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A FORMAÇÃO DO EGITO
O Egito Antigo possui uma das culturas mais fascinantes de toda a história da humanidade. Foi a
primeira das antigas sociedades a constituir um reino unificado, em um período em que as regiões
do Oriente Próximo estavam organizadas em cidades independentes, em comunidades nômades e
seminômades e em aldeias.
Tal formação social desenvolveu-se no fértil Vale do Rio Nilo, no nordeste da África, entre os
desertos do Saara e da Núbia.
Os antigos egípcios dividiam a região em duas terras. A rica e estreita faixa de terra fértil que
acompanhava o Nilo era chamada Kmt ou “Terra Negra”, por oposição à Dsrt, a “Terra Vermelha”
do deserto não fertilizado pelo Nilo.
Havia também uma divisão entre o norte e o sul. A “Terra do Norte” era o Delta do Rio Nilo, ou
Baixo Egito, que se estendia em triângulo da cidade de Mênfis até o Mar Mediterrâneo. A “Terra do
Sul”, ou Alto Egito, era todo o Vale do Nilo, desde Mênfis até a primeira catarata do rio, na
fronteira com a região da Núbia.
HAPI, O DEUS-RIO
Fertilização
Inundado anualmente na estação das cheias, o Nilo deposita uma camada de húmus, uma espécie de
lodo escuro, rico em matéria orgânica, formado por restos de vegetais e animais.
O húmus fertiliza o solo às margens do rio. Quando as águas baixam, quilômetros de terra podem
ser cultivados.
Com tais condições, por volta de 5.000 a.C., o vale passou a atrair grupos humanos vindos das
regiões do Saara. Desde 6.000 a.C., ocorrera um progressivo ressecamento climático responsável
pela formação do grande deserto.
OS TRABALHOS DE IRRIGAÇÃO
Para um melhor aproveitamento das terras fertilizadas, as águas do Nilo deveriam ser controladas.
As populações estabelecidas transformaram gradualmente o Vale do Nilo, permitindo a organização
de uma forma de vida sedentária, ou seja, com habitação fixa, dependente das cheias do rio.
Diante da necessidade de cooperação para o trabalho comum, os grupos passaram a formar
pequenas comunidades agrícolas que se espalharam ao longo do Vale do Nilo.
Por volta de 4.000 a.C., essas pequenas comunidades começaram a se agrupar, provavelmente em
função da necessidade de organizar uma melhor defesa das terras, ou para realizar o difícil trabalho
de domesticação do rio.
As cheias do rio eram provocadas por chuvas que caíam na região subsaariana, por onde corriam o
Nilo Branco e o o Nilo Azul. Para armazenar a água para os períodos de baixa foram criados
reservatórios que eram abastecidos por canais de irrigação. Para represar a água, foram construídos
diques, de maneira a controlar a sua força e o seu volume.
A UNIFICAÇÃO DO EGITO
Segundo a tradição egípcia, a unificação das “Duas Terras”, ou seja, a união do Baixo e do Alto
Egito sob um único soberano foi feita por Menés, embora as fontes arqueológicas o chamem de
Narmer.
Por volta de 3100 a.C., Menés, soberano do Alto Egito, conquistou o Baixo Egito, uniu as duas
coroas (branca e vermelha) e estabeleceu sua capital em Tínis, no Alto Egito.
Posteriormente, a capital foi transferida para a cidade de Mênfis, onde as duas terras se
encontravam. Menés é considerado o fundador da primeira dinastia (série de soberanos de uma
mesma família) e o primeiro rei a concentrar todos os poderes – político, econômico e religioso.
FARAÓ
Os reis egípcios eram denominados faraós. O termo tem origem em uma palavra que significava
“casa alta” ou “palácio”.
O poder do faraó era absoluto: estendia-se a todos os setores da sociedade. Como senhor supremo,
comandava um corpo de funcionários que recolhia impostos, fiscalizava obras de irrigação,
administrava projetos de construção, controlava a terra, mantinha registros e supervisionava os
armazéns governamentais, onde os cereais eram guardados para o caso de uma má colheita.
]diferente da Mesopotâmia, onde a acumulação de excedentes era centralizada nos templos de uma
divindade local, no Egito Antigo o excedente estava nas mãos de um soberano que se colocava
acima da sociedade, não porque representava a vontade dos deuses, mas porque ele era tido como o
próprio deus.
O armazenamento da produção
O excedente recolhido das comunidades locais era armazenado nos depósitos centrais e depois
redistribuído em um eficiente sistema. A eficiência da administração centralizada dependia do
conhecimento exato daquilo que acontecia em cada nomo.
As diversas operações de coleta, o armazenamento e a distribuição dos excedentes eram
responsabilidade dos funcionários sob a autoridade do faraó. Eles cuidavam da organização dos
trabalhos coletivos em toda a região, estocavam os produtos e, em caso de necessidade, racionavam
ou distribuíam às regiões necessitadas.