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Reologia Parte 1 PDF
Reologia Parte 1 PDF
APOSTILA DE PROCESSOS 4
EMC 5744
PARTE 1: FUNDAMENTOS DE
REOLOGIA DE MATERIAIS
POLIMÉRICOS
2
SUMÁRIO Pg
REVISÃO 60
CONSIDERAÇÕES FINAIS 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 69
3
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTOS DE REOLOGIA
De uma maneira geral a Reologia, pode ser definida como a ciência que
estuda o escoamento da matéria. Entretanto, a forma mais conveniente e
completa de defini-la seria como a ciência que estuda a deformação e o fluxo
da matéria.
A Reologia é uma área da física que analisa as deformações ou as
tensões de um material provocadas pela aplicação de uma tensão ou
deformação. O material pode estar tanto no estado líquido, gasoso quanto no
estado sólido. A deformação de um sólido pode ser caracterizada por leis que
descrevem a alteração do volume, tamanho ou forma, enquanto que o
escoamento de um fluido que pode estar no estado gasoso ou líquido, é
caracterizado por leis que descrevem a variação contínua da taxa ou grau de
deformação em função da tensão aplicada.
Em Reologia, a classificação entre um material sólido, líquido ou gasoso
é determinada pelo número de Deborah (De). Este número estabelece a
relação entre tempo de relaxamento do material, λr, e o tempo de duração da
aplicação de uma deformação ou tensão, t.
λr
De = (1)
t
Onde:
→ λr (tempo de relaxamento) - tempo necessário para ocorrer algum
movimento molecular;
→ De (Número de Deborah) - relação entre as forças elásticas e
viscosas que atuam no material;
→ t (tempo do experimento) - tempo de aplicação da tensão ou
deformação.
4
∑ Ni M i
Mn =
ΣNi (2)
6
∑ N i M i2
Mw =
ΣN i M i (3)
Onde:
Ni → representa o número de moléculas i de peso molecular Mi;
Mn → peso molecular numérico médio;
Mw → é o peso ponderal médio.
Tabela 1
Tipos de módulo, em função da deformação sofrida pelo material.
Tipo de Tensão Deformação Módulo
Deformação
Tração σ = F/AB ε = ΔC/C Elasticidade
E = σt /ε
Cisalhamento σs = F/AB γ = Δx/C = tanθ Cisalhamento
G = σs/γ
Compressão P = F/A εc = -ΔV/Vo K = P/ε
8
E = 2 G (1 + υ ) = 3 K (1 − 2υ ) (4)
Onde:
→ υ é a razão de Poisson
ΔA / A
υ= (5)
ΔC / C
Onde:
ΔA/A → variação na largura por unidade de largura;
ΔC/C → variação no comprimento por unidade de comprimento.
⇒ Efeito da Temperatura
(B)
Módulo de relaxamento (lb/pol2)
Região II
(A)
Região III
Deformação elática
(A)
0
- 40 C
2
Tensão, lb/pol
0
68 C
0
86 C
0
104 C
0
122 C
0
140 C
Deformação, %
Figura 7 – Comportamento mecânico sob tração de amostras de PMMA
submetido a diferentes temperaturas (Alfrey, 1948).
20
10
5
Tensão, MPa
2 = V (mm/min)
1
0,5
0,1
Deformação, %
Figura 8 – Curva de ensaio de tração até o limite de escoamento
de amostras de resina epoxi submetidas ao teste de tração
por diferentes velocidades de ensaio (Ishau, 1970).
14
⇒ Efeito da Cristalinidade
Considerando-se um mesmo polímero, à medida que o grau de
cristalinidade aumenta, o módulo elástico, a resistência ao escoamento e a
dureza também aumentam. Esse efeito pode ser observado ao se comparar as
propriedades mecânicas do polietileno de alta densidade PEAD e o polietileno
de baixa densidade que tem graus de cristalinidade diferentes, conforme pode
ser observado pela Figura 9. O efeito do grau de cristalinidade atua da mesma
forma que os emaranhamentos (“entanglements” das moléculas), ou seja, os
mesmos são pontos que restringem a movimentação molecular.
⇒ Plastificantes
Em alguns polímeros são acrescentados aditivos também conhecidos
como plastificantes. Estes plastificantes diminuem o módulo e aumentam a
deformação do material. Este é um caso típico do PVC com plastificante. Estes
aditivos são adicionados a um polímero para reduzir a dureza no produto
acabado, alterando fortemente seu comportamento mecânico. Os plastificantes
diminuem a interação intermolecular das cadeias, resultando na diminuição do
módulo e aumento da deformação plástica.
F
τ= (6)
A
Onde: F → Força necessária para provocar um deslocamento na chapa
(para o fluido escoar); A → área exposta ao cisalhamento. As unidades usuais
são: N/m2 ou pascal (Pa), dina/cm2 e lbf/ft2, nos sistemas internacional, c.g.s e
inglês, respectivamente.
17
∂v ∂γ
γ= =
∂y ∂t (7)
Onde:
∂v → variação da velocidade entre as moléculas/partículas ou camadas
do fluido.
∂y → distância entre as camadas/moléculas/partículas.
∂γ/∂t → variação da deformação em função do tempo.
∂v
τ =η τ = ηγ
∂y ou (8)
Onde:
→ η - a viscosidade, cuja unidade é expressa em Kg/(m.s) ou Pa.s,
g/(cm.s) ou dina.s/cm2 (poise) e lbf.s/ft2, nos sistemas SI, c.g.s. e inglês,
respectivamente.
⇒ Fenômeno da Potência
Ao examinar determinados fluidos sob escoamento cisalhante, Ostwald
verificou que estes exibiam comportamentos diferentes dos previstos por
Newton. Os fluidos observados por Ostwald apresentavam uma relação entre a
tensão de cisalhamento (τ) x taxa de deformação (γ) não linear. Desta forma,
Ostwald propôs um modelo que pode ser descrito matematicamente pela
equação 9. Os fluidos que obedecem este modelo são conhecidos como
fluidos da Lei das Potências.
20
τ = η aγ n (9)
Onde:
ηa → é a viscosidade aparente e n é o índice da lei das potências.
P/ n>1 → fluido dilatante 1
P/ n=1 → fluido Newtoniano 2
P/ n<1 → fluido pseudoplástico 3
⇒ Fenômeno da Dilatância
O fluido dilatante apresenta comportamento de viscosidade aparente
crescente com o aumento da taxa de cisalhamento. A dilatância é manifestada
em sistemas com mais de uma fase, desde que uma delas seja constituída de
partículas grandes e assimétricas, que dificultam o empacotamento, mesmo
sob elevadas taxas de deformação. Exemplo: suspensões concentradas de
PVC misturadas com líquidos plastificantes.
Em situação de repouso as partículas estão bem separadas uma das
outras. Segundo Reynolds, o aumento da taxa de cisalhamento, acarreta na
aproximação das partículas, resultando no aumento da resistência ao fluxo,
conforme pode ser ilustrado pela Figura 15.
21
⇒ Fenômeno da Pseudoplasticidade
Este é o fenômeno da Lei de Potência que ocorre com maior frequência.
Nestes fluidos a viscosidade aparente diminui com o aumento da taxa de
deformação.
De acordo com o proposto por Brydson (1981), a pseudoplasticidade
acorrerá com maior frequência em polímeros no estado fundido ou borrachoso,
petróleo, espalhamento rápido de tintas, espumas, escoamento descontrolado
de pastas, pasta de dente, etc. O comportamento pseudoplástico pode ser
explicado por três razões:
1 – Partículas assimétricas no repouso estão orientadas de forma
aleatória e bem próximas uma das outras. Quando estas partículas são
forçadas a se deslocarem (fluírem) em uma direção, elas assumem uma
orientação preferencial na direção do escoamento, reduzindo assim, sua
resistência a este escoamento, como representado na Figura 16.
Modelo de Bingham
τ = τ y + η pγ (10)
Onde:
τ → tensão residual:
ηp → viscosidade plástica.
De acordo com a equação 10 e Figura 19, quando τ > τy, não existe
escoamento, significando que o sistema possui uma viscosidade infinita.
τ = τ y + η pγ n (11)
24
⇒ Tixotropia
Fluidos tixotrópicos são aqueles caracterizados pela diminuição da
viscosidade aparente do líquido com o tempo de aplicação a uma dada taxa de
deformação.
Este fenômeno é isotérmico e reversível sendo consequência da
destruição gradual da “estrutura” construída pelas partículas da fase dispersa,
cuja força de ligação não resiste à ação do cisalhamento imposto. Após a retira
da força cisalhante, o sistema volta à sua conformação original, recuperando
novamente a sua viscosidade aparente inicial. Para estes materiais, qualquer
que seja a taxa de cisalhamento aplicado, existirá um tempo necessário para a
25
⇒ Reopexia
Os fluidos que apresentam comportamento oposto aos fluidos
tixotrópicos são denominados de Reopéxicos. Estes fluidos apresentam um
aumento da viscosidade aparente com o tempo a uma dada taxa de
cisalhamento.
A Figura 21 apresenta o comportamento da viscosidade em função do
tempo de cisalhamento.
⇒ Efeito de Weissenberg
Este efeito pode ser observado quando gira-se um bastão no interior de
um recipiente contendo um polímero fundido ou em solução, como ilustrado na
Figura 22. No caso de um fluido Newtoniano, é observado um abaixamento no
nível do fluido na região adjacente ao bastão, devido à força centrífuga. No
caso de fluidos poliméricos, ocorre um deslocamento do material para o centro
do recipiente e, consequentemente, o fluido sobe pelo bastão. Este fenômeno é
chamado de efeito Weissenberg e ocorre devido ao surgimento de diferenças
de tensões normais, estando associado à orientação molecular imposta pelo
fluxo anelar. Como o polímero possui a tendência de retornar ao seu estado de
equilíbrio (conformação enovelada), as moléculas exercem uma tensão na
camada de fluido próxima a elas, contra o bastão.
⇒ Viscoelasticidade
A viscoelasticidade é um fenômeno dependente do tempo que, ao
contrário dos demais fenômenos, só ocorre em sistemas poliméricos.
Os materiais poliméricos em estado sólido, fundidos ou em solução,
apresentam ao mesmo tempo características tanto de materiais sólidos como
de fluidos. Esta propriedade é conhecida como “Viscoelasticidade”.
Para entender melhor este fenômeno, observe o exemplo a seguir.
Considere uma situação em que é utilizada uma prateleira de polímeros, fixada
em duas extremidades para sustentar alguns livros, conforme apresentado na
Figura 23.
27
Analogia Mecânica
Os materiais apresentam diferentes tipos de deformações quando é
aplicada uma força externa, como por exemplo, a tensão de tração. Os sólidos
ideais apresentam deformação completamente elástica após a aplicação de
uma força de tração. A deformação elástica é reversível e desaparece quando
a tensão é removida. Quando a deformação é de natureza elástica, os átomos
são deslocados de suas posições originais (de equilíbrio) pela aplicação de
uma tensão externa. Porém, quando esta tensão é retirada, os átomos voltam
às suas posições originais em relação aos seus vizinhos e o material recupera
suas dimensões originais.
29
σ = ε .E (12)
Onde:
σ → tensão;
ε → deformação;
E → módulo de elasticidade ou de Young.
obedecendo à Lei de Newton. Agora, imagine que uma das extremidades deste
amortecedor está fixada na parede, enquanto que a outra extremidade está
presa em um peso. Este peso vai gerar uma deformação no pistão. Se este
peso for retirado, o pistão não recuperará suas dimensões originais. Este
modelo tem um comportamento de fluidos viscosos ideais que obedecem a Lei
de Newton. Os fluidos viscosos apresentam deformações plásticas, isto é,
permanentes, porque seus átomos se movimentam dentro da estrutura do
material, adquirindo novas posições permanentes com respeito aos seus
vizinhos. Esta situação pode ser matematicamente descrita através da
equação 13.
∂ε
σ = η. (13)
∂t
Onde: η → viscosidade do fluido;
dε/dt → variação da deformação em função do tempo;
σ → tensão aplicada.
Modelo de Maxwell
Como um fluido viscoelástico apresenta por definição os dois
componentes da deformação, um elástico e um plástico, Maxwell sugeriu que
este pudesse ser representado por uma associação de uma mola e um
amortecedor, como mostrado na figura 27.
Ao se aplicar uma tensão constante (τ) durante um intervalo de tempo
(t), obtém-se uma deformação (ε) que é dependente das características da
mola (E) e do amortecedor (η). A curva resposta da deformação com o tempo é
a soma do comportamento individual de cada um dos componentes. Assim, a
deformação resposta desse elemento à uma tensão aplicada é:
1 – Deformação elástica instantânea, referente à mola.
2 – Deformação plástica dependente do tempo, referente ao
amortecedor.
3 – Recuperação elástica instantânea, referente à mola.
4 – Recuperação plástica residual irrecuperável, referente ao
amortecedor.
Modelo de Voigt
Outra maneira de compor os dois elementos básicos, mola e
amortecedor, é a proposta de Voigt. Nesse modelo, a associação de
amortecedor e mola é realizada em paralelo. Ao se aplicar uma tensão durante
32
Onde:
1 → Resposta instantânea da mola.
2 → Deformação elástica retardada por dois componentes
viscosos.
3 → Recuperação elástica instantânea da mola.
4 → Recuperação elástica retardada pelos componentes
elásticos.
pode ser realizado sob diferentes tipos de solicitações mecânicas, tais como:
tensão de tração, cisalhamento e compressão. A Figura 30 ilustra os diferentes
tipos de testes de fluência.
σ total = σ m + σ a (14)
ε total = ε m = ε a (15)
∂ε
σ (t ) = E ε (t ) + η .
∂t (16)
σ 0 E ε ∂ε
= +
η η ∂t (17)
1
ε = (1 − exp( − )t )
τ (18)
ε total = ε m + ε a (19)
σ total = σ m = σ a (20)
∂ε ∂σ 1 σ 0
= +
∂t ∂t E η (21)
∂σ 1 σ 0
0= +
∂t E η (22)
∂σ E
=− ∂t
σ0 η (23)
1
σ (t ) = σ 0 exp( − )t
λ (24)
γ = γ 0 sen( ω t ) (25)
σ = σ 0 sen( ω t ) (26)
como:
40
σ0
E=
γ0 (27)
σ = E γ 0 sen( ω t ) (28)
σ
η=
γ (29)
então,
σ = ηγ (30)
e a tensão resposta é:
γ = γ 0 sen( ω t ) (33)
então:
σ = σ 0 sen( ω t + δ ) (40)
41
σ 0 sen( ω t )
E´ = cos δ
γ 0 sen( ω t ) (42)
σ 0 cos( ω t )
E '' = sen δ
γ 0 sen( ω t ) (43)
E''
tan δ = (45)
E'
A tangente de perda ou fricção interna ou amortecimento, é a razão
entre a energia dissipada por ciclo e a energia potencial máxima armazenada
durante o ciclo. Esta relação é muito útil na caracterização de sistemas
poliméricos. Assim, materiais mais rígidos irão apresentar valores de tanδ
menores e, do mesmo modo, materiais mais flexíveis irão apresentar valores
de tanδ maiores.
A Figura 37 representa as funções senoidais da deformação aplicada e
da tensão resposta para materiais (a) elásticos lineares, (b) viscosos lineares e
(c) viscoleásticos.
9 Construção da Curva-Mestra
A construção da curva-mestra é baseada em dois princípios:
1- Curvas de módulo em função da temperatura são semelhantes às
curvas de módulos em função do tempo.
2- A variação acentuada do valor de módulo em função do tempo está
intimamente relacionado à Tg do material.
− C1 (t − t 0 )
log at = (46)
C 2 (t − t 0 )
Onde:
β
C1 = (47)
2,303 f g
Onde:
β → é uma constatnte e fg é o volume livre fracional na Tg
fg
C2 =
αt (48)
Onde:
αt → coeficiente de expansão térmica do volume livre fracional
acima da Tg do polímero.
Tabela 2
Resumo das Características e Equações de
Estado Elástico Fluido Viscoso Ideal
Fluxo Laminar
No fluxo laminar, as moléculas ou camadas de fluido se deslocam
através de linhas de corrente. Sabe-se que a distribuição de velocidades é a
parabólica no interior de tubos circulares. A velocidade é máxima no eixo axial
e nula na parede do tubo. A distribuição de tensão é linear ao longo da seção
do tubo, sendo máxima na parede e nula no centro, conforme pode ser
observado pela Figura 39.
Fluxo Tampão
O fluxo tampão é um caso particular de escoamento laminar, no qual
não existe deslizamento relativo entre as camadas ou moléculas do fluido
numa certa região. Nesse escoamento, existe deslocamento relativo próximo
às paredes do recipiente, mas a região central do fluido se move como se fosse
um corpo sólido, sem apresentar deslocamento relativo no centro. O
47
Fluxo Turbulento
O fluxo turbulento caracteriza-se pelo deslocamento caótico de massas
ou partículas do fluido ao longo do canal de fluido. Esse deslocamento
turbulento provoca uma mistura entre as moléculas ou camadas. Neste tipo de
fluxo, as partículas ou massas do fluido se movem ao acaso e através de
trajetórias acentuadamente curvas. Desta maneira, as velocidades pontuais
mudam de valor e direção. Entretanto, como a amplitude das oscilações das
partículas é pequena e o deslocamento macroscópico se dá em uma direção
definida, o fluxo turbulento pode ser considerado como permanente em média.
A Figura 41-A apresenta um esquema ilustrativo do fluxo turbulento
através de um conduto cilíndrico, enquanto que a Figura 41-B ilustra a variação
da velocidade em um ponto em função do tempo e esboça uma curva que
representa o cálculo da velocidade média.
48
ρ DV méd
Nr = (50)
η
Onde:
ρ → massa específica do fluido,
D → dimensão do canal de escoamento,
vméd → velocidade média de fluxo.
Tabela 3
Perfil das Velocidades Médias em Fluxo Turbulento Número de Reynolds
crítico no escoamento dos fluidos.
Fluxo de Pressão
O fluxo de pressão é aquele em que um gradiente de pressão é aplicado
ou imposto ao sistema. Para o escoamento, o perfil de velocidade é gerado
pela aplicação de um gradiente de pressão externa ΔP no fluido. A pressão
diferencial que atua numa camada de fluido da Figura 42, resulta em uma força
expressa por:
F c = ( P2 − P1 )π r 2 = Δ P π r 2 (51)
Onde:
Fc → a força cisalhante,
ΔP → diferença de pressão que provoca o deslocamento,
r → raio a uma distância qualquer do centro.
Resistência do Fluido
A resistência viscosa do fluido ao fluxo, devido a tensão cisalhante que
atua através da área superficial da camada do fluido, é descrita pela equação
(52).
51
Fc = τ r 2π rl (52)
Onde:
Fr → força viscosa resistente do fluido,
τr → tensão cisalhante a uma distância r,
r → raio a uma distancia qualquer do fluido,
l → comprimento da camada do fluido.
Δ Pr
τr = (53)
2l
Considerando que a diferença de pressão uniforme ao longo do
comprimento do duto (L), onde o escoamento se encontra perfeitamente
desenvolvido , então:
Δ Pr
τr = (54)
2L
A equação 54 fornece o perfil de cisalhamento para o escoamento no
duto circular. A partir deste perfil é possível afirmar que no centro do tubo, o
cisalhamento é nulo e que nas paredes do tubo a tensão de cisalhamento
assume seu valor máximo, τmáx, dado por:
Δ PR
τ máx = (55)
2L
Onde:
τmáx → tensão de cisalhamento máxima na parede do tubo,
R → raio interno do tubo,
L → comprimento do tubo.
A equação 55 mostra que a tensão de cisalhamento, em qualquer ponto,
varia linearmente com a posição radial, sendo nula no centro e máxima na
parede do duto.
52
∂V 4Q
γ máx = ( )w =
2r πR 3 (56)
Onde:
dV/dr → gradiente de velocidade do fluido,
Q → vazão do fluxo.
τ máx
η=
como: γ máxc (57)
ΔPπR 4
η= (58)
8 LQ
3n + 1 4Q
γ máx = ( )( 3 )
4n πR (59)
Δ PR 3n + 1 n 4Q n
= ηa ( ) ( 3)
2L 4n πR (60)
Onde:
ηa →viscosidade aparente do fluido.
53
Reometria Capilar
A reometria capilar é a técnica mais utilizada para o estudo das
propriedades reológicas de polímeros fundidos. Esta técnica mede a vazão em
um tubo em função da pressão e é realizada em um reômetro capilar.
3n + 1 4Q
γ máx = ( )( 3 ) (59)
4n πR
Δ PR 3n + 1 n 4Q n
= ηa ( ) ( 3) (60)
2L 4n πR
Δ PR 4Q n
Se fizermos um gráfico de log versus ( ) obteremos uma
2L πR 3
linha reta, cuja interseção e inclinação permitirá calcular ηa e n,
respectivamente.
Correção de Rabinowitsch
Quando é realizado um experimento em um reômetro capilar, utilizando
fluidos que não obedecem a Lei das Potências e a Lei de Newton, a curva de
Δ PR 4Q n
fluxo do log versus ( ) não segue um comportamento linear
2L πR 3
(Figura 44). Para este caso utiliza-se um fator de correção, chamado de
correção de Rabinowitsch. Desta maneira, a taxa de cisalhamento na parede
do capilar, para fluidos que não seguem a Lei das Potências, é calculada a
partir da equação 61.
4Q 3 + b
γ = ( )( ) (61)
máxcorrigi da
πR 3 4
Onde:
b → está relacionado com o raio do capilar, comprimento do
capilar e fluxo de vazão do fluido.
55
Onde:
Pb → pressão no barril,
Pc → pressão na saída do capilar.
Correção de Bagley
A correção de Bagley é um procedimento utilizado para corrigir a
diferença de pressão da entrada do capilar, que consiste em calcular o
comprimento do capilar necessário para obter um fluxo completamente
desenvolvido. Assim pode-se expressar a tensão de cisalhamento corrigida na
parede do capilar, segundo a equação (63).
A Figura 45 ilustra a pressão de um capilar de comprimento de
(Lc + eRc).
Δ PR c
τ máxc .corrigida = (63)
2 ( Lc − eR c )
Onde:
O produto eRc→ representa o comprimento do tubo capilar
necessário para obter fluxo plenamente desenvolvido, com uma
queda de pressão igual à queda de pressão extra resultante dos
efeitos da entrada do capilar,
Rc → raio do capilar,
Lc → comprimento do capilar.
F D 2 D b2
τ máxc . = ( 2 )( c ) (64) e γ máxc . = ( ) v xh ( 3 ) (65)
D b π Lc 15 D
Onde:
F → força exercida pelo material no pistão (Kgf),
Db = 2Rb → diâmetro do barril (cm),
Dc = 2Rc → diâmetro do capilar (cm),
Vxh → velocidade de descida do pistão (cm/min).
58
3Tq
τ. =
2π rc3 (66)
Onde:
Tc → tensão de cisalhamento no cone;
Rc → raio externo do cone ou da placa circular;
Tq → torque a ser medido
Considerando o raio definido, a equação 66 pode ser reescrita como:
τ c . = b1Tq (67)
ω π
γ cp = =( )N
tg (α ) 30α (68)
Onde:
γcp → taxa de cisalhamento do fluido no reômetro cone-placa,
ω → velocidade angular,
α → ângulo do cone,
N → velocidade de rotação.
γ = b2 N (70)
Tq
η = b( ) (71)
N
REVISÃO
Taxa de Cisalhamento
Efeito da Temperatura
Efeito da Massa Molar e Distribuição
Grau de Ramificação
Pressão
⇒ Taxa de Cisalhamento
Alguns polímeros quando fundidos podem ter um comportamento de um
fluido da Lei da Potência. Este é um comportamento típico destes materiais,
mas não o único.
Na figura 49, pode-se observar que a viscosidade de um determinado
polímero fundido é uma função da taxa de cisalhamento, decrescendo à
medida que esta aumenta. Nesta figura também é possível observar que, em
alguns processos de transformação de polímeros, como moldagem por
compressão, as taxas de cisalhamento são baixas, enquanto em outros, como
extrusão e moldagem por injeção, as taxas de cisalhamento são altas. Assim,
dependendo da magnitude da taxa de cisalhamento do processo, o polímero
poderá ter um comportamento Newtoniano ou não-Newtoniano.
Para baixas taxas de cisalhamento, como é no caso de moldagem por
compressão, o material apresenta um comportamento Newtoniano. O aumento
da taxa de cisalhamento, acarreta na orientação das moléculas, reduzindo
assim a resistência do fluido ao fluxo, isto é, ocorre a diminuição da
viscosidade do material (fluido pesudoplástico).
No processamento de injeção, quando a taxa de cisalhamento é muito
elevada o polímero pode votar a apresentar um comportamento Newtoniano.
Neste estágio, as moléculas moléculas do polímero estão completamente
orientadas e a viscosidade do material não é mais afetada pelo aumento da
taxa de cisalhamento.
62
⇒ Efeito da Temperatura
A viscosidade dos materiais também sofre alterações com a variação da
temperatura. De uma forma geral, o aumento da temperatura irá promover um
incremento na movimentação molecular que acarretará uma diminuição da
viscosidade do material.
63
f = f g + α f (T − T g ) (72)
Onde:
F é o volume livre e fg volume livre na tg
fg = 0,025
αf = 4,8 x 10-4
η C1r (T − T g )
log( ) = + T − T g (73)
ηg C 2g
onde C1 e C2 são:
1
C1g = f g = 17 , 44 (74)
2,303
e
1
C 2g = C 1g α f = 51,6 (75)
2,303
η = ae − b / T (76)
Onde:
a → constante;
T → temperatura absoluta.
η 0 = KM wa (78)
Onde:
K e a → são as constantes para um dado polímero
⇒ Grau de Ramificação
Quanto maior o grau de ramificação, maior será o volume livre molecular
(volume não ocupado pela molécula) e, portanto, menor será a viscosidade do
polímero.
⇒ Pressão
Além da temperatura, da taxa de cisalhamento e do peso molecular, a
viscosidade de um polímero depende da pressão. A variação de viscosidade
com a pressão é um fator importante na Reometria, como também no
processamento de polímeros, principalmente na moldagem por injeção. Como
a viscosidade depende das distâncias entre as moléculas e com o aumento de
pressão esta distância é diminuída, conclui-se que η, geralmente, aumentará
com o aumento da pressão. Por exemplo, o silicone possui, a 10000 atm, 107
vezes a viscosidade a 1 atm. Contudo nem todos os polímeros têm este
comportamento, o PS por sua vez diminui sua viscosidade com o aumento da
pressão.
68
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bretas, R. E. S.; D´Ávila, M. A.Reologia de Polímeros Fundidos, São Carlos,
Editora da UFSCar, 2000.
Mark J. E.; Erman, B.and Eirich, E. M.- Science and tecnology of Rubber,
New York, Academic Press, 2 ed., 1994.
Morton, M. Rubber Recnology, London, Chapman & Hall, Ltda, 6 ed., 1966.