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Material Teórico
Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Deficiências Sensoriais:
Auditiva e Visual
• Deficiência Auditiva;
• Desenvolvimento da Criança Surda;
• Características do Deficiente Auditivo;
• Aspectos Psicológicos do Diagnóstico
da Deficiência Auditiva;
• Deficiência Visual – Cegueira;
• Cegueira, Deficiência Visual
e o Desenvolvimento.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar as deficiências sensoriais – auditiva e visual;
• Conhecer as definições, etiologias e principais características do desenvolvimento
das pessoas com deficiência auditiva ou visual.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Contextualização
As deficiências sensoriais – auditiva e visual – comprometem o desenvolvimento do
indivíduo. A primeira afeta a emissão – fala – e recepção – audição –, implicando na
falha do processo de comunicação e aquisição das habilidades da função intelectual.
A segunda compromete a apreensão do mundo externo; por outro lado, obriga o
indivíduo a lançar mão dos outros recursos sensoriais para essa aquisição.
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Deficiência Auditiva
Em seu Artigo 2º, o Estatuto da Pessoa com Deficiência diz:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de lon-
go prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena
e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas
(BRASIL, 2015).
Figura 1
Fonte: iStock/Getty images
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Figura 2
Fonte: usp.br
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• Apgar baixo – 0-4 no primeiro minuto, ou 0-6 no quinto minuto;
• Estresse respiratório que necessite de oxigênio ou ventilação mecânica pro-
longada;
• Infecções neonatais.
Razões pós-natais:
• Meningite bacteriana;
• Trauma craniano;
• Uso de drogas e/ou medicamentos ototóxicos – tóxicos ao ouvido;
• Doenças neurodegenerativas;
• Doenças infecciosas da infância – caxumba, sarampo;
• Otites crônicas residivantes;
• Exposição prolongada a sons de alta intensidade;
• Tumores cranianos.
Figura 3
Fonte: ifrs.edu.br
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Diagnóstico Precoce
Quanto mais cedo for dado o diagnóstico, mais e melhores condições a pessoa
com a perda auditiva terá para a sua reabilitação; portanto, é de primordial importân-
cia que seja, no caso de criança, inserida em um programa de estimulação precoce.
Figura 4
Fonte: iStock/GettyImages
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Dessa forma, as respostas emocionais de choque, negação, lamentação, raiva,
ressentimentos, culpa e frustração podem estar presentes, principalmente, nos pais e
familiares do bebê que nasceu com a surdez ou no adulto com a perda diagnosticada.
Figura 5
Fonte: acrm.org.my
Na realidade, esses estágios podem não ser encontrados em uma sequência clara-
mente ordenada, enquanto que a duração de cada estágio particular pode variar de in-
divíduo para indivíduo e de estágio para estágio. Isto faz com tenham desenvolvimentos
diversos no tratamento, independentemente de seu prognóstico auditivo.
A pessoa que apresenta perda leve pode ser acusada de “ouvir quando quer” ou
“não prestar atenção”. Começando, assim, a perder a habilidade da audição seletiva,
o que tende a deixá-la mais nervosa e estressada, tendo, portanto, início a criação das
barreiras defensivas.
Nas perdas moderadas, há incorporação de frustração e depressão, de desenvolvi-
mento de confusão interna e insegurança à medida que o indivíduo luta para encobrir
sua perda auditiva por medo do desconhecido. Frequentemente, nesse estágio a comu-
nicação está significativamente afetada, levando a distúrbios emocionais – muitas vezes
a resistência ao assessoramento auditivo começa a surgir nessa etapa.
Comumente, naqueles casos em que não há assistência e tratamento, o indivíduo
tende a se isolar; acometido de depressão severa e ressentimento, torna-se, portanto,
difícil à pessoa com esse tipo de perda auditiva sair dessa condição sem o encorajamento
daqueles que fazem parte de seu convívio.
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Já na idade escolar, ou seja, dos sete aos dez anos, a criança faz uso de suas habili-
dades comunicativas para obter o entrosamento social e a aquisição de conhecimentos
que se manifestam pelo desempenho escolar.
Figura 6
Fonte: iStock/Gettyimages
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O processo de aquisição e desenvolvimento da comunicação requer de qualquer
indivíduo, seja ouvinte ou não, alicerce na experiência e no sentir, aspectos estes ad-
quiridos pela criança no contato com o mundo em que vive.
Figura 7
Fonte: fiocruz.br
Tal processo está associado ao uso da audição, no qual, por meio da imitação, a
criança vai conquistando a própria linguagem e tomando consciência da linguagem
utilizada pelos outros.
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Figura 8
Fonte: iStock/GettyImages
A aceitação da perda auditiva não ocorre apenas por parte do deficiente, mas tam-
bém por aqueles com quem interage. As atitudes negativas dos ouvintes afetam o
deficiente auditivo, seja nas suas oportunidades, seja no autoconceito e na autoestima,
surgindo, assim, a ansiedade – experienciando o desencorajamento.
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Se a discrepância entre os desejos maternos e a criança real for muito grande,
poderá surgir o sentimento de culpa na mãe, comumente dotado pela crença relacio-
nada à falha em produzir o bebê tão sonhado.
Se tal criança é alerta, terá o balbucio e responderá ao som pelas vibrações, tor-
nando-se difícil a suspeita, assim como a sensação de que algo vai mal – percepção
encoberta porque a deficiência nunca é total.
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Pode existir também uma conspiração entre os pais e o profissional da saúde para
negar a surdez infantil. Em muitas situações, o profissional faz considerações inexatas
sobre o potencial real da fala, ou manifestações muito otimistas acerca do valor dos
aparelhos e da eficiência da leitura labial. Esse elemento ilude os pais, no sentido de
não lhes mostrar o esforço que será necessário empreender tanto por esses, como à
criança no processo de reabilitação.
Figura 9
Fonte: iStock/GettyImages
Cegos são aqueles que estabelecem apreensão do mundo externo, além de contato
com o ambiente e as pessoas, utilizando-se de outros recursos que não a visão.
A acuidade visual é de 0 a 20\200 ou menos, no olho melhor, após o uso da correção
máxima adequada.
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Já o indivíduo que tem baixa visão, apresenta:
Alteração da capacidade funcional da visão, em decorrência de inúmeros
fatores isolados, ou seja, baixa acuidade visual significativa, redução im-
portante no campo visual, alterações corticais e/ou sensibilidade aos con-
trastes que interferem ou que limitam o desempenho visual do indivíduo
(BRASIL, 2006).
Quando se ensina o indivíduo a usar o resíduo visual que tem, algumas pessoas
estruturam melhor os seus recursos. É importante o treino da visão residual, ou seja,
empregá-la da melhor forma, embora isso não signifique a melhora da visão.
Figura 10
Fonte: iStock/GettyImages
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Para as pessoas com deficiência visual, o tato possibilita o contato com o mun-
do externo, transformando a proximidade em distância, proporcionando um es-
paço facilitador das transformações mentais, que podem nos remeter à ideia de
maior racionalização.
Tanto a catarata como o glaucoma podem ser recorrigíveis por tempo limitado.
Outra causa da cegueira na infância são os acidentes domésticos com objetos per-
furantes. Há também as infecções – uveítes –, entre as quais a toxoplasmose; além
das doenças neurológicas.
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Cegueira, Deficiência Visual
e o Desenvolvimento
Na cegueira congênita, a criança precisará organizar-se e relacionar-se com o mun-
do por meio dos outros sentidos que dispõe, isto porque já nasceu cega ou perdeu a
visão antes dos cinco anos de idade. Nesse período a memória visual é muito fluída,
não detendo as imagens visuais e mentais, em termos de organização cognitiva.
Assim, surgem as primeiras dificuldades da cegueira: a formação de conceitos
de objeto, nas crianças videntes – normais –, com o processo de identificação, dis-
criminação e elaboração do conceito de objeto, ocorrendo de forma espontânea,
afinal, a criança tem o recurso da visão. Já no caso da criança cega, terá mais
dificuldades para esse tipo de aquisição, dependendo de um intervalo bem maior
de tempo para adquirir o sentido de constância do objeto e o nível concreto de
percepção do qual.
Figura 11
Fonte: sac.org.br
Aos poucos vai aumentando a sua experiência com os objetos, de modo que a crian-
ça passará a relacioná-los em nível funcional. Ademais, para atingir o nível abstrato,
necessitará de muita estimulação e orientação se comparada às crianças não cegas.
Outra dificuldade encontrada pela criança com cegueira congênita diz respeito à
mobilidade e locomoção, pois a restrição da mobilidade parece ser uma consequên-
cia inerente à ausência do estímulo visual.
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Figura 12
Fonte: sac.org.br
Nesse sentido, a falta de visão prejudica tal mobilidade infantil, pois a criança não
possui uma opinião da postura do outro, acarretando insegurança na própria mobili-
dade e, consequentemente, locomoção, comprometendo o seu controle e a relação
com o meio. Com isso, a criança cega depende intensamente da locomoção para
fazer a distinção entre o self e o mundo externo para – a partir daí – construir o seu
mundo objetal.
Conceito de espaço para a criança cega é diferente da que enxerga, isto porque a
primeira tem no tato o seu único sentido espacial original – ou seja, utiliza-se do tato
sintético para reconhecer os objetos pequenos, com uma ou ambas as mãos.
O tato analítico é empregado aos objetos maiores, que se estendem além do limite
de uma ou de ambas as mãos. Logo, quando o objeto é muito grande, todo o corpo
pode participar do processo, constituindo-se de impressões sucessivas obtidas pela
observação de partes do objeto, proporcionando uma ideia tátil unificada do qual.
Isso faz com que o cego possa reproduzir todos os tipos de objetos pequenos e gran-
des em trabalhos de modelagem, a fim de reconhecê-los e unificar percepções sepa-
radas, chegando a um conceito total do que é tocado.
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Figura 13
Fonte: fundacaodorina.org.br
Para crianças com cegueira congênita, necessita ser incentivada a descobrir soluções
adaptativas complexas, afinal, falhas nesse período crítico podem levar à interrupção
do desenvolvimento, provocando graves perturbações. Podem ainda apresentar com-
portamentos semelhantes aos encontrados em crianças com autismo, ou seja, posturas
estereotipadas de movimentos das mãos, balanço ou rotação corporal.
Mas o que é oferecido para que a criança possa superar tais dificuldades e limitações en-
Explor
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Figura 14
Fonte: iStock/GettyImages
Por sua vez, o bebê reage com passividade, sendo um dos períodos mais vulnerá-
veis de seu desenvolvimento. No entanto, essa passividade poderá ser irreversível ao
seu pleno desenvolvimento.
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não eu, apenas experimentam prazer quando as suas necessidades são satisfeitas, ou
quando sentem o desprazer – caso esta última situação ocorra, a frustração age como
um incentivo ao desenvolvimento do bebê cego.
A criança cega tem falha na aquisição da autonomia das mãos e uma percepção
centrada na boca, atividade fundamental nessa idade, quando os seus olhos se fi-
xam sobre um objeto ou outro – antes, agarrava com as mãos, enquanto que agora
os cata com os olhos, aspecto este que é negado à criança cega. A esta também
é denegada a opinião visual da mãe e, com isso, o bebê é levado a se concentrar
em suas próprias experiências corporais e a experimentar constante autossedução.
Assim, quanto mais cedo ocorre a cegueira, maior será a sua influência sobre o
desenvolvimento da personalidade e maior o peso concedido à ausência da visão.
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UNIDADE Deficiências Sensoriais: Auditiva e Visual
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Vida em Movimento - Deficiência Visual
https://goo.gl/gWoC6
Vídeos
Ritmo do Silêncio
https://youtu.be/0gXtoQaIz1o
Leitura
O Faz de Conta em Crianças com Deficiência Visual
Considerando que o desenvolvimento da criança cega e suas aquisições são muito instigan-
tes, porque mantemos o estereótipo de que são “coitadinhas” e incapazes de se desenvol-
verem plenamente, o artigo citado identifica habilidades e leva-nos a desmistificar tais ideias
pré-concebidas e preconceituosas.
https://goo.gl/4ymsK4
Estatuto da Pessoa com Deficiência
https://goo.gl/wE3sBR
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Referências
AMIRALIAN, M. L. T. M. A reorganização perceptiva dos deficientes visuais e sua
implicação para a aprendizagem. Cadernos de Didática, n. 6, 1985.
NICOLUCCI, D.; LIMA PARDO, M. B.; DIAS, T. A inclusão sob um olhar espe-
cial: a vez e a palavra do educando surdo. Revista Temas Sobre Desenvolvimen-
to, v. 13, n. 76, p. 19-24, 2004.
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