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Atividades criativas de artes para Educação Infantil

Por que ensinamos arte na Educação Infantil? Ao contrário da escrita e da


matemática, as aulas de artes não têm uma aplicação objetiva na vida da
criança – nem pais nem professores esperam que elas se tornem artistas
quando adultas. Ainda assim, a pintura, o desenho e os trabalhos manuais são
parte relevante do currículo infantil, inclusive destacado como uma das áreas
de conhecimento do Referencial Curricular Nacional.

A pergunta não é retórica, nem uma forma fácil de começar o texto. É preciso
ter bem claro qual o objetivo de se ensinar algo, porque é esse objetivo que vai
ajudar o professor a traçar seu plano de aula. Por que você ensina arte à sua
turma de 3, 4, 5 anos?

É comum que atividades artísticas sejam usadas com preparação para a


escrita: o foco não é a arte em si, mas a motricidade fina, a destreza dos dedos
para que, mais adiante, a criança consiga criar letras e números. Suas
atividades de artes têm essa meta? Pense bem: as crianças são instruídas a
copiar, traçar linhas retas, seguir pontilhados, pintar dentro das linhas de um
desenho já preparado com antecedência, copiar modelos prontos? Esses
exercícios são úteis para que elas sejam alfabetizadas – mas não as estão
educando em artes.

Quando sua classe aprende a reproduzir imagens prontas, ela entende a


mensagem de que há um certo e um errado no processo criativo, de que há
obras de arte boas ou ruins de acordo com uma pequena lista de regras.
Ninguém aprende, porém, quais as diferentes técnicas possíveis, a
interpretação de acontecimentos ou sentimentos em imagens, a exploração da
criatividade ou os vários espaços em que a arte pode se manifestar.
Conhecer ambientes culturais como museus, teatros e galerias, é importante
para o repertório tanto do professor quanto das crianças (foto: Ecology of
Education)
Isso significa que as crianças devem ficar soltas para brincar com tinta sem
qualquer orientação? Também não – mas estamos chegando mais perto. Sem
o professor como guia, é muito provável que a turma vá apenas reproduzir o
que já vê em outras fontes: na televisão, nos brinquedos ou na publicidade. É
preciso que elas tenham possibilidade de criar o que quiserem, mas sempre
estimuladas a conhecer novas perspectivas e novos materiais, sempre
encontrando novas formas de expressão.

Esse é o objetivo de ensinar arte às crianças: desenvolver o autoconhecimento,


o senso crítico, a sensibilidade e a criatividade, habilidades que serão valiosas
durante toda a vida adulta.

Para isso, o professor deve investir na sua própria formação; afinal, é a visão
do professor que irá influenciar a visão da turma. É importante interagir com
espaços culturais como museus, galerias, teatros, cinemas e praças para
encontrar novos conteúdos e selecionar o que é interessante para cada faixa
etária. Assim como os planejamentos de Natureza ou Matemática são
pensados linearmente, com atividades articuladas entre si, o plano de Artes
também deve considerar o desenvolvimento gradual das crianças e introduzir
novos desafios com intencionalidade.

Para se inspirar, confira 5 ideias criativas para fazer arte na Educação Infantil.

Explorando texturas

Conforme a idade das crianças, novas texturas podem ser adicionadas para
tornar a atividade mais interessante (foto: Casa Marias)
Atividades com texturas são ideais para crianças de até 3 anos, quando o
aprendizado está muito relacionado ao tato. Apenas tome cuidado com as
turmas mais novas, para que elas não coloquem materiais perigosos na boca
(para essa faixa etária, uma dica é usar tinta caseira, não tóxica, que não
causa problemas caso seja ingerida).
Mesmo com crianças mais velhas, a brincadeira ainda desperta interesse,
basta oferecer mais opções de texturas a serem manuseadas. Algumas
possibilidades são:

 Papéis de vários tipos: crepom, cartolina, lenço, celofane,


 Tecidos: camurça, couro e mesmo retalhos de roupas velhas ou toalhas,
 Recortes de revistas e jornais,
 Lixas mais ou menos ásperas,
 Serragem, grama, folhas diversas, palha,
 Sobras de lápis ou giz de cera apontados.
O professor pode, por exemplo, deixar que as crianças explorem texturas na
sala de aula ou no pátio e, então, reproduzam as mais interessantes em suas
obras de arte. Incentive a curiosidade e a descoberta com perguntas e
orientação – mostre a elas como, por exemplo, passar a mão por uma
superfície e fechar os olhos para sentir. Também estimule o vocabulário
apropriado: liso, áspero, macio, seco, úmido, etc..

Autorretrato
As crianças vão desenhar em uma transparência sobre a própria foto: elas
podem contornar o rosto, decorar ou alterar suas imagens como quiserem
(foto: Meri Cherry)
Apesar de dar algum trabalho, essa é uma atividade maravilhosa para
estimular o autoconhecimento. É preciso que as crianças tragam uma foto
impressa de si mesmas com antecedência – e o professor precisa providenciar
transparências, sobre as quais elas irão desenhar.

Depois disso, não há segredo: use uma fita adesiva para colar a foto e a
transparência na mesa e disponibilize materiais de pintura. Tinta guache, cola
colorida, canetas marca-texto e glitter são algumas opções que podem ser
usadas para que as crianças façam seu autorretrato.

Quando as pinturas secarem, outra ideia divertida para a exposição é usar


caixas vazias de brinquedo (ou qualquer outra caixa em que a frente é de
plástico) como moldura, com a foto original no interior da caixa e a pintura, na
frente. Veja o exemplo abaixo:

Carimbos variados
Outra alternativa para explorar o ambiente e experimentar métodos artísticos é
buscar por materiais para fazer carimbos e utensílios de pintura:

 Talheres de plástico,
 Rolos de papel higiênico,
 Botões,
 Tampinhas de garrafa,
 Rolhas,
 Esponjas de cozinha, de banho, de palha de aço (Bombril),
 Algodão,
 Plástico bolha.
Rolhas,
tampas de garrafa ou bolas de algodão são algumas das opções para fazer
carimbos (foto: No Time for Flashcards)

Lembre-
se de colocar a tinta em um recipiente largo, para que as crianças mergulhem
os objetos (foto: No Time for Flashcards)
Mais uma vez, enfatizamos: cuidado com objetos pequenos que podem ser
engolidos pelas crianças!

Estenda uma folha grande de papel craft ou cartolina branca no chão e despeje
as tintas coloridas em pratos rasos de plástico, tigelas ou bacias em que a
turma consiga mergulhar os objetos. Então, deixe que experimente cada um
deles.

Uma dinâmica bastante rica é sugerir temas abstratos: como elas pintariam
sentimentos como alegria, raiva ou medo? Como pintariam o que estão
sentindo hoje? Como pintariam a sensação de voar ou mergulhar?

Crianças mais velhas, em torno dos 6 ou 7 anos, podem relutar bastante para
trabalhar com ideias tão abertas caso não tenham esse tipo de experiência
com frequência – as menores, por outro lado, costumam abraçar a proposta
sem questionamentos. Se isso acontecer, frise que não há certo ou errado e
que eles podem pintar conforme se sentirem. Evite comentários como “que
lindo” e opte por perguntar o que está sendo representado.

Pintura ao ar livre

O giz molhado dá uma cor mais vibrante à pintura (foto: Happy Hooligans)
Há uma calçada ou muro que pode ser usado na sua escola? Leve as crianças
para ilustrá-los – além de tentar a pintura em uma posição diferente, em outra
textura, elas também têm a oportunidade de expor um trabalho para as outras
turmas. É uma oportunidade de falar sobre as mais variadas formas de
exposição de artes, desde um teto todo decorado como o da Capela Sistina até
as paredes grafitadas da cidade.

O giz de quadro é perfeito para essa atividade, e o efeito é ainda melhor


molhando a ponta do giz antes de desenhar. O professor pode levar potinhos
pequenos (como os de iogurte ou forminhas de gelo, por exemplo) com água
para ajudar na pintura: colocando o giz ali por um ou dois minutos, ele absorve
a água, criando cores mais vibrantes e um toque mais macio.

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