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Ja nuns hons pris by Richard I

Canção trovadoresca medieval, escrita no séc. XII por Ricardo Coração de Leão.

O termo trovar significa descobrir, inventar poemas e canções. Os trovadores são


poetas-compositores occitanos, que desenvolveram a arte do canto cortês, entre 1000 e 1350.
Não há nenhum registro original da tradição trovadoresca, sendo assim, os materiais que
existem em cancioneiros foram grafados posteriormente e podem variar consideravelmente
em termos de texto e música entre si. Portanto, não há versão definitiva de nenhuma canção
trovadoresca.
Ja nus hons pris found on screen 392-3 (Arabic numberered pages)
Source : Bibliothèque de l'Arsenal, Ms-5198 réserve
Identifier:ark:/12148/btv1b550063912
Accessed: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b550063912.r=ja+nus+hons+pris.langEN
Ja nus hons pris found on folio 62v - 63r. (digital pages 154-155)
Source :Français 846
Copyright :domaine public

Identifier : ark:/12148/btv1b6000950p
(Pauta de 4 linhas com Clave de Dó móvel, que aparece inicialmente na 2ª linha a partir
do topo para todas as “pautas” exceto a 6ª, onde aparece na 3ª linha de baixo para cima, para
acomodar o intervalo de notas mais agudas da 5ª linha do verso.)

EXISTEM DIFERENÇAS SIGNIFICATIVAS NA MÚSICA TRANSCRITA NESTAS DUAS


FONTES DO SÉCULO 13.

Muitas das canções fazem parte da tradição do amor cortês, no qual o poeta-compositor
contempla os sofrimentos e dores que ele passa a serviço do amor. Entretanto, existem
diversos outros objetos para tais canções, incluindo questões religiosas, politicas e satíricas,
como é o caso de Ja nuns hons pris ne dira sa raison de Richard I.

A clave apresentada nesta notação original é uma clave de Dó arcaica que indica aonde
seria o dó na musica e assim indicando os tons e semitons entre as notas. A clave se move
duas vezes durante a música, pois naquela época não existiam linhas suplementares à pauta,
portanto era necessário mover a clave para que todas as notas pudessem ser escritas sem
ultrapassar o limite da pauta, que estranhamente só possuí quatro linhas, diferentemente do
pentagrama utilizado atualmente.
A música possui uma forma canção AAB, forma originada na própria Idade média e
curiosamente é a forma popular que mais se usa nas músicas do gênero Pop da atualidade.

É difícil dizer exatamente como seria o ritmo da música apenas analisando esta notação
original. Há duas escolas de pensamento em relação à diferença entra o neuma (sinal gráfico
próprio dos sistemas de notação medieval que constitui a primeira forma conhecida de
notação musical no ocidente europeu ) quadrado, (punctum) e o quadrado com a haste (virga).
Uma escola insiste que ambas figuras possuem o mesmo valor rítmico e que a haste presente
na virga é um hábito antigo para escrita que vem de antes de as músicas serem escritas em
pautas, enquanto a outra escola defende que a virga é uma mínima ou longa e o punctum é
uma semínima ou breve. Apesar de ambas interpretações, não é possível definir exatamente o
valor rítmico original das notas. A melodia, portanto, é passível a interpretações, visto que não
é possível definir com certeza a métrica da canção, porém sempre levando em conta caráter
rítmico e melódico de cada cultura.

Atualmente é possível encontrar diversas transcrições da peça, adicionando a ela uma


métrica, porém, não é possível saber a métrica originalmente definida pelo compositor.
A poesia cuja letra é a base da música possui um esquema AAAAAAB de rima, e pertence
a uma espécie poética bastante rara, a chamada rotrouenge cuja característica é finalizar cada
estrofe com um refrão fixo, não sendo o refrão um verso inteiro, mas sim apenas uma palavra,
que neste caso é a palavra “pris” (prisioneiro), cada vez repetida. A repetição da palavra pris
como refrão ao fim de cada estrofe é feita para caracterizar a amarga ironia referente à
delonga de seus amigos e familiares à resgatá-lo, por exemplo, na primeira estrofe o refrão faz
alusão ao fato de que “por dois invernos o rei está preso”, de fato: capturado ao final de 1192,
só sendo libertado em 1194, tal ironia é notável ao longo de toda a canção. O texto encontra-
se na langue d’oil, um francês arcaico, já que o compositor, além de ser Rei da Inglaterra, era
Duque da Normandia.

Referências:

https://www.musicologie.org/sites/t/troubadours.html

http://tinadombroski.net/tangwystl/pages/info/docs/JaNunsHonsPris.pdf

https://www.thelarkascending.org/TLA2_CdLMC/CdLMCbgd.html

https://www.academia.edu/3103218/Richard_Coeur_de_Lion_and_the_Troubadours

http://www.silencethebard.com/?page_id=34

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