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Arcádia continuação barroco

 COSTA, Cláudio Manoel da. Vila Rica, Domínio público, 1773.


Do funesto letargo: Ai! caro amigo
(Lhe diz o Herói), não temas, eu prossigo,
Se é que o espanto e o terror, que n'alma provo,
Me dão para falar-te alento novo.
Neste instante (ai de mim!), ou fosse imagem
Que há muito me oprimia, ou que a passagem
Deste Rio me ofereça agouro triste,
Eu vi (eu inda o vejo, inda me assiste
Presente aos olhos o medonho objeto!),
Eu vi que me apartava do projeto
De penetrar estes Sertões escuros
O grande Dom Rodrigo; dos seguros
Ombros, de que pendera agrave espada,
Rasga o vestido, e mostra inda manchada
A carne das feridas, de que o sangue
Correr se via; eu tremo, e quase exangue
Desmaio a tanta vista. Ele se avança,
Da mão me prende, e diz: Em vão se cansa,
Em vão o vosso Rei, se ver pertende
Subjugado este povo, que defende
Com o bárbaro zelo as pátrias Minas;
Debalde tu também hoje imaginas
Chegar ao centro delas; eu contemplo
Mil perigos na empresa; fresco exemplo
Te dá a minha morte; só te espera
De gênios brutos pertinácia fera;
Falta de fé, traições, crimes atrozes
Só terás de encontrar; se as minhas vozes
Teu crédito merecem, deixa, evita
A infame estrada... ; nisto ao ver que grita
Mais forte e mais medonha a sombra, tremo,
Pasmo, e me assusto, me horrorizo, e gemo. (COSTA, p. 23) (...)

Emboscadas ao longe se preparam;


Tomam-se os sítios, fortes se declaram
Contra Albuquerque os insolentes peitos.
Já de Marte ao furor, campos estreitos,
Eu ouço em vós soar da guerra o brado,
A arcada trompa do Indiano ousado
Enche a terra de horror, de assombro os ares.
Conta-me, ó Fama, de que estranhos lares,
De que montes, florestas, vales, rios
Vistes correr os bárbaros Gentios,
Que o bravo Tutonaque armou de lanças?
Que socorros são estes, que alianças,
Que aos Chefes dos rebeldes votos rendem?
Desde o Sabrabuçu matos se estendem
Que habita o Pataxós, nação que um dia
Um Reino, um vasto Reino parecia.
Tutonaque é quem manda a turba imensa;
Ele os nutriu no crime e na licença,
Cheios de raiva e de furor salvagem;
A seu arco é quem só dão vasselagem;
De verdes anos a domar valentes
Da onça as garras, e do tigre os dentes
Aprenderam talvez; o óleo os tinge
Do pau silvestre, que inda mais os finge
À vista horrendos; são caciques deles
Olinté, Mamigé, Teuco, Tameles,
Marminton, Quezincoal, Remlo, Kalupa.
Bárbara esquadra desta gente ocupa
Toda a falda de um monte; em roda os matos
Dão abrigo aos rebeldes, que insensatos
Não pensam mais que em fazer crer a todos
Que a antiga liberdade por mil modos
Será turbada, se o bom Chefe os rege.
Entre nós, diz Francisco, se protege
A maldade; debaixo deste indulto
A traição, a vingança, o roubo, o insulto,
Tudo concorre a nos fazer ditosos.
Em paz tranqüila a desfrutar gostosos
Vivemos no País que outro não manda;
Sem susto o delinqüente entre nós anda;
Que será quando um braço mais potente
Arroje do castigo o raio ardente?
Quando as nossas paixões intime o freio?
De qualquer desafogo no receio
Cheios de medo sempre, e sempre indignos,
Não saberemos contestar malignos
A oposição dos Montanheses feros.
Quanto conosco hão deportar-se austeros
Os Chefes recebidos! Não é novo
Viver sem leis, e sem domínio um povo;
Nações inteiras têm calcado a terra
Sem adorar a mão que o Cetro aferra;
E tal houve que creu felicidade
Desconhecer inda a justiça: a idade
Tem [ ] a humana inteligência
Para abraçar sem susto o que é violência:
Que tormento maior a um livre peito
Que a um homem, a um igual viver sujeito?
A liberdade a todos é comua;
Ninguém tão louco renuncia à sua.
As leis, que um ente humano lhe prescreve,
Cego capricho sustentar-nos deve
Neste, diga-se embora fanatismo,
Embora seja abismo de outro abismo.
Talvez justa noção, princípio, ou dogma
O comum bem noutros projetos soma;
Mas dou que haja razão que assim o dite,
Que um saudável concelho facilite
O bem e a paz na obediência; eu vejo
Que não podemos já viver sem pejo. (COSTA, p. 48, 49, 5
Candido Formação da lit brasileira

arcadia é classismo frances mais heranca greco latina o verdadeiro é o natural o natural
é o racional , literatura expressão rcional d natureza. acabar com a intemporança verbal,
ordem logica simplicidade p. poesia sem artificio,s contra orgia verbam do barroco.
arcadia é arquivo da naturdea paisagem policiada

poucas poesias no Br teria ousadia de Gregorio de MAtos

Sewrgio Alcides, Estes penhascos

penhascos e sertoes avessos a locus amoenus da arcadia. é espaço da desordem.


avesso ao ideal de delicatesse, Arcadia lusitana fundada em 1756 3 anos depois de
seu regresso de coimbra aos molde da arcadia de roma, circulo de portugueses se
insurgiam contra excessos ornamentais e suposta obsucirsadqa da poesia
seiscentista.
ele diz "nao poder estabelecer aqui delicias do Tejo me fez entorpecer o engenho"
p. 2322obnras publicas em 1768 e coimbrdos penhascos mais horridos fazees polir
a barbara rudea
esta terra é fera natureza barbara a ser cuyltuvada num processo de civilizacao

Antonio deAlburquerque leva ao sertão ordem feito heroico., nao é conquista


guerreia mas ordem civil. locus amoenus foi incomativel com paisagem mineira.
Obras, publicadas em 1768 prologo ao leitor pede desculpas pela politeismo
estilo simples em idilio canconetas pastoris poeta se fingfe de pastor.
Glauceste saturnino
a natureza cii oaisagem se consolida justamente com o crescimento da vida urbana da
corte absolutista. p. 66
cviklizar acabar com o grosseiro, co o rude
ele tentou ser acardio mas nao consguiu, fucou preso à orgiem barroca (CAndido)
eden bilbico - mais idade de outro classica
bile negra cancela a ordem.
iconografia de saturno penhascos
fisis animais e indios
origem do locus amenos: temperança louca bandeirante que vai domesticar indidos

Obras Caludio manuel

!"este é o rio, a montanha é esta. Tudo cheiuo de horror se manifesta" p. 26


"polir na guerra o barbaro gentio" romper altos penhascos aa rudeza
Atravessando o bosque incultodesde o frondoso vale oculto"

 HANSEN, João Adolfo. A sátira e o engenho.

joao adolgo hanse a satira e o engenho.


Na satira iberica mulheres nao brancas sao subhumanidades (besta) deterinada pelos
codigo teologicos politicos da conquista e o estlo para trata-las deve ser o comico 0 ou o
baixo para sere verossimil

O passado é criação do presente, mas não arbitrária.

Meados do século XVIII Licenciado Manuel Pereira Rabelo escreve Vida do Escelente
Poeta Lírico, o Doutor Gregório de Matos e Guerra. Obras que compilou e atribuiu a ele
sob registro de moralidade virtuosa e da idealizaçã petrarquista (excelente poeta lírico).

Autoria: unificação a posteriori. Efeito de leitura de poemas sugeridos, não causa ou


origem. Interpretações modernas o colocam como autoria subjetiva e individualizada,
como sugere Silvio Júlio com “plágio”. Num caso é negativo, mas no de Haroldo é
positivo. Deve-se buscar olhar os poemas de acordo com regras discursivas do seu
tempo – prática satírica e não posição política, expressão, representação, realista
(exterior a sua própria história).
Originalidade, autoria, novidade estética, plágio. Rom^Çantico.

Poesia engenhosa do século XV (manifestação da cultura como totalidade, Compagnn):


linguagem estereotipada de lugares comuns retóricos poéticos anônimos e coletivizados
como elementos do todo social objetivo repartido em gêneros e subestilos. P. 32
Estereotipo: regrada por prescrições de produção e recepção, não o desgaste do uso e
redundância.
Não é inventiva – no sentido rotineiro de expressão esteticamente desviante – mas
engenhosa, aguda e maravilhosa.
Oposição nativista, antropofagia, libertinagem, revolução, ressentimento, plágio,
imoralidade não tem valor histórico. Antrpofagia cultural, neo vanguarfa, tropicália,
pode ser valer da agudeza como analogia para aproximação de cnceits distantes, (ou
para ajudar a vanguarda perene contra stalinismo do realismo soscialista) mas não tem
valor para interpretação histórica.

Sátira não é olhar exterior sbre a cidade, mas da cidade: ela inclui a teologia política que
rege o bom uso da republica na teria e no controle da natureza humana. A admiração
etuporada do exceesso e do monstro, fim buscado pela elocução seiscentista, subrdina-
se à utilidade ponderada da persuasão que vícios e virtudes teatralizados podem
produzir sobre público. P. 49

Efetuando paixões da cidade, a sátira avança discurso duplamente regrado, em que o


excesso obsceno e agressivo é contraposto à racionalidade conceituosa, árbitro dos
afetos da persona satírica. P. 51
Misoginia, crítica à simnia, glutoneria, usura,, luxúria do clero, critica dos judeus, o
mundo as avessas: desonra do atacado por meio de sua desqualificação moral refrida
poçiticamente, o satirizados nunca está a altura do ideal hierárquico. Lugar-comum
renascentista, a desqualificação liga-se à defesa da ordem associada à defesa da psição
hierárquica, pois seu pressuposto é que a boa ordem política implica a manutenção da
hierarquia ideal, o corp místico do Estado: a sátira é a luta contra a ameaça de sua
desintegração.
Dispersão metafórica, fusão de conceitos extremos, sepre se propor a unificação
e unidade, poç´litica, retórica. Belas letras, (não “a literatura) são arte da unificação
programática. P. 53 Não há formalismo, isso é romântico. Não é crônica do viver
baiano.
Expor o ridículo dos vícios, imoralidade e irracionalidade das paixões, dos vícios
opondo a eles ideal de integridade do corpo mísitico da República esquema da
humanitas. Obcenidades produz monstros que ilustram a normatividade da Lei. .

Eia, estamos na Bahia,


Onde agrada a adulação,
Onde a verdade é baldão
E a virtude hipocrisia:
Sigamos esta harmonia
De tão fátua consnância,
E inda que seja ignorância
Seguir erros conhecidos
Sejam-me a mim permitidos,
Se em ser besta está a ganância
(OC, II, p. 448)

1 Referencia genérica, satírica (trad romana de Juvenal e Horácio) medieval e


ibérica do cancioneiro geral e poetas contemporâneos como Camoes, Quevedo, Gongra
2 referencia lcal, a fofoca “murmuracao” 3 prescriçã hierárquica

Poem,as de Gregório; em sua maioria sonetos, variações baixas da lírica


camoniana e que invertem o petraquirsmo, substituindo a melancolia da delactatio
amorosa da ausência do corpo da alma angelical pelas misturas do corpo obsceno e seus
fluidos malcheirosos. O procedimento irônico não significa ruptura da codificação lírica
ou épica no sentido de sua crítica como linguagem representativa da classi dominante
(ppular x erudito), como é rotineiro e romântico propor, mas um gênero também
previsto por regras que prescrevem a inadequação programática da linguagem aos seus
objetos. P. 88
Na sátira ibérica seiscentistas, mulheres não brancas são ,por definição, uma
sub-humanidade relagada ao top da gentilidade e mesmo da bestialidade pelos códigos
teológico políticos da Conquista e o estilo para tratá-las deve ser cômico ou baixo, para
ser verossímil. P. 90

Sátira: convenções da antiguidade Clássica e Medievais, Ética a nicomaco.


Arquivo das cinconstÂncias.
Corpo místico do Estado: Metafísica de Aristoteles, unidade de integraçã que
não exclui a multiplicidade atual e ptencial. P. 117
Natureza decaída.
Satira: função alegórica de dirigismo político aristotelicamente determinado:
uma catarse, purgação das paixões, como arte de persuasão. P. 200. Retórica para a
mimese, para invenção de corpos de linguagem, fundindo a retórica com o aparato
juridito teológico. Natureza exterior à cultura. Limpeza do sangue – obsessão nacional.
Convenção simbólica, semiótica

 CAMPOS, Haroldo de. “Da razão antropofágica: diálogo e diferença na


cultura brasileira”. In: Metalinguagem e outras metas: ensaios de teoria e
crítica. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.
A “Antropofagia” oswaldiana (...) é o pensamento da devoração crítica do legado
cultural universal, elaborado não a partir da perspectiva submissa e reconciliada do
“bom selvagem” (idealizados sob o modelo das virtudes europeias no romantismo
brasileiro de tipo nativista, em Gonçalves Dias e José de Alencar, por exemplo), mas
segundo o Ponto de vista desabusado do "mau selvagem", devorador de brancos,
antropófago. Ela não envolve uma submissão (uma catequese), mas uma
transculturação; melhor ainda, uma "transvaloração": uma visão crítica da história como
função negativa (no sentido de Nietzsche), capaz tanto de apropriação como
expropriação, desierarquização, desconstrução. Todo passado que nos é "outro" merece
ser negado. Vale dizer: merece ser comido, devorado. Com esta especificação
elucidativa: o canibal era um "polemista" (do grego pólemos = luta, combate), mas
também um "antologista": só devorava os inimigos que considerava bravos, para deles
tirar proteína e tutano para o robustecimento e a renovação de suas próprias forças
naturais... (p. 234, 235)

Daí a necessidade de se pensar a diferença, o nacionalismo como movimento dialógico


da diferença (e não como unção platônica da origem e rasoura acomodatícia do mesmo):
o des-caráter, ao invés do caráter; a ruptura, em lugar do traçado linear; a historiografia
como grafo sísmico da fragmentação eversiva, antes que como homologação tautológica
do homogêneo.

Direi que o Barroco, para nós, é a não-origem, porque é a não-infância. Nossas


literaturas, emergindo com o Barroco, não tiveram infância (infans: o que não fala).
Nunca foram a afásicas. p. 239.

Gregório é já o nosso primeiro antropófago, como o viu Augusto de Campos (“o


primeiro antropófago experimental da nossa poesia”), num instigante estudo-poema de
1974. O nosso primeiro transculturador: traduziu, com traço diferencial, personalíssimo,
revelado no próprio manipular irônico da combinatória tópica, dois-sonetos de Góngora
("Mientras por competi, con tu cabelo” e “Ilustre y hermosísirna María”) num terceiro
(“Discreta e formosíssima Maria"), que desmontava e explicitava os segredos da
máquina sonetífera barroca, e que, ademais, sendo duas vezes de Góngora, era ainda de
Garcilaso de La Vega, de Camões, e mais remotamente de Ausônio (pois em todos esses
poetas, por seu turno, alimentara o cordovês seus sonetos paradigmais, que o baiano
Gregório ressonetiza num tertius tão mistificador e congenial na sua síntese dialética
inesperada, que os comentadores acadêmicos, até hoje, não conseguem aproximar desse
produto monstruoso sem murmurar santimoniosamente o conjuro protetor da palavra
“plágio”...). p. 241

Já no Barroco se nutre uma possível "razão antropofágica", desconstrutora do


logocentrismo que herdamos do ocidente. Diferencial no universal, começou por aí a
torção e a contorção de um discurso que nos pudesse desensimesmar do mesmo. É uma
antitradição que passa pelos vãos da historiografia tradicional, que filtra por suas
brechas, que enviesa por suas fissuras. Não se trata de uma antitradição por derivação
direta, que isto seria substituir uma linearidade por outra, mas do reconhecimento de
certos desenhos ou percursos marginais, ao longo do roteiro preferencial da
historiografia normativa. Em prosa, a uma dada altura do processo de meandros, numa
determinada configuração, ela produziria o filão do “romance malandro”, assim
batizado por Antônio Candido em "Dialética da Malandragem" (1970), ensaio que, a
meu ver, num certo sentido, representa a “desleitura” deliberada, pelo crítico, da estrada
real topografada em sua Formação da literatura brasileira. (p. 242)

Na medida em que tradição “malandra” seria um outro nome para "carnavalização”, ela
retroage ao Barroco visto por Severo Sarduy como fenômeno bakhtiniano por
excelência: espaço lúdico da polifonia e da linguagem convulsionada. Não esqueçamos
que Quevedo, Quevedo dos sonetos conceitistas, é o mesmo autor da Históría de la vida
del Buscón, llamado Don pablos, exemplo de vagabundos y espejo de tacaños (1626).
Nosso primeiro
"herói" (anti-herói) malandro é o antropófago Gregório de Matos (como o admite, desse
novo ângulo de visada, o próprio Antônio Cândido, numa quase-apostila à sua
Formação,
onde Gregório, barrado pela clausura do argumento sociológico, não tem vez nem via
de acesso). A “musa crioula”, a “musa praguejadora”. O primeiro antropófago-
malandro. Não falo de uma biografia. Falo de um biografema preservado na tradição
oral e disperso em códices apógrafos.

 CAMPOS, Augusto. “Da América que existe”. In: Poesia, antipoesia,


antropofagia. São Paulo: Cortez e Moraes, 1978.

A segunda parte, DOTE PARA O NOIVO SUTENTAR OS ENCARGOS DA CASA,


não é em versos, mas em linhas livres. Estamos, aqui, em presença não mais de um
“poema”, no sentido tradicional, mas de um texto literário, sem pré-definição forma.
Uma montagem de “ready mades” linguísticos – clichês deslocados – do seu contextos e
acionados por um mecanismos de equívocos. Processo barroco, sem dúvida, sob o
enfoque do duplo sentido. Gracián, Agudeza y arte de ingenio, Discurso XXXIII – De
los ingeniosos equívocos: “La primorosa equivocación es como uma palavra de dos
cortes y a un significar a dos luces. Consiste su artifício en usar de alguna palabra que
tenga dos significaciones, de modo que deje en duda lo que quiso decir”. Processo
moderníssimo, se se tem em vista a desliteralização do texto operada pela adoção das
aparências de uma linguagem convencional, estruturada para a função meramente
comunicativa como, no caso, o rol dos bens que constituem os dotes do noivo. De
Gregório a Oswald. A lista de nomes comerciais em “Nova Iguaçu” e a de livros em
“Biblioteca Nacional”, ambos de Pau Brasil, estão na mesma ordem textual. (p.94)

 ÁVILA, Affonso. O lúdico e as projeções do mundo barroco. São Paulo:


Perspectiva, 1971.

Affonso Ávila nos descrevia a “vida barroca” que, para o autor, se estabelecia nas
Minas Gerais dos seiscentos, marcada, por sua vez, pela forte presença, manifestada por
meio da arte, de “êxtase festivo e de agonicidade (sic) existencial”1. Os homens, então,
eram “atraídos permanentemente para a vertigem do instante fugidio, para a miragem de
deter ainda que ilusoriamente o espetáculo que passa.”2 A literatura valia-se de “letras e
símbolos”, antes unidades sintáticas de função linguística, usando-as para “proposição
plástica, de concepção não-verbal”, “pictórica”. Em meio a espetáculos pirotécnicos
dispendiosos, a vivência imagética caracterizava a vida pelo “recreio sensual dos
1
ÁVILA, 1971, p. 37.
2
Ibidem, p. 57.
olhos”.3 Assim, Ávila destinava a Gregório de Mattos a condição de precursor direto da
Tropicália.4

3
Ibidem, p. 212.
4
Ibidem, p. 219.

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