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TEXTO I

LI, MAS NÃO ENTENDI

TEXTO II

BRASIL ANALFABETIZADO

Eles sabem ler, mas não compreender. Reconhecem números, mas não conseguem passar das operações
básicas. São os analfabetos funcionais, conceito criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura) em 1978 para referir-se a pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo
simples, não têm as habilidades necessárias para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional. No
campo quantitativo relativo à educação, o Brasil avançou muito: começamos o século 20 com cerca de 65%
de analfabetos, tendo baixado para 51% em 1950 e apresentado reduções mais drásticas só a partir de 1975,
para chegarmos ao ano 2000 com 13% de analfabetos. Hoje são 8%. Mas na qualidade a coisa vai mal.
Como ressalva o professor da FEA-USP, Daniel Augusto Moreira, “o problema do analfabetismo –
entendido como a incapacidade absoluta de ler e escrever – costuma esconder um outro, tão ou mais
perigoso, exatamente por passar despercebido a muitos: trata-se do analfabetismo funcional”.
Vamos ver então o outro lado do analfabetismo.
As pesquisas mais confiáveis no Brasil são realizados pelo Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a
ONG ação educativa, que divulgam anualmente o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF).
Existem dados oficiais, do IBGE, mas que consideram analfabetos funcionais os que têm menos de quatro
anos de estudo. Isso torna o dado pouco confiável, pois o número de anos de estudo considerados como
mínimo para se atingir um nível de alfabetização suficiente é relativo. De acordo com os últimos dados do
INAF, 75% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Isso mesmo: 3 em cada 4 brasileiros.
Destes, 8% são analfabetos absolutos, 30% leem mais compreendem muito pouco e 37% entendem alguma
coisa, mas são incapazes de interpretar e relacionar informações. O estudo indicou que apenas 25% dos
brasileiros com mais de 15 anos têm pleno domínio das habilidades de leitura e de escrita. Com relação à
Matemática, o último INAF mostra que 77% são analfabetos funcionais. Se olharmos o problema de uma
perspectiva curiosa, para não dizer trágica, o Brasil começa o século 21 com um número maior de
analfabetos funcionais do que tinha de analfabetos absolutos no começo do século passado. Ok, podemos
ficar felizes que as pessoas sabem ler e escrever. Mas isso não lhes adianta de nada. Na Alemanha, a taxa de
analfabetos funcionais é de 14%. Nos EUA, 21%. Na Inglaterra, 22% (para melhorar esta taxa, o governo
britânico introduziu a "Hora da Leitura" no ensino fundamental ). Na Suécia, a taxa é de 7%. Estudantes da
classe média brasileira leem pior do que operários alemães.
Não é por acaso que o contingente de leitores de livros no Brasil seja tão pequeno em relação à população.
Apenas 17 milhões de pessoas compraram ao menos um livro no último ano, 10% da população. Uma piada
corrente nas rodas de editores, livreiros e escritores pode dar o tom preciso da história da literatura no Brasil.
Na véspera do aniversário de um amigo, um rapaz, amante das letras, conta entusiasmado ao colega que vai
presenteá-lo com um livro. O aniversariante, constrangido, diz: "Obrigado, mas eu já tenho um". A média
anual de leitura entre os que leem é de 12 obras e a compra per capita de livro não-didático por adulto
alfabetizado é de 0,66. Se comparado a países desenvolvidos, a média de leitura por habitante é lamentável.
No Brasil, esse índice é de 1,8, contra 7 da França, 5,1 dos Estados Unidos, 5 da Itália e 4,9 da Inglaterra.
Em todas as nações desenvolvidas, metade da população é razoavelmente letrada, o que tem favorecido o
progresso.
Como mudar esse árido cenário? Estudos internacionais indicam que é necessário perceber que a
familiaridade com a leitura não é adquirida de forma espontânea. A experiência mostra, segundo o
Ministério da Cultura, que as nações avançadas produzem seus leitores em larga escala. Em todas elas, os
fatores infraestruturais envolvidos na geração de leitores revelaram-se os mesmos: estímulo à leitura na
família e na escola. E, óbvia e urgentemente, investir na qualidade da educação para extirpar o
analfabetismo funcional. “Afinal, vivemos na chamada ‘sociedade do conhecimento’, na qual os neurônios
são muito mais importantes do que os músculos”, ressalta o empresário Antonio Ermírio de Morais, em
artigo na Folha de S. Paulo. E lembra: “Nenhum país consegue crescer 5% ou 6% ao ano por muito tempo
com uma população tão mal preparada.”
Para a professora Cileda Coutinho, da PUC-SP, “não adianta mudarmos currículos, fazermos projetos, se
não trabalharmos tudo ao mesmo tempo. Projetos isolados não vão produzir resultados se não estiverem no
bojo de um trabalho maior e contínuo”.
O educador, escritor, teólogo, psicanalista e professor emérito da Unicamp, Rubem Alves, vai mais longe
nas transformações de que necessita a educação no Brasil. “A escola tradicional é construída no modelo da
linha de montagem, tempo mecânico. Então se transforma em uma experiência de sofrimento, e as crianças
não aprendem. Eu acho que o caminho da reforma da educação não passa por novas tecnologias, nem novas
ciências. Sendo romântico: passa pelo coração.”
Em artigo na Folha, o jornalista Gilberto Dimenstein, lembrou que um dos mais graves problemas de
somente um grupo seleto ser alfabetizado funcionalmente aparece em momentos decisivos como das
eleições municipais prestes a acontecer: “Vamos falar quase exclusivamente para o Clube dos 20%,
apresentando números, estatísticas, enquanto a maioria vai se encantar com os delírios embalados pelo
marketing. Isso pela simples e óbvia razão de que, com baixa escolaridade, a democracia será sempre uma
simulação de representatividade.”
Fonte: http://www.geracaobooks.com.br/literatura/texto1.php

TEXTO III

ANALFABETISMO NO SÉCULO 21

(...) No Brasil, o termo e o tema da alfabetização provocam batalhas ideológicas campais, mas pouca ação
efetiva. Neste artigo, trato de três aspectos do tema: o sentido original do termo “alfabetizar”, o fenômeno
brasileiro do analfabetismo escolar e as consequências de ser alfabetizado. Usaremos os dados do Programa
Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) como pano de fundo.
“Alfabetizar” refere-se à capacidade de usar o código alfabético para ler e escrever. Essa é uma habilidade
que, na maioria dos países e línguas, se ensina e se aprende no primeiro ano da escola formal. No Brasil, isso
não é entendido nem reconhecido pelas autoridades educacionais. O resultado é desastroso.
Num teste aplicado recentemente a alunos dos três primeiros anos de um município com cerca de 150 mil
habitantes e nota média na Prova Brasil, apenas 22%, 56% e 78% dos alunos foram capazes de fazer um
ditado e escrever frases simples ao final do primeiro, do segundo e do terceiro anos, respectivamente. Não
houve consistência alguma nos resultados dentro das escolas ou entre escolas, o que mostra as
consequências de deixar a responsabilidade pelo assunto a critério de cada secretaria, escola ou professor.
(…)
Alfabetização funcional é um segundo conceito importante. Mas seu significado varia em cada contexto. Um
aluno pode ser considerado “analfabeto funcional” se não for capaz de copiar rápida e corretamente um texto
do quadro ao iniciar o segundo ano escolar. Um cidadão comum é considerado analfabeto funcional se não
entender o que lê na coluna de pequenos anúncios de um jornal. Por este último critério, quase 70% dos
brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos funcionais e os menores de 15 anos são analfabetos
escolarizados – um neologismo genuinamente nacional.
O terceiro conceito é fornecido pelo Pisa, que distingue oito níveis de compreensão de leitura. Os quatro
primeiros níveis do Pisa (1, 1A, 1B, 2) significam que o aluno não é capaz de fazer sentido elementar a
partir do que lê. No melhor caso, foi apenas alfabetizado. Em média, 20% dos alunos dos países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) encontram-se nesse nível ou
abaixo dele. O índice do Brasil em 2015 era de 58%. Ou seja, esses brasileiros – e milhões de outros que
concluem o ensino médio a cada ano – serão analfabetos funcionais pelo resto de sua vida.
É pouco provável que uma sociedade que não consegue alfabetizar adequadamente os alunos dentro
da escola, ao longo de mais de dez anos de vida escolar, seja capaz de fazê-lo em programas emergenciais
ou arranjos com alto teor de demagogia. A outra ponta dos dados do Pisa revela que apenas 8% dos
brasileiros escolarizados se encontram no nível 4 ou acima, quer dizer, têm condições básicas para
compreender o que leem e exercitar algum grau de raciocínio crítico. (…)

TEXTO IV

TEXTO V

TAXA DE ANALFABETISMO CAI PELO QUARTO ANO NO BRASIL, MAS SOBE NA REGIÃO
NORTE

Em 2015, 8% dos brasileiros com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever no país, segundo dados da
Pnad divulgados nesta sexta-feira (25).
A taxa de analfabetismo entre brasileiros com 15 anos ou mais caiu pelo quarto ano consecutivo, segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), divulgada na manhã desta sexta-feira (25). O índice foi estimado em 8% da população
(12,9 milhões de pessoas). Em 2014, ele ficou em 8,3%; em 2013, a taxa era de 8,5% e, em 2012, era de
8,7%.
Em todas as regiões do país a taxa de analfabetismo caiu, com exceção da Região Norte, onde ela avançou
de 9% para 9,1%, depois de quatro quedas seguidas. De acordo com os dados divulgados nesta sexta, a
Região Nordeste continua registrando a taxa mais alta de analfabetismo no país. O índice ficou em 16,2%
nos estados nordestinos, ante 16,6% na edição anterior da pesquisa.
Veja abaixo as taxas de analfabetismo no Brasil por região em 2015:
A Pnad aponta que a taxa de analfabetismo varia conforme a idade dos adultos. Entre os jovens de 15 a 19
anos, a taxa registrada foi de 0,8%; já entre as pessoas com 60 anos ou mais, o índice de analfabetismo sob
para 22,3%, segundo as estimativas de 2015. Isso quer dizer que pelo menos um a cada cinco idosos
brasileiros não sabem ler nem escrever.
Analfabetismo funcional
A taxa de brasileiros considerados analfabetos funcionais – ou seja, que têm 15 anos ou mais de idade, mas
tiveram menos de quatro anos de estudo formal, caiu de 17,6% em 2014 para 17,1% em 2015. Nesse caso, o
índice caiu em todas as regiões, e a Região Nordeste é, mais uma vez, a que registrou a taxa mais alta
(26,6%, contra 27,1% no ano anterior).
Entre 2004 e 2015, os dados registram um crescimento de 20% na escolaridade média dos brasileiros de 10
anos ou mais: em 2004, o número médio de anos de estudo das pessoas nessa faixa etária era de 6,5. Em
2015, essa média subiu para 7,8 anos. A Região Sudeste é a que tem a maior média de anos de estudo (8,5),
seguida pelo Sul (8,3), o Centro-Oeste (8,2), o Norte (7,3) e o Nordeste (6,7).
Escolaridade
Considerando a população com 25 anos ou mais de idade, o Brasil registrou um ligeiro aumento no número
de pessoas com diploma, e uma pequena redução no número de pessoas com ciclos de ensino incompletos.
O número de pessoas sem instrução ou com menos de um ano de estudo caiu de 11,7% para 11,1%; o de
pessoas com ensino fundamental incompleto caiu de 32% para 31,3%. Já a taxa de pessoas com ensino
médio incompleto era de 4,2% em 2014 e foi de 4,1% em 2015; e o número de pessoas com ensino superior
incompleto mudou de 3,9% para 3,8%.
Por outro lado, o número de brasileiros com 25 anos ou mais com ensino fundamental completo mudou de
9,5% para 9,6%; o de pessoas com ensino médio completo foi de 25,5% para 26,4%, e a população com
diploma do ensino superior foi de 13,1% para 13,5%.
Frequência escolar
Entre as crianças e adolescentes em idade escolar, a Pnad mostrou que, depois de três anos de estagnação,
voltou a crescer ligeiramente a taxa de escolarização da população de 15 a 17 anos. A taxa foi de 84,2% em
2012, 84,3% em 2013 e 84,3% em 2014. Em 2015, ela foi para 85%.
Já entre as crianças de 4 e 5 anos, a taxa de escolarização avançou de 82,7% para 84,3% entre a Pnad 2014 e
a Pnad 2015.
De acordo com o Plano Nacional de Educação (PNE), os estados e municípios deveriam garantir, até o final
de 2016, que 100% das crianças e adolescentes dessas duas faixas etárias estejam matriculados na escola.
Porém, o governo federal já anunciou que não será possível cumprir essa meta.
Em relação às crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, a taxa de escolarização pouco mudou: era de 98,5%
em 2014 e foi para 98,6% em 2015.
Rede pública x rede privada
Os dados da pesquisa do IBGE divulgados nesta sexta mostram que três quartos dos estudantes com quatro
anos ou mais de idade estão matriculados na rede pública de ensino. O número é mais alto no ensino básico:
do total da população matriculada na escola, 85,3% dos alunos do ensino fundamental estudam em escolas
públicas; o mesmo vale para 88,1% dos estudantes do ensino médio.
Disponível em:
https://g1.globo.com/educacao/noticia/taxa-de-analfabetismo-cai-pelo-quarto-ano-no-brasil-mas-sobe-na-regiao-norte.ghtml

A partir da leitura atenta dos textos motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo, em norma-
padrão da língua portuguesa, a respeito do tema: Desafios para o combate ao analfabetismo no
Brasil. Selecione e organize fatos e argumentos relacionados a distintas áreas do conhecimento que
contribuam para a defesa de um ponto de vista. Apresente proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos.

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