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ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X
CDD – 610.6952017
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos
que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A
violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
023 Aula 02: O que você precisa saber para se sair bem no
atendimento ao Público
044 Aula 04: O que você precisa saber para elaborar uma Redação
Introdução
Olá a todos!
Vamos iniciar a disciplina de Comunicação nas Empresas, e tenho certeza de que você
vai se surpreender ao notar como é bom rever língua portuguesa, comunicação e
gramática com outro olhar!
Muitos se perguntam: “Por que tenho que estudar comunicação ou língua portuguesa
se não serei professor ou pro ssional de línguas ou pedagogia”? Ora, é preciso ter
consciência, como indivíduos que necessitam a nar a comunicação para o sucesso,
tanto pessoal quanto acadêmico e pro ssional, que a comunicação é o nosso cartão
de visitas! O tratamento dado à língua enfatiza seu conhecimento de mundo e suas
diferentes formas de interagir. Já é sabido que as modalidades oral e escrita, formal e
informal, são práticas inerentes à língua; elas se complementam e não andam
separadas. O jeito que você as usa é que dá status a cada uma delas, conferindo-lhes
poder de expressão e de convencimento em dada circunstância.
Assim, preparei quatro aulas com assuntos pertinentes, mas com abordagem básica,
especialmente para você que deseja fazer uma graduação e aproveitar ao máximo não
só quanto ao conteúdo especí co da sua área de atuação, mas também quanto a tudo
aquilo que vai agregar à sua formação pro ssional – e o bom uso da língua portuguesa
é uma delas.
Bons estudos!
01
Iniciamos aqui nossa breve viagem por alguns conceitos, regras e dicas que certamente
farão diferença no modo como você vê a língua portuguesa. Vamos lá?
O Erro Crasso
Em tempos digitais, quando todos os programas e aplicativos com edição de texto
contam com corretor ortográ co, pode parecer exagero falar que a maioria das
pessoas ainda comete erros graves de gramática. Mas a existência desses corretores
talvez seja exatamente a razão pela qual relaxamos do nosso próprio idioma, pois, em
algum momento, paramos de nos cobrar estudo e autocorreção por con ar somente
nos corretores automáticos.
Mas e na hora de falar? E quando é preciso escrever no âmbito pro ssional e comercial
sem a ajuda dos programas de edição? Você acha que um erro grave de língua
portuguesa compromete sua imagem pro ssional? Vamos re etir mais sobre isso.
Você já deve ter ouvido a expressão “erro crasso”: quer dizer que se trata de
um erro inadmissível dentro do contexto em que ele acontece. Logo, na
comunicação, é aquele equívoco que uma pessoa que se diz alfabetizada não
deveria cometer. Consegue pensar em algum? Só pra citar, é quando alguém
fala “adevogado” ou escreve “concerteza”. Quanto à origem do termo, “crasso”
remete ao general romano Marcus Licinius Crassus que, movido pela gana de
vencer uma batalha contra os persas – mas sem ter muitas habilidades de
liderança militar – adotou uma estratégia de guerra errada que resultou na
dizimação de seus 50 mil homens, incluindo o próprio Crasso. Assim, o
adjetivo passou a ser sinônimo de um erro grave e/ou estúpido, e o general
Crassus ganhou, ao menos, um busto no Louvre pelo seu feito desastroso.
Abrido = ABERTO
Ponhei = PUS
Célebro = CÉREBRO
Erros Gramaticais
Em algum momento da vida adulta, nosso conhecimento gramatical é testado. Pode
ser em uma prova de concurso, um teste para vaga de emprego ou para passar
con ança quanto à sua competência pro ssional – mesmo que você não seja da
área de Letras e a ns.
É fato que erros gramaticais grosseiros são cometidos no cotidiano das empresas, na
comunicação com clientes e parceiros, mas é preciso saber eliminá-los e ter uma boa
redação empresarial, o que re ete até mesmo no resultado do seu trabalho. Escrever
correta e adequadamente é imprescindível para vendedores, atendentes e
administradores. Você assinaria um contrato cheio de erros? Não dá para con ar, não
é?
Todo esse cuidado não é balela de professor: o cenário atual no mercado é assustador,
e se comunicar bem é um diferencial competitivo.
Para esquentar, vamos fazer um ditado. Não, você não leu errado!
Uma pesquisa realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) mostra que a
língua portuguesa é o que mais reprova candidatos. Algumas empresas aplicam
um ditado de 30 palavras que permite até sete erros, mas é responsável por 36,8%
das reprovações. Erick Sperduti, coordenador de Seleção do Nube, aponta que
“apenas 25% dos brasileiros têm o hábito da leitura. Falta iniciativa do jovem para
ler e escrever, e isso limita seu repertório”. O ideal é unir outros recursos atrativos,
como a televisão e a internet, e ler livros e matérias na web, por exemplo.
As palavras que você vai ouvir foram retiradas da lista de 30 palavras do ditado
oferecido pela Nube. Ouça na versão digital e anote!
SÍNTESE
PRETENSÃO
AMBICIOSO
EQUIDADE
CONVICÇÃO
HÁBITO
EXAUSTIVO
AUTOANÁLISE
EXPOSIÇÃO
ASSESSORIA
EXCELÊNCIA
SUBSÍDIO
VOCÊ
HEDIONDO
REPASSE
EXCLUSIVO
MENAS E MEIA
Verbos
Por si só, a conjugação verbal do português já é complexa, e ainda existem os verbos
irregulares, aqueles que destoam do restante.
Mas a nossa intenção aqui não é estudar a complexidade de todos os modos e tempos
verbais: é apontar algumas formas às quais devemos estar atentos para não cometer
erros graves. Por isso, a lista abaixo mostra apenas as formas corretas:
Nos tempos presente e passado do indicativo:
Valer = EU VALHO
Caber = EU CAIBO
Adequar = EU ADÉQUO
Surgir = EU SURJO
Ansiar = EU ANSEIO
Vir – SE EU FOR
Barbarismo
Você pode nunca ter ouvido falar no termo “barbarismo”, mas certamente conhece:
quando alguém fala “pograma, pobrema, peneu, mendingo, trabaio, largatixa”, entre
outros, pode-se atribuir esse desvio à baixa escolaridade do falante, mas também é
comum pessoas com melhor base escolar cometer erros desse tipo, aos quais
chamamos de barbarismo.
Assim, trata-se de um desvio gramatical que se caracteriza por um vício grave de
linguagem, ou seja, é um erro crasso!
Vamos a um rápido teste: qual das orações abaixo possui um erro grave de pronúncia?
E então, qual resposta você assinalou? E qual palavra contém erro de pronúncia?
Se você disseque todas as opções contêm palavras com erros, você acertou! Veja:
REINTERO = REITERO
IMPECÍLIO = EMPECILHO
FARRIAR = FARREAR
Desvios de pronúncia, de acentuação,ortogra a, concordância e signi cado são
considerados barbarismos. Vamos aos mais comuns:
Quanto à pronúncia
ERRADO CORRETO
Previlégio PRIVILÉGIO
Incrustrar INCRUSTAR
Melícia MILÍCIA
Hipocresia HIPOCRISIA
Bene ciente BENEFICENTE
Simplismente SIMPLESMENTE
Degladiar DIGLADIAR
Guspir CUSPIR
Degote DECOTE
Exprimentar EXPERIMENTAR
Fácio FÁCIL
Revindicação REIVINDICAÇÃO
Dignatário DIGNITÁRIO
Siclano SICRANO
Freiada FREADA
Mantêga MANTEIGA
Pesso PEÇO
Sombrancelha SOBRANCELHA
Cabelereiro CABELEIREIRO
Cabeçário CABEÇALHO
E sema ENFISEMA
Supérfulo SUPÉRFLUO
Desenformado DESINFORMADO
Estrupo* ESTUPRO
VOCÊ SABIA?
Embora tenha um uso antigo, a palavra “estrupo” existe, mas não tem nada
a ver com “estupro”! Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa,
ES.TRU.PO
substantivo masculino
É daqui que vem a palavra “estrupício”, por exemplo: “aquele que briga com
várias pessoas, que causa confusão e desordem.” “Coisa estranha,
complicada, despropositada”.
Quanto à grafia
ERRADO CORRETO
mecher MEXER
advinhar ADIVINHAR
geito JEITO
quizeram QUISERAM
gáz GÁS
trás (verbo) TRAZ
losa LOUSA
Subzistência SUBSISTÊNCIA
Subzídio SUBSÍDIO
Ância ÂNSIA
portugueza PORTUGUESA
ingleza INGLESA
mussarela MUÇARELA
começei COMECEI
inadimissível INADMISSÍVEL
Voçê VOCÊ
ERRADO CORRETO
ExÉ
AxÀ
DA x DÁ
NO x NÓ
SAI x SAÍ
PAIS x PAÍS
ESTA x ESTÁ
CALCULO x CÁLCULO
INTIMO x ÍNTIMO
AMEM x AMÉM
SECRETARIA x SECRETÁRIA
NEGOCIO x NEGÓCIO
REFERENCIA x REFERÊNCIA
PRATICA x PRÁTICA
COCO x COCÔ
CONTEM x CONTÉM (singular) /CONTÊM (plural)
BEBE x BEBÊ
PODE x PÔDE
TEM (singular) x TÊM (plural)
MANGA x MANGÁ
Espero que, ao nal desta aula, o que tenha cado em mente é que evitar erros crassos
tem a ver com leitura, estudo e autocorreção. Quanto mais você lê e estuda, mais você
tem contato com o modo correto da escrita e da fala – e isso faz com que você
gradualmente passe a se autocorrigir e evitar erros crassos.
02
A boa comunicação começa com a leitura e o estudo da língua portuguesa e passa pela
sua aplicação prática quando é preciso conversar, escrever, dialogar, argumentar e
trabalhar. Pense em quantas pro ssões NÃO é necessário falar com alguém ou
escrever alguma coisa.
Silva e Costa (2016) a rmam que, para crescer pro ssionalmente, é necessário oferecer
atendimento com qualidade de forma e ciente:
E o que é qualidade? Para Lobos (1993, p. 38), “qualidade é a condição de perfeição ou,
se preferir, do exato atendimento das expectativas do cliente”, mas existem vários
signi cados na literatura, entre elas “excelência, algo de melhor, de satisfação, que
todos almejam receber”.
Imagine um currículo cheio de desvios gramaticais. Mesmo que você seja um ótimo
pro ssional e esteja muito a m de trabalhar, pode ser que o recrutador nem termine
de lê-lo.
E o agradecimento de volta?
Além de fórmulas tais como “De nada” e “Não há de quê” (mais antiga), na
comunicação de atendimento você pode responder a um agradecimento com
“Eu que agradeço” ou então com “Obrigado(a) eu”. A forma “Obrigado(a) você”
está errada.
Exemplos
Tanto na fala quanto na escrita, preste atenção dobrada no português para não errar
nas situações a seguir. Mas eu gostaria que você estudasse testando seus
conhecimentos prévios, certo? Então, assinale a opção correta:
c) Ao substituir o verbo “tem” por “haver” em uma situação mais formal, o correto é:
a) O correto é FAZ. Não se usa o verbo “fazer” no plural quando se refere a tempo, seja
no passado, presente ou futuro.
b) O correto é CASO apenas, ou então SE, Está errado falar “se caso” juntos.
c) O correto é HOUVE. Não se usa o verbo “haver” no plural quando substitui o verbo
“ter”, seja no passado ou futuro (haviam, houveram, haverão = HAVIA VAGAS,
HOUVE FERIADOS, HAVERÁ NOTAS BOAS).
O vocábulo “mesmo” não funciona como substantivo, por isso não pode
substituir um nome: o mesmo. Esse vocábulo deve ser empregado como
pronome adjetivo (“o mesmo relatório”) ou como advérbio (“ele entregou
mesmo o projeto”).
Os dois últimos exemplos da tabela acima são de gerundismo, que é o uso errado do
gerúndio (os verbos que terminam em -ndo). Trata-se de um modismo que, além de
feio, mostra falta de comprometimento e dá uma noção errada de futuro. Quanto mais
rme você der a resposta, melhor.
Então, não diga: “Vou estar entregando o produto logo”, que parece uma data longe
demais, mas diga “Entregarei” ou “vou entregar logo”. A partir de hoje, vamos deletar o
gerundismo da nossa fala?
Dicas de comunicação no
atendimento
Iniciar o contato com uma frase do tipo “Em que posso ajudá-lo?” já está de bom
tamanho: simples e neutro.
Evite termos íntimos ou no diminutivo ao falar com o cliente. Adjetivos como
“camarada”, “querido(a)”, “ or”, podem causar desconforto e forçar uma
proximidade inexistente. Chame pelo apelido apenas se o cliente assim pedir ou
se o relacionamento já é de longa, loooonga data.
Exclua as palavras de conotação negativa do seu vocabulário. Se você não tiver
aquilo de que seu interlocutor precisa no momento, não fale "Infelizmente, não
temos X agora", mas "Vou providenciar e nos falamos em uma semana".
Nunca use frases que se confundem com uma ordem. Ninguém gosta de ouvir
algo como “O senhor tem que assinar aqui”. Uma expressão cordial (com o uso de
“por favor”) tem mais valor: “Por favor, pode assinar nesta linha?”
Frases úteis
É válido ter um repertório de frases para aprimorar seu atendimento seja você iniciante
ou veterano na pro ssão. Veja:
Começo esta aula com uma re exão: você já parou para pensar como você se
comunica com os outros na internet? E em situações pro ssionais, escolares e
comerciais, você mantém uma conversa do mesmo jeito que faz com amigos e
parentes?
Uma dica: mesmo que você utilize as mídias sociais para relações mais formais, tome
cuidado para não relaxar na sua comunicação!
Como você deve ter percebido no título da aula, a palavra “netiqueta” ainda não é tão
comum, mas vem ganhando força nos estudos da comunicação. Netiqueta (net +
etiqueta) são as regras que “guiam o comportamento apropriado de usuários na
internet a m de estabelecer uma boa comunicação e favorecer uma convivência
harmônica no mundo virtual” (BIANCHI e NOGUEIRA, 2018).
Nas nossas relações pro ssionais, passamos um tempo considerável interagindo em
ambientes virtuais, e
“Que ignorância! Como assim, ele precisa de mim para resolver a vida dele?”
Percebeu como a forma que o emissor escreve pode causar reações diferentes das
suas verdadeiras intenções? Luís era apenas um estudante atarefado e com curto
prazo para entregar um trabalho. Não estava com raiva, achou que destacando as
partes mais importantes ia ajudar o amigo a entender o que ele queria e, por ser
espontâneo e brincalhão, escreveu que precisava resolver a vida, mas ao escrever
deste modo fez com que Elias não entendesse o que ele queria e casse com raiva.
Usar emojis
Os emojis são as carinhas, mãozinhas, corações e outros sinais usados em
mensagens de texto para enriquecer as conversas eletrônicas. Esses símbolos se
xaram como uma linguagem paralela e podem não valer por mil palavras, mas
conseguem substituir com sucesso um punhado de vocábulos, evitar mal-
entendidos, resumir uma conversa e concluir mensagens.
Whatsapp
Quando zer parte de grupos pro ssionais de WhatsApp, primeiro conheça bem
os participantes e perceba qual é o nível de informalidade antes de enviar piadas,
memes, vídeos de fontes não con áveis e postagens de natureza religiosa, política
ou ideológica. Além de não ser o espaço para brincadeiras de gosto duvidoso,
esse tipo de falta de noção pode causar desconfortos entre os integrantes do
grupo, pois você nunca sabe quem pode car contrariado e até ofendido.
Embora seja uma ferramenta cada vez mais popular para captar clientes e realizar
vendas, não exagere na frequência das postagens. Mandar propaganda em
excesso pode fazer com que o cliente se sinta invadido e até bloqueie o seu
número. A chave desse aplicativo é ter bom senso.
Não saia da troca de mensagens sem se despedir da pessoa com quem você está
conversando.
E-mails
Nomeie seus e-mails com títulos diretos e tente usar uma (ou duas) palavra que
resume o assunto geral:
Títulos chamativos devem ser evitados, e nunca use de recursos apelativos tais como:
URGENTE! Me ajude! Rápido! Você não pode perder!
Não use cores diferentes nos textos, pois ler um texto todo colorido na tela do
computador/celular é incômodo aos olhos e, além disso, pode passar uma imagem
infantilizada do remetente. O mesmo acontece com as fontes escolhidas: sempre vá
pelo mais simples (Times New Roman, Arial ou Calibri).
O tempo de resposta de um e-mail pro ssional deve ser o mais rápido possível.
Negociações e questões a serem resolvidas não podem esperar. Entretanto, se você é o
destinatário, e o remetente está demorando a responder, não o pressione com outro e-
mail ou cobranças pelo WhatsApp. Dê o tempo do bom senso. Mas se o assunto em
pauta realmente não puder esperar mais, envie uma mensagem questionando se o e-
mail anterior foi recebido e se o destinatário já tem uma resposta.
Avise ao destinatário que outra(s) parte(s) o lê(leem) em cópia, quando for o caso.
Ao encerrar um e-mail em que se espera uma resposta, geralmente as pessoas
escrevem “Fico no aguardo”. Se você é um desses remetentes, mude o desfecho: do
ponto de vista gramatical, essa expressão está errada, pois “aguardo” não é um lugar
para você car. Assim, o correto são fechamentos do tipo “Aguardo resposta”, “Fico à
espera” e “Espero retorno”.
Então, mantenha sempre em mente que no dia a dia é preciso interagir sabendo da
importância dos comportamentos adequados na formação de nossas relações – e isso
deve ocorrer também nos ambientes virtuais. É fundamental ficar atento ao código
de comportamento adequado na nossa comunicação e interação, pois pequenos
deslizes podem prejudicar um relacionamento ou até mesmo custar um emprego.
04
Para fundamentar esta aula, primeiro é preciso falar um pouco sobre o texto
argumentativo.
Você deve ter se lembrado das aulas de Redação do ensino médio, certo? Pois é isso
mesmo: o que chamamos de “redação” é um texto dissertativo-argumentativo:
dissertativo porque você deve escrever em prosa (estruturada em períodos e
parágrafos) e argumentativo porque você deve re etir e informar a respeito de um
assunto, mas sem “achismos” e subjetividade.
Ademais, sabe-se que a maioria dos grandes concursos públicos cobra uma
dissertação – a temida redação – e, na vida acadêmica, o mestrado e o doutorado
nada mais são que uma pesquisa que resulta em uma argumentação que você
defende para obter a titulação. Não é à toa que o trabalho de conclusão do mestrado
se chama “dissertação” e do doutorado, “tese”!
Elementos estruturais
A estrutura clássica de introdução, desenvolvimento e conclusão tem um sentido: ela
comanda a organização das ideias para que o autor escreva sobre o problema
proposto.
Mas, de início, é preciso enfatizar que essa estrutura pode mudar conforme a
nalidade e propósito da dissertação. Se for uma redação estilo ENEM, FUVEST,
vestibulares e concursos, pede-se que sejam feitos quatro parágrafos, e o candidato
será eliminado se não cumprir. Já em um projeto de pós-graduação, o texto –
resultado de um estudo mais complexo – é muito mais longo, e a estrutura é aplicada
em páginas, e não em parágrafos.
De qualquer forma, podemos pensar que a redação deve apresentar três partes: a
introdução, o desenvolvimento e a conclusão.
Introdução
Também chamada de tópico frasal, a introdução é indispensável em um texto
argumentativo. Deve ser totalmente vinculada ao tema proposto, o que pode ser feito
com uma citação, uma de nição, uma alusão histórica, uma contestação, uma
a rmação... En m, uma ideia inicial do assunto a ser desenvolvido.
Dentro disso, o Blog do Enem elenca seis caminhos para começar uma argumentação:
1. Com uma pergunta – pergunta de ênfase que será respondida
durante a redação. – perguntas que fogem desse padrão atrapalham a
lógica da dissertação. Exemplo: É possível imaginar o Brasil como um país
desenvolvido e com justiça social enquanto existir tanta violência contra o
menor?
2. Com um dado histórico – é necessário dar uma indicação de datas ou
referências de acontecimentos históricos. Exemplo: Às crianças, nunca
foi dada a devida importância. Em Canudos e em Palmares, não foram
poupadas. Na Candelária ou na praça da Sé, continuam não sendo.
3. Com uma comparação – faz-se aqui uma assemelhação ou oposição
de assuntos. Exemplo: É comum encontrar crianças de dez anos de idade
vendendo balas nas esquinas brasileiras. Na França, nos EUA ou na
Inglaterra – países desenvolvidos – nessa idade, as crianças estão na escola
e não submetidas à violência das ruas.
4. Com um dado estatístico – não se esqueça de referenciar de onde
esse dado foi extraído! Exemplo: Quarenta mil crianças morreram hoje
no mundo, vítimas de doenças comuns combinadas com a desnutrição,
segundo a UNICEF. Para cada criança que morreu hoje, muitas outras
vivem com a saúde debilitada. Entre os sobreviventes, metade nunca
colocará os pés em uma sala de aula.
5. Com uma citação – se forem usadas as palavras literais da pessoa,
deve vir entre aspas. Exemplo: ‘‘Navegar é preciso, viver não é preciso”.
Aplica-se o antigo verso do poeta Fernando Pessoa ao sistema de
informação, pesquisa e correspondência por computador, a comunicação
online, a Internet.
6. por uma de nição, ou conceito. Exemplo: A gíria é um patrimônio
comum, é um instrumento de comunicação que parece imprescindível,
sobretudo, para a juventude. Até mesmo as gerações que a condenavam
acabaram por assimilar algumas expressões de maior ocorrência.
Adaptado de: 100 Dicas sobre como fazer a Redação do Enem nota 1000.
Blog do Enem. Disponível em: https://blogdoenem.com.br/dicas-redacao-
enem/. Acesso em: 05 abr. 2020.
Algumas frases (o chamado tópico frasal) que servem de inspiração para iniciar uma
redação:
1. É notório que...
2. Sabe-se que...
3. Comenta-se que um dos maiores problemas...
4. Historicamente, observa-se que...
5. Tem sido generalizada a opinião de que...
6. Tornou-se comum a a rmação de que...
7. É de consenso geral que...
8. É preciso, inicialmente, observar que...
9. Deve-se analisar, primeiramente, que...
10. É indiscutível.../ É urgente... /É sabido que...
Desenvolvimento
O desenvolvimento é a principal parte de uma argumentação, pois é o corpo do texto.
Nele, deve-se desenvolver aquilo que foi escrito na introdução, e os assuntos ou
ideias devem ser separados em parágrafos. Assim, o desenvolvimento se caracteriza
por ser a maior parte, digamos assim, de uma redação, e por conter a substância, a
essência da argumentação. É o momento em que se defende o ponto de vista sobre o
tema proposto, e é preciso tomar cuidado para não deixar de abordar nenhum item
proposto na introdução.
Os estudiosos da área também usam a denominação “sequência argumentativa”
para o desenvolvimento. Em geral, essas sequências argumentativas são
predominantemente temáticas e, ainda, podem se valer de sequências descritivas e
narrativas, ocupam-se de análises, interpretações e avaliações.
Conclusão
A conclusão é a última parte do texto e deve encerrar com coerência a posição
assumida. O parágrafo deve se adequar à introdução e ser um fecho para o
desenvolvimento. Assim como a introdução, deve ter em torno de seis linhas.
Um elemento de coesão que deve ser seguido na conclusão é começar este parágrafo
com um conectivo – uma conjunção ou locução conjuntiva. Alguns exemplos:
Portanto, / Logo, / Assim sendo, / Dessa forma...
Dado o exposto…
Em virtude desses aspectos, conclui-se que...
Levando em consideração tais fatores... / o que foi observado…
Tendo em vista a discussão levantada...
Em vista dos argumentos apresentados…
ATENÇÃO
Fonte: A autora.
A citação direta é quando reproduzimos elmente tudo o que o autor
falou. Assim, nós abrimos aspas, inserimos o conteúdo e fechamos aspas:
De acordo com Sócrates, lósofo grego, a nossa única certeza é a de que não
sabemos nada, ou seja, de que estamos em constante aprendizado.
Finalmente, se levarmos em
consideração as facilidades que as
megalópoles oferecem aos seus
moradores, podemos aventar toda
a gama de conforto conquistada
PRÓ +
pela moderna tecnologia
JUSTIFICATIVA
cientí ca, como o metrô, o
aperfeiçoamento da aparelhagem
doméstica nos prédios
residenciais, hipermercados,
alimentos prontos etc.
Mais do que corrigir erros de português e saber as regras do novo acordo ortográ co, é
preciso ter consciência de que se comunicar de forma simples e direta, tanto na escrita
quanto na fala, garante seu sucesso no caminho que você pretende percorrer. Uma
comunicação mal apresentada signi ca muito mais do que a falha em si. Ela pode ser
um fator que altera a percepção do cliente sobre sua empresa, o cuidado que você
toma ao divulgar informações, a sua atenção aos detalhes... Escrever um email mal
redigido ou falar um erro grosseiro de português, por exemplo, pode levantar todas
essas questões na mente de quem vai receber sua mensagem.
Prof.ª Ju Spadoto
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Referências
ALI, M. S. Di culdades da língua portuguesa: estudos e observações. 7ª ed. Rio de
Janeiro: ABL: Biblioteca Nacional, 2008. 260 p. (Coleção Antônio de Morais Silva. Estudos
de Língua Portuguesa, v. 7). Disponível em:
<http://www.academia.org.br/sites/default/ les/publicacoes/arquivos/di culdades_da_lin
_cams_-_para_internet.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2020.
BIANCHI, Ludmila; NOGUEIRA, Teresinha. O que é netiqueta? Como conviver em
ambientes virtuais. Universidade de Brasília, 2018. Disponível em:
https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/206046/2/O%20que%20%c3%a9%20Netq
Acesso em: 27 abr. 2020.
CEGALLA, D. P. Dicionário de di culdades da língua portuguesa. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Lexikon, 2009.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. O cina de Texto. Petrópolis: Vozes, 2014.
KOTLER, P. Administração de Marketing. 10ª ed., São Paulo: Prentice Hall do Brasil,
2000.
LOBOS. J. Encantando o Cliente externo e interno. 7ª ed., São Paulo: 1993.
MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lúbia Scliar. Português instrumental. Versão
digital. 30ª ed., São Paulo: Atlas, 2019.