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Mapa Do Analfabetismo No Brasil PDF
Mapa Do Analfabetismo No Brasil PDF
A
Mapa do Analfabetismo no Brasil
A
N LFA
BETIS
MO
Ministério da Educação
1
Diretoria de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais
José Marcelino de Rezende Pinto
2
Sumário
Apresentação......................................................................................................................................... 5
A herança ..................................................................................................................................... 6
Analfabetismo e gênero.............................................................................................................. 10
Os alfabetizadores...................................................................................................................... 11
ANEXO I .............................................................................................................................................. 13
ANEXO II ............................................................................................................................................. 33
3
4
Apresentação
Com este trabalho, esperamos estar
Quando o professor Cristovam Buarque tomou contribuindo para que esse assunto entre, de
posse como Ministro de Estado da Educação do fato, na agenda dos governadores, prefeitos,
Governo Lula, seu discurso apontou como membros dos Órgãos Legislativos, Secretarias
prioridade a implantação de políticas de de Educação e que ganhe o corpo e a alma dos
inclusão social para concluir a abolição da educadores para que possa, finalmente, ser
escravatura no Brasil, para ele, incompleta. O uma página virada de nossa história.
pilar do seu discurso, reconhecendo os avanços
recentes na área educacional, prevê como É uma cruzada que precisa da participação de
prioridade o combate implacável ao todos. O Brasil precisa de uma política
analfabetismo. Sobre as políticas educacionais, educacional para a Nação. É um objetivo
disse ele: “precisamos pisar no acelerador e ambicioso, mas decisivo para que alcancemos
dobrar à esquerda”. Uma referência à urgência um nível de desenvolvimento econômico e
com que certos problemas precisam ser social compatível com nossas dimensões e
resolvidos. Esta publicação pretende subsidiar riquezas e com a grandeza de nosso povo.
os poderes públicos na formulação das políticas
de inclusão. O Inep coloca esta publicação à Otaviano Augusto Marcondes Helene
Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
disposição de todas as instâncias Anísio Teixeira
administrativas para ampliar a reflexão sobre o
tema, oferecendo, ainda, um acervo de dados
para que o desenho dessas políticas possa ser
orientado com informações precisas.
5
Um olhar sobre os indicadores de analfabetismo no Brasil
A herança analfabetos no País. Por ela podemos constatar
dois fatos importantes. Em primeiro lugar
Ao apresentarmos uma síntese dos dados observa-se que a taxa de analfabetismo na
sobre analfabetismo no Brasil, o primeiro ponto população de 15 anos ou mais caiu
a se considerar é que se trata de um problema ininterruptamente ao longo do século passado,
que possui uma longa história no País. Assim, saindo de um patamar de 65,3% em 1900 para
em sua interessante obra História da Instrução chegar a 13,6% em 2000. Contudo, como já
Pública no Brasil (1500-1889), escrita em 1889, alertava Anísio Teixeira (1971), em trabalho de
José Ricardo Pires de Almeida (2000) comenta 1953, não basta a queda da taxa de
o fato de que no Brasil Colônia “havia um analfabetismo; é fundamental também a sua
grande número de negociantes ricos que não redução em números absolutos. E neste
sabiam ler” (p. 37). Prova disso é que no aspecto há muito ainda a ser feito. Como dado
Império admitia-se o voto do analfabeto desde positivo, finalmente, na década de 1980,
que, é claro, este possuísse bens e títulos. O conseguimos reverter o crescimento constante
autor relata outro fato que também ajuda a até então verificado no número de analfabetos.
entender as causas desse fenômeno e que Como dado negativo, havia em 2000 um
ainda hoje se encontra presente: os baixos número maior de analfabetos do que aquele
salários dos professores que impedia a existente em 1960 e quase duas vezes e meia o
contratação de pessoal qualificado e que que havia no início do século 20. Como, do
levava ao “afastamento natural das pessoas ponto de vista da mobilização dos recursos, o
inteligentes de uma função mal remunerada e que interessa é o número absoluto de
que não encontra na opinião pública a analfabetos, percebe-se a grande tarefa que
consideração a que tem direito” (idem, p. 65). temos pela frente, tarefa essa, é claro, facilitada
No mesmo trabalho, ele mostra que, em 1886, pelo fato de que a riqueza social produzida hoje
enquanto o porcentual da população pelo Brasil é muito maior do que aquela de
escolarizada no Brasil era de apenas 1,8%, na 1960, ou do início do século.
Argentina este índice era de 6%.
Fatos como esse ajudam talvez a entender por Tabela 2 – Analfabetismo na faixa de 15 anos ou mais -
Brasil - 1900/2000
que, em 2000, enquanto a Argentina ocupava o
34º lugar no ranking de IDH (Índice de População de 15 anos ou mais
Desenvolvimento Humano), o Brasil ocupava a Ano
Total(1) Analfabeta(1)
Taxa de
73º posição, em situação bem inferior à de Analfabetismo
outros países da América Latina conforme 1900 9.728 6.348 65,3
mostra a Tabela 1. 1920 17.564 11.409 65,0
1940 23.648 13.269 56,1
Tabela 1 – Índice de Desenvolvimento Humano e Taxa de 1950 30.188 15.272 50,6
Analfabetismo da população de 15 anos ou mais – 2000 1960 40.233 15.964 39,7
1970 53.633 18.100 33,7
Taxa de 1980 74.600 19.356 25,9
País IDH Posição Analfabetismo
1991 94.891 18.682 19,7
(%)
2000 119.533 16.295 13,6
Noruega 0,942 1º 0,0 Fonte: IBGE, Censo Demográfico.
Austrália 0,939 5º 0,0 Nota: (1) Em milhares
Áustria 0,926 15º 0,0 Se por um lado, o Brasil tem hoje plenas
Espanha 0,913 21º 0,0 condições, do ponto de vista de seus recursos
Portugal 0,880 28º 7,8 econômicos e da qualificação dos seus
Argentina 0,844 34º 3,2 docentes, para enfrentar o desafio de alfabetizar
Chile 0,831 38º 4,2 seus mais de 16 milhões de analfabetos, por
Costa Rica 0,820 43º 4,4 outro lado, o próprio conceito de analfabetismo
Trinidad e Tobago 0,805 50º 1,7 sofreu alterações ao longo deste período.
México 0,796 54º 8,8 Assim, enquanto o conceito usado pelo IBGE
Colômbia 0,772 68º 8,4 nas suas estatísticas considera alfabetizada a
Brasil 0,757 73º 13,6 “pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um
Peru 0,747 82º 10,1 bilhete simples no idioma que conhece”, cada
Equador 0,732 93º 8,4 vez mais, no mundo, adota-se o conceito de
Cabo Verde 0,715 100º 26,2 analfabeto funcional, que incluiria todas as
Fonte: Pnud e Unesco. pessoas com menos de quatro séries de
A Tabela 2 busca, então, apresentar como estudos concluídas. Usando este segundo
evoluiu, no último século, o número de critério, mais adequado à realidade econômica
6
e tecnológica do mundo contemporâneo, o essa escola não for de qualidade, continuaremos
nosso número de analfabetos salta para mais a produzir o analfabeto funcional, que apesar de
de 30 milhões de brasileiros, considerando a ficar até oito anos na escola, não consegue
população de 15 anos ou mais. avançar além das séries iniciais.
Analisaremos, a seguir, como o número de
analfabetos distribui-se entre as diferentes
25.000 70%
regiões do País.
60%
Número de Analfabetos (em 1.000)
20.000
Taxa de Analfabetismo
50%
15.000
40% As desigualdades regionais
30%
10.000
Tendo o Brasil, como sua marca básica, as
Analfabetos Taxa de Analfabetismo
20%
desigualdades sociais e regionais, não poderia
5.000
10% ser diferente com o analfabetismo. Como
0 0%
mostra a Tabela 4, as regiões com menor
1900 1920 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
desenvolvimento econômico e de economia
Gráfico 1 – Número de analfabetos e taxa de analfabetismo na
pouco diversificada são as que apresentam os
faixa etária de 15 anos ou mais – Brasil – 1900/2000 piores indicadores. Assim, o Nordeste brasileiro
tem a maior taxa de analfabetismo do País, com
Fonte: IBGE, Censo Demográfico.
um contingente de quase oito milhões de
Este número deve ser analisado com atenção analfabetos, o que corresponde a 50% do total
para que possamos identificar os impactos do País.
decorrentes da expansão do sistema. De fato, a
Tabela 4 – Taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou
ampliação do atendimento escolar teve forte mais – 1996/2001
impacto no processo de desaceleração do
analfabetismo, sobretudo nas faixas etárias Ano
Unidade Geográfica
mais jovens. Por outro lado, o ganho na 1996 1998 2001
escolaridade média dessa população, apesar de Brasil 14,7 13,8 12,4
expressivo, foi insuficiente para garantir-lhes, Norte 12,4 12,6 11,2
pelo menos, o ensino fundamental completo. Nordeste 28,7 27,5 24,3
Para ilustrar esse fato, basta observar que, Sudeste 8,7 8,1 7,5
como mostra a Tabela 3, na faixa etária de 15 a Sul 8,9 8,1 7,1
19 anos, o analfabetismo era de 24% no início Centro-Oeste 11,6 11,1 10,2
da década de 70 e passou para pouco mais de Fonte: IBGE, Pnads de 1996, 1998 e 2001.
3% em 2001. Nesta mesma faixa etária, a
escolaridade média subiu de quatro para seis 2.500.000
anos de estudo.
2.000.000
Tabela 3 – Taxa de analfabetismo e escolaridade média por
faixa etária – Brasil 1970/2001
Número de Analfabetos
1.500.000
Taxa de
Escolaridade Média
Faixa Etária/Ano Analfabetismo
(Séries Concluídas)
(%)
1.000.000
15-19 anos
1970 24,0 4,0
500.000
2001 3,0 6,0
45-59 anos
1970 43,2 ... 0
DF RJ SC SP RS AP AM PR RO MS PA MT ES RR GO MG AC TO SE PE BA MA RN CE PB PI AL
7
Pernambuco e Ceará) respondem por cerca da
metade dos analfabetos do País. Tabela 5 – Distribuição do número de analfabetos nos cem
primeiros municípios onde ocorre maior concentração – 2000
40,0
20,0
8
Tabela 7 – Os dez primeiros municípios cuja população de 15
Tabela 6 – Analfabetos de 15 anos ou mais – Brasil – 2000
anos ou mais tem, em média, os maiores índices de anos de
estudo – 2000
Número de Municípios Analfabetos Taxa de
Analfabetos Total % Total % Analfab. Nº Médio
Município População de 15 de Séries
Até mil 2.142 38,9 1.125.191 6,9 anos ou Concluídas
De 1.001 a 5.000 2.599 47,2 6.171.095 37,9 mais
De 5.001 a Niterói/RJ 459.451 3,6 9,5
10.000 524 9,5 3.616.979 22,2 1º
2º Florianópolis/SC 342.315 3,6 9,2
Mais de 10.000 242 4,4 5.381.624 33,0
3º Vitória/ES 292.304 4,6 9,0
Total 5.507 100,0 16.294.889 100,0
Fonte:IBGE, Censo Demográfico 2000. 4º Porto Alegre/RS 1.360.590 3,5 9,0
5º São Caetano do Sul/SP 140.159 3,0 8,9
Por outro lado, 242 municípios apresentam mais 6º Santos/SP 417.983 3,6 8,9
de 10 mil analfabetos em sua população 7º Balneário Camboriú/SC 73.455 3,0 8,7
residente. Esse contingente corresponde a um 8º Águas de São Pedro/SP 1.883 2,9 8,6
total de 5.381.624 analfabetos, representando 9º Curitiba/PR 1.587.315 3,4 8,6
33% da população analfabeta do País. 10º Rio de Janeiro/RJ 5.857.904 4,4 8,4
A população residente nesses municípios varia de Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2000.
9
A distribuição pelas faixas etárias Pela Tabela, constata-se que, apesar do tempo
médio de permanência esperado no ensino
O analfabetismo atinge praticamente todas as fundamental para as crianças que o freqüentam já
faixas etárias, obviamente com intensidades ser superior a oito anos em todas as regiões do
diferentes como mostra a Tabela 9. São País, o que permitiria, se tivéssemos uma escola
populações com perfis e expectativas diferentes de qualidade, que todos concluíssem este nível
e, por isso mesmo, o analfabetismo deve ser de ensino, apenas dois terços, provavelmente,
combatido com diferentes estratégias. Na faixa conseguirá fazê-lo.
etária de 10 a 19 anos, vemos o fracasso recente Voltando ainda à Tabela 9, os seus dados
do sistema educacional brasileiro, ou seja, 7,4% mostram que, em face da dispersão da taxa de
são analfabetos. Ora, estes jovens ou ainda analfabetismo entre as faixas de idade,
estão na escola, ou por ela já passaram, o que estratégias específicas devem ser tomadas para
mostra que nosso sistema educacional continua cada segmento etário. Além disto,
ainda a produzir analfabetos. Houve, sim, independentemente da faixa etária, o que os
avanços, mas ainda não fomos capazes de trabalhos na área mostram é que os alunos
fechar a torneira do analfabetismo. recém-alfabetizados devem ser imediatamente
Tabela 9 – Taxa de analfabetismo por faixa etária – Brasil encaminhados para o ensino regular para evitar
1996/2001 uma das características mais comuns em
programas de alfabetização em massa: o retorno
Ano à condição de analfabeto em curto prazo de
Faixa Etária
1996 1998 2001 tempo. Retomamos aqui a idéia de que o
10 a 14 8,3 6,9 4,2 aumento da escolaridade da população é tão
15 a 19 6,0 4,8 3,2 importante quanto a abolição do analfabetismo e
20 a 29 7,6 6,9 6,0 com ele se articula.
30 a 44 11,1 10,8 9,5
45 a 59 21,9 20,1 17,6
60 e mais 37,4 35,9 34,0
Fonte: IBGE, Pnads 1995, 1998 e 2001.
Analfabetismo e gênero
Nota: Exclusive população rural de Rondônia, Acre, Amazonas,
Roraima, Pará e Amapá. Ao contrário de outros países, no Brasil o
analfabetismo entre as mulheres é praticamente
É doloroso constatar que, no Brasil, 35% dos o mesmo que entre os homens. Como mostra o
analfabetos já freqüentaram a escola. As razões Gráfico 4, 12,4% dos homens de 15 anos ou
para o fracasso do País na alfabetização de mais são analfabetos e 12,3 entre as mulheres
seus jovens são várias: escola de baixa na mesma faixa etária. Quanto às diferenças
qualidade, em especial nas regiões mais pobres regionais, constata-se que há mais analfabetos
do País e nos bairros mais pobres das grandes entre as mulheres nas Regiões Sul e Sudeste.
cidades; trabalho precoce; baixa escolarização
dos pais; despreparo da rede de ensino para %
10
de renda mínima) aumentam as chances de
%
Masculino Feminino permanência das crianças e jovens nas escolas.
100
Por sua vez, crianças e jovens com maior
escolaridade passam a ocupar empregos mais
bem remunerados. Os ganhos sociais advindos de
47,7 50,5
54,2 56,3 ações dessa natureza, com certeza, trarão
impactos muito positivos na sociedade brasileira.
50 O Brasil precisa e pode construir uma escola com
infra-estrutura adequada, capacitar os docentes,
pagar-lhes salários justos, ampliar a duração dos
turnos até chegar a uma escola de período integral,
0
buscar e levar os seus alunos na escola, alimentá-
1ª a 4ª série 5ª a 8ª série Médio Superior
los com dignidade, dar-lhes renda suplementar,
Gráfico 5 – Distribuição percentual da matrícula por gênero, enfim, implantar uma pedagogia de resgate e
segundo o nível de ensino – Brasil – 2002 promoção da cidadania. Não é possível conviver
Fonte: MEC/Inep
passivamente com a terrível constatação de que
59% dos alunos de 4ª série do ensino fundamental
Analfabetismo e Renda não apresentam habilidades de leitura compatíveis
com o nível de letramento apropriado para
Em um país que apresenta uma das piores concluintes desta série. Pior, não apresentam
concentrações de renda do mundo, onde a habilidades de leitura suficientes que os tornem
renda dos 20% mais ricos é 32 vezes maior que aptos a continuarem seus estudos no segundo
aquela dos 20% mais pobres, a distribuição da segmento deste nível de ensino. Enfim, são
educação e do analfabetismo não poderia ser também analfabetos, uma vez que não usam a
diferente. A Tabela 11 é um retrato nu e cru linguagem escrita como elemento essencial de sua
destas disparidades. Assim, para o País como vida.
um todo, enquanto a taxa de analfabetismo nos
domicílios cujo rendimento é superior a dez Os alfabetizadores
salários mínimos é de apenas 1,4%, naqueles
cujo rendimento é inferior a um salário mínimo é Qualquer programa que tenha como foco a
de quase 29%. No Nordeste, essa situação é erradicação definitiva do analfabetismo do País
mais dramática: a taxa de analfabetismo das deve priorizar um elemento que é central para o
famílias mais pobres é vinte vezes maior que seu sucesso: a qualificação dos alfabetizadores. O
aquela das famílias mais ricas. descuido com esse aspecto ajuda a entender o
fracasso de boa parte dos programas de
Tabela 11 – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por alfabetização em massa que marcam a história do
rendimento domiciliar segundo a unidade da Federação –
2001 País. Ao contrário do que possa parecer,
alfabetizar um jovem, ou adulto, que já traz uma,
ou várias experiências de fracasso na sua vivência
Rendimento Domiciliar em Salário Mínimo escolar, não é tarefa simples, que possa ser
Corrente(1)(2)
Unidade
Mais executada por qualquer pessoa sem a devida
Geográfica Mais Mais Mais
Total Até 1 de 1 de 3
de 5
de
qualificação e preparação.
até O Brasil possui cerca de 49 mil professores
até 3 até 5 10
10
atuando no primeiro ciclo do ensino fundamental
Brasil 12,4 28,8 19,7 9,7 4,7 1,4
na modalidade de Educação de Jovens e Adultos,
Norte 11,2 22,6 15,5 9,9 5,0 2,0
outros cerca de 800 mil no primeiro ciclo do ensino
Nordeste 24,3 36,8 29,3 17,2 8,4 1,8
fundamental regular e mais de 700 mil atuando no
Sudeste 7,5 20,0 13,5 7,5 4,0 1,5
segundo ciclo do ensino fundamental regular.
Sul 7,1 19,5 12,4 5,9 3,6 0,8
Qualquer programa de combate ao analfabetismo
Centro-Oeste 10,2 23,3 15,3 8,9 5,0 1,4
Fonte: IBGE, Pnad 2001. não pode prescindir desse verdadeiro batalhão de
Nota: Exclusive população rural de Rondônia, Acre, Amazonas, professores que facilmente pode vir a se tornar um
Roraima, Pará e Amapá. batalhão de alfabetizadores.
(1) Salário mínimo em 2001 = R$180,00.
(2) O cálculo destas taxas não levou em consideração as Um programa de alfabetização que se organizasse
informações com renda não declarada. com um ciclo semestral, prazo em que alfabetizaria
e deixaria o educando atendido em condições de
Distribuição de renda e de educação são duas
reingressar nos sistemas de ensino, e que tivesse
ações que caminham juntas. Políticas estruturais
por meta erradicar o analfabetismo em quatro
de distribuição de renda (como a reforma agrária)
anos, exigiria cerca de 200 mil alfabetizadores
assim como as emergenciais (como os programas
(supondo turmas de 10 alunos). Ora, trata-se de
11
um número, embora avantajado, absolutamente Hoje, em todo o país, há um grande número de
realista, em especial considerando que as experiências que se valem de variadas
matrículas de 1ª a 4ª série do ensino fundamental metodologias e que têm, com sucesso,
estão em queda no País, liberando salas e alfabetizado seus jovens e adultos e construído
docentes. uma escola que não seja uma fábrica de futuros
Aliás, uma medida que se tem mostrado bastante analfabetos.
eficaz em experiências distribuídas ao longo do Sempre há e sempre houve disposição da
País é a de utilizar, no período noturno, as salas de população para engajar-se nos programas de
aula das escolas de ensino fundamental para alfabetização; o que faltou muitas vezes foram
alfabetização, mesmo porque boa parte de seus programas de qualidade, claramente delineados
usuários será formada pelos pais dos alunos que já para seus diferentes perfis, e com o nível de
estudam nessas escolas. Dessa forma, fortalece- profissionalização que se espera de qualquer
se o vínculo escola-comunidade, elemento central atividade. Nesta área, improvisação geralmente
para o sucesso escolar dos educandos. redunda em fracasso como a nossa própria
A valorização desses professores em um experiência nos ensina. E aqui, nunca é demais
programa de alfabetização, inclusive com formação relembrar o Mobral, que pretendeu erradicar o
e remuneração complementar, será decisiva para o analfabetismo, a baixo custo, no período da
sucesso do programa, principalmente pela ditadura militar e que foi um retumbante fracasso.
experiência pedagógica já acumulada por esses O Brasil é um país que, graças à difusão do
profissionais. método criado por Paulo Freire, nas décadas de
1960 e 1970, ajudou a erradicar o analfabetismo no
Considerações finais mundo. Infelizmente, neste mesmo período, esse
educador era proibido de ajudar a combater o
Este texto, ao introduzir os indicadores gerais analfabetismo no seu próprio País, exilado que foi
sobre o analfabetismo no País, parte do pela ditadura militar que via em seu método, um
pressuposto de que, se sabemos onde estamos e elemento de subversão da ordem estabelecida. De
o que temos, é mais fácil saber para onde vamos e fato, uma educação verdadeira é sempre
com que meios, otimizando os recursos e libertadora e, portanto, é uma ameaça aos
maximizando os resultados. ditadores, aos que temem a liberdade e a
Os dados mostram que, tão antigas quanto o democracia. Contudo, fora dela não há saída, se
analfabetismo no País, são as tentativas de queremos, de fato, construir uma nação civilizada e
erradicá-lo. Assim, podemos citar, entre outros: mais justa e igualitária. Concluímos com nosso
Campanha de Educação de Adolescentes e mestre:
Adultos (1947, Governo Eurico Gaspar Dutra);
Campanha Nacional de Erradicação do O importante do ponto de vista de uma
Analfabetismo (1958, Governo Juscelino educação libertadora, e não “bancária”, é que,
Kubitschek); Movimento de Educação de Base em qualquer dos casos, os homens se sintam
sujeitos de seu pensar, discutindo o seu pensar,
(1961, criado pela Conferência Nacional de Bispos
sua própria visão do mundo, manifestada
do Brasil-CNBB); Programa Nacional de implícita ou explicitamente, nas suas sugestões
Alfabetização, valendo-se do método Paulo Freire e nas de seus companheiros.” (Freire, 1987, p.
(1964, Governo João Goulart); Movimento 120)
Brasileiro de Alfabetização (Mobral) (1968-1978,
Governos da Ditadura Militar); Fundação Nacional Referências bibliográficas
de Educação de Jovens e Adultos-Educar (1985,
Governo José Sarney); Programa Nacional de ALMEIDA, José Ricardo Pires de. História da
Alfabetização e Cidadania-Pnac (1990, Governo instrução pública no Brasil, 1500-1889. São
Fernando Collor de Mello); Declaração Mundial de Paulo: Ed. da PUC; Brasília: MEC-Inep 2000,
Educação para Todos (assinada, em 1993, pelo Edição original em francês de 1889.
Brasil em Jomtien, Tailândia); Plano Decenal de FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed.
Educação para Todos (1993, Governo Itamar Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. Primeira
Franco); e, finalmente, o Programa de edição de 1970.
Alfabetização Solidária (1997, Governo Fernando TEIXEIRA, Anísio. Educação não é privilégio. 3.
Henrique Cardoso). ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971.
Esse grande número de experiências nos indica
que a erradicação do analfabetismo é uma meta Autores: José Marcelino de Rezende Pinto, Liliane Lúcia
factível, mas que exigirá um grande esforço Nunes de Aranha Oliveira Brant, Carlos Eduardo Moreno
nacional, a exemplo do que ocorreu em outros Sampaio e Ana Roberta Pati Pascom.
países, inclusive mais pobres que o Brasil e que Colaboradores: Equipe técnica da CGSIIE/DTDIE/INEP
conseguiram extingui-lo.
12
ANEXO I
13
14
Tabela 1A – Caracterização educacional da unidade da Federação – 1996
Analfabetismo
(Números absolutos em 1.000)
15
Tabela 1B – Caracterização educacional da unidade da Federação - 1998
Analfabetismo
(Números absolutos em 1.000)
16
Tabela 1C – Caracterização educacional da unidade da Federação – 2001
Analfabetismo
(Números absolutos em 1.000)
17
Tabela 2A – Caracterização educacional da unidade da Federação – 1996
Escolarização e atendimento escolar
18
Tabela 2B – Caracterização educacional da unidade da Federação – 1998
Escolarização e atendimento escolar
19
Tabela 2C – Caracterização educacional da unidade da Federação – 2001
Escolarização e atendimento escolar
20
Tabela 3A – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por gênero, raça e localização segundo a
unidade da Federação – 1996
21
Tabela 3B – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por gênero, raça e localização segundo a
unidade da Federação – 1998
22
Tabela 3C – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por gênero, raça e localização segundo a
unidade da Federação – 2001
23
Tabela 4A – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por rendimento domiciliar segundo a unidade da
Federação – 1996
(1) (2)
Rendimento domiciliar em salário mínimo corrente (%)
Unidade da Federação Total
Mais de 1 até 3 Mais de 3 até 5 Mais de 5 até
Até 1 SM Mais de 10 SM
SM SM 10 SM
24
Tabela 4B – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por rendimento domiciliar segundo a unidade da
Federação – 1998
(1) (2)
Rendimento domiciliar em salário mínimo corrente (%)
Unidade da Federação Total
Mais de 1 até 3 Mais de 3 até 5 Mais de 5 até
Até 1 SM Mais de 10 SM
SM SM 10 SM
25
Tabela 4C – Taxa de analfabetismo de 15 anos ou mais por rendimento domiciliar segundo a unidade da
Federação – 2001
(1) (2)
Rendimento domiciliar em salário mínimo corrente (%)
Unidade da Federação Total
Mais de 1 até 3 Mais de 3 até 5 Mais de 5 até
Até 1 SM Mais de 10 SM
SM SM 10 SM
26
Tabela 5A – Taxa de analfabetismo por faixa etária segundo a unidade da Federação – 1996
27
Tabela 5B – Taxa de analfabetismo por faixa etária segundo a unidade da Federação – 1998
28
Tabela 5C – Taxa de analfabetismo por faixa etária segundo a unidade da Federação – 2001
29
Tabela 6 – Situação do sistema educadional brasileiro segundo as unidades da Federação – 2001
Condições de oferta
Fonte: MEC/Inep.
30
Tabela 7 – Situação do sistema educacional brasileiro
segundo as unidades da Federação – 2001
Indicadores de produtividade
Fonte: MEC/Inep.
31
Tabela 8 – Situação do sistema educacional brasileiro segundo as
unidades da Federação – 2001
Acesso, rendimento e eficiência
Fonte: MEC/Inep.
Nota: (1) Os dados para este indicador são referentes ao ano de 2000.
32
ANEXO II
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40
Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas
Ministério
Educacionais Anísio Teixeira da Educação