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GRUPO I
A
1. Segundo a metáfora do primeiro verso do poema, a vida é um espaço onde se
encontram objetos que podem estar desarrumados. «Pôr prateleiras» na vontade
e na ação, neste sentido, significa «arrumar» aquele espaço, ou seja, tornar-se uma
pessoa com objetivos e propósitos claros, alguém com uma visão pragmática e
racional. Ao longo do poema, o desejo formulado no primeiro verso surge como
impossível de concretizar, como uma intenção «que tem sempre o mesmo
resultado» (v. 2). Estabelece-se, portanto, um contraste entre a vida «arrumada»,
em que a vontade comanda a ação, e a vida por arrumar, em que os projetos
permanecem idealizações: «Descri de todos os deuses diante de uma secretária
por arrumar,» (v. 24).
2. No poema, o termo «romântico» é aplicado aos que não concretizam aquilo a que
se propõem, permanecendo no domínio da idealização e do sonho, com grandes
aspirações que jamais se concretizam: «Vou fazer as malas para o Definitivo, / […] E
amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem / […] / Produtos românticos, nós
todos...» (vv. 4, 6 e 9). O romântico, segundo o poema, é aquele que vive apenas
com os sonhos, com as intenções, incapaz de «arrumar» a vida: «levam a vida a
olhar para as malas a arrumar» (v. 15).
3. O canto da vendedeira vem interromper a reflexão do eu e a sua tendência para a
idealização romântica: «A tua voz chega-me como uma chamada a parte
nenhuma» (v. 21). A figura feminina, que, como acontece em composições do
ortónimo, surge associada à inconsciência, tem no eu o poder de o aproximar da
realidade. Assim, olhar para a janela — símbolo da relação com o real exterior —
significa afastar as divagações metafísicas: «Olho dos papéis que estou pensando
em arrumar para a janela […] / E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma
crítica metafísica» (vv. 22-23). Assim, a conclusão do poema é também a conclusão
de que o eu não conseguirá «arrumar» a vida.
B
4. A cidade é descrita como um espaço triste, soturno e melancólico. Estas
características influenciam o estado de espírito do sujeito poético, o que pode ser
confirmado pela oração consecutiva presente na primeira estrofe: «Que as
sombras, o bulício, o Tejo, a maresia / Despertam-me um desejo absurdo de
sofrer.» (vv. 3-4). Deste modo, a tristeza e o abatimento são transmitidos ao sujeito
poético, levando-o a afirmar que deseja sofrer (v. 4), que está perturbado (v. 6) e
que deseja partir, imitando aquilo que fazem as pessoas «felizes» (v. 10).
5. Nas estâncias apresentadas, podemos encontrar três características da poesia de
Cesário Verde: a descrição de um percurso de deambulação no espaço da cidade
(«erro pelos cais a que se atracam botes», v. 20) , a transformação do real por meio
da visão poética do eu, traduzida em metáforas e comparações («Semelham-se a
GRUPO II
1. (A).
2. (C).
3. (B).
4. (D).
5. (D).
6. (C).
7. (D).
8. Complemento oblíquo.
9. Coesão referencial (anáfora).
10. «que vimos a analisar».
GRUPO III
Construção de um texto expositivo que respeite o tema e as marcas específicas do
género: carácter demonstrativo, elucidação evidente do tema (fundamentação das
ideias), concisão e objetividade, valor expressivo das formas linguísticas (deíticos,
conectores, …).