças ou relutarem em comunicar abertamente suas
intenções. No entanto, é enfatizada também nesses contextos a necessidade de se
levar em conta todo o contexto e o tipo de personalidade das pessoas e do público
com quem você lida.

Tim Connor, presidente do Connor Resource Group, traçou regras básicas


amplamente aceitas de tipos comuns de comportamento humano no meio
pro ssional e o que o cliente/interlocutor provavelmente está pensando ou sentindo:

Abertura

Mãos abertas
Tirar o casaco ou blazer
Aproximar-se
Inclinar-se para a frente
Descruzar as pernas
Braços cruzados suavemente sobre as pernas

083
Entusiasmo

Pequenos sorrisos ou risadas


Corpo rme e ereto
Mãos abertas, braços estendidos, olhos alertas
Voz bem modulada e com energia 

Defesa

Corpo rígido
Braços/pernas cruzados fortemente
Contato visual reduzido
Lábios contraídos
Cabeça baixa, com queixo sobre o peito
Punhos cerrados
Dedos entrelaçados sobre braços cruzados
Jogar-se para trás na cadeira

Avaliação

Cabeça levemente inclinada para o lado


Sentar na ponta da cadeira e inclinar-se para frente
Mão na parte da frente do queixo ou na bochecha
Coçar o queixo       

Nervosismo

Limpar a garganta
Morder (lábios, unha, dedo, etc.)
Cobrir a boca quando fala
Puxar o lóbulo da orelha
Abrir os olhos
Caretas
Contorcer mãos ou lábios
Boca entreaberta
Brincar com objetos
Ficar trocando o peso de uma perna para a outra (quando em pé)
Tamborilar os dedos

084
Ficar mexendo o pé

Rejeição ou dúvida

Coçar o nariz
Coçar os olhos
Franzir o cenho
Pernas e braços cruzados
Corpo em posição de “fuga”
Limpar a garganta
Esfregar as mãos
Levantar as sobrancelhas 

Suspeita

Pouco contato visual


Resistência a olhar “olho no olho”
Ficar olhando para os lados ou por sobre o ombro
Coçar o nariz
Ficar olhando por sobre os óculos

Confiança, autoridade

Jogar-se para trás na cadeira com as mãos atrás da cabeça


Postura orgulhosa
Cabeça alta, com queixo levantado
Contato visual rme, sem piscar

Frustração

Mãos apertadas rmemente


Balançar punhos fechados
Respiração curta, porém controlada
Olha ‘através’ de você
Passar as mãos no cabelo
Bater os pés no chão 

085
Chateado, indiferente

Mãos ‘segurando’ a cabeça


Olhos sonolentos
Postura relaxada demais (largada)
Ficar mexendo com pés, mãos, dedos
Balançar as pernas
Olhar vazio
Pouco contato visual
Boca “mole”.

Fonte: adaptado de Disponível aqui

A linguagem corporal é só uma parte da história. Você deve considerar


também seu comportamento em geral, sua natureza e seu jeito de ser
para transmitir mensagens e lidar com um público. E da próxima vez
que alguém disser que ouvir é a parte mais importante das pro ssões
que lidam com pessoas, lembre-se que o corpo também fala.

Todo ser humano tem a capacidade de se comunicar, e saber ouvir é essencial. Mas
por que existem tantas falhas e desencontros quando nos comunicamos?

O ato de se comunicar é um processo complexo - seja verbalmente, pela escrita ou por


gestos. Intencional e conscientemente ou não, a comunicação acontece. Até quando
deixamos de falar, gesticular ou escrever, estamos nos comunicando; como dizem os
vários provérbios: "Quem cala consente.", "Poupa o teu tempo e também as tuas
palavras.", "Bom é saber calar até ser tempo de falar.", "De calar ninguém se
arrepende e de falar, sempre.","Uma imagem vale por mil palavras".

086
Prevenção de falhas ou ruídos
Toda situação de comunicação está sujeita a falhas devido à presença de ruído ou
interferência - todo e qualquer fator que inter ra no processo de comunicação, como
por exemplo, distrações físicas, erros gramaticais, diferenças culturais, etc. Cada um de
nós processa informações de maneiras distintas. Assim, falhas na comunicação geram
con itos, improdutividade, prejuízos e ressentimentos.

Os ruídos na comunicação interna das empresas são erros bastante comuns no dia a
dia pro ssional, porém, muito prejudiciais para a produtividade e bem-estar no
ambiente corporativo. As falhas comunicacionais entre equipe, clientes e gestores,
muitas vezes geradas por erros corriqueiros, podem resultar em retrabalho, atrasos
em prazos e desentendimentos.

  Cada um tem uma maneira própria de se comunicar, mas algumas práticas simples
podem ser adotadas para reduzir ao máximo a possibilidade de ruídos:

1. Documente os acordos – registre sempre por e-mail decisões acordadas em


reuniões presenciais, on-line ou por telefone. Não se esqueça de deixar claro
quem cou responsável por cada tarefa, datas de novas reuniões ou eventos e
prazos estipulados.
2. Mantenha os envolvidos informados – certi que-se de que todos os envolvidos
em determinado projeto ou processo estão inteirados sobre todas as
informações necessárias, estando copiados nos e-mails e recebendo convites
para as reuniões, por exemplo.
3. Seja didático – é melhor pecar pelo excesso do que pela falta de explicações.
Quando for instruir alguém, repasse até as informações que lhe parecerem mais
óbvias, pois para o interlocutor, podem não ser.
4. Estipule prioridades e esclareça prazos – sempre que designar tarefas, deixe
claro qual é a prioridade de cada uma e estipule prazos exatos, ou seja, nunca
utilize termos como “o quanto antes”, por exemplo. Dê data e, se necessário,
horário em que você precisa receber o material desejado.
5. Envie lembretes – nas vésperas de entregas importantes, veri que se está tudo
certo com o andamento das tarefas e se o prazo acordado está mantido, assim,
você tem tempo hábil para partir para um plano B, se necessário. O mesmo vale
para reuniões agendadas, a con rmação evita deslocamentos e janelas
desnecessárias na agenda.
6. Adote canais o ciais de comunicação -   O número de pessoas e informações
que circulam dentro de uma empresa diariamente é alto, e não é difícil que uma
informação seja distorcida ou se perca. Quando a empresa não tem canais de
comunicação o ciais, qualquer boato ganha força e se espalha com facilidade.

087
Depois de analisar e estudar a organização, é mais fácil identi car quais
ferramentas e práticas serão mais e cientes. Comunicadores internos, mural, TV
corporativa, informativos impressos ou online: existem vários canais de
comunicação que podem ajudar a sua empresa a se comunicar melhor.
7. Estabeleça a cultura do diálogo - Comunicar de forma clara e ouvir com
atenção é a melhor maneira de evitar ou resolver problemas. Uma empresa
atenta aos ruídos da comunicação incentiva seus colaboradores a conversarem
entre si e com os diretores e gestores de forma clara e direta.

Expressão Oral
Segundo Vanoye (2017), existem dois tipos de comunicação oral: 

a. situação de intercâmbio: a conversa acontece com a presença real do emissor e


do receptor, e os papeis se invertem durante o diálogo. É o que acontece em uma
conversa, aula com diálogo, entrevista, etc.
b. situação de não-intercâmbio: o receptor não tem a possibilidade imediata de
responder e assumir o papel de emissor, independentemente de estar próximo
ou não. Ela pode ser unicamente oral, em que a mensagem é transmitida apenas
pela voz do interlocutor, ou pode ser mista, unindo o visual e o oral. Vemos essa
modalidade em aulas expositivas, discursos, monólogos teatrais, sermões, etc.

Brainstorming
Você já deve ter ouvido o termo brainstorming que, em inglês, quer dizer “tempestade
mental”. Trata-se de uma expressão oral do tipo situação de intercâmbio, e é uma
técnica bastante difundida que tem por objetivo a produção intensiva, por um
pequeno grupo, de ideias novas e originais.

Quando um grupo se vê diante de um problema, os participantes do grupo


apresentam suas ideais para solucioná-lo, e há toda a liberdade criativa para que
proponham ideias extravagantes e até absurdas, mas devem se esforçar para listar o
máximo número de sugestões no menos período de tempo. Ninguém do grupo está
autorizado a criticar as ideias emitidas, e devem tentar associar essas ideias com as
suas. O coordenador do grupo não manifesta reações visíveis e limita-se a reformular

088
falas confusas e encorajar igualmente todos os participantes. Há também a gura do
observador da atividade que, em silêncio, anota as ideias e faz uma lista a partir da
qual serão selecionadas as mais originais, as mais viáveis e as mais e cazes.

Gostou? Consegue pensar em alguma situação prática da sua vida para aplicá-la? Pode
ser no seu trabalho, na faculdade, na família, na igreja...

Técnicas de apresentação oral

PREPARAÇÃO

A preparação é a fase mais importante para determinar o sucesso de uma


apresentação oral. Para que ela seja bem elaborada, segue alguns passos:

De nição do tema, assunto;


Objetivo da apresentação: Qual a intenção da sua fala? Emocionar? Persuadir?
Informar? Instruir? Fazer rir? Fazer chorar? Vender? Expor?
Público Alvo: Você vai falar para quem? Quantas pessoas? Homens? Mulheres?
Jovens? Idosos? Crianças? Empresários?
Esboço da apresentação e planejamento adequado do tempo e dos recursos. É
importante organizar o roteiro de sua apresentação, de nindo o início, meio e
m, para saber se o conteúdo será su ciente ou excessivo de acordo com o
tempo que você tem para a apresentação. Conhecer os recursos que serão
utilizados também faz diferença para organizar o tempo de sua apresentação.
Estudo e atualização de conhecimentos. É muito importante estar atualizado em
relação ao tema que será apresentado. Fazer leituras e conhecer vários autores
cujas opiniões acerca do tema sejam diferentes cria uma visão ampla sobre o
assunto. Uma boa estratégia é fazer o que chamamos de antecipação das
perguntas. Imaginar aquilo que poderá ser perguntado durante a apresentação e
preparar as respostas mais adequadas é um bom exercício de atualização.

ROTEIRO

A parte oral de uma boa apresentação está relacionada com uma prévia elaboração e
estruturação realizada por meio de organização das ideias. Geralmente, essa
organização é realizada por meio da escrita. Para tanto, apresentaremos alguns
tópicos que devem ser abordados no roteiro:

089
Estrutura: introdução, corpo, resumo, conclusão;
Identi cação pessoal;
Introdução do assunto;
Síntese da estrutura da apresentação;
Especi cação dos recursos técnicos;
Referência ao tempo da apresentação;
Resumo e conclusão.

TÉCNICAS

Para vencer os aspectos negativos da apresentação oral, podemos recorrer a algumas


técnicas, estratégias e recursos. O primeiro passo é: troque palavras negativas por
positivas, por exemplo, em vez de dizer “Isso não vai dar certo”, diga “Há outras
possibilidades melhores”.

Existe também a técnica do “NÃO, MAS...”.

A palavra NÃO é negativa por natureza. Seu uso pode causar uma má impressão.
Assumir que não sabe algo é ético e preciso. Mentir pode trazer consequências
desagradáveis e criar uma imagem ainda mais negativa. Sendo assim, a técnica do
“Não, mas...” é uma saída para escapar de situações em que não temos o
conhecimento necessário. Exemplo:

“-Você fala inglês?” 

“-Não, mas estou iniciando um curso no início do mês.”

E se der branco, o que fazer? Repita a última frase. Dará impressão que você está
enfatizando. Muitas vezes, a repetição faz lembrar o que tinha sido esquecido. Caso
não se lembre, continue assim: “Assim, o que eu quero dizer é...” e explique a mesma
frase dita anteriormente com outras palavras. Depois segue a conversa.

EVITE!!

Pedir desculpas ao(s) receptor(es);


Contar piadas;
Fazer perguntas no início;
Opinar sobre um assunto polêmico. Isso pode gerar discussões e situações
constrangedoras;
Utilizar chavões ou frases vulgares;
Repetição excessiva de vícios de linguagem (né, tipo, fala sério, etc.);

090
Ficar falando sobre a vida pessoal;
Apresentar exemplos que não estão relacionados diretamente com o tópico
abordado. Isso pode parecer que você está preenchendo o tempo por falta de
conteúdo e conhecimento;
Apresentar vídeos muito longos;
Expor alguém da plateia;
Responder algo de forma insegura e sem a certeza da resposta. Caso não saiba,
diga que vai pesquisar e tente relacionar alguma situação à questão perguntada;
Apontar o dedo pode parecer um pouco hostil, é bom evitar.

Toda pessoa é auditiva, visual ou sinestésica. Sendo assim, é importante


considerar sua postura, sua voz, suas atitudes. Uma postura errada
pode agredir o visual, uma voz ruim agride o auditivo, atitudes de
insegurança, excesso de perfume, maquiagem, risos e vários tipos de
posturas agridem pessoas que têm uma percepção sinestésica.

Desta forma, devemos trabalhar o visual (postura), o auditivo (voz) e os


sentidos (conhecimento sobre o assunto). A falta de conhecimento não
signi ca uma falha, porém a falta de aprimoramento e busca por novos
conhecimentos são falhas visíveis no processo comunicativo durante
uma apresentação oral.

091
Você tem medo de falar em público? Isso geralmente acontece porque
temos receio de sofrer algum tipo de depreciação diante dos nossos
colegas de trabalho ou faculdade, mas também pode ser falta de
prática. Assita a algumas preciosas dicas de oratória do professor
Marcello Pepe:

Fonte: Disponível aqui

092
10

Comunicação na
Era Digital
093
A Era Digital
“Na era da informação, a invisibilidade é equivalente à morte.” -
Zygmunt Bauman

Era Digital (ou Era da Informação) são os termos utilizados para designar os avanços
tecnológicos resultantes da Terceira Revolução Industrial e que acontecem em um
ciberespaço instrumentalizado pela informática e pela internet.

A Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Informacional, teve


início em meados do século XX, quando a eletrônica surgiu como meio de
modernização da indústria. Isso se deu após a II Guerra Mundial (1939-1945) e
abrange o período que vai de 1950 e até os dias atuais.

As principais características e consequências que marcam a Terceira Revolução


Industrial são:

o uso de tecnologia e do sistema de informação na produção industrial;


o desenvolvimento da robótica, da engenharia genética e da biotecnologia;
a aceleração da economia capitalista e geração de emprego;
a utilização de várias fontes de energia, inclusive as menos poluentes, e a
conscientização ambiental;
o amento da consciência ambiental;
a consolidação do capitalismo nanceiro;
a terceirização da economia e
a expansão das empresas multinacionais. 

A obtenção ágil da informação – e principalmente da informação de qualidade – é o


grande desa o destes nossos tempos. De um microcomputador doméstico, um
notebook ou um smartphone podemos ter acesso ao resultado de uma pesquisa
eleitoral ou de mercado, acontecimentos registrados em forma impressa, áudio e
vídeo, depoimentos de celebridades e chefes de Estado, resultados esportivos,
anúncios de acordos, fusões e novos produtos, entretenimento sem m e
relacionamentos pessoais por meio de uma simples conexão à Internet (adaptado de
JAMIL E NEVES, 2000).          

Assim, ca claro que a exposição a essa enxurrada de informações causa algum


impacto, positivo ou negativo, nas nossas relações, no modo como enxergamos o
mundo e como interpretamos aquilo que lemos.

094
Mas será que apenas ler a informação que nos é apresentada na Internet é o
su ciente para adquirir conhecimento?

Tudo o que eu preciso saber está na Internet?

Será que eu ainda vou ter meu próprio site na Internet?

É possível gostar de música, matemática e Internet


tudoaomesmotempoagora?

Não há como esgotar um assunto tão como a sociedade da informação


– esta em que vivemos. Quer saber a resposta de essas e outras
perguntas da Era da Informação? Leia o artigo da Revista
Superinteressante:

Fonte: Disponível aqui

É fato que a Internet criou novos hábitos de comunicação entre as pessoas. Nós
nos adaptamos às facilidades da nova tecnologia, e isso vale tanto para a leitura, em
vista da enorme quantidade de textos veiculados na rede, quanto para a escrita,
principal meio de expressão do internauta - bem, apesar de até as conversas “via
áudio” já estão se tornando mais corriqueiras... logo, as gerações vindouras nem mais
saberão como é sua caligra a!

Podemos concluir então que cada vez mais o acesso às redes sociais é irrestrito,
porém, as pessoas não sabem separar as informações mais valiosas para a
aquisição do conhecimento daquelas meramente de entretenimento,
super ciais ou falsas.

095
Mas viver na Era Digital é tão ruim assim para a nossa formação como cidadão? De
jeito nenhum. Pelo contrário: deveríamos nos sentir privilegiados por, ao alcance de
um clique, no tempo que leva acessar um link, ter à disposição uma profusão de
textos, vídeos e áudios sobre todos os assuntos, de todas as épocas, sob todos os
pontos de vista - e ainda poder debater com gente do mundo todo por um custo
mínimo. Nossa re exão deve ser justamente acerca de como fazer do nosso notebook
ou smartphone um ltro de tanta informação, que nos ajudará a ler mais e
compreender melhor.

Alguns tópicos que merecem re exão sobre leitura e interpretação na Era Digital:

Estamos vivendo a era da instantaneidade, em que o mais importante parece ser


a velocidade da publicação e não mais a qualidade e a riqueza do conteúdo.
Virou tendência apenas copiar e replicar o que lemos, sem questionas se aquilo é
de fato o que acreditamos ou discordamos. Nos habituamos ao ctrl+c e ctrl+v e
nos esquecemos da nossa própria opinião.
Geramos informações, mas não geramos conteúdo. Geramos textos , mas não
geramos conhecimento. Somos autores de blogs e redes sociais, mas como disse
o jornalista André Petry: Qualquer escrita oresce no mundo digital, mas a leitura, a
boa leitura murcha. 
Há décadas saber ler e escrever não é mais um diferencial, porém, ler e escrever
bem certamente é um seletor natural. É só pensar nos processos seletivos e
provas que fazemos ao longo da vida, com suas redações e longos enunciados.
A leitura na internet é apenas uma extensão da leitura em qualquer outro meio
(livro, jornal, revista, etc.) Se na internet as pessoas não leem, é possível que não
leem também em outros meios, e se não sabem interpretar texto na internet,
não saberão interpretar em lugar algum.

Fonte: adaptado de Disponível aqui (link 1) Disponível aqui (link 2)

Observe este meme que viralizou nas redes:

Hoje, há um tipo de falta de interesse comum entre os usuários de redes sociais: a


preguiça. Sim, preguiça de ler. Você certamente já deixou de ler um post ou
comentário por considerá-lo “muito longo” - e já existe neologismo para isso: o
“textão”.

096
Somam-se a isso a falta de leitura fora dos meios digitais (livro, jornal, revista, etc.) e o
próprio caráter de leitura rápida (o “passar os olhos”) inerente às tecnologias e temos
o resultado: a falta de prática em leitura longa e desinteresse do usuário em dispor de
um tempo maior para ler um enunciado mesmo que consideravelmente curto.
Quando ele se depara com textos e enunciados grandes em provas e testes, a primeira
sensação é de estar perdido quanto ao que fazer e por onde começar a ler (dica: pelo
começo!).

Mais de 90% das desavenças que acontecem nas redes sociais são
causadas pela má interpretação de texto. O dado é do Anonymous
Br4sil, e você deve ter cado impressionado com o número - ou se
lembrou de alguma ocasião em que brigou com alguém porque um não
entendeu o que o outro quis dizer em vias digitais. A escrita virtual não
tem tom de voz, linguagem não-verbal corporal ou expressões faciais
(embora tenhamos os emojis...) e isso pode causar uma falha de
comunicação se a pessoa não souber dominar o uso de pontos de
exclamação, interrogação ou vírgulas. Um “oi” pode soar mais seco que
um ‘“oi!!<3”, mas como con rmar se o remetente do primeiro oi estava
realmente bravo ou desinteressado em conversar? - Só pessoalmente, e
até então, namoros já foram desfeitos e amizades foram parar na corda
bamba.

Para nos preparar para o próximo tópico, vale ouvir o podcast do Jornal da USP sobre
como o analfabetismo funcional é uma das causas da disseminação de notícias falsas,
as fake news:

https://jornal.usp.br/atualidades/analfabetismo-funcional-pavimenta-o-caminho-para-
as-fake-news/

097
As fake news
A grande acessibilidade aos meios de comunicação permite que qualquer pessoa
produza conteúdo e o divulgue nas redes sociais. Assim, muito do que consumimos de
informação não corresponde totalmente à verdade - tanto é que jornalistas estão
fazendo o impossível para conseguir apurar essas informações “duvidosas”. A situação
é tão séria que surgiram agências especializadas em checar fatos – as chamadas fact-
checking agencies.

Em tradução literal para o português, o termo signi ca “notícias falsas”. Segundo a


editora inglesa Collins, fake news seriam: “informações falsas e eventualmente
sensacionalistas divulgadas sob o disfarce de notícias”. A expressão também foi
escolhida como a “palavra do ano” em 2017, período em que as menções ao termo na
mídia aumentaram em 365% (dados da BBC Brasil).

No ano anterior, 2016, o termo eleito pelo Dicionário Oxford como a palavra do ano foi
pós-verdade, conceito da Sociologia que já abria caminho para o que viria a ser o
fenômeno das fake news: “circunstâncias em que fatos objetivos são menos in uentes
na formação da opinião pública do que emoções e crenças pessoais" (ENGLISH
OXFORD LIVING DICTIONARIES, 2016). A pós-verdade encaixa-se perfeitamente em um
mundo em que mentiras e fofocas se espalham rapidamente em redes cujas pessoas
acreditam mais uma nas outras do que em qualquer órgão tradicional da imprensa,
nas instituições de pesquisa e até mesmo na ciência.       

Não há como abordar pós-verdade, Era Digital e fake news sem falar de Zygmunt
Bauman, sociólogo polonês que desenvolveu o conceito de modernidade líquida. Sua
frase mais famosa para resumir o conceito é: “Vivemos em tempos líquidos. Nada
foi feito para durar”. Na modernidade líquida, os vínculos pessoais podem ser
rompidos a qualquer momento e levar o indivíduo ao isolamento social, e isso
enfraquece a solidariedade e estimula a insensibilidade em relação ao sofrimento do
outro (BAUMAN, 2001).

Para o sociólogo, as redes sociais são uma nova forma de estabelecer contatos e
formar vínculos, mas não proporcionam um diálogo real, pois é muito fácil se fechar
em círculos de pessoas pensam igual a você e não entrar em contato com
controvérsias. Esse afastamento, mais a uidez das relações e a rapidez das
informações, são o terreno propício para plantar a semente da desinformação e das
fake news.

098
Assista a uma entrevista com Zygmunt Bauman ao Programa Milênio
sobre o conceito da   modernidade líquida, em que não se valoriza o
 permanente, mas o temporário.

Fonte: Disponível aqui

As fake news são uma ferramenta para a pós-verdade, pois divulgar uma informação
falsa porque se sabe que um grupo de pessoas vai acreditar e se envolver com o
assunto mesmo que não seja verdadeiro, é uma forma de manipulação - e é aí que
mora o perigo, não é? E isso pode acontecer tanto no mundo dos esportes e das
celebridades quanto em assuntos bem mais sérios, como política, religião e relações
externas.

099
A primeira agência brasileira de fact-checking é a Agência Lupa.

Conheça em https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/ e no Twitter:


@agencialupa

20.02.2019 / 19h09 / no Facebook

#Veri camos: É falso que revista japonesa tenha feito capa


criticando tratamento da imprensa brasileira a Bolsonaro.

21.02.2019 / 17h08 / no Facebook

#Veri camos: É falso que Dilma tenha proposto idade mínima de 95


anos para aposentadoria.

100
Notícias reais sobre notícias falsas

A agência de
Segundo o Por que as fake news
fact-checking. No Brasil, o Senado tem
laboratório viralizam? Porque
Aos Fatos se mobilizado em torno
de segurança segundo o conceito da
divulgou uma do assunto: em 21 de
PSafe,os pós-verdade, uma
pesquisaque março de 2018 o
brasileiros pessoa está
a rma que 43% Plenário foi
acessaram condicionada a
dos transformado em
cerca de 2.9 acreditar em algo
entrevistados sessão temática para
milhões de alinhado com as suas
descon a das tratar de notícias falsas,
Fake News crenças. Quando
informações por iniciativa de
entre janeiro recebemos o link de
que recebe em Telmário Mota (PTB-RR).
a março de uma matéria sobre algo
aplicativos de O senador sugeriu a
2018, e o com a qual nos
mensagem. Por criação de delegacias
principal simpatizamos por
outro lado, especializadas para dar
meio de questões ideológicas,
metade dos celeridade na
disseminação políticas ou morais,
entrevistados investigação das notícias
dessas temos mais chances de
a rmou que já falsas propagadas na
informações ignorar evidências de
tomou alguma internet tanto sobre o
é o aplicativo que essa notícia seja
decisão errada autor como sobre quem
de falsa - e aí acreditamos
baseada em reproduz o conteúdo.
Whatsapp. cegamente.
Fake News.

Fonte: adaptado de Disponível aqui (link 1) Disponível aqui (link 2)

101
Para ilustrar o conceito de pós-verdade, os exemplos geralmente
utilizados são das eleições presidenciais americanas de 2016. Trata-se
de um exemplo clássico por ter tido impacto global, mas o fenômeno da
pós-verdade ocorre cotidianamente, em menor escala, nas nossas
vidas.

Eleições americanas de 2016: o candidato Donald Trump disseminou


informações e estatísticas não fundamentadas para fortalecer sua
campanha e atingir seus adversários. Essas a rmações, relacionadas à
segurança nacional e ao terrorismo, apelavam diretamente aos
sentimentos de revolta e insegurança da população, que se sentiu
representada pelo discurso sem se preocupar se os dados eram
verdadeiros ou não. Entre as principais declarações dele, estão que:

Hillary Clinton criou o Estado Islâmico;


o desemprego nos EUA chegava a 42%;
Barack Obama é muçulmano;
o Papa Francisco apoiava sua campanha.

Grande parte da população americana, motivada por valores pessoais,


acreditou e ainda acredita nessas e outras a rmações de Trump, que foi
eleito presidente.

Existem fake news inofensivas, como as sátiras, as paródias e o sensacionalismo


bizarro ao estilo do famigerado bebê-diabo do jornal “Notícias Populares”, por
exemplo. Há os clickbaits, que são manchetes propositalmente polêmicas usadas para
se conseguir mais acesso e consequentemente adquirir lucros nanceiros. Há ainda as
fake news disseminadas anonimamente pelas redes sociais, as “fake news do tiozão do
WhatsApp”. O problema não são esses tipos de fake news, mas aquelas usadas por
grupos diversos para manipular a opinião pública com interesses políticos ou, mais
precisamente, sobre como essa manipulação acontece.

102
Outro perigo é a disseminação de notícias que incitam revolta em algum grupo. “O
serralheiro carioca Carlos Luiz Batista, de 39 anos, viu sua vida virar de cabeça para baixo
em poucos dias em razão de um boato compartilhado nas redes sociais. Uma mensagem,
acompanhada de sua foto, dizia que o serralheiro era “estuprador e sequestrador de
crianças”. (...) em 2014, uma mulher foi espancada até a morte no Guarujá, litoral paulista,
depois de ser acusada, em boatos em redes sociais, de que estuprava e sequestrava
crianças. No entanto, nem sequer existiam denúncias do tipo na região. Esses casos
demonstram o que acontece a indivíduos, em casos extremos, quando o compartilhamento
de informações mentirosas sai do controle.”
Link para matéria
completa:  https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/10/11/Como-identi car-a-
veracidade-de-uma-informa%C3%A7%C3%A3o-e-n%C3%A3o-espalhar-boatos

Logo, conclui-se que fake news também é um problema de desinformação. Pode


parecer um paradoxo, mas informação falsa se combate com... informação! Quanto
mais leitura o cidadão tem, mais senso crítico ele desenvolve para descon ar da
veracidade daquilo que ele recebe. Antes de compartilhar dados por emoção, re ita
com base na razão.

A educação virtual é uma arma importante para detectar informações


falsas no noticiário, segundo especialistas. Para evitar que as fake news
tumultuem o debate público, essa “alfabetização” deve contar com
esforços de vários setores da sociedade, como prestar atenção a dicas
para identi car fake news e conhecer as agências de fact-checking:

Fonte: Disponível aqui

103
11

O Novo Acordo
Ortográfico

104
"En m consegui familiarizar-me com as letras quase todas. Aí me
exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os
mesmos nomes delas. Atordoamento, preguiça, desespero, vontade de
acabar-me. Veio terceiro alfabeto, veio quarto, e a confusão se
estabeleceu, um horror de quiproquós.” - Graciliano Ramos.

Nossa aula de hoje trata de um tópico que tem causado polêmica e dor de cabeça em
alunos e professores: o acordo ortográ co da Língua Portuguesa, ou simplesmente a
nova ortogra a.

Polêmica porque muitos não veem sentido prático para as alterações e simplesmente
as ignoram, preferindo escrever ainda da forma como aprenderam tempos atrás; e
dor de cabeça porque, no geral, a população reclama que em muitos casos nem sabia
a forma correta de usar o hífen, por exemplo, e agora precisam estudar regras que as
confundem ainda mais.

Mas não há motivo para preocupação! Basta ter a consciência de que o acordo tem
caráter o cial e deve ser respeitado. Assim, não podemos ignorá-lo ou achar que são
mudanças pequenas; que só um hífen ou um acento agudo não faz diferença na
escrita.  Pois faz, e são essas diferenças que podem excluir ou aprovar um candidato
em um processo seletivo ou concurso.

105
Em resumo, o  Acordo  Ortográ co  está em  vigor no  Brasil  desde 1º de
janeiro de 2009, mas foi proposto inicialmente em 1990, quando
assinado em Lisboa (Portugal) e só aprovado em 1995. A rati cação de
Portugal ocorreu em 2008 e no ano seguinte o acordo foi decretado no
Brasil. A princípio, havia sido determinado um prazo até 2013 para que
as editoras e os brasileiros em geral absorvessem todas as mudanças
que, en m, tornar-se-iam normas obrigatórias. Mas esse  prazo foi
estendido pelo governo brasileiro até 2016, o que não nos desobriga de
estudá-lo e usá-lo.

O Portal da Língua Portuguesa traz uma explicação das questões


diplomáticas do acordo, que envolve os sete países de língua o cial
portuguesa (além do Brasil e de Portugal, também Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe). Traz também o link
para que você conheça as reformas que o português sofreu desde 1911.
É puro conhecimento, aproveite!

Fonte: Disponível aqui

Para facilitar nossos estudos e principalmente para que você tenha um material de
consulta, vamos separar as mudanças quanto aos acentos e outros sinais (trema e
hífen).

106
Como preparatório para o material que aqui estudaremos, deixo um
vídeo em que o Profº Sérgio Nogueira faz um “resumão” e relembra as
regras de acentuação (monossílabos, oxítonas, paroxítonas e
proparoxítonas). Isso vai nos ajudar imensamente a entender a nova
ortogra a:

Fonte: Disponível aqui

ACENTO AGUDO

O acento agudo deixa de existir em alguns poucos casos, vejamos:

Paroxítonas: CAI O ACENTO DE “EI” E “OI” E DE HIATOS COM “I” E “U”

1. Nas palavras paroxítonas, ou seja, naquelas cuja sílaba tônica recai na penúltima


sílaba, os ditongos abertos ei e oi que eram acentuados, não são mais. Assim,
alguns termos que hoje se escreve de um jeito, tomam novos formatos
ortográ cos, como: assembleia, ideia, jiboia, proteico, heroico, etc. Já outros,
continuam como sempre foram: cadeia, cheia, apoio, baleia, dezoito, etc.
colméia
Como era Coréia
alcalóide debilóide
alcatéia epopéia
andróide estóico
apóia estréia
apóio estréio (verbo estrear)
asteróide geléia
bóia heróico
celulóide idéia
clarabóia jibóia

107
jóia colmeia
odisséia Coreia
paranóia debiloide
paranóico epopeia
platéia estoico
tramóia estreia
estreio
Como ca geleia
alcaloide heroico
alcateia ideia
androide jiboia
apoia (verbo apoiar) joia
apoio (verbo apoiar) odisseia
asteroide paranoia
boia paranoico
celuloide plateia
claraboia tramoia  

Porém, o acento agudo permanece nas oxítonas (palavras cuja sílaba tônica incide na


última sílaba) e nos monossílabos tônicos com ditongos abertos -éi,  -éu ou -ói,
seguidos ou não de –s: papéis, herói, remói, anéis, ilhéus, chapéu, etc. = todos
continuam igual

2. Nas palavras paroxítonas com hiatos formados com i e u, sendo que a vogal
anterior a estas faz parte de um ditongo, ou seja, quando são precedidas de
ditongo. Dessa forma, feiúra passa a ser feiura, baiúca passa a ser baiuca.

ACENTO CIRCUNFLEXO

1. Não existe mais circun exo nos pares dobrado de “e” e “o”. Assim, antes era:
crêem, dêem, lêem, vêem, relêem, prevêem e agora ca: creem, deem, leem,
veem, releem, preveem.
2. De igual modo, o acento circun exo deixa de existir na vogal tônica “o” de
palavras paroxítonas, assim como: enjoo, voo, abençoo, perdoo.
Como era magôo (verbo magoar)
abençôo perdôo (verbo perdoar)
crêem (verbo crer) povôo (verbo povoar)
dêem (verbo dar) vêem (verbo ver)
dôo (verbo doar) vôos
enjôo zôo
lêem (verbo ler)

108
Como ca magoo
abençoo perdoo
creem povoo
deem veem
doo voos
enjoo zoo
leem

3. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára (verbo)/para


(preposição), pêlo(s)(substantivo) /pelo(s)(preposição), pólo(s)/polo(s)

Como era Como ca      


Ele pára o  carro. Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra.   Comi uma pera.  

Atenção: permanece o acento diferencial em pôde/pode.Pôde  é a forma do


passado do verbo poder. Pode é a forma do presente do indicativo.

Veja : Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

Permanece o acento diferencial em pôr/por.Pôr é verbo. Por é preposição.

Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos


verboster  e  vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter,
convir, intervir, advir etc.).
Exemplos:
Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas. 

Ex: Vocês têm muito o que aprender!


Os pais sempre intervêm nas escolhas dos lhos. 

109
Será que eles vêm de carro ou de ônibus?
As caixas contêm dez unidades cada.

O acento diferencial de número (plural) permanece na terceira pessoa


do plural dos verbos  TER  e  VIR  e dos respectivos derivados. Nesse
aspecto, não houve alteração, ou seja, a regra foi mantida:

TER - Ele tem / Eles têm

VIR - Ele vem / Eles vêm

TREMA

Sim, podemos dizer adeus ao trema (¨)!

Assim sendo, palavras que normalmente eram grafadas com o trema, como lingüiça,
tranqüilo, lingüística, bilíngüe, freqüentar, cinqüenta, agüenta, etc., não possuem mais
o trema.

Essa nova regra justi cou-se no fato de que há ditongos na língua que não precisam
do trema para indicar a quem lê o fato do “u” ter que ser pronunciado ou não, como
em: língua e quente. No primeiro caso, sabe-se que o “u” deve ser pronunciado e no
segundo não. Este fato não tem a ver com gra a e sim com fonética, ou seja, com o
modo de dizer e não com o de escrever, tornando o trema desnecessário.

110
HÍFEN

Usa-se hífen com substantivos compostos cujas palavras quando separadas


continuam fazendo sentido isoladamente: guarda-chuva (guarda e chuva), boa-fé (boa
e fé), segunda-feira (segunda e feira), mesa-redonda (mesa e redonda), porta-malas
(porta e malas), etc. Esses substantivos continuam iguais, ou seja, não perderam o
hífen.

Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem elementos
de ligação. Exemplos: reco-reco, blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-
glu, pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre. Esses
substantivos também continuam iguais, ou seja, não perderam o hífen.

Não se usa o hífen – e nunca se usou – em compostos como pé de moleque, pé de


vento, pai de todos, dia a dia, cara a cara, m de semana, cor de vinho, ponto e vírgula,
camisa de força, cara de pau, olho de sogra.

O acordo também se refere a palavras formadas por pre xos (anti, super, ultra, sub,
etc.) ou por elementos que podem funcionar como pre xos (aero, agro, auto, eletro,
geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo, etc.).

CASOS GERAIS

Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h. Exemplos:

anti-higiênico
anti-histamínico
macro-história
mini-hotel
proto-história
sobre-humano
super-homem
ultra-humano

Usa-se o hífen se o pre xo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra
palavra. Exemplos:

111
micro-ondas
anti-in amatório
sub-bibliotecário
micro-ônibus
inter-racial

Não se usa o hífen se o pre xo terminar com letra diferente daquela com que se inicia
a outra palavra. Exemplos: 
autoescola
antiaéreo
intermunicipal
supersônico
geopolítica
anticoncepcional
autoestima
superinteressante
agroindustrial
aeroespacial
semicírculo

Atenção: segundo a nova ortogra a, se o pre xo terminar por vogal e a outra palavra
começar por r ou s, essas letras dobram:

minissaia / autorretrato / antirracismo / ultrassensível / ultrassom / antisséptico /


semirreta

Usa-se o hífen com os pre xos ex, sem, além aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
Exemplos:

 além-mar
além-túmulo
aquém-mar
ex-aluno
ex-diretor
ex-presidente
pós-graduação
pré-história
pré-vestibular
pró-europeu
recém-casado

112
recém-nascido
sem-terra
vice-reitor

MUDANÇAS NO ALFABETO

O alfabeto passa a ter 26 letras, já que foram reintroduzidas as letras k, w e y. O


alfabeto completo passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários


da nossa língua, são usadas em várias situações, como:

na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),


W (watt)
na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

A Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados disponibilizou um guia de


bolso do acordo ortográ co em PDF.

Download: Disponível aqui

113
12

Inadequações entre
Fala e Escrita

114
“Pense antes de falar. Leia antes de pensar.” - Anônimo.

Existem várias ferramentas às quais podemos recorrer em caso de dúvida de


português – dicionários, gramáticas ou uma simples busca no Google. Contudo, é
sabido que a maioria dos estudantes e pro ssionais não consultam o dicionário, por
exemplo, quando se deparam com uma palavra desconhecida, ou não buscam uma
gramática para sanar dúvidas que, teoricamente, o indivíduo tido como alfabetizado
não deveria cometer.

Assim, é muito comum o indivíduo aprender uma a palavra ou expressão e depois


repeti-la, mas sem conferir como é a escrita, causando uma inadequação entre o que
se ouve e o que se escreve.

Quer um exemplo? A expressão “por ora”, muito usada em correspondências e


redações técnicas, que signi ca “agora”, “no momento”. Não existe “h” no termo: “Por
ora estou ocupado. Volte mais tarde.” Já “por hora” existe, mas quer dizer “por um
período de 60 minutos”: “O estacionamento cobra por hora.”

Figura Ilustrativa.

Muitos podem achar que é exagero corrigir quem confunde “um simples ‘há’, ou ‘a’, ou
ainda ‘à’... é tudo igual!”. Mas certamente deixam de achar besteira quando esse tipo
de problema cai em concursos, processos seletivos ou avaliações das quais você

115
depende para dar um passo importante na vida. Pense nisso!

Aliás, o correto da placa seria “HOMENS TRABALHANDO A 300m”. “A” indica avanço
para frente no tempo ou no espaço. Por exemplo: “Moro a dois quarteirões daqui”,
“Vamos nos ver daqui a dois dias”. O “há” refere-se ao passado: “Nos vimos HÁ duas
semanas”

Vejamos algumas dessas confusões geralmente causadas porque são parecidas na fala
ou na forma de escrever.

MAU é um adjetivo, o oposto de bom:


Estou de bom humor./ Estou de mau humor.
Logo, temos: mau hálito, mau caráter, mau caminho, lobo mau, que podem ser todos
substituídos por “bom” para fazer o antônimo.

MAL é um advérbio, o oposto de bem:


Todos falaram mal do lme. / Todos falaram bem do lme.
Logo, temos: mal estar, passar mal, mal amado, mal visto, que podem ser todos
substituídos por “bem” para fazer o antônimo.

PERDA é um substantivo: a perda, as perdas, uma perda, sua perda, minha perda...
Falar desse assunto é perda de tempo.
Sinto muito pela sua perda.

PERCA é verbo no imperativo (o modo do mando, do pedido) ou no subjuntivo:


Não perca a promoção de sábado!
Mesmo que eu perca, não vou desistir!

TAMPOUCO signi ca “nem”, “também não”


Ele fez o jantar, tampouco varreu a casa!
Você não trabalha, tampouco estuda. (ATENÇÃO: “nem tampouco” é redundância).

TÃO POUCO quer dizer muito pouco, pouquíssimo:


Havia tão pouco entusiasmo naquele grupo que eu me desanimei.
Eu como tão pouco e mesmo assim não perco peso!

116
A internet também pode ser uma grande aliada quando o assunto é
sanar erros comuns de português. Os chamados “quiz”, aqueles jogos
de perguntas que você clica e confere sua pontuação, é um jeito bacana
de aprender. Desa o você a fazer um teste de português antes e depois
de ler o material destas duas aulas. Você vai notar a diferença.

Leia o artigo: Bol Notícias  ou baixe na loja de aplicativos:


Quiz de Português

Fala x Escrita
COMO É FALADO O CORRETO É...
Ele vive às custas do irmão. Ele vive à custa do irmão.
É a melhor escola a nível estadual. É a melhor escola em nível estadual.
Joana estava ao par de tudo. Joana estava a par de tudo.
Faça uma rúbrica no contrato. Faça uma rubrica no contato
(sem acento, sílaba tônica“bri”)
A instituição atua em todo país. A instituição atua em todo o país.

*A frase quer dizer que a instituição atua no país inteiro. Assim, o artigo depois de todo,
toda (Ele comeu toda a comida), todos (Preciso de todos os relatórios), todas (Todas as
alunas estão convidadas) é obrigatório. Sem o artigo, todo passa a ser sinônimo de
"qualquer", como na frase "todo homem é igual perante à Lei.”

Vou consigo até a cidade. Vou com você até a cidade.


Ela foi uma das que menos falou hoje. Ela foi uma das que menos falaram hoje.

117
*Inverta a forma para conferir: de toda sas que menos falaram, ela foi uma.

Fiz o pagamento junto ao banco. Fiz o pagamento no banco.


Lâmpadas orescentes. Lâmpadas uorescentes.
Eu estou quites com você. Eu estou quite com você.

*QUITE é adjetivo e, portanto, deve concordar com a palavra a que serefere: Ele está quite
com o irmão. Eles estão quites.

Ela corria risco de vida. Ela corria risco de morte.


Vende-se duas casas na praia. Vendem-se duas casas na praia.
O professor interviu na briga. O professor interveio na briga.
Casa germinada. Casa geminada.

*A casa não germina como planta. “Geminado” vem de gêmeas, unidas, iguais.

Diga não à descriminição! Diga não à discriminação!


Gosto de pizza calabreza e portugueza. Gosto de pizza de calabresa e portuguesa.

Pare com essa hipocresia. Pare com essa hipocrisia.


Faremos um bazar bene ciente. Faremos um bazar bene cente.

Aonde x Onde

“Aonde” é usado quando a frase tem algum verbo de deslocamento,


como é o caso de “ir” e outros que pedem a preposição “a”: ir a, dirigir-
se a, encaminhar-se a, etc. Corresponde a “para onde você foi?”. Com
outros verbos, é apenas “onde”, no sentido de “em que lugar”. Assim, o
correto é “Onde você colocou as chaves?” e não “Aonde você colocou as
chaves?”, “Onde você trabalha?” e não “Aonde você trabalha?”. Mas é
correto “Eu sei aonde ele foi.”, por exemplo.

118
AS FORMAS DE PORQUÊ
Já que estamos analisando palavras e expressões fáceis de confundir, vamos fechar o
conteúdo de hoje com as quatro formas de porquê.

Na língua portuguesa, existem quatro formas de usar o porquê. Disso todos sabem,
mas parece que o descaso é maior que a preocupação em aprender ou relembrar.

PORQUE (junto e sem acento): É uma conjunção explicativa. Usamos, por exemplo,
para responder perguntas e explicar qualquer assunto mesmo quando não foi feita
pergunta nenhuma (o famoso “no meio da frase”). Essa forma pode ser substituída por
"POIS."

Eu sempre faço exercícios porque me sinto muito bem!

Não vou sair porque não quero. Simples assim.

PORQUÊ (junto e com acento): É um substantivo que pode ser substituído pela palavra
“motivo”.   Vem junto de artigo (O/UM PORQUÊ = O/UM MOTIVO), de um pronome
possessivo (MEU PORQUÊ = MEU MOTIVO) e tem plural (OS PORQUÊS).

Você só arruma desculpa para não sair, é um porquê atrás do outro!

A infância é a fase dos porquês.

POR QUE (separado e sem acento): Usa-se quando for "o motivo pelo qual"
(geralmente usado junto dos verbos do tipo “saber, entender, descon ar, imaginar,
supor”) e no começo ou meio de perguntas.

Agora eu sei por que você sempre vai embora mais cedo.

Por que a gente nunca vai jantar no restaurante japonês?

Não entendo por que ele saiu e nem deu tchau.

119
POR QUÊ (separado e com acento no "que"): Quando o "que" estiver em nal de
sentença ou interrogação, ou seja, ao lado da pontuação (seja ponto nal ou vírgula),
precisa sempre ter o acento, em todos os casos.

Ele está triste por quê? Por quê?

Ninguém me explicou por quê, mas não vamos receber aumento.

Fonte: Arquivo pessoal

O livro acima era uma famosa enciclopédia de perguntas e respostas dos anos de 1960
e 70; uma espécie de minigoogle da era pré-internet. Mas talvez não fosse bom fazer a
esse oráculo perguntas sobre gramática ou uso dos porquês – a própria capa estampa
o uso errado. Qual seria a gra a certa? É “por quê” separado, por se tratar de uma
interrogativa isolada, sozinha e sem complemento (no nal da pergunta).

120
A cantada pode até ser boa (será?), mas o “por que” deveria ser separado: mesmo
estando no meio da frase, trata-se de uma interrogativa.

121
13

Homônimos e
Parônimos

122
“A leitura torna o homem completo, a conversação o torna ágil e o
escrever dá-lhe precisão.” - Francis Bacon, político, lósofo e cientista
inglês (1561 – 1626).

Eminente (ilustre, famoso, famigerado) e iminente (pendente, próximo para


acontecer).

Homônimos
Homônimos são palavras que têm a mesma pronúncia - às vezes, a mesma gra a - ,
mas que possuem signi cados diferentes.

Ex: Acender (colocar fogo) / ascender (subir)


Acento (sinal grá co) / assento (lugar em que se senta)

Os homônimos dividem-se em três tipos:

Homógrafas: Iguais na escrita, mas diferentes na pronúncia


Exemplos:

123
a. este (pronome), este (ponto cardeal)
b. governo (substantivo), governo (verbo)

Homófonas: Iguais na pronúncia, porém diferentes na escrita e no signi cado.


Exemplos:

a. cheque (ordem de pagamento), xeque (lance de xadrez)


b. viagem (substantivo), viajem ( exão do verbo viajar)

Homônimos perfeitos: Iguais na escrita e na pronúncia.


Exemplos:

a. verão ( exão do verbo ver), verão (substantivo)


b. banco (instituição nanceira), banco (assento)

Veja alguns exemplos no quadro abaixo:

124
acender (colocar fogo) ascender (subir)

acento (sinal grá co) assento (local onde se senta)

apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)

bucho (estômago) buxo (arbusto)

caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)

cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)

cela (pequeno quarto) sela (forma do verbo selar; arreio)

censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)

céptico (descrente) séptico (que causa infecção)

cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)

cerrar (fechar) serrar (cortar)

cervo (veado) servo (criado)

chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)

cheque (ordem de pagamento) xeque (lance no jogo de xadrez)

círio (vela) sírio (natural da Síria)

cito (forma do verbo citar) sito (situado)

concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)

concerto (sessão musical) conserto (reparo)

coser (costurar) cozer (cozinhar)

125
esotérico (secreto) exotérico (que se expõe em público)

espectador (aquele que assiste) expectador (aquele que tem esperança, que espera)

esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)

espiar (observar) expiar (pagar pena)

espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)

estático (imóvel) extático (admirado)

esterno (osso do peito) externo (exterior)

estrato (camada) extrato (o que se extrai de algo)

estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)

incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)

incipiente (principiante) insipiente (ignorante)

laço (nó) lasso (frouxo)

ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)

tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)

tachar (atribuir defeito a) taxar ( xar taxa)

Fonte: Só Português

126
Você já deve ter ouvido essa expressão, certo? Mas o correto é que
alguém foi o bode ESPIATÓRIO ou o bode EXPIATÓRIO?

O correto é “expiatório”, do verbo “expiar”, que quer dizer pagar por um


erro, remir-se de uma culpa; e não “espiatório”, de quem está espiando.

“Bode expiatório” é uma expressão usada para de nir uma pessoa


sobre a qual recaem as culpas alheias, quando alguém é acusado de um
delito que não fez. É quando alguém leva sozinho a culpa de algo
errado.

Parônimos
Parônimos são palavras com gra as ou pronúncias parecidas, mas com signi cados
diferentes e por isso facilmente confundidas. Exemplos:

Absolver (perdoar, inocentar) / absorver (sorver, aspirar)

Cavaleiro (que cavalga) / cavalheiro (homem cortês, educado)

Veja alguns exemplos no quadro:

127
absolver (perdoar, inocentar) absorver (aspirar, sorver)

apóstrofe ( gura de linguagem) apóstrofo (sinal grá co)

aprender (tomar conhecimento) apreender (capturar, assimilar)

arrear (pôr arreios) arriar (descer, cair)

ascensão (subida) assunção (elevação a um cargo)

bebedor (aquele que bebe) bebedouro (local onde se bebe)

cavaleiro (que cavalga) cavalheiro (homem gentil)

comprimento (extensão) cumprimento (saudação)

deferir (atender) diferir (distinguir-se, divergir)

delatar (denunciar) dilatar (alargar)

descrição (ato de descrever) discrição (reserva, prudência)

descriminar (tirar a culpa) discriminar (distinguir)

despensa (onde se guardam


dispensa (ato de dispensar)
mantimentos)

docente (relativo a professores) discente (relativo a alunos)

emigrar (deixar um país) imigrar (entrar num país)

eminência (elevado) iminência (qualidade do que está iminente)

eminente (elevado) iminente (prestes a ocorrer)

esbaforido (ofegante, apressado) espavorido (apavorado)

estada (permanência em um lugar) estadia (permanência temporária em um


lugar)

128
agrante (evidente) fragrante (perfumado)

uir (transcorrer, decorrer) fruir (desfrutar)

fusível (aquilo que funde) fuzil (arma de fogo)

imergir (afundar) emergir (vir à tona)

in ação (alta dos preços) infração (violação)

in igir (aplicar pena) infringir (violar, desrespeitar)

mandado (ordem judicial) mandato (procuração)

peão (domador de cavalos) pião (tipo de brinquedo)

precedente (que vem antes) procedente (que tem fundamento)

rati car (con rmar) reti car (corrigir)

recrear (divertir) recriar (criar novamente)

soar (produzir som) suar (transpirar)

sortir (abastecer, misturar) surtir (produzir efeito)

sustar (suspender) suster (sustentar)

tráfego (trânsito) trá co (comércio ilegal)

Fonte: Só Português

Palavras e expressões parônimas


Parônimos são palavras quase idênticas que se diferenciam por algum traço de gra a
(como “acender = ligar” e “ascender = subir”) ou que se pronuncia do mesmo jeito, mas
com escrita diferente (como “agente = quem atua, pratica” e “a gente = nós, o grupo”).

129
Ao encontro de tem sentido
De encontro a tem sentido negativo, signi ca “em
positivo, signi ca “em busca de”,
oposição a”, “para chocar-se com”: O motorista foi de
“em direção a”, “para junto de”:
encontro ao muro.
Ele foi ao encontro do sucesso.

Absolver: inocentar, relevar da


Absorver: embeber em si, esgotar: O solo absorveu
culpa imputada: O júri absolveu
lentamente a água da chuva.
o réu.

Acender: atear (fogo), in amar. Ascender: subir, elevar-se.

Acento: sinal grá co; in exão


Assento: banco, cadeira: Tomar assento num cargo.
vocal: Vocábulo sem acento.

A cerca de: indica aproximação: Estava a cerca de 3


Acerca de signi ca “sobre”, “a km daqui.
respeito de”: Falei acerca de
política.
E ainda temos Há cerca de:  indica tempo decorrido:
Brigamos há cerca de um mês.

A princípio signi ca no começo, Em princípio signi ca de maneira geral, sem entrar


para começar: A princípio, em detalhes, de forma geral: Em princípio, todos
pensei em desistir.   deveriam ter acesso à educação.

Assistir ao signi ca ver, olhar:


Hoje vou assistir ao jogo/ à Assistir signi ca tomar conta, cuidar, dar assistência:
novela. O médico assistiu a paciente/ o paciente.

Caçar: perseguir, procurar, Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender,


apanhar (geralmente animais). invalidar.

Censo: alistamento, Senso: entendimento, juízo, tino.


recenseamento, contagem.

Cerrar: fechar, encerrar, unir,


Serrar: cortar com serra, separar, dividir.
juntar.

Cessão: ato de ceder; A cessão Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição,


do local pelo município tornou divisão: Em qual seção do ministério ele trabalha?

130
possível a realização da obra.

E ainda temos Sessão: espaço de tempo que dura uma


reunião, um congresso; reunião; espaço de tempo
durante o qual se realiza uma tarefa: A próxima sessão
legislativa será iniciada em 1º de agosto.

Cheque: ordem de pagamento à


Xeque: perigo, como na expressão “pôr em xeque”.
vista.
dirigente árabe; lance de xadrez; ( g.)

Conjectura: suspeita, hipótese, Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião,


opinião circunstância

Despercebido: que não se


percebeu, não observado, não Desapercebido: desprevenido, que não está
notado. Meu aniversário passou preparado, sem provisões: Quando viu que ela estava
despercebido, que triste. desapercebida, ele lhe roubou a bolsa
Eminente: alto, elevado, Iminente: que está a ponto de acontecer; próximo,
excelente, superior, famoso: imediato: A crise na indústria é iminente: é melhor me
Aquele senhor é um dos mais precaver!
eminentes estudiosos da área.

In ação: ato ou efeito de in ar; Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma
emissão exagerada de moeda, norma.
aumento persistente de preços.

Rati car: validar, con rmar,


Reti car: corrigir, emendar, alterar: A grá ca reti cou
comprovar: Rati camos seu
o texto com passagens ambíguas
pedido do histórico.

Tachar: censurar, quali car,


tachar alguém (tachá-lo) Taxar: xar taxa; regular, regrar: taxar mercadorias.
negativamente.

Traz: do verbo “trazer”. Todo dia Trás: atrás, na parte posterior, detrás. Falar por trás
ele traz um livro novo para casa. das costas é fácil. Tente cara a cara!

Tráfego – circulação, uxo de Trá co – negócio ilegal, clandestino, ilícito. Alguns


carros, pessoas, mercadorias, países que acabaram com o trá co de drogas.
etc. O tráfego de pessoas no
centro da cidade é intenso.

Fonte: adaptado de "Parônimos" em Só Português


131
14

Ambiguidade e
Redundância

132
Eu gosto de ambiguidade. Não gosto da arte fechada em si mesma.
Detesto verdades absolutas.- Lygia Pape, professora e artista
multimídia brasileira

Ambiguidade
A transcrição a seguir é da embalagem de um produto e ilustra bem o que é
ambiguidade: quando uma mensagem está escrita de tal maneira que causa certa
estranheza quanto ao signi cado, geralmente relacionado à ordem das palavras.

Nesse caso, a expressão “em pó” está no lugar errado na frase, causando a sensação
imediata de que os atletas são em pó. Obviamente, sabemos que tal coisa não existe,
mas demonstra um despreparo linguístico e leva a um problema de coesão e coerência.
O adequado seria “suplemento energético em pó para atletas”.

Outros exemplos de ambiguidade:

133
O garoto está sentado perto do banco.
(banco, aqui, é um assento ou uma agência bancária?)

Uma construção como "O garoto está sentado perto do banco da praça" não deixaria
esta dúvida.

O sargento estava precisando do cabo. (este cabo é relativo à patente de um


militar ou ao cabo de uma vassoura, por exemplo?)
Tomei o isqueiro de João. (tomei o isqueiro que estava com João ou o isqueiro que
pertencia a João?)
Preciso da chave do armário que estava na cozinha. (quem estava na cozinha, a
chave ou o armário?)
Pedro disse a Jorge que seus argumentos convenceriam seu pai. (os argumentos
de quem convenceriam: de Pedro ou de Jorge?)
Crianças que comem doces frequentemente têm cáries. (crianças que
frequentemente comem doces ou crianças têm cáries frequentemente?)

A ambiguidade também pode acontecer por uso incorreto dos pronomes possessivos.
Hoje, estabeleceu-se na mídia (jornalismo, legendagem, etc.) que é melhor utilizar o os
pronomes dele e dela no lugar de “seu” quando se refere a uma terceira pessoa. Veja:

MANTENHA SEU CÃO FORA DOS JARDINS E RECOLHA SEU COCÔ

O enunciado diz “seu cão”, ou seja, do dono do cão (ou tutor, como as associações de
proteção a animais sugerem), o que está correto. Mas o erro foi usar “suas fezes” no
lugar de “as fezes dele”, ou simplesmente “recolha as fezes” – obviamente as fezes do
cachorro.

PROIBIDO O TRÂNSITO DE BICICLETAS ADULTOS E CRIANÇAS

Bom, se é para cumprir a lei, então ninguém mais anda no parque Trianon em São
Paulo, onde se encontra a placa de onde a transcrição acima foi tirada.

134
Pleonasmo (ou
Redundância)
Redundância (ou pleonasmo) são expressões repetidas desnecessariamente que
geralmente falamos e não percebemos.  Fugindo um pouco do “subir pra cima”, “descer
pra baixo”, “sair pra fora” e “entrar pra dentro”, note que as pessoas falam coisas do tipo
“encarar os fatos de frente” (tem como encarar de lado ou de costas?), “dar ré para trás”
(tente dar ré para o lado!), ter “hemorragia de sangue” – sem comentário – e “repetir de
novo” (seriam três vezes então?). 

Redundâncias

Abismo sem fundo Descoberta de novos Massa polar fria


Abusar demais Detalhe minucioso Melhorar mais
Acabamento nal Devolvido de volta Metades iguais
Acrescentar mais Duas metades Minha opinião pessoal
Adega de bebida Echarpe no pescoço Monopólio exclusivo
Adiar para depois Elo de ligação Negociata suja
Almirante da Marinha Empréstimo temporário Novidade inédita
Amanhecer o dia Encarar de frente Orbitar ao redor
Anexar junto Engolir pela boca Perpetuar-se para o futuro
Arvore oca por dentro Entrar para dentro Piorar mais
Aumentar mais Exportar para fora Planejar antecipadamente
Avançar para frente Exultar com alegria Plebiscito popular
Batom na boca Fato verídico Pomar e frutas
Brigadeiro da Aeronáutica Ganhe grátis Preconceito intolerante
Canja de galinha General do Exército Principal protagonista
Colírio para os olhos Hemorragia de sangue Recuar pata trás
Comparecer em pessoa Hepatite do fígado Reincidir de novo
Completamente vazio Importar para dentro Repetir outra vez
Consenso geral Individual de cada um Safra agrícola
Conviver juntos Introduzir dentro Sorriso nos lábios
Criar novos Labaredas de fogo Subir para cima
Crise caótica Lagrimas dos olhos Surpresa inesperada
Decapitar a cabeça Lançamento novo Útero materno
Dé cit negativo Livre escolha Vereador municipal
Descer para baixo Manter o mesmo Voar pelos ares

135
Vale lembrar que a redundância não acontece apenas em nível de sentido, mas também
de estrutura. Veja:

- SE CASO você  quiser, podemos marcar uma aula.


- SE você quiser ou: CASO você queria, podemos marcar uma aula.

- HÁ um ano ATRÁS, mudei-me para cá.


- HÁ um ano, mudei-me para cá. Ou: Um ano ATRÁS, mudei-me pra cá!

- Ela NEM SEQUER me deu tchau ao sair.


- Ela NEM me deu tchau ao sair. Ou: Ela SEQUER me deu tchau ao sair.

Certamente você já deve ter visto a placa ao lado em


algum elevador, certo?E por que ela está em um
material sobre erros da língua portuguesa?Por causa do
pronome “mesmo”. Há uma tendência equivocada
principalmente na  linguagem escrita de se utilizar esse
termo para substituir um substantivo.Por exemplo:
“Consultei vários autores, e os mesmos indicaram a
solução da questão” está errado. O correto é: “Consultei
vários autores, e eles indicaram solução da questão.”“Li
a crônica e tirei conclusões da mesma” (Errado).“Li a
crônica e tirei conclusões dela” (Correto).

Fonte: https://www.placassp.com.br

Assim, antes de escrever o termo “o mesmo” ou “a mesma”, pare e analise se há outro


jeito de escrever a frase. No caso da placa do elevador, uma opção seria a frase “ANTES
DE ENTRAR, VERIFIQUE SE O ELEVADOR ENCONTRA-SE PARADO NESTE ANDAR”.

Ah: e se você tem idade para lembrar do extinto Orkut, você talvez se lembre de que lá
havia uma comunidade chamada “Eu tenho medo do mesmo” satirizando esse aviso do
elevador.

136
15

Concordância
Verbo-Nominal

137
“ Seu nome não é um nome, Osmar. É um erro de concordância!” -
Ziraldo, cartunista brasileiro, em uma de suas tiras.

Um dos grandes vilões da boa redação em português sem dúvida é a concordância


verbo-nominal - ou seja, dos verbos com seus termos (pronomes, substantivos, etc.) e
destes entre si (feminino ou masculino, plural ou singular).

A regra geral de concordância verbal estabelece que o verbo concorda com o sujeito
da oração em número e pessoa. No entanto, algumas situações merecem comentários
especí cos.

Para ilustrar o conceito, vamos pensar na palavra “anexo”.   “Anexo” é adjetivo, logo,
deve concordar em gênero e número com os substantivos:

A PLANILHA SEGUE ANEXA.  – singular e feminino


AS PLANILHAS SEGUEM ANEXAS.  – plural e feminino

O ARQUIVO SEGUE ANEXO. – singular e masculino


OS ARQUIVOS SEGUEM ANEXOS. – plural e masculino

Porém, a expressão adverbial “em anexo” não faz a concordância:


A PLANINHA SEGUE EM ANEXO / AS PLANILHAS SEGUEM EM ANEXO.

Em emails, no caso da expressão “segue anexo”, geralmente iniciamos a


frase com o verbo “segue” e esquecemos de concordá-lo com o sujeito,
ou seja, a coisa anexada. Logo, as frases do exemplo acima cam: 

SEGUE ANEXA A PLANILHA / SEGUEM ANEXAS AS PLANILHAS.


SEGUE ANEXO O ARQUIVO/ SEGUEM ANEXOS OS ARQUIVOS.

138
Vamos a outros casos problemáticos?

Com verbos impessoais


O verbo haver, no sentido de existir, NÃO TEM PLURAL, em nenhum tempo verbal
(presente, passado ou futuro).

Havia pessoas interessantes no curso preparatório.

ERRADO CERTO

Houveram vários acidentes no feriado. Houve vários acidentes no feriado.


Haverão momentos de alegria no futuro. Haverá momentos de alegria no futuro.
Haviam só três alunos na sala. Havia só três alunos na sala.
Devem haver ligações perdidas. Deve haver ligações perdidas.

O mesmo ocorre com o verbo fazer referindo-se a tempo passado.


Faz vinte minutos que ele saiu da sala.

ERRADO CERTO

Fizeram três dias que a conta venceu. Fez três dias que a conta venceu.
Fazem meses que não nos vemos. Faz meses que não nos vemos.
Faziam horas que estávamos esperando. Fazia horas que estávamos esperando.

139
Com os verbos faltar,
bastar, restar, sobrar e
ficar (no sentido de restar,
sobrar)
Esses verbos concordam normalmente com o sujeito. Portanto:

Faltam dois dias para o lançamento da campanha.


Bastam alguns minutos e posso te convencer da compra.
Ficaram vários assuntos para discutir na próxima reunião.
Quantas notas restaram para pagar?

Deu na imprensa online: 

Carreira
Ministro da educação tropeça feio no português durante entrevista
“Haverão mudanças”, disse o ministro da Educação, Mendonça Filho. 

com o pronome“-se”
Com o pronome -se, também chamado de partícula apassivadora, SEM PREPOSIÇÃO,
o verbo concorda com o sujeito e ca no plural:

Vendem-se casas no Jardim Oriente. (sujeito= casas).

ERRADO
Consertam-se sapatos.
Conserta-se sapatos. Veem-se os primeiros resultados.
Vê-se os primeiro resultados. Contratam-se mecânicos.                          
Contrata-se mecânicos.   
CERTO

140
Quando o “-se” TEM PREPOSIÇÃO, o verbo ca no singular.

Precisa-se de professores de gramática.  (preposição = de)


Escreve-se com amor e dedicação. (preposição = com)

ERRADO CERTO
Con am-se em pro ssionais graduados. Con a-se em pro ssionais graduados.
Tratam-se de questões sérias. Trata-se de questões sérias.

ADMITE-SE PESSOAS COM EXPERIÊNCIA EM ÓPTICA


O correto é “admitem-se”

Casos gerais
“É bom, é necessário, é proibido”

Variam se o sujeito vier precedido de artigo ou outro determinante.

É proibido entrada de estranhos./ É proibida a entrada de estranhos.


É necessário chegar cedo./ É necessária sua chegada.
É bom estudar mais. / É boa a prática do estudo.

As palavras “só”, “próprio” e “mesmo” concordam com a pessoa:

Ele estava só (= sozinho) / Eles estavam sós (=sozinhos)

Mas a expressão “a sós” é usada somente no plural: O rapaz gosta de car a sós.

Elas mesmas zeram a tarefa.  / Os próprios meninos deduraram a irmã. /


Elas próprias trocaram o pneu.

141
Com A MAIORIA, PARTE GRANDE PARTE, BOA PARTE, UM GRANDE
NÚMERO, etc.

Na frase: “A maioria das pessoas faltou/faltaram ao encontro”, o sujeito “A maioria das


pessoas” tem o núcleo no singular: maioria. No entanto, ele é seguido de uma palavra
no plural: pessoas. Quando isso ocorre, a concordância pode ser feita tanto com o
núcleo do sujeito - e o verbo cará no singular - quanto com o substantivo após o
núcleo - e cará no plural.

Assim, está correto:

A MAIORIA das pessoas FALTOU ao encontro.


ou
A maioria das PESSOAS FALTARAM ao encontro.

No entanto, é importante lembrar que segundo a norma culta, é preferível - e também


mais comum em veículos de comunicação - a concordância verbal no SINGULAR: A
MAIORIA das pessoas FALTOU ao encontro.

A expressão “a grande maioria” é redundante: se é grande, já é maioria.


Escolha “grande parte” ou só “a maioria”.

Quando a expressão de quantidade (maioria, parte) não vier sozinha, ou


seja, não for seguida de substantivo nenhum, o verbo ca no singular:
“A maioria está presente”, “Grande parte não tem tempo”, etc.

Com verbo longe do sujeito

É muito comum na escrita diária cometer erros deconcordância quando  a frase é mais
longae o verbo está longe do sujeito.

Veja o exemplo:

142
O encontro marcado na sexta passada pelos acionistas foram con rmados. 

Sujeito = encontro. Verbo = foram.


Logo, a concordância está incorreta. O verbo deveria, neste caso: 

O encontro marcado na sexta passada pelos acionistas foi con rmado.


Veja exemplos reais de concordância incorreta em jornais:

Segundo os pesquisadores do CBPF, “advogados franceses solidários ao drama de


Adlène” estava no aeroporto para qualquer problema.
2/3 das pessoas do mundo apresenta algum nível de insu ciência de lactase.

“Fui eu que z” ou “Fui eu quem z”? Quem nunca teve essa dúvida de
concordância, não é? Qualquer que seja o verbo, são duas as formas
corretas, mas a diferença está no uso dos pronomes QUE e QUEM. Veja:

1 – Fui eu QUE ENVIEI o relatório. = eu enviei.


2 – Fui eu QUEM ENVIOU o relatório. = quem enviou? Eu.

Estimado(a) aluno(a), os casos de problema de concordância vão muito além dos


expostos aqui, que são os principais. Mas a intenção não é esgotar o assunto em um
material, mas fazê-lo pensar a respeito e ter cuidado na hora de escrever. Só tem
dúvida quem um dia estudou, não é verdade? Então, assim que precisar ou que a
vontade de aprender mais bater, procure uma boa gramática – deixei indicações na
sessão Complemente seus Estudos! – ou jogue no Google para somar ao que você já
aprendeu aqui!

143
16

Erros Comuns e
Vícios de Linguagem

144
“Um bom professor de português quer formar bons usuários da
língua escrita e falada, e não prováveis candidatos ao Prêmio Nobel
de literatura!” - Marcos Bagno, professor, sociolinguista e lólogo
brasileiro.

Não é novidade nenhuma que o nosso idioma é complexo por natureza, e que é
exatamente a essa complexidade que devemos prestar atenção e começar a nos
corrigir, a nos acostumar com o correto. É o que chamamos de “pegadinhas” nas
avaliações, mas que na verdade é um ponto que os avaliadores têm para medir o grau
de contato do candidato com o idioma.

Ninguém, nem mesmo pro ssionais da área de Letras, é obrigado a saber de tudo –
para isso existe o auxílio de livros, dicionários e gramáticas. Mas o que se espera é que
o aluno, em algum momento da sua vida, estude português em um nível tal que seja
capaz de se destacar de outros que nunca buscaram saber como falar e escrever
corretamente. Uma pequena informação a mais que o concorrente e você já está um
passo à frente dele.

Assim, a intenção é oferecer um panorama dos problemas mais comuns observados


na população média e tentar saná-las. Preparado?

Antes de iniciarmos esta discussão, assista a uma reportagem que


revela um número surpreendente: em cada dez pessoas que passam
por uma entrevista de emprego, sete são reprovadas porque falam e
escrevem errado.

Va lá: Disponível aqui

145
Erros Gerais
A comparação abaixo é uma coletânea de erros comumente encontrados em escritos
de diferentes gêneros: pro ssionais, acadêmicos, empresariais e pessoais. Con ra e
corrija-se!

ERRADO Fazemos entrega a domicílio. Para


maiores informações, ligue xxxx-xxxx
Fazem 12 anos que não viajo ao exterior. Você quer que eu compro pra você?
Aquele foi o tempo onde mais fomos Se você quizer viajar, eu estou a m.
felizes. A moça disse ao Sr. Tavares: “Obrigado!”
Assisti um lme onde o cachorro morre Quando você ver ela, mande meus
no comprimentos.
nal.
Acusamos o recebimento do email. CERTO
Este livro é para mim ler, não é?
Ela devia ter chego antes, mais está Faz 12 anos que não viajo ao exterior.
atrasada... Aquele foi o tempo em que/quando mais
Diga que volto daqui há pouco. fomos felizes.
Ele comprou trezentas gramas de Assisti a um lme em que o cachorro
mussarela. morre no nal.
Quando nós vamos se ver? Con rmamos o recebimento do email.
Vocês tem conta aqui? Quando vocês Este livro é para eu ler, não é?
virem denovo, vou con rmar. Ela devia ter chegado antes, mas está
Ela mesmo arrumou a sala. atrasada...
Agente não vamos faltar amanhã. Diga que volto daqui a pouco.
Ela estava meia cansada e não veio. Ele comprou trezentos gramas de
Entre eu e ele não há conversa nem muçarela.
acordo. Quando nós vamos nos ver?
Se você propor um bom salário, voltamos Vocês têm conta aqui? Quando vocês
a conversar. vierem de novo, vou con rmar.
A energia falhou derrepente, porisso Ela mesma arrumou a sala.
perdemos o trabalho digitado. A gente não vai faltar amanhã.
Fiquei fora de si com aquela situação. Ela estava meio cansada e não veio.
Aquela loja vende tudo apartir de R$1,99. Entre mim e ele não há conversa nem
As crianças falarão a verdade ontem. acordo.
Quando eu falei que era um previlégio Se você propuser um bom salário,
trabalhar com ele, ele disse: “Nada voltamos a conversar.
haver...” A energia falhou de repente, por isso
O ladrão concerteza é de menor. perdemos o trabalho digitado.
Essa foi uma grande perca para todos. Fiquei fora de mim com aquela situação

146
Aquela loja vende tudo a partir de Fazemos entrega em domicílio. Para
R$1,99. mais informações, ligue xxx-xxxx
As crianças falaram a verdade ontem. Você quer que eu compre pra você?
Quando eu falei que era um privilégio Se você quiser viajar, eu estou a m.
trabalhar com ele, ele e disse: “Nada a A moça disse ao Sr. Tavares: “Obrigada!”
ver...” Quando você a vir, mande meus
O ladrão com certeza é menor. cumprimentos.
Essa foi uma grande perda para todos.

MENAS E MEIA

É o seguinte: “menas” NÃO EXISTE. Nunca. Em contexto nenhum. O


advérbio é sempre masculino, logo,

“Hoje eu tenho MENOS MATÉRIA para estudar”, ou “Ela está MENOS


CANSADA que ontem.”

Quanto à palavra “meia”, o termo não tem feminino quando dá uma


quantidade; um nível para o adjetivo que o acompanha: “A bebê está
MEIO SONOLENTA.”

Porém, tem feminino quando quer dizer metade: “Comi apenas MEIA
MAÇÔ, “Agora são meio dia e MEIA (hora)”.

Outro caso é quando “meia” se refere ao substantivo “pedaço de pano


costurado que se põe nos pés para aquecê-los”,

147
Verbos problemáticos:
TER, PÔR, VIR E VER (e
derivados)
A maior di culdade em relação aos verbos ter, pôr, vir e ver é a conjugação deles em
certos tempos e modos.  O certo é "quando eu pôr" ou "quando eu puser"? "Se eu vir
ao colégio" ou "Se eu vier ao colégio?"

Lembra-se do modo subjuntivo?

O tempo verbal denominado pretérito do subjuntivo indica hipótese e


condição, e é iniciado pela conjunção "se" ou pela conjunção "caso". São
aqueles que terminam na desinência "-sse": "Se eu estudasse”, "Caso
estudássemos mais".
O tempo verbal denominado futuro do subjuntivo indica possibilidade
futura. É iniciado pela conjunção "quando" ou pela conjunção "se" e
caracterizado pela desinência "ar", "er" ou "ir" e geralmente
acompanhado de outro verbo no futuro do presente do indicativo: "Se
eu estudar mais, conseguirei melhores notas"; "Quando estudarmos
mais, conseguiremos melhores notas".

Agora analisemos os verbos apresentados como problemáticos - ter, pôr, vir e ver e
derivados:

ter – deter, reter, conter, entreter


pôr – propor, supor, depor, opor, expor, compor, antepor, contrapor, recompor,
transpor
vir – intervir, sobrevir, convir, desavir

148
ver – prever, antever, rever, prover

ERRADO unidades
Se mantermos contato, será muito legal. Quando ela vir, peça que traga um
casaco. 
Eu esperava que você se oponhasse ao CERTO
cargo. Se mantivermos contato...
Se a empresa o mantesse, seria um
desastre.      Quando pormos dinheiro na ...que você se opusesse ao cargo.
conta, nós avisamos.    Se a empresa o mantivesse...
Quando pusermos dinheiro....
Se o IR reter minha declaração, terei que
refazê-la.  Se você ver a professora, Se o IR retiver minha declaração...
mande um abraço.  Se você vir a professora...

Ela iria embora se suposse o que ...se supusesse o que aconteceria.


aconteceria.    Embora eu prevesse minha Embora eu previsse...
nota, foi pior ainda! Se a banda compusesse algo bom...
Se a banda composse algo bom, eu
escutaria. ...se ela contiver nove unidades.
Quando ela vier...               
Vou devolver a caixa se ela conter nove

Sim, eu sei que estudar verbos é um exercício chato... por isso, minha
indicação é um quiz on-line sobre os 100 verbos mais comuns da língua
portuguesa. Teste seus conhecimentos e compartilhe sua pontuação no
nosso fórum!

Fonte: rachacuca

149
O Particípio
O particípio, juntamente com o in nitivo e o gerúndio, é uma das chamadas formas
nominais do verbo. É chamado assim por não apresentar modo e tempo ou número e
pessoa, assemelhando-se mais com um adjetivo do que com uma forma verbal.

Nas suas formas regulares, o particípio termina em -ADO ou –IDO, e é usado junto com
os verbos TER e HAVER em qualquer tempo, modo ou pessoa, formando uma locução:

FALAR – FALADO. O senador não deveria ter falado besteira no discurso.


CAMINHAR – CAMINHADO. Nós já  tínhamos caminhado pela manhã.
MORRER – MORRIDO. A mãe dele havia morrido fazia três meses.
COMER – COMIDO. O rapaz queria ter comido tudo que podia.

A principal função do particípio é  expressar uma ação concluída, terminada.


Porém,há muitos casos em que ele faz a função de adjetivo:

O rapaz chegou em casa todo molhado.

Os sapatos estavam jogados no canto da sala.

Aquelas mulheres não eram amadas, mas maltratadas pelos maridos.

PARTICÍPIO IRREGULAR – VERBO ABUNDANTE

Verbos abundantes são aqueles que apresentam mais de uma forma para expressar
a mesma exão. Há  muitos verbos que possuem duas formas de particípio: a
REGULAR, terminada em -ADO ou-IDO, e a IRREGULAR, que é uma forma reduzida.

Veja:

INFINITIVO Matar Morrer


Salvar Prender
Aceitar Soltar Suspender
Entregar Acender Emergir
Expressar Benzer Exprimir
Expulsar Eleger Extinguir

150
Frigir morrido morto
Imergir prendido salvo
Imprimir suspendido solto
Tingir emergido aceso
exprimido bento
REGULAR extinguido eleito
frigido morto
aceitado imergido preso
entregado imprimido suspenso
expressado tingido emerso
expulsado expresso
matado IRREGULAR extinto
salvado frito
soltado aceito imerso
acendido entregue impresso
benzido expresso tinto
elegido expulso

VERBOS DE UM ÚNICO PARTICÍPIO IRREGULAR

Abrir – aberto
Cobrir – coberto
Dizer – dito
Escrever – escrito
Fazer – feito
Pôr – posto
Ver – visto
Vir – vindo

Voltando à regra, com os verbos TER e HAVER usa-se os regulares (primeira coluna), e
com os verbos SER e ESTAR, os irregulares (segunda coluna).

A professora HAVIA IMPRIMIDO as provas. As provas ESTÃO IMPRESSAS.

Você deveria TER SALVADO os arquivos. Nenhum FOI SALVO.

Assim sendo, estão erradas frases do tipo:

151
A professora havia chego fazia muito tempo.
O 13º foi empregue na reforma da casa.
Ela podia ter trago o bolo.
Você podia ter impresso a matéria antes!

O correto é:

A professora havia chegado fazia muito tempo.


O 13º foi empregado na reforma da casa.
Ela podia ter trazido o bolo.
Você podia ter imprimido a matéria antes! 

COM OS VERBOS TER E HAVER COM OS VERBOS  SER ou ESTAR

pagado pago

entregado entregue

gastado gasto

aceitado aceito

salvado salvo

prendido preso

morrido morto

matado morto

fritado frito

elegido eleito

152
Há uma grande discussão sobre algumas formas, principalmente
GANHADO/GANHO, PAGADO/PAGO e PEGAR/PEGO com ter e haver. Já
se nota nas ruas, na tevê e na imprensa em geral o uso de estruturas
tais como: “Ela devia ter pego o ônibus” e “Eu tinha ganho um
dinheiro”, o que pode vir, no futuro, a se tornar regra. Porém, algumas
referências consagradas como o Manual de Redação e Estilo do Estado de
São Paulo e obras de gramáticos in uentes garantem que na norma
culta, aquela que nos é exigida em provas e concursos, ainda vale as
formas “ter pagado”, “ter pegado”, etc. “Chego” não existe como
particípio! O correto é “tinha chegado”.

Gerundismo
Quando se fala em gerundismo - e se fala bastante! -, é comum as pessoas
apresentarem muitas dúvidas sobre esse conceito gramatical. Há até quem pergunte
se a forma verbal do gerúndio não é mais usada ou se é errado usá-la. Mas é muito
importante salientar que gerúndio e gerundismo são coisas distintas! Então, antes
que se comece a tomar o certo pelo duvidoso e o errado pelo certo, vamos nos
lembrar de algumas regras:

GERÚNDIO é o nome dado à forma verbal que termina em “-NDO”: estudando,


escrevendo, sorrido, propondo, etc. Essa forma expressa uma ação em curso no
presente ou no passado, e pode ser usado sozinho ou com outro verbo (composto):

a) Vi as crianças brincando na pracinha.


b) Os alunos estavam conversando enquanto a professora explicava a matéria.
c) Ela chegou alegrando o escritório.
d) Este ano, estou estudando com a nco.

153
O problema, contudo, é que o gerúndio passou a ser utilizado para conferir ao verbo
uma ideia de progressividade no futuro e, conforme a norma culta, isso caracteriza
erro ou vício de linguagem:

a) Eu vou estar fazendo um bolo para o seu aniversário.


b) Eu estarei telefonando para a escola para conversar com a professora.
c) Você pode estar depositando o valor amanhã.
d) Nós vamos estar resolvendo o problema assim que possível.

TENHA CERTEZA: UM ATENDENTE DE CALL CENTER AINDA VAI ESTAR


TE LIGANDO!

O segredo é ter cuidado dobrado quando você usar verbos no gerúndio.

Para descontrair, veja uma lista de músicas com erros de português. Do


sertanejo ao rock, tem pra todos os gostos!

Acesse: Disponível aqui

154
Material Complementar
LIVRO

Título: Preconceito Linguístico


Autor: Marcos Bagno
Editora: Parábola
Sinopse: O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença
pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa pode
achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais elegante,
mais rude do que outro. No entanto, quando essa postura se trans-
forma em atitude, ela se torna discriminação e esta tem de ser alvo
de denúncia e de combate. No caso da língua, é imprescindível que
toda cidadã e todo cidadão que frequenta a escola (pública ou privada)
receba uma educação linguística crítica e bem informada, na qual se
mostre que todos os seres humanos são dotados das mesmíssimas
capacidades cognitivas e que todas as línguas e variedades linguísticas
são instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir a
experiência humana neste mundo. Este livro já é um clássico brasileiro
sobre esse assunto tão delicado de se abordar. Vale a pena ler.

LIVRO

Título: Gramática da Língua Portuguesa para Leigos


Autor: Magda Bahia Schlee
Editora: Alta Books
Sinopse: É muito comum ouvirmos dizer por aí que o português
é uma língua difícil. Curioso é que muitas das pessoas que dizem
isso usam o português no seu dia a dia para interagirem umas
com as outras sem maiores problemas. Mas então que portu-
guês é esse tão difícil assim? Na verdade, a grande dificuldade que
muitos falantes têm em relação à língua portuguesa se concen-
tra em uma de suas variedades, a chamada variedade padrão.
Este livro aqui trata justamente dessa variedade, que costuma nos dar
uma certa dor de cabeça. Isso ocorre porque esse é o padrão de lingua-
gem usado em situações formais, mais distantes do uso coloquial que
fazemos da nossa língua. Essa variedade se deduz fundamentalmente
dos usos da língua em textos escritos e dos usos de grupos sociais com
alto grau de escolarização, e também das situações de interação em
que há maior formalidade entre os interlocutores.
Em linguagem acessível, este manual apresenta os mecanismos básicos
que constituem a língua portuguesa.

155
Material Complementar
LIVRO

Título: Manual de Redação e Estilo do Estado de S. Paulo


Autor: Eduardo Martins
Editora: Moderna
Sinopse: Consagrado conjunto de normas da imprensa brasileira, que
ultrapassa a fronteira do papel para o mundo online, o Manual de re-
dação e Estilo do Estado cumpriu essa trajetória exatamente porque
sua utilidade não é restrita às redações de jornais e revistas.
De autoria do jornalista Eduardo Martins, com 40 anos dedicados ao
ofício de moldar textos na Redação do Estado, o Manual chega agora à
terceira edição impressa. Cada um dos seus verbetes traz a experiência
de quem chefiou incontáveis editorias no jornal, foi seu secretário de
Redação e já por oito anos auxilia a Direção da Redação no controle
de qualidade dos textos publicados. Indispensável para que quer apri-
morar sua escrita, pois funciona como um tira-dúvidas rápido e eficaz.

FILME

Título: Sentidos do Amor


Ano: 2011
Sinopse: O filme conta a história de Susan (Eva Green), uma epidemio-
logista que acaba de sair de um péssimo relacionamento, enquanto
Michael (Ewan McGregor) é um chefe de cozinha que não liga muito
para o que as outras pessoas querem. Ambos se conhecem em um mo-
mento conturbado para a humanidade, pois por causa de uma doença
que se espalha pelo planeta, as pessoas vão gradativamente perdendo
os cinco sentidos (olfato, paladar, audição, visão e tato).
Comentário: Apesar da tradução melosa do título em português (Senti-
dos do Amor), não se trata exatamente de uma história de amor, mas
sim, da forma que vemos o mundo e como nos comunicamos. Você
imagina como seria suas relações pessoais se um dia você perdesse o
olfato, depois a audição, no outro o paladar, no outro o tato, e assim
sucessivamente?

156
Material Complementar
FILME

Título: A Chegada
Ano: 2016
Em A Chegada, Amy Adams interpreta Louise Banks, uma linguista
brilhante convocada pelo governo americano para se comunicar com
os alienígenas que estacionaram suas naves em diversos pontos do
mundo. A Dra. Banks lidera a equipe que tenta desvendar o que eles
querem. “Seria maravilhoso ter uma língua universal. Mas estamos bem
longe disso”, diz Adams. “O que temos em comum são as emoções e
nossa experiência humana. Somos todos iguais. Todos temos medos,
compaixão, amor, raiva. Mas não sabemos nos comunicar.”

WEB

Você gosta de filmes e séries? Veja aqui 14 filmes que o Guia de Estu-
dantes listou para quem gosta ou quer entender um pouco mais dos
mecanismos de comunicação nas áreas sociais, políticas, empresariais,
virtuais e jornalísticas.

https://guiadoestudante.abril.com.br/orientacao-profissional/14-fil-
mes-e-series-para-quem-gosta-da-area-de-comunicacao/

WEB

Indispensável para quem escreve em uma base diária, o dicionário da


língua portuguesa também serve como gramática e conjugador verbal.
Veja na página do link abaixo 5 dicionários online gratuito, entre eles
o Michaellis, o Aurélio e o Priberam:
http://portuguesonline.net/5-dicionarios-de-portugues-online-gratis/

157
Conclusão
Chegamos ao final da disciplina, e espero que você tenha aproveitado o
máximo. Ao longo dela, estudamos assuntos que ampliaram o seu conhe-
cimento e sua formação no terceiro grau, e certamente lhe serão úteis em
várias etapas do seu crescimento pessoal e profissional. Todo conhecimento
é válido; nada que se aprende é em vão.
Mais do que corrigir erros de português e saber as regras do novo acordo
ortográfico, é preciso ter consciência de que se comunicar de forma simples
e direta, tanto na escrita quanto na fala, garante seu sucesso no caminho
que você pretende percorrer. Uma comunicação mal apresentada significa
muito mais do que a falha em si. Ela pode ser um fator que altera a per-
cepção do cliente sobre sua empresa, o cuidado que você toma ao divulgar
informações, a sua atenção aos detalhes... Escrever um email mal redigido
ou falar um erro grosseiro de português, por exemplo, pode levantar todas
essas questões na mente de quem vai receber sua mensagem.
Assim, fica aqui meu desejo de contínuo estudo e crescimento pessoal - e
sucesso sempre!

Profª. Juliana Spadoto


julianaspadoto.ead@unimar.br

158
Referências
BORGES, Roberto Cabral de Mello. Técnicas de Apresentação. UFRGS. 2003.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa.
Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1996.
CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: O Capital Humano das Organizações. 8.ed.
São Paulo: Atlas, 2006.
DIONÍSIO ET AL. Oratória. 1 ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
FRANÇA, Ana Shirley. Comunicação Escrita nas Empresas: teorias e práticas. São
Paulo: Editora Atlas, 2013.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: Leitura e
redação. 18 ed. São Paulo: Editora Ática, 2006.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 2005.
KOBS, Verônica Daniel. Interpretação de textos. Curitiba: IESDE, 2012.
KOCH, Ingedore e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Escrever: estratégias de produção
textual. São Paulo: Contexto, 2009.
KUNSCH, Margarida M. Krohling (org.) Comunicação organizacional: Linguagem,
gestão e perspectivas. Vol. 2. São Paulo, SP. Saraiva, 2009.
______. Comunicação organizacional: conceitos e dimensões dos estudos e
das práticas In: MARCHIORI, Marlene. Faces da cultura e da comunicação
organizacional. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2006.
NASCIMENTO, E. L. Concordância e Regência. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
RIZZO, C. Marketing pessoal no contexto pós-moderno. Livro eletrônico. 4. ed. São
Paulo: Trevisan Editora, 2017.
ROSENTHAL, Marcelo. Gramática para concursos. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
TERCIOTTI, Helena, S. Comunicação Empresarial na Prática. 3ª Ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2013.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e
escrita. Martins Fontes: São Paulo, 2017.

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