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PRÁTICAS INCLUSIVAS
Universidade Católica de Pernambuco
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Universidade Católica de Pernambuco
EDUCAÇÃO E PRÁTICAS
INCLUSIVAS
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Profa. Dra. Rossana Regina G. Ramos Henz
Educação a Distância
Universidade Católica de Pernambuco
EaD
UNICAP
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP
Reitor
Prof. Dr. Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, S. J.
Pró-reitor Administrativo
Prof. Msc. Márcio Waked de Moraes Rêgo
Pró-reitor Comunitário
Prof. Dr. Pe. Lúcio Flávio Ribeiro Cirne, S. J.
UNICAP DIGITAL
Diretor
Prof. Dr. Pe. Carlos Jahn, S. J.
Assessor de EaD
Prof. Msc. Valter Avellar
Designers Instrucionais
Esp. Fernanda Silveira
Msc. Flávio Santos
Analista de Sistemas
Prof. Msc. Flávio Dias
Secretário
Msc. Valmir Rocha
____
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Correção Ortográfica
Msc. Rafael José Oliveira Ofemann
Diagramação
Msc. Flávio Santos
EDIÇÃO 2020
Rua do Príncipe, 526 - Bloco C - Salas 302 a 305
Boa Vista - Recife-PE - Cep: 50050-900
Telefone +55 81 2119.4335
PALAVRA
PROFES
SORA
Olá pessoal, sou a professora Rossana e, a partir de agora, embarcaremos
em uma viagem pelos caminhos da Educação Inclusiva, assunto de
extrema importância para a sociedade, tanto na perspectiva individual
quanto coletiva. Sinto-me à vontade para discutir esse assunto com vocês
por conta de minha longa experiência com a prática de incluir alunos/as
com deficiência na escola regular, bem como de formar professores/as
nesse sentido.
Abraços
OBJE
TIVOS
UNIDADE 1 - Estudo dos fundamentos da Educação
Inclusiva
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1. Histórico da Deficiência
1º momento
• Os sete anões eram irmãos? Por que os sete anões viviam isolados, na
floresta, exercendo um trabalho braçal nas minas?
• Por que o patinho feio precisou ir ao encontro do seu grupo (dos cisnes)
para que deixasse de ser maltratado e, finalmente, fosse feliz?
• E o corcunda? Por que não tinha família, sendo criado pelo pároco, ou
seja, pela misericórdia da igreja?
2º momento
Exemplo
Gabriel, 12 anos, com Síndrome de Down, oriundo de uma escola especial,
em que havia uma rotina específica para o lanche, que era servido por
uma funcionária, descobriu que em nossa escola havia uma cantina em
que as crianças escolhiam e compravam sua alimentação. Um belo dia,
pediu à mãe que lhe desse dinheiro. Sem entender bem o interesse dele
por isso, a mãe perguntou-lhe para que era. Gabriel não conseguiu
explicar já que tinha limitações na fala. No dia seguinte, levou a mãe até a
cantina e ela entendeu que ele queria comprar o próprio lanche. Com isso,
começou a aprender números para contar o dinheiro que a mãe lhe dava
para o lanche.
Uma escola somente para cegos, por exemplo, não proporciona aos
alunos a possibilidade de conviver amplamente com a descrição de
imagens.
Exemplo
Uma vez perguntei a Seu Manoel, meu vizinho, cego de nascença, como
que ele achava que eram as cores. Ele me disse que as cores eram
sentimentos. Vermelho de raiva, verde de fome, branco de assustado.
Com isso, entendi que a linguagem pode retratar formas, cores etc. e que
essas expressões Seu Manoel ouviu de pessoas que enxergam.
3º momento
não podemos esquecer que nosso passado recente revela uma história
de exclusão escolar das pessoas com deficiência. Por muitas décadas,
alegando-se incapacidade dos estudantes com deficiência de
acompanhar os demais alunos, manteve-se a prática de segregação,
reforçada pelo paradigma da normalização. Tal estado de coisas
perpetuou-se também no período da integração, que nada mais fora
que um anúncio da possibilidade de inclusão escolar para aqueles
estudantes que conseguissem adequar-se à escola comum, sem que
esta devesse revisar seus pressupostos.
Exemplo
Em uma escola do interior de São Paulo, ocorreu o seguinte fato: em
uma reunião pedagógica, ao defender a permanência da sala especial
na escola, a professora dessa classe foi destratada pelos colegas que a
acusavam de querer apenas manter seu emprego, já que esse trabalho
era absolutamente inútil. A fala geral era a de que esses/as alunos/as
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colocavam em risco a comunidade escolar, já que alguns/as se
mostravam agressivos em face de suas deficiências.
Exemplo
Em uma escola com sala especial, mediante a situação de segregação,
a coordenadora pedagógica, resolveu fazer uma avaliação dos/as alunos/
as e verificou que muitos deles/as não tinham deficiência mental. Eram
apenas crianças e adolescentes que apresentavam trajetórias escolar e
de vida marcadas por traumas e, por isso, não estavam no nível de
aprendizagem esperado pela escola. Em uma reunião pedagógica,
propôs que esses/as alunos/as fossem reintegrados à sala regular. Para
isso, foi realizado um programa de alfabetização com esses estudantes.
O resultado mostrou que a maioria se adaptou ao sistema regular de
ensino. Em sua fala sobre a inclusão dessas pessoas, a professora utilizou
a seguinte metáfora:
4º momento
Segundo Ramos (2010), nos anos 90, houve uma virada significativa nas
ideias e comportamentos sobre a deficiência. Com base na Psicologia e
na Epistemologia Genética do psicólogo genebrino Jean Piaget,
começaram a ser feitas novas leituras da deficiência mental e, por conta
disso, surgiu uma nova maneira de compreender o desenvolvimento das
pessoas com deficiências mentais e/ou físicas (incluindo-se, nesse último
caso, os deficientes visuais e auditivos) – ou seja, daqueles que têm formas
diferentes de apreensão do mundo.
Exemplo
Numa ocasião, fui a uma comunidade rural conversar com os pais de
alunos/as da escola daquela localidade sobre o processo de inclusão, já
que ali havia algumas crianças com deficiência que precisavam ser
matriculadas no ensino regular. Preocupei-me em encontrar uma forma
simples de explicar as teorias que embasavam o processo de inclusão,
por conta do nível de escolarização das pessoas que era muito baixo.
Comecei explicando que aprendemos uns com os outros e que, por isso,
era necessário que essas crianças com limitações convivessem com as
Educação e Práticas Inclusivas
“Olhe, professora, isso que a senhora está dizendo não seria o caso de
um jogador de futebol ruim que joga em um time ruim e não melhora?
Aí, ele vai pra outro time que joga bem e melhora bastante?”
16 Outra história:
“Eu tenho uma irmã que desde que nasceu parecia que tinha algum
problema, demorou pra andar, pra falar e não conseguiu avançar nos
estudos. Como não casou nem teve filhos, passou a vida tomando conta
de nossos pais. Quando eles morreram, ela foi levada por outra irmã
minha para morar em São Paulo. Um dia, ela teve um desmaio e foi
levada para o Hospital das Clínicas. Depois que se recuperou, na hora de
sair, o médico disse que a trouxesse para fazer uns exames mais
complicados. Isso durou um tempo até que saíram os resultados. Ele
disse que ela tinha uma doença (síndrome) muito rara e que, segundo a
pesquisa que fizeram, nenhuma das pessoas que tinha essa doença
andava ou falava. Hoje, ouvindo a senhora falar, fiquei pensando se não
foi porque nós, os oito irmãos, botávamos ela pra fazer tudo com a
gente? Acho que sem querer, ela foi incluída”
Mas tudo isso precisava ser referendado pela sociedade na esfera política
para que a inclusão fosse posta em prática.
Observação:
Sobre esse direito, quando se diz TODA, significa que aqui se incluem
crianças com deficiências ou qualquer outro tipo de distinção. Por
exemplo, as crianças de circo. Por viverem de forma itinerante, têm direito
a se matricularem nas escolas pelo tempo em que o circo permanecer na
cidade, ainda que seja por um período breve.
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• toda criança possui características, interesses, habilidades e
necessidades de aprendizagem que são únicas.
Exemplo
Rogério, 13 anos, chegou a nossa escola sem saber ler e escrever. Nas
aulas de Língua Portuguesa, percebi que por não conseguir acompanhar
a leitura e escrita de textos, passava o tempo todo desenhando. Resolvi
então alfabetizá-lo por meio de seus desenhos. As imagens que ele
representava eram de super-heróis. Começamos a escrever esses nomes,
identificando sílabas, letras, ordem da escrita etc. Em pouco tempo,
Rogério alfabetizou-se e hoje tem curso superior, trabalha em sua própria
empresa, enfim, a questão foi resolvida a partir da observação atenta de
suas habilidades.
Podemos dizer, por exemplo, que toda uma construção social começa na
escola, concordam? Na atualidade, crianças, adolescentes e jovens têm
sua educação, de forma ampla, realizada no ambiente escolar. É nele que
aprendem, além do conhecimento institucionalizado, valores, modos de
convivência em sociedade etc. Desse modo, uma escola que preze pelo
respeito, tolerância, entre outras formas de se viver em sociedade,
certamente, contribui para o desenvolvimento global.
Vejamos essas histórias!
Ao contrário disso,
Exemplo
Em uma escola pública de ensino médio na grande São Paulo, um
professor irritado com a presença de uma aluna autista que entrava e
saía da sala a todo instante, dirigiu-se à direção gritando em alto e bom
som: “Isso aqui virou um hospício?”. Em seguida, pegou seus pertences e
Educação e Práticas Inclusivas
Por outro lado, há casos em que a deficiência, por si só, não é fator
determinante para que haja um aparato especial, pelo contrário, quanto
mais obstáculos, mais autonomia será construída. Mas fiquem tranquilos
que esse assunto será ampliado na terceira unidade.
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Nesse caso, a avaliação de estudante por estudante implicará a
reformulação do projeto, bem como o planejamento das demandas a
serem cumpridas.
Pela reunião de pais e mestres que deve se compor também pelos alunos,
ou seja, nesses encontros, em que a escola faz a devolutiva do trabalho
realizado, os sujeitos-alvo têm que participar a fim de que todos os lados
sejam ouvidos.
Exemplo
Em uma reunião com os pais e alunos da educação infantil, um pai
reclamou que sua filha de 5 anos, andava dizendo palavrões e que os
havia aprendido na escola. Enquanto eu tentava explicar que isso era
possível por que algumas crianças aprendiam em casa e repetiam na
escola, fazendo com que os outros também aprendessem, a pequena
me interrompeu e disse: “Não pai, lembra aquele dia no pesqueiro que
você tava bebo e minha mãe queria ir embora e você não queria ir.
Então, você falou pra ela: Vai se f... (ela disse a palavra completa)”.
Caímos todos na risada e o pai não sabia o que dizer.
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• invistam maiores esforços em estratégias de identificação e
intervenção precoces, bem como nos aspectos vocacionais da
educação inclusiva.
Exemplo
Chegou a nossa escola um menino de 9 anos diagnosticado com
“problemas de aprendizagem” porque nessa idade ainda não havia
aprendido a ler e escrever. Depois de algumas tentativas pedagógicas
de alfabetizá-lo, sem sucesso, a professora resolveu pedir aos pais que o
submetessem a um exame oftalmológico. Batata!!!! A criança
apresentava uma deficiência visual bastante grave e por isso não
conseguia nem ler e nem escrever.
Vejam que a questão poderia não ter sido resolvida e ter se prolongado,
não fora pela observação precoce do problema. Contudo, é preciso que
tenhamos a consciência de que muitos casos não são passíveis de
solução, mas para que possamos aprender a lidar com eles da melhor
forma possível, certo?
Continuando...
DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
A oferta do Atendimento Educacional Especializado – AEE
deve constar no Projeto Pedagógico da escola de ensino regular,
prevendo na sua organização:
A sala de recursos multifuncional: espaço físico, mobiliários, materiais
didáticos, recursos pedagógicos e de acessibilidade e equipamentos
específicos;
B matrícula do aluno no AEE: condicionada à matrícula no ensino
regular da própria escola ou de outra escola;
C plano do AEE: identificação das necessidades educacionais
Educação e Práticas Inclusivas
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Síntese da Unidade
Nesse encontro, foi instituída uma série de propostas que deveriam ser
seguidas no sentido de promover a educação inclusiva nos países
pertencentes a ONU. O resultado, após 26 anos, pode-se considerar como
positivo, tendo em vista que a inclusão passou a fazer parte da pauta de
discussões, não somente no âmbito escolar, mas em outras esferas
sociais.
Acho que todos nós concordamos que ainda há muito que ser feito nessa
direção. É preciso que haja uma ampliação tanto das ideias como da
prática inclusiva. Todavia, penso que é na educação que se constroem as
bases da mudança social.
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Referências
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar (recurso eletrônico) – O que é? Como fazer?
São Paulo, Summus, 2015.
RAMOS, Rossana. Passos para a inclusão. São Paulo, Cortez Editora, 2005.
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Rua do Príncipe, 526 - Bloco C - Salas 302 a 305
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