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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX,
Engenheiro, Perito Judicial, nomeado nos autos da RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA, requerida por contra, dando por terminados seus trabalhos,
estudos e diligências, vem respeitosamente a Vossa Presença, apresentar suas
conclusões consubstanciadas no seguinte
LAUDO PERICIAL.
Tendo este signatário se desincumbido da honrosa missão
que lhe foi confiada, apresentando o seu Laudo Pericial, vem mui respeitosamente,
requerer se digne V.Ex.ª de arbitrar seus honorários definitivos na importância de
R$3.000,00(três mil reais), devidamente corrigidos até a data do efetivo depósito.
Termos em que,
P. Deferimento.
Jaboticabal, 09 de maio de 2016.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
CREA Nº XXXXXXXXXXXXXX
Engenheiro Civil – EESC – USP
Pós-Graduação – Engenharia de Segurança do Trabalho – UFSCAR
Pós-Graduação – Perícias de Engenharia e Avaliações do IBAPE – SP
Capacitação em Saúde do Trabalhador - UFSCAR
Sumário
I - OBSERVAÇÕES PRELIMINARES
II - ÂMBITO DA PERÍCIA
III - CRITÉRIOS
IV - VISTORIA
V - CONCLUSÃO
VII –ENCERRAMENTO
I - OBSERVAÇÕES PRELIMINARES
II - ÂMBITO DA PERÍCIA
Reclamante:
CTPS n. , série -SP
EMPRESA(S) RECLAMADA(S):
-
Guariba - SP
RAMO DE ATIVIDADE:
Fabricação de Açúcar e Álcool.
Período Atividade
III - CRITÉRIOS
III.1 - Legislação
NR – 1 - DISPOSIÇÕES GERAIS
Cabe ao empregador:
ANEXO 2
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS
1. São consideradas atividades ou operações perigosas, conferindo aos trabalhadores que se dedicam a
essas atividades ou operações, bem como aqueles que operam na área de risco adicional de 30 (trinta)
por cento, as realizadas:
IV – VISTORIA
A perícia foi realizada no dia 03 de maio de 2016, contando
com o acompanhamento do reclamante, de seu Advogado, Dr. Rafael
Gerbasio Corrêa e dos representantes da reclamada: Endrigo João
Nascimento Corrêa (Assistente Técnico) e Ademir Aparecido Perlatto
(Gestor de Operações Agrícolas).
JORNADA DE TRABALHO:
ATIVIDADES:
Abastecimento:
Os representantes da Reclamada
informaram que existem procedimentos para o
abastecimento, com delimitação de área e
sinalização.
Trabalhador Rural:
- executar as diversas atividades operacionais relacionadas a cultura de cana-de-açúcar, tais
como> corte, plantio, carpa, entre outras, utilizando técnicas e ferramentas adequadas; executar
outras atividades conforme necessidade e orientação superior.
Motorista I:
- dirigir veículos da empresa, executando os diversos tipos de atividades, conforme a
necessidade, orientações recebidas e capacidade do equipamento; observar e cumprir a
legislação de trânsito; zelar pela conservação e manutenção do veículo, preencher boletins
diários do veículo.
- Ruído Contínuo
- Radiações
1- Para os efeitos desta norma, são radiações não ionizantes as microondas, ultravioletas e laser.
2- As operações ou atividade que exponham os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a
proteção adequada, serão consideradas insalubres, em decorrências de laudo de inspeção
realizada no local de trabalho.
- calor
1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo" -
IBUTG definido pelas equações que se seguem:
onde:
tg = temperatura de globo
QUADRO 1
Regime de Trabalho TIPO DE ATIVIDADE
Intermitente com Descanso
no Próprio Local de
Trabalho Leve Moderada Pesada
(por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho
sem a adoção de medidas acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30
adequadas de controle
2. Os períodos de descanso serão considerados tempo de serviço para todos os efeitos legais.
Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com período de
descanso em outro local (local de descanso).
1. Para os fins deste item, considera-se como local de descanso ambiente termicamente mais ameno, com o
trabalhador em repouso ou exercendo atividade leve.
QUADRO 2
__ . ______
M (Kcal/h) Máximo IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
_
QUADRO 3
- Vibração
Sumário:
1. Objetivos
2. Caracterização e classificação da insalubridade
1. Objetivos
1.1 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre decorrente da
exposição às
Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo Inteiro (VCI).
1.2 Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são os estabelecidos
nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO.
2. Caracterização e classificação da insalubridade
2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional
diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada
(aren) de 5 m/s2.
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de
exposição ocupacional diária a VCI:
a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2;
b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.
2.2.1 Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve comprovar a
avaliação dos dois parâmetros acima descritos.
2.3 As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição ocupacional
são caracterizadas como insalubres em grau médio.
2.4 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo aspectos
organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas funções.
2.5 A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que contemple, no mínimo, os
seguintes itens:
a) Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos;
b) Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de acordo com o item 3
do Anexo 1 da NR-9 do MTE;
c) Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e
representatividade da amostragem;
d) Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração;
e) Dados obtidos e respectiva interpretação;
f) Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação;
g) Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e indicação das
necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia;
h) Conclusão.
2 1,75
MAQUINA LT AREN = 1,1 m/ s LT VDV = 21 m/s Limite de tempo
IV.1.2.4 – PERICULOSIDADE
V- CONCLUSÃO
QUESITOS DO RECLAMANTE:
9. Foram entregues EPI’s ao reclamante? A partir de que data? Qual a marca e o modelo?
R. Sim.
10. Em caso afirmativo quanto a entrega dos EPI’s, estes foram entregues em quantidade
suficiente e eficaz? Foram substituídos no período correto?
R. Sim.
QUESITOS PERICULOSIDADE
5. Foram entregues EPI ao reclamante? A partir de que data? Qual(is) a(s) marca(s) e o(s)
modelo(s)? Foram entregues de maneira eficaz e substituídos no prazo devido?
R. Para a periculosidade não existem epis que neutralizem o agente de risco.
QUESITO DO JUÍZO:
VII – ENCERRAMENTO
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
CREA Nº XXXXXX
ANEXO 1
EXPOSIÇÃO
AO
CALOR
Em primeiro lugar, não tem base científica, e portanto, é equivocada, a interpretação de que o índice
IBUTG (índice de bulbo úmido-termômetro de globo) deva ser aplicado somente para fontes artificiais de
PRAÇA CENTENÁRIO, 116 - TAQUARITINGA - SP - 23
Engenheiro JXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
CREA XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA
calor, pois o IBUTG foi desenvolvido junto à Força Militar dos EUA, no sentido de verificar a exposição
das tropas aos efeitos do calor nas frentes de combate. Além deste fator histórico, observamos que o
Ministério do Trabalho e Emprego, ao criar a Norma Regulamentadora (NR) nº 15, Anexo nº 03, da
portaria n. 3.214/78, cuidou-se em definir procedimentos distintos para aferir valores do índice decorrentes
do calor oriundo de fontes artificiais, daquelas provenientes de fonte natural, isto é, da carga solar. Assim,
quando há exposição à carga solar, utiliza-se o termômetro de bulbo seco, além dos termômetros de bulbo
úmido natural e de globo. Já quando a fonte de calor é exclusivamente artificial, inexistente a utilização do
termômetro de bulbo seco para a definição do índice IBUTG, o que por si só, já comprova o equívoco na
interpretação de que não se deve aplicar o índice para a constatação da insalubridade, pela exposição aos
efeitos nocivos do calor proveniente da carga solar, inexistindo embasamento legal ou científico, que
autorize o perito a descaracterizar a insalubridade por calor nessa situação.
O calor é um agente físico que traz fadiga, diminuição de rendimento, erros de percepção, raciocínio
e sérias perturbações psicológicas, que podem conduzir a esgotamentos e prostrações àquelas que estão
expostos aos seus defeitos.
Conclusão – Quando dois corpos em temperaturas diferentes são colocados em contato, haverá fluxo
de calor do corpo com temperatura maior para a temperatura menor. Este fluxo torna-se nulo, no momento
em que as temperaturas dos dois corpos se igualam.
Condução-Convecção – a troca térmica se processa como no caso anterior, somente que, neste caso,
pelo menos um dos corpos é um fluído. Desta forma, a transição do calor entre os dois corpos provocará a
movimentação do fluído. Assim, consideramos um corpo sólido “A” com a temperatura Ta e um gás “B”
com temperatura Tb. Em dois casos ocorrerá a troca térmica: Ta > Tb ou Ta < Tb.
Se Ta > Tb, o corpo “A” perde calor para a camada mais próxima do gás “B”; esta se aquece e sofre
um deslocamento ascendente, sendo em seguida, substituída por outra camada de gás menos aquecida. Se
Ta < Tb, o corpo “A” ganha calor da camada mais próxima do gás “B”; esta se esfria, sofrendo um
deslocamento descendente, sendo em seguida, substituída por outra camada de gás aquecida. Em ambos os
casos observa-se o aparecimento de uma movimentação natural do gás.
Radiação – quando dois corpos se encontram em temperaturas diferentes, haverá uma transferência
de calor, por emissão de radiação infravermelha, do corpo com temperatura maior para o corpo de
temperatura menor. Este fenômeno ocorre, mesmo não havendo um meio de propagação entre eles. O calor
transmitido através deste fenômeno é denominado calor radiante.
1º - o calor produzido pelo próprio organismo, que varia consideravelmente segundo a atividade
física desenvolvida;
Perda ou ganho de calor pelo organismo também ocorrem no processo da respiração e ingestão de
alimentos quentes ou frios. Essas, no entanto, constituem pequenas quantidades, e portanto, não serão
consideradas.
Assim sendo, na medida em que há um aumento de calor ambiental, ocorre uma reação no
organismo humano no sentido de promover um aumento da perda de calor. Inicialmente ocorrem reações
fisiológicas para promover a perda de calor, mas estas reações, por sua vez, provocam alterações que,
somadas, resultam um distúrbio fisiológico.
Os principais mecanismos de defesa do organismo humano, quando submetido a calor intenso, são:
Vasodilatação periférica – quando a quantidade de calor que o corpo perde por condução-convecção
ou radiação é menor que o calor ganho, a primeira ação corretiva que se processa no organismo é a
vasodilatação periférica, que implica num maior fluxo de sangue na superfície do corpo e num aumento da
temperatura da pele. Estas alterações resultam num aumento da quantidade de calor perdido ou na redução
do calor ganho. O fluxo de sangue no organismo humano transporta calor do núcleo do corpo para sua
superfície, onde ocorrem as trocas térmicas;
Os efeitos desta exposição ao calor intenso, produzem as denominadas doenças do calor, pois, se o
aumento do fluxo de sangue na pele e a produção de suor forem insuficientes para promover a perda
adequada do calor, ou se estes mecanismos deixarem de funcionar apropriadamente, uma fadiga fisiológica
pode ocorrer. Estas doenças do calor são divididas em quatro categorias, as quais passamos a destacar:
Cloreto térmico – ocorre quando a temperatura do núcleo do corpo é tal, que expõe em risco algum
tecido vital que permanece em continuo funcionamento. É devido a um distúrbio no mecanismo termo-
regulador, que fica impossibilitado de manter um adequado equilíbrio térmico entre um indivíduo e o meio.
Assim sendo, mesmo na hipótese de que o horário de labor da Reclamante fosse das 7:00 às 17:00
(nas safras e entressafras), para a quantificação do índice, considera-se apenas os sessenta minutos corridos,
onde as condições são mais desfavoráveis no ciclo de trabalho. Logo, é sabido que as condições são mais
desfavoráveis por volta das 12:00 horas (“meio dia”), e isso é facilmente comprovado quando da realização
da análise quantitativa, onde observemos que independente de ser verão, outono, inverno ou primavera, o
índice IBUTG extrapola os limites de tolerância para a atividade exercida pela Reclamante, nos horários
aproximados das 11:00 às 14:00 horas, exceto nos dias chuvosos ou nublados.
A quantificação dos dias chuvosos ou nublados (média de 120 dias/ano), de acordo com os horários
laborais mais desconfortáveis, foi obtida no departamento de Ciências Exatas da FCAV/UNESP – campus
de Jaboticabal, que possui Estação Agroclimatológica localizado à Latitude de 21º15’22” S, longitude
48º18’58” W e altitude de 595 metros.
Logo, por aproximadamente 120 dias do ano, não há como caracterizar a insalubridade por
exposição ao calor, em conseqüência do labor efetuado sob carga solar, já que neste período houve a
incidência de chuvas, ou no mínimo, o dia esteve nublado no horário critico.
Este profissional, em diversas oportunidades que esteve em propriedades rurais da região, destinadas
ao cultivo da cana de açúcar, efetuou as avaliações quantitativas do agente físico calor, fazendo uso de uma
árvore de termômetros analógicos da marca PRECISIOM, composta por termômetro de globo, bulbo úmido
natural e de bulbo seco, a fim de aferir os valores IBUTG.
Estas avaliações, para os sessenta minutos corridos mais desfavoráveis do ciclo de trabalho, sempre
apontaram para índices IBUTG variando de 26,8ºC à 32,0ºC, independentemente da estação do ano.
O quadro nº03, do Anexo 03, da NR-15, indica que a atividade da reclamante enquadra-se como
pesada (trabalho fatigante), sendo que exercida em regime continuo, aponta para o limite de tolerância de
25,0ºC (Quadro n. 01, do Anexo 03, da NR-15).
Destarte, estando a Reclamante exposta ao índice IBUTG variando de 26,8ºC à 32,0ºC, no horário
critico supracitado, e sendo o limite de tolerância de 25,0ºC, então, as obrigações funcionais daquela
enquadram-se como insalubres.
ANEXO 2
TABELA
EXTRAPOLAÇÃO
CALOR