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Subunidade 1.

3 — Ficha de avaliação (cenários de resposta)

GRUPO I
A
1. Segundo a metáfora do primeiro verso do poema, a vida é um espaço onde se
encontram objetos que podem estar desarrumados. «Pôr prateleiras» na vontade
e na ação, neste sentido, significa «arrumar» aquele espaço, ou seja, tornar-se uma
pessoa com objetivos e propósitos claros, alguém com uma visão pragmática e
racional. Ao longo do poema, o desejo formulado no primeiro verso surge como
impossível de concretizar, como uma intenção «que tem sempre o mesmo
resultado» (v. 2). Estabelece-se, portanto, um contraste entre a vida «arrumada»,
em que a vontade comanda a ação, e a vida por arrumar, em que os projetos
permanecem idealizações: «Descri de todos os deuses diante de uma secretária
por arrumar,» (v. 24).
2. No poema, o termo «romântico» é aplicado aos que não concretizam aquilo a que
se propõem, permanecendo no domínio da idealização e do sonho, com grandes
aspirações que jamais se concretizam: «Vou fazer as malas para o Definitivo, / […] E
amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem / […] / Produtos românticos, nós
todos...» (vv. 4, 6 e 9). O romântico, segundo o poema, é aquele que vive apenas
com os sonhos, com as intenções, incapaz de «arrumar» a vida: «levam a vida a
olhar para as malas a arrumar» (v. 15).
3. O canto da vendedeira vem interromper a reflexão do eu e a sua tendência para a
idealização romântica: «A tua voz chega-me como uma chamada a parte
nenhuma» (v. 21). A figura feminina, que, como acontece em composições do
ortónimo, surge associada à inconsciência, tem no eu o poder de o aproximar da
realidade. Assim, olhar para a janela — símbolo da relação com o real exterior —
significa afastar as divagações metafísicas: «Olho dos papéis que estou pensando
em arrumar para a janela […] / E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma
crítica metafísica» (vv. 22-23). Assim, a conclusão do poema é também a conclusão
de que o eu não conseguirá «arrumar» a vida.

B
4. A cidade é descrita como um espaço triste, soturno e melancólico. Estas
características influenciam o estado de espírito do sujeito poético, o que pode ser
confirmado pela oração consecutiva presente na primeira estrofe: «Que as
sombras, o bulício, o Tejo, a maresia / Despertam-me um desejo absurdo de
sofrer.» (vv. 3-4). Deste modo, a tristeza e o abatimento são transmitidos ao sujeito
poético, levando-o a afirmar que deseja sofrer (v. 4), que está perturbado (v. 6) e
que deseja partir, imitando aquilo que fazem as pessoas «felizes» (v. 10).
5. Nas estâncias apresentadas, podemos encontrar três características da poesia de
Cesário Verde: a descrição de um percurso de deambulação no espaço da cidade
(«erro pelos cais a que se atracam botes», v. 20) , a transformação do real por meio
da visão poética do eu, traduzida em metáforas e comparações («Semelham-se a

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gaiolas, com viveiros, / As edificações somente emadeiradas:», vv. 13-14), e a
atenção dada à realidade social («Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros.»,
v. 16).

GRUPO II
1. (A).
2. (C).
3. (B).
4. (D).
5. (D).
6. (C).
7. (D).
8. Complemento oblíquo.
9. Coesão referencial (anáfora).
10. «que vimos a analisar».

GRUPO III
Construção de um texto expositivo que respeite o tema e as marcas específicas do
género: carácter demonstrativo, elucidação evidente do tema (fundamentação das
ideias), concisão e objetividade, valor expressivo das formas linguísticas (deíticos,
conectores, …).

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