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FACULDADE IGUAÇU – FI

POLLIANA CARVALHO MUNIZ

EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS.

CAPANEMA - PR

2024
FACULDADE IGUAÇU – FI

POLLIANA CARVALHO MUNIZ

EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Uma reflexão

sobre o abandono escolar.

Artigo Científico apresentado à (Faculdade


Iguaçu), como parte das exigências para a
obtenção do título de Pós-graduação (EJA –
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Uma
reflexão sobre o abandono escolar.).

CAPANEMA - PR

2024
EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Uma reflexão sobre o abandono
escolar.

POLLIANA CARVALHO MUNIZ

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a Educação de Jovens e Adultos
(EJA), tendo como referência para a reflexão a questão do abandono entendido
neste trabalho como causa e consequência do fracasso escolar. A problemática da
pesquisa busca responder: Quais os possíveis fatores que contribuem para a
evasão da EJA nas escolas brasileiras? A coleta de dados utilizada foram os
descritores: Educação de jovens e adultos; EJA; Ensino EJA no Brasil. Diante do
número limitado de artigos que enfocam a temática do ensino EJA, percebe-se que
sobre este assunto ainda há um vasto campo de pesquisa e produção de
conhecimento.
Concluiu-se que o trabalho pedagógico com jovens e adultos necessita preservar o
conhecimento do mundo que esse homem tem, a forma que entende e interage com
as características da realidade, da vida e seu cotidiano, trazendo-os para serem
debatidos em sala de aula. A partir dessas práticas, possa-se estabelecer a
construção de conteúdos capazes de fomentar a aprendizagem da linguagem
escrita, a compreensão do que caracteriza uma representação e a atividade
simbólica em prol da educação de jovens e adultos. Nessa perspectiva, toda a
aprendizagem é um trabalho dinâmico em que o aprendiz está sempre se
movimentando, construindo e reconstruindo seu universo pessoal e grupal,
exercendo um ato de compreender o mundo.

Palavras chave: Educação de Jovens e Adultos (EJA), Abandono Escolar, evasão


escolar.

Introdução
Ao discutir o tema da Educação de Jovens e Adultos (EJA), pode-se fazê-lo
sob diferentes perspectivas. Pode-se evidenciar questões jurídicas, cognitivas,
geracionais, classes sociais, gênero, raça / etnia, condições (urbanas ou rurais),
contextos históricos, sociais, culturais, econômicos ou políticos nos quais os sujeitos
discentes da EJA e suas trajetórias de vida estão inseridos, pensando nas
especificidades e na diversidade desses assuntos. Para as pessoas que
interromperam os estudos ao fundamental e médio, ou seja, o direito de ingressarem
à escola, de forma gratuita, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB nº 9394/96), e seguindo a Constituição Federal de 1988, através do
art. 37, cabe ao Poder Público a garantia, a esses indivíduos, o ingresso e
permanência à escola, através de ações integradas e complementares.

Refletir sobre os jovens, adultos e idosos que estudam na EJA nesta


perspectiva significa considerá-los para além da dimensão cognitiva a partir da qual
foram pensados ao longo do processo histórico de escolarização. Além disso,
implica desconstruir uma percepção homogênea sobre quem são os alunos,
superando as categorias abstratas de jovens e adultos para as quais as
características sociais têm um papel social que foram convencionalizados. Assim, os
alunos passam a ser compreendidos pelas situações vividas ao longo de suas vidas
que produzem subjetividades, saberes e diferentes modos de existência (OLIVEIRA,
1999).

No campo social, podemos verificar que jovens adultos e idosos que


abandonam as escolas muitas vezes não são acolhidos em outras instituições, o que
faz com que enveredam por caminhos que não os dignificam, quais sejam a droga,
prostituição, alcoolismo, roubo e atos de vandalismo. Do ponto de vista econômico,
estes estudantes vão engrossar a taxa de desemprego e são candidatos a mão-de-
obra não qualificada, auferindo baixos rendimentos, dificultando desta forma o seu
bem-estar familiar e social. Diante do exposto surge uma questão: Quais as
especificidades da EJA? Quais as causas do abandono escolar dos Jovens e
Adultos da escola de EJA. A busca pela resposta para estas questões foi
determinante, na medida em que envolve uma situação com repercussões na vida
pessoal e social desses jovens e adultos.
Para uma melhor compreensão do fenômeno do abandono escolar, torna-se
necessário conhecer o seu conceito. Contudo, não é fácil encontrar uma definição
que seja consensual. Para Benavente (1994), o abandono escolar corresponde ao
“abandono das atividades escolares sem que o aluno tenha completado o percurso
obrigatório e/ou atingindo a idade legal para fazê-lo.” Na perspectiva de Tavares
(1990), “o abandono se concretiza no final do ano letivo por razões que não sejam a
transferência ou a morte enquanto que a desistência pode ocorrer durante o ano”.
Para o Ministério da Educação no Brasil ambos os termos - abandono e evasão -
referem-se a momentos escolares diferentes. Se o aluno não conseguiu finalizar o
ano letivo por excesso de faltas, costumamos dizer que abandonou o curso. No
entanto, se no ano seguinte este mesmo aluno não se matricular para cursar
novamente a série que abandonou, ele passa a fazer parte das estatísticas de
evasão escolar.

Desenvolvimento

A educação de jovens e adultos (EJA) é complexa, indo além de ensinar a


ler e escrever. O perfil dos alunos da EJA em sua maioria são trabalhadores e não
trabalhadores em busca de melhores condições de vida, melhora na autoestima, e
que buscam vencer as barreiras da exclusão provocadas por um sistema
educacional excludente.

O público atendido pela EJA é de pessoas que na idade regular não


puderam estudar, ou por não se sentirem atraídos pelo conteúdo escolar acabaram
deixando a escola. Isto acaba gerando uma exclusão dos indivíduos analfabetos
dentro da sociedade e da própria escola. Muitos são os problemas que dificultam o
ingresso de pessoas no ensino na idade regular, alguns destes problemas são:
gravidez precoce, drogas, desinteresse, condições financeiras. (PEDROSO, 2010).
Em geral o público atendido pela EJA é de jovens e adultos com 15 anos ou mais,
que por algum motivo não teve a oportunidade de concluir os estudos na idade certa
ou desistiram de estudar abandonando a escola. Para se entender esta modalidade
educativa e o fenômeno do abandono será apresentado de forma sucinta, uma
breve abordagem histórica da educação de jovens e adultos no Brasil. O perfil dos
alunos da EJA é composto por trabalhadores, desempregados, donas de casa,
jovens, idosos e portadores de deficiências especiais. São alunos com diferenças
culturais, éticas, religiosas e de credo, mas que estão na sala de aula para um
objetivo comum, que é adquirir conhecimento, para melhorar sua qualidade de vida.
Deve-se ressaltar que, para esses alunos, a escola deve ser um espaço de
sociabilidade, de transformação social e de construção de conhecimentos.

Oliveira (2000) apresenta esses jovens e adultos como um grupo de


pessoas homogêneo, provenientes de áreas rurais empobrecidas, filhos de
trabalhadores rurais não qualificados, com baixo nível de instrução escolar. E,
assinala ainda que estes jovens e adultos se caracterizam por passagens curtas
pela escola e muitas vezes não sistemáticas, após experiência no trabalho rural na
infância e adolescência. Garantir a presença concreta de jovens e adultos na escola
não significava simplesmente oferecer uma estrutura igual à estrutura pensada para
o ensino regular (salas de aula, base curricular, horários de aulas, professores,
material didático). A escola teve que se transformar na instância estratégica de
equalização de oportunidades e de qualificação das mudanças estruturais. Os
programas de educação passaram a usar estratégias de formação que acolhessem
as reais necessidades sociais e as demandas ainda não atendidas (DI PIERRO,
2010).

Várias pesquisas demonstram o declínio do interesse pelos estudos e o


aumento da evasão. Na região sudeste, por exemplo, percebe-se que, as salas da
EJA estão se esvaziando a cada ano letivo, com média aproximada de 20% de
evasão por trimestre (SILVA; BONAMINO et al., 2012). Embora exista um fenômeno
de retorno aos estudos, alavancado pela ideia de que assim seria mais fácil se
empregar (NAIFF; NAIFF, 2008). Na região Sul, a evasão ocorre em sua maioria por
falta de domínio de alfabetização, levando 28% dos alunos a abandonarem as
etapas da EJA (PEDRALLI; CERUTTI-RIZZATTI, 2013).

Contudo, no Brasil a educação de jovens e adultos, sempre foi destinada às


camadas mais pobres da sociedade, constituída por jovens e adultos trabalhadores,
pobres, negros, subempregados, oprimidos e excluídos, que não tiveram
oportunidade de estudar no tempo regular. Ela representa uma ação frente a uma
dívida social não reparada para com os que não tiveram domínio da escrita e da
leitura, como bens sociais na escola ou fora dela. A maioria dos alunos inseridos
neste contexto educacional costumam ser receptivos as situações de aprendizagem,
manifestam interesse com os procedimentos, saberes novos e as vivencias
proporcionadas pela escola. Essa atitude de abertura ao conhecimento é
extremamente positiva e precisa ser cultivada e valorizada pelo docente, porque
representa o pontapé inicial para exercitar o raciocínio lógico, a reflexão, a análise, a
abstração e, assim construir outro tipo de saber: o conhecimento científico.
(SERAFIM e SILVA, 2005).

Conclusão

Com base em correntes teóricas que embasaram essa produção, acredita-


se que o ensino EJA, considerando suas especificidades, pressupõe os
pensamentos freireanos, que contribuem com a valorização e reconhecimento dos
saberes da vida dos alunos e torna sua conscientização possível, com base em
objetos de sua própria realidade. Esses dados permitem afirmar que a produção
sobre as disciplinas da EJA é interdisciplinar. Na interface com outras áreas, torna-
se um referencial teórico sobre os alunos da EJA. Foi verificado também que a falta
de propostas curriculares, bem como a necessidade de uma melhor capacitação de
professores para essa modalidade de ensino, contribui para o esvaziamento das
salas de aula. A evasão escolar é um dos maiores obstáculos no desenvolvimento
do aluno jovem ou adulto, que é levado a abandonar a escola devido a diferentes
fatores, tanto interno, quanto externo. Este problema deve ser tratado com
seriedade, para que o futuro dos estudantes ou mesmo o próprio programa de
educação de jovens e adultos não seja cancelado por falta de alunos e/ou projetos
que almejam a garantia de permanência 32 na instituição de ensino, já que a
incidência de evasão na idade jovem e adulta é um problema nacional e histórico.

É preciso entender que “ninguém educa ninguém e ninguém se educa


sozinho nós nos educamos uns aos outros à medida que interagimos e que
tentamos nos transformar, de criaturas incompetentes e dependentes, em adultos
independentes e competentes, capazes de definir autonomamente um projeto de
vida e de transformá-lo em realidade (FREIRE, 1999).
É na alfabetização que os adultos adquirem a base para aprender a ler e
escrever. Sabe-se que antes de ir à escola, operam com a linguagem e com a
oralidade com desembaraço, pois em suas atividades diárias em comunidade e no
trabalho, conseguem interagir nas diversas situações de sua vida. Esse homem tem
liberdade para exercer com eficácia a fala e entender o que falou, passando por um
processo de aquisição da linguagem gradativa e progressiva, sem que houvesse
necessidade de sistematização de qualquer conteúdo da língua.

É de fundamental importância que o aluno aprenda através de atividades


que incitem a sua criatividade, a sua imaginação e o desenvolvimento de seus níveis
de conhecimento para ter acesso a aprendizagem mais prazerosa, eficaz e de
acordo com as necessidades que possui. Desta forma, potencializando a
autoestima, o bom humor e o prazer pelo ato educativo, o que poderá acarretar em
diminuição dos índices de evasão e repetência escolar na modalidade EJA.

Portanto, aprender a ler e escrever para os adultos é construir competência:


conseguir fazer o que antes não se conseguia, além de envolve ampliação da
autonomia. Sendo uma capacidade humana, competência é algo que o ser humano
não traz consigo ao nascer, ele tem que adquiri-la; e, essa práxis ocorre através da
aprendizagem. Educação é o nome dado a esse processo de aquisição ou
construção de competências através da aprendizagem, com vistas à crescente
autonomização do indivíduo

REFERÊNCIAS

http://repositorio.unifap.br/bitstream/123456789/197/1/
TCC_EducacaoJovensAdultos.pdf

https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/3133/1/
Monografia%20Let%C3%ADcia%20de%20Queiroz%20Ramos.pdf

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