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Guilherme Conrad
I. Conceitualização de Acrobacia
III. Plasticidade
“Por que eles não deveriam aceitar a lição dos acrobatas, dos
modestos acrobatas? Em dez minutos de espetáculo acrobático,
muitos episódios de plástico podem ser encontrados em muitas cenas
de balé. Peça aos dançarinos-divos para fazer a roda ou andar com as
mãos ou dar uma cambalhota; ninguém ousará No entanto, nesses
números, haveria uma intensa riqueza de efeitos cênicos " (SANCHEZ,
1999, p. 145.).
IV. Decisão
“Se se pede ao ator para fazer o impossível e ele o faz, não é ele-o ator
que foi capaz de fazê-lo, porque ele-o ator pode fazer somente aquilo
que é possível, que é conhecido. É o seu homem que o faz. Nesse
momento, tocamos o essencial: ‘o teu homem’. Se começamos a fazer
coisas difíceis, por meio do ‘não resistir’, começamos a encontrar a
confiança primitiva no nosso corpo, em nós mesmos. Estamos menos
divididos. Não estar divididos – é essa a semente” (idem).
V. Imobilidade Dinâmica
“os animais se movem de forma bela porque não tem tensão em seu
corpo. Tampouco estão totalmente relaxados. Estão sempre
preparados para mover-se a qualquer momento, para escapar de um
ataque, ou para atacar de repente uma presa, os animais mantém dois
estados físicos de uma só vez. O corpo está livre e bem equilibrado, e
a mente está centrada e consciente. Consequentemente os animais
podem reagir rapidamente. Podem saltar em qualquer direção, podem
usar a força ou podem empregar uma delicada precisão. Este deve ser
o estado fundamental do ator em cena” (OIDA, 2002, p. 67).
“No Odin Teatret, após alguns anos de treino, os atores têm tendência
a fazer uma posição onde os joelhos, levemente flexionados, retém o
‘sats’, a impulsão de uma ação que ignoramos ainda e que pode ir em
qualquer direção; saltar ou agachar, fazer um passo para trás ou de
lado, ou ainda levantar um peso. O ‘sats’ é a postura de base que
encontramos no esporte: tênis, badminton, box, esgrima, cada vez que
devemos estar prontos a reagir” (BARBA, 1993, p. 17)
“se um ator bate no pé, ele não toca no oponente, mas a execução do
movimento é tão precisa que consegue dar uma impressão de
brutalidade mais forte do que se fosse atingir o fim do gesto. Se ele
bate com o fio da espada, ele mal toca o corpo do adversário, mas o
pequeno golpe seco é de tal verdade que se sente verdadeiramente a
arma penetrar profundamente em sua carne” (ROHE, 2014, p. 333).
VII. Pré-expressividade
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O uso da Acrobacia no treinamento do ator em sua reflexão teórica é escassa e pouco
explorada; utilizada em muitas formações, é somente citada como parte do trabalho pré-
expressivo. Ela está presente além dos presentes citados, porém foram nestes que encontrei
material de análise mais significativo.
seja, toda a psicotécnica”. A psicotécnica leva o ator a querer expressar algo e
manifestar uma intenção, porém não determina o “fazer e o como é feito”. Contra
a “lógica de resultado”, o nível pré-expressivo analisa “o que o ator está
expressando com o como ele expressa (...) a nível técnico, ou seja, através do
uso do corpo e da sua fisiologia”.
Ele interpreta (1995, p. 20) a pré-expressividade como resultante de três
elementos fundamentais, que relacionam-se diretamente com o que será capaz
de perceber o núcleo da trilha de seu ator-bailarino: na ampliação e ativação das
forças que estão agindo no equilíbrio, nas oposições que determinam as
dinâmicas dos movimentos, e numa operação de redução e substituição, criando
uma tensão, uma diferença de potencial, que “estão presentes no ator mesmo
antes que comece a representar ou expressar algo” (BARBA, 2012, p. 16).
E para o diretor italiano é esta a esfera em que a presença cênica do ator
é amplificada: como que “uma espécie de núcleo de energia, como se fosse uma
irradiação sugestiva e sábia, ainda que não muito premeditada, que captura os
nossos sentidos (...) uma “força” particular do ator”. (ibidem, p. 15). Barba
procura (ibidem, p. 206) uma “necessidade de um novo modo de estar presente
em cena, conter uma capacidade de estar e se sentir vivo, e de transmitir essa
sensação aos espectadores”:
Desta forma, assim como o ator, o acrobata adquire esta presença através
do corpo, pois deve atrair o olhar constantemente. Também a presença deste
pode ser interpretada em seu sentido literal: no momento da ação, o ginasta está
em seu estado máximo de concentração, atenção, decisão; precisa estar ali,
deve dedicar todas suas energias para aquele espaço e tempo, o momento é hic
et nunc. Todas estas características afastam o corpo do ator para longe das
técnicas cotidianas, direcionando a uma corporalidade extracotidiana.
Figura 86: Treinamento da Biomecânica Teatral, de Meyerhold. Fonte:
http://cw.routledge.com/textbooks/actortraining/practitioner-meyerhold.asp.
Acessado em 20/08/2018.
VIII. Extracotidianeidade
IX. Espetacularidade
X. Ética
Figura 90: Meyerhold como o clown Londonskogo no espetáculo “Os Acrobatas” (1903). Fonte:
http://montevidayo.com/2011/05/will-you-be-a-clown-with-me/. Acessado em 15/08/2018.
Figura 91: Acrobacia do Arlequino no filme Molière (1978), de Ariane Mnouchkine. Fonte:
http://cw.routledge.com/textbooks/actortraining/images/practitioner-mnouchkine-image02.jpg.
Acessado em 20/08/2018.
Referências