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Liev Nikoláievich Tolstói, mais conhecido em português como Leon, Leo ou Liev
Tolstói (em russo: Лев Николаевич Толстой; Governorado de Tula, 9 de
setembro de 1828 — Astapovo, 20 de novembro de 1910), foi um escritor russo,
amplamente reconhecido como um dos maiores de todos os tempos.
Vida e carreira
A experiência no exército seguida de duas viagens pela Europa (em 1857 e 1860)
foram muito marcantes para Tolstói, e o transformaram definitivamente em um
anarquista pacifista. Outros que seguiram caminhos análogos foram Alexander
Herzen, Mikhail Bakunin e Peter Kropotkin. Durante sua primeira viagem pela
Europa, Tolstói testemunhou uma execução pública em Paris, experiência que lhe
foi traumática. Numa carta enviada ao seu amigo Vasily Botkin, ele escreveu: "A
verdade é que o Estado é uma conspiração desenhada não somente para explorar,
mas acima de tudo para corromper seus cidadãos... de agora em diante, eu jamais
servirei a nenhum governo em nenhum lugar." O conceito de Tolstói de não-
violência ou Ahimsa foi reforçado quando ele leu uma tradução alemã dos versos
sagrados Tirukkural. Mais tarde, ele sugeriu esse estilo de vida ao jovem Mahatma
Gandhi através de sua Carta ao Hindu. Na época Gandhi procurava conselhos de
Tolstói por meio de correspondências.
Durante sua segunda viagem pela Europa, Tolstói foi influenciado política e
literariamente por Victor Hugo. Essa influência ficou evidente na obra Guerra e Paz
(1865), onde Tolstói descreve as batalhas de maneira semelhante à de Os
Miseráveis, obra-prima de Hugo. A filosofia política de Tolstói também sofreu
influência de uma visita feita em março de 1861 ao libertário Pierre-Joseph
Proudhon, que se encontrava exilado em Bruxelas. Tolstói cedeu a Proudhon o
título de sua magnum opus à obra La Guerre et la Paix, a qual ajudou a revisar.
Sobre a experiência, ele escreveu:
Vida pessoal
Seu estilo ficcional tenta sempre transmitir de maneira realista a sociedade russa
na qual ele viveu; Os cossacos (1863) descreve a vida cossaca por da história de um
aristocrata russo apaixonado por uma menina cossaca. Anna Karenina (1877)
conta histórias paralelas de uma mulher adúltera presa pelas convenções e
falsidades da sociedade adúltera, que sai da casa do marido para viver com o
amante, Conde Vronsky, oficial da cavalaria. Tolstói não só exprimiu de suas
próprias experiências, mas também criou personagens à sua imagem, tal como
Pierre Bezukhov, o Príncipe Andrei de Guerra e Paz, Levin de Anna Karenina e até
certo ponto, o príncipe Nekhlyudov de A Ressurreição.
Sua magnum opus Guerra e Paz é majoritariamente reconhecida como a maior obra
de literatura do Século XIX e unanimemente a maior obra da literatura russa.
Escrita entre 1865 e 1869, a novela narra a história de cinco famílias que lutam
durante a invasão da Rússia pelas tropas Napoleônicas. Tolstói criou 580
personagens, algumas históricas, outras ficcionais. A ideia original de Tolstói era
investigar as causas da Revolta Dezembrista, a que se refere apenas nos últimos
capítulos. A novela acabou explorando, no entanto, a teoria da história de Tolstói e,
em particular, a insignificância de indivíduos como Napoleão e Alexandre I da
Rússia. Surpreendentemente, Tolstói não considerou Guerra e a Paz uma novela
(nem considerava que muitas das grandes ficções russas escritas na época eram
romances). Essa visão se torna menos surpreendente se levarmos em conta o fato
de que Tolstói era um romancista da escola realista e, portanto, considerava o
romance como um quadro para o exame de questões sociais e políticas. No entanto
Tolstói passou a considerar Guerra e Paz uma prosa épica, fato que a desqualificou
como análise social. Sendo assim, ele considerou Anna Karenina sua primeira
novela verdadeira.
“Estou convencido de que Schopenhauer é o mais genial dos homens. (…) Ao lê-lo
não posso compreender como o seu nome pôde permanecer desconhecido. A única
explicação possível é a que ele mesmo repete tantas vezes, que há quase só idiotas
no mundo.”
Em 1884, Tolstói escreveu um livro intitulado "No que eu acredito”, onde ele
confessou abertamente suas crenças cristãs. Ele afirmou sua crença nos
ensinamentos de Jesus Cristo e foi particularmente influenciado pelo Sermão da
Montanha. Tolstói interpretou o “Ofereça a outra face” como um 'mandamento de
não-resistência ao mal pela força, configurando assim uma doutrina de pacifismo e
não-violência. Em seu trabalho, O reino de deus esta em vós, ele explica que
considerou equivocada a doutrina da Igreja pois, em sua visão, eles corromperam
os ensinamentos de Cristo. Tolstói também recebeu cartas de quakers americanos
que compartilhavam pensamentos de outros pacifistas americanos, tal como
George Fox e William Penn. Tolstói achava que o pacifismo era uma obrigação
cristão. O pacifismo de Tolstói somado a negação de qualquer Estado fizeram
Tolstói ser considerado um anarquista.
Sem nomear-se anarquista, Leo Tolstói, assim como seus predecessores dos
movimentos religiosos populares dos séculos XV e XVI, Chojecki, Denk, optou pela
posição anarquista no que diz respeito aos direitos de propriedade em face ao
Estado, deduzindo suas conclusões do espírito geral dos ensinamentos do Cristo.
Com todo o poder de seu talento, ele fez (especialmente em O Reino de Deus em si
mesmo) uma crítica poderosa à igreja, ao estado e às leis, e especialmente às leis
de propriedade. Ele descreveu o estado como a dominação dos ímpios, apoiados
em uma força brutal. Os ladrões, diz ele, são muito menos perigosos do que um
governo bem organizado. Ele fez uma crítica aos benefícios conferidos aos homens
pela igreja, pelo Estado e pela distribuição da propriedade e, a partir dos
ensinamentos do Cristo, ele formulou a regra da não-resistência bem como a
condenação absoluta de todas as guerras. Seus argumentos religiosos são, contudo,
tão bem combinados com argumentos observados a partir dos males de sua época,
que o anarquismo de suas obras atrai a atenção tanto o leitor religioso quanto o
leitor não-religioso.
Durante o Levante dos Boxers na China, Tolstói apoiou os Boxers. Ele fez duras
críticas às atrocidades cometidas pela Aliança das Oito Nações, composta de 20 mil
soldados russos, americanos, britânicos, franceses, japoneses, alemães, do Império
Austro-Húngaro e italianos. Quando soube dos estupros, saques e excessos
cometidos pela tropa que foi enviada para ocupar a sede imperial. Tolstói acusou
os monarcas Nicolau II da Rússia e Guilherme II da Alemanha como responsáveis
diretos pelas atrocidades. Durante essa época, Tolstói se correspondeu com o
intelectual chinês Gu Hongminge e o aconselhou para que China permanecesse
uma nação agrária e advertindo-o contra as reformas, como as que foram
implementadas pelo Japão.