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da esquina

Uma viagem ao mundo


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dos sadomasoquistas

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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE

j • CARTAS NA MESA 2
psrabes a vo, pelo peito, desamembro e paira da bem'—" ao Sst (vIda .a*k
que enfrentaram mala um instado ano da asse udas..); part*dpemes áe am daha*e da
Estamos aí! vida, de oxist6iida atentada pelem que Iguanas es i. me pregrama Nadenal/IS - liSdi. Santos chama
direita humanos. Parebdos pelo sentido que Nachad ­, cm que a eua p.m
deram ao Icrual, ~"pique. Parabéns pela (image, sabre kasmaezs.o • quteles a)
01, gente r.mlga que me da lauta saudade "biz&dla", que em mala um ano vai alegrar o lo — rsepiadisaenõ laaugua,a nosso stand Caros amigos lampiónicos: gostaria que fosse
(beijo ..pmial pro €hlon Bittsncc*irt): depá de povo (me dá uma raiva de nio poder mala uma de ad. da livra gade no Tair. da Laga, publicado neste jornal o roteiro dos locais de
tantas lutas, se bem que sei não terem sido via, em fotografa, curtir este eãow único e mágico);. a naquel, local, da pega badalação da vida guei na Baixada Santista. A
em prol do movimento h nsenal, musal e tirei até dizer muito obrigado, porque n tudo o que As Tias, da qual Agutiaido lira é co-antc la.- Rodoviária, o Atilutico, que fica na Avenida Ana
pintou, na tentativa de tirar voeta da luta, oLam- çama o livro A Bicha que kL, qus, pelo or Costa. Ainda nesta, um bar também freqüentado
o meu da reta. Eram poucamilitantes, multo pa continua iluminando nasas esquinas. emTodraaIS poeidvo, — emab
pouca mesmo, es que nio haviam entrado no pelo pessoal guei, que toBar 550. Duas b*ten o
movimento visando 5 resllzaç*o pessoal; e, putz, A Anistides Nunca, companheiro de mIlÍn- . livro vsilb, da rorsiuçio asuer'; Xalé. que fica na Avenida Presidente Wition cm
na sabemos que com case Intuito iô se lar afun- da, amigo que quero crer de sempre, a dmaa ii., que ou ias tarda Sio Vicente, e é exclusivamente para lésbicas; e o
dar qualquer movimento... Presenciei guerras la- Rodrigues, companheira de bar e de discussÕes lateiro, coas adultas boloadases que vieram a Flag, só para hoitasexusis masculinos, na Ilha
entre o d'er e o ía,er. a RaÍaela Mambaha ,ear- lidar o para da - " iat'-u Ll."; Porchat, em Sio Vicente.
ter-grupati dignas de folhetins, e nenhum roman-
cista, por mala fanático que seja, conseguiria
nasal gostoso e inesquecisel o de 1980), onde p.rddpama da as ee ma PUC, ma se Pra quem gosta de badalação na praia, isso é
quer que ela esteja... Walkiria, um heno pro liii,. laidiemat. ao u~ pazddper postivel do emissário até a Ilha Poi'chat, sendo
relatar as lutas pelo poder que aconteceram dai- Yonne - Oclinla. de mao, ma Uatemildada 4o Emalila, P ra o qual
tio dos grupos; entre sorrindo e ficando empu- que o trecho mais famoso é do Golfinho. Os
tecida por vor que o que Idealizávamos Ia abaixo debium ildo convidados, Isso ~de r *- bc*iss para trunsaçSo tio os seguintes; Avir, que
pa causa de meia dúzia de escrotaa pasma, sai R. - Esesta, Ymas as haras tendes — em s.piar do jasel po.tudaat. as Fica na Praça Correia deMeio, Havai, na Ave'-
que o pas'sl es rodas aqui a. rsdaçlo (sal. nula Sio Francisco n9 13; Vídeo, na mesma
Mas não deixei de acompanhar $ vida do nos- apa o pascal do jornal; pinte gato que ala Agora as digas o gi orpa~ do bá. avenida n9 3; Paris, é Rua Martim Afonso, 152.
aoLaxnps, de sentir alegria ao ver seu crescimento ez ia, um que a ca amao, e par- i.au._.Ii 1 _yia *1 a uSe Afilou - Santos, SP.
(e quando frio da crescer, fel do que de rente de barfunda dslrsate e a'ladva elas — atividade? R. - 1h, Allm, a gente ache pae esse te
pintou de bonito, casas concretas e objetivas, elo se papo), há sempre em .asato am que algela Malta beija pra você, Ymas, Intada., roteiro está melo tecasphsco. Sais que ma Santos
se lambem • p.rgu.tam "por adc anda luIano?" — am só calsema «es local á. badaIaçSO? E. todo o
ficando só fechado ao meio hanc) e de continuar Ou "fulana, está ad.?". E ai a gente emeça.
minha militIncia, asma (desde um bom tempo) caso, vai publicado, caso voc4
cara a cara, onde quer que eu esteja, sendo inala amEsmair os paabslrca queridos que ad-
direta, porém sem perder a gera. 35 não grito na emas ao asso lado ao longo doma lata, e que, Bons tempos
Par _cdrss es mala diemres's. af.stara do jir'
rua que sou, mas demonstro minha responsa-
bilidade, meu ctxiae(ulr objetiva resilrades, sem sal asa macaco ma sem casç.. Ora, pois!
esconder o que tenho como opção. Quer dizer, ao bo saber que, ma til, saca do 4ó, L..pao
já não trago escrito na çamim qualquer slogan de aia ama vaia rida de aulizadm que cela. Queridos Iamlõnlon: como talvez alguns de
grupcVdeiem do hcanesezual, nio me privo de • lical titula. vods olham, estou escrevendo uma ta,c de mes- Queridos amigos, foi gostoso ler e conhecer o
agir do meu jeito, sai procurar disfarçar. t verdade que es qu .1. eslavas preparada trado sob orientação de Peter Fry, sobre a fase noma Lampilo. Que pena não existir jornal como
Aaolito que isso ajude bsSante ao respeito que Pra liMo aor (ata áe quem ad fala no ca- hertaca do movimento bc*ucaaexual (1.6. até o esse em Portugal. Aqui, infelizmente, isSo há
as pasma vem adquirindooutaao povo. mapa da use carta, es que atrasam ao mav'br- racha do Scunc*/SP). Para este trabalho tem sido veículo informativo que zele pdos Interesses da
Neste tempo, quase nenhltn (acho que um é raUsaçio pascal) d..ia que au-
to visandopala de vital Importinda $ minha ccdoçio de Lampilo, nossa desprotegida classe. Aqui só há pai.-
ao, entrei de sola no sistema capitalista (pois tsr lora, a gato ias nossa maneia apedel o único rglo da Imprensa que veiculou Infa- guóa e discriminações. No Brasil, vejo melhor
que som dinheiro a vida ficou meti rum), porque da doam seus eges mastruosos caspbiaa.mts á mações dutemnéticas e ooufláveis sobre o assunto. ataçio e maior tolemincia do que au Portugal.
a dependbo.a familiar já estava L visa do lato.. mestra e as. Mas maca ato vem Infelizmente alguém "tomou emprestado" o meu Por isso, adawre conhecer gente da noma, ai do
a gripes wgauizados de basasernak exemplar do número lO de março de 1919, e ate Brasil. tenho 30 anos e sou simpatizante da
Andei por cata nessa terra, licandocntre estagies asbaram por maia dom a gata o acaso
em EH (ah, maenadoP,P., juro que voclmefez me é da mala Importincla, por contem um relato "direita". Quero pessoal com a mesma prelerin-
PM es que mairas .55.5 asoetasato ao ma da Semana de Minorias da USP que mareou a~ ela para contatos Intimes. Por fava, é poasivel
mais sorrisos). SP, Brasília (teria eu ue voltar 5 unho da lidasapa, ama ~ando a sem
terra da pranleslo), e eS estou no 0dM. É. tréia pública do grupo Scmios/SP. arranjar malta querida, pomante e castigadora
NW terra aliailgena onde escuto ipúsica, es- dldaer. à VEM~- PP, esta apradera. para encontros fraternos nata parte da Europa?
adeo. Quando a gata abldma tiver sido Edwurd MacRse - Sio Paulo. VitaL —Pato, Portugal.
aevo trabalho (pasmem) cito haia diárias, e aidteiate cagada • cuspida por toda a
aio ratm. Ocitnia me encantou pelo que tem de que p-as como wacô. ala, ai il, s.gfré asa R. —Querido Viton se Pa~ ,dobh
migico e iiqvo Tudo aqui parece que 6$ Wincira asa asmimaito basassami, e teo a_é pra R. - ii ti — os o iruaI, querido EL nada psr.cido com LempÉlo. trato de divulgar
vez. O povo não se questiona multa sçbme se odor. Flama. sgradsddos pelo "maaU", u inun aseo jeral por ai. Aposto que ias .sutU gente
ivalld.sde e et está mais lnt&csaadonia eWaS E.aro las. .5. acontece, 1 .piaofles pur demos asa casioddadam atamos la~ pra lã caso você, maca por ia "vilcilo hdorativ&',
óbvias, mas isso '4° implica em allenaç$o a, ca.pro o cim papal da nte um a as tesa quando ela Bar prata você nos Enowila Quanto cosa atip.tlsaMe de "direfla", rio o.-
tumdca o ao. "dfrdta" antia asp.ss rio na
Hoje, nesta cidade em que se pequei na semos em emio grupo de * ed leitores ma eSpia. Beijos de todo ueáo pra nosso
querido Peter Frr, cuja pfO.ta pensem que se trate da poslçio Idsdbgke., s
papa, de tarda, que tem um ai dois bares que o qus csbre pradca.iMe todo o pala. Pra ese
te sem ww da caso fuarissamas aio ap ro dos nossos ccunØ, pais — eis sim, de algum tipo de trepada que ate aqui da--
nono povo freqüenta; hoje, que deixei a'lida' conhecemos. É o qu? Manáa nos ~argento, e
caso jornal, asa atab case .1 grapo puda deitar nela outra em ) s aos que tio
mm ontem, es "estrela" num passado distante (es-
tou "casada" hÁ um ano, quase, e cosa a "mas Plana advidadam 96 ate* mk ás maio, flaas suja hreue ao sgoataa mala da tanto te - .6 depab é que podos conseguir pascal à
.al llzérdia/3, lista que rardu em- as prdcsbcfa pra se carespcmdsr com voei,
bojo, eu atou aqui querendo dar os

ENTENDIDA MESMO, 30 anca. 1,54m, 47'


EX-JOGADOR DE BASQUETE, 33 anos, Kg, morena, simpática e alegre, bem infor-
1,83m, 79 Kg. careca, boa apsrbiaa, formaçio mada, procura amigas ou quem sabe um caso
de uivei superior, deseje encontrar rapazes, de de amor. Lucy - Cx. Postal 1343 - Pioria-
até 30 anos, para travar relações (de todos os ffis
nópolis, SC —CEP: 88.000.
tipos, é dato). Cartas para Fernando - Caixa GOSTO DE FOTOGRAFAR homens nós, e
Postal 15.224. Rio deJaneiro. Ri. CEP; 20.155. 14 *V F se algutin se interessar, é só escrever pira
Quem tiver telefone, pode enviar, se assim M.C.M. - Cx. Postal 6318— Sio Paulo, SP -
quiser. Prometo sigilo absoluto. CEP: 01.000.
AMIGO, sincero, educado, 34 anos, alto, GAYS problemas de aceitaçio, que
desejo ccrrcaponder-me homens honestos e queiram trocar idéias sobre homossexualismo,
discreto, ocan mais de 28 anos, para uma SE você tem a cabeça feita, é inteligente e HELP. Esta morando bÊ 5 meses au escrevam para lelo - Cx. Postal 60.116 —Sio
.mir.ade sadia. Manoel - Caixa Postal 2059. bonito. Se ind gosta de= vida, do belo a da Vitória e ainda ato conheci nenhum gsy. Gos- Paulo, SP —CEP: 01.000.
Recife, PE - CEP: 50.000. emnoçio, entre em contato com a gente, es- taria que es gays capichabas me escrevessem
SAGITÁRIO. Gostaria de me corresponder DISCRETO, 1,75m, 80 Kg, quer corres-
crevendo pari $ Caixa Postal 411 - A/C de marcando um encontro, senSo morro de tédlo. ponde-se em rapazes para amizade sincera.
com rapazes entendidos para amizade ou algo Denilson, em Lagos - SC (CEP: 88.500. Mulheres $ fim de uma amizade a algo mais,
mais. Tenho 21 anos e faço pré-vestibular. Gon- Eduardo 1. - Cx. Postal 47013 - Rio de la-
Meu capo e minha vida você pode conhece: não deixem de escrever, também. Sou morena, n*o,Ri—CEP: 21.211.
çalves - Caixa Postal 4813. Rio de Janeiro - Sou brasileiro, estatura mediana, gosto muito 1,53m, 60 Kg, alegre, não sou bonita, curto
Ri —CEP: 20.000. música e tal. Dulcintia Machado - Posta Ree- MULATO, 29 anca, boa aperida, discreto
de fulano, mutoutro quem me quer. e sincero. Carespondisida com rapazes scan
ENTENDIDA, morena-clara, olhos cas- CORAÇÃO SOUTÂRJO. Tenho 18 anca, tante - Vitória ES - CEP: 29.000.
tanhos. Quero corresponder-me can mulheres prntctrctáto daoor, discreto, 23135 anos, da
1,70m, 52 Kg, olhos a cabelos castanhos, dia- UNWERSITÁIIO, 23 anos, 1,70in, 64 Kg, anta sul do Rio e de todas as capitais brssl-
de ca clara ou lana. Desejo um encontro ereto, curso o pré-vestibular e desejo correspon moreno-dato, olhos e cabelos castanho., ativo, haras, para proltmda smhade, ou algo mais
rápido, para transarmos legal e intensamente. der-me com jovens de todo o Brasil, que sejam deseje entrar au contato com entendidos de sério, Carlos - Cx. Postal 337 - Maceió, AL
Venham todaal Juraci - Praça da Incoafidén- inteligentes e dispostos a curtir uma amimado todo o Brasil, para um relacionamento bar-
da, 12:Hcxâ Royal, Quarto 51, Petrópolis.Ri —: 57.000.
sincera e duradoura. Foto na 1' carta. Augusto inócua e honesto. Carlos - Cx. Postal 6041 -
—CEP: 26.600. - Rua Bernardo Filho, 244/A - Viçosa, MO Recife, PE —CEP: 50.000.
JOVEM, 21 anos, 1,85m, fofinho, olhos e —CEP: 36.570. LEITORA DO LAMPA. Desejo trocar
cabelos castanhos, deseja encont rar alguém dis- MORENO QUEIMADO DE SOL, 18 ano., correspondencia e transar uma amizade Para ter sem andado publicado ma
posto a amar e ser amado. Podem escrever doa cabelos e olhes castanhos, 1,82m, estudante. moças gays. Tenho 31 anos, 1,60m, 55 Kg, sem seçio Troca Troca, basta auever
vinte aos trinta e cinco, saio bens aceito., desde Gataria de entrar em contato com garotos nenhum preconceito e muito ama para dar.
que discretos. Cláudio - Rua Dexolto de para. jornal lampião - Caixa Postal
18 anos, para troca de correspolidinda a algo Pada - Cx. Postal 6394 - Salvada, BA -
Outubro, 5011102. rijuca —Rio de Janeiro. Ri mais. Fábio - Rua Manoel Just. Quintio, 155 CEP: 40,000 - 41031 Rio de iancão, RI, CEP
—CEP 20530. - Sio Paulo SP - CEP: 02.728. GAOCHO, fl anca, estudante, olhos va- 20.400, anbndo, sida do texto do
LOURO, 1,75en, 64 Kg. Gostaria de manter BISSEXUAL, moreno, 30 anca, 1,82m, bem des, alto, discreto, Quero corresponder-me otmi sMsdo xu'ox da osrtilrs de Iden-
arrespcmdéncla com pasma discretas, e de dotado (20X 4,5 em) e com cjsculaçlo abun- praias discretas, de bom uivei cultural, emn ddade e 70 cruzeiros m silos. Só
bem nivil cultural. Responderei a toda. Foto dante, procura casais para 'asange a tida". mais de 25 anos e que sejam de qualquer ptrtc. serão p.bticados os andados que
na 1' Carta, Roberto Pedrcxchl - Rua Rio Cartas can foto. Carlos - Cx. Postal 3054 - Cczsrsd - Caixa Postal 10.100— Pato Alegre,
Riode Janeiro, Ri —CEP: 20.100. RS —CEP: 90,000. caimprirem tais requisites.
Turlaçõ, 39—Recife, PE - CEP 50.000.
Juslrwuv
LAMPIÃO da esquina

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APPAD Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
v:
e
da parada da di'. ersidadt'
3 ENQUETE •
O que o senhor faria
se visse seu marido
beijando outro homem?
Um grupo de lampienlcai foi assia- - Bom, depende do beijo nó? Se
tir, junto e contrito, esta chatice tosse um beijinho assim, de leve, tipo
chamada Parrou da Not. (filme no Caetano Veloso e Gilberto Gil, eu fingia
qual AI Paano se transforma em bicha que não vi nada. Agora se fosse um -1
de couro, e que causou verdadeiro beijo de língua! ai, eu daria surra nos
reboliço nas hemorróidas das bichas dois! (Manoel da Costa, 25 anos, hei-
ativistas americanas - todas bssacas, rIo). '
naturalmente... Vide artigo de Guy - Outro homem? Na boca?! Ah,
Hooquesigliem neste número). Antes do essa não! Sabe há quanto tempo de não
filme, o traflier de O Beljoao Asfalto, o me beija na boca? Desde que a gente
novo filme do Bruninho Barreto. Tudo festejou nosso segundo aniversário de
muito bem cuidado, como quer o casamento com um jantar no Bdla
padrão Barreto de qualidade, inclusive Roma. Só de pensar que ele pode estar
com sinais evidentes de que Cristiane beijando outro homem, eu... Mas es-
Torloni está divina. De repente, a frase cuta: por que você tá me fazendo essa
de impacto que encerra o traliler soa no pergunta? Por acaso conhece o meu
ar, e provoca uma gargalhada geral das mando? Hem? (Marcelo José, eos-
Iampiônicas: aousina1 36 anos).
- Sem essa, cara: eu e meu marido
- E voa? O que faria se tbseo aos somos pessoas adultas e modernas, não
usarido beijando outro bom~ - entra essa de ciúme e possessão em nos-
boca? sa transa. A gente vive assim... uma
Pois 6, fel ai, que a gente se deu amizade colorida. Se de quiser beijar
conta: para um número ainda enorme outro cara, ele tá na dele; se eu quiser
de homossexuais entre os quais Bru- beijar outro carinha, é uma boa, eu tou
ninho se enquadra, homem beijar na minha... (Joisas de Sonsa, 19 anos,
homem na boca é coisa rarissima, estudante).
capaz de provocar, ainda, verdadeiros - Meu marido não me beija há seis
catadismas. Meu Deis, ma bocas que anos. Pra falar a verdade, de não me
borror, como é que podeI etc., etc. O toca há exatamente dois meses e treze do akl4alo do Bar Simpatia) esusesdo wa seis peitos na nome ei-
resultado é que passamos o filme inteiro dias. Eu tou me sentindo muito infeliz, - Meu marido é engenheiro me- tor)
divididos: ora riamos do AI Pacino (que muito mal amada. Como estou moran- cânico, eu sou sociólogo. A gente vive Eu mataria os dois, esquartejaria
fica todo o tempo tentando manter sua do aqui em Vila Isabel, já quis até eu- uma transa muito legal. Ultimamente a e jogaria os pedaços na Baia de
Imagem, isto é, fugindo das cantadas trai pro Grupo M, mas ai soube que gente teia tido pouco tempo pra ca- Guanabara! (Cláudio Montevedulo,
das sado-masõ), ora discutíamos a per- de foi desativado por cansaço ideo- ricias, porque estamos comprando um vendedor autuouso 31 anos)
gunta feita notrailer de O Beijo noAs- lógico. Além disso, eles não iam mesmo apartamento na Lagoa, e temos que dar. - Eu não faria nada, porque meu
falto; quando Aguinaldo disse que, resolver meu problema, né? A não ser muito duro pra pagar as prestações. marido é meu amo e senhor; ele põe e
desde que levou um tremendo chupão que me arranjassem um marido novo, Mas a gente se ama. A gente conversa dispõe, de mim, e eu escuto e obedeço.
de um cara chamado Lupisdnio, aos mas um amigo meu me disse que o pes- muito sobre isso; nosso único grilo 6 Afinal, ele é que é ativo, e quem man-
nove anos de idade já foi beijado na soal do Auê só casa heterossexualmen- que a gente não pode ter um filho. Eu da. Eu sou a Amélia da nossa história
boca, pelos seus cálculos, por pelo te!, cruzes , Então, se eu visse meu queria.. .Ahn? Ah. sim, esse negócio de de amor, e me sinto muito bem assim
maica 3.875 homens diferentes, a gente marido beijando outro homem, acho beijo: bom, acho que eu ia ficar muito (Slhua Manàalõ, cabeleireiro, 29
resolveu partir para a etiquete que que me suicidava; ou matava os dois; deprimido. Eu amo meu marido.
publicamos abaixo. sei lá! (José de ArImata, 43 anos, (Fabiano V. 36 anos, sodélogo) - No meu tempo beijo na boca só
rinbta do Boulevard). - Olhe aqui: veja só o que de me se fosse muito escondido, tinha um
Dois repórteres lampiônioos saíram - Se eu visse meu marido beijando fez ontem à noite. Você acha que um sabor mais gostoso, de pecado. Hoje em
às ruas e fizeram a pergunta, não às outro homem? Eu entrava no meio e homem capaz de fazer uma coisa dessas dia não, essa garotada vive se beijando
senhoras casadas, como faz o tragar do transava um uinage a uok numa boa! eia mim ia perder tempo beijando na rua, um horror. Eu sou casado há 16
filme de Bruninho, mas sim, aos ho- (Cláudio Costa, 25 anos, cartefro) outro? Nunca! (Claudia* Claudete 22 anos com o Arnaldo, e quando a gente
mossexuais casados: "E vec$? O que - Não respondo porque odeio o anos, travesti, abrindo o deoste e mos- se beija na boca é como se fosse um
faria is vbse seu marido beijando outro Lampião. Além disso, estou solteiro. trando meia dúzia de diupões que, beijo de irmão. (Ferneides Madel,
bimiiiiiina na boca?" Eis as respostas... (Rapaz não ideitificado que ia saindo segundo ela, seu marido havia olldaI da Marinha Mercante, 50 anos)

De Ângela R, para os jornal,- deu que «a a mesma eutrs a meda de - Na areia da poltIca sexual
- "N tas, após toda aquela confusão com gato e a meda de cachorro. existia a esquerda e a direita. Aqueles
Zlzi Posi: que possam que estão no meio aca-
De Rafada Mambaba, ap.d O
NS - Não á a primeira, . será a
dusa , que Pasquim, ao ver a lista de coisas ei-
barão dacabriado que o oosuro á a
dir.a.
aiseis dskgadL.. contradas dentro do Puma "sinis-
trado" na explosão do Rloceiitro: De Juarez (Paulo César Perélo),
I - Mas o que está fazendo ama personagem de "As Tias":
Deioan Beez, em São Paulo, vazeilua ao lado do bombril?
atandoTolstoi: - AIim do maia, a imaginação
ÇX0 - Quando ~unitanim qual .em De Scymour Kleinbag (vide ar- aia verdad, que apenas não aeius-
a dIleçs entre a vlolàscla de direita tigo neste número), a propósito das temram. Mas nima por heo duizam de
e a vWbda de esquerda, ele r.pon bichas de couro americanas: ser verdades. -

Junho de 19M1

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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
Biblioteca Universal Guei
1 NOVIDADES 1 1 Faça sua escolha 1 Da Esquina
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crito em 1968, fala do mesmo tema: a liberdade gflas, Cri 300,00. O Il. Prova de Fogo. pelas do genial Marquâa (172 páginas, Cri
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OS CÃES LADRAM NUS MASCULINOS/Si


Tren Capas. Fdci de Cynthia Martms
345 páginas. Cri 550,00
Um livro escuto sobre pesacas e ussas cara A iub'aers&o Iai.plO.lca cbegs ia trace- seabro, lotos ISCTIYdI para i'oci ~arar ao
quem o grande escritor homossexual norte- dunais foildubsai em vez das pira-upa bsbl- asa quarto, ou no seu b..báo. Úklaa
americano ermvlven. saab, apenas rapasse mas. Da jamiro e de- esemplares. (Cri 201.10)

TESTAMENTO DEJÓNATAS DEIXADO A


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LAMIlA4) da e%qulna

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Centro de Documentação VI
APPADIaÇIl ts(
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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE

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hora. Sobre ele, pouca coisa a
dizer, além do fato de ser um •
salva-bichas de mão cheia.
Adora a música "Falhetim",do •
____ • ,' L.-_- Cluco, que "lhe diz muita
:-' •. • coisa".O seu enderço?Oh!—
Rafada Mambaba, a nossa
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k 7 ' •
-• • • • mascote, muito sa(bichona), se
- •t • '•
,. apoderou do único cartao dis.
p • •• • - ít'". ponlveldogaroto.Edepoisde - • •
• • • • Ler, decorar e cortá-lo em mil
'','%' •• pedacinhos, jurou não dar - o
\
- • ' 'r. • endereço. - a ninguém. Pode? • - •
____ - - • (texto e fotos de Fukushlma). -
Junho.4ii9fl. LAMVÍA()daesquIna

Centro de Documentação

APPAD Prof. Dr. Luiz Mott


I(t GRUPODIGNIDADE
rtt parada (1.1 di'rridd
1 . ENTREVISTA
Mim pràro contato aua Horqub, —

6
toca, que vai além das relvin&caçôes gay. Urna
Par, foi por nddons. Ccaueul sua nem nám^ odia, qual é em portuguis. . . bar, bicha. Enfim,
~é ás um amigo jornalma do "Ubtion". se dia bicha no Brasil para dizer lamicusenxal,
Quando marramim o onIro, Horquealilham
tidos acabado áe ii muda para um novo
"sudk?', — Pigais. Quando cheguei de .tauu Hocquengheinf nó? Mas se diz também homossexual?
[amplio - Sim
Hocquaighem - Quem emprega?
abaoçsndo em mais doM amigos, a c.çaos.
talari dos bks, do "Lxnplio", da verit- o 01 o
Lampião - A burguesia, cos estudantes, g.
ai...
dada, dos dos lar, etc. Deivaos a
satr,4.ta para uma rsats . kira, ila is hora..
Era 30 de indro, um trio da tio. Hoc~
ghum ps. para - sapecar um pouco, q= atava
acabando de erover uma part. ás Sua roumor..
Revolucionario Hocquaighctn - Então, o que sobro é muito,
a grande maioria da população que emprega uma
castra palavra numa outra amcepçko. Na França,
mesmo no meio operário chamar um homem.'
usaI de homossexual é estranho, desfavorável.
Lego cum.ç*mos a cori'enar. Dla.s-lhs que sua
liwo "A Couteetaçio Hoos,uausr' tinha
acabado da .ak on Brasil. Fk,= por algia. as-
ganidos umho pulo da vida porque ainda alio
é o travesti* Não é o mesmo género de favor co cumplicidade
que pode ter ao dizer bicha, que é qualquer colas
menos hostil, mas carregada de uma espécie de
familiaridade popular, ligada é presença de um
havia recebido dos .dkor. a ,qo brasluka. personagem na comédia da rua, no presença
Depois cum.çumor nisso bat.papo. Eu tinha Guy Hocquuaghum nascua um 1946. Atual- um 1950); Co..nt Num Appelsa-voes cotidiana. São estas mudanças que são interes-
gaeparado algumas perguntas. co.çaado cum ~te leciona mm Unlveruldad. do F.H.A.R. Déli?", 1977, cem Jt,an-l.oiu Bor "Ia santes. Poiso que, no Brasil, se passa algo di-
Pa.oIlnI. S6 que houve ma grande ipreiIsso. (Fr= Homos.xu.l dAcitosu Keuniuc'lonairci. Brauté de Métis", em 1979 "Race dEpI Un ferente da América do Norte, muito diferente da
Coloquei a fita no gravador dfrd~ apertei os um ii. O movimento surgiu Jwmto com os acosi. Silale da Images de l'Hosnisexaallté", 1979; e França, da Europa, onde houve mudanças cie
botóm • cumsçamos. Depeis de algum tampo taclasalos ás maio, que agitaram milito a "Li Gay Voyage", 1950, 'u,ste. Hquensb a*tume no século XIX. Nos Estados Unidos
não esi por que, o astral talvez, vou vartficar se o cabeça dos lranca.. Hocqumigbum já tem os fax um roto dai cidades gays mala baportan. houve uma espécie de explosão superficial de sexo
gravador sati funcionando. Quando vi que odo seguintes Uivo, pubicados: "Le Désir Ho- te,: ' oua York,Rerhlm, Arnaterdi, Roma, etc. nos anos 60. No Brasil 6 outra coisa que ocorre.
atava que.e ti,, um tropa. Foi um arar, mas moseanel", 1972 (existe uma versão portuguesa Não é um desses rc*eiros que se viam por ai, Uma cosa cio Terceiro Mundo, porque é ali ali
vocè poderio ler a maior puso da cesticvbta, on- e está prestes a sa urna edição brasileira); mas um trabalho muito bena cuidado cont~ que está uma sOcIe4de subdesenvolvida. Isto é. o
de Hocqu.mgh fala co" lnci1vda sobre o 'L'Aprds. MaI de. Faunos", 1974; "Fie da Se- saperlincla.. vingam, entrerlaias, um livro único pais do Terceiro Mundo onde a idéia de
Brasil. (Paulo 01cm) dou", 1976, "Colre", 1976, com René Scbere ramado a mil. Como não poderia deixar de ser, nacionalismo não 6 acompanhada de puritanis-
'La Diribus Humsezual", 1977 ("A Comies- tem 13 pÁginas sobre o Rio, o nirna'. ai. as mo. O que é muito interessante para se estudar.
Hocquenghem - Não estava gravando? tição HomomamaT', sdhado pala Brasliseas. loucuras tropicais. Mais interessante ainda do que formar um pe-
Lampio - Nio (rbc.). queno movimento pelos direitos dos hanos-
Hoquerighem - Bom, o assunto voltará. rnuxai., que de fato aio existem.
(Estava se falando sobre Pasolini. cx americanos e os europeus falam de travesti que queria, de outro um grupo que em contra. [amplo - Falando de esiatisticas, direi
Lampo - O que me .urprumdua um pouco cano se cite fosse um ser existente corno harnos- Houve estio uma divisão, com.peram os slaoue que em São Paulo existem circo ai sete mil
am sua livro é que voei crevs que ao mesmo sexual e heterossexual. Por definição, um 'não- cem Carmen. Mirandas e coisas do gãnsso. O bar travestis, para uma população de IS IuJIhE'a de
tampo que PaadinI procurava o amar, procurava ser", um falso ser. Isso quer dizer um caso es- leciona porque ~&emais la, tinha virado habitamos. Agora, cosa o movimeeto bomd.-
a morta. tremo interessantíssimo que faz com que qual- local da travesti. AI voei comprese.ds o que é es»
quer idéia.., bom, resumindo, penso que a ques- sexual o que acontece é o seguinte forma-se um
Hcequenghem - É uma fórmula que ele ines- iranho no Brasil, que é ama divisão cada ver mala grupo e logo começam a, brigas. Passa-se alguma
mb empregava, não é forçosamente bar litera- tão gay particularmente interessante no Brasil é a aguda É o travesti de um lado aos g'a, as bichas,
questão do travesti. csiisa estranha que ai pessoas ruão se entendem.
tura, mas é em todo o osso um sentimento ver- sei lá, do outro. O que .zist. ao Brasil multa Nos Estados Unidos, por exemplo, existe um
dadeiro. Pasolini vivia uma espécie de 1 cxouoc'ela [amplo - É Interessante ouvir loto, porque divisão, ligada, Á claro, ao problema soclal. grupo de aviadores homossexuais. Os grupos são
é italiana. Seus amores, suas história. de ama, ruo Brasil, es participei de algumas ramm,Ib do Hocquaighem - Não ésóoixc*,leror social, ligados pua sua profissão, pelo sei trabalho. No
não arafli privados, na medida au que jamais ele grupo Soma de Sio Paulo, e ruão havia rer.hnnu mia o racial também. Penso que éwrdade, mas é
travesti no grupo, lato há um aro e meio mais ou difícil delicado, falar de um pala que não se BrasiL, mulo. É tudo desorganizado.
ouxxidia nada. Se o olharmos as obras de Pa- Hocquaighcrn - O que vocé acaba de dizer é
semi, da rica falam de tudo isso cano "Se- ~ca. Existe realmente uma estratificação, se caihem mais que quarenta dias. Fica um pouco verdadeiro. Todo o movimento homossexual
xualidade na Itália". que é especificamente sobre liii realmente ama Mvhio. Existam gaya que não restrito, né? Mas quero dizer, por exemplo, para americano cxi europeu se organiza au torno de al-
isso. Saia riciloilo esconder pudicamente que a falam cem travesti., porque eles são Isso que voei um europeu que paua quarenta dias ao Brasil, guma crise; é o consumismo. São todos movi-
vida de Pasolini aio reflete sua obra. Na reali- disse, uma outra coMa, um outro ler. alguma carai ocanoo "[amplio" torna-se um fato manca de consumo. A reunluçio sexual e um
dade, aio existe dluiça entre a vida de Pasolini Hocquenghcm - O impacto modal, se' ci difícil cio ser definido, dá um certo mal estar, movimento de mudança de costumes importan-
e as obras de Pasolini, são estritamente a mesma quiser, do movimento gay brasileiro, 6 nulo com- como se... Isto me parem multo inadequado, ta, mas nãorevoluçãode consumo essaudalmeru-
coisa. Um mito fabrica uma obra, porque um parado não Importa com qual travesti. O que muito distante. Pesuo que o "Lampião" fala te, e quando não há mais o que consumir nesses
mito sabe escolher sistematicamente os pontos chamo de Impacto social, para ser soddloo, é a multo de travesti, por exemplo, mas de qualquer movimentos fica evidente oque resta fazer.
mais interessantes de rua vida, agora a medida é bnportlncia da mensagem dada, seja pelo lmpso- modo não 6 um fato de oposição, mas parece com [amplo - Não existe uma lei brasileira es-
que um pouco duvidosa. De um lido "Teorema", to, seja pelo humor, quando se vSpasw um tipo. um descalque do que faz o movimento de liber- pacifica sobre o homoumaallsrno. O que tes=
— Pocilga — , no limite de um misticismo inaupa' É ividaute que o travesti é uma Instituição tação americano, ou alguns outros da Europa. No dificil a luta, a reivindicação. Luta-se contra a
tivel. Do outro se escolherá um Pasolini muito braíltira, uma instituição desprezada, oprimida, Brasil a uluação é muito mais explosiva sexual- Ideologia burguesa, que estratifica a homos-
mais sexual em outros filmes, uma presença paga mas urna Instituição. O movimento gay é uma mente. Se há um pala onde a revolução sexual tem sexual.. No fundo rio há uma verdadeira um-
fortíssima. Não falemos mais de Pasolim, que de enorme brincadeira de alguns burgueses brancos, um sentido, esse pais é o Brasil da atualidade. nora de lutar. Nas Estados Unidos o pessoal gay
tinha direito de escolher sus morte. A omiti- que querem fazes' disaruraca, que aio podem Ir * Problemas demográficas, raciais, calor. miaula, laia para mudar as leis, as códigos, etc.
miaçio é que é um pouco triste, o fato das peascas boato soa boate é ou já lcd dominada por traves- ao mesmo tempo altura, o fato de que a se- Hocquengheun - Mas, existe no Brasil um es-
tornarem tio trágica a mate de Ps.sdmi. Penso tia. Penso que a bicha brasileira nunca faria xnhl4dde nunca foi deçuresada. junto com urna pecificado "ato contra a natureza — , no caso de
que não devemos falar mais de Pasolini, de travesti, acho queimo seita Impossível. repressão multo forte. Tudo leso fax do Brasil o maiores.
morreu. [amplio - O que voei dl..e agem é modo (mico pais cuide a revolução sexual é algo ex- [amplio - Não, Eslate. se es rio me es-
Lapo - Voei usa um g amo, "bicha importam.. Mora numa cidad. peste da São plosivo. O que não pode se dizer de nenhum pais gano, alguma ciMa mio exército brasileiro sobre
biglesitiada", pari ldsntilks y algumas pessoas. Paulo. lá .beham um bar gay s depois 4e algum suropeu, de nenhum pais africano, de nenhum heuicssezuai.mo.
Voei atem um sala ao BrasiL sam contato cosa a to fizerem um palco para shoms. á. u.vu.ds. pais da Ásia. É Imparaluel contabilizar os trama- Hocquaughem - Bem, já é algo mais ob-
vida homossexuaL, a Logo cam.çou uma miga, dom lado um do mm.1n1,1te, mas é alguma cosa que actiti- jetivo.
Hocquengbem - Não lii uma tfesaiça, tique [amplo - Se pegam, por exemplo, dois sol-
existe é uma urda dupla no mundo homossexual dados fedendo, o que é expulso primeiro é pus-
no gueto harncuaexuai. não entro o termo siso, o outro em mala uma chance, e fica no exir-
exato Mas no Brasil, só posso falar pelo Rio, o
fato se apresenta com uma dupla forma; a
tradicional e atual. São duas formas muito di-
ferentes e que estio bem misturadas. Uma forma
tradicional. que é o travesti propriamente dito, de
shoui e espetáculos. mas ao mesmo tempo da
vida, porque está ligado * prostituição, co ligado
Violen
não é nosso negócio!
cito. Existe essa diferença entre ativo e passivo.
Hocquenghem - Evidentemente. Isso é tia-
mal, porque existe uma divisão entre dcxi tipos de
homossexuais, que são os supa'rnachos e os sub-
machos. Uma sociedade pode considerar um
bcanem tio macho que ele sÕ pode feder comen-
do. E é o macho no sentido estrito da palavra, tão
a um bairro da Zona Norte. Outros ligados a um viril que só pode comer homem viril.
baipo como Ccpacsbana, com discotecas e outras
coisas. São na verdade vÁrias formas que os- Preferimos mostrar talento produzindo Lampfto - Voei percebes a diferença entre
bitam, muito diferentes entre si. O mundo ho-
mossexual é variado e é muito difícil de se falar
cartazes (48x66 cm -4 cores), livros, ativo, passivo em algum meios?'
Hocquenghem - No caso particular do
au unidade. O (mico lugar onde existe uma união
do homossexual 6 nos grandes bairros de bichas
revistas, cartas, envelopes, cartões, Brasil, o que se torna mais complexo é o número
de reiaçhes sexuais. Portanto sociais, mesmo se
das cidades americanas. Não falemos de reunião,
mas de um agrupamento dos principais tipos: a
convites, impressos sociais e comerciais mudarmos de palavra. Tenho a impressão, não
porque sou estrangeiro, que existe uma enor-
midade de relaçbes, que são essencialmente
bicha do omiro, a bicha louca, a bicha cigana, a
bicha espanhola e assim por diante. Um agru- (off-set ou tipografia), xerox, alto-relevo, rdaçles codificadas. Um pouco como os
americanos em cciii época. Mas existe um gran-
pamento que acticearra tal variedade sem suprimi-
la. No caso do Brasil, estou arriscando, principal- plastificação. de fenómeno que são os nomes tio Brasil. E um
pais que dá nomes que são muito bizarros. Penso
mente por uma questão racial muito simples, por
se tratar de um pais niiltiu'solaL de uma dimen- Chega em paz! que hk unia certa confusão sexual. Confusão
devida é diferença de raças, culturas, etc. Tem
são enorme, uma dimensão que faz com que também o caso dos menores, pessoas que não
todas as questóea sejam diferentes. Penso de fato podem estudar, tudo isso é muito complexo.
que a importiucu do travesti noBrasil não ésim- Veja por esanpb o caso do negro. Yo* pote
piamente aquilo que se vi nos outros países. Isto RUA DA LAPA, 123.A. TEL:251 .9717 2424639 RIO DE JANEIRO considerar alternativamente o papel do negro
é, um pouco no teatro e urna minúscula parcela como efeminado e como supervinl. É portador
ar prostituição. No Brasil existe uma quantidade
que é urna verdadeira popolaçio. Efetivamente, IMPRESSOR , CCtC•'€
•-,,-,,, .
sCer.c .'€..' ......,........ .- .... -
LAMPL%() da esquina

*1'

APPAD
Centro de Documentação
ir
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
da parada da tii t'rsid.cd

7 ENTREVISTA.
de um grande falo e ao mesmo tempo de uma atualmente. Bem, há os chineses, mas eles são dos pap, na cume ev1dt.mie as outros. Por que no mundo inteiro o travesti
boa bunda que dança, t a ambigüidade do sam- outra coisa. coisas podem nadar, • mudam nabo. Exbt, brasileiro é comparado é mulher sueca? Isso é si-
ba. Uma feminilidade que é evidente e uma que podem
por exemplo, os bota, os mlcb, go que tem significado. O extremismo, digamos,
hiper-virilidade igualmente evidente. Penso que Lampo - Este tabu anal .11* tambiá na dinheiro pra irsper. Aquela biabria do alho que a coexisténda de vários extremos, pela au%iads
existe na realidade uma ambigüidade araual confusão, pra rocã? ab come aio 'e bme v.dddalra. Se votã car um do que se chamaria de uma cultura do tabu
Hocqueghetn - Sim, uru pouco. P, uma con- quiser,
ailedra. cara e diaer que pega o quo ele me' que sexual muito forte, que chamo de confusão,
Lumplo - Esta ambigüidade aiio voch fusão uru pouco mais geral do que uma confusão vai comb.lo também, .1 ele cede. Eitou [atando
Liga à confusão .asual? pré-psicanaHtica. O que é bom, pois pré- de prosdtuIto, clero, oude uibie também o
Hecquengliem - Sim. Penso que isto leva a paicanlitica é a cue está antes, Além disso, o que Lamplo - Acho que to~ am alg~
tabu an.1. Acho que a contusão 'me também caracteris*icsa buportaas., tocamos me algum
uma hierarquia de atitudes sexuais. Faz com que, é mais integrante da resbiaii 6o que rata antes as
rale ~tido, é porque pmeoas 'e que são cor- pontos, como na confusão.
por exemplo, embora eu no saiba bem o que é de uma atitude psicanalítica. Por isso é que o 'usas.
proibido no Brasil, mas existem naturalmente dinheiro e a merda são completamente confun-
coisas proibidas. Penso que um rapaz brasileiro didos no Brasil. }iocquenghein - Sim, as pessoas são con- Hocquenghem - Se eu falo da confusão não
não sabe na verdade o que é proibido. mas supbc Lamp*o - O dinhalro e a fusas, porque é perfeitamente verdadeiro que é de uru modo pejorativo. Penso, na realidade.
que existem coisas más e boas. Mas ele não está Hocquenghem - Exatamente, a merda, a sexualmente, por razbes históricas estudadas por num poema de Carlos Drumond de Andrade.
absolutamente seguro, por exemplo, sobre o fato imundície. gente como Freyre e outros sociólogo., por Vo* conhece o poema que diz que o Brasil não
de dar o cu. Penso menos nas situaçbes
sã de pros- Lampião - Você dia. .me coisa que alnda razóca históricas de mestiçagem, pelo modo que existe, ou qualquer coisa assim? Acho que há
tituição. Falo em dar o cu não conio meio de aos um pouco estranho de se ouvir. Este co.. os portugueses dominaram o Brasil, com o rigor uma profunda verdade sobre o Brasil ai. Esta
ganhar dinheiro, mas também como um bom fuão, por que rata confusão? sexual deles. Todas estas razóca fazem do Brasil verdade é forte, porque quem fala 'e um brasi-
negócio. Voi* terá at um bom negócio em todos Hoquenghem - Não esqueça que é um es- um pais pouco determinado sexualmente. como letro e forte também quando é dita por um
os sentidos, no moral e no do prazer. Sei que não trangeiro que diz isto. se diria de uma criança. Ë um pais de malandro- europeu. Quando um europeu fala de confusão
sou muito original dizendo isso, mas o tabu anal Lumpao - Pr, mia, como brs.11dro, vi. bicha, onde a ambiguidade entre a violéncia e tem na cabeça s idéia de algo negativo. Tenho
é infinitamente forte no Brasil comparado a não vendo no =do doe probimeas, inserido ai colem, feminilidade é milito grande. O fato de ser medo que muitos intelectuais brasileiros quando
importa qual civilização. O tabu do ánus é in- tal contusão que se vã de fora aio é danarate travesti não impede de ser violento, prindlNal- escutam a palavra confusão tenham, a mesma
finitamente forte no Brasil comparado com percebida, não existe. Por ms.plo, a atividade e mente no Brasil, onde existe o protbtipo do idéia, de algo negativo. Confusão quer dizer sim-
qualquer outra civilização do Terceiro Mundo a pe.slvid.d., existem num uivei das ace. travesti violento, que se corta com gilete, corta o. plesmente proliferação, isto é, riqueza.

Contra a bicha institucionalizada assumida ou gosto da transgressão, mas porque das boates, o surgimento de um modelo unix-
No começx de 1976, Pise Paolo Pasollnlfol 555.StOOS potenciais.
aiaaislrado por um bu,rdldo que ele havia Traia-se da ligçáo multo forte, íntima e se trata de uma possibilidade real de encontro. sexual, isto é, comum aos homossexuais e aos
paquerado • levado de autombvd até o lugar antiga entre o homossexual e seu assassino. Ë Claro que sempre se pode escapar dela, Basta heterossexuais. proposto aos desejos e à iden-
onde devia pedem de uma morte atroz. um liame tão tradicional quanto sua prescrição não paquetnr mais lusa meios marginais. Basta tificação de cada um. Os homossexuais tor-
O Julgamento do assassino, Pelou, pro- 'ias grandes cidades do sécllio XIX. Vautrin. não paquerar mais tia rua. Basta simplesmente, ilam-se iridiscernilveis, não porque escondam
vocou grande emoção. O coro de lanrartaçbeu em Baliac, representa muito bem este inverso deixar de paquerar. nu então fazã-lo em relação melhor seu segredo, mas porque se unifor-
irdigrada, que cercou a morte de P.sollz-I mal do munido civilizado, nascido da corrupção das a pessoas serias, que pertençam ao nosso mu:I- mizaram de coração e ie corpo, livres da saga
cacordia um iertlmer'lo geral: mas afinal de grandes cidades, nas quais o homossexualismo do. Pascnli:ni não seria morto se só tivesse dor- do gueto, integralmente reinseridos, mio cru
cortas, como é que ele foi se meter naquela bis- e a dnlinqüêincia se dito as moina. Per%ersito ur- mido com seus atores. sua diferença, mas pelo contrário em sua se-
tõrla sórdida? l o que se perguntavam ii pes- batia, o homossexualismo delituoso desposou Eis o que escapa áqueles que querem xiii- melhaniça.
soa, de hora sentimentos. O artigo que se segue desde suas origens o crime do mundo marginal. ceramente. — descri mina] izar" o homosse- Esquecemos com muita freqüãncia que a
situava-se na corIra-correnie. Não tentava ex- Há um "perigo" especifico que cerca o homos- xualismo e defende-lo contra si mesmo cortan- dissimulação, a mentira ouosegredo homos-
plk'ar o assassinato e sim examinar as rarbes sexualirno, a chantagem homossexual, o assas- do seus laços com um mundo duro, violento. sexual jamais foram escolhidos por si mesmos,
peias quais Pasoltnl aceitava o risco de ser as- sinato homossexual. marginal. pelo gosto da opressão. Eram necessários é
saisirado. Gavi e Maggiori observam com muita jus- Fsses combatentes ignoram que desta for- proteção de uru impulso do desejo. dirigido
lii quem tenha visto no assassinato de teza que no processo Pelosi a vitima é tão cul- ma aliam-se ao grande movimento na França e para o munido marginal. de uma libido imnan-
Pasolini um argumento para "proteger' os pada quanto o assassino, o que é certamente tios Estados Unidos, que visa conferir-lhe foros lada por objetos Cora das leis do desejo co-
homossexuais da caralha e uma ratão pira esndaloso, mas constitui uma marca dittin- de respeitabilidade. Esse movimento não se mum. Em nossos dia, o fim da dissimulação
afastar a fragilidade homossexual doe perigos tive da condição homos sexual. Aos olhos da exerce através da intensificação das repressócis não provirá da supressão destas leis, como
da rua. Há bichas que aproveitaram para afir- justiça e da policia não existe, i:esses casos. ou da perseguição aos assassinos, mas postula teríamos desejado. Infelizmente ele provém
mar sua vontade de Integração r,io seria com diferença entre vitimas e assassinos, Existe um uma transformação intima do personagem sobretudo, do enfraquecimento da diferença,
elas que Isso aconteceria...) e sm ódio em "meio" suspeito, feito de ligações misteriosas. homossexual, livre de seus temores e de sua através da reciclagem dos desejos homosse-
relação aos margInaIs duvidosos, uma .rtlgos uma franco-maçonaria do crime, no qual o marginalidade e finalmente inserido no Estado. xuais em uma normalidade um pouco alargada.
comparhdos de lei ortbnlo que, aoceutrárlo viado e o assassino se entrecruzam. Antes de A louca tradicional, simpática ou má, o aman- Para terminar com esta., impressóes um
dcli., rio conseguiram ir multo lorger (me um tudo, o homossexualismo é - talvez ainda por te de garoibes, o especialista dos mictórios, tanto nostálgicas, recordemos a figura daquela
raul régio, cortam-se as miom das pessoas que algum tempo - uma categoria da criminiali- todos esses tipos coloridos herdados do século homossexuais do inicio do nfculo, tio afas-
se agarram a nó.). Além do grotesco Pelou, dade. Pessoalmente prefiro este estado de XIX, apagam-se diante da modernidade tran- tados do mal existencialista à São Geniet quanto
tratava-se de afastar pari bem longe de nossos coisas é sua provável transformação em ca- quilizadora do (jovem) homossexual (de 25 a 40 da bicha inodora que nos ameaça. Mesmo
territórios amorosos toda a meigInÁlia do tegoria psiquiátrica do desvio. A ligação ii- altos), de bigodes e com soa pastinha de exe- pertencendo é melhor sociedade, viviam com o
baixo =ardo. bidinal das figuras do criminoso e do homos- cutivo debaixo do braço. tens complexos nem crime, não por paixão é transgressão, tua., por-
Em redor desse crime chocam-se duas sexual ignora os conceitos racionais do direito, afetaçôes, frio e bem educado, publicitário ou que t,stava-se daquele aspecto do risco que sua
"dellnlç*.' do homossexualismo uma, que o a divisão das responsabilidades individuais e a balconista de lojas elegantes, inimigo dos ex- escolha impunha. E não era sem elegáncia que
reduz ao amor entre Semelhantes, fecha-.e em distribuição dos papéis entre vitima, e assas- cessos, respeitoso em relação ao poder, amante viviam lado a lado, com o risco, segundo nos
uma tauiologla rígido e hierarquizada. sinos. O assassinato homossexual é um todo. da cultura e de um liberalismo esclarecido. conta Colette rio Livro tão belo que dedicou és
A de Pasolb'.l, ao contrário, é aries de mala Um oficial da policia belga escreve em uru ar- Ponto flinai no sórdido e no grandioso, no eu; lésbicas e aos homossexuais (Cm pI..ahi).
nada uma fuga em direção ao Outro, me di- tigo consagrado á situação dos homossexuais: graçado e no malvado. O própiio sadoma- Veja-se a discussão, a propósito, do amante de
reção aos outro., sob o risco de morrer. "Uma estreita vigilinda deste meio particular soquismo não é mais do que um traje, uma um desses cavalheiros, ocorrida cnn um salão.
Ptolitii morreu, açsassitadl) por um em- permite acumular urna documentação muito moda adotada pela bicha louca correta. presenciada pela autora cru sua qualidade de
busteiro. útil, tendo em vista a descoberta de futuros es- amiga Intima: 'Dlga-meprszado amigot es ta
Nem todo mundo pode morrer em sua croques, assassinos e, eventualmente, espibes." Um estereótipo do homossexual do Estado, ira jovem assaltante não é o meamo que era
cama. como Franco. A extrema esquerda integrado ao Estado, modelado pelo Estado e suspeito de ter estrangulado um rapaz ma-
" Descsimhsalizar" o homossexualismo? próximo dele através de seus gostos, trati-
italiana fica indignada. M.A. Macciocchi. em E precisamente contra isto que lutamos. pregado de me hao turco?" Endfreitaodo..e
quilizado pela presença no poder de algum coa uma dignidade devida, sobretudo, à au-
Le Morde, vã nisso um golpe dos fascistas. dirão. E dai? Vamos, então exigir o progresso ministro homossexual e que se assume titio es- quloea, o velho acenava com umai mio fina e
Com maior finura Gavi e Maggiori mostram racional da justiça na distinção entre vitimas e tamos mais ria IV República, e o homosse- .r.gadai 'Meumicos, caro amigo, merlcos!
em um artigo do Libération que se trata de um culpados? A exemplo das aasociaçbes de ho- xualismo já não é mais um segredo) substitui Sou assusto. Não tasbo o asor a"" do pus.
golpe microfascista. Pelosi, o a.ssatssi'in, não é mossexuais respeitáveis, vamos exigir da progressivamente a diversidade barroca dos es- sado!'
pego pelo facisrno e sim o instrumento volun- polida e da justiça que elas acolham as queixas tilo, homossexuais tradicionais. Chegará o Acidez, cinismo teatral, afetação, infan-
tário do racismo e da recusa é diferença, o fas- dos homossexuais maltratados ou submetidos é tempo em que o homossexual não será nada tilidade - é este o tom...
cismo quotidiano não politii.ado. chantagem, o que elas atualmente, não fazem além de um turista do sexo, um membro gentil Algumas vei,e, a vioténcia, macha ou mór-
Pois é, não há a menor dti'.ida... Existe, (ou fazem muito mal)? Será que, a exemplo das do Club Mediterran'ee, que foi um pouco mais bida, lançava seu grito esua breve revolta. Um
porém, nesta explicação algo que não me satis- mulheres que exigem a condenação dos es- longe do que os outros, cujos horizontes só são
faz, uma visão ainda exterior e política do as- tupradorca pelos tribunais, veremos as bichas adolescente, vindo dos tempos longlnquos nos
um pouco mais largos do que nada maioria de quais o bem e o mal eram a mesma coisa, con-
sassinato do homossexual. Claro. so podemos reclamar a proteção da lei? seus conitetoporéneos. tou sus última noite no Elys'ee Palace Hotel:
estar de acordo com a análise do caso Pelosi e Penso, ao contrário, que a chance do Ninguém se pode dar conta disso, a não ser
recusamos considerá-lo vitima. homossexualismo repousa. ainda, mesmo para Aquele homaizarito lá no quano me deixo,
que freqüente o meio homossexual, que é bas- co. medo... Pugnei .oa canivete, cobri os
Ao mesmo tempo a morte de Pasolini não um combate de liberação, tio fato de que ele é tante fechado e que. até mesmo para o homos- olhos com as mios e com a outra esilei-lIse o
me parece nem abominável, neto lastimável. percebido como algo delinquente. Não vamos sexual mais isolado, forja a imagem social de
Até acho que foi muito boa. Tão menos banal, confundir a autodefesa com a respeitabili- c*sslvete na barriga... e sal corrasdol "Ela
sua condição, A pressão normalizadora ca- Irradiava beleza, .sallcla e loucura. As pessoas
por exemplo, do que um desastre de auto- zaçio. Uma história recente, ocorrida em 1971- minha depressa, mesmo se Paris e as noates da
móvel. Se é para morrer, eu, de certa maneira, l972, a dos "assassinos de Yvelines", alcançou presasses mostraram multo lato e prudiacla.
Rua Ste. Atine não representem toda a França. Evharam manifestar-se. Somaste ma velho
a desejo para mim e para todos os meus grande repercussão. Dois jovens, muito co- Ainda sobram em Pigaile ou nos subúrbios as
amigos. nhecidos nos meios homossexuais, nos quais se amigo C. disse após um momento, despreo.
bichas que gostam de transar com árabes. Isto cup.doi "Mas que garoto!" • mudou de as
Estct'umo sádico? Espero que não. Trata-se prostitulam e onde haviam recebido o nome de não impede que tenha sido lançado o movi-
unicamente de um aspecto vivido dessa história "assassinos", devido a seu tipo á IaleanGenet sento. Libératiori, março, 1976).
mento de um homossexualismo finalmente
de assassinato de homossexual, de assassinato e suas jaquetas de couro, cometeram gratui- branco, cru todas as acepçôes do termo. E
homossexual e que escapa itecessariarnenitc aos tamente uma série de crimes. O assassino é um (Ta.ChO do lh «A C iação Um.....-
analistas políticos, aqueles que querem Lutar personiageni freqüente para o homossexual, curioso constatar ao observarmos os entrudos s,uaf'; soei podø pedi-lo através do nemo rume-
'tsI'á *Óteger os homossexuais contra seus as' tão somente por masoquismo. culpabilidade de publicidade, os filmes e 's'ihih's qsiesaem ., ....

LAI.i()sh 'q5'

**
Centro de Documentação
APPAD
chi
i e
parada da diversidade
*1
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
i • ESQUINA 8
Um novo lançamento 1
Um palácio
da Esqum* a Editora para muitas rainhas
para seus leitores: Sabem aquelas gave*s que a gente abre e as
baratas, oritadinhás, firam desesperadas por
nem tersn um lugar onde se esconder? Pesa é
nitário e jogou-o contra a desafeta (bem. Cristina
agora se chama HuIk, não é mesmo?). Fel um
re-corre dos diabos e até hoje está o buraco do
mais ou menos assim que fica o banheiro da sala vaso no banheiro para confirmar a histta-ia.
debaixo do Palácio do Cinema, em São Paulo, na Algumas põem roupas de mulher, pintura e

,YflÇ -!
r
hora da ovação. isso mesmoe ovação. De o. O
banheiro simplesmente não tem janelas (fica no
P,IIne*TO andar do prédio) e as bichas, muito
atrevidas, ficam mexendo com o pessoal na rua,
vão para o banheiro "faturar". Dizem que coa-
seguem sempre arrancar pelo menos duzentinhos
do bote. As outras juram que é mentira.
Momento de descontração a con tece no inter-

— / Para se vingarem, eles jogam ovos que vão se es- valo da filmes, quando a maior parte doa 200 ou

Ni ,Ir\ trelar lindamente nas paredes do mictório, sujan-


dotados que ali estiverem.
Quem abrir a porta do banheiro leva um sus-
to, tala são os gritinhos histérico s , o barulho dos
300 boles vão mijar, tudo de uma vez. Fica aquele
sufoco no banheiro, com o faca das bonecas, as
risadinhas doa rapazes (geralmente migrintcs).
Muita pequem.
M saltos descendo a escada às c*Sreiras. as portas
dos reservados se abrindo pira os pares fugirem
Na plateia, então, existe todo um código con-
sagrado pelo tempo e pelo uso. Os boles (ou
levantando as calças, enquanto as mais fingidas pretensos, não dá mais para confiar...) .msnm-se

BICHA mostram ar de dó por aquelas que foram atin-


gidas pelos petardos o'wldeca. É um pega prá
capar.
E olha que quem freqüenta o Palá ci o do
exatazacnte nas segundas cadeiras de cada fila. E
as bichas vão sentando nas primeiras cadeiras,
apalpando, tirando opau para fora, chupando ali
mesmo, que importa que veja quem estiver do

QUE
Cinema, na Avenida Rio Branco, o famoso ci- lido, atrás ou na frente? As bichas chamam a isso
nema dos viadca de São Paulo, não pode se dar ao "fazer plateia" ou - tricotar". E cansativo e nor-
,;••__ luxo de ter sustos à toa. De palácio ele só tem o malmente pouco produtivo, porque os que gos-
nome, pois é o mais barato da cidade. E por isso tam as linha platéia raramente sobem até o
mesmo vive cheio, até mesmo nos domingos banheiro para completar o serviço.
Atrás da cortina também fica u ns público es-

Ri
quando casais de namorados (heteros) véem n
Indiferenças a pegaçio de malas e encoxumentos pacifico, durante horas de pé mesmo comos vári
lugares vagos na platéia. E o pessoal do ascos-
generalizados em todos os cantos e direções. São
duas salas — uma pequena, no andar de cima. tamento, que tem preferência pelo roça-roça fur-
outra grande embaixo — possibilitando aos tivo.
(dizes espectadores assistirem a quatro filmes. Na sala de cima existem duas opções: ou fica-
Dois deles, pelo menos, invariavelmente de kung- se nas escadas, esperando que alguma alma
fu. E o que a maioria gosta. generosa faça o favorde se achegar, ou se vai até o
Completando a decoração, muita sujara, as- fundo das laterais, escurissimo, onde nesg a lua
sentas quebrados, ratos que descem de vez em nano filme conseguem alcançar. Ali pode acon-
quando do teto pelas paredes, indo não se sabe tecer de tudo, mas tudo mesmo.
para «ide. Das 9 da manhã à meia mate, todos a Outro fato interessante do Palácio é que o
dias. público que não vai para assistir aos hcrrcaosos
Não é preciso dizer que a verdadeira arte filmes varia pouco. São sempre as mesmas caras,
cinematográfica do Palácio acontece não na tela, revezando-se na diasali
da semana. Tem gente até
mas na plateia, nos banheiros, nos cantos atrás que faz piquenique dentro: levam nu bolsas
das cortinas. enormes desde o papel higiênico e o sabonete
Nos banheiros a.pra existe alguma bicha de (para as abluções Intimas, é claro) até sandul-
plantão. E elas passam horas ali, desafiando o ches. refrigerantes, cachaça e de vez em quando
malcheiro, formando grupos, batendo papo, dis- material ainda não legalizado. E passam ali odia
cutindo, paquerando os que vêm mijar. De vez inteiro. O Palácio do Cinema para essa gente é,
em quando surge um revertério como outro dia, antes de tudo, uma fonte barata de lazer. (Eduar-
quando uma ficou nervosa, levantou o vaso sa- do Dantes)

... .4.

Piadas, historinhas e anedotas selecionadas Cavando ouro em Muriaè


por Francisco Bittencourt. Charges de Levi e Murluá, cidada c a o. meam 70.1 cam água ia boca. Mas asas
Hartur. O livro mais engraçado do ano! haiaa..,, locallasda na Ziaa da Matada Mina.
G.uls, é ma lugar wilm i mínu íme . d$tko No
pssIasla amo .s pe,.ltfra comdasr .l
p.quha liv. qu. Ir para . 1kdi.l, No palco
Já à venda no Rio, S ão Paulo, Brasília, Porto
Alegre, Recife e Salvador: procure nas bancas
onde você costuma comprar o seu exemplar
asso
inicio do inia da saio fel realizado o X F.tival da
Canção daquela região. Fui convidado para par-
tldpar do W. q.. aceltel. S..prs th's
cirlesidade da co ~ o lugar, riam no fundo
t — para do.cobilr ~iiii Nov ias ^
dais miu barbaridade de auaga. . de linda
asiedc.. Qes alegro as. d& Não pcach.
dlmir «ah mido, afio é, qu.uiahas?
No outro diás. as seguida .btárla do 1..
ti,.!, fui «ala cedo par, o cro da cidade, &.
de Lampião. gani. Cenfeso quis ao islefo flqnd iam po.c'o as- .*bado Al, quais cal duro. Go, o que tinha de
auetado, Caleuiel que teria de pegar Inha ia. aapstb e espaltabos nas rues as de doirar.,
Em outras cidades, atendemos pelo reembolso da coo e dar tr aa do Rio e São Paulo coes água na boca.
postal. Faça o seu pedido à Esquina-Editora cabs par, •e trio.focisar na. bailo, Ponseli Eras as em~ asila lindas de paréqula. Todas
dava a bana ata cidade do buarior da bises • badalando nasa boa. Algumas de a
(Caixa Postal 41031, CEP 20400, Rio de Ma. Afluel • TFP abunda por aquela. bandas. dides em ias casinhas. Nas das grupa vi
Vil à luta. Lego que chego na cldads procuro glias tro, inchinhas tota$o.esst* integradas cas
Janeiro - RJ) Apenas Cri 200,00 seatir — cheiro de pegação Não coralgo Toda o.uer; parecia ma verdadeiro c~ guel.
na maior ,siodaás pasivel. Nenhuma lo., gont., ma relação ao festival, paso
pintas andava pela, rues. Ftquni triste. Pas dizer que (duas gliofa total. O vencedor fel —
talveir no f.dvsI apareça algas, aadge. conjanto do Rlo Grande do Norte, cuntaisdos
A p,baám sibuinatinla do festival estaia .ádca "Varandas e Qubstala", que relata a vida
marcada para cas.r às 21 bcius. (lego 'at- do i terior do Nordati. O segundo lugar
Se vOde pedir outro livro além de uo cro da ddade á procura d.euporada de
síma malga. Olho para cá, elba para M . nada.
Oco. co. Forró Forrado", daio.da pela ci-
dade d. MiriM.
A BICHA QUE RI Porra, primo .o,... .á quo esta cidade é
'ana'asl'? E fel uma «ato .as.o que vejo
Como de costuma, «at-bsdalaç'es. aspi*
tue alituíma que procura botar l na Ioguslta.
waia cWum bkaha, toda 1.1k da vida, das- Des*a Ta fel o celeguinha Roberto Moura, do
ganhará um desconto de 20%. iãando com sim «ah sas .odsftto. Ufa, digo
para .1k eseso, Duna não abuedonon «ata
Potq.1k, que lar o a.gilut. c.otárIo. "Co.
nbsço este festival bé amos, ele é álinio, «a, o «ai
mmi difícil. Rap*dao.ta falo cas .1*. Purgasito é que k .in."É claro qu. Os
sstaaigu. um c*.ndalo • lhe ruspiasiO que e6 nós sotasa
Peça agora! tses «bases. "§~ —ew ocupando o espaço musical é porque para a
1 — tida *- .." Piquni maioria que compra discos, a nossa .doc, é
Mas
lego Pacebi quo a pegaçio as feita à «ada .*or. O que Robesio tess que o.gcllr em 9111111
a; falando poncos traa.a.do «alto. Fiquni asboamarnio.., (Ad1oAcuta), .-, .
LAMPIAO da esquina Junho de 1981

Centro de Documentação
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associação parafl.tt'ust
d iarada da dis o'rsod,ido -
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
y^, :

g ENTREVISTA.
Estrelas brasileiras em Paris
Zé Fernando - O Rolando aso das. isk 14
tenho até vontade. Queria ter coragem porque eu
aios, quando lIzi.os teatro fumos, qus o que vejo tanta gente se virando. Brasileiro é fogo. Ele
sia gostar asisaso de lazer ira cantar. Ser Ele. são Les Etoiles, as estrelas brasileiras de Paris: os Únicos;
artistas brasileiros que realmente fazem sucesso na Europa, já que se vira mamo. Vo ré gente que está lê morsa-
vouhsddo do pisb&o braalWro aio coem ator, do «o apartamentos luxuosisaimos. Como é que
asas como cantor. E hoje — &a sà ê i, em lã, gra arani vários discos e têm trabalho para o ano inteiro. pode, não trabalha, se vira... As vezes são pes-
conhecido cemo cantor, .ak do p/.blko lr.a. '1 auto que, quando vêm ao Brasil, é de férias, como aconteceu soas bonitas ou têm atributos maiores.
li.o foi boas par. voe? E Ugal? Vock aio
preferi.xa ter saido daqui COiLhSddOI?
agora ha pouco: Rolando e Luís Antônio íicàram alguns dias no Rio, Aguinaldo - E nas. lampO todo, rock
li/eram dois shows improvisados - um no João Caetano, outro no dreraa mais tramas coas brasileiros ou co
Rolando - Bem, acho bom na medida em
estopas?
que nada 1 ot programado., Não nas propomos Carlos (iomes -, e voltaram para os seus compromissos Rolando — Mais com europeus. O. brail.
sair daqui e rasurar um trabalho na Europa. Foi europeus; famosos lá. mas ainda praticamente desconhecidos aqui. leitos sempre estio de passagem.
tudo coiuddancia, O que e unia pena, porque - não apenas por causa da purpurina, Zé Fernando — Coapleusantandoi os dois,
Aguinaldo — O Luis Antônio fé tinha em
carreta asais ou emnos Inícindia aqui no Brasil. das plumas e dos paetés - os dois são bons mes-mo. De qualquer ali.s de boas cantores, são cons$erdos ai duas
modo, esperando que alguma gravadora se lembre de importar os melhores camas briaileiuis Paris.
Era um artista jécnnh.ddo.Jénofinal, antes da
Rolando - Inventando isso agora...
Ida para a Fiança. sie fé tinha am tipo de discos europeus da dupla, a gente fez uma entrevista com eles Zé Fernando - E avulto comum o utisia
.pras.asaØo bastant, solto. Vock oram aqui na Redaçiso: ouçam l.es Etoiles. brasileiro lazer uma aprtação qualquerreta
'ar. a Europa wan que ano? Paris • sair dizesdo que es sucemo. V"a sai
Rolando - Em 112. Eu tal em junho e o que
Mo sucesso. A Elobsa sipre dli que vocês
Luis Antônio em setembro. são eonhscldos Paris pelos franceses. E. 75,
Luis Amônio -. Eu integrava um conjunto, testei assistir a uma aprtação á. vocêsina
o Som livre, depois conhecido por Aquanua.
uma boate 5 não consegui, Bem, você. poderia.
Rolando — Desse grupo saiu também o Bur- dizer quem ruabaiaste las sucesso em Paris?
nier, que hoje tem um rabslho conhecido. Paz Rolando - Milton, Caetano, GuI. a Maria de
trilha de novelas.
Nazaré. A Maria de Nazaré faz um sucesso in-
Aguinaldo - Vocã ara do MAU. Movhe.
crivei. Está
Es vendendo muito disco,
to Artístico Uelatdtôr$o,..
Zê Fernando — E rerda4s que a Rita. Nu.
Rolando - Sim, foi quando eu me prol ii-
-'a não as e~ na França por c~ de
nonalizei. Era do tAU, que tinha também o as)., a Olilia?
Gonzaguinha. o Ivan L ins e um programa na TV
Rolando - Mas as duas sempre vão li ao de
Globo, o Som Livre Exportação. Depois cada sbopping..,
um foi por um caminho. Eu cheguei agravar um
compacto pela Fonograni. mas logo em seguida, Aguinaldo — Vocês acham que a cabeça d.a
apareceu um convite para a Europa. Fui com o pessoas no Brasil avançou?
Roonie, que trabalhava no Bossa Rio. Os can- . Rolando - As coisas me parecem cabticai.
tores do grupo eram eu e a Marli Tavares. as veres você encontra gente com a cabeça feita e
Viajamos um ano pela Europa. Quando ter- às vezes encontra amigos que já tiveram cabeças
minou o grupo, eu pensei: "vou ficar para ver o feitas e não ulan mais. Mu quando viemos ao
que acontece". O Lula Antbnio ficou 1k também Brasil, não salmos do Rio. E viemos sempre no
depois que o seu grupo acabou. Por coinadén- serão. Eu estou a tini de passar o Inverno aqui.
ia, acabamos trabalhando juntos. Aguinaldo - E o visual das pessoas? Esti
Aguinuldo — O emuatio áe rock he foi melhor? Este pior?
pi, saio? Rolando — O visual também tem a ver com a
l. — Por acaso. A g.nte atar, ias cabeça das pessoas, com a fase que o pais este
Barcelona e fomos assistir a um amigo cantar em passando, com o poder aquisitivo.
uma bois.. O dono da boist petilu que nOs em- Atccete — Si você tivesse 4e fizer em
tíasemos, primeiro separados e depois juntos. anilha do Brusã a partir do visual da. pasmes, o
No fiou, eie falou conoaco: "gostaria lauto de qu. dela?
ter rock aqui, pena que sejam tão caros'. Eu Rolando — O corre-onere é tão grande que as
disse: "Bati, podemos conversar". Quatro dias pessoas não têm mala tempo de se olhar no es-
depois, cameçimna a cantar. E não nos isp.. pelho e cuidar do seu visual, de se transar. As
ramas mala. Depois, agente recebeu um convite pessoas alão batalhando multo. Salvam-se
para Ir a Paris. Inicialmente, não querlamos lar- apenas as pessoas de maior poder aquisitivo, que
conheço quatro ou cinco trincas, que passara. a mesma. Não houve mudanças sIgnIfIcatIvas em se podem dar ao luzo de fazer um modelito e sair
par Barcelona. pois preparávamos o nosso
a gostar de asissica lira~ par caem de v~ termos de estrutura. Acho que só ganhei um b rua. E .&época que eu venho é sempre verto, é
primam disco. Mu a gente acabou Indo.
Rolando - Antigamente, a música brasileira sotaque. muito colorida.
Irfansos ficar 15 dias e depois voltar, Nada.
estava muito dividida. Muita gente gostava de Zê Fernando — U coisa que . surprus.- Aguinaldo — Nbs mentirias~o
Ficamos de ver.
Aguinuldo — Quando si sueiserareas, rock jazz e também gostava de musica brasileira, mas á= no psiáculo que rock fixem, aqui no Rio, C*~logo que chego. ao Brasil s de nos coo.
______ la não conhecia Cartola, Clementina. Gastavam de foi. resç*o do péb&o. Tsre muRo ui-ui. Brin. lo. que ~%, certa res, quisaum fazer um show
amã lerem vistosa deis ap.....ui.r
diridanheenis ou isso E~ do emostio á. uma musica brasileira mais sofisticada, a que cadeirinhas. Vocin brincara, até um pouco la.. para os aMado. e que houve, catre os erásdo.
passou pelos Estados Unidos. b. — Psrls, umu minoila é claro, u la
'o'.?
]Ri~ — Risa trunasØ.o visual sempre Zé Fernando — O jornal IA~ Hora pe. Lula Antônio — Mas isso é o entusiasmo das contra-
blkou uma mati.fa sobre rock e dbs.t "o pessoas que querem participar do espetáculo. Rolando - Eu tomei conhecimento dama
aconteosu, paralelamenta. No trabalho do Luis
travesti Luís Antônio". Eu percebi que o Luis Rolando — Se fosse um ui-ui agressivo a gen- história atravésdo livro do Osbà.ra e eu adiei
Antônio e no meu. Tinha sempre uma pili
Antônio lk'. Indignado. Por riste te seria o primeiro a se tocar. que ele tinha inventado.
aqui, um nego ali.
_____ v.'. Luis Antônio - Ora, o palhaço anda ma- Ake,te - O que fariam? Aguinaldo — Mas rock fiz~ o sisose?
Agulnaldo — Q ue to 1e asai as. quilado e ninguém diz que palhaço é travesti. O Rolando - Eu soltaria a minha Pomba Gira.
nmt Rolando — Nada. Nós não fomos sequer
fato de se maquilar não significa que voe* seja Lula As~ — Em Paris, se s,contsa de comunicados.
Rolando — Tudo que dê na veneta. Mas
somente musica brasileira. De Anis Valente a um travesti. Qualquer pessoa tem o direito de uma pesio& soltar genta sabe do LulaAntbnlo— Foi uma coisa entre eles. Eu
Djavan. Gravamos 1'. LPa e dois compactas. colocar em cima o que quer. Não somos traves- onde vem, manda parar o ahow diz assim: "luz não conheço nem o Osbelra.
Lula As~ — Gonasguinha. a gente lan- (ia: somos duas pessoas que nos maquilamos 'naquela mulher. Quem é a senhor*? A senhora Rolando - A histbna que me contaram foi a
como queremos. Ë uma opção. tu o qub? E de onde? Bate gostando do api- seguinte. Eles queriam fazer um espetáculo para
çou 1*. Joyos, Lo, Brandia, Casaria, OU.
Mário Vali. — Vo'. 'o dois In, pláes — Mário Valle — Mas você Luis Antônio, lêculo? Não, não alt gostando. Então eia vil a anistia. Um espetáculo musical, uni show. E
Paris . sê canto. iselca hr.a iam pa como trav.d, p~substituir a Eády as. sair. Não rei meninos? Se eia não asir, não con- como ubs somos as figuras mais populares au
t~Por qs .adsaaa., o a Lu b~ Fresades. tinuamos o sbow. A senhora pode receber da música brasileira em Paris, alguém propôao noe-
Luis Antênio — Não fomos nOs, foi o Rolando — E ela poderia substituí-lo , taro- volta o que pegou, mia vai embora". E coloco. ao nome. Ficaram de nos escrever, mas até hoje
público. Eramos conhecidos por Rolando e Lula bém em nossos shows. ela pra fora, não chegou nenhuma carta ou telefone. No dia
Antônio. Mas o pbbllco passou a nos eh.., Lu Mi —a es st.vasis hui..&àas Pui? do espetáculo, houve certa indignação por parte
Mário Valle — Em conheço o Luis Antônio de
Etoiles, carinhosamente. A gravadora gostou, ____ — Não estou por lentm. Nba, fi- de algumas pessoas quando não nos viram nos
velhos carnavais. O Luis Antônio em aqusia
todo mundo adorou e acabou ficando. "Vo'. xemos uma temporada uma ver um teatro 'do apresentado. Quiseram uma satisfação entre eles
garotão careta, que cantava 4. &e~s (tu- mesmo. E alguns disseram que era um movimen-
nasceram estrelas mesmo", diziam. vadeias 4 NMi N.. De —.. P1plle localizado em 4uma rua que eb tem
travaria brasileiros. De vez em quando a gente to político e que não devais ter homossexuais.
Francisco - Mas, pelo que
Francisco w~o ip.rucs d. brinco, Il an nos ' is, colar. Is-
via um deles na platéia. Na salda ou quando Mas isso é uma história deles, que começou com
péblk'o de aat Paris é mala brulleit, que ao tolos r 4. Paris?
chegávamos a gente escutava um gritinho: "ti eles e morreu com eles. Se o Gabelra colocou no
Ira". Luis Antônio — Foi a minha cabeça que livro, eu acho Ótimo porque o livro teve uma
mudou. boa santa?"
Rolando - Absolutamente. A gente teve um ótima vendagem e todos ficaram sabendo que
A,,.IIn - Nele 4 . .. 1. - Zé Fernando — E .picsfr..'.?
110 nosso ii USSCU U UI.AI. t W.J --
SC
,.
existe o Les Etoilca.
colocou a palavra Brasil. Quando chegamos em tad.do Rua na quela época? — -- - Rolando - As veres um ou outro joga um Aguinaldo - O Gabsira dl multa Imponha-
Paria, a música brasileira não estava bem de- Luis Antônio - Não, naquela época me sen- bilhetinho com um convite. Casais principal- cia ao lato porqu@ acha que, graços a rueição
finida. Os mala intelectualizados achavam que tia a vontade porque era careta. ora. Agora eu mente. A mulher chega começa a cercar a gente, diis.s pessoas s vocês, rejeição de uma minoria,
era música de protesto e o grande público pen- sou assim. Eu colocava gravata porque tinha de fa=do jogo porque o marido está afim. Casais poda se discutir, pela prha*s vis: suti. os
sava ser obs-oba. carnaval. Muita gente que não cantar no Silvio Santos. Hoje, quando eu coloco que, afinal, não são tão casais assim. exilados, a quatio da .esuallded..
gostava de musica brasileira passou a gostar por uma gravata é que eu me sinto travesti. Zê Fernando - E rock numa tlzem ne- Rolando — Isso é muito importante. Além
causa da gente. Alceste — E coa relação a você. Rolando? .bu trabalho paralelo? do fato de aparecer no livro do Oubeira, o que eu
Francisco — Altos, a b da vdads, Rolandoa — Acho que minha cabeça continua Rolando - Imagina. De vez em quando eu acho um luxo.

Junho de 1981 k' " ' " - " ' '.-.. LAM4*IAO da 'esqtisna

**

Centro de Documentação

E]
APPAD Prof. Dr. Luiz Mott
da parada (ia dut'r.id.tdc' GRUPODIGNIDADE

• PORRADA lo

Viado gosta de apanhar?,


A frase, utilizada em todo o material de assunto muito mais abrangente (no qual, diga-se
promoção do filme CrMIug (Parceiro, da de passagem, o filme toca muito de leve: apenai
NcjW'), falava de "uma isca homossexual para sugere): de no o ideal machista da virilidade
atrair o assassino". Homossexual? Para as 1,1- levado às últimas conseqüências (mesmo pci
dsinhas brasileiras, cujo sadomasoquismo nunca homossexuais) se transforma em perversão. Para
vai além das estocadal verbais que costumam aquela parcela de homossexuais mostrada em
trocar entre si, os homossexuais do filme já Crvlalng (vide o artigo abaixo de S.eour Kl.Ia-
pareciam suficientemente exótica o que dizer em sua insensível busca da masculinidade,
doa hetero, então, qucedignaraus a ir ver o filme "não há limites: as mais opressivas imagens da
atraídos pelo tal .logsa? vsoléncsd e dominação sexual aio adotadas sem
Afinal, não é de homossexuais que Curlalg hesitação"; inconscientemente, num ritual de
está falando, mas sim, de uma parcela bastante granel gulgeel, eles reproduzem entre si. os
especifica da homossexualidade, tão especifica padrões com os quais a sociedade heterossexual e
que só sbrevive, daquele modo - digamos assim machista sempre os reprimiu: e ao acreditar nes-
- tio comunitário, em dois quarteirões de Nova tes padr, eles se transformam em perigosos
lirque: é o quartel-general das bichas de czmrct aliados daqueles quem castigam.
homossexuais que, desdenhando a versão ea.p
do hosnossexuallsmo que prega a reprodução, de O filme de Friedkin levanta a pasta dessa
forma caricaturada, do ideal que o machismo ex- questão, mas não o faz intencionalmente. Na ver-
abeleceu para o feminino, adotam a postura dade, o diretor (que é também o roteirista), mes-
exatamente contrária: a de reproduzir, em seus mo partindo de um livro muito interessante (de
gestos. e na maneira de vestir, a virilidade levada Gerald Green: já há tradução em português), não
às últimas coineqütncsas, até torná-la, igualmen- foi tio ambicioso quanto, por exemplo, em O
te, uma caricatura da caricatura. Ezorclu*a; limitou-se a fazer uns thrllkr, que ten-
Aqui no Brasil. por exemplo, eu só conheci ta se sustentar na rigorosa Iaen-icene para
uma bicha de couro, Morara alguns meses nas driblar as falhas do roteiro (o modo como o
Estaccs T i nidos, e era conhecida como Bunda policial chega ao assassino, examinando o álbum
Loura (di'iam as más línguas que suas tendências de fatos dos alunos da Universidade deCotúmbia,
anericauLiIis levavam-na a oxigenar até os pela por exemplo, é de uma pobreza de fazei' dó...).
co traseira..). Uma verdadeira figura, a Bunda mas nem mesmo por este caminho consegue ir
Loura, a desfilar de vez em quando pela Via Apia muito longe, a não ser quando as preocupações
com seu blusão de motociclista e suas botas de "documentais" da câmera cedem lugar ao modo
vaqueiro, a provocar muxoxos de desdém das voyeisrls*a cano ela passeia sobre alguns corpos.
bichinhas pintosas. que achavam toda aquela ou sobre algumas situações (a rápida sessão de
tnachice altamente suspeita... ftai-fu&lag), por exemplo.
No caso de Crulalag, aliás, o primeiro mal- No fim, quando o policial, mocinho e bem-
entendido foi o movimento guei norte-americano, pensaste se transforma finalmente numa bicha-
que, ao iniciar uma campanha contra o filme - macha, e está, desta forma, capacitado para
segundo eles. "Parceiros da Noite" iria provocar matar (e as tais "opressivas imagens de violência e
urna onda de violéncia contra homossexuais nos dominação sexual" de que fala Kleinberg são
Estados Unidos -' lhe deram uma notoriedade reproduzidas, de maneira exemplar, no duelo a
que só serviria para prejudicar o movimento: faca entre a bicha-macha-policial e a bicha-
quem tinha alguma curiosidade em torno do macha-isssassina. a gente se pergunta: POrQUe
mundo guei. tratou de ver o filme tão badalado e tanto barulho? Para mim, os ativistas gucis norte-
saiu dele uma noção errada sobre este mun- americanas cometeram um grande engano, Par-
do. ceiros da Noite" não é um filme sobre a homos-
Além disso, ao centralizar o debate nessa sexualidade, e sim, sobre o machismo. (Agulual-
questão, as bichas americanas o desviaram de um do Silva

Uma visita ao QG
das bichas de couro
No inicio de maio deste ano fiz uma visita ao quebrar o ritmo de sua dança, ele salta para o ar e anos, muito pouco ele ainda não experimentou sucesso. Corpos musculosos laboriosamente cul-
Anvil Bar, boate guel de Nova lorque Há multo passa quatro cai cinco minutos balançando-se ou sexualmente, sendo seus gostos já tão pervertidos tivados durante todo o ano parecem ser o padrão:
tempo queria descobrir se tinham fundamento as passando de uma barra a outra com o maior quanto pode imaginar a Civilização ocidental. a agilidade atlética e cheia de juventude é o estilo
noticias escandalosas que ouvia e seu respeito. Eu desembaraço. Terminando a exibição aérea. Parece difícil acreditar que este rapaz de rosto adotado por todos.
não tinha o indispensável cartão de sócio, mas um pousa de um salto novamente no balcão do bar e suave e corpo de nadador leva uma vida sexual Mas o fato é que falando-se, dormindo-se ou
emibo apaixonou-se por um &"o-bo' da casa, continua a dançar, como se nada tivesse acon- mais radical do que qualquer coisa descrita pelo fazendo-se amizade com estes homens verifica-se
tornou-se sócio e me levou para conhecer Daniel. tecido. Daniel nunca caiu (é comum que outros Marquês de Sade. Sua vida, descrita por ele mes- que os problemas são as mesmos: infelicidade no
A boate realmente faz jus à fama que tem. Os quebrem o nariz ou fraturem um braço), muito mo, parece um interminável filme pornô. mas os amor, sdidào quando não se está amando, frus-
rapazes dançam ininterruptamente em cima do menos cm cima de um doa clientes. episódios geralmente deixam o interlocutor obs- tração e ambigüidade no trabalho e um monu-
balcão quadrado e se despem mesmo, como me Sua outra especialidade consiste em recolher truldo de julgamentos morais. Embora seja pos- mental egotismo que exarceba o resto.
contavam. Numa sala atrás, reluzem Qmti- com as nádegas os notas de um dólar ou cinco sível excitar-se eroticamente ao ouvir suas aven- O que entretanto difere de tudo mais é a in-
nuamente numa pequena tela rilminhos por- dólares que os presentes mais entusiastas lhe es- turas, é difícil julgá-las sem se sentir muito sensível busca da masculinidade. Não há limites:
nográficos, cujo principal espectador parece ser o tendem, entre os dentes. Seu traseiro irrepreeu- pudico. Os padrões morais convencionais, no as mais opressivas imagens da violência e do- -
próprio projecionista, que os observa com um ar stvd baixa, sempre ao ritmo da música, até oras- caso, passam fàla tangente, e os psicológicos se minação sexual são adotadas sem hesitação. Os
hipnotizado. Um cubículo de escuridão absoluta, to estendido do cliente, e chovem aplausos quan- mostram irrelevantes. A pessoa que o ouve não homossexuais 5 que adotam imagens de mascu-
mais escondido, é popularmente conhecido como do o dinheiro desaparece entre suas róteas e fica chocada, mas antes intrigada, ou talvez bes- linidade que veiculam seu desejo de poder e sua
o hick-roem. No meio do salão principal *se um enrijecidas" bochechas". tificada. Acima de tudo, este rapaz encantador crença na beleza, estão na verdade erouzando os
palco elevado a cerca de metro e meio, «ide se Daniel parece um atleta universitário ou um pare alguém muito remato. mesmos valores da sociedade stralghs que tira-
realizavam demonstrações de fl.duddag às três trabalhador da construção civil, os dois tipos mais nizam suas próprias vidas. £ a tensão entre este
da manhã, caso a platéia evidenciasse entusias- «is voga ultimamente. Quando está vestido, é Uma vez que se vai ao Anvil, ou a tantos estilo e o conteúdo de suas vidas que pede a liber-
mo: mas estes espetáculos espontâneos foram com o uniforme do momento: camisa xadrez e lugares semelhantes, o que se pode fazer para tinagem sexual que exibem. Antigamente, a
cancelados quando começaram a atrair "turistas" jeaas - ou um simples macacão, se estiver multo compreender este espetáculo? Ata, como eu duplicidade das vidas escondidas encontrava
de outras discotecas. Agora, o palco é utilizado quente - e botas ou sapatões de operário da mesmo, são evidentemente apenas a audiência de alivio no comportamento efeminado excessivo e
pelos freqüentadores, que se exibem em variados construção. Com os primeiros sinais de frio, é um drama que só os próprios intérpretes enten- caricato, agora, a supressão ou negação do
números de dança á luz dos refletores: de univer- obrigatória a jaqueta de couro. Nisso ele écomoa dem. A intuição não merece confiança, e os jul- problema moral implicado cm sua escolha é
sitários e quarentões, dos prcílsalasals (de tudo) $ maiot- parte da c1lentel. gamentos fáceis nos fazem sentir como turistas. muito mais nociva,
amada-es. Há tipos para todos os gostos, e alguns Ele é ainda bem representativo de um dos Mas, queiramos ou não evitar os julgamentos de esta a mensagem central do mundo das
para nenhum, Sempre há rostos nm e a tipos de clientes pci' ser um masoquista, um "es- vala-, uma coisa é certa: a atitude predominante é bastes machistas: a masculinidade é a única ver-
cia é bastante liberal para permitir que qualquer cravo' que só dorme com outros homens se tiver s de urna estudada masculinidade. Nada de das- dadeira virtude; a demais valores são despre-
um com um corpo razoável faça o seu número. permissão de seu "senhor" (que o instrui a cobrar munliecadas ou requebros excessivos. A maneira zíveis. E a masculinidade, no caso, não é alguma
Sempre aparece alguém que estudou dança e é in- altcl. Embora o masoquismo de Daniel assuma de andar, de falar, o tons de voa, u roupas, a noção filosófica ou um estado psicológico; não es-
gênuo o suficiente para deixar liso bem evidente, cata-nos pecuniários, ele não é realmente um aparência geral são corretíssimos: estamos ais tá sequer vinculada moralmente ao comporta-
sendo Invariavelmente o menos apreciado pela michã, pois não liga para dinheiro, guardando terra de machos. Estamos num lugar rig~ mento. Ela redunda exclusivamente da gis-
platéia. apenas o de que prsa para suas roupas e ba- onde o individuo se destrói em ritual de humi- mutuação da faça física.
Daniel, o caso do meu amigo, é fora de série. dulaques, para o fuminho e o pó. Ele dança lhação sexual. A idéia da masculinidade é tão conservadora
Ele é um dos pouca capazes de fazer uso do freneticamente quatro noites por semana e faz o Na yerdade, os jovens homossexuais parecem que quase ,chega a ser primitiva. Que os honsos-
trap&lo preso ao teto com habilidade, Sem que lhe mandam porque acha excitante. Aos 22 ter abjurado o efasninamento universal sexuais se sintam atraídos por da. achando-a

LAMPIÃO da esquina Junho de 1981

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Centro de Documentação FK.d
APPAD
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da pa r iii a (1 .5 (II \ ( III .1(1
*1•
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
11 PORRADA •à
gratificante. não chega a ser urna surpresa.
Existe uru erotismo especial na experiência de
fingir degradar-se, e este erotismo não é de forma
alguma raro no comportamento sexual adulto de
qualquer tendência. O homossexual cujos sen-
timentos eróticos aio exaltados pela ilusão de que
o parceiro o despreza, que se emociona quando
lhe dizem que seu ânus ou boca parecem uma
vagina, está envolvido num complicado processo
de auto'ilusão. O que parece ocorrer é uma
variação homossexual do masoquismo: o des-
prezo do parceiro .lralght provoca o auto-
desprezo guri, que por sua vez é explorado cosmo
afrodiaco. É menos clara a razão deste processo
do que o seu funcionamento.
A complexa vinculaçio entre a necessidade de
degradação e o excitamento sexual - que co-
meçou a ser explorada par Freud há mais de 80
anos - parece mais freqüente em sociedades
avançadas, onde os costumes sexuais são liberais
ou ambivalentes, conde é muito sofisticada a vida
àusl, Em nossa tpoca, quando as mulheres
redefinem seus papéis e imagens, os homens
derem fazer o mesmo. Embora os homens
~glitit definam suas idéias segundo uma série
de paràmetros (força. realização pessoal, sucesso,
dinheiro, dois deles sempre se manifestam: suas
atitudes em relação às mulheres e á paternidade.
Não é mera coincidência que numa mesma de-
cada se tenha, por um lado, popularizado a li-
beração das mulheres e o conceito de que a la-
milia nuclear fracassou, e, por outro, tenham os
homens voltado a um estilo andrógino e de ca-
belos longos. Se as homens air.Ighsa ruão cosi-
fusos quanto à sua masculidade, qual o dilema
enfrentado pelas guris, que quase sempre pouco
mais fizeram que imitar suas idéias?
Não é acidental que o comportamento ma-
chista se destaque sempre nos bares e locais guris
dos quais estão totalmente ausentes as mulheres.
Enquanto ali se encontram, os homens, natural-
mente. estio vivendo como se não houvesse
mulheres no mundo. Esta ilusão é útil. Ela per-
mite a alguns, depois de uma investida pelo fue-
klag-room, escapar do sentimento de culpa que
decorre do desprezo universal pelos homossexuais
que se comportam sexualmente como mulheres.
Se não há mulheres no mundo. alguns homens
mplesmrntc têm de substituí-ias. Ausente qual-
quer sentimento de realidade das mulheres, o fato
de ser sexualmente ativo ou passivo deixa de ser a
virilidade que não questionam e o desespero por sobre a criação de filhos. Qualquer questão O principal argumento da campanha "sal-
grande questão.
não terem aparentemente alternativas, os gueis política fica muito mais séria quando se levanta o vemos nossas crianças" é que os homossexuais
Na verdade, muitos homens de aparência ex-
exorcizam sua frustração através do conpo'- problema das mulheres e da maternidade. Dessa deveriam voltar a se esconder. Isto resolveria o
tremamente viril são os mais liberados na cama,
tamentocamp. Nos Estados Unidos de até alguns forma, não apenas a criação dos filhos, conto problema dos .tralghls, já que o que aterroriza é e
os menos presos a um papel.
anos atrás, não era esta uma maneira particular- também a aposição ao aborto obtém um apoia que se vê. Sei- guei sem arrependimento, culpa ou
Quando o chamado cosnportamentoosp. de mente eficiente de acabar com a opressão. mas que intriga os liberais dos Estados Un1os. O que vergonha, é mesmo que demonstrar que existem
efesnínamento extravagante, começou na década pelo menos um velado desafio, contra uma so- estas questões têm em comum é a tefftativa das alternativas viáveis para estilos de sexualidade.
de 50 a liberar muitos guris da raiva contra seu ciedade que os humilhava. mulheres de se libertarem dos papéis oralven- Mas a real alternativa para as crianças não é
próprio modo de -.ida às escondidas, tornou-se Um número cada vez maior de guris ame- cionais, e basicamente dos que representam como necessariamente a homossexualidade, mis a
também uma arma, além de uma critica. O com- ricanos recorre ao termo - feminista- . - com res- mães. Esta liberação constitui a primeira onda: a rejeição de velhas verdades sobre masculinidade e
portamento de imitação grotesca cxi ridícula tor- peito a si mesmos, à medida em que reconhecem segunda, muito mais perigosa, está sob a super- feminilidade.
nava evidente a intenção de criticar atitudes o que há de comum na opressão que sofrem os fície: ela exige que os homens se liberem também Ironicamente, os freqüentadores do Anvil não
sexistas. cxi posições que as mulheres assumiam homossexuais e as mulheres. Se as mulheres, no de suas idéias, já que is principais ideias sobre a rejeitaram rim absoluto, essas swdadss. Sus nova
ou eram obrigadas a assumir de tal forma que a passado, provavelmente se desprezavam menos masculinidade sempre estiveram relacionadas às pseudo- masculinidade é uma resposta direta às
feminilidade, artificialmente exacerbada, as por serem mulheres do que os guris por serem nunca questionadas responsabilidades dos ho- confusões de uma sociedade que se
privava de sua humanidade. Por isto é que as homossexuais, isto acontecia em parte porque as mens como maridos e pais. aventura no terreno da redefiniçio
feministas censuram travestis e bonecas que ain- mulheres eram recompensadas por sua submis-
da tentam ostentar os escravizantes emblemas do são, não experimentando, por outro lado, o sen-
passado. Esta censura seria válida se fosse sincera timento de lei-em traído o seu direito à proge-
a imitação dos travestis. Mas estes não têm a nitura. Os homossexuais geralmente desistiam da

E mais caro
ilusão de que são mulheres: só com os que já paternidade e de outras prerrogativas, muito
beiram a loucura isso acontece. Os demais têm freqüentemente sentindo-se por isso roubados.
um compromisso com a ambiguidade: não são Eles trocavam o simplicidade de serem apressares
neta homens nem mulheres, e raramente an- fálicos por vantagens muito mais duvidosas,
dróginos: a essência de seu comportamento é ficando patente a sensação de que haviam traído
neutra. seus mais legitimas interesses. A medida em que
Quando um guri dii a outro: 'Roda logo essa
baiana, boneca!", está na verdade zombando
mais e mais guris percebem o colapso das idéias
convencionais de masculinidade, torna-se mais encomendar serviços gráficos a improvisadores
da pretensão, do excessivo pudor cxi do engano
sobre si mesmo em que incorre o outro. O co-
fácil para eles esquivar-se ao fútil sexismo que
partilhavam cosi os homens heta'cssexuais.
que lidar com profissionais responsáveis!
mentano. querendo lembrar que o companheiro
de bichice não passa na verdade de uma mulher, e
Infelizmente, os heterossexuais apegam-se
com tenacidade cada vez maior. às suas defi-
Você precisa de qualidade e rapidez para
provavelmente em posição de desvantagem. pode
não ser politicamente louvável, mas por que
nições sexuais. A campanha para "salvar nossas seus trabalhos de diagramação, composição,
de'sesiam os guris ter um especial nivel de txms-
crianças", par exemplo, manifesta claramente.
através da hostilidade e da fobia que transmim o titulagem, arte-final e planejamento.
abtcaa sobre o sexismo? Pelo menos eles têm um
inegável faro a esse respeito: eles imitam as
medo de que algumas crianças estarão "perdi-
das". perdidas para o patriarcado, para os va- Traga seu balanço, ata, livro, revista, jornal:
mulheres por comprecricímern que são vitimas das
mesmas idéias masculinas sobre a sexualidade.
lores do passado, para a perpetuação das idéias
convencionais sobre homens e mulheres.
a execução é conosco!
Gerações inteiras de mulheres se definiram se-
gundo os termos masculinos, e os homens fre-
A suposição de que a heterossexualidade é in
trinaccamente frágil, de que o mero ccuhecimastc
Contamos com gente habilitada.
qüentemente parco= aceitar os mesmos valores.
Mas também existe neste tipo de cxnpor-
de que algum professor ou qualquer pessoa é guri
automaticamente seduzirá esta ou aquela criança
Nós resovemos!!!
tainenlo um dolorido reconhecimento de que não decorre do pinico sobre novas idéias sexuais.
podem atender às expectativas. Eles não podem mas, sobretudo, sabre a identidade das mulheres.
ser homens no sentido em que os heterossexuais
definem a masculinidade: acima de tudo, não
Grande parte da atual onda de veemência quantc RUA LAPA 180 506 507
à defesa das crianças reflete na verdade, urna in-
podem ser homens porque não dormem dignação muito mais característica contra as
RIO DE JANEIRO
mulheres que geram filhos. Entre os valores da mulheres, que tratam de reavaliar suas idéias 2522916 2220483

Junho de 1981 LAMVIÁO da esquina . .. -

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APPAD
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da tlis't'rrd,tUc
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
j • PORRADA 12
da aexualidr4e. Mas é, á sua maneira, tio res -
ckmârla quanto a histeria da campanha 'salvemos TLodoci - Jogo de búzios
nossas ersança s " - 1 Marcar entrevista - Tel.:
O que é triste sobre os homens dai jaquetas 6e
couro é que a passagem pari o lado do Inimigo [ 351-8489
aio os livrará do opróbio. Quando chegar o dia.
eles estarão entre aqueles que a Klu Klux lias
ataca. Parece estar sendo ignoradas as liçóes da
negros que renegavam sua negritude ou do@
judeus que juravam ser alemã.. asaimilades. Para Honieii f1II!.?
certos brancos, tudo que aio é branco é negm
para os nazistas, um judeu é um judeu. Dar boas
vindas ao inimigo não o aplaca; muitas veses,
serve apenas para tornã-lo mais viciosa furioso
por ver que sua vitima aprova seu escárnio.

Para alguns homens, o estilo maobio é aida


que têm do lúcido. uma outra versão do uniforme
guei, mas o fato é que de qualquer maneira im-
porta, e muito, como se vai vestido ao baile. Indo
com o fada mãe de Cinderela, você pode desres-
peitar a lei. Indo com o Anjo do Inferno, poderá
estar brutalizando sua própria alma. -
Não é uma coincidência que nos bares e Faça seu pedido para Caixa
boates onde se cultiva o gênero machão e nas
saunas libertinas a incidência de impotência seja
Postal 13.041 CEP 20250, RI.
tão alta que já nem chama a atenção, ou que os Adquira dez lotos coloridas dos
gueis recorram cada vez mais aos briuedos e dois rapazes juntos, ou Individual-
gadgcta do sadomasoquismo. Será acaso irre- measte, no fcemat. 9z13, Temos 4
levante o fato de que a nova imagem guei da álbuns diferentes com estes mo-
virilidade tem sua mais freqüente ilustração na
pornografia?
delos. Cada um custa CrS 1300,00 e
Mas. perguntarão, e se alguém escolhe tornar mais as despesas de correio. Peça
sua própria vida pornográfica, o que é que teta? também o poster-erótico am.'o
Os tempos já não são para a caridade. É óbvio 24x30 por 1.000,00. Só atendemos
que se alguém erige noções de propriedade, por
pelo reembolso postal.
mais bem intencionadas que sejam, elas ime-
diatamente serão apropriadas pelas piores e mais
coercitivas íorçasde nossa sociedade. Fica-se, en-
tão, forçado a aceitar todas as opções de estilo a
alternativa consistirá em aliar-se à opressão. Na
arena da política sexual, existe a esquerda e a \ () F
,.\() 1 .\ )E'(
direita. Aqueles que pensam que estão no meio
acabarão descobrindo que ocentrot a direita.
Importa realmente que certos homens optem
por serem os piores inimigos de si mesmos? O que
há de notável nesta mais recente versão de uma
THERMAS
história tão antiga? Para cosneçar, a coisa toda e
tão desnecessária.... Pela primeira vez na história DANY
moderna parece que existem opções reais para os
Carta na mesa
i
gueis. As bonecas do passado tinham poucas op-
ções, exceto talvez ficar em casa. Não podiam se
conformar, embora talvez fingissem consegui-lo.
Uma tal maneira de (sobre) viva levava fatal-
saunaL%
mente ao ódio e ao auto-desprezo. O lado teatral
do comportamento ca•p ajudava a preservar
Caros amigos do Lampiãoe depois
que vi o lime "Cruklng (um Iimaç
R. - Caro Julian, infelizmente
não podemos satisfazer o seu desejo.
e massagem
uma ponta de sanidade e de humanidade; sig-
nificava a consciência do próprio desamparo.
Voltar ao bula ei.s do machismo é o oposto da
por sinal) fiquei coes uma vontade
Louca de fazer aquilo tudo que aqueles
Não existe no Rio - e até onde sa-
bemos, em São Paulo - nada de
J
consciência. O que mais está ausente do mundo caiu da boate (aquilo é hoste de eu. parecido com as boates de entendidos Rua Jaguaribe. a° 484
machista das jaquetas de couro é o senso de
tendidos?) fnI.. Por isso gostaria sado-masoquistas mostradas em Fone 6Ó-7101
humor, alguma consciência da ironia das coisas. São Paulo
Felizmente os gueis são hoje, menos indefesos multo que os sri. mc dissessem se aqui "Cruising". De qualquer modo, sua
e desamparados do que por tanto tempo foram. E no Rio exista .me tipo de hoste (e qual curiosidade em torno do assunto é
isto vale a pena ser consolidado numa aliança, se o mdert'tço?), pois gostaria mito de sima, porque já desmente um pouco
não numa comunidade. ccxii as mulheres e com Ir. Agradeço muito desde , e por • artigo de Aguinaldo Silva, pra quem
todo o pais liberal que apóia a liberdade da es- • sado-masoquismo não vingaria por
colha pessoal. Uma tal consciência é mais rica do fa vor, mandem-me a resposta através
que aquela que celebra as ilusões do poder e da do Lampião de Junho se possível, aqui. A gente aproveita a ocasião e faz
força masculinas, um engano que realmente falou? Um abraçio todos desse Jornal, o convite: se alguém souber de alguma
deixa qualquer um desamparado. A verdadeira que é simplesmente Joliol coisa a respeito nos escreva, que o
determinação de nossas vidas não poderá ser en- Julian está a perigo...
contrada nas definições do passado; se ela existe e
lulian Macedo - Rio.
está em algum lugar, ainda não chegou aqui.
(Este artigo uma ce.dmsaçio de um tra-
balho de S'uymaur Kk*aberg, publicado orlglaal-
mml. na revista Christopher Street, ao Icrial ELO INAE JOÃO PAULO PINHEIRO APRESENTAM
Gay Nassa. ao Lapso a? 8, é acra republicado
por sé., primeiro porque ....o ..P 8 ae mtra
esgado • segundo porque ile discuto, de
mineira profunda e atual, em assunto que
WIUIa FrI.dkhs, em sei time Cruising, aio
so.b.ei aio quis coloca,).
Gay
Depilação Definitiva À- EM
Fantasy
Com VEUSKA * CLAUDIA CELESTE MARLENE CASANOVA e ELOINA.
STEL4 Particlpçao Espclal: JANE
Eletrocoagulação com aparelhos DhiçIo: BIL FERAE1RA
importados. No deixa manchas
nem Conospço Visual: JOÂOZINHO TRINTA______
1fUeI - (-uog Azev'd.'
1 XtO. Anmlkd De 3' a 5':
cicatrizes. Tratamento para o rosto e 21h30m
variadas partes do corpo. Unissex. ASs'--FFIRAS:

Rio: largo do Machado, 291808.


Fone: 265-0130.
Teatro Alaska 22 horas

2* e 12h

SaQ PaiLo; ,Pcix,00, Gpsnde. l.419t


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LAMPIÃO de esquina

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Prof. Dr. Luiz Mott CRU PODIGNIDADE
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13 REPORTAGEM.
De alguns anos para cá, os teatros do eixo
Rio-São Paulo têm sido tomados por uma avalan-
che de espetáculos cuja temática principal é o
homossexualismo. Desde então, salas são dia-
riamente lotadas por um variado público que
procura, desde o reforço para seus preconceitos
O teatro éuma arte guei?
vitorianos, até a obtenção de informações sobre
um tema tão obscuro oiano esse, Enquanto isso,
no palco, na maioria das vexes, apresenta-se
pouca qualidade e um falso perfil da realidade.
Para alguns, este "boom" de peças homos-
sexuais acentuou-se nos última cinco anos,
quando houve um abrandamento da Censura
Federal, permitindo assim, 'a abordagem de
temas até então proibido., por questões políticas
ou mero preconceito, Outros, dizendo-se mala
realistas, afirmam que o fen6ncno ocorre a partir
do momento em que os empresários teatrais, os
donos da grana, descobrem o rendoso filio ho-
nscascxual e partem para superproduções. Há
ainda os que acreditam que tudo não passa de um
simples modismo, tendendo a cair cm total es-
quecimento. tão logo o público se sinta saturado.
Modismo ou não a verdade é que atualmente,
cerca de duas dezenas de textos, com temática
homossexual, estão sendo cncenadot no Rio e São
Paulo. O valor das produções oscila entre alguns
milhares de cruzeiros, até consideráveis cifras de
4 milhões, como "Beni" (São Paulo) e 'As Tias'
(Rio). O público parece ignorar a crise e, apesar
dos salgados preços dos ingressos - o mais
barato custa Cri 300, enquanto que as super-
produções (?) cobram até Cri 600—, formam-se —A Dfreh& do Presidente —BineJesna, com oeIencodaeatra
filas extensas diante das bilheterias desses es-
petáculos, chegando a esgotar sessões.

HOMOSSEXUALISMO CAUSA PROTESTOS 1


Não é de hoje este interesse do teatro pelos
homossexuais. Desde a Grécia Antiga, as bichas
sempre atraíram multidões aos espetáculos. Mes-
,,1
mo no Brasil, onde o teatro axila com uma curta
e tortuosa hist&is. sempre marcada por influén-
asa alienigenas, observa-se já na década de 30a
presença do homossexual, em esquetes do antigo
Teatro de Revista. onde sempre era apresentado
de uma forma grosseira e ridícula.
Em fins da década de 50, além do precon-
ceituoso texto de Robert Andérses.' Chá Sim-
patia", que não fugia dos esquemáticos este-
reótipos; já apresentados pela Revista, o público
brasileiro pôde finalmente, assistir, ao primeiro
espetáculo que mostrou o homossexual de uma
forma séria e não preconceituosa. Tratava-se de
"Gata em Teto de Zinco Quente", de Tennesse
Willians, que causou espantos e protestos, como
relata o ator Nildo Parente, atualmente em 'As
Tias". "Naquela época, homossexualismo era o
maior tabu. Eu me lembro que em 58, quando
ainda era aluno da Escola de Teatro, fui assistir
"Gata em Teto de Zinco Quente", que tocava de
raspão no assunto, e as pessoas, ao verem o es-
petáculo. ficavam assustadas, sem ação, e até in-
dignadas, porque essas coisas não eram colocadas
no dia a dia, não eram tocadas. O Zlcmbinski
falava um "puta que pariu", que abalava. Tinha
gente que, inclusive, sala no meio do espetáculo.
Mas depois a coisa foi se abrindo..."
musical VWage
- Terezinha de Jesus

VAIADOS, HOMENS QUE SE BEUAVAM

No inicio da década de sessenta, o escándalo


maior ficou por conta de 'Panorama Visto da
Ponte", onde pela primeira vez, em teatro, dois
homens se beijavam, no centro do palco. Um
'puro" adolescente, interpretado por Miguel
Carrano, atualmente no elenco de "Blue Jeans"
(montagem carioca) era beijado pelo "pervertido'
Leonardo VilIar, coro tanta intensidade que atin-
gia ais cheio as barraras e os preconceitos do

1
público, a ponto deste vaiar, como narra o
próprio Miguel Carrano. "Em 'Panorama Visto
da Ponte', quando eu levava um beijo do Leonar-
do Viliar, o teatro inteiro vinha embaixo. Vaias,
protestos, pessoas saindo, gritos de 'que Via.
dag1', era uma barra. Eu esperava, a qualquer
momento, que o público invadisse o palco e nos
linchasse."
Mas com a permissividade decorrente da
revolução dos costumes ocorrida nos anos sessen-
ta, o teatro se apresentou mais ousado em suas
encenações e, como diz Nildo Parente, "hoje cio
dia os meninos estão no palco de pau de tora.
Temos um monte de textos sobre homossexualis-
mo, ai com personagens homossexuais, sendo
encenados. O público não se mostra mais ar-
rogante, e sim curioso em assistir espetáculos des-
te tipo. que até então, eram raros. Agora, quanto
A qualidade dos textos, isto é outra história — -
-«---'G.aOpmdoMu1aa&o'.
Junho de 1981

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da parada da divcridads'
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
í • REPORTAGEM 14
FALCÃO PROIBE, DEFINITIVAMENTE, 'Blue )caris". "Macho Beleza" (Tito Alencastro)
HOMOSSEXUAIS e ­ Garotos de Aluguel" (Carlinhos Lira). Torna-
se quase impossível catalogar todos as espetáculos
Fechando a tumultuada década de 60, mas paulistai, em cartaz.
proctaimente em junho de 69, depois de suces-
sivo e ontutiantes textos estrangetrcn, surge no AS TIAS, BI.tF JFAS 1, Vlt.t.AGE
cenário teatral 'A Tragédia de Vera Mana de
Jesus, Condessa de Lapa, de Fernando Mello "As Tias" conta a historia de quatro homos-
premiado em 2° lugar no importanle "Prêmio sexuais velhos, que vivem trancafiados em uma
Coros de Teatro'. Este foi o primeiro texto antiga casa de Petrópolis e que são sustentados
brasileiro, mostrar o homossexual ano um ser por uma sobrinha postiça, Maria de Lourdes, que
oprimido pelo sistema. Finalmente nascia a pos- os visita anualmente. A cada um deles, Maria de
'ri..
asbilidade de se ter um espetáculo crítico e caris- Lourdes deve um favor, dai sustentá-los. Em
ciente, mostrando o ser homossexual de uma for- menos de um mês em cartaz. a bilheteria de "As
ma cowi creta e situando-o dentro de um contexto Tias" já é segunda do Ria sendo's primeira "En-
polftico. social, isento dos seculares chavões ais- sina-me a viver", de Colin Higginx.
tios e dos carcomidos conceitos da moral do- "O que me chama mais atenção em "As Tias"
minante, pós 64. Talvez tenham sido estes os - fala Susana Vieira - é a Força e a franqueza
motivos que levaram o então Ministro da Justiça. dos personagens enquanto seres humanos, e não
Sr. ArmandoFalcàa a proibir sua encenação. sua gpçào sexual. E me parece, no fundo, que os
personagens' nem sejam homossexuais. Eles são :',,
Passados cinco anos, prazo estabelecido para
que os autores cem peças censuradas rere- uns curvados, que não transam com a vida e que
sesens á Justiça, o mesmo Armando Falcão re negaram o sexo á vida inteira. Então, por que eles
slida a proibição, afirmando ironicamente. 'Es- são chamados de vmados? Por que um dia, há 40
Kito J unqudra e Micardo P el em Bern
ta peça esta definhivamente proibida em todo anos atrás, eles gostaram de um homem? O
homossexual isnio deles ficou só na cabeça. Eles se
Território Nacional". Fernando Melio, ao saber
da decisão do Ministro, exista-lhe um curtíssimo
telegrama: "Definitivamente?! Quá Quã Quá".
tornaram bichas omissas, o que,' até certo ponto,
seria motivo para envergonhar a classe".
A estréia de julho
Ironias a parte, a verdade é que "A Condessa da Contando episódios sobre adolescentes que se
prostituem na cidade grande, por não terem como BENT. Sherman tem aquela grandilo- BENT conserva ainda assim uma fluidez e um
Lapa" (á emds pelo nosso bolso) mar.'.., 'x-se
sobreviver, assim é "Blue Jeans", eia seu oitavo qüência questionável que marca as produções calor humano dignos de nota. E mais: graças à
inédita até hoje, privando o público de assistir a
mês no Rio e há um em São Paulo. O Teatro da Broadway. Manelismnca à parte, o texto se sua concepção concisa de tempo e espaço. Sher-
montagem de um bem texto e reforçando a velha
Senac, todas as noites, tem sua plateia lotada. destaca pela dignidade que empresta à figura do man atenua o caráter um , tanto discursivo da
ideia de que bicha só aparece no palco se for
Grande parte do público é homossexual, o restan- homossexual. Uma dignidade tão incomum que peça e abre caminho para a emoção. Da siolên-
grotesca e alienada.
te é de jovens. Sobram alguns lugares, onde casais chega a surpreender: sem cair no proselitismo, cia ao êxtase, do medo ao riso, da mesquinhez à
"Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no [raiá" doação mais funda, o espetáculo segue num
mas também sem apelar para caricaturas ri-
(Fernando Mello), "Os Rapazes da Banda - de meia-idade exorcizam o futuro que não
sls'eis. Sherman lida com seres humanas, nunca crescendo de Paixào, até seu epilogo traosíi-
(Man Crowlcv). "A Gaiola das Loucas" (iran querem para seus filhos. Durante a encenação,
ouvem-se muxoxos e interjeições de piedade. com estereótipos. Então, o que se tem são perfis gurador. Os últimos instantes de BENT são
'A Longa Noite do Antílope Dourado' doiades duma grande Justeza. Embora renegue duma beleza e duma coragem enormes. Mas
(Fernando Mello). "O Amor do Não" (Fauzi Todos aplaudem Gracinha Tropical, o josem
travesti da peça, atualmente interpretado pelo ex- as descrições banais e o chavão preconceituoso, deixemos oenredodelado, poiselefaz rusa seu
Arap) e "ópera do Malandro" (Chico Buarquc.
celente Paulo Nigry. que dentro do rio de lamen- ele nem por isso se deixa seduzir pela imagem impacto total: quem assistir verá. Dos atores,
foram alguns das dezenas de espetáculos que des- pouco a dizer na medida mxii que são todos ex-
tação e superficialidade de "Blue Jeans" é o per- igualmente falsa dum super-homossexual.
filaram nos anca 70, e que apresentavam uma cepcionais modulam gestos e sensações como se
sonagem mais equilibrado e melhor trabalhado. privilegiado no sentir e no saber. A homosse-
temática exclusivamente homossexual ou nu- bailassem. Quanto á direção de Roberto Vig-
xualidade é encarada como simples opção, per-
triam-se de personagens claramente homosse- O dramaturgo e jornalista, norte-americano,
dendo assim sua carga diferenciadora e mar- nati, esta é sem dmis,da, a melhor de sua caj'remra
xuais. Os textos ainda são superficiais, apesar de Iran Evans, em outubro de 79, estreou no Sio-
ginalizante: dai, tanto mais odiosas se tornam e confirma urna vocação socio'polttica não
sublimes interpretações com o a de João José newall Reptrtot, da Rua 14, no colorido Gren-
as perseguições que lhe são movidas pelo Sis- dogmática: uma vocação que se engaja no
Pcanpea. ator paulista, que ganhou o prêmio ich Village, em Nova lorque, seu musical
tema. No caso de BENT. o agente repressor ao humano. Bons os cenários (veja-se o quadro do
Moljêre de melhor ates', em 78, por seu despojado "Viliage", que permanece em cartaz até hoje. A
nai7ismo. Como ponto de referência, temos o trem,, excelente a música; funcionais os fi-
trabalho em "O Amor do Não", ou ainda história. baseada em dados biográficos, conta a
episódio que passou para a história como "a gurinos. exemplar a tradução desta grande
.miIiano Queiroz com sua atrevida Cmi, em a trajetória de um jovem judeu com seus conflitos
noite das longas facas", que desencadeou a caça exilada que é a atriz Madalena Nicol. dividindo
'ópera de Malandro". existenciais, tentando assumir seu lado homos-
aberta aos homossexuais do 111 Reich, a partir seu trabalho, nesta oportunidade, com Luis
Segundo Susana Vieira, a Made de Lourdes de sexual e tendo que conviver com uma sociedade
de 1934. Fernando Toíanellj. Em síntese: BENT tem
As T'sas", "o teatro brasileiro, quer dizer, o preconceituosa e uma mãe opressora, indo sedes-
tudo para ser um das melhores espetáculos da
teatro feito no Brasil, numa ou outra peça, sem- cobrir no barulhento e colorido bairro novaior-
Duma exatidão que beira o coumental temporada. (Daniel L. Pastural.
pre abordou o homossexualismo. Na maioria das quino. o Village.
vezes essa abordagem é feita de Forma cômica, WOLE Maia, talvez impressionado com a bi-
irônica e até ridicularizante, nunca de uma forma lheteria do espetáculo americano, resolveucom -
seria e mais elaborada, talvez até pci' problemas prar seus direitos e trazê-lo para o Brasil. Es-
de censura. Agora, com relação a essa tal avalan- queceu-se, porém, que nossa realidade é outra,
che, que eu discordo ser de hoje, deva ser porque bem menos sofisticada do que os quarteirões da
viado dá certo. Hoje em dia tem viado em tudo
quanto é lugar, não é só no teatro não! Aliás, a
Chnstopher Street. "Village", só é capaz de
sobrevivei' devido à sua dinâmica e o profissional
A:
maioria das pessoas é siado" ("Até ela", acres- desempenho de seu elenco. Há muito não se via
centa alguém, nos bastidores de — As Tias"). um musical cciii bons atores, um bonito visual,
uma interessante coreografia e o mais importan-
IIAPPF\l's(; IIOMOSSFXI.Al. te, com pessoas cantando músicas executadas ao
vivo pelo excelente pianista Eduardo Prates.
"Depois de uma longa fase de repressão - Vale à pena ressaltar a espl êndida inter-
fala Sérgio Fonta, um dos atores de"Village" -' pretação de Guilherme Karam, que se desdobra
as pessoas começam a procurar vários caminhos entre os papéis de um garotão, um travesti de
alternativos que as levem a um verdadeiro proces- sh e uma afetada maricoisa. De resto. "VII-
so de desopressio. Um desses caminhos é a se- lage" apresenta um texto bastante supa'f'scsIl,
xualidade, suas mais variadas formas de ex- mas sem ranços moralistas. E fica a nítida im-
pressão, como o homossexualismo. Ë lógico que pressão de se estar numa plataforma do metrô
sempre existe um pouco de modismo, afinal, novaiorquino, ao vermos passar rapidamente um
vivemos numa sociedade capitalista, mas isso não trem, diante de nossos olhos, antes do black-out
chega a interferir nos propósitos de uma autêntica final. Bravo. Reinaldo de Arnaral,
liberação do corpo. As pessoas estão acordando e
se dando conta de que existem várias possibili- MACHO nl:l.F/.. (,AltOlO.S l)F Al,tFGtFEl,
dades, e não só aquela unilateralidade de outrora. E BENT
Historicamente, este processo acontece agora,
neste momento, e se reflete no teatro - dai este Dois irmãos. Enquanto um deles assume o
happening de espetáculos homossexuais -, por- comportamento de um travesti, o outro adquire
que o teatro é uma arte viva, dinámica, sempre padrões de um típico machão, tentando a todo
procurando ser uma resposta do homem para o momento encobrir suas tendências homossexuais
homens." através de um comportamento excessivamente
agressivo. O relacionamento doa dois começa a se
Dentre os espetáculos que estiveram em car- Com
agravar, a partir do momento em que surge um
taz, no ano passado, podemos citar: "Teresinha
de Jesus" (Ronaldo Chiambrossi), « À Direita do terceiro elemento, o namorado do travesti. Sua ROSSI, SUSANA VIEIRA, PAULO CÉSAR PEREIO,
ÍTALO
Presidente" (Vicente Pereira e Mauro Raso) - presença acaba por provocar um sério confronto EDNEI GIOVENAZZI, NIIDO PARENTE e ROBERTO LOPES
ambas no Rio: "Não Me Maltrate Rohsøqs" entre os dois irmãos, culmimando numa delirante
(Paulo Affonso Grisoli), "Boy Meets Bo" relação incestuosa. Assim é a história contada por Comédia de Aguinaklo Silva e Doc Comparato
(apresentado no Café-Teatro Odems). "Rapazes "Macho Beleza", um melodrama coco preten- Direço Luís de Lima
da Banda" - em São Paulo. Dos vários espe- sões psicanalíticas. com muita teoria e recheado
táculos que oculpam, simuliáneamente, diversos de preconceitos ás avessas. Já ultrapassou as 100 TEATRO DA LAGOA Tel.: 274-7999 Horários 4­ e 5 às 21,30 hs
apresentações e tem lotado diariamente o Teatro
teatros, no eixo Rio-São Paulo, as mais badalados
Bexiga.
e Sábados às 20,30 e 22,30 hs Domingos às 19 hs - Censura 18 anos.
são: No Rio - "As Tias" (Aguinaldo Silva e Doe
Cosnparato), "Village" (Iran Evansi e "BIue
Jens" (Zeno Wilde e Wanderley A. Bragança).
Em 1 '- "Betst' rMar'dn Shermato.....
"Garotos de Aluguel" é a história de quatro
adolescentes da periferia, que sonham em coa-
- .-
-venda . na bilheteria do teatro a partir
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I.i1) da esquina .^ nil4'f

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da parada da diver%id'ade
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15 REPORTAGEM.
sumir os bens que a sociedade de consumo lhes elenco onde a maioria é estreante, Airton Senres, por falta de teatr" em São Paulo. O sucesso foi Vila Lobos.
cíerece. A única salda que encontram para ad- chegou a ser expulso de casa por estar participan- tão grande, que a Hebraica resolveu ceder seu FALEM %1AI,MAS FALEM DE NOS
quirl-ka e vendendo seus próprios corpos na do da montagem de" Garotos de Aluguel". teatro, onde o grupo se encontra até hoje.
"Boca doLizo". Atraídos por um anúnciodejor- Sendo ou não uma avalanche, uma coisa é
nal que dizia "procura-se rapazes bonitos", vão Mas o grande sucesso fica por conta de "Bem", Tendo sido encenada em 79; no Royal Conrt. certa: o grande numero de espetáculos que atual-
parar numa casa de massagens. No decorrer do do americano Mania Sherman, que conta a de Londres e pouco depois na Brosdway. onde mente lotam ais teatros e apresentam, sob vários
espetáculo. silo mostrados os conflitos entre eles e história da repressão aos homossexuais na Ale- ficou um ano e meio em cartaz. " Bent" traz. ao pnismas, a temática homossexual, mesmo que de
a dona da casa, urna prostituta decadente. Mais manha nazista. O espetáculo teia atraído muitos palco um espetáculo de rara beleza, capaz de sen- raspão ou cota uma visão distorcicia, fazem cosa
um espetáculo a abordar a temática da prosti- homossexuais, além de uma grande quantidade sibilizar a todos. cosa diálogos que simulavam que. cada vez mais, homossexualismo deixe de ser
tuição de adolescentes. Seu autor. Carlinhos Lira. de judeus que, a priori, pensam se tratar de um verdadeiras trepadas, num toque extremamente um assunto tabu, passando a fazer parte do
garante que não se trata de mais uma enxurrada espetáculo sionista. Enquanto permaneceu sensual, dispensando-se por completo, o nu e o cotidiano das pessoas. E quanto àquele papo de
de lamúrias e lamentações como "Blue Jeans", durante quatro meses, no Teatro Anchieta. contato corporal. Kito Junqueira e Ricardo modismo, não ha como escapar: o jeito é jogar os
segundo ele, u"áia peça exclusivamente comer- " g eri(" lotava todas as sessões, sendo vendidas Petraglia dão um banho, ornamentados pela falsos pudores de lado. Afinal, isto é ou não é
dai, onde todos os personagens não passam de várias cadeiras extras. Ao terminar o contrato helissima direção de Roberto Vignati. "Bent" urna sociedade capitalista? (Antônio Carlm
estereótipos maldeíinidos". Um dos atores, num canso teatro, o grupo esperava ir pra Campinas. deverá estrear no Rio, em fins de julho. no Teatro Moreira).

A estréia de maio
1 A peça "As Tias", de Aguinaldo Silva e Doe
Obedecendo ás principais regras de ouro da
dramaturgia ocidental, mas ao mesmo tempo
Comparato, sendo apresentada no Teatro da portando-se anarquicamente na criação de seus
Lagoa, tio Rio, vem atraindo um público cada persotiagens. Aguinaldo e Doe deram à peça um
tom de humor dolorido e sincero, hoje raro de se
vez mais numeroso. A que se deve tal sucesso? Já
passou a moda do "orgulho ga y ", pelo que se dnco!utrar cm nossos palcos. De humor e otimis-
poderia petissrqueoxitoda montagem era uma mo, pois não podemos esquecer que apesar de
todas as situaçZes humilhantes em que se envol-
simples questão de "esprit de corps". O que
vemos, tia verdade, é a repetição de um fe- vem seus "dramatis perscrute— . a alegria e a fé
Itismelio hisstitllte comum tio teatro e tio cinema lia celebração da vida acabam assumindo uma
nos Últimos tempos. Depois que os gays vieram à importância cada ver, maior e de grande impacto
tia parte final da peça.
luz, a temática empolgou escritores e diretores
importante., que estilo produzindo ótimos es- Mas não seria justo com os leitores que ainda
pelficulos não viram "As Tias" contar aqui o que acontece
No caso de 'As Tias— , trata-se de uma peça de bom com elas O que se precisa destacar 'e que
muito bem bolada, com tudo para agradar, bem dificilmente poderiam ter sido escolhidos me-
marcada e com um elenco que consegue atingir lhores atores para interpretar um texto tão cheio
alguns dos momentos mais notáveis dos palcos de !iva'lces e moderno como este, principalmente
brasileiro, nos taltintos tempos. A história é o majoritário naipe masculino, cada um deles
comum 'ia superfície: quatro homossexuais de com seu dó de peito de grande força e impres-
meia idade vivem num mundo totalmente à parte siotiatite veracidade. O trabalho do diretor Luiz
numa velha casa de Petrópolis. sustentados por de Lima fWi especialmente, importante ao fazer
uma mulher a quem cada um prestou serviços em os atores compreenderem um texto tio cheio de
determinados momentos de suas vidas. A peça idas e vindas, tão rico de subtons. Até na inter-
desenrola-se num dia, quando as ''tias'' recebem pretação epidérmica e leve de Susana Vieira,
a visita anual da "sobrinha", que desta vez nota-se que Luir de Lima trabalhou com afinco.
chega com péssimas novidades. Ela não mais
poderá continuar o sustentá-los em seu retiro,
pois está falida. O detalhe importante é que a
A coesão do elenco e a coragem com que todos se
jogam 'ia empreitada não devia permitir quedas-
Sacássemos alguém, mas não se poderia deixar de
Não fique aí sentado
visita (ia jovem senhora tem também um elemen- dizer que Paulo César Pereio e Italo Rossi atin-
to de surpresa para a vida parada e sem novi-
dades das — fia s.— tia figuro de um belo motorista.
gem o momento mais alto de suas carreiras nesta
peça e que merecem todos os prémios do ano.
esperando a Revolução
A partir disso a trama se desenvolve com Não será por isso, tio entanto, que deixarei de
falar aqui em Eduiei Giovenassi, Nildo Parente e o
diversos lances de suspetise e toques tragi- 'aIi
cbmicos, que vão num crescendo até o Final. Roberto Lopes, que completam com grande a
Lembra algumas peças de autores como Pirati- descuvolturas, o mundo de "As Tias" e dão ao
delio, T)urrematt e Teunrasce Wilhiams, mas tem espetáculo um formidável acabamento na sua
'o
também algo de muito especifico, de muito competência profissional em papéis tão difíceis. e
brasileiro tio seu clima petropolitano de hortãn- Se Pereio e Rossi erguem-se quase que como
tias e jardins, e ao mesmo tempo de muito monstros sagrados neste momento fundamen-
matuto e mineiro tio mau gosto das roupas tal de suas carreiras, os outros trts homens de
surradas dos quatro homossexuais. A mulher é "As Tias" seguram a barra com uma téaiios to
também a brasileira típica de classe alta, falando perfeita, aliada a enorme emoção, que seu lugar
em Saint Laurent e em Paris, san deixar de ser a de destaque já está assegurado dentro do teatro
mineira intenioatia, cheia de matreirices. brasileiro. (Fraiseeo Blticourt)

2 Tenho a impressão que os criticas da cha-


exageros de praxe tão comuns quando os per-
sonagens silo em sua maioria homossexuais. Jor-
ginho de Carvalho comprova com mais esse
mada grande imprensa não se conformam eia as- trabalho que continua sendo o melhor iluminador
sistir uma peça de teatro em que a temática O elenco, bastante homogêneo. só Faz jus-
homossexual seja tratada de modo mais sério que tificar a fama de grandes atores de halo Rosi e
o costumeiro, Parece que eles preferem ver oguei Paulo César Pereio. O primeiro com uma inter-
ridicularizado, ou mesmo como travesti. Em "As petação comida, passa para o público o grotesco o
Tias" em cartaz no teatro da Lagoa. os autores do homossexual desesperado e, ao mesmo tempo,
Aguinaldo Silva e Doe Coinparato fazem uma conformado que o seu papel requer. O segundo, o
análise bastante realista, para não dizer cruel, de primeiro cínico do teatro brasileiro, chega a as-
quatro homossexuais de meia idade, seus pro-
blemas e/ou preocupações com o mubdo lá tora.
E o fazem de maneira bastante suscinta.
sustar a platéia como se realmente estivesse al-
coolizado em cena. Nildo Parente revela-se tam-
bém, um grande ator, pela primeira vez, se não
Tenha um orgasmo agora!!!
Uma mistura de fantasia com realidade, um
jogo de gato e rato eia que, acredito, pela pri-
me falha a memória, num trabalho digno do seu
talento, no mesmo plano doa outros personagens,
Leia e assine LAMPIÃO
meira vez em teatro os homossexuais são ven- sem precisar coadjuvá-los em momento algum.
cedores, desagrada bastante aos gregos. Mas não Ednci Giovenazzi completa a lista dos quatro Quo Auhr LAMPIÃO
aos traiamos. Estes podem ver um bom trabalho "tias" no papel mais ingrato da peça, em que o
artesanal e, embora com formação literária e ator sai-se mui(ó bem, em que pese alguns es- Assinatura anual (doze números)
telesisiva, uma boa carpintaria teatral na estréia corregões. Susana Vieira, cercada de monstros Envelope fechado: 01 850,00
dos dois dramaturgos. O texto corre fluente, sem sagrados do teatro brasileiro, não deixa a peteca Impresso: 01 600.00
disfarces, real, no sentido mais amplo dessas cair e mostra porque é atualmente uma de nossas
palavras. atrizes mais requisitadas. Pra terminar, a grande Morno
Nua sucessão de surpresas e suspense a peça surpresa entre as interpretações, a do jovem
flui muito bem até o grande desfecho, realmente Endercp
Roberto Lapas num trabalho tão minucioso
surpreendente. Muito poucas veres vimos no pal- quanto dificil, cercado de nuances que o ator Sairrõ Cidade_,,,,.____________
co um trabalho tão profissional como esse "As "tira de letra" cano se fosse um veterano. Estado CFP
Tias", Qualquer outra ambieritação visual ou Enfim, um bom espetáculo esse do Teatro da
qualquer outro cenário não passaria para o Lagoa, revelando ao público teatral dois cosa-
Envie cheque ou vale postal para a Esquina - Editora de Livros. Jornais e
público um clima tão petrapolitano como o patentes autores e um elenco coeso de primeira Revistas LTI)A - Caixa Postal: 41.031 - Santa Teresa - Rio de Janeiro -
trabalho de Márcio Coisterro. Bastante cormos linha como há muito tempo não se vê nos palcos. RJ— CEP 2O.24l.
também os Figurinos de Chico Ozanã, longe doa
LAMPIAO ds.es,quLna
Junho de11

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da iiarad.i da div'r"idadr
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j. ENTREVISTA -1 -
16
Jaime Eduardo e Bárbara Hudson

A Nova Versão de
"A Médica e a Monstra"

Ao entrar naquela tarde, na redaçio, corren- Latina e alguns p.l.c. da Europa, além de do- pau de um homem pela primeira vez. Foi ao Cine a Idéia, este d.s$o, de au dá ser travd a fases'
dotz*no seinpreo faço, nem me preocupei muito minar o mercado artistico de todo o sul lo Brasil. República, em Sio Paulo. Sal do cinema tremeu-
o um enorme rapaz, cerca de 1,85 m; que oca- Nio Titubeamos, pegamos o gravador e r no- do - Meu Deus, peguei no pau de um homem] Bárbara - For aos 14 anos Eu ia passando
iava calorosamente com alguma. p~ na çamos a entrevistá-la (Ia). Zê Fernando, Dolores, Mas só aos 19 ano, é que eu fui pra cama com ai- na posta do Teatro Natal, em Sio Paulo, cade es-
sala. Só algwn tempo depois é que pude ob'v.r Aguinildo, Alceste e eu nos vimos envolvidos, guésn do mais mexo. Dos 14 aos 19, meu pai e meu tavam levando 'LI GhIs", Rogéiva, Valéria.
.o tatu '.4tante. Era um simpático rapiz. da durante duas horas, as aventuras, o prods- tio me levaram multo na sona, e cheguei a transar Marquesa, leso Jacquem e astros. Então sem M'aia
seca 26 anca, foste, que vestia urna elegante calça skrtaliamo e a personalidade de Bárbara. E em muitas mulheres. a= menos, me deu um troço na cabeça, e esquis
de veludo u*eil lnho e uma finíma camisa de ocáa, a Internacional, o transformista espeta- Akeste - Mas você trsuaai.~ alas umaiN se' travesti profissional.
tom baga, usaia óculos qu.dranguiares, que cular; Bárbara Hudsoci. (Artêu'Jo Caslas Mo. es amam Aliaste - Ias* leI ias, ou dspole 4e ter
lhe davam um certo toque intelectual; chamava- Iéibsra - Não, transava mesmo. Ejaculava migando mam pau? (risca)
acham. Eduardo. tudo. Básbana - Depois. Então. dos 14 anca 1$
Os traços da seu rosto me-eram fasnillere., Agiiln*ido - Pie cr, você po4i em dar, Antócio Carlos - Eaaio você laga pra anos, es estudava apenas. Fiz até o segundo ano
apesar de jurar nunca tá-lo viato ante.. Por run, amíma fleblaba sus. 4. Direto, • esperara completar 18 anca e rea-
tímida Bárbara - Bem, as nasci em dela de setem-
Zê FernaMo e sua careca me ariem- Bárbara - Em Recife, cal na zona de baixo' lizar mas sonho.
saram uma pergunta cortante 'Sabe quem ele bro de 1952, no Recife, cada passei minha infán- maretrimo e comecei minha carreira nos cabarés Antócio Caros - Dspola de aliem sem de
" Rquà alguns instantes paralisado, tentando cia. Pilho de pais portugueses, de dois em doia de lá. Trabalhei no "Coquârluho Drinks", no racial., Tua lfaabau. completa 21 aae.. Eu-
ideatl&áo e aI, Qid Fui correndo ao arquno, anos as is a Portugal visitar mera avct Aos 12 "La Lupina", na "Boite Tabaris", e outroi... Me $.oqusvocêIsa?
pegues a pasta que Ira a simpática etiqueta anos um pra Sio Paulo oma minha família. Es- snsiguâ urna prcatituta ."h.mai. O4lda Iés. - A6 completar 21 anca, papai me
"OENTE', onde guardava uma vutl*o 4e távamos em 64, na época da revoluçio, e papai, uma mulher de meia idade, com quem eu dá sana viagem para a Europa da pq e.este. Fico
lota e rtes de pessoas e famosas. que «'a diretor de uma cooperativa, tinha pedido tinha de trepar toda noite, «a troca de casa, onze mama eu Portugal, indo a paaaeso em
Polhesi. rapidamente, o material e rv&el triwi- transiesic4a para a Grande Sio paulo. Todo ano ida e algum dinheiro. Nos fina de semana eu Madri, Paria e Londres. Em novembro de 73,
f.nt.uma foto l8 por 24, em beltssimotecn1or, es retornava ao Recife, em visita. até que em apeoseltava e farsa um as outro ahow, nos ca- retorno a Sio Paulo, e volto a trabalhar como es-
da estrela Bárbara Hudeoci, um famoso travesti 1970, devido a pressrs da lamlha, fugi de casa. barés, semi que ela a. importasse. Dois meses criturário. Junto dinheiro e meço a preparar
do na! dopaís. Não fui morar lá. Meus pais achavam que eu era depois de minha estréia como travesti prcde- meu guarda-roupa de show. Finalmente, numa
De inicio receblemos um monte de recortes de homosemual, mas nsa época eu aio o «'a real- sicmal, emanwode71, mui pais mede.ccbren noite de sábado, em março de 74. na "Solte
renais e revistas, das hmgbquaa citiMes.do lo- mente. Desde criança es sempre tive gos e chorando me pedem que eu miie pra casa. im- Harés", reinicio minha carreira definitivamente.
terkw do Paraná. Santa Cataiina, e Rio Grande delicada, feições femininas e um corpinho baia pki'arae., pediram, até que mesa pai. abrindo o 'Iésba,s Hsàor Apresenta - dizia o cartas da
do Sul, que estampavam noticias dos abas. de talhado, que sempre eram confundida, por faldu que seu eu aio voltasse, Impetraria o preta - i Coquetel 4. brama. Com Rita
Bárbara Hudion. Confesso que ato demos gran- minha lamilis, com hcmicuexuallsmo. Eu «'a um Pésil, Pedir, me proibindo assim de trabalhar Marenei, Dur,y Lares, Ká*M Kaler, Valq.itla
de Impretiucia. Depois pasmamos a receber foto menino educado, de educação portuguesa, e nos casarés. Eu tinha 18 anos, faltavam portanto Mimilal a
a'Àoridu juntamente com recortes do Paraguai, papal '.évia achando que as es'a bicha, só porque tr anos para minha maioridade. Com medo das AJuste - E a se,. aliem Maqu. a,-
Pens e astros lugares. Todos falavam de Bárbara. os amigos dele me olhavam multo. Mas aio ameaças e temendo que ates prejudicam= meus
Só casio dama um cesto crédito e publicamos nada disso. amigos, que também trabalhavam naquela bárbara - Não, porque ai eu comecei a me
urna as duas notinhas. E agora, sem que esperi.- Aguinaldo - Miariam. época vacá Me sla cabarés, concordei em voltar pra Sio Paulo, «ide afastar um pouco deles. Fiquei Independente e
aesna, na vimos diante de nau antiga admi- damo par hemem? me empreguei como auxiliar de pesquisas e «sacas a ganhar meu dinheiro.
rada'.. Bárbara - Não, eu um a ter minha primeira promoções, numa distribuidora de filmes, Indo Aguinaldo - Desde que c~ a ser
Depois de um longo pipo, é que descobrimos experiência homossexual 39 anca. Antes eu mais tarde tabalhar «ano escriturário, na Caixa s1..d você sê bum Me bssit Ves
que falávamos com um verdadeira travesti prc- tinha desejos, mas era uma usas muito repri- Econômica. Me meu em ro embala?
esa boi parte da AmMca ml&la, e eu tinha medo. Aos 14 anos, eu peguei s Antaio CariQa - Mis qeaado $01 se p&rsou - Eu c4abo como repdete da

LA1PIAO da esquina Unhe de 1981

Centro de Documentação
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1),II,I(t4 (Ia (IIvçrsI(I,,Llt
Prof. Dr. Luiz Mott cRL....J
17
ENTREVISTA.
cinema para alguns jornais e revistas de Sio Hudson?" Deita vez não tive escapatória'. Ce,- Bárbara - Eu quando saio com um hanan,
Paulo. Eu tenho arquivos de cinema tio ricos, loquei meus óculos escuros e solenemente me como Jaime, gosto de ser ativo, pois me sinto um
que nau ad se pesquisadores caiu mau de 60 anca apresentei (novos risos). Disseram-me, os poli- homem, realmente, E1 claro que se eu estiver a fim
de trabalho, ao Brasil, tm o material que eu pos- ciais, que eu tinha que ir direto pro hotel. Eu do cara, eu faço tudo. Agora, quando eu atou de
suo. Desde os 13 anca sempre curti cinema. A.- deveria me limitar a fazer o show e nada mais Bárbara, ai meu amor, é o cliente quan manda.
istis au média 2.3 filmes por dia. Hoje em dia Segundo eles, nunca tinha e'iti4,o nenhum Ele está pagando, então que ele pedir tudo bem.
parei um pouco tilica por falta de.empo, mas i travesti no Paraguai. Ao acabar espetáculo, eu Eu não me caiisudero uma prostituta, eu scsi uma
que já nio se fazem baia filmes cano nas décadas tinha quê voltar pro hotel, acompanhado de dois mi-tesA. Agora, jamais, na minha' vida, iria pia
de 40. 50e60. guardas e cem a cara devidamente lavada (riso.) rua fazer troroar. Olha, quase nunca, saio duran-
7k Panando - Vwó áses trataid que asa tor- Eles diziam que não havia homossexualismo no te o dia com um hcxnein.Quando eu estai can o
ram nituito a cenbsddo 0 a1 e Iler 4. pais e que por isso eu não tentasse corromper a Jaime Eduardo, raramente faço programa. Eu
&uI, 4o que no dx. RIO-590 Ps.lot por qal? moral da.juventude paraguaia. (gargalhadas). E tenho una vida sexual, como Bárbara, muito
Bárbara - No RI eu ainda nioliz nathum se caso eu tentasse alguma coisa, seria suma- ativa - faço em média um a dois programas por
trabalho, porque os salários que me efaecem do riamente deportada para o Brasil, noite.
balxmca. Eu não vou sair do Interior do Pa- Me vigiaram durante 24 horas por dia. Não Mcoste - Como á a tárnks ás .emásr o
raná, de Santa Catarina ou Rio Grande do Sul, podia entrar nenhum homem no meu apartamen- pau,
caule chego a ganhar de tr a quatro mil cru- to. O porteiro e o acenacalata eram esõet, No Bárbara — AmlnhatécnioséaseguiniaRu
sãos por ndte, livres de hc*d e IWdÇÔes, para fundo, eu só concordei em ir para o Paraguai, pego dois emplastros de Sabiá, divido ao meio e
4r á Cidade Maravilhosa em uma Revista. Todo para um dia dizer que fui o primeiro travimi do ficam quatro pedaços. Ponho um pedaço no la-
mundo sabe a quem estai me referindo... mundo a pturos pés ~ela terra. ticulo direito, outro noesquerdo e puxo para irás,
António Carlos - Bdgkt* mais, écol 7k Fernando - Bárbara, acs que o Pa ficando o membro solto, Ponho o terceiro peduço
Aguinaldo - Têm gaita aqui que tabsa ragusi asila ia lia
psua ts porque turladve no membro, e também puxo par. trás. Arruraooi
aiá40puç... vet4 já lei rumbiás a bala em ema c4s ba.- pentdha pra cima e abro as pernas.
Mabar. - (indignada) Isso é uma piada. aidxa. Ai baleio aio fera, paru se ailegfr, que Aguivaldo—O -4tvoSsbIár1oarád
Quando eu quiser * ao Rio do Janeiro, compro Iqua bem co, Cemt.'.ca um stésla. Bárbara - Arde, mas ai é um saa'iflcio pais
uma passagem pala Tranabrasil (olha o b*l), Bárbara - verdade (ri**). Foi em Campo arte. Na la em que ai coloco não arde, mas na
mama amigos, faço
venho aqui, visito twinno e Grande, no Mato Gramo do Sul, onde eu estive Ixas de tirar, é um sacrifício.
depois volto pro meu Paraná, para ornou ad. ano' passado, na "Solte Marrom.". Quando Aliciante - Dele pkstres saiem nso,.~
António Carlos - Bárbara, cemo áqai I que
diegnal lá, tinha uma faixa de seta mestros na pala todinaia ai sô para vscr Será tem.Ig.r.
4.cabdx . emaêa 4osd á. p.? adiada da bate: "HeIS. Atração Jsaesnaclaial. que lia @e da cinco?
eárbara - Ah, imo é batalha de aaos. Em O Tra Bárbara Huá.m." Corre muito di- Bárbara - Eu conheço travestis, no sul, que
maio de 75 ai estava no Teatro Natal, em Sio nheiro naquele Estado. Na porta da bate tinha fazem strip-teme até sem enzplaatros.
Pauki, quando recola em convite para taxar cavalo, trator, o.mlnhio, Chevete. Pauat e até António Carias - Bárbara., o que suei
Curitiba, no "Star Duat". a melhor casa =urna Merocries. A maioria da clientela entrava com o do tar.exualleem?
de 1*. Em Curitiba, o proprIetário da resoiver na cintura. Nesse tipo de cidade, quem Bárbara - Eu sou radicalmente contra, e ex-
aladie" de Florianópolis, suba. meia also, manda aio os fazendeiros. Não tem delegado. plico porque. O prazer supremo da minha vide é
gosta e me ~trata. Sempre onde me apresento. nau uinguém. A bate estava entupida, cheia de 9W.
tem um dono de boitas que me assiste e acaba me homens. Tinha algumas mulheres, não as se- Alomte - A pisa voei Jáal. arraicarle?
convidando para sua caia. E aos poiroce fui do- - nhoras, mas lu amantes. Bárbara - Nunca. Se houvesse uma operação
minando u cidade do sal edeselacsnarL. mau - Me anunciaram • e quando eu entrei, pá pá para aumentá-la e fazk-ia mais grossa, eu seria a
faço turnés por lá. Eu fui o segundo tratl pá pá, era tiro pra tudo que é lado. Fiquei assus- primeira a fazer. (olhares curiosos).
brasileiro a entrar em Santa Catarini. Antes de tada. Um cara começou a gritar, "que vindo ges- zê Panando - Mas aí voei precleasia da dat
mim aó Jacqudine Dubol., em 69, por trinta dias. "teso". Eu corne a cantar meus boleros e tan- emplastros Sabiá. Não" acomésão, (missa).
Sala anos depois, estava eu li. gos, minhas especialidades, e um deles, bem na au, . a paIai'a%no oupeiaces ai Bárbara - Mio, porque eu tenho um butidão
7k Fernando - lá que accutarai aqaia minha frent^ pegou o revólver e apontou pra eiasvath. E. goslarla de sab.' is saleta alguma muito grande e então é sempre mais fácil de os-
egédIo casa aJscq.d. De", que usa at.r mim. "Es sebo quri, vai dar asa tko ao eu dsste rivalbiade entre es travestis prdmale, dsaa axider.
a saio ai cab,n ásia a acabou Em tfrsasto siado." (Caiu sotaque de fazendeiro matogros- .s dásda, ao que dlx respeito ao emaáo ás AJorate - Mas a banda ajuda a
a sense. Risos). Comecei a chamar pai' Nossa trabalbo?
Senhora e a pedir a Deus que me ajudasse. AI, Bárbara - Eu vou ser franco caiu vocês. Bárbara - Lico. Tanto é que a Rogia
Bárbara - Não, e a história não (ci bati as-
cheguei bem perto da mesa dele e comecei: Tenho certeza que se eu resolvesse fazer um es- jamais poderia fazer um strip-teme completo,
sim. Aconteceu tio Paraná cru 68. Jacqudine saiu
"Sdamaite una vez.,." (começa a cantar na petáculo, uma temporada, no Rio de Janeiro, os porque ela tem a bundinha magrinha, né? E onde
do Rio com uma troupe de valetes, onde se fazia
redação). Este homem pegou o revólver, colocou traveatia daqui não iriam me prestigiar. Talvez é que da iria escutada aquela coisa imensa que
passar por mulheres. Na bate, eu Assunção, era
au cima da mesa e au seguida o guardou na cin- eles se negassem a me dar s mio. Aliás, a mo da tem?
anunciada assim: "Diretamente do Rio de Ja-
neiro, a vedete brasileira Jacquelíne Duboi." Um tura, com vergonha. Depois do show, de me nunca me deram, a não ser para me anpsirar. Alceste - Mas soei coubere o pau da R*-
dia, quando terminou o show. ela saiu can um chamou para sentar em sua mesa. Eu deixara de Agora, das podem me balançar, mas ninguém a"?
ser um viado e me transformara, a partir daquele me derruba, porque eu tenho uma csaa que Bárbara - E precisa? O pau dela é fimosono
militar paraguaio, amigo do dono da beite, que
momento,, au uma dama, uma atriz. AI ele per- poucas tbyi, que é personalidade forte, domi- Brasil e no mundo inteiro. Onde Rog&is passais
acabou dormindo cran ela. No outro dia, o militar
guntou ao garçom o que eu gostava de beber, e ao nadora e radical. Um pouco de Inspiração au ficai famosa, não só pelo grande talento que tem,
chegou apavorado tia bate, dizendo que tinha
que o garçom respondeu champanha, ele ime- Bete Davis. que é uma das minhas musas, au mas também pelo tamanho da piroca (riam).
dormido cem "Maria Antonieta" e acordado com
diatamente falou, "então manda desco uma Joan Crczuwford e na Bárbe-, Stamveck. In- 7k Fernando - Então voei sebo que s cw-
Napoleio Bonaparte". Acontece que. no meio
caixa". (riso.) Eles aio exagerados mesmo. dusive os responsáveis pei ' uu nome são Bár- tsr, vai deixar ás gerar?
da noite, a peruca da bicha ..xin deixando
Dizem que se dinheiro fosse merda, só viviam bara Stam'wick e Rock ividaua, que sempre Bárbara - Claro, Todos que cortam não
aparecer uma careca reluzente. E cano se fio i
gozam jama s. Ficam semi-loucas. E mais ai-
fedendo. São bolas de dinheiro que eles levam pra foram meus atores Isvai'ltca.
bastasse uma bicha careca, o militar também
bate, e caiu aquela tarjeta escrita "Barco do Dolores - Eomemkamoru Já dá pra dizer graçado é que todas elas. mesmo depois da
ficou horrorizado caiu o temanho da piroca do
Bruul", a envolver as noras. (risca) Comecei a que está ralhada? operação, continuam frequentando o gueto
viado. Todo mundo sabe que o Paraguai é uma
ditadura ferrenha. Aquilo lá raio um pais go'er- tomar a champanha - e eu nunca fico na pri- Bárbara - Como eu já falei, gasto muito . homossexual. Elas não viram mulher totalmente.
meira garrafa. Então, ele me convidou pra sair. comigo. O jaime Eduardo é casado caiu a Bár-
irado pelo Presidente Siroasner. é uma pro- AntôtiioCartas— Você mula sIlicone?
bara Hudsoiu, que o sustenta. Tenho uma mulher
priedade particular do Presidente Strossucr. Eu- Alceste - E voei raiarmo.? Bárbara - Não. Não que eu seja radicalmai-
de alto nível que precisa ser mantida em guarda-
tio esse militar deu 24 horas para que Jacqul'ue Bárbara - Não. Vocá sabe que eu levo vida te contra o silicone, acontece que eis fui favo-
roupas, joias, boas perucas, bons sapatas,
saisse do pala. No ano passado eu ent-e lo dupla. Além da Bárbara, eu tenho de sustentar o recido pela natureza e mesmo sem tomar bar-
plumas.. Eu também gasto muito com excesso de
Paraguai, e tenho sérias restrições aquele pata. Jaime, durante o dia, au suas necessidades e antanios tenho um corpo avantajado, pernas
bagagem, porque viajo com 10 12 malas.
Aguitialdo - Corte-ros estai restrições? manias. roupas, calçados, livram de cinema - femininas, tenho uma pele delicada. Mas mesmo
Alcate - Não drie pra cempr'ar eisa em
Bárbara - Eu estava em Foz do Iguaçu, no portados -, material fotográfico,.. Está tudo que ai não tivesse esse corpo, tenho certeza que
spartaaertoabmho?
ano passado, em uma de minhas tuniés anuais caro hoje au dia, então ai não posso me dar ao teria o talento suficiente para encarar um publico
Bárbara - Por 'morlvel que pareça, ainda não
pelo Paraná, quando numa noite, apta o meu luxo de recusar um programa de dez ou cinco mil e ser aplaudida, sem osiocar peitos de silicone,
deis pra canprar. Gasto milhões em livros de
show, um senhor pediu que o garçom me chamasse cruzeiro.. Tráa mil é o minimo. pomnetes tua cara ou silicone nas coxas. Caiu ouso
cinema, gasto milhões em roupas e gosto de sair
até sua mesa. Para mim tratava-se de mais um Alceste - E voei racaioe? de silicone, a pessoa se transforma num monstro,
corri amigos e proporcionar-lha uma noite numa
cliente. Chegando lá. este senhor. de cabelos Bárbara - Não. Voci sabe que eu levo vida porque quando ela quiser mudar, ou exercer
bate ou au outro lugar (António Carlos e 7k Pa-
grisalhos, se apresentou como o proprietário do dupla. Além da Bárbara, eu tenho de sustentar o outra profissão, não terá condições, estará toda
nando estio ai pra confirmar). Nunca tive gigolô e
"Nlght Club Carrumal", de Assunção. Ele falou Jaime, durante o dia, au suas necessidades e deformada.
nau vou ter. Prefiro gastar num jantar ou numa
que havia gostado do meu espetáculo e que tinha manias, roupas, calçados, livros de cinema - im- Alceste - A Bárbara é solteira, casadu, viáva
noitada cora um gay meu amigo, do que com um
indagado a meu respeito. Soube que durante o portado. -, material fotográfico... Está tudo ou o
macho. Homem pra mim é igual • papel bigiã-
dia eu eia um homem. Ele queria levar um artis- caro hoje au dia, então eu não posso me dar ao Bárbara - Eu jamais tive caso com um
nico, eu usoejogo fora,
ta, um travesti, que de dia aparentasse um ho- luxo de recusar um programa de dez ou cinco mil homem e nunca teria saco de viver, de dormir
António Carlos - Mas a Bárbara aio pagaria
mem e que só a licite se transformasse em mu- ci'ureiroa. Trás mil é o mínimo. numa cama can a vna possas. Eu posso morar
em 8"&?
lher, para os espetáculos. O contrato era de trinta Alcaste - Voei c'osabiaos o preço cem eis an- Bárbara - Não, mas o Jaime pagaria, In- sozinho, o que não quer dizer que eia durma
dias, mas um testo sentido me alertou para só es? clusiva: eu estive na Galeria Alsska, olhei pra um scxituho. Eu adoro a liberdade, adoro atar só, de
aceitar duas semanas. O caché era de seis mil Bárbara —Os preços aio sempre combinados bole maravilhoso, uni tostão, e perguntei: "Vocá ficar livre para poder receber quem eu quero, na
guaranis por noite. na época dois mil e poucos antes e pagos adiantados, na mesa. Ao sair, deixo faria tudo na cama comigo? Eu te pago, mas vocá hora que eu quero. Um homem morando comigo,
cruzerias. Fiquei hospedado no Hotel Guarani, o o dinheiro com o gerente da casa, para evitar da- vai ter que fazer tudoo que eu quiser." iria tolher minha liberdade. Eu vivo muito bati
mesmo que hospedou Figueiredo, cru sua viagem sistfudu, Então fui pra fazenda dele, um lugar Alceste—EslaMal cixn essa minha dupla personalidade: Dr. Jeckill
ao Paraguai. maravilhoso. Ao chegarmos lá, tomes um banho Bárbara - Fez tudo. E depois eu dei um and Mister Hyde.
Mal chego na Rodoviária de AasullçIo. antes fui direto pra cama. Foi quando eu levei o maior presentinho pra ele (risca). 7k Fernando - Então diz pra gente, quem á o
dos passageiros descerem, pois guardas entram susto, porque ele virou-se pra mim e disse: "Ah Dr. heidi se Mister Hyde.
no ónibus e perguntam: "Quem é o maricón meti machão gostoso, meu boi, me chama de sua Alceate - Voei falou que leva vide dupla, Bárbara - São o médico e monstro...
brasileiro?" Todos olharam para trás, cano se vaca, faça mó pra mim. Bata na minha cara, me caem S~ e cemo Bárbara. O cempertamasno António Carlos - Sina, mas quem á o módico
procurassem o tal mancou, e eu sem saber o que estupre..." (gargalhadas no pacato prédio da do hosasue que sal casa loba. é do hum que sal e quem é o monstro, em sue dupla pemoss.Lled.?
fazer, também olhei (risca). AI eles perguntaram Joaquim Silva), cem Bárbara á dlleraits? Voei podara sã cem Bárbara - Be, para a sociedade, o monstro
novamente "Quem é o transformista Bárbara 7k Fernando - Atademue., ao eixo 21..Slo em bc como Salsa. ai Bárbura? seriaa Bárbara, não é? (risca) (TbeErd)

Junho dcl9hl LAMPIÃO da tquina

** Centro de Documentação
APPAD

l
1),1 [ a LI il ti.i ti
e
ivt-rsudadt'
*1
Prof. Dr. Luiz Mott GRU PODIGN IDADE
Jlinlordo Flamengo; Brizola do PDT; Rogkrla do Gay Fan-
ts y ; Darcy Penteado
Sã do Lampião; Paulo César Pereio de M
Tias; Sandra do MPB/81; Ricardo Petrâgfla de Beni; OS
Rapazes do bordel de Mesquita: Voc?pode Imaginar toda essa
gente reunida numa Publicação guei? Pois ê o que vai aconte

0
eu nas páginas de

O Jornal, em formtjo de revista, que abre caminho para a


segunda geração de publicaoes gueis no Brasil. Variedades,
política sexual, consumo transa do corpo...Uma gama In-
finita de
assuntos que Interessam aos entendidos de todos os sexos,
No Perca o Primeiro Número.-

4 loja (1if('r(.ie jUIr(1 gtltP iguttI (1 roeê

PLEIG UEI.
A revista do hom
Rio
Presentes
('r(ini j(s(ff Plantas Naturais
Artesanato Brasileiro

PLEIGU.EI Flores e Plantas Desidratadas

O toque brasileiro

que falta na casa de quem eniende,

ama e curte as boas coisas da vida

Agosto em Todas as Bancas do Brasil Matriz: Rua Barata Ribeiro, 303-A. Fone: 256-9624.
Filial: Rua Barata Ribeiro, 458 loja D. Fone: 236-2430

LÀMP1A() da esquina JUhho de 1981

Centro de Documentação
APPAD ie
da parada da diversidade
Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
19 FESTIM .j
Falange Va no Schnitt
O Lamplo da Esquina completos simi es. ~ vos dar uma voltinha pela rara
cifto anu glnho. Como Ide costumag no anires. pua ver como andam ia coisas. Quando ms
sItio da siguim ou de alguma co ites, foi ira- dirigia para a porta do Schaltt, um .esthor
liud_a ama lesduba. Neste ano o local de nos. aparratando mais os osoa 40 anos grita
- cememmaçm lei o Scheitt, que êlldesudo minha dfr.*o, "EL. você ai, docamratoal'
par Cadaâo. Is Cailtu Guedesi uma dupla do Fiquei perpiezo. Respondes "O .oskor tam
barulho. Pata organizar tudo Joel Fesna.ndo certosa que aio mel falando com a pemoa
foi o colhldo osou na e um candidatoo qu* vadaV "aio estou aio. Pega sem
aparar~ na indk de nosso jornal. tebmnha ondas. lia "polida" — t~ ver-
melhas e me mostra. Peça pera vemir no duro,
porque no escuro as I.poaslv.i. Li com
Nolte de late. Na porta do Sckalft uma
puma malddio, desde 1. 1, mpes-mva pira culd.doê aio dos outra, era cana mmao. Foi
dar Inicio ia c,memoraØ marcadas Paris à* si que mi veio 1 cabeça ama cllàre fruae
11h. Como tudo nesta pia tupiniquim comsçu mito comam no mito da blitz que amolam o
fora do hoijrfo, nÓs lambia,, tratamos de Rio de Janeiro, "Todo o crioulo 1 suspeito
para a policia". Puzei es .m. documentos a
aturar, a fim da ficarmos «o dia com a moda.
A. 22h coa.0 o es1to. Fernando Moroso. lembrei que na minha carteira funcional do
Fernando Rmkl 1*0 os aprostadorss. De Jornal Ultimo Hora tem, palavra "inspirai."
em leira. vermelha., do mesmo tamanho que a
reposte, mera — vosa nosso coleguinha Ais.
(bolo Carlos Moreira cdl um recado estranhos palawiw'Pol$da" na lace. Isto signific, que
olha ai goste, fomos boicotado.. Os con- com esta cartitrinha tenho paise livre em qual-
quer lugar, o que 1 um alivio. O policial olhou

kr
vidados foram aviando@ que a festa tinha sido
adiada." Suspiros da platina. AntbnIo Carlos para a palavra em vmae&ho es. desculpou. Em
sai de ema s mIraa os apresmtador. Raiki. Lhe respondi que aio t problema, JI estou
Moroso 5*0 dolo prnthslonaia tarimbados em acostumado a mostrar minha bala foto para
segurar a pitas quando a barra pesa. Nota vl4oe policiais que gostam multo da. foto-
grafias de crioulo.. Lma Bhtrt s Mkrlo Viii.
noite eles conseguiram flovamosis I.w a arte
de criar um thow com pouco# animas. loa_atia Deduzi, entrou em cana. Pergunto para a Finai de festa. O esforço foi total para eme.
piadami e tostam alegrar o público. Começa o Volto para minha mesa e encontro uma minha amiga se o bole trabalhava o. estudava. quecoir ai dellcfimdaa do microfone, da auiha.
espetáculo. Se apresesitam Faffy a Sandra SI, amiga, a Cbuást., muito aflita. Ela, quando Claudete, uma pessoa ,em o inimo piscon. da doe grandes nomes anunciados prartamos.
Barbara Hudeon, Camilo, Andros Caap.reW - pescóm a presença da polida, mi perguntou. ceito, diz que somente se que seu uma te, e do malestar «o que a polida tostou eu-
que continua brilhando como nunca - e L.d , 'tu o meu bole que peguei na Cinelin. trepada muito boa. Estilo lhe respondo, "1 ironizar quando fez uma investida 1 procura da
Brandão, nossa musa inapiradora. resporakvel da? Elis esm peito de você quando es ca~ te minha filha, nesta altura do campeonato o boia bandido.. Na rmlldads o que os policiais
por tantos momostos alegres mos nossa. lesta.. pedira. docummtoa." Respondi que aio vi, deve estar bailando co. os tiras na delegada." devem Ia encontrado na sua bliti foram al-
mas que poderia verificar o que houve. Ra. gum.. blchhthaa que esqueceram documentoo
g
Porim no ma o disto tudo acontece um pldamsnte olhei ena db.*o à porta, o bola Apesar do Incidents com Claudete, que ou einio os mlcbla, que por rarbes bbvins, ain-
show 1 parti na platina. Nos Intervalos das tinha L_..dào toque de .shajca. ficou desquitada naquela noite, a alegria con- da rio possuem a carteininha do seu sindicato.
tinuou na mesa. Eu estiva acompanhado da No outro dia abro os jornais da grande impren-
um novo amor. Sb dava tempo de assistir parie sa para ver se foi encontrado no Sc'hr.ltt algum
do show , porque meu coração palpitava a mil assaltante de banco, criminoso de alta parIu.
qulibm~ por hora. Minha amiga, que aio loildade, lhembro da falange vermelha ou
perde tempo, tratou logo de esquecer do seu fugitivo da Ilha Grande. Qual rio foi minha
desquite via polida, pegou um garoto mara- surpresas estavam todos fora da festa do Lam-
vilhoso e laklou um novo casamento. Neste pião, e pelo visto deve, ter dado graças a Dem
a' dito em redor 1 vejo que todo mando pelo período em que a policia esteve no Schnitt.
está alegre. Os amigos se confraternizam. Era Desta forma a um de ..&ae livre para
bichas. sapalbes, sapatinhoa, enruatidoe, «ii Iii que eles pudessem praticar os seus 'esporim"
tudo aquilo que lar parto de nossa abençoada ou dar um passeio pela Praia de Botalogo à
fauna guin. procura do seu 'ganha páo". '(Mio Costa)

PKQI FMLr',1I:NflLDI4Al:NA CABARÉ DOS TRAVESTIS

Sauna. - rnui,aambtentaI - baí - 1V


a cr.)rc', - piscina Interna - bihIRxea -
pvI3Ic roo:.

Termas
Li IlvC4t
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Com Loura de Visou e elenco
I)c ' Ji ni.inhã is 6 da manha didia seguinte Serias' leira, e sábados a partir das 12 horas.
Rua Buarqude Macedo, SI, 1 arncngo. Rio O Boêmio antigo Bilo). Rua Santa Luzia,
l Adrà C*. Caspsniili FcIc1on 265-4389 760, fone 240 .7259, CMit&adls.

Citabosadoras - kdo Carlos Rodrigues, Dimr*iulçlo. Rios Distribuidora de Jornais e Composto e lmpres3o na Gráfica e Editora

9LAMPIÃO] Luiz Carlos Lacerda, Agudo Guimarães,


Frederico Jorge Dentes, José Fernando Bastos e
Aistt5teles Rodrigues (Rio); Carlos Alberto
Revistas Presidente Ltda. (Rua d. Constituição.
65/67); S10 Paulo* Pukid Carcanlmitti; Curi-
ilhas 3. Ghignone& Cia. Lida.; Flesianápolhs
Jornal do Comércio S.A. —Rua do Livramento,
189, 40 andar, Rio deJaneiro.
Miranda (Niterói); Mariza e Edward MacRac e Joinvile, Amo Representações e Distribuição E.dereçoi Rua Joaquim Silva, ii, sala 707,
(Campinas); Celso Qiri. Jorge Schwartz. Cyn. de Livros e Periodicci Lida.: lundial, Distri- Lapa, Rio, RI. Correspossd2ncia: Caixa Postal
LAMPIÁQd. Esquina .8 urna publicação thia Sarti (São Paulo); Amylton Almeida buidora Paulista de Jornais e Revistas Leda.; 41.031, CEP 20.400, Santa Teresa, Rio.
da Esquina - Editora de Liso, Icnuais e (Vitima); Paulo Hecker Filho (Porto Alegre); Porto Alegrei Salvador La Porta Distribuidora
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Insaiçlo estadual 81.547.113. Oliveira (Jacarcl)e Luiz Molt (Bahia). Santana; ido Horizontes Distribuidora Pal- velope fechado, Cri 850,00; como impresso,
mares de Liwci. Jornais e Revistas Lida.; Juiz Cri 600,00. Para o exterior USS 25. Número
Editores, Aguinaldo Silva, Francisco Bitten- de Feia, Ercole Caruizo & Ci.. Ltda.; Goánlai
Fotoas Cynthia Martins e Ricardo Fragoso atrasado: Cri 70,00.
court e Adio Acosta (Rio); Darcy Penteado e AplCiO Braga & Cia. Ltda.; Brasília, Anozir
JcdoSllv8rio Trevisan (Sio Paulo). Tupper (Rio); Francisco Fukushima e Dirrias
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de Publicações Ltda.; Salvador, Literarte -
Redação —AntónioCarka Moreira. Alceste Livros. Jornais e Revistas Ltda.; Aracaju,
Pinheiro, Aristides Nunes, Dolores Rodrigues, Artes António Carlos Moreira (arte 4inal), As matérias não solicitadas e não publicadas
Wdlingtco Gomes de Andrade; Maceió, Go- não serão devolvidas. As matérias assinadas
José Fernando Basta, Regina NiSlirega (Rio), Mcm de Sã (capa), Néhon Souto (diagrama- sivun R. de Gouveia; Recifes Diplomata, Dis-
Eduardo Dentes, Emanorl Freitas. Zczé Mel. çio). Levi e Hartur (r±arges). publicadas neste jornal aio de exclusiva respon-
tribuidora de Publicações e Representações
gar, Francisco Fukushima, Glauco Mastcio, sabilidade de seus autores.
Lida.; João Posso., Henrique Paiva de Ma-
Paulo Augusto (São Paulo), Alexandre Ribondi galhães.
Circulação, João Reis.
(Brasilia).

£ ,iunb9,4e1981 LAMI'IA() da esquina

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Prof. Dr. Luiz Mott GRUPODIGNIDADE
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L.d Brasdio
O ambiente deuumtraldo, o local (Schnitt) e aguada
quantidade de gente joieni fizeram do show Dá~ u9
3o mala alegre e de sito astral destes última anos e o
melhor que o 'Lsmp&id' já rcallw.a. R vibém que digo
isso o maior cocheeimento de oruas, pcis atie eu-
'dido de paio na orgaiuizaçio Inidal do $hf,a. O
Sdinitt, diiigldo mia de fada por Cantiuly, é uma
simpatia de lugar, com seu ar de deadbcla e seu pú-
blico bem ~co. que velo juntar-se ia leitores e ad-
mirador. do 'Lampilo' e $ perscualidado com o jor-
nalista Jaguar, o oatureiro Mário VsJlc, o empresário
teatral ido Paulo Pinheiro e o radialista (l'upy) Ore-
gory, que ate ano enfeitaram a platéia do Bhdia.
No palco, a apr.aitaçlo brilhante de Fernando
Raki, Jaalc* Shéihey, Fernando Moreno e da própria
Camilly, dcatllarvn maravilhas da nau músla popular
braaiiéira, como Lana Blttesicostrt, musas, como Lcd
Brandio e mais uma verdadeira umstslaç*o de gente
— que fiz qumtlo de homeuagesr o nesso jairnieco ------Sandra Sá a Falty
em seu terceiro annesário, com unia presença artistica
que deixou a todos d&umiasda. Deusa ccxistdaçlo de
atidas nascentes anotama a nomes de Fernanda. Fat-
ty, Sandra Si, Sina Maria. Sula Careulbe, Niltinho e
Márdo Vou Kniger, toda cantando com aquela vou
privilegiada que Deus 1h. deu.
Brilharam também, com seu humor aguçado e às

Omhwl4a
v mordaz, bem aractesttico dos traormiatu, a
noma querida Andrá Osapsrelhi, com uma husqucdel
de Osi Cata, já nona da

Santa Mondei,
era de ouro do Bilio Caberá, Barbara Rudeou, cujo
talento estriou no Rio e & com sua arreliatadora
Vlckle Laxàca*r. sempre vs'i11 e
tom, e, mais uma vez, Camllky, quais ooufumsçào mais
dramática do que pode fizer em ma um tr.i de

Camflly do miamo que


lei (Pwla'.
talento. CamIlly cantou Músicas de GouzsgeinM de uma
maneira que deixou a platéia deslumbrada. A nossa
querida Cintia L*l outra dsrnouatr.çlo do esforço e
ocuiqubtnAo para o seu tipo de es-
petémio otreius*1 besailelto. miNsceesi).
Moro a Fs:f &.kI

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