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Há pessoas que sabem ler e escrever, mas não conseguem elaborar um texto ou
compreender uma notícia escrita. Elas frequentaram escolas, sabem somar, multiplicar,
subtrair, dividir e lêem e escrevem nomes, frases, talvez mesmo um bilhete, um
endereço, ou algo simples. São os analfabetos funcionais ou secundários. As sociedades
atribuem a denominação de analfabeto funcional de acordo com suas exigências
culturais. Umas exigem mais e outras exigem menos de seus alfabetizados. Leia o artigo
na íntegra.
No Brasil de hoje, é incalculável o número de analfabetos funcionais, mas ao lado dele
outro fenômeno ocorre: há algo além desse tipo de analfabetismo. Trata-se do
analfabetismo que não é sofrido pelas pessoas, mas que por elas é cultivado, exercitado
com ganas de bárbaro. Lêem e escrevem, mas se recusam a transformar informação em
conhecimento por não exercerem nenhum trabalho reflexivo sobre ela. Essas pessoas
encontram-se envoltas em situação do além analfabetismo funcional e reagem
alimentando-o. Envoltas no e alimentantes do analfabetismo além do funcional, as
pessoas nessa situação caracterizam-se, em primeiro plano, por negar a evidência. Não
se trata de, metodologicamente, deixar de lado a aparência das coisas como dado que
pode enganar, mas sim de não aceitar aquilo que é transparente ou aquilo que serve de
comprovação, ou de não aceitar os dados da ciência. E, nesse agir de recusar o que é
evidente, substituem amplamente a ciência pelo obscurantismo. Em matéria de
produção do conhecimento, almejam uma escola orientada totalmente contra a
discordância e que não tenha o foco voltado para a assim chamada cultura
desinteressada, que é tão relevante para o desenvolvimento de cada pessoa e da
inteligência.
Esse analfabetismo que se situa além do analfabetismo funcional detesta o direito à
diferença sem prezar, no entanto, a igualdade. Em política, esse novo(?) analfabetismo
não julga, simplesmente aceita a coisa, mesmo que essa seja deplorável, tosca e
desumana: já há os chefes que pensam pelo e para o novo(?) analfabeto. Essa ausência
de autonomia para discernir, auto imposta por aqueles que se encontram além do
analfabetismo funcional, os aproxima do objetivo que direcionava a educação do estado
nazista (Staat Hitler): crer, obedecer, combater. Porque não julga e não desenvolve a
crítica, aquele que se encontra além do analfabetismo funcional não tem qualquer
escrúpulo em divulgar as notícias falsas (Fake News) e em atribuir ao chefe qualidades
que esse não tem. Alguns deles não hesitariam em adotar a consigna do princípio do
chefe: O führer tem sempre razão. O contingente que sofre e ao mesmo tempo alimenta
o analfabetismo além do funcional está aí. Não é de surpreender que vários de seus
membros apresentem diplomas e títulos acadêmicos, embora gostem com enlevo do
senso comum. Diante do desenvolvimento da ciência, da técnica e do cultivo do
espírito, esse além do analfabetismo funcional é um descompasso civilizatório que
alimenta formas despóticas de governo.
Fonte: https://www.blogdoanderson.com/2021/08/17/ruy-medeiros-para-alem-do-analfabetismo-
funcional/
Analfabetismo no país cai de 11,5% para 8,7% nos últimos oito anos
ALUSÃO: Klaus
Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper (Jason
Schwartzman) é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os
habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas.
Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva (Rashida Jones) e
no misterioso carpinteiro Klaus (J.K. Simmons), que vive sozinho em sua casa repleta
de brinquedos feitos a mão.
Fonte: <https://www.adorocinema.com/filmes/filme-262273/>
Fonte: <https://www.intrinseca.com.br/livro/13/>