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Material Teórico
Distúrbios do Desenvolvimento
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho
Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Distúrbios do Desenvolvimento
• Introdução
• A Questão de Diferença – Deficiência: Aspectos Históricos
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Discutir sobre questão da diferença-deficiência: os aspectos históricos e a reflexão
sobre os percalços enfrentados tanto pelas pessoas que possuem algum tipo de de-
ficiência, como por seus familiares e profissionais que atuam junto a elas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Distúrbios do Desenvolvimento
Introdução
Não dá para iniciarmos nossa conversa, sem que falemos dos aspectos histó-
ricos e sociais que englobam as questões referentes às pessoas com deficiência.
Quando nasce uma criança com algum tipo de deficiência começa para ela e para
sua família, uma longa história de dificuldades. Ter a deficiência não é o fator
preponderante, que torna difícil a sua existência, permeada invariavelmente por
situações em que estão presentes o preconceito e o estigma. Como lidar com as
atitudes sociais que adotam formas de classificação para distinguir e separar as pes-
soas, categorizando-as entre duas posições opostas: capazes e incapazes, rápidos
e lentos, ou competentes e incompetentes?
Como romper as barreiras atitudinais das pessoas e do grupo social ao qual ela
pertence, e que tornam inviável o seu desenvolvimento e o seu crescimento pesso-
al, social e profissional?
Infelizmente estas são perguntas difíceis e complexas demais, porém elas fazem
parte do cotidiano da maioria das pessoas com deficiência, seus familiares e dos
profissionais que atuam junto a elas. Quando a sociedade se baseia nessas catego-
rizações, culmina por classificar, excluir e restringir, não oportunizando a demons-
tração de habilidades e competências por parte da pessoa que possui algum tipo
de deficiência.
A Questão de Diferença –
Deficiência: Aspectos Históricos
Verificamos que no percurso da história da humanidade, os caminhos percor-
ridos pelas pessoas com deficiência têm sido tortuosos, com muitos obstáculos e
limitações, tornando assim difícil a sua convivência e, principalmente, a sua acei-
tação social.
Durante muito tempo, essas pessoas viveram segregadas, e, ainda vivem ex-
cluídas do grupo social. Com base nos registros históricos, podemos comprovar
isso. Assim, as pessoas com deficiência continuam sendo tratadas com discrimi-
nação e preconceito.
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Não existem registros sobre como vi-
viam os indivíduos com deficiência no
período pré-histórico, há pelo menos dez
mil anos. No entanto, considerando as
condições físicas e climáticas da época,
evidenciamos a não existência de abrigo
satisfatório para dias e noites, o que fazia
com que as pessoas ficassem expostas ao
frio e ao calor intensos.
Além disso, a colheita de frutos, folhas e raízes garantia o sustento das pesso-
as. Assim, as condições, anteriormente muito adversas, com o passar do tempo
se tornaram mais amenas. Com isso, os grupos começaram a se organizar para
ir à caça e garantir o sustento de todos.
Ainda durante a pré-história, a inteligência do homem começa a se manifestar,
e estes passaram a perceber melhor o ambiente onde viviam, começando, a partir
de então, a adorar o sol, a lua e os animais.
Dessa forma, essas pessoas representavam um fardo para o grupo, que tinha
que fazer longas caminhadas para a obtenção de alimentos e da caça. Somente os
mais fortes sobreviviam, portanto, era comum que certas tribos se desfizessem das
crianças que nasciam com deficiência.
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Peso morto
Deficiente
Empecilho relegado/abandonado
Figura 2
Figura 3
Fonte: ampid.org.br
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Na arte egípcia, com seus afrescos, os papiros, os túmulos e as múmias estão
repletos dessas revelações.
Explor
No paradigma Ateniense, havia a preferência pela agitada vida da polis, pela (re-
tórica, boa argumentação, a filosofia, a contemplação). Para tanto, estes homens
precisavam ter inteligência para poder dar conta das exigências da época.
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Na Grécia antiga, onde se primava pela perfeição dos corpos, as pessoas com
deficiência quando não eram sacrificadas, ficavam escondidas.
Quanto aos filhos de sujeitos sem valor e aos que foram mal constituídos de
nascença, as autoridades os esconderão, como convém, num lugar secreto
que não deve ser divulgado (PLATÃO, A República, apud Misès, 1977).
Figura 6
Fonte: Wikimedia Commons
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A Política, Livro VII, Capítulo XIV, 1335 b – Quanto a rejeitar ou criar os
recém-nascidos, terá de haver uma lei segundo a qual nenhuma criança
disforme será criada; com vistas a evitar o excesso de crianças, se os costu-
mes das cidades impedem o abandono de recém-nascidos deve haver um
dispositivo legal limitando a procriação; se alguém tiver um filho contraria-
mente a tal dispositivo, deverá ser provocado o aborto antes que comecem
as sensaçõews e a vida (a legalidade ou a ilegalidade do aborto será definida
pelo critério de haver ou não sensação de vida) (GUGEL, 2007, p. 63)
Na Roma antiga, as leis romanas não eram favoráveis às pessoas que nasciam
com deficiência. Aos pais era permitido matar as crianças com deformidades fí-
sicas, utilizando-se da prática do afogamento. No entanto, os pais abandonavam
seus filhos em cestos no Rio Tibre, ou em outros lugares sagrados. Os sobreviventes
tornavam-se pedintes e esmolavam pelas ruas ou passavam a fazer parte de circos.
Explor
O rei Luís IX, cujo reinado durou de 1214 a 1270, fundou o primeiro hospital
para pessoas cegas, o Quinze-Vingts. Quinze-Vingts significa 15 x 20 = 300,
número de cavaleiros cruzados que tiveram seus olhos vazados na 7ª Cruzada.
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O Renascimento das artes, da música e das ciências foi o período mais festejado
do século XVI, pois se revelaram grandes transformações, marcadas pelo huma-
nismo. Nesse período, surgiram os primeiros hospitais de caridade que abrigavam
indigentes e pessoas com deficiências.
A época do Renascimento surge com uma perspectiva mais humanista. Sendo, por-
tanto, reconhecida como uma condição humana, a deficiência passa a ser explicada
por um prisma de causalidades naturais, com uma visão médica, e concepções mais
racionais, permanecendo, todavia, marcada pelo preconceito e pela discriminação.
Figura 7
Fonte: Wikimedia Commons
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• Na Espanha, Juan Pablo Bonet (1579-1633) escreveu sobre as causas das de-
ficiências auditivas e dos problemas da comunicação, condenando os métodos
brutais e de gritos para ensinar alunos surdos.
• No livro Reduction de las letras y arte para ensenar a hablar los mudos, Pablo
Bonet demonstra pela primeira vez o alfabeto na língua de sinais.
• Na Inglaterra, John Bulwer (1600 a 1650) defendeu um método para ensinar
aos surdos a leitura labial, além de ter escrito sobre a língua de sinais.
• Stephen Farfler era paraplégico e, em 1655, na Alemanha, construiu uma
cadeira de rodas para se locomover. Ela era feita em madeira, com duas rodas
atrás e uma na frente, acionada por duas manivelas giratórias.
• Europa - marcada pela massa de pobres, mendigos e pessoas com deficiência,
alguns verdadeiros, muitos falsos, reuniam-se em confrarias (organizações), em
locais e horas determinadas, para mendigar, com divisão de lucros e cobranças
de taxas entre os participantes do grupo.
Figura 8
Fonte: Wikimedia Commons
No Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris, Louis Braille (1809- 1852)
apresentou algumas sugestões para seu aperfeiçoamento. Barbier se recusou a
fazer alterações em seu sistema, Braille modificou totalmente o sistema de escrita
noturna, criando o sistema de escrita padrão – o BRAILLE – usado por pessoas
cegas até aos dias de hoje.
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Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images
O século XIX, com reflexos das ideias humanistas da Revolução Francesa, ficou
marcado na história das pessoas com deficiência, não só das que precisavam de hos-
pitais e abrigos, mas também de quem precisava de atenção especializada. Assim,
tem início a constituição de organizações para estudar os problemas de cada tipo
de deficiência, difundindo-se os orfanatos, os asilos e os lares para crianças com
deficiência física. Grupos de pessoas organizam-se em torno da reabilitação dos
feridos para o trabalho, principalmente nos Estados Unidos e na Alemanha.
Napoleão Bonaparte, por exemplo,
determinava expressamente a seus gene-
rais que reabilitassem os soldados feridos
e mutilados para continuarem a servir,
nascendo, assim, a ideia de que os ex-
-soldados poderiam ser reabilitados.
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Três anos depois, em 26 de setembro de
1857, o Imperador, apoiando as iniciativas
do Professor francês Hernest Huet, funda
o Imperial Instituto de Surdos Mudos (atu-
almente Instituto Nacional de Educação de
Surdos – INES). O imperador era um visioná-
rio e trouxe muitos avanços para o Brasil; se
as suas propostas e projetos tivessem segui-
mento, não teríamos apenas o IBC e o INES,
poderíamos ter outras tantas instituições para
o atendimento das pessoas com deficiência,
desenvolvendo pesquisas e tendo uma ampla
contribuição tanto para essas pessoas como
para a sociedade de uma maneira geral.
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Com a Carta das Nações Unidas, criou-se a Organização das Nações Unidas
(ONU) em Londres, no ano de 1945, visando encaminhar, com todos os países
membros, as soluções dos problemas que assolavam o mundo. Os temas centrais
foram divididos entre as agências:
• ENABLE – Organização das Nações Unidas para Pessoas com Deficiência;
• UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura;
• UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância OMS - Organização Mun-
dial da Saúde.
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O percurso histórico da pessoa com deficiência, nos diferentes países, tem se-
guido um padrão de evolução muito parecido, ou seja, do extermínio à segregação
e exclusão. Há uma modificação do olhar a respeito dessas pessoas, que passam a
ser vistas como possuidoras de certas capacidades, ainda que limitadas, principal-
mente no que se refere à aprendizagem. Predomina um olhar de tutela e a prática
correspondente no que diz respeito aos excepcionais (como as pessoas com defi-
ciência eram chamadas na época), no sentido de protegê-los em asilos e abrigos,
muitos dos quais permanecem ali até a morte.
Fortaleceu- se, aos poucos, a convicção de que as pessoas com deficiência po-
diam trabalhar e queriam exercer voz ativa na sociedade. Os estados passaram
gradativamente a reconhecer sua responsabilidade no cuidado com esse segmento
populacional, no que se referia às suas necessidades de educação e de saúde.
Assumindo politicamente que a pessoa com deficiência era cidadã, como outra
qualquer, que tinha o direito a uma vida “normalizada”, e que para isso precisava
ser preparada, esse paradigma caracterizou-se pela oferta de serviços.
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humanidade; ser diferente não implica, necessariamente, que este indivíduo tenha
menos valia enquanto ser humano e ser social.
Por outro lado, não se podem negar as limitações impostas por uma deficiência,
e isso pode ser fator determinante para a discriminação dessa pessoa, já que ao
negá-las, a sociedade se desobriga a promover os ajustes e adaptações que permi-
tiriam a sua efetiva participação na vida social.
A experiência tem mostrado alguns equívocos, como supor que por meio de
uma vivência segregada e na convivência quase que exclusiva com outras pessoas
com deficiência, alguém pudesse realmente se “habilitar” para uma integração so-
cial. Ou que todas as pessoas com deficiência pudessem ser modificadas, em busca
da normalização, a ponto de não mais apresentarem as limitações impostas por
sua deficiência.
Assim, cabe à sociedade oferecer acesso aos serviços que os indivíduos com defi-
ciência necessitarem, nas diferentes áreas: física, psicológica, educacional, social e
profissional, independente do tipo de deficiência e grau de comprometimento que
possam apresentar.
Ainda hoje, muitas pessoas com deficiência são excluídas da sociedade, deixan-
do assim de contribuir para a construção desta, perdendo a oportunidade de se
desenvolverem, de adquirirem consciência crítica e, principalmente, da convivência
e da humanização da sociedade como um todo, além da perda da autonomia e
independência enquanto cidadãos atuantes.
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constituído pelas pessoas com deficiência, no sentido de promover, efetivamente,
o ajuste da oferta aos serviços de Educação, Sociais, de Saúde, do Trabalho e
Emprego, da Cultura, do Lazer, do Esporte e de Urbanismo, com o objetivo de
garantir acesso, permanência e utilização dos espaços e da vida social e cotidiana
na comunidade na qual está inserido.
Figura 13
Fonte: iStock/Getty Images
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Filmes
O Oitavo Dia
O filme retrata o cotidiano de dois personagens muito distintos e, ao mesmo tempo,
semelhantes. O primeiro, Georges (Pascal Duquenne), com síndrome de Down e o
segundo, Harry (Daniel Auteuil), uma pessoa comum, vivendo o cotidiano através de
rotinas diárias do amanhecer ao dormir.
Meu Nome é Rádio
Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones (Ed
Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o
time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou
sua esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem “lento”, James Robert
Kennedy (Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele
não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa
com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma “brincadeira” de
péssimo gosto, que deixou James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito
com o jovem, Jones o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como
ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo
de Radio. Mas ninguém sabia que, pelo menos em parte, a razão da preocupação de
Jones é que tentava não repetir uma omissão que cometera, quando era um garoto.
Uma Lição de Amor
Sam Dawson (Sean Penn) é um homem com deficiência mental que cria sua filha Lucy
(Dakota Fanning) com uma grande ajuda de seus amigos. Porém, assim que faz 7 anos
Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, e esta situação chama a atenção
de uma assistente social que quer Lucy internada em um orfanato. A partir de então
Sam enfrenta um caso virtualmente impossível de ser vencido por ele, contando para
isso com a ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), que aceita o caso como
um desafio com seus colegas de profissão.
Sempre Amigos
Maxwell Kane (Elden Henson) é um garoto de 14 anos que tem dificuldades de
aprendizado e vive com seus avós desde que testemunhou o assassinato de sua mãe,
morta pelo marido. Quando Kevin Dillon (Kieran Culkin), um garoto que sofre de
uma doença que o impede de se locomover, se muda para a vizinhança eles logo se
tornam grandes amigos. Juntos vivem grandes aventuras, enfrentando o preconceito
das pessoas à sua volta.
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Referências
AMARAL, L. A. Conhecendo a deficiência (em companhia de Hércules). São
Paulo: Robe Editorial, 1995.
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