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EMDIREÇÁO A
EDUCAÇAO INCLUSIVA
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Chanceler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Norberto Francisco Rauch
Vice-Reitor
Joaquim Clotet
Conselho Editorial
Antoninho Muza Naime
Antonio Mario Pascual Bianchi
Délcia Enricone
Helena Noronha Cury
Jayme Paviani
Jussara Maria Rosa Mendes
Luiz Antonio de Assis Brasil e Silva
Marília Gerhardt de Oliveira
Mirian Oliveira
Urbano Zilles (Presidente)
Diretor d a EDIPUCRS
Antoninho Muza Naime
CLAUS DIETER STOBAUS
JUAN JOSÉ MOURINOMOSQUEWI
(Orgs.1
-
EDIPUCRS
Porto Alegre
2004
O EDIPUCRS, 2 0 0 3 ; 2a ed. 2004
Capa:
Clarissa Furlan Zabka
Preparação de originais:
Eurico Saldanha de Lemos
Revisão d e normas:
Anaí Zubik Camargo de Souza
Revisão:
dos organizadores
Edi toração:
Supernova Editora
Impressão e acabamento:
Gráfica Epecê
CDD 371.9
EDIPUCRS
Av. Ipiranga, 668 1 - Prédio 33
Caixa Postal 1429
CEP 90619-900 Porto Alegre, RS - BRASIL
FoneFax: (51) 3320-3523
E-mail: edipucrs@pucrs.br
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Proiblda a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização expressa da Editora.
Introdução ....................................................................
CAP.1 - Atenção à diversidade e Educação Especial .....
Orlando Terré Camacho
CAP.2 - Aspectos históricos da Educação Especial: da
exclusão à inclusão - uma longa caminhada .................
Marilene d a Silva Cardoso
CAP.3 - Uma escola de todos, para todos e com todos:
o mote da inclusão ..........................................................
Maria Teresa Eglér Mantoan
CAP.4 - Tendências futuras da Educação Inclusiva.. .....
Vítor d a Fonseca
CAP. 5 - Da Educação Especial à Escola Inclusiva .........
Saul Neves d e J e s u s , Maria Helena Martins e
Ana S u s a n a Almeida
CAP.6 - Adolescência e inadaptação social ....................
Berta Weil Ferreira
CAP. 7 - La hidroterapia como posibilidad de trata-
miento en las patologías neuromotoras .........................
Laura Luna Oliva e Hernán Ariel Villagra
CAP.8 - Entrevista com o Prof. Dr. Ángel Rivière sobre
Educação Especial ..........................................................
Claus Dieter Stobüus
CAP.9 - Processo formal de educação de pessoas sur-
das: subsídios para a (re)construção do espaço educa-
cional para portadores de surdez ..................................
Alvina T h e m i s Silveira Lara
CAP.10 - O processo de inclusão/exclusão: uma possi-
bilidade de (rehignificar práticas .................................. 147
Elisa Kern
CAP. 1 1 - Hacia la Educación Inclusiva de nifios con Sín-
drome de Down, como parte de1 proceso de Educación
Inclusiva en Educación Básica ...................................... 177
Lydia Chango Lizarazu
CAP.12 - A criança com Necessidades Educativas Es-
peciais: uma visão ampla e aportes educacionais ......... 187
Claus Dieter Stobaus e J u a n José Mouririo Mosquera
CAP. 13 - Professor, personalidade saudável e relações
interpessoais: por uma educação da afetividade na
Educação Especial ..........................................................205
J u a n José Mouririo e Mosquera Claus Dieter Stobaus
CAP. 14 - A inclusão da criança especial começa na
família .....................
...................................................... 22 1
Gilca Maria Lucena Kortmann
CAP. 15 - O aluno com altas habilidades/superdotaçáo:
uma criança que não é o que deve ser ou é o que não
deve ser? ......................................................................... 237
S u s a n a Graciela Pérez Barrera Pérez
Referências ......................................................................25 1
Este livro que apresentamos é fruto do esforço de várias
pessoas que atuam na Educação ~ s p e c i a lSão
. nossos amigos e
colegas, muito colaboraram para que ele pudesse ir adiante. To-
dos nos enviaram os materiais, que unimos de maneira que o
texto tivesse uma forma mais coerente e compreensível, para
que o leitor pudesse encontrar, em cada um dos capítulos, pos-
sibilidades de suporte teórico, bem como idéias, exemplos e
aplicabilidades em diversos campos de trabalho e estudo.
O livro está montado de modo a que nos propicie uma
visão bem ampla da Educação Especial, aprofundando no
sentido d a Educação Inclusiva.
O capítulo inicial, de Orlando Terré Camacho, atual presi-
dente d a Associação Mundial de Educação Especial - AMEE,
introduz e inicia a polemizar o tema.
A seguir está o capítulo dois, que, digamos assim, tem
mais indicativos teóricos, especialmente confeccionado por
Marilene d a Silva Cardoso.
A proposta que Maria Teresa Eglér Mantoan nos coloca
no capítulo três, de tentar incluir todos, mesmo com suas
dificuldades em ambientes com recursos e preparo de seus
educadores é complementada pela visão de Vítor da Fonseca,
no capítulo quatro, que destaca a dificuldade e o cuidado com
que todos poderiam ser atendidos em suas particularidades,
portanto nem sempre seriam todos na mesma escola, em um
ponto futuro nem tão futuro assim.
O capítulo cinco segue questionando a implementação e
atualidade da Educação Inclusiva, novamente com uma visão
em Portugal, oportunizada pelos autores Saul Neves de Je-
sus, Maria Helena Martins e Ana Susana Almeida.
A seguir, o capítulo seis aprofunda em um ângulo
bem atual, o de quando se torna o educando adolescente
AEDUCAÇAOESPECIALEAEDUCAÇÃO
INCLUSIVA
Porém, para Bueno ( 1993),a Educaçáo Especial tem cum-
prido, na sociedade moderna, duplo papel, o de complemen-
taridade da educação regular, atendendo de um lado a demo-
cratização do ensino, na medida que responde às necessida-
des de parcela da população que não consegue usufruir dos
processos regulares de ensino; do outro, responde ao proces-
so de segregação, legitimando a ação seletiva da escola regu-
lar.
O papel d a Educação Especial assume, a cada ano, im-
portância maior, dentro da perspectiva de atender às cres-
centes exigências de uma sociedade em processo de renova-
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Instruçáo Directa
A Instrução Directa ilustra um termo genérico que essen-
cialmente descreve uma modalidade de ensino estruturado,
quer das competências escolares, quer das competências so-
ciais.
De acordo com Becker, Engelman, Carnine e Rhine ( 1981),
esta modalidade compõe-se de oito componentes: 1 - focagem
nos objectivos escolares; 2 - professores adicionais na sala
de aula; 3 - utilização estruturada do tempo; 4 - apresenta-
ção escrita das lições; 5 - aplicação eficiente de métodos de
ensino; 6 - treino e supervisão cuidada; 7 - monitorização do
progresso dos estudantes; e 8 - envolvimento activo dos pais.
Os custos deste modelo envolvem, preferencialmente, o
treino dos professores, a construção ou aquisição de mate-
riais pedagógicos hierarquizados por unidades de complexi-
dade crescente, e um supervisor.
Trata-se dum modelo de instrução mais sistemático, do
tipo passo-a-passo, no qual o professor pode estar a traba-
lhar mais individualmente com um grupo reduzido de estu-
dantes, enquanto o restante da turma trabalha de forma mais
independente.
Intervenção Estratégica
O modelo de Intervenção Estratégica preconiza a orienta-
ção cognitiva dum currículo de estratégias de aprendizagem
que permite aos estudantes utilizarem com mais eficácia as
suas competências na aquisição de novos conteúdos.
Consultoria Pedagógica
Este modelo procura apoiar directamente o professor d a
sala de aula regular, fornecendo-lhe estratégias e promoven-
do-lhe competências e recursos de ensino, de instrução, de
mediatização, de identificação, de encaminhamento e de ava-
liação formativa dos estudantes, podendo incluir igualmente
apoios indirectos que sirvam, como suporte consultivo ou
como guia orientador, das suas intervenções práticas com os
estudantes com dificuldades ou problemas de aprendizagem,
diz Fonseca ( 1999a,b).
Esta modalidade pode ainda: estender a sua acção aos
grupos de suporte dos pais; proporcionar novos processos
de observação e de diagnóstico que sustentem outras alterna-
tivas nos planos educacionais individualizados; sugerir inter-
venções mais adequadas e eventualmente supervisionar a efi-
cácia dos métodos e dos programas aplicados.
Nesta perspectiva podem mesmo criar-se comités dos pla-
nos educacionais individualizados, com o objectivo de su-
portar os professores e a s famílias a concretizarem uma
inclusão total, e mais efectiva, dos estudantes com NEE na
escola da s u a residência e na sua comunidade mais alargada.
Boas Práticas de E1
Implementar a E1 envolve de certa forma uma experiência
de inovação, uma atitude experimental e uma avaliação quali-
tativa permanente. Várias autoridades, entre elas Chalfant,
Pysh e Moultrie (1979) e Gerber e Semmel (1985) vêm reco-
mendando um conjunto de boas práticas, d a s quais destaca-
mos:
Equipas de Pré-encaminhamento e de Consultoria
Colaborativa - tais equipas multidisciplinares, em par-
ceria com os professores regulares, procuram desenhar
recomendações e estratégias para trabalhar com estu-
dantes com NEE dentro da sala de aula normal, garan-
tindo uma co-consultoria de igual autoridade e uma for-
mulação de soluçóes alternativas co-responsáveis que
DA EDUCAÇÁO ESPECIAL A
ESCOLA INCLUSIVA
-
De acordo com esta abordagem, o professor deverá plani-
ficar as suas aulas ou unidades de ensino, utilizando quatro
etapas específicas:
Etapa 1 - O professor escolhe os principais conceitos ou
idéias a serem ensinados em cada aula ou unidade. Estes con-
ceitos devem ser os mesmos para todos os alunos; devem ser
ns- r
entendam.
Etapa 2 - O professor desenvolve uma variedade de for-
maslestratégias, através das quais possa apresentar esses
conceitos ou informações à classe. Assim, o professor pode
decidir a:
- fornecer aos alunos a s informações;
- levar os alunos a procurarem eles mesmos a s informa-
ções, usando para tal bibliografia adequada, computa-
dor, filmes, entre outros;
- conduzir os alunos a efectuarem experiências/situações
das quais possam retirar a s conclusões respeitantes aos
conceitos ou informações a serem explorados.
Etapa 3 - O professor proporciona aos alunos uma opor-
tunidade para reflectir ou praticar as novas informações ou
CONSIDERAÇOES FINAIS
A construção de uma Escola Inclusiva veio recolocar na
educação geral muitas das responsabilidades que até então
se mantinham atribuídas à Educação Especial. Acreditamos
que a Escola Inclusiva não é uma utopia; no entanto, é neces-
sário que os pais, os profissionais, os governantes e a popu-
lação em geral acreditem que a Escola Inclusiva é qualquer
coisa por que vale a pena lutar.
A construção de uma Escola Inclusiva e a educação de
crianças e jovens que se deparam com obstáculos ao seu de-
senvolvimento exige uma estratégia global de educação que
valorize no interior das escolas a solidariedade e o espírito
de equipe.
O desafio colocado aos professores é grande e parte sig-
nificativa continua a não estar preparada para desenvolver
estratégias de ensino diversificado. A formação dos docentes
e o seu desenvolvimento profissional são condições necessá-
rias e fundamentais para a construção d a Escola Inclusiva. A
formação inicial e a formação contínua são condições indis-
pensáveis para que os docentes possam fazer face ao acrésci-
mo de tarefas e responsabilidades que a Escola Inclusiva re-
presenta.
Fundamental ainda é incentivar a formação especializada
pois que, por forma a assegurar a s escolas o apoio técnico
indispensável, haverá que dotar o Sistema Educativo com téc-
nicos especializados, desde docentes de apoio, psicólogos
educacionais, terapeutas, monitores e intérpretes de língua
gestual, entre outros.
A construção de uma Escola Inclusiva exige um esforço e
uma colaboração estreita de todos, como referiu o Prof. Mel
Ainscow (1995, p. 5 9 ) , no Congresso de Birmingham sobre
Educação para Todos:
BERTAWEIL FERREIRA*
CONTEXTO DO ADOLESCENTE
A vida atual é regida pelos meios de comunicação de mas-
s a e pela informática. As notícias do que acontece no mundo
alcançam as populações quase ao mesmo tempo em que es-
tão ocorrendo. Pela Internet, as pessoas se comunicam com
todas a s partes do universo. Contudo, em lugar de vida me-
lhor resultante dos avanços tecnológicos, o que vemos são
altos índices de desemprego. Segundo a TV RBS, no ano de
200 1, citando dados do censo, 13,9%d a população brasilei-
r a era constituída de desempregados.
O homem está sendo substituído, cada vez mais, pela má-
quina. Para competir no mercado de trabalho, tem que pre-
parar-se melhor. Ao terminar um curso superior, não tem
certeza de encontrar trabalho. Isto desencoraja os adolescen-
tes.
LA HIDROTERAPIA COMO
POSIBILIDAD DE TRATAMIENTO EN
LAS PATOLOGIAS NEUROMOTORAS
Adaptación a1 agua
E1 objetivo básico es aclimatar 10s usuarios a1 entorno pis-
cina (vestuarios,duchas, cambiadores, temperatura, personal
de apoyo) y propio de1 vaso de piscina (temperatura de1 agua,
profundidad, luces, caracteres propios de1 agua, etc.).
Control respiratorio
En nuestra experiencia hemos observado la dificultad que
tienen para controlar la respiración en e1 medio acuático,
motivado por respiración mixta buco-nasal, poca capacidad
CONTROL RESPIRATORIO
Desplazamiento básico
Comenzamos a trabajar específicamente e1 desplazamiento
en e1 agua cuando es capaz de mantenerse en la barra o
manguitos. AI inicio debemos perseguir cualquier tipo de
desplazamiento en función de Ias posibilidades de cada
usuario; según qué refleje en nivel motor. Los objetivos de
trabajo en e1 Programa de Nivel Intermedio, respecto a1
desplazamiento, se estructuran siguiendo Ia secuencia, ítems
H.P4 a1 H.F? 9.
ENTREVISTA
Passo agora a transcrever a íntegra d a entrevista em espa-
nhol, assinalando quando faço a pergunta e quando ele res-
ponde.
i Claus: Antes de profundizar, un poco de tu trayectoria,
formación y como Ilegaste, 10 que estás haciendo en e1 área de
Educación Especial.
Ángel: Bueno, yo hice Psicología, soy de la primera
promoción de Psicología, de la misma que Álvaro Marchesi,
de1 grupo de gente que participamos luego en e1 proceso de la
reforma de Ia Educación en Espana, había varios que
estábamos en aquella primera promoción.
Provenía de un colegio de Madrid, con una educación muy
personalizada, muy cuidadosa, que se llamaba Santa María
de las Nieves, que era de otras personas y de mis padres.
Vengo de1 mundo de la Educación, de tradición familiar
vieja. Mis abuelos eran maestros, mi padre y mi madre eran
profesores, y había estado muy en contacto con e1 mundo de
la Educación.
Cuando acabé la carrera, pasé inmediatamente a ser
profesor aquí, desde 10s 22 afios. Y simultáneamente era psi-
cólogo de aquel Centro. Es decir, ejercí como psicólogo, diga-
mos escolar, desde una serie de anos.
Por entonces, mis intereses principales tenían que ver,
principalmente, siempre me han interesado mucho 10s
intereses teóricos, en Ia Psicología, pues con Ia obra de
Vygotsky, Piaget. Hace ya muchos afios, en e1 afio 8 5 me pare-
ce que fue, publiqué un librito sobre Vygotsky, que fue e1
primero que hubo en Espana sobre s u obra. Temas que tenían
que ver, también, con la Psicología Cognitiva, con e1 pensa-
miento, te estoy hablando de1 72 o 73. Y empecé a trabajar en
o PROCESSO DE INCLUSAO/EXCLUSÁO:
U M A POSSIBILIDADE DE
(REISIGNIFICAR PRÁTICAS
CONSIDERAÇOES FINAIS
A partir da pesquisa, considero o processo de inclusão1
exclusão um binômio indissociável. Não me parece possível
pensar em inclusão ou exclusão, mas em um processo indis-
sociável, que ocorre numa interação dialética que não privile-
gia um dos termos, nem procura uma síntese.
No entanto, nos indícios revelados na pesquisa, percebo
que o processo ainda é visto de uma forma contraditória pe-
los praticantes; ora dissociando, entendendo que está incluin-
do ou excluindo, ora como um processo indissociável. Enten-
do esta contradição como fazendo parte de uma prática nova
que está sendo instituída. A meu ver, essa contradição não
inviabiliza o processo, mas é parte constitutiva dele.
Ao analisar as implicações dos professores, constato con-
flitos, angústias, ambivalências, incertezas que permeiam o
seu agir. Estas implicações nem sempre são claras ou admiti-
das. Considerar a indissociabilidade do processo de inclu-
ENSINO
Quanto àqueles elementos que denotam posicionamentos
relativos ao ensino, os sujeitos destacaram pontos em uma
direção mais positiva, bem como também em uma mais ne-
gativa, em suas falas, lembrando que são necessárias cons-
tantes atualizações, cuidados com e durante o processo
avaliativo docente, evitar falta de acompanhamento com equipe
multi e interdisciplinar, cuidando em detectar mínimas mo-
dificações comportamentais e cognitivas, como nos relatos.
Aqui aparece também colocada a noção do professor quei-
mado, torrado, burnout, pelo estresse que o acomete, como
diríamos aqui, carregar o piano o tempo todo, enquanto ou-
tros estão tocando ou ouvindo a música.
FORMAÇAO DO PROFESSOR
Nesta categoria aparecem comentários sobre os aspectos
da formação que o professor realizou, que têm relação, tanto
direta como indireta, com a Educação Especial. Aqui apare-
ceram comentários que vão desde uma formação diretamen-
te na área, em curso específico, até aquelas que passam por
áreas distintas até escolherem a de Educação Especial, ou
mesmo algum momento da vida que marcou, como um pro-
fessor que tinha um amigo de infância Down, que morreu jo-
vem, relatando que o marcou desde então, inclusive a ponto
de pertencer a grupo de apoio à família (como APAE).
UTILIZAÇAO DA NOMENCLATURA
Encontramos duas subcategorias: como sinônimos e como
diferentes.
Como Sinônimos
Nesta subcategoria incluímos a s falas daqueles professo-
res que comentaram que a utilização dos termos Inclusão e
Integração indistintamente não causa ou não possui inconve-
nientes, podendo ser usados de forma idêntica, igual, consta-
tado nas falas.
O termo portadores d e não é mais tão utilizado entre nós,
vem sendo substituído, pelo menos na área educacional, por
aluno ou pessoa com necessidade educativa especial. Tam-
Como Diferentes
Nesta subcategoria incluímos os depoimentos daqueles
professores que consideraram os termos como diversos, di-
ferentes, até como opostos, antônimos, em especial os ter-
mos Portadores/Alunos e Integração/Inclusáo, em que apare-
ceram comentários às vezes até opostos, no sentido de que
integração seria maior que inclusão. Também apareceu que
seria melhor utilizar portador, em vez de aluno com.
É de se destacar que realmente ficamos, ainda mais aqui
no país, restritos ao campo do menos, muitas vezes esque-
cendo o campo do mais, os chamados alunos prodígio ou até
aqueles superdotados, pessoas que também têm suas restri-
ções ou dificuldades, que nem são trabalhadas em nossa for-
mação, na área da Educação Especial. Passam despercebi-
das nas Licenciaturas em geral, acabam por ser esquecidas.
Remetemos ainda aos comentários de Palácios, Marchesi
e C011 (1999), enquanto ao atendimento de 2% ou 18-20%,
isto é, seriam atendidos 2% dos alunos se falássemos daque-
les realmente com problemas muito sérios, necessitando de
cuidados já bem específicos, porém seriam 18 a 20% do total
de alunos se falássemos daqueles que necessitam de apoios
para sanar suas dificuldades.
Recentemente se tem ouvido novamente falar em mudan-
ças, propostas de reconsideração do uso de terminologia, em
termos de nomenclatura, utilizando educandos ou pessoas
no lugar de alunos, mais no sentido de que não seriam ape-
nas aqueles alunos em idade escolar ou que tivessem acesso
SENTIMENTOS EXPERIMENTADOS
Relatam que sempre há algum grau de ansiedade no con-
tato com novos alunos, a cada início de período letivo, alguns
até ressaltam a cada início de aula ou mesmo em atividade
diferentes ou mudanças da normalidade na sala de aula.
Muitos consideram como contribuição positiva às pesso-
as e à sociedade, já alguns dos entrevistados comentaram que
experimentam sentimentos conflitivos e mesmo ambivalentes,
incluindo aqui o que muitas vezes até foi explicitado por eles,
de amor elou ódio pelo aluno (ou colegdchefe), nem sempre
controlado pelo professor e mesmo pelo aluno, uma sensa-
ção de potência, de grande poder ao estar na situação de pro-
fessor, dominando a classe. Há também, mais frequentemente
ainda, a sensação de impotência, no sentido de não consegui-
rem se conter ou conter o grupo, não conseguir seguir o seu
planejamento. Evidenciam sentimentos de angústia, por um
lado, por exemplo ao náo se sentirem satisfeitos com o que
realizaram, ou não tendo tempo e condições de realizar o tra-
balho, bem como aos de felicidade por outro, claramente ex-
presso ao dizerem a missão está cumprida.
Dispositivos Legais
Em 197 1, a LDB, na Lei 5.692171 (apud Ministério de Edu-
cação, 1998, p. 91 menciona, no seu artigo gO,que "[...I os
superdotados deverão receber tratamento especial, de acor-
do com as normasfixadas pelos competentes Conselhos de
Educação".
A Política Nacional de Educação Especial, de 1994 (apud
Brizolla, 2000, p. 32) [grifo nosso] define que a:
PESSOA PORTADORA DE NECESSIDADES ESPE-
CIATS: é a que apresenta, e m caráter permanente ou
temporário, algum tipo de deficiência~íica,sensorial,
cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habi-
lidades, necessitando, por isso, de recursos especia-
lizado~ para desenvolver mais plenamente o seu po-
tencial elou superar ou minimizar suas dificuldades.
No contexto escolar, costumam ser chamadas de pes-
soas portadoras de necessidades educativas espe-
ciais.
J á os Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Cur-
riculares (MEC/ SEFI SEESl? 1998, p. 32) estabelecem que:
A expressão necessidades educacionais especiaispo-
de ser utilizada para referir-se a crianças e jovens
cujas necessidades decorrem de sua elevada capaci-
CAP. 2
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