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CURSOS DE TUPI
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ANTIGO E LÍNGUA (https://www.usp.br)
Nós nos propomos, aqui, a ensinar-lhe, de modo correto, o Tupi Antigo, a língua indígena clássica do Brasil, a velha língua brasílica dos
primeiros dois séculos de colonização do nosso país. Você aprenderá os fundamentos da língua Tupi e conhecerá onde ele está
Infelizmente há cursos sem a mínima seriedade, que ensinam Nheengatu da Amazônia como se fosse Tupi Antigo, de envolta com o
Guarani paraguaio. Tudo isso mais confunde os alunos que os ensina. Ora, estudar Tupi Antigo exige a mesma seriedade científica que
exige o estudo de qualquer outro idioma. Assim, antes de tudo, é importante que certos conceitos fiquem bem claros para quem
Conceitos Importantes
TUPI ANTIGO - Essa foi a língua que os marinheiros da armada de Cabral ouviram quando aqui chegaram em 1500 e que ajudou na
construção espiritual do Brasil. Naquela época, essa língua era falada em toda a costa do Brasil por muitos grupos indígenas: os
Potiguaras, os Caetés, os Tupinambás, os Temiminós, os Tabajaras, etc. Seu primeiro gramático foi o Padre José de Anchieta, que
publicou sua Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil, em 1595.
Chegou a ser, por séculos, a língua da maioria dos membros do sistema colonial brasileiro, de índios, negros africanos e europeus,
contribuindo para a unidade política do Brasil. Forneceu milhares de termos para a língua portuguesa do Brasil, nomeou milhares de
lugares no nosso país (sendo, depois do português, a língua que mais produziu nomes geográficos em nosso território), esteve
presente em nossa literatura colonial, no Romantismo, no Modernismo, foi a referência fundamental de todos os que quiseram afirmar a
identidade cultural do Brasil. “Falada na catequese e nas bandeiras, instrumento das conquistas espirituais e territoriais da nossa
história, o seu conhecimento, sequer superficial, faz parte da cultura nacional” (Lemos Barbosa, 1956).
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25/12/2019 Curso Elementar de Tupi Antigo | CURSOS DE TUPI ANTIGO E LÍNGUA GERAL (NHEENGATU)
LÍNGUA GERAL – Foi uma língua surgida da evolução do Tupi Antigo, a partir da segunda metade do século XVII, quando, então, era
falada por todos os membros do sistema colonial brasileiro: negros, brancos, índios tupis e não tupis, mestiços.
TUPI-GUARANI – não é uma língua, mas uma família de mais de vinte línguas. Inclui o Tapirapé, o Wayampi, o Kamayurá, o Guarani
(com seus dialetos), o Parintintin, o Xetá, o Tupi Antigo, etc. Existem línguas Tupi-Guarani, não o Tupi-Guarani. Dessas, o Tupi Antigo é
a que foi estudada primeiro e a que mais influenciou a formação da cultura brasileira.
NHEENGATU – é uma língua da Amazônia, uma evolução da língua geral, falada por caboclos no vale do Rio Negro, na Amazônia. É
uma fase atual do desenvolvimento histórico do Tupi Antigo, mas não é o Tupi Antigo.
TUPI MODERNO – é o nome que alguns dão ao Nheengatu da Amazônia ou, ainda, a certas línguas faladas da família Tupi-Guarani.
VOGAIS:
Y: fonema que não existe no português, mas existe no russo e no romeno. É uma vogal média, intermediária entre u e i, com a língua
na posição para u e os lábios estendidos para i. (Sugestão prática: diga u e vá abrindo os lábios até chegar à posição em que você
pronuncia i.)
Consoantes e Semivogais
‘ - representa a consoante oclusiva glotal, que não existe em português. Tal fonema realiza-se com uma pequena interrupção da
corrente de ar, seguida por um súbito relaxamento da glote: emba’e - coisa, so´o - caça
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B - Pronuncia-se como o v do castelhano em huevo. É um b fricativo e não oclusivo, isto é, para pronunciá-lo, os lábios não se fecham,
Î - Como a semivogal i do português, em vai, falai, caiar, bóia, lei, dói: îuká - matar; îase’o - chorar; îakaré - jacaré
NH - É um alofone (i.e., uma outra forma) de î e pronuncia-se como no português ganhar, banha, rainha: kunhã - mulher; nhan -
K - Como o q ou o c do português antes de a, o ou u, como em casa, colo, querer: ker - dormir; îuká - matar; paka - paca; ybaka - céu.
M (ou MB) - Como em português mar, mel, manto, ambos, samba: momorang - embelezar; mokaba - arma de fogo; moasy -
arrepender-se. Às vezes o m muda-se em mb, que é um alofone. Em mb, o b é oclusivo, devendo-se encostar os lábios para
pronunciá-lo.
O m final deve ser sempre pronunciado, isto é, devem-se fechar os lábios no final da pronúncia da palavra, como no inglês “room” : a-
N (ou ND) - Como no português nada, nicho, nódoa, andar, indo: nupã - castigar; nem - fedorento; nong - pôr, colocar. Às vezes o n
O n final deve ser sempre pronunciado: você deverá estar com a língua nos dentes incisivos superiores ao finalizar a pronúncia da
NG - Como no inglês “thing” - coisa ou “sing” - cantar. monhang - fazer; nhe’eng - falar
P - Como no português pé, porta, pedra: potim - camarão; potar - querer; pepó - asa.
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R - É sempre brando, como no português aranha, Maria, arado, mesmo no início dos vocábulos: ro’y - frio; aruru - tristonho; paranã -
S - Sempre soa como no português Sara, assunto, semana, pedaço (nunca tem som de z): a-só (leia: assó) - vou; sema - saída. Às
vezes, após i e î o s realiza-se como x (seu alofone): i xy - mãe dele; su’u - morder, a-î-xu’u - mordo-o.
T - Como em antena, matar, tato: tutyra - tio; taba - aldeia; tukura - gafanhoto.
Û - Como a semi-vogal u do português em água, mau, nau, audácia, igual. Em início de sílaba pode ser pronunciado como gû:
ûyrá ougûyrá - pássaro; ûi-tu ou gûi-tu - vindo eu; ûatá ou gûatá - caminhar.
X - Como o ch ou o x do português em chácara, chapéu, xereta, feixe: ixé - eu; t-aîxó - sogra; i xy - sua mãe.
Exercício 01
A-
morubixaba (cacique)
ygara (canoa)
syk (chegar)
kûá (enseada)
nhe’eng (falar)
pytá (ficar)
gûyratinga (garça)
abá (índio)
îakaré (jacaré)
ygarusu (navio)
paka (paca)
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peró (português)
ybyrá (árvore)
tendy (luz)
‘aka (chifre)
moti’a (peito)
Lição 2
Ixé a-nhe’eng.
Eu falo
Falar, em Tupi antigo, é nhe’eng. Em Tupi antigo os verbos flexionam-se à esquerda, i.e., no começo, e não à direita como acontece
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Os verbos da primeira classe recebem prefixos número-pessoais, como você pode ver acima (a- ere-, o-, oro-, îa-, pe-, o-). A 3ª
Você deve ter percebido que há duas formas que traduzem nós. Existe o nós inclusivo e o nós exclusivo. Isso acontece em muitas línguas
Se dissermos, em Tupi, para um grupo de índios: - “Nós somos portugueses” ou - “Nós viemos de Portugal”, devemos usar o
“nós” exclusivo (ORÉ), pois os índios não se incluem nesse “nós”. Se dissermos, porém, “Nós morreremos um dia”, incluem-
se, aí, aqueles com quem falamos. Usa-se, então, a forma inclusiva (ÎANDÉ), que inclui a 1a e a 2a pessoas. Há também a
forma ASÉ, que significa “a gente”, eu, tu e ele, que leva sempre o verbo para a 3ª pessoa, também equivalente ao se, como
Observações importantes
Todo infinitivo de verbo tupi sempre termina em vogal. Se o verbo tiver o tema terminado em consoante, no infinitivo ele
Ex.-
só..............infinitivo: só
sykyîé........infinitivo: sykyîé
syk............infinitivo: syk-a
nhe’eng.....infinitivo: nhe’eng-a
sem...........infinitivo: sem-a
Assim:
só - o ir, a ida
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EXERCÍCIO 1:
Conjugue os seguintes verbos em todas as pessoas, usando os pronomes pessoais (eu, tu, ele, etc.), conforme o modelo.
SÓ (ir)
Continue agora:
1) KOPIR - (carpir)
2) PYTÁ - (ficar)
7) ‘YTAB - nadar
*A vogal i , átona, após uma outra vogal, forma ditongo, tornando-se î (semivogal).
EXERCÍCIO 2
Verta para o Tupi as frases abaixo com base no vocabulário mnemônico que apresentamos a seguir:
1) Sorocaba: sorok - rasgar-se + -aba - sufixo substantivador, podendo também significar "lugar da rasgadura" da terra
2) ir para a cucuia: de kukuî - ficar caindo, ficar-se desprendendo (o fruto, o cabelo, etc.), reduplicação de kuî - cair, desprender-se: ir para a
decadência
3) maracujá - murukuîá
4) aoba - roupa
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6) Avanhandava - abá - homem, pessoa, índio + nhan - correr + aba - lugar: lugar da corrida dos homens)
8) Itaberaba (município de Minas Gerais): de itá - pedra + berab - brilhante: pedra brilhante)
1 - A roupa rasgou-se.
2 - O maracujá caiu.
3 - O sapo dormiu.
4 - O homem correu.
5 - A lua brilhou.
EXERCÍCIO 3
Traduza:
1 - Abá o-kopir.
2 - Itá o-berab.
3 - Kururu o-‘ytab.
4 - Abá o-sykyîé.
5 - Îasy o-sem.
LIÇÃO 3
Eu durmo no mato.
A posposição em Tupi
As preposições do português correspondem, em tupi, a posposições, porque aparecem depois dos termos que regem. Há posposições
átonas, que aparecem ligadas por hífen, mas a maior parte delas é tônica, vindo separadas dos termos que regem.
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Ex.-
siri ‘y-pe (donde Sergipe - estado brasileiro) - no rio dos siris, para o rio dos siris
akuti îy*-pe (donde Cotegipe) - no rio das cotias
‘y kûá-pe (donde Iguape) - na enseada do rio
iperu ‘y-pe (donde Peruíbe - município paulista) - no rio dos tubarões
(*água, rio, em Tupi Antigo, é ‘y ou îy, tendo sido usada esta última forma principalmente na porção nordeste do Brasil)
PUPÉ - dentro de
arará kûara pupé - dentro do buraco das ararás (var. de formiga)
oka pupé - dentro da casa
Em tupi não existe posposição correspondente à preposição DE do português, que exprime uma relação de posse como “casa de
Pedro”, ou outras relações como “faca de prata” (relação de matéria), etc. Basta, para exprimi-las em tupi, juntar os dois substantivos
em ordem inversa à do português, como faz o inglês, por exemplo, em “Peter’s house” (“casa de Pedro”) ou como faz o alemão em
‘‘Volkswagen’’ (“carro do povo”). Tal relação que leva, em português, a preposição DE e que exprime posse, pertença, origem,
qualidade, atribuição de algo a alguém, etc. , é a que chamaremos “relação genitiva”. Chamaremos o primeiro termo da relação genitiva
de genitivo ou determinante.
Ex.-
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Outros exemplos:
EXERCÍCIO 4
Traduza:
01 - A-sem Nhoesembé suí.
02 - Ere-só îakaré ‘y-pe.
03 - Oro-pytá siri ‘y-pe.
04 - A-nhe’eng peró supé.
05 - Ere-nhe’eng abá supé.
06 - Pe-îkó ‘y pupé.
07 - Morubixaba supé pe-nhe'eng.
08 - Îakaré o-sem ‘y suí.
09 - Pe-sem tatu kûara suí.
10 - Ka'a-pe ere-só.
EXERCÍCIO 5
Verta para o Tupi:
01 - Fico em Nhoesembé.
02 - Ficamos (incl.) no rio.
03 - Moramos (excl.) em Nhoesembé.
04 - Ficas dentro do navio.
05 - Saímos (incl.) da canoa.
06 - Falaste aos índios.
07 - Os índios falam a Maria.
08 - Ficamos (incl.) dentro do navio.
09 - Pedro está dentro do navio.
10 - Saio da mata.
07 - As favas estouraram.
08 - O tucano dormiu.
09 - A casa de carijós queimou.
10 - Escorreguei dentro do rio das pedras.
EXERCÍCIO 6
Traduza as frases abaixo com base no vocabulário mnemônico dado abaixo:
- Itabira (cidade de Minas Gerais) - de itá - pedra + byr - levantar-se, erguer-se: pedra levantada
- Itapecirica (cidade de São Paulo): itá - pedra + peb - achatado + syryk - escorregar: pedra achatada escorregadia
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- Voçoroca (tipo de erosão da terra) - de yby - terra + sorok - rasgar: terra rasgada
- Boiçucanga (município de São Paulo) - de mboia - cobra + usu - sufixo de aumentativo + kanga - esqueleto, osso
- Tocantins (estado brasileiro) - de tukana - tucano + tim - bico, nariz, saliência: bico de tucano
EXERCÍCIO 7
EXERCÍCIO 8
Traduza para o Tupi com base no vocabulário mnemônico dado abaixo:
- Pari (nome de bairro de São Paulo): pari - canal para apanhar peixes
- Itaquera (bairro de São Paulo): itá - pedra + ker - dormir: pedra dormente
- Itapororoca (município da Paraíba) - itá - pedra + pororok - explodir: pedras explodidas ou explosão das pedras
- Pirapora (município da Bahia) - pirá - peixe + por - pular: pulo dos peixes ou peixes que pulam
- carioca (nome de quem nasce na cidade do Rio de Janeiro) - de kariîó - carijó - nome de grupo indígena + oka - casa: casa de
carijós
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Lição 4
Ex.-
itá-etá (donde Itaetá, nome de arroio do Rio Grande do Sul) - muitas pedras
abá-etá - muitos índios
gûyrá-ting(a)-etá - muitas aves brancas, muitas garças (donde Guaratinguetá – município paulista)
Exercício 9
Traduza:
Lição 5
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ixé - eu xe- eu
endé - tu nde ou ne - tu
Com verbos, usam-se preferencialmente os pronomes pessoais da primeira série, conforme o que você já viu na lição 1. Com adjetivos,
Ex.
Qualificativos Predicativos
taba i porang - a aldeia, ela (é) bonita x ‘y i pyrang - o rio, ele (é) vermelho
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Quando dizemos casa bonita, usamos um adjetivo qualificativo, porque ele se prende diretamente ao substantivo. Se dizemos a casa
é bonita, usamos um adjetivo predicativo, porque ele se prende ao substantivo por meio de verbo de ligação. Neste último caso, nós
afirmamos alguma coisa da casa (que ela é bonita). Na predicação, assim, usamos, em português, um verbo de ligação, que no
exemplo acima é o verbo ser. Porém, em tupi não existe o verbo ser.
Se queremos dizer menino bonito, basta justapor porang ao substantivo, acrescentando o sufixo -A à composição formada. Dizemos
pois kunumim-porang-a. Se quisermos dizer “o menino é bonito” teremos de usar o pronome pessoal de 3ª pessoa, I, dizendo
assim: kunumim i porang. (Literalmente isso significa “o menino, ele (é) bonito.)” Subentendemos o verbo ser, que em tupi não tem
correspondente. Se quisermos dizer “eu sou bonito”, dizemos xe porang. Veja, assim, que com adjetivos predicativos usamos os
Outros exemplos:
nde katu tu (és) bom (com adjetivos não se usa comumente endé)
pe katu vós (sois) bons (com adjetivos não se usa comumente pee)
i katu ele (é) bom (com adjetivos não se usa nunca a’e)
Com substantivos servem as duas séries, menos o pronome I, que, na função de sujeito, só se usa com adjetivos. Podem vir antes ou
depois do substantivo.
Ex.-
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Se o sujeito for substantivo, o adjetivo predicativo deverá vir sempre antecedido do pronome pessoal I, que é um sujeito pleonástico.
Ex.-
Kunhã i katu. - A mulher, ela (é) bondosa. Kunhã i porang. - A mulher, ela (é) bonita.
O adjetivo que qualifica um substantivo está sempre em composição com ele e é invariável em número. Também a composição de
substantivo + adjetivo deve terminar sempre em vogal. Acrescentamos -A se o segundo termo da composição terminar em consoante.
Esse -A refere-se não ao adjetivo, mas à composição formada pelo substantivo e pelo adjetivo. O adjetivo qualificativo sempre está em
Ex.-
kunhã-porang-a - mulher bonita, (ou mulheres bonitas) - Acrescentamos um A porque o adjetivo termina em consoante.
Bom em tupi é katu. Então: Abá-katu - homem bom (ou homens bons) - A composição termina em vogal (u). Assim, não
Ex.-
Exercício 10
Com base no vocabulário dado abaixo, traduza para o tupi as frases seguintes:
Adjetivos
alto - puku
bom - katu
bonito - porang
fedorento - nem
pequeno - mirim
sujo - ky’a
vermelho - pyrang
Substantivos
aldeia - taba
árvore - ybyrá
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Cunhambebe - Kunhambeba
homem - abá
menino - kunumim
mulher - kunhã
padre - abaré
Potira - Potyra
Reritiba - Rerityba
rio - ‘y
EXERCÍCIO 11
- Potengi (rio do Rio Grande do Norte) - de potim - camarão + îy – rio*: rio dos camarões
- Tietê (rio de São Paulo) - de ty- rio, água* + eté - muito bom, verdadeiro, genuíno: rio muito bom, rio verdadeiro
- Tijuca (nome de rio do Rio de Janeiro) - de ty - rio, água + îuk - podre: rio podre, água podre
- Paraíba (estado brasileiro e nome de rio que banha sua capital) - de pará - rio grande ou mar* + aíb
- Paranapanema (nome de rio que separa os estados de São Paulo e Paraná) - de paranã - mar ou rio grande* + panem -
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- Bauru (nome de município de São Paulo) - de ‘ybá - fruta + uru - vasilha: vasilha de frutas
- Peruíbe (nome de município de São Paulo) - de iperu - tubarão + ‘y - rio + - pe - em: no rio dos tubarões
*Atenção!
Rio, em Tupi Antigo pode ser ‘y ou ty. No Nordeste, achamos também a forma îy. Rio grande, rio de grande volume d´água, pode
Lição 6
Taquarenduva, Mantiqueira, Itaipu, Pindamonhangaba, Pernambuco, Catanduva, Nuporanga, Garanhuns...Depois de ler esta lição, você
Quando uma consoante surda (K, T, P, S) vier depois de um fonema nasal numa composição ou numa afixação, ela se nasaliza, a não
ser que já exista outro fonema nasal no vocábulo onde aparece a consoante surda. Mesmo caindo o fonema nasal, a vogal anterior
K torna-se NG
T torna-se ND
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P torna-se MB ou M
S torna-se ND
Ex.-
Agora veja:
kunumim-porang-a - menino bonito - Em porang já existe um fonema nasal (ng). Sendo assim, o p não se nasaliza diante do
Tupã sy - a mãe de Deus - Não há composição aqui. Assim, o s não se nasaliza (v. §58).
kunhã-kane’õ - mulher cansada - O k de kane’õ não se nasaliza porque já existe outro fonema nasal no vocábulo.
EXERCÍCIO 12
Para praticar a aplicação das regras de transformação fonética, verta para o tupi as composições acima e aprenda o significado do
01 - mulher cansada
02 - camarão vermelho
06 - barulho de passarinhos
08 - dança de mulher
10 - ossos de passarinho
11 - pião de menino
12 - ajuntamento de passarinhos
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14 - prato comprido
15 - campo silencioso
17 - na bica d’água
VOCABULÁRIO
ajuntamento - tyba
barulho - pu
branco - ting
camarão - potim
campo - nhum
cana-de-açúcar - takûar-e’em
cansado - kane’õ
chuva - amana
comprido - puku
dança - poraseîa
enseada - kûá
fenda - puka
gota – tykyra
guará - gûará
mar – paranã
mata – ka’a
menino - kunumim
mulher - kunhã
osso - kanga
passarinho - gûyrá-’im
pião - pyryryma
prato - nha’em
silencioso - kyririm
vermelho - pyrang
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Lição 7
Os verbos transitivos
Os verbos transitivos
Todo verbo transitivo em tupi pode levar o objeto direto a três posições diferentes:
a - Antes do verbo
Pindá a-î-monhang - Anzol faço. É a colocação mais comum do objeto direto em tupi.
b - Incorporado no verbo
A-pindá-monhang. - Faço anzol - O objeto direto, nesse caso, fica entre o prefixo a-, ere-, o-, etc. e o tema verbal. É o que
chamaremos de objeto incorporado (que é uma forma de composição em tupi). Aplica-se, aí, então, a regra fonológica 3 (lição 3):
c - Depois do verbo
Se o substantivo objeto direto não ficar incorporado no verbo, aí ficará o pronome objetivo da 3ª pessoa -Î-, mesmo que o substantivo
Ex.-
MONHANG (fazer)
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Veja bem! Literalmente A-î-monhang pindá significa Faço-o o anzol, com um objeto pleonástico.
Diz-se em português: Faço a comida, ou então: Faço-a; Conheço os meninos ou então: Conheço-os. Em tupi, porém, se o substantivo
objeto não estiver incorporado no verbo, dir-se-ia algo correspondente a faço-a a comida ou conheço-os os meninos, isto é, usa-se um
Observação importante:
Ex.-
Quando Î ficar junto de um outro Î ou I, há, geralmente, a fusão dos dois num único Î.
Ex.-
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Lição 8
Pôr que a índia Iracema de José de Alencar chamou seu filho, o primeiro cearense, de MOACYR?
A voz causativa
Como você pode perceber, na frase b o sujeito (gûarinim) faz alguém praticar uma ação, em vez de ele mesmo praticá-la, como na
frase a. Na frase b, o guerreiro fez a velha sair. A velha é o agente imediato e o guerreiro é o agente mediato. Isso é o que
chamamos de voz causativa, ou seja, aquela em que alguém causa uma ação ou um processo, mas não os realiza. Quem os realiza é
outra pessoa.
Em tupi, a voz causativa é formada antepondo-se o prefixo MO- a verbos intransitivos, substantivos, adjetivos, partículas, etc.
A-î-mo-abaré Pedro.
Oro-î-mo-endy t-atá.
Acendemos o fogo.
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MO- é sílaba nasal. Produz nasalização das consoantes K, T, P e S (regra fonológica 6, § 78).
Ex.-
Em mo- + tym > motym, não há nasalização porque já há uma nasal no tema verbal (regra fonológica 6, § 78).
EXERCÍCIO 14
Verta para o Tupi com base no vocabulário mnemônico apresentado abaixo e no que já conhece:
- Guataporanga (município de São Paulo) - de guatá - caminhar, caminhada + porang - bonito: caminhada bonita
- Jaguatirica: îagûara - onça + tyryk - escapulir: onça que escapule, onça arisca
- Tapirapé - nome de grupo indígena - de tapi’ira - anta + (a)pé - caminho - caminho de antas: (Era o nome que os antigos índios da
- Itaipu (nome de usina hidrelétrica do Paraná) : itá - pedra + ‘y - rio + pu - barulho, ruído: barulho do rio das pedras
- Ajuruoca (localidade de Minas Gerais) - aîuru - variedade de papagaio + oka - casa, reduto: casa de papagaios
- Ipiranga (nome de bairro de São Paulo) - ‘y - rio, água + pyrang - vermelho: rio vermelho, água vermelho
- Urucu - uruku - nome de planta que fornece tinta vermelha para tingir o corpo.
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- Taquarenduva (município de São Paulo) - takûara - taquara, variedade de bambu + e’em - doce + tyba - ajuntamento
- Mantiqueira (nome de serra de Minas Gerais) - de amana - chuva + tykyra - gota: gotas de chuva
- Ibiara (nome de localidade da Paraíba) - de yby - terra + ‘ar - cair: terra caída
- Ubaporanga (localidade de Minas Gerais) - de ybaka - céu + porang - bonito: céu bonito
O substantivo tyba
O substantivo Tyba, do tupi, forma muitos topônimos no Brasil. Ele significa “reunião’’, ‘‘ajuntamento’’, ‘‘multidão”. Tal coletivo realiza-
se, em português, de várias maneiras: -tiba, -tuba, -nduva, -ndiva, -tuva, -tiva.
EXERCÍCIO 15
Para conhecer topônimos com tal forma, complete as palavras cruzadas. (Certos nomes de plantas são tomados do tupi sem alterações
fonéticas.)
01 - Cidade paulista cujo nome, em tupi, significa “ajuntamento de sal” (sal : îukyra)
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02 - Cidade paulista cujo nome, em tupi, significa “ajuntamento de cobras” (cobra : mboîa)
04 - Nome de cidade paulista que significa “ajuntamento de mata dura”, ou seja, de cerrado (duro : atã)
05 - Nome de localidade de Minas Gerais que significa “reunião de emas” (ema : nhandu)
08 - Nome de serra do Rio de Janeiro que significa “ajuntamento de palmeiras” (palmeira: pindoba)
10 - Nome de vila de São Paulo que significa “reunião de andorinhas” (andorinha : taperá)
Lição 9
Ibirapuera
Anhanguera
Capoeira
Pariquera...
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Em tupi existe o tempo do substantivo. Para tanto, usam-se os adjetivos RAM (futuro, promissor, que vai ser), e PÛER (passado,
velho, superado, que já foi), que recebem, na composição, o sufixo -A: RAM-A, PÛER-A. Eles são tratados, também, como se fossem
Ex.-
ybyrá - árvore
ybyrá-ram-a - a futura árvore ou o que será árvore (Diz-se, por exemplo, de uma muda ou de um arbusto.)
ybyrá-pûer-a - a ex-árvore ou a árvore caída (Diz-se, por exemplo, de um tronco seco caído ou de uma árvore morta.)
A-î-monhang xe r-embi-’u-rama. - Faço minha comida (que ainda não está pronta).
Ex.-
Com substantivos paroxítonos, RAM(A) e PÛER(A) assumem formas com ditongo ou vogal iniciais: ÛAM(A), AM(A); ÛER(A), ER(A),
respectivamente.
Ex.-
Anhanga - diabo - Anhang-ûama - futuro diabo e Anhang-ûera - o que foi diabo ou diabo velho
oka - casa
A labial B cai diante de -ÛAM(A) e -ÛER(A). Antes da semivogal, nos ditongos -ÛA e -ÛE, aparece freqüentemente G (v. a regra
Ex.-
EXERCÍCIO 16
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VOCABULÁRIO: eíra - mel; tobatinga - barro branco como cal, barreira branca; peasaba - porto, embarcadouro; kuruba - bolota,
grão, caroço; pari - canal para apanhar peixes; ty - rio, líquido; kanga - osso (enquanto está no corpo)
Os substantivos pluriformes
A maior parte dos substantivos, adjetivos, verbos e posposições tupis têm uma só forma de se expressar. Essas palavras se chamam
UNIFORMES.
Ex.-
AOBA - roupa
PINDÁ - anzol
ITÁ - pedra
Existem, porém, palavras que apresentam várias formas de se expressar, recebendo diferentes prefixos de relação (T-, R-, S-): são os
Ex.-
A forma ERA, acima, é o tema. A forma em T- (p.ex. T-ERA) se chama forma absoluta. Ela é usada quando a palavra é independente,
como sujeito ou como objeto, sem exigir outra palavra para completar-lhe o sentido.
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Ex.-
Se quisermos dizer, em tupi, nome bonito, de forma absoluta, sem relacionarmos o termo nome a algum substantivo ou possessivo,
diremos t-e(ra)-poranga. Agora, se quisermos relacionar a palavra com um possessivo e dizer meu nome, diremos, em tupi, xe r-era.
Se quisermos dizer nome do menino, verteremos por kunumim r-era. Se quisermos dizer nome dele, diremos s-era. As formas em R-
A forma relacionada em R- é usada quando o vocábulo pluriforme é imediatamente precedido por um possessivo de 1a ou 2a pessoas
(singular ou plural) ou por um substantivo com o qual ele esteja em relação genitiva ou do qual ele dependa gramaticalmente.
Ex.-
t-ugûy - sangue
t-eté - corpo
A forma relacionada em S- é usada quando se refere à terceira pessoa sem substantivo. O S- é pronome de 3a pessoa e equivale ao
pronome I (usado com os substantivos uniformes) e significando ele(s), ela(s), seu(s), sua(s).
Ex.-
com o pronome: Santa Maria s-era (...) - Santa Maria é o nome dela. (Anch., Poemas, 88)
Assim:
o corpo dele: s-eté, mas Pedro r-eté - o corpo de Pedro (Anch., Arte, 12v)
o sangue dele: s-ugûy, mas mba’e r-ugûy - o sangue do ser bruto (VLB, II, 112)
Na relação genitiva com composição, caem os prefixos de relação na fronteira entre as palavras (ver o §54 e o §58), além de caírem
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Ex.-
Tupã r-oka - a casa de Deus Agora: Tupã-oka - casa de Deus, igreja (em sentido genérico - veja que cai o prefixo r-)
tatu r-apé - o caminho do tatu Agora: tatu-apé - caminho de tatus (em sentido genérico - cai o prefixo r-)
îagûar-a’yra - filhote de onça (isto é, de onças em geral - Caem o prefixo r- e o sufixo -a na fronteira entre as palavras)
oka - casa - Na forma absoluta não recebe t-. Indicaremos oka (r-s-)
pé -caminho
Há muitos substantivos uniformes começados por t. O t, nesse caso, não é prefixo, mas faz parte do tema do substantivo. Os nomes de
Ex.-
Tupã - Deus
taba - aldeia
tatu - tatu
tapiti - coelho
tapi’ira - anta
EXERCÍCIO 17
Verta para o Tupi com base no vocabulário mnemônico apresentado abaixo e no que já conhece. Indicaremos os substantivos
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Boitatá (nome de entidade mítica dos antigos índios tupis da costa) - de mba`e - coisa + t-atá - fogo (veja que este termo é
pluriforme): a coisa-fogo
Carioca (o natural da cidade do Rio de Janeiro) - de kariîó - carijó , índio guarani + oka (r-, s-): casa de carijós
Tatuapé (nome de bairro de São Paulo) - tatu - tatu + (a)pé (r-, s-): caminho de tatus
Itaici (nome de bairro de Indaiatuba, SP) - de itá - pedra e ysy (t-,r-,s-) - fila, fileira: fila de pedras
Tupãciretama (nome de localidade de Pernambuco) - de Tupã - Deus+sy - mãe + etama (t-, r-, s-) - terra, região: terra da mãe de
Deus
Piranha (nome de um peixe) - de pirá - peixe + ãîa (t-, r-, s-) - dente: peixe dentado
Sapopemba (nome da maior avenida de São Paulo) – de apó (s-, r-, s-) + pem – anguloso: raízes angulosas
Lição 10
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Em tupi, o grau aumentativo faz-se com os sufixos -ÛASU (-GÛASU) ou -USU. -ÛASU (-GÛASU) é usado quando o substantivo é oxítono
Ex.-
O grau diminutivo faz-se com os sufixos -’IM e -’I ou com o adjetivo MIRIM. Cai o sufixo -A do substantivo, se ele existir.
Ex.-
Ex.-
EXERCÍCIO 18
Traduza:
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Vocabulário
îuká – matar
morubixaba - chefe
mboîa – cobra
kunhã-muku-'im - mocinha
peró – português
gûeîyb – descer
ybytyra – montanha
îakaré - jacaré;
EXERCÍCIO 19
Os sufixos -gûasu (aumentativo), -’im (diminutivo) e o adjetivo mirim aparecem em grande número de topônimos no Brasil e até em
a) Cataratas do Iguaçu
b) Itaim
f) Itaguaçu
g) guarda-mirim
h) oficial-mirim
i) Mboi-mirim
j) Imirim
Os verbos pluriformes
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INDICATIVO
Ex.
EXERCÍCIO 20
Verta para o Tupi com base no vocabulário mnemônico apresentado abaixo e no que já conhece:
- Paranapiacaba (nome de serra do Sudeste) - de paranã - mar + epîak (s) - ver + -aba - lugar: lugar de ver o mar.
- Caçapava (município de São Paulo) - de ka’a - mata + asab (s) - atravessar, cruzar + -aba lugar: lugar de atravessar a mata.
- Cunhaú (município do Rio Grande do Norte) - de kunhã -mulher + ‘y - rio: rio das mulheres.
- Ibitipoca (localidade de Minas Gerais) - de ybytyra - montanha + pok - estourar: montanha estourada (i.e., com grutas).
- Maíra (nome próprio de mulher) - de maíra - nome de entidade mitológica dos antigos índios da costa que serviu para designar os
franceses, que os índios supunham ser criaturas sobrenaturais. Significa, assim, francês.
- Taiaçutuba (nome de ilha do Amazonas) - de taîasu - porco (do mato) + tyba - ajuntamento, grande número: ajuntamento de
porcos.
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- Itacolomi (formação rochosa de Minas Gerais) - de itá - pedra + kunumim - menino: menino de pedra.
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