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É o ritmo que dá beleza à música, na visão de muitos músicos, bem como ao poema,
na visão de muitos poetas, como o simbolista francês Paul Verlaine, que em versos
famosos diz: "Antes de tudo, música". Naturalmente, Verlaine se refere ao ritmo no
poema, além dos efeitos sonoros que se pode atingir através do uso de vogais e
consoantes. Aliás, o ritmo era caro a todo o Simbolismo.
Índice
Ritmo e métrica
Métrica
Pé
Pés básicos
Pés compostos
Redondilha
Decassílabo
Hendecassílabo
Dodecassílabo
Prevalência do ritmo
Rap
Verso anapéstico
Notas e referências
Notas
Referências
Ligações externas
Ver também
Ritmo e métrica
A quantidade de sílabas determina a métrica do verso, enquanto a posição das
sílabas tônicas lhe define o ritmo.[1]
Métrica
Paralelamente ao ritmo, em um poema, encontramos a métrica.
Um poema de versos livres não obedece rigorosamente a uma métrica. Mas, para
que seja agradável, pode ter em sua construção um ritmo, ou, de outra forma, se
aproximará da prosa. No entanto, mesmo sem a existência do verso[2][3], uma prosa
pode conter ritmo, como no caso da prosa poética de Uma estação no inferno, do
poeta francês Arthur Rimbaud.
1. Monossilábico;
2. Dissilábico;
3. Trissilábico;
4. Tetrassilábico;
5. Pentassilábico, ou Redondilha menor;
6. Hexassilábico;
7. Heptassilábico, ou Redondilha maior ou apenas Redondilha;
8. Octossilábico:
9. Eneassilábico:
10. Decassilábico (muito utilizado em sonetos);
11. Hendecassilábico (utilizado nos versos dantescos da Divina Comédia e no Galope à
beira-mar);
12. Dodecassilábico (utilizado nos sonetos alexandrinos);
13. Bárbaro, quando tem mais de 12 sílabas.
Um poema pode, no entanto, usar uma métrica mista, variando quanto ao número de
sílabas entre um verso e outro, como em velhas cantigas medievais em galego-
português. Pode, inclusive, com maior variação que estes, os quais alternavam a
métrica dos versos com uma certa regularidade, usar de maior liberdade, alternando
de forma mais assimétrica a contagem de sílabas poéticas. Desta forma, temos um
poema que está a meio caminho entre o verso livre e o metrificado, porém com muito
ritmo.
Pé
O pé é a unidade rítmica do poema.
Pés básicos
Troqueu ou Coreu: pé formado por uma sílaba longa (tônica) e uma breve
(átona): porta;
Jambo ou Iambo: pé formado por uma sílaba curta (átona) e uma sílaba longa
(tônica): portão;
Dátilo: pé formado por uma sílaba longa (tônica) e duas sílabas curtas (átonas):
pétala;
Anapesto: pé formado por duas sílabas curtas (átonas) e uma sílaba longa
(tônica): coração.
Pés compostos
A partir dos pés básicos, são construídos e conhecidos os pés compostos, ou metros,
que são elementos estruturais criados pela junção de mais de um pé ou formações
complexas.
São eles:[5][4][1]
Redondilha
2, 4, 7;
2, 5, 7;
3, 5, 7;
4, 7;
3, 7.
A primeira e a sexta sílabas devem sempre ser breves ou átonas, para que o ritmo
seja agradável. A tonicidade caindo em uma dessas posições modifica o ritmo,
formando o que se denomina "verso de pé quebrado".
Decassílabo
Heroico
Apresenta obrigatoriamente sílabas tônicas nas posições 6 e 10. Uma outra sílaba
tônica (ou mais de uma) pode aparecer na posição 2 ou 4.
Sáfico
Obs.
Ex:
Pentâmetro iâmbico
Apresenta tonicidade em todas as sílabas pares, ou seja, é a junção de cinco
iambos. Na prática, é a mistura do ritmo sáfico com o heroico.
Martelo agalopado
É uma variação do verso heroico. Caracteriza-se por apresentar sílabas tônicas nas
posições 3, 6 e 10, ritmo em galope, característico dos versos compostos por
anapestos.
É composto por dois anapestos e um peônio de quarta, ou por dois anapestos e dois
iambos. Neste caso, apresenta também tônica na posição 8.
Gaita galega
Ex:
Hendecassílabo
O verso hendecassílabo tem esquema rítmico quase uniforme. Sua forma mais
utilizada (entre os cantadores do Nordeste do Brasil), é o Galope à beira-mar.
Dodecassílabo
Caracteriza-se por apresentar sílabas tônicas nas posições 4, 8 e 12, numa junção de
3 peônios de quarta.
Ex:
Alexandrino
Utilizado por sonetistas, que lhe dão preferência depois dos decassílabos.
Cada hemistíquio, por sua parte, pode apresentar tônicas nas posições 3 e 6, ou 4 e
6, ou 2 e 6, ou ainda 2, 4 e 6.
A interação rítmica entre os dois hemistíquios é que vai dar maior ou menor beleza
ao alexandrino.
Ex:
Prevalência do ritmo
A métrica é utilizada na construção poética tendo-se sempre por meta e fim o ritmo.
Muitos, por conta disso, dão valor ortodoxo à métrica. No que não estão errados, se
puderem considerar formas métricas menos regulares como portadoras de métrica,
pelo simples fato de possuírem ritmo. Há casos em que o ritmo sobrepuja a métrica.
Poemas cantados (como o martelo agalopado) carecem muito mais desse ritmo
holístico, para que o cantador não quebre, ao fim de cada verso - ou de um ou outro
verso – o ritmo cadenciado e forte do martelo.
Há que se entender, também, que o ritmo deve permitir a inspiração entre a
pronúncia de algumas sílabas, para que o declamador do poema não se precipite ou
perca a respiração, prejudicando a apresentação.
O poeta norte-americano Allen Ginsberg cria o conceito de "fôlego", retirado de suas
leituras dos versículos bíblicos, que como bem demonstra o poeta, linguista e
tradutor da Bíblia Henri Meschonnic, determinada seu ritmo pela respiração. por
outro lado, poemas de Ginsberg como Howl (Uivo), são formados por "versos"
intermináveis, que mais se assemelham na página à parágrafos, num ritmo
alucinante, onde poderíamos perder facilmente o fôlego, caso não encontremos o
ponto exato de inspirar na tentiva de nos atermos à noção de verso em uma leitura
em voz alta.
Em alguns poemas podemos encontrar – vez ou outra – um verso com uma sílaba a
menos ou a mais. Produto da ação descuidada ou proposital do poeta, esse verso
muitas vezes está ali cumprindo um papel de manter o ritmo do conjunto. Visto
isoladamente, notamos sua suposta anomalia. Porém, no conjunto, ele passa
despercebido aos olhos menos aguçados, e é realçado aos de um cultor do ritmo.
Exemplo
"Estava à toa na vida,
o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor.
A minha gente sofrida
despediu-se da dor
pra ver a banda passar
cantando coisas de amor."
Casos há, ainda, em que uma sílaba átona de um verso suprassilábico toma seu lugar
como sílaba átona restante do verso anterior. Esta sílaba, conhecida como anacrusa,
ao ser colocada em sua posição na declamação ou no canto, restabelece a métrica
rítmica.
Exemplo
"Eu vou mostrar pra vocês
como se dança o baião
e quem quiser aprender
é favor prestar atenção."
Rap
O que ocorre nestes poemas, é que há uma prevalência de ritmos naturais da fala
sobre os ritmos mais musicais ou metrificados, enquanto em outras obras poéticas é
possível uma mescla de todos estes tipos de ritmos.
Exemplo do RAP
"Deixe que digam,
que pensem, que falem,
deixe isso pra lá,
vem pra cá, que é que tem?
Eu não estou fazendo nada,
você também...
Faz mal bater um papo
assim gostoso com alguém?"
Verso anapéstico
O verso anapéstico é o verso ritmado apenas por anapestos, embora a métrica nem
sempre se apresente assim.
Notas e referências
Notas
1. A Moinheira é um ritmo galego cujas músicas são tocadas por um tipo de gaita de
fole, a Gaita Galega.
Referências
1. CAMELO, Paulo. O ritmo no poema. Recife:Paulo Camelo, 2004. ISBN 978-85-
904262-2-6
2. BILAC, Olavo; Guimarães Passos. Tratado de versificação. Olinda: Babecco, 2012.
ISBN 978-85-62883-35-4
3. DINELLI, Rosa Lia. A poesia revelada : Do popular ao clássico. Olinda: Babecco,
2016. ISBN 978-85-8394-038-8
4. AZZI, Nilza. O verso medido : Teoria e prática. São Paulo: Edicon, 2015. ISBN 978-
85-29009-85-8
5. CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro,
1960.
6. LIMA, Alceu Dias (2003). «De metrificação e poesia latina» (https://periodicos.fclar.
unesp.br/alfa/article/view/4235). ALFA: Revista de Linguística. 47 (1). ISSN 1981-
5794 (https://www.worldcat.org/issn/1981-5794)
Ligações externas
O ritmo, a métrica, o pé (http://www.camelo.recantodasletras.com.br/visualizar.ph
p?idt=43631)
Ver também
Soneto
Rima
Ritmo
Martelo agalopado
Métrica (poesia)
Versificação
Literatura de cordel
Redondilha
Trova
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