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Português

Instrumental e
Comunicação
Empresarial
Carolina Silva Almeida

São Luís
2022
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

Reitor Professor Conteudista


Gustavo Pereira da Costa Carolina Silva Almeida
Vice-Reitor Designer de Linguagem
Walter Canales Sant´ana Rita de Cássia
Pró-Reitora de Graduação Designer Pedagógico
Fabíola de Jesus Soares Santana Kelly Silva
Núcleo de Tecnologias para Educação Projeto Gráfico e Diagramação
Ilka Márcia Ribeiro S. Serra - Coordenadora Geral Rômulo Santos Coelho
Sistema Universidade Aberta do Brasil Designer Gráfico/Capa
Ilka Márcia R. S. Serra - Coord. Geral Rômulo Santos Coelho
Coordenação do Setor Design Educacional Designer de Vídeo
Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa Pedro Neves
Danielle Martins Leite Fernandes Lima - Coord.Pedagógica

Este material NÃO pode ser disponibilizado, transmitido,


exibido, vendido, licenciado, alterado ou utilizado por
quaisquer outras instituições e alunos(as), exceto se
autorizado de forma expressa, mediante a permissão
prévia da própria instituição detentora dos direitos da obra.

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UNIDADE 1 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM.................................................... 5

O que é comunicação?................................................................................. 6

Linguagem................................................................................................. 13

Signo Linguístico....................................................................................... 14

Variações Linguísticas................................................................................ 16

Elementos da Comunicação....................................................................... 18
SUMÁRIO

As Funções da Linguagem.......................................................................... 18

UNIDADE 2 AMBIGUIDADE, REPETIÇÃO E ELEMENTOS DA TEXTUALIDADE... 20

Clareza textual........................................................................................... 21

Coerência e Coesão.................................................................................... 25

UNIDADE 3 ESTRUTURA DA FORMA GRAMATICAL........................................ 27

Aspectos Fonológicos................................................................................ 28

Acentuação Gráfica.................................................................................... 28

Processo de Formação de Palavras............................................................ 30

Regência.................................................................................................... 31

UNIDADE 4 REDAÇÃO E DOCUMENTOS OFICIAIS......................................... 33

REFERÊNCIAS............................................................................................ 38

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Olá, estudante! Seja bem-vindo à disciplina de Português Instrumental e


Comunicação Empresarial.
Eu me chamo Liz e serei sua parceira ao longo deste Guia Básico. Espero que
APRESENTAÇÃO

esteja tão entusiasmado(a) quanto eu.


Para início de conversa, gostaria de convidá-lo a conhecer o conteúdo que
abordaremos nesta disciplina.
Vamos lá?

Na UNIDADE 1, conheceremos alguns


elementos básicos da Comunicação e da
Linguagem, assim como a importância
desses conhecimentos para a Comunicação
Empresarial;
Na UNIDADE 2 descobriremos como evitar
a ambiguidade e repetição no texto a partir
do conhecimento sobre elementos da
textualidade;
Na UNIDADE 3 nos apropriaremos dos
aspectos formais da língua portuguesa, tais
como morfologia e sintaxe;
Fonte: UEMAnet (2022)
E na UNIDADE 4, para encerrar com chave de
ouro, exploraremos as características do texto
redacional, bem como de documentos oficiais.
Ufa! Quase perdi o fôlego.
Agora podemos começar!

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UNIDADE 1
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

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O QUE É COMUNICAÇÃO?

Segundo Ferreira (2001, p. 170), comunicação significa “ato ou efeito de


comunicar(-se) [...] Processo de emissão, transmissão e recepção de mensagens
por meio de métodos ou sistemas convencionados [...] A capacidade de trocar
ou discutir ideias, de dialogar, com vista ao bom entendimento entre pessoas”.

Fonte: Passo de Camaragibe (2022)

Vale saber:
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira é ninguém mais
que o homem por trás do famoso Dicionário Aurélio.

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É importante compreender que a comunicação parte do princípio da


compreensão, quer dizer, a mensagem precisa ser mais clara possível. Segundo
Gosendo e Sanches (2008,p. 9): “Comunicar é a capacidade de se fazer entender
pelo outro”.

Trazendo para o nosso contexto, para que você


compreenda o que eu estou dizendo, a mensagem
que passo, ou seja, aquilo que digo a você, precisa
Fonte: UEMAnet (2022)

ser compreensível. Imagina, por exemplo, se eu


dissesse frases fora de contexto, formadas por
palavras que não existem ou que você não conhece.
Será que haveria comunicação entre nós?

UM POUCO DE

Fonte: Wikipedia (2020)


TEORIA NÃO
FAZ MAL A
NINGUÉM.
O filósofo e historiador norte-americano John Fiske (1990) divide as teorias da
comunicação em duas escolas: escola processual e escola semiótica. Para não
complicar nossos estudos, nos limitaremos apenas à compreensão da escola
processual, pois ela será mais útil nesta disciplina.

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A escola processual preocupa-se com:

• O modo como os emissores e receptores codificam e decodificam;


• Como os transmissores usam canais e meios de comunicação.

Suas concepções:
• A interação social é um processo através pelo qual pessoas se
relacionam umas com as outras ou afetam seus comportamentos e
resposta emocional;
• O emissor deposita sua intenção na mensagem;
• A intenção pode ser explícita ou implícita, consciente ou inconsciente;
• A mensagem é transmitida no processo comunicacional.
Fonte: SANTAELLA (2001).

Agora que já conhecemos


o conceito mais básico de
comunicação, vamos compreender
seu funcionamento na, liderança:
A liderança é um posto que gera

Fonte: Freepik (2022)


um estímulo pessoal e profissional
nas mais variadas pessoas.
Nesta oportunidade, o papel de
líder exige comprometimento e
responsabilidade para gerenciar
o ambiente e orientar os sujeitos
que o compõem. A maioria de nós,
por exemplo, tem a pretensão de
assumir a função líder na hierarquia
do ambiente profissional

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Para tanto, há uma exigência pré-


estabelecida que, por vezes, não
é verbalizada: a autoconfiança. É
necessário que o líder esteja ciente da
sua posição e de que haverá seguidores
que confiarão em suas escolhas.
A esse respeito, a transmissão de
segurança, neste lugar da hierarquia, é
intrínseca ao campo da comunicação,
seja ela oral ou escrita.

Fonte: Freepik (2022)

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Tudo certo até aqui? Já passamos por uma série de assuntos interessantes, sim?
Agora vejamos como a comunicação pode ser uma forte aliada no processo de
construção profissional e pessoal!

Ruído Ruído

Mensagem Mensagem

Emissor Canal Receptor

Mensagem
Retroalimentação ou Feedback

Ruído

A imagem que observamos indica as etapas que compõem a comunicação.


Conforme o exposto, as falhas na comunicação podem ser evitadas quando se
evidencia a indispensabilidade de uma mensagem clara e objetiva, de maneira
que o receptor a decodifique sem ruídos.

Para compreender ainda melhor as etapas,


verifiquemos como elas funcionam, na
prática, a partir do seguinte caso:

Fonte: UEMAnet (2022)

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Carlos, supervisor de vendas, deseja fazer uma reunião com Maria na segunda-
feira. Carlos é a fonte de comunicação, ou seja, o emissor.
Ele precisa formular uma mensagem, convocando Maria para a reunião. Carlos
codifica sua mensagem enviando um e- mail para Maria. Maria é a receptora da
mensagem transmitida por Carlos, por meio da intranet, que é o canal.

Os sentidos de Maria decodificam a mensagem. Ela responde enviando uma


nova mensagem “Prezado supervisor, acuso recebimento e confirmo minha
participação”, que é o feedback que confirma que a mensagem foi recebida e
compreendida (GOSENDO; SANCHES, 2008, p. 11).
O exemplo trata de um diálogo estabelecido no ambiente de trabalho. Nele
é possível identificar os elementos que fazem parte do ato de se comunicar.
A mensagem do emissor foi decodificada pelo receptor e, assim, garantiu o
entendimento pleno da mensagem.

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Dentro do ambiente de trabalho, no qual as funções devem estar bem


estabelecidas, é necessário que os ruídos na comunicação sejam evitados para
garantir o bom desempenho em equipe
Para ler
Que tal nos aprofundarmos um pouco mais no que caracteriza e qual a
importância da comunicação empresarial? O artigo que pode nos ajudar com
isso tem como título “Comunicação empresarial: A importância da comunicação
nas organizações e o advento de novas tecnologias”, dos autores Joilson Alcindo
Dias e Maria do Socorro Araújo Nascimento.
O artigo pretende discutir a importância da comunicação não somente para o
gestor, mas também para todo o corpo empresarial. Pois parte da ideia de que a
falha na comunicação pode causar uma série de problemas, tais como:
• Baixa produtividade;
• Baixa motivação;
• Aumento de conflitos;
• Dificuldades no alcance de metas e objetivos organizacionais.

Para saber mais, acesse o link disponivel em:


https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2016/11/
comunicacao_empresarial_a_importancia_da_comunicacao_
nas_organizacoes_e_o_advento_de_novas_tecnologias.pdf

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LINGUAGEM

A comunicação é a base da vida em sociedade e a necessidade de se socializar


levou a humanidade a desenvolver meios para se comunicar. A partir dessa
necessidade, a linguagem tornou um veículo de comunicação essencial para a
vida em sociedade. Por isso, o estudo sobre o seu funcionamento é indispensável
para compreender as nuanças da comunicação.
Segundo Bechara (2017), “Entende-se por linguagem qualquer sistema de
signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e
comunicar ideias e sentimentos”. Assim, se compreende a linguagem como um
sistema de unidades que viabilizam a interação social.
Cada tipo de linguagem apresenta uma unidade básica diferente, segundo
Cereja e Magalhães (1998), são:
• Linguagem verbal: é aquela cuja unidade é a palavra;
• Linguagem não verbal: têm unidades diferentes da palavra, como gesto,
a imagem, o sinal de trânsito etc.

Na linguagem verbal há dois aspectos a serem


evidenciados:
LÍNGUA
É um sistema de representação socialmente construído, constituído por signos
linguísticos. A língua, segundo Saussure (1970), existe na coletividade.

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FALA
É o veículo de transmissão da língua, oral ou escrita. É o ato por meio do qual o
indivíduo exterioriza seu discurso, com o objetivo de assegurar a comunicação.
Sugiro esta videoaula do canal “Linguagens com Fabrício”, com o objetivo
de que você perceba de forma ainda mais dinâmica o que caracteriza língua e
linguagem. Se prepare para as dicas!

Para assistir, clique no link abaixo.


https://www.youtube.com/watch?v=OyZUaq7DTbk

SIGNO LINGUÍSTICO

Como afirmado anteriormente, a linguagem apresenta um sistema de signos


com o objetivo de transmitir uma mensagem que possua sentido. Saussure
(2017) elegeu como signos dois aspectos: significante e significado.

Fonte: Razonamiento Verbal (2015).


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Signo Linguístico - Unidade de significação que possui


dupla face.
O SIGNIFICANTE: fornece suporte para uma ideia, isto é, a sequência de sons
que se combinam para formar palavras.
O SIGNIFICADO: a própria ideia ou conteúdo intelectual.

Fonte: Souza (2015)

LEITURA COMPLEMENTAR
Quer saber mais sobre os signos linguísticos? Acesse o link abaixo
que lhe levará a importantes informações sobre vida e obra de um dos
grandes fundadores da semiótica e da teoria estruturalista, Ferdinand
de Saussure, disponivel em: https://ensaiosenotas.com/2016/01/10/
sassure-e-seus-signos/

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VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS

Cada um dos sistemas em que uma língua se diversifica em função das


possibilidades de variação de seus elementos (vocabulário, pronúncia,
morfologia e sintaxe).
Linguagem Formal: usada em situações formais, é uma linguagem cuidada,
que segue as regras gramaticais e de vocabulários apurados.
Linguagem Informal: usada em situações do cotidiano, é uma linguagem
espontânea, sem preocupações com regras gramaticais.

Fonte: UEMAnet (2022)

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As variações linguísticas se referem a alteração da língua em razão das


condições sociais, culturais e regionais nas quais é utilizada.

Fonte: Conhecimento Científico (2022)


De maneira simplificada, podemos considerar a existência de quatro tipos
gerais de variação.
Observe os tipos de variações no quadro abaixo:

Tipo Aspecto
Grau de escolaridade, sexo, idade, profissão,
Variação Sociocultural condições econômicas do falante e grupo social do
qual ele faz parte.
O tipo de linguagem utilizada é determinado pela
Variação Situacional
situação específica na qual o falante se insere.
Variação Histórica Tempo (época) em que o falante vive.
Variação Geográfica Região em que o falante vive.

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ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

AS FUNÇÕES DA LINGUAGEM
Quando nos comunicamos com alguém, transmitimos ao nosso interlocutor
uma determinada mensagem, que, sob a forma de um código – por exemplo
a Língua Portuguesa –, é levada até ele por meio de um canal ou veículo de
comunicação. Um ato de comunicação se realiza, portanto, pela articulação de
cinco elementos básicos.
Veja o quadro a seguir:

QUADRO-RESUMO DOS ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Referente
Mensagem
Emissor ..............................................Destinatário
Canal
Código
Emissor Quem fala, que emite uma mensagem.
Receptor/Destinatário Aquele a quem a mensagem é dirigida.
Aquilo que é transmitido; enunciado produzido pela
Mensagem combinação e seleção de signos realizada por um sujeito em
um dado lugar e um determinado tempo.
Aquilo a que a mensagem se refere; contexto, situação, fato,
Referente
dado, para o qual a mensagem aponta.
Conjunto de signos organizados segundo regras de
Código
combinação usadas para a elaboração da mensagem.
Meio físico de veiculação da mensagem, que possibilita o
Canal
contato entre o emissor e receptor.

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As funções da linguagem são classificadas conforme o foco da mensagem


(elemento do ato de comunicação no qual a mensagem está predominantemente
centrada).
Observe o quadro a seguir:

Função da linguagem Foco da mensagem Intenção do emissor


Transmitir, de forma objetiva, dados, notícias, conhecimentos;
Referencia (ou Apelativa) o assunto
predomina nos textos informativos.
Expressar apelo, ordem,pedido, buscando interferir no modo de
Apelativa (ou Conotativa) o destinatário
agir/pensar do destinatário; é comum nos textos publicitários.
Exprimir emoções e sentimentos do próprio emissor da
Apelativa (ou Conotativa) o emissor
mensagem; predomina nos textos de caráter subjetivo, pessoal.
Discutir aspectos da própria linguagem; é usual em textos de
Metalinguística o código linguístico
ensino de línguas, dicionários etc.
Poética a própria mensagem Criar efeito expressivo e estéticos; predomina na poesia.
Estabelecer, manter ou concluir um ato de comunicação;
evidencia-se principalmente no início e no final da mensagem,
Fática o canal de comunicação
quando o emissor pretende iniciar ou finalizar o ato de
comunicação.

VANOYE, Francis. Uso da linguagem: problema e técnicas na produção oral e


escrita. São Paulo; Martins Fontes, 2003,p.2-5. Grifos nossos.

Para que você complemente seus estudos, sugiro o vídeo


abaixo, do canal Educa mais Brasil, narrado pela professora
Luiza Menezes, no qual você compreenderá por qual razão
não se pode falar de elementos da comunicação sem falar
de funções da linguagem. Prepare-se para fazer anotações.
Vamos reforçar o conteúdo?
https://www.youtube.com/watch?v=J1WrUWeGxV0

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UNIDADE 2
AMBIGUIDADE, REPETIÇÃO E
ELEMENTOS DA TEXTUALIDADE

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CLAREZA TEXTUAL

Um texto demonstra clareza quando as ideias estão articuladas e a linguagem


se mostra adequada ao contexto e ao objetivo da intenção comunicativa. O
encadeamento de ideias, a seleção cuidadosa de palavras e a construção de
períodos curtos contribuem para dar clareza ao texto.

O que pode comprometer a clareza textual:


• Períodos longos, palavras e ideias repetidas, ambiguidades, lugares-
comuns ou clichês e termos pouco usados podem obscurecer o texto ou,
ainda, torná-lo desconexo.
• Redundância, que consiste no uso de ideias e palavras repetidas ou
desnecessárias que comprometem a clareza da mensagem.
Observe o seguinte exemplo:
“Viemos por meio desta carta convidar Vossa Senhoria, devido a sua formação na
área de educação a participar, no dia 30 de junho do presente ano, do II Congresso
Nacional de Educadores. Informamos, ainda, que no Congresso estarão presentes
educadores de todo o Brasil. O Congresso será realizado no Memorial da América
Latina, às 9h da manhã.”
Disponível em: http://www.blogsaulaparaconcurso.com.clareza-concisao-e-coesao.
No texto acima, encontramos algumas ocorrências que o tornam redundantes:
• Vimos por meio de: termo “carta” é desnecessário, já que está
explícita a natureza do texto.Presente ano: o evento ocorrerá no ano da
correspondência, por isso não há razão para destacá-lo.

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• O Congresso é nacional e tratará de educação, não há por que destacar a


presença de educadores, ainda mais nacionais.
• Mereceria evidência se houvesse representantes citados nominalmente.
• Desnecessário, ainda, indicar nove horas da manhã, pois o numeral nove
(9) já indica o período. Se o congresso ocorresse à noite, seria indicado 21
horas.
O convite ficaria mais bem redigido se as redundâncias fossem eliminadas,
assim como ocorre no fragmento seguinte:
“Convidamos Vossa Senhoria a participar do II Congresso Nacional de Educação,
a ser realizado no dia 30 de junho de 1996, no Memorial da America Latina, às 09
horas.”

Repetição de Palavras
O uso recorrente de um mesmo termo pode comprometer o texto, indicando a
sua má estruturação.
Observe a construção abaixo:
“A América Latina é uma região que tem dívidas. Sua dívida externa chega a
bilhões de dólares, sendo o Brasil , a Argentina e a Venezuela os principais países
que alimentam essa dívida.”
A repetição da palavra “dívida” é exagerada no parágrafo acima, considerando
que decorre de uma construção problemática das frases e não por necessidade
do texto. Esse tipo de ocorrência pode ser evitado se buscarmos expressões
equivalentes ou sintetizarmos as informações, como consta no exemplo abaixo:
“A dívida externa da América Latina chega a bilhões de dólares. Brasil, Argentina
e Venezuela são os países que mais contribuem para esse cenário.”

Repetição de Ideias
Quanto à repetição de ideias, observe como esse tipo de construção se aplica:
“O Governo do Estado, por meio de planejamento antecipado, decidiu verificar

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todos os sintomas indicativos de fraude na Previdência. Cada um, isoladamente ,


dos casos será analisados”.
A associação inadequada de determinadas palavras pode resultar na
repetição desnecessária da mesma ideia. No parágrafo acima, há palavras que
comprometem a sua qualidade:
Planejamento: contém ideia de tencionar com antecedência; Sintoma: é
sinônimo de sinal, indício ou indicativo;
Cada: traz o conceito de unidade.
Para evitar esse vício de linguagem, denominado pleonasmo vicioso, é
necessário optar por apenas uma das expressões, por exemplo:
“O Governo do Estado, por meio de planejamento, decidiu verificar todos os
indícios de fraude na Previdência. Será analisado cada caso”.

Ambiguidade
É a duplicidade de sentidos que pode haver em uma palavra, em uma frase
ou em um texto inteiro, comprometendo a transmissão das informações. Esta
tipologia se enquadra na relação de vícios de linguagem.

Fonte: Beckilustra [2000]

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Quando intencional, a ambiguidade consiste em um recurso linguístico para


produzir determinado efeito.
Em um enunciado publicitário criado para uma loção bronzeadora, a
ambiguidade recai na palavra costas, que pode referir-se ao dorso ou, na
expressão “nas costas dos outros”, referir-se a fazer sucesso às custas de outra
pessoa.
Como fazer sucesso nas costas dos outros.
Se a ambiguidade resultar de palavras mal dispostas na frase, pontuação
imprópria, emprego de termos com mais de um sentido, esse recurso pode
prejudicar a compreensão imediata do texto ou causar efeitos estranhos, como
na manchete:
Ex: Casal procura filho sequestrado via Internet.
Nesse caso, o enunciado permite duas leituras: casal procura via Internet ou o
filho foi sequestrado via Internet?
A ambiguidade decorre de dois fatores principais:
• Ausência de vírgula
A prefeitura tem procurado aproveitar espaços públicos como estacionamentos
para a realização de espetáculos.
• Uso indevido de palavras
É proibido entrar na loja de bonés.

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COERÊNCIA E COESÃO

Ao tratarmos de coesão e coerência, se considera a conceituação de ambas para


compreendê- las:
Coerência textual: é a presença de um equilíbrio e homogeneidade das ideias.
Frases, notícias de jornal, conversas, discursos, todo tipo de produção verbal
precisa fazer sentido para o leitor ou ouvinte.
No texto descritivo, por exemplo, a coerência, se estabelece, sobretudo, em
função de uma ordenação. Quem descreve precisa detalhar o objeto descrito,
obedecendo a uma determinada sequência para auxiliar o leitor/ouvinte a
compor o todo a partir de informações.
“Nesse tempo meu pai e minha mãe estavam caracterizados: um homem sério,
de testa larga, uma das mais belas testas que já vi, dentes fortes, queixo rijo, fala
tremenda [...]”. (RAMOS, 2003, p. 10)
Coesão textual: Consideram-se elementos de coesão as expressões que
estabelecem a transição de ideias entre frases e parágrafos através de conectivos,
como: portanto, porque, dessa forma, uma vez que, assim, embora, apesar de.
Observe, no exemplo a seguir:
Os sem-terra fizeram um protesto em Brasília contra a política agrária do país,
porque consideram injustas a atual distribuição de terras. Porém o ministro da
Agricultura considerou a manifestação um ato de rebeldia, uma vez que o projeto
de Reforma Agrária pretende assentar milhares de sem-terra (JORDÃO; BELLEZI,
2007, p. 566)
Verifique alguns exemplos de frases coesas e coerentes

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Ex: Rosa venceu a maratona, pois ela se esforçou muito.


Onde está a coesão? No uso do conectivo “pois”. E a coeência: Percebemos que
há coerência pois a oração possui sentido completo. Você quer compreender de
maneira mais aprofundada como faz para distinguir coesão e coerência? Leia o
livro “Coesão e Coerência Textuais”, de Leonor Lopes Fávero, disponível no link
a seguir:

Saiba mais!
h tt p s : / /e d i s c i p l i n a s . u s p. b r/ p l u g i n fi l e . p h p / 1 2 3 8 2 9 / m o d _
resource/content/1/LIVRO%20OK%20Coes%C3%A3o%20e%20
coer%C3%AAncia%20textuais%20Leonor%20F%C3%A1vero.pdf

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UNIDADE 3
ESTRUTURA DA FORMA
GRAMATICAL

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A estrutura gramatical se refere ao estudo da língua, isto é, a um conjunto de


regras que garante o bom uso da Língua Portuguesa.
A ortografia refere-se à grafia correta da Língua Portuguesa. Logo, engloba o
uso de sinais, processos fonológicos, sinais de pontuação e escrita adequada das
palavras.
A morfossintaxe se refere a junção das áreas de estudo morfológicas e sintáticas.
A morfologia estuda as palavras de acordo com a classe gramatical a que ela
se refere.
A sintaxe estuda a função sintática dos termos dentro da oração.

ASPECTOS FONOLÓGICOS
O campo da fonologia se preocupa com o estudo dos fonemas – os sons – da
língua. Para compreendermos o assunto, é preciso conceituar o termo “fonema”.
Fonema se refere à menor unidade sonora contida nas palavras. Dessa forma,
estes sons emitidos durante a fala exprimem ideias, sentimentos e emoções a
partir da união de unidades distintas – sílabas – que formam as palavras.
Observe o exemplo a seguir:
Ex: Vou de táxi para a escola.
O termo em destaque pode ser percebido da seguinte maneira:
Táxi. /t/ /a/ /k/ /s/ /i/
A palavra táxi tem 4 letras e 5 fonemas.

ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A acentuação gráfica é um sinal de escrita que se relaciona com os fatores de
intensidade em que as sílabas se apresentam quando pronunciadas. Quando
pronunciadas com mais intensidade, estamos diante de uma sílaba tônica, já

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aquelas cuja a intensidade é mais branda, referem-se as sílabas átonas.


Quanto à posição da sílaba tônica, podemos classificar as palavras em: oxítonas,
paroxítonas e proparoxítonas.
Oxítonas: são aquelas em que a sílaba tônica recai na última sílaba da palavra.
Ex.: café, fé, cachecol.
Paroxítonas: são aquelas em que a sílaba tônica recai na penúltima sílaba da
palavra.
Ex.: problema, martelo, caderno.
Proparoxítona: são aquelas em que a sílaba tônica recai na antepenúltima
sílaba e elas sempre são acentuadas.
Ex.: cárcere, paralelepípedo, ônibus.
Na videoaula abaixo, mediada pelo professor Jairo Beraldo, do canal Brasil
Escola, você entenderá melhor as regras da acentuação gráfica. Aproveite!

Saiba mais!
https://www.youtube.com/watch?v=4Oa0KeBzqM0

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS


A formação de palavras se baseia na derivação ou composição de uma palavra
a partir de seu radical, ou seja, o termo que contem o significado.

Fonte: Enen (2020).


Radical: morfema que constitui a base do significado de uma palavra.
Ex.: amor.
Prefixo: morfema colocado antes do radical.
Ex.: desamor.
Sufixo: morfema colocado depois do radical.
Ex.: amoroso.
Desinência: flexão das palavras variáveis.
Ex.: amamos.

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Vamos explorar ainda mais os conhecimentos a respeito do


processo de formação de palavras?
Quem pode nos ajudar é a professora Letícia, com a videoaula
abaixo. Prepare-se para as anotações!
https://www.youtube.com/watch?v=Gjv44CgF68Y

REGÊNCIA

Regência Verbal: a relação de dependência que se estabelece entre o verbo


(termo regente) e seu complemento (termo regido).
Exemplos:

O lobo devorou a menina.


Termo regente Termo regido

A menina entregou uma torta à avó.


Termo regente Termo regido

• Na primeira oração, o verbo devorar é transitivo direto e rege (exige) o objeto


direto menina, um complemento verbal sem preposição.
• Na segunda, o verbo entregar é transitivo direto e indireto e rege o objeto direto
(uma torta) e o objeto indireto (à avó), um complemento iniciado pela contração
da preposição a e o artigo feminino a.
• Em ambos os enunciados, consta o termo regente, que pede o complemento,
e o termo regido, que completa o sentindo do termo regente.

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Essa pessoa é uma ameaça à sociedade.


Termo regente Termo regido

Estava ansioso por notícias.


Termo regente Termo regido

Regência Nominal: a relação de dependência que se estabelece entre o nome


(termo regente) e o seu complemento (termo regido). Exemplos:
Observe que os termos regentes, o substantivo ameaça e o adjetivo ansioso,
exigem complementos nominais, os termos regidos.

Saiba mais!
Complemente seus estudos com a videoaula da professora
Pamba, do canal "Redação e Gramática Zica". Aproveite!
https://www.youtube.com/watch?v=hA4ip53JcK8

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UNIDADE 4
REDAÇÃO E DOCUMENTOS
OFICIAIS

33
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Os processos de comunicação se expandem também para as competências


escritas. Do mesmo modo em que há regras na oralidade, a redação, campo
indispensável no meio empresarial e comercial, exige técnicas para garantir a
entrega correta da mensagem ao seu receptor.
Agora lhe convido a conferir alguns recursos para a elaboração deste veículo
comunicativo.
• Clareza: Consiste em tornar a expressão de fácil compreensão. Para alcançar
essa intenção, devemos estar inteirados do tema e colocá-lo em uma estrutura
organizada.
• Concisão: É ser pontual no que se pretende dizer, utilizando poucas palavras.
Os conceitos supérfluos, as digressões e a divagação devem ser evitados.
• Precisão: Para cada ideia, devemos usar palavras que correspondam ao seu
exato sentido.
• Correção: Prioriza-se neste item, o melhoramento do texto, realizando as
retificações necessárias, sejam com relação às normas gramaticais ou ao sentido
do texto.
• Ordem: É o momento em que seguimos a colocação lógica, natural, da
sequência a ser desenvolvida. A ordem facilita a boa comunicação.
Sobre a redação, é válido afirmar que:
“Deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de linguagem,
clareza, concisão, formalidade e uniformidade”. (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, 2020).
Sobre os tipos de redação, podemos citar:
Redação técnica: trata de assuntos ou fatos técnicos e administrativos. A
subjetividade no texto técnico é secundária. A clareza, a precisão e a ordem são
de suma importância para a exatidão e a objetividade da comunicação.
Redação comercial: também chamada de carta comercial, objetiva
transmitir informações, propostas empresariais e comerciais e ideias
relacionadas ao campo entre os colaboradores.
Com enfoque na redação comercial, é válido pontuar alguns itens de relevância:

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• A comunicação por meio deste recurso deve ser imediata. Ao oferecer o


feedback da mensagem, a empresa demonstra compromisso e eficácia;
• A linguagem utilizada deve conter um conteúdo conciso, coeso e coerente,
além de prezar pela norma padrão.
A redação comercial apresenta as seguintes modalidades:
• Ata;
• Circular;
• Memorando;
• Comunicado;
• E-mails.
É a partir do estudo de uma redação comercial que ocorre a estruturação da
correspondência comercial. Ela será o recurso de comunicação escrita dentro do
ambiente de trabalho.
De acordo com Gosendo e Sanches (2008, p. 14): “A efetiva comunicação nas
empresas é um aspecto dos mais importantes para se criar um clima de harmonia
e cooperação, que contribui para os resultados organizacionais.”
Observe um exemplo de correspondência comercial:

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Fonte: Brasilescola (2020).


Vimos na imagem anterior um exemplo de carta de resposta a uma solicitação,
sendo esta uma modalidade de escrita comercial.
A intenção, portanto, é de promover um feedback ao destinatário.
Observe que a construção textual indica a utilização da linguagem formal,
obedecendo a norma padrão da Língua Portuguesa. Além disso, é importante frisar
a presença do remetente, da data e local, bem como do destinatário, finalizando
com uma despedida cordial.
No ambiente comercial e empresarial, a comunicação
é indispensável para garantir o bom funcionamento
das atividades. Por isso, em determinadas ocasiões,
nos é exigida uma postura profissional, bem como
uma adequação do nosso discurso, sobretudo quando
a nossa explanação se dirige a um público. Portanto, é
importante que a mesma seriedade aplicada no texto
comercial seja executada no processo verbal.

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A seguir, observe algumas dicas de oratória:


Falar em público?
• Treine sua dicção;
• Pronuncie as palavras com tranquilidade;
• Respeite as pausas, não atropele as palavras;
• Atenção aos gestos e expressões em excesso;
• Esteja familiarizado com o assunto abordado;
• Tenha segurança em si mesmo.

Sabendo que a arte de falar em público é


uma das principais exigências do mercado de
trabalho, gostaria de convidá-lo(a) a aperfeiçoar
esta habilidade a partir do material intitulado
“A arte de falar em público”, das autoras
Diná Sônia de Queiroz e Fábia de Assis Arão.
Aproveite a leitura! Disponível em:
https://efivest .com.br/wp-content /
uploads/2018/09/Arte_de_Falar_em_Publico.pdf

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REFERÊNCIAS

38
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela. Português:
contexto, interlocução e sentido. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2008.
AZEREDO, José Carlos de. Fundamentos de gramática do português. 2. ed. Rio de Janeiro:
Revista, 2002.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2017.
BELLEZI, Clenir; JORDÃO, Rose. Linguagem: língua, literatura e produção de texto. São Paulo:
Escala Educacional, 2007.
BARROS, Saulo C. Rêgo. Manual de gramática e redação para profissionais de segurança do
trabalho. 1. ed. São Paulo: Ícone, 1997.
CEREJA, Willian Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Gramática: texto, reflexão e uso. 3. ed.
São Paulo: Atual, 1998.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da
língua portugesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
GOSENDO, Eliana; SANCHES, Ketty. Desenvolvimento Profissional: comunicação. Brasília, DF:
[s.l.], 2008.
JORDÃO, R.; BELLEZI, C. Linguagens. São Paulo: Escala Educacional, 2007. 566 p.
QUEIROZ, Diná Sônia de; ARÃO, Fábia de Assis. A Arte de Falar em Público. Cuiabá: UFMT, 2015.
RAMOS, Graciliano. Infância. 40. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Editora Cultrix, 1970.
SANTAELLA, Lúcia. Comunicação e pesquisa: projetos para mestrado e doutorado. São Paulo:
Hacker Editores, 2001.
SOUZA, Celso Luiz de. Diagrama que ilustra a proposta de Saussure. [2018]. Disponivel em:
https://www.researchgate.net/figure/Figura-12-Diagrama-que-ilustra-a-proposta-de-Saussure_
fig8_326302826. Acesso em: 12 set. 2022.

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