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Resumo
O ensino de música pode ser realizado em diferentes espaços, entre eles estão as escolas livres
de música. Estas são comuns em muitas cidades brasileiras, mas pouco se sabe sobre como
ocorre o ensino de música neste espaço, já que elas não seguem uma legislação específica, e
as propostas pedagógicas utilizadas dependem dos conceitos de educação musical de cada
professor. Neste estudo buscou-se levantar informações sobre como ocorre o ensino de
música em uma escola livre, pesquisando sobre a formação profissional dos docentes que lá
atuam e tendo como objetivo geral identificar conceitos de educação musical e os
fundamentos teórico-metodológicos que orientam a prática pedagógica desses professores.
Dessa forma, pretende-se contribuir com as discussões sobre educação musical neste espaço,
ainda pouco conhecido. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, sendo que o objetivo era
conhecer o que fundamenta a prática de ensino daquele grupo específico de professores, sem
intenção de generalizar os resultados. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um
questionário com questões abertas e fechadas e os sujeitos foram sete professores que atuam
em uma Escola Livre de Música, em uma cidade do Vale do Itajaí, SC. Os dados coletados
foram analisados com base nos estudos de Requião (2002). A pesquisa apontou que os
professores da escola em foco têm formação musical diversificada, sendo que nem todos têm
formação acadêmica em música, mas, a maioria atua como músico e alguns desenvolvem
também outras atividades não relacionadas a essa área. No que se refere à metodologia, a
maioria dos professores desenvolve uma metodologia de ensino própria, baseada nas
necessidades e desejos dos estudantes.
Introdução
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Para Gainza (apud PENNA, 1991, p. 36) “o objetivo específico da educação musical
consiste em colocar o homem em contato com seu ambiente musical e sonoro,
descobrir e ampliar os meios de expressão musical, em suma, ‘musicalizá-lo’ de
uma forma mais ampla”. Penna (1991) explica que a musicalização é uma etapa e
uma forma de educação musical.
Foi perguntado aos professores qual era sua formação profissional e o que eles
entendem por educação musical. O objetivo era relacionar suas respostas a respeito dos
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objetivos do ensino da música com seu grau de formação na área. Dos sete professores
participantes da pesquisa, três possuem curso superior em música e apresentaram as seguintes
respostas em relação aos objetivos da educação musical: “pode auxiliar em diversas áreas
[...] no desenvolvimento da coordenação motora, no gosto musical [...] é uma forma de
comunicação”; “é algo necessário para o desenvolvimento pleno de cada pessoa. É
educar o aluno pela e para a música, despertando nele o gosto pela mesma, sendo ela
vocal ou instrumental. É oferecer a oportunidade para o aprimoramento do
desenvolvimento mental, emocional, cognitivo, etc”;” é a educação do ouvido. Ela
trabalha com a sensibilidade”.
Entre os professores que não possuem licenciatura em música, três possuem curso
superior em outras áreas (administração, teologia, design de moda). Outro
participante não havia feito curso superior. Estes tiveram sua formação musical em
conservatório, escola livre ou com professor particular. Suas opiniões a respeito dos
objetivos da educação musical também são bastante diversificadas. Entre os dizeres
está o de um professor que concebe que “ela (a música) muda o caráter da pessoa,
diferenciando das demais que não tiveram”. Outro professor menciona o caráter
técnico da educação musical que “é ensinar a tocar um instrumento, passando
conhecimentos teóricos, técnicos e práticos para a execução do instrumento”.
De modo geral, as respostas foram semelhantes, não havendo grandes contrastes entre
as respostas dos professores que possuem curso superior em música dos demais. Pode-se dizer
que suas opiniões são bastante subjetivas e não estão relacionados diretamente ao grau de
formação na área musical.
Metodologia de Ensino
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Método de ensino pode ser entendido como a maneira pela qual um professor
organiza suas atividades didáticas. Nestas atividades estão incluídas as ações
realizadas pelo professor e pelos alunos, além do material didático empregado para
se atingir os objetivos propostos. Gainza (1988, p. 105) explica que método é “um
conjunto de idéias, exemplos e seqüências pedagógicas segundo o enfoque particular
de um determinado especialista”.
O fato de quatro professores não terem respondido a essa questão pode evidenciar
uma certa insegurança para abordar o assunto. Vale notar que entre os que
responderam que conhecem outras metodologias não foram citados os métodos de
ensino de música mais comuns no Brasil (Suzuki, Orff, Willems, entre outros). As
respostas também demonstram a preocupação com a seleção de repertório, e a
relação que esta seleção tem com o desempenho do aluno. Esta é uma das críticas
mais comuns que se tem aos métodos tradicionais “importados”, que apresentam
repertório de outros países.
Considerações finais
também atua como músico e alguns desenvolvem também outras atividades não relacionadas
a essa área.
No que se refere à metodologia, a maioria dos professores desenvolve uma
metodologia de ensino própria, baseada nas necessidades e desejos do aluno. O fato de vários
professores não terem respondido à questão sobre o conhecimento de outras metodologias
pode demonstrar certa fragilidade em relação ao assunto, demonstrando que seria importante
ampliar os conhecimentos a esse respeito.
Quanto aos referenciais teóricos que orientam suas práticas pedagógicas, as respostas,
de um modo geral, indicam que a prática docente destes professores é quase que
exclusivamente dirigida pelas experiências que cada um teve como aluno, músico e professor.
Foram citados poucos autores contemporâneos de educação musical; com exceção de um
professor que citou o método que utiliza os demais não fizeram menção a autores que
abordam especificamente as áreas de atuação em que lecionam nesta escola. É importante
ressaltar que em nenhum momento houve intenção de julgar os métodos e a forma de ensino
de cada um.
No que se refere a conceitos de educação musical as respostas foram bem amplas,
apontando aspectos intrínsecos e extrínsecos a ela.
Este trabalho não pretende generalizar seus resultados, mas sim, estimular a reflexão
sobre a prática pedagógica destes e de outros professores. A reflexão sobre o agir faz parte do
processo de formação profissional, permite rearticular o que for necessário, rever conceitos e
metodologias, contribuindo para uma prática de ensino mais eficiente.
REFERÊNCIAS
BRÉSCIA, Vera P. Educação Musical: Bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo:
Átomo. 2003.
CARVALHO, Isamara; JOLY, Ilza Zenker. Dilemas práticos vivenciados por professores
de instrumento musical nos primeiros anos de exercício da docência com crianças na
faixa etária entre sete e doze anos. In: ENCONTRO ANUAL DA ABEM, XIII, 2004, Rio
de Janeiro. Anais...Rio de Janeiro, Cd-rom ,2004, p. 457-464.