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Distúrbios do

Desenvolvimento
Material Teórico
Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Alessandra Fabiana Cavalcanti

Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Deficiência Intelectual e Transtornos
Globais do Desenvolvimento

• Introdução;
• O Que é Deficiência Intelectual?
• Fatores Etiológicos da Deficiência Intelectual;
• Aspectos da Sexualidade;
• Inserção no Mercado de Trabalho;
• Envelhecimento das Pessoas com Deficiência;
• Transtornos Globais do Desenvolvimento.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar a deficiência intelectual e os transtornos globais do desenvolvimento;
• Refletir a respeito das limitações intelectuais e da interação social, no caso dos autistas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Contextualização
A deficiência intelectual, anteriormente chamada de deficiência mental, ocorre
durante o período do desenvolvimento, ou seja, até os dezoito anos de idade, de
modo que compromete o aprimoramento intelectual do indivíduo. As pessoas mais
comprometidas necessitam de atendimento em nível de intervenção precoce para
a aquisição ou melhora das habilidades motoras e sociais.

Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) manifestam-se nos primei-


ros cinco anos de vida. Esse nome é dado aos distúrbios nas interações sociais
recíprocas e se caracterizam pelos padrões de comunicação estereotipados e repe-
titivos, assim como pelo estreitamento nos interesses e nas atividades. Englobam
ainda distintos transtornos do espectro autista, as síndromes de Asperger e de Rett.

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Introdução
Geralmente, por conta do desconhecimento, os indivíduos têm receio de se
aproximar de uma pessoa com deficiência intelectual. Dizem não saber como abor-
dar, conversar e interagir. Quanto a isso, não há técnicas ou segredos específicos,
pois essas pessoas possuem apenas a limitação intelectual, de modo que em outros
aspectos, o seu desenvolvimento se assemelha ao das pessoas sem deficiência.

Ao longo da história das civilizações e épocas, as pessoas com deficiência foram


vistas sob enfoques significativamente diversificados: foram divinizadas no Egito
Antigo; já na Grécia Clássica, onde se praticava a eutanásia, eram sacrificadas.
Na Idade Média, ora eram consideradas bruxas, rejeitadas; ora superprotegidas e
até mesmo símbolos de piedade e assistencialismo.

No Brasil, a nossa primeira Constituição (1824) previa instrução primária para


todos, mas isso nunca aconteceu de fato. Por volta de 1874, alguns tipos de defici-
ência passaram a ser atendidos no Hospital Juliano Moreira, na Cidade de Salvador
(BA). Houve também a criação do Instituto dos Meninos Cegos e do Instituto de
Surdos-Mudos, na Cidade do Rio de Janeiro.

Após a Segunda Guerra Mundial, alguns Estados começaram a investir na edu-


cação do indivíduo com deficiência, mesmo que ainda de forma isolada.

Com a inauguração do Instituto Pestalozzi, em 1935, em Minas Gerais, o predo-


mínio passou a ser dado aos deficientes mentais – atualmente, deficientes intelectuais
–, posteriormente foi criada a Sociedade Pestalozzi, na Cidade do Rio de Janeiro.

No decorrer dos anos foram realizadas campanhas visando à educação das pes-
soas com deficiência, a partir de medidas isoladas e regionalizadas. As buscas edu-
cacionais voltadas ao deficiente, apesar dos entraves encontrados, realizaram-se
por meio da criação das classes especiais.

Nesse contexto, em 1975 surgiu a Declaração dos Direitos das Pessoas Portadoras
de Deficiência e em 1981 comemorou-se o Ano Internacional da Pessoa Deficiente.

Ao longo da década de 1980 desabrocharam correntes que valorizavam – e con-


tinuam a valorizar – cada ser humano, pertencente ou não às minorias, de modo
que os deficientes foram à luta para conseguir duas importantes conquistas: inicial-
mente a integração e posteriormente a luta pela inclusão e os seus direitos legais.

A deficiência, portanto, não é um fenômeno dos nossos dias, sempre existiu e


sempre existirá. Apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, as pessoas
com deficiência ainda são tratadas com discriminação e preconceito, mitos são
perpetuados, as contradições conceituais e atitudinais prevalecem, assim como as
resistências e a não aceitação ao diferente/deficiente.

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

O Que é Deficiência Intelectual?


Anteriormente, utilizávamos a expressão deficiência mental, mas hoje o termo
correto é deficiência intelectual, que é
[...] o funcionamento intelectual significativamente inferior à média, associado
a limitações significativas do funcionamento adaptativo em pelo menos duas
das seguintes áreas de habilidades: comunicação, autocuidados, vida domés-
tica, habilidades sociais, relacionamento social, uso de recursos da comunida-
de, autossuficiência, saúde e segurança, habilidades acadêmicas, lazer e traba-
lho. (AMERICAN ASSOCIATION ON MENTAL RETARDATION, [20--?])

O termo intelectual é utilizado por se referir ao funcionamento do intelecto


especificamente – e não ao funcionamento da mente como um todo.

Na definição proposta pela American Association on Mental Retardation


(AAMR), o funcionamento intelectual – inteligência – é entendido como uma habi-
lidade mental genérica, que inclui raciocínio, planejamento, solução de problemas,
pensamento abstrato, compreensão de ideias complexas, aprendizagem rápida e
por meio da experiência.

É muito comum tratarmos as pessoas com deficiência intelectual de forma


infantilizada, no entanto, precisam ser abordadas de acordo com a sua faixa etá-
ria, a fim de que seja possível aceitar e respeitar as regras e os limites impostos
pela família e sociedade. Igualmente, não devemos confundi-la com a doença –
transtorno – mental.

Figura 1 Figura 2
Fonte: iStock / Getty Images Fonte: iStock / Getty Images

Transtornos mentais e comportamentais: De acordo com a Organização Mundial de Saúde


Explor

(OMS), entende-se como transtornos mentais e comportamentais as condições caracteri-


zadas por alterações mórbidas do modo de pensar e/ou do humor – emoções –, mudanças
mórbidas do comportamento associadas à angústia expressiva e/ou deterioração do funciona-
mento psíquico global. Ademais, esses transtornos não constituem apenas variações dentro da
escala do “normal”, sendo, antes, fenômenos claramente anormais ou patológicos.

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Intervenção Precoce
Não é possível descrever o diferente/deficiente como um grupo homogêneo.
Da mesma forma como é verdadeiro para as pessoas em geral, os traços humanos
tendem as ser distribuídos mais ou menos normalmente – e as diferenças indivi-
duais são marcantes. Dessa forma, torna-se necessário medir tais diferenças de
tempos em tempos.

A avaliação inclui um passo adicional, visto que o julgamento de valor das infor-
mações coletadas, tal como favorável ou desfavorável, ou adequado/inadequado,
é realizado sempre em relação a um critério prático e funcional. O tratamento é
um termo genérico que engloba todas as variedades de intervenção reabilitativa:
médica, psicológica, social, educacional e profissional.

A Educação Especial, propósito da educação de qualquer cidadão, considera-


do deficiente ou não, decorre dos pressupostos da sociedade brasileira que estão
expressos em nossa Constituição. A Educação Básica, que se estende para todos,
está voltada à formação integral do educando em três aspectos:
• Individual – de autorrealização;
• Individual social – de qualificação ao trabalho;
• Predominantemente social – de preparo ao exercício da cidadania.

Figura 3
Fonte: iStock / Getty Images

A ação da Escola Básica deve se desenvolver de modo a assegurar uma base co-
mum de conhecimentos indispensáveis para todos, atendendo ao mesmo tempo às
peculiaridades locais, aos planos dos estabelecimentos e às diferenças individuais dos

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

alunos, bem como propiciar condições ao desenvolvimento das capacidades poten-


ciais dos educandos para o trabalho. Para isso, considere duas dimensões básicas:
• Educação geral: o atendimento ao educando deficiente tem o seu processo
educacional prejudicado por barreiras estruturais – utilização dos recursos não
educacionais, área da saúde/bem-estar social, além de conjunturais do sistema
escolar, inclusão inapropriada de objetivos, conteúdos e meios terapêuticos,
profissionais ao planejamento dos trabalhos;
• Formação especial: no momento, grande desafio aos educadores, tanto em
nível de sondagem de aptidões, quanto iniciação ao trabalho, qualificação ou
habilitação profissional. Considerando o sistema escolar atual, é praticamente
inexistente o entrosamento entre os diferentes níveis de escolarização.

Figura 4
Fonte: iStock / Getty Images

Assim, a Educação Especial é o processo que visa ao desenvolvimento global e inte-


gral dos indivíduos com atrasos no aprimoramento, abrangendo três planos de ações:

Intervenção precoce – educação preventiva (de zero a seis anos de idade) –, com
um conjunto de técnicas e procedimentos de natureza médica e psicossocial, que
objetiva a detecção, o diagnóstico e tratamento precoce de indivíduos suscetíveis
e/ou que possuam atrasos em seu desenvolvimento.

O nascimento de um bebê com uma deficiência, doença ou condição que pos-


teriormente possa conduzir a limitações, pode colocar estresse indevido nas finan-
ças e na vida familiar. A maioria dos pais recentes não teve tempo de lidar com o
estresse e as emoções dos primeiros dias de vida de seu filho, ou aceitar o fato da
existência da deficiência. É preciso que antes os próprios pais saibam enfrentar as
realidades presentes.

As preocupações e pressões podem fazer com que esses pais de bebês com de-
ficiência se sintam isolados ou singularmente responsáveis pelo cuidado de seus fi-
lhos. Assim, enquanto os pais se esforçam e lutam para conviver com os problemas

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que precisam encarar, necessitam de informações, apoio e encorajamento para
fazer a sua tarefa da melhor maneira possível. Dito de outra forma, necessitam sa-
ber que outros progenitores de crianças com deficiência têm encontrado problemas
semelhantes aos seus e sentimentos afins, o que ajuda na manifestação de apoio.

Por sua vez, profissionais e membros da família, assim como amigos, devem re-
conhecer que os pais nem sempre acham o envolvimento com o desenvolvimento
e progresso do bebê uma experiência satisfatória ou recompensadora.

Existem muitas formas pelas quais os pais podem obter ajuda e apoio emocional:
conseguem se juntar a grupos de progenitores – para terapia de apoio, troca de in-
formações, recursos disponíveis, grupos terapêuticos – individuais ou coletivos – etc.

Para que a criança com deficiência possa se desenvolver, torna-se necessário


que seja submetida ao processo de habilitação e reabilitação, cujo objetivo é o
desenvolvimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cogni-
tivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam
à conquista de sua autonomia e participação social em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas (BRASIL, 2015).

Programas de estimulação precoce – de zero a três anos de idade, treinamento


de habilidades essenciais. Trata-se de uma ação de caráter educacional que visa
prevenir ou remediar precocemente os desvios e as limitações do desenvolvimento
infantil. Seu caráter educacional tem uma ação globalizadora e integral sobre o in-
divíduo, já que as suas necessidades são consideradas precoces por atingir a criança
em etapas críticas de seu desenvolvimento psicomotor e ter caráter eminentemente
preventivo. Nos primeiros três anos de vida são evidenciadas as seguintes necessi-
dades básicas: nutrição, estimulação e afetividade.

Figura 5 Figura 6
Fonte: iStock / Getty Images Fonte: iStock / Getty Images

Os serviços de estimulação precoce constituem uma das modalidades de ação


preventiva. Visam proporcionar à criança de risco as experiências necessárias a
partir de seu nascimento, garantindo o desenvolvimento máximo de seu potencial.

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Tal processo é finalizado com a Educação Pré-Escolar – de três a cinco anos de


idade –, a partir de treinamento em habilidades sociais e/ou prontidão à alfabetização.

A precocidade da estimulação deve ser entendida no sentido preventivo do ter-


mo – e não como pensam alguns, na antecipação de etapas do desenvolvimento.
A estimulação precoce se constitui no primeiro atendimento em termos de habili-
tação, após a realização dos exames, visando ao diagnóstico biopsicossocial, o que
implica no estabelecimento de dois padrões distintos:
1. Normal do desenvolvimento, treinando-se os sistemas funcionais compro-
metidos para que se aproximem desse padrão normal;
2. Patológico de desenvolvimento e adaptação da terapia de habilitação às
condições de maturação, evolução e educação dentro desse mesmo pa-
drão patológico.

A educação intermediária, Ensino Fundamental, objetiva o treinamento em ha-


bilidades sociais e acadêmicas – ou não –; e a Educação Profissionalizante – ter-
minal –, treinamento em habilidades ao trabalho competitivo ou protegido, além
da inserção no mercado de trabalho. Esses programas devem coincidir com a fase
final da escolaridade ou acontecer paralelamente à qual, devendo se estender por
mais ou menos até os dezesseis anos – pré-oficina – e a partir dessa idade – oficina
ocupacional/protegida.

Figura 7 Figura 8
Fonte: iStock / Getty Images Fonte: iStock / Getty Images

Fatores Etiológicos da Deficiência Intelectual


• Causas pré-natais: compreendem todas as condições que levam à lesão pre-
coce ou tardia do sistema nervoso central do embrião ou feto:
»» Genéticas e congênitas: síndromes de Down, Prader-Willi, X-Frágil; malfor-
mações cérebro-craniano – microcefalia, macrocefalia, hidrocefalia. Os erros
inatos do metabolismo podem ser detectados por meio do teste do pezinho,
que deve ser feito, preferencialmente, entre o terceiro e o sétimo dia de vida
do bebê. Em caso de resposta positiva, o tratamento precisa ser iniciado

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imediatamente, sob rigoroso controle médico, a fim de evitar as suas conse-
quências, entre as quais a deficiência intelectual. Assim, o bebê poderá ficar
curado e ter uma vida normal;
» Ambientais: infecções adquiridas pela mãe durante a gestação – rubéola, to-
xoplasmose, citomegalovírus –; exposição a raios x e irradiação; uso de drogas
– lícitas e ilícitas – pela mãe; traumatismos de forma direta ou indireta com
comprometimento circulatório; incompatibilidade sanguínea – mãe RH negati-
vo e bebê RH positivo –; má nutrição materna, o que acarreta prematuridade.
• Causas perinatais: intercorrências no momento do parto – traumatismos obs-
tétricos, a duração do parto, apresentação do feto, circular de cordão, fórceps
(hemorragia ou compressão cerebral) –; pouca ou falta de oxigenação no cére-
bro – hipóxia ou anóxia –; prematuridade ou pós-maturidade;
• Causas pós-natais: infecções no SNC – meningites, encefalites –; agentes
tóxicos – drogas – ingeridos pela própria criança; traumas cranianos; má nutri-
ção; carência afetiva e/ou ambiental; privação social e/ou cultural.

Diagnóstico
É importante que tenhamos o histórico de vida do indivíduo, que deve conter as
seguintes informações: dados de identificação da criança, adolescentes ou adultos,
dos pais, queixas iniciais, antecedentes pessoais, ou seja, os fatores emocionais e
intercorrências clínicas que envolveram o período desde a concepção até o parto,
o desenvolvimento neuromotor, a escolaridade, o relacionamento interpessoal – fa-
miliar, social e escolar –, comportamentos – medos, birras, tiques, manias –, sono,
doenças, medicações, exames realizados, rotina de vida – horários, atividades de-
senvolvidas e lazer.

Quanto à utilização de testes psicológicos, devem ser utilizados de forma crite-


riosa, procurando introduzir condições que permitam ao psicólogo captar manifes-
tações internas dessa pessoa.

Segundo Trinca (1997), os testes não


devem ser utilizados como fins em si,
sob o risco de delegarmos aos quais a
competência do diagnóstico. É, portan-
to, na avaliação diagnóstica que se pres-
supõe a possibilidade de programar a
atuação sobre as desvantagens apresen-
tadas pelo indivíduo, buscando superar
ou minimizar as dificuldades manifesta-
das. Assim, a atuação não se esgota no
indivíduo, mas na conscientização da fa-
mília, escola e comunidade na qual está
inserido, assim como na adequação das
Figura 9
expectativas e condições ambientais. Fonte: iStock / Getty Images

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Quanto ao ajustamento social, são abordadas as capacidades e dificuldades da


criança/adolescente ou adulto para assumir responsabilidades pessoais e sociais
esperadas à sua faixa etária, incluindo os hábitos de cuidados pessoais, responsabi-
lidade por tarefas no lar e na escola, independência na locomoção, nas habilidades
de comunicação, no respeito às pessoas, animais e plantas, no relacionamento
com os outros e, quando adulto, na capacidade de se manter, independentemente
na comunidade, por meio de trabalho remunerado.
Indicadores da deficiência intelectual são os atrasos significativos no desenvol-
vimento: motor e da linguagem; dificuldade para receber, captar e reagir adequa-
damente aos estímulos auditivos, visuais e táteis. Lentidão no desenvolvimento do
processo de brincar com os objetos e com pessoas, na aprendizagem de habilidade
necessária aos cuidados pessoais como comer sozinho, desenvolver hábitos de hi-
giene pessoal; dificuldade para aprender a imitar comportamentos etc.
O processo compreensivo, abrangente das dinâmicas intrapsíquicas, intrafami-
liares e socioculturais, tais como forças e conjuntos de forças em interação, resul-
tam em desajustamentos individuais, tendo presentes o dinamismo de desenvolvi-
mento e a maturação do indivíduo, tanto do ponto de vista do ajustamento, quanto
da normalidade. A avaliação de conformidade com o que requeira a situação pode
enfatizar determinados aspectos, tais como intelectual, psicomotor e emocional.

Prevenção da Deficiência Intelectual


Pode ser realizada nos níveis primários, com as medidas pré-natais, tais como
o planejamento familiar, aconselhamento genético e diagnóstico precoce; atendi-
mentos ao parto e recém-nascido; serviços de puericultura e estimulação precoce.

A atenção no nível secundário implica diagnóstico, tratamento biopsicossocial,


serviços de apoio às famílias e de estimulação precoce. No nível terciário estão pre-
sentes: diagnóstico, serviços pré-escolares, atendimento biopsicossocial, Educação
Básica e Especial, programas de profissionalização.

A atuação do profissional psicólogo, na Educação Básica e Especial, busca tra-


balhar com os efeitos produzidos pela limitação intelectual, pela incapacidade no
desenvolvimento afetivo, perceptivo, motor, cognitivo e as consequências destes
para a aprendizagem da criança com deficiência, envolvimento direto tanto com a
criança como com a família e escola. Nos programas de reabilitação, o profissional
atuará na coordenação de grupos de discussão com a equipe de reabilitação –
constituída por fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, médico, pe-
dagogo e assistente social –; treinamento de pessoal auxiliar, avaliação diagnóstica
e aconselhamento, com o objetivo de beneficiar o ajustamento pessoal e familiar.

Na área clínica, a própria deficiência intelectual traz limitações específicas ao


indivíduo, mas alguns apresentam uma desorganização do ego de tal nível que isso
impede a realização satisfatória tanto no processo de Educação – Básica e Especial
–, como no fluxo de reabilitação, além de indivíduos cuja deficiência é a própria
condição sócio-afetivo-emocional.

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Aspectos da Sexualidade
A conduta sexual da pessoa com deficiência intelectual e o desenvolvimento
sexual não são muito conhecidos, principalmente pelo fato de serem tratados
como um déficit relativo aos mecanismos de repressão e de autocrítica. Como
fruto da limitação intelectual, as suas relações interpessoais se processam de
forma alterada, de modo que qualquer manifestação de sua sexualidade é vista
e tratada no âmbito dos distúrbios de conduta. Isto ocorre porque a relação pai-
-filho permanece no plano imaginário, no qual o deficiente intelectual é visualiza-
do como uma eterna criança, sem padrões de crítica e valores que lhe permitam
desfrutar do mundo adulto.

Assim, as suas primeiras manifestações de sexualidade são vistas, inicialmente,


com surpresa e, a seguir, com o medo decorrente das ideias que colocam como
imprevisível e incontrolável. Como não temos estudos referentes ao desenvolvi-
mento da sexualidade no deficiente intelectual, precisamos nos ater aos conceitos
do indivíduo com uma inteligência dentro dos padrões de normalidade.

O desenvolvimento não se refere somente à maturação física e às suas fun-


ções, mas inclui a compreensão da própria e as reações emotivo-intelectuais às
mudanças corporais, bem como à sua apreciação ao papel sexual e social cultu-
ralmente adequado.

A sua conduta será mais ou menos rica, elaborada e adequada, dependendo do


grau de deficiência intelectual que o indivíduo possui, uma vez que esse déficit lhe
proporciona maior dificuldade na organização de seu eu e em consequência de sua
relação com o mundo; daí deriva a maior ignorância a respeito de suas funções
sexuais e, principalmente, de seu controle sobre as quais.

Nos casos em que as pessoas com deficiência tenham um nível elevado de de-
pendência, e que essa deficiência seja considerada profunda, tais indivíduos não
conseguem configurar em sua totalidade uma consciência de si, vivenciando uma
situação de total dependência dos pais e/ou de cuidadores para atendê-los em
suas necessidades; o que impossibilita ainda mais a diferenciação de si e do outro,
mantendo-os em um estado definitivo de simbiose.

Sua relação com o meio ambiente é pobre, enquanto que sua capacidade de
adaptação é mínima ou praticamente nula; costumam manifestar sérios problemas
quando há mudanças significativas no mundo que os rodeia. Ademais, existe a ne-
cessidade marcante de segurança em um meio ambiente estável e rotineiro, a fim
de preservar a sua escassa estabilidade emocional.

Na puberdade, podem ter impulsos sexuais e maior inquietude devido às mu-


danças hormonais e morfológicas, características dessa idade cronológica; porém,
conseguem satisfação sexual apenas por meio da estimulação de seu próprio corpo.

Como existe a possibilidade de desenvolverem todos os caracteres sexuais


secundários, inclusive de menstruação ou produção de sêmen, é importante

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

levar em conta a implementação de medidas de higiene pessoal – mesmo por-


que o seu desenvolvimento motor o impede de ter autonomia para assumir os
próprios cuidados.

Figura 10
Fonte: iStock / Getty Images

A pessoa intelectualmente mais comprometida não tem condições de chegar a


um relacionamento sexual por decisão própria e, portanto, iniciar uma vida produ-
tiva. A comunicação se dá por meio do corpo, de carícias, beijos, abraços e outras
expressões afetivas identificadas em seu registro emocional como prazer.

Nos casos de deficiência intelectual severa, mesmo sendo extremamente dependen-


te, é possível capacitá-los a adquirir alguns costumes que lhe garantam certa autono-
mia. Ter maior consciência de si e ser capaz de fazer a diferenciação do outro, ainda
que de forma incompleta, possibilita vivenciar uma relação menos simbiótica.

Em geral, são estabelecidos vínculos afetivos e incorporados nas suas inter-


-relações com outros indivíduos, além da mãe ou do cuidador. As pessoas em
condições especiais interagem com o meio ambiente e aceitam a colocação de
alguns limites. Entretanto, a sua capacidade de adaptação é rudimentar, por isso,
necessitam da segurança de um meio ambiente estável.

O desenvolvimento biológico na puberdade traz as modificações físicas e hor-


monais; o organismo mostra-se melhor preparado, diminuindo, dessa forma, as
complicações urinárias, respiratórias, cardíacas e/ou digestivas.

A masturbação é uma atividade sexual bastante comum nessas pessoas, que


buscam a satisfação por meio do próprio corpo, de objetos ou dos corpos daqueles
com quem estão ligadas afetivamente. A partir dessas explorações, torna-se possí-
vel conhecer o próprio corpo, assim como fazer a diferenciação dos sexos.

As pessoas especiais não conseguem estabelecer relacionamento sexual e uma


vida reprodutiva, havendo mínimas possibilidades de autoproteção, tornando-a li-
mitada à introdução de programas de orientação sexual.

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Na deficiência intelectual moderada, a estimulação corporal recebida das figuras
afetivas e autoestimulação favorecem a configuração corporal e o contato com o
prazer. Daí busca-se a gratificação, repetindo situações similares, assim como a
diferenciação entre si e o outro, tanto no meio familiar como social.

Figura 11
Fonte: iStock / Getty Images

O desenvolvimento psicossexual atravessa as etapas oral, anal e genital, permi-


tindo a descoberta da zona erógena específica do corpo como fonte de prazer. São
capazes de realizar explorações corporais e de estabelecer diferenciação anatômica
entre os sexos. Por meio de jogos sexuais, podem elaborar e compreender os com-
portamentos associados aos papéis femininos e masculinos, fazer identificações
com pessoas ligadas afetivamente às quais.

Ademais, a evolução psicossexual possibilita a escolha afetiva de parceiros, com


quem compartilham contatos de exploração corporal, e a descoberta do outro
como fonte de prazer, embora não tenha consciência do real significado da relação
sexual e reprodução.

Na deficiência intelectual de nível leve, a característica principal é a incapacidade


para resolver determinados tipos de situação-problema. Há formação da consciência
de si. Embora sejam pobres de recursos, essas pessoas sustentam as suas relações
interpessoais com as manifestações de afeto que são capazes de expressar.

Possuem consciência e compreensão das possibilidades sexuais e capacidade de


atingir o prazer, manifestando-se com a intencionalidade própria do adolescente.
Na puberdade, diante da incorporação de novos interesses sexuais, os jovens lançam
mão da masturbação, com objetivos concretos, tais como o reconhecimento corporal,
a fantasia de uma relação sexual, busca do prazer e, comumente, conseguem atingir
a identidade sexual, obtendo uma definição na sua orientação – hétero/homossexual.

Elegem os seus parceiros com interesses afetivos e sexuais, de modo que podem
não apenas manter relações sexuais com os quais, como também iniciar, por von-
tade própria, a sua vida reprodutiva.

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Inserção no Mercado de Trabalho


Com relação à inserção no mercado de trabalho, a atual legislação nos ofe-
rece essa possibilidade, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), a proporção de pessoas ocupadas é de 51,8% aos homens
com deficiência. Para as pessoas com deficiências auditivas físicas e visuais a
oferta de vagas e do acesso ao trabalho é muito maior que para as com defici-
ência intelectual. A pouca oferta de vagas para essas pessoas se deve, em parte,
ao preconceito e à discriminação.

Por outro lado, a essas pessoas também não são oferecidas as possibilidades de
participação dos programas de capacitação; assim, quando conseguem a tão sonha-
da vaga, não permanecem por muito tempo no emprego, uma vez que não estão,
ou melhor, não foram capacitadas para isso.

Figura 12
Fonte: iStock / Getty Images

Outro fator que impede o acesso ao mercado de trabalho diz respeito ao Bene-
fício de Prestação Continuada (BPC), da Assistência Social e que foi instituído pela
Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica da Assistência
Social (Loas), Lei n.º 8.742, da política de assistência social.

Trata-se de um benefício individual, não vitalício e intransferível à pessoa


com deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natu-
reza física, mental, intelectual ou sensorial. As pessoas que recebem esse benefí-
cio contam com um salário mínimo mensal; desta forma, as famílias optam pelo
benefício em detrimento do estresse e da frustração que comumente vivenciam
em suas atividades profissionais.
Explor

Conheça detalhes dos benefícios assistenciais em: https://goo.gl/B9xbWa

20
Envelhecimento das Pessoas com Deficiência
Até bem pouco tempo não havia a preocupação com o envelhecimento das pes-
soas com deficiência, especificamente a intelectual. Atualmente, com o avanço das
técnicas médicas e dos recursos terapêuticos que têm contribuído para a longevidade
da população geral, inclusive das pessoas com deficiência, aparecem novos programas
que visam ao atendimento e acolhimento aos idosos que possuem essa característica.

Figura 13
Fonte: iStock / Getty Images

Transtornos Globais do Desenvolvimento


Os Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) são distúrbios nas intera-
ções sociais recíprocas e costumam se manifestar nos primeiros cinco anos de vida.
Os indivíduos apresentam alterações qualitativas nas interações sociais recíprocas,
nos padrões de comunicação e um restrito repertório de interesses e atividades,
estereotipado e repetitivo (CID-10, 1993).

Com relação à interação social, crianças com TGD apresentam dificuldades


em iniciar e manter uma conversa. Algumas evitam o contato visual e demons-
tram aversão ao toque do outro, mantendo-se isoladas. Podem estabelecer con-
tato por meio de comportamentos não verbais e, ao brincar, preferem ater-se a
objetos no lugar de movimentarem-se junto das demais crianças. Ações repetiti-
vas são comuns.

Os TGD também causam variações na atenção, concentração e, eventualmente,


coordenação motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de agres-
sividade são atos corriqueiros em alguns casos. As crianças apresentam os seus

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

interesses de maneira diferenciada e podem fixar a sua atenção em apenas uma


atividade, tal como observar determinados objetos, por exemplo.

Figura 14
Fonte: iStock / Getty Images

Os TGD englobam os diferentes transtornos do espectro autista, as psicoses


infantis, as síndromes de Asperger, de Kanner e de Rett. A forma mais conhecida
é o autismo infantil.

As crianças com transtorno autista podem ter alto ou baixo nível de funciona-
mento, dependendo do Quociente de Inteligência (QI), da capacidade de comuni-
cação e do grau de severidade nos seguintes itens (NATIONAL SOCIETY FOR
AUTISTIC CHILDREN; AMERICAN PSYQUIATRIC ASSOCIATION, [20--?]):
• Resposta anormal a sons;
• Deficiência ou ausência de compreensão de
linguagem verbal;
• Problemas de pronúncia e entonação;
• Dificuldade em imitar movimentos finos;
• Compreensão deficiente da informação visual;
• Uso dos sentidos proximais;
• Dificuldade na compreensão e uso de gestos;
• Alterações neurológicas;
• Resistência à mudança no meio e/ou na rotina;
• Resposta anormal a situações cotidianas;
• Comportamento social embaraçoso;
• Autoagressão;
• Movimentos anormais;
Figura 15
• Ausência de brincadeiras imaginativas. Fonte: iStock / Getty Images

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Etiologia do Autismo
Apesar de ter sido descoberto em 1943 por Leo Kanner, até o momento não te-
mos uma causa específica ao autismo. Sabe-se que a prevalência é de dois a quatro
casos em cada dez mil pessoas, de três a quatro vezes mais frequentes em meninos
do que em meninas. É encontrado em todo o mundo, em famílias de diferentes
configurações étnicas e sociais.

Há, contudo, alguns fatores predisponentes, vejamos: rubéola, idade materna, fenil-
cetonúria, encefalite, esclerose tuberosa, entre outros. Ademais, vários estudos encon-
traram a correlação entre determinados parâmetros neurológicos e o autismo.

Quanto ao desenvolvimento, nem sempre as crianças evidenciaram as mesmas


formas de manifestação, nem o mesmo significado em diferentes etapas de uma
mesma vida, de modo que invariavelmente apresentam:
• Deficiências das competências de reconhecimento social: isolamento e
indiferença em relação a outras pessoas, ausência de contatos sociais espontâ-
neos, falta de interesse pelas ideias e sentimentos dos outros;

Figura 16
Fonte: iStock / Getty Images

• Deficiências das competências de comunicação social: ausência de mo-


tivação comunicativa, expressão somente de desejos, emprego de linguagem
elaborada, perguntas repetitivas e longos monólogos, sem levar em conside-
ração o interlocutor;
• Deficiências das competências de imaginação e compreensão social: ausência
de imitação e jogo imaginativo, representação estereotipada e repetitiva de certo
personagem, sem variação ou empatia;
• Formas repetitivas de atividades: predomínio de condutas estereotipadas
– balanço de mãos, corpo –; movimentos repetitivos complexos de caráter
ritualístico – arrumar objetos –, ou na representação em forma de desenho ou
construção de certos conteúdos e objetos; preocupações obsessivas – horários,
características de certos animais.

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Síndrome de Rett
Os primeiros casos foram publicados por Andreas Rett, em 1966. Clinicamente
é caracterizada pela perda progressiva das funções neurológicas e motoras após
um período de desenvolvimento aparentemente normal, que vai de seis a dezoito
meses de idade.

A síndrome de Rett é uma doença neurológica que afeta principalmente o sexo


feminino, com uma prevalência de, aproximadamente, uma em cada 10.000 a
15.000 meninas nascidas vivas, em todos os grupos étnicos e classes sociais.

Tais meninas apresentam desenvolvimento dos períodos pré, perinatal e após


o nascimento – até por volta dos seis meses de idade – aparentemente normais.
Progressivamente, porém, ocorre perda crescente das aquisições de seu desenvol-
vimento neuropsicomotor e da interação social.

Nos estágios que se seguem, há perda gradativa e temporária dos movimentos


voluntários e das habilidades adquiridas, tais como fala, capacidade de andar e uso
intencional das mãos, desaceleração do crescimento craniano etc.

A primeira fase é marcada pelo desinteresse por jogos e brincadeiras e surgi-


mento dos movimentos estereotipados das mãos, fazendo com que sejam diagnos-
ticadas, de forma equivocada, como autistas. Posteriormente, ocorre a regressão
do desenvolvimento, ou seja, inicia-se a perda da fala e do uso intencional das
mãos, substituído pelas estereotipias manuais; distúrbios respiratórios e do sono e
manifestações de comportamento autístico.

No terceiro estágio surgem crises convulsivas e escoliose. Por outro lado, ocorre
a melhora no que diz respeito à interação social e comunicação, principalmente do
contato visual, diminuindo as características autísticas.

O quarto estágio, por volta dos dez anos de idade, é caracterizado pela redução
da mobilidade, quando muitas meninas perdem completamente a capacidade de
andar – embora algumas nunca tenham adquirido tal habilidade –; ademais, figura
escoliose, rigidez muscular e distúrbios vasomotores periféricos.

O diagnóstico até o momento é eminentemente clínico, uma vez que não foram
identificados marcadores laboratoriais da condição. No entanto, algumas doenças
neurológicas compartilham sintomas com a síndrome de Rett e isto pode dificultar
o diagnóstico clínico, especialmente nos primeiros estágios da forma clássica – ou
no caso de formas atípicas.

O tratamento é eminentemente sintomático, e a qualidade de vida será tanto melhor


Explor

quanto mais cedo e mais adequado for o tratamento reabilitador veja mais sobre em:
https://goo.gl/CcUABf

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Síndrome de Asperger
A síndrome inicialmente foi descrita por Hans Asperger em 1944. Ao contrário
do que ocorre no autismo, as crianças com Asperger não são reconhecidas antes
dos três anos de idade.

O não desenvolvimento da fala ocorre dentro do período esperado para a faixa


etária e por isso não sofrem com um comprometimento cognitivo grave. Essas
crianças, geralmente, costumam escolher temas de interesse incomuns e circunscri-
tos, que podem ser únicos por longos intervalos de tempo, falando repetidamente
sobre o assunto.

Igualmente estão presentes habilidades incomuns, tais como memorização de


sequências matemáticas ou de mapas, inversão pronominal, linguagem pedante,
repetitiva e estereotipada, bom vocabulário e palavras difíceis à faixa etária. Apren-
dem a ler precocemente e sozinhas.

Na infância, essas crianças apresentam déficits no desenvolvimento motor e po-


dem ter dificuldades para segurar o lápis para escrever. Estruturam o pensamento
de forma significativamente concreta; por conta disso, o entendimento da lingua-
gem ocorre em sentido literal, dado que não conseguem interpretar metáforas e
ironias – o que interfere no processo de comunicação, consequentemente, com
sérios transtornos escolares, familiares e sociais.

Há inabilidade ao estabelecimento de relações sociais, falta de entendimento das


regras sociais. Além disso, não sabem como usar os movimentos corporais e os ges-
tos na comunicação não verbal, apegando-se a rituais, logo, tendo dificuldades para
realizar atividades que fogem à rotina.

Embora os sintomas comportamentais da síndrome de Asperger sejam bem es-


tabelecidos, muito pouco é sabido acerca das raízes neurobiológicas da desordem
(TEIXEIRA, 2012).

Quanto à intervenção psicológica, a psicoterapia – infantil, de adolescentes e


adultos – visa à modificação comportamental e ao treinamento de habilidades so-
ciais, uma vez que têm consciência de que são diferentes dos demais.

Os pais e professores das crianças e adolescentes devem receber orientação


psicológica sistemática. Em alguns casos, faz-se necessária a intervenção psicofar-
macológica – nas situações em que há presença de hiperatividade e/ou déficit de
atenção e impulsividade, irritabilidade e agressão, ansiedade e compulsividade.

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UNIDADE Deficiência Intelectual e Transtornos Globais do Desenvolvimento

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
O estranho caso do cachorro morto
HADDON, M. O estranho caso do cachorro morto. Rio de Janeiro: Record, 2005.
Um antropólogo em Marte
SACKS, O. Um antropólogo em Marte. São Paulo: Memnon, 2003.

Vídeos
Vida em movimento: deficiência intelectual
O vídeo nos faz repensar a respeito das ações e atitudes das pessoas sem deficiência
em relação àquelas com deficiência intelectual, neste caso especificamente a síndrome
de Down.
https://youtu.be/tesEaD0bLws

Leitura
Autismo: breve revisão de abordagens diferentes
BOSA, C.; CALLIAS, M. Autismo: breve revisão de abordagens diferentes. Psicol.
Reflex. Crit., v. 13, n. 1, p. 167-177, 2000.
https://goo.gl/en6R48

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Referências
ASSUMPÇÃO JR., F. B.; SPROVIERI, M. H. Deficiência mental, família e se-
xualidade. São Paulo: Memnon, 1993.

BALLONE, G. J. O que são transtornos mentais? PsiqWeb, 2012. Disponível em:


<http://www.psiqweb.med.br>. Acesso em: 20 set. 2018.

BRASIL. Casa Civil. Lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência –


Estatuto da Pessoa com Deficiência. Brasília, DF, 2015. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/Ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>.
Acesso em: 20 set. 2018.

FIUMI, A. Orientação familiar: o profissional fisioterapeuta segundo percepção das


mães de crianças portadoras de paralisia cerebral. São Paulo, 2003. 127p. Disser-
tação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) – Universidade Presbite-
riana Mackenzie, São Paulo, 2003.

GAUDERER, C. E. Crianças, adolescentes e nós: questionamento e emoções.


São Paulo: Almed, 1987.

GHERPELLI, M. H. B. V. Diferente, mas não desigual: a sexualidade no deficien-


te mental. São Paulo: Gente, 1995.

OMOTE, S. Estigma no tempo da inclusão. Revista Brasileira de Et: Úlcação Espe-


cial, Marília, v. 10, n. 3, p. 287-308,2006. SASSAKI, R. K. Deficiência mental ou
deficiência intelectual. Laboratório de Acessibilidade, dez. 2004.

TEIXEIRA, P. Síndrome de Asperger. 2012. Disponível em: <http://www.psico-


logia.com.pt/artigos/textos/A0254.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2012.

TRINCA, W. (Org.). Formas de investigação clínica em Psicologia. São Paulo:


Vetor, 1997.

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