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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM

GESTÃO AMBIENTAL

3º Ano

Disciplina: QUÍMICA AMBIENTAL

Código: ISCED32-QUICFE002
Total Horas: 150
Créditos (SNATCA): 6
Número de Temas: 10

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED


ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e


contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico,
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais
em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Direcção Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839

Fax: 23323501
E-mail: isced@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos

O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos


seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Sualé Amade, Mestre em Gestão Ambiental


Autor:

Coordenação Direcção Académica do ISCED


Design Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED)
Revisão Científica (IAPED)
Revisão Lingística (IAPED)
Ano de Publicação 2016
Local de Publicação ISCED – BEIRA

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Visão geral Erro! Marcador não definido.


Benvindo ao Módulo de Química Ambiental.................................................................... 1
Objectivos da Disciolina/Módulo ...................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo? ............................................................................... 1
Como está estruturado este módulo? .............................................................................. 2
Ícones de actividade ......................................................................................................... 3
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 5
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 6
Avaliação ........................................................................................................................... 7

TEMA I: CONSIDERAÇÕES GERAIS 9


Unidade 1.1. INTRODUÇÃO - Considerações gerais sobre a disciplina…………………………9
Unidade 1.2. Definição da Química Ambiental, Historial e sua Relação com outras
Ciências……………………………………………………………………………………………………………………10
Unidade 1.3. Química Ambiental e sua Importância…………………………………………………12
Unidade 1.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema……………………………13

TEMA II: Qualidade e Quantidade da água 14


Unidade 2.1. Introdução………………………………………………………………………………………..…14
Unidade 2.2. A Química da Oxi-redução, Oxigénio Dissolvido, Demanda Química de
Oxigénio e Demanda Biologica de Oxigénio………………………………………………………………15
Unidade 2.3. Decomposição anaeróbia da matéria orgânica…………………………………….20
Unidade 2.4. Compostos de enxofre e nitrogênio e suas conversões………………………..26
Unidade 2.5. Estratificação térmica……………………………………………………………………..…..29
Unidade 2.6. Drenagem ácida de minas……………………………………………………………………32
Unidade 2.7. EXRECÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema…………………………….35

TEMA III: Bioquímica Microbiana Aquática 36


Unidade 3.1. Introdução. A Química Ácido-Base: o sistema carbonato…………………….36
Unidade 3.2. Equilíbrio de fases com gás carbônico atmosférico……………………………….41
Unidade 3.3. A água do mar e Acidez aquática………………………………………………………….44
Unidade 3.4. Índices de alcalinidade e dureza…………………………………………………………..46
Unidade 3.5. O Alumínio e o ferro em águas naturais……………………………………………….49
Unidade 3.6. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema…………………………….50

TEMA IV: Fertilizantes Químicos 53


Unidade 4.1 Introdução. Processos de fertilização……………………………………………………53
Unidade 4.2. Eutrofização em corpos aquáticos…………………………………..…………………..54

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Unidade 4.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema……………………………..60

TEMA V: Composição do solo 62


Unidade 5.1. Introdução. Água, gases, minerais importantes……………………………………62
Unidade 5.2. Processos de intemperismo: reações ácido-base; dissolução;
precipitação; complexação……………………………………………………………………………….……..64
Unidade 5.3. Sedimentos profundos; troca iônica; Substâncias húmicas; Bio e fito
remediação……………………………………………………………………………………………………………..70
Unidade 5.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema……………………………..81

TEMA VI: Fertilizantes Químicos e seus efeitos sobre o solo 84


Unidade 6.1. Introdução. Metais pesados…………………………………………………….………….84
Unidade 6.2. Bioacumulação e Bioconcentração………………………………………………………87
Unidade 6.3. Biomagnificação e Bioinorgânica………………………………………………………….90
Unidade 6.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema…………………………….92

TEMA VII: Radioatividade 94


Unidade 7.1. Introdução. A descoberta da Radioactividade……………………………………..94
Unidade 7.2. Produção de energia por processos de fissão e fusão nuclear………………96
Unidade 7. 3: Principais Problemas Ambientais da actualidade………………………………..99
Unidade 7.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema Erro! Marcador não
definido.99

TEMA VIII: Tipos e Mecanismos de Reações Orgânicas ................................................... 101


Unidade 9.1. Introdução. Radicais livres…………………………………………………………………101
Unidade 9.2. Reações em cadeia, classificação……………………………………………………….105
Unidade 9.3. Fotólise, Classificação………………………………………………………..………………107
Unidade 9.4. Catálise, Classificação…………………………………………………………………………111
Unidade 9.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema…………………………..113

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Tema IX: Regiões da Atmosfera 115


Unidade 9.1. Introdução. A absorção de luz pelas moléculas. Princípios da
fotoquímica……………………………………………………………………………………………………………115
Unidade 9.2. Química troposférica: “smog fotoquímico”, emissões veiculares,
precipitação ácida, Ozônio……………………………………………………………………………………..119
Unidade 9.3. O efeito estufa: mecanismo, vibrações moleculares e indutores……….126
Unidade 9.4. Química estratosférica: a criação e a destruição da camada de ozônio.127
Unidade 9.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema………………………….130

Tema X: Pesticidas 133


Unidade 10. 1: Herbicidas, Inseticidas, Fungicidas, classificação de pesticidas………..133
Unidade 10.2. Polímeros naturais e sintéticos PAH, PCB, PAN, THM e BTX……………..139
Unidade 10.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema………………………...147

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 150

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Benvindo à Disciplina/Módulo de Química Ambiental

Objectivos do Módulo

A Química Ambiental estuda os processos químicos (mudanças) que


ocorrem no meio ambiente. Essas mudanças podem ser naturais ou
causadas pelo homem e em alguns casos podem trazer sérios danos
à humanidade.
Esta cadeira permitirá que o estudante se consciencialize sobre o
impacto dos principais problemas ambientais.

 Definir Química Ambiental e sua importância.


 Fazer um breve histórial da disciplina.
 Conhecer as relações da Química Ambiental com outras áreas do
saber;
Objectivos Específicos
 Conhecer os processos químicos que ocorre na atmosfeira.
 Saber Interpretar os impactos negativos provocados pelo no
meio Ambiente.

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de


licenciatura em Gestão Ambiental do ISCED. Contudo, os leitores
que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa
disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal
se inscrever. Mas poderá adquirir o manual.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Como está estruturado este módulo

Este módulo de Química Ambiental, para estudantes do 3º ano do


curso de licenciatura em Gestão Ambiental, à semelhança dos
restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente
de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades. Cada unidade se caracteriza
por conter uma introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade ou do próprio tema, são incorporados
antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que
aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades
práticas algunas incluido estudo de caso.

Outros recursos

A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si,


num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca virtual mais
material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou
artigos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-
avaliação apresntam duas caracteristicas: primeiro apresentam
exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que
mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exrcícios de
avaliação é uma grande vantagem, porque estará se preparar para
exame.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico-
Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas.
Pode ser que graças as suas observações que, em goso de
confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser
melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,


procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação


crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as


de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudarcomo foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada
ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando
achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e


estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos
de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das
actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume
de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando
interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em


insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistemáticamente), não estudar apenas para responder as questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude
pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar.

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou
invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento e
apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone,
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando
a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante
– CR, etc.

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As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED
indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou admibistrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é de muita importância, na
medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará
a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas.
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e
unidade temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do (s) autor (es). Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor,
sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.

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Avaliação

Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma
avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10% do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

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TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS.

Unidade 1.1. INTRODUÇÃO - Considerações gerais sobre a disciplina


Unidade 1.2. Definição da Química Ambiental, Historial e sua Relação com outras
Ciências
Unidade 1.3. Química Ambiental e sua Importância
Unidade 1.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 1.1. INTRODUÇÃO - Considerações gerais sobre a disciplina

Introução

Os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem para a agricultura, a


pecuária, a indústria e os centros urbanos não têm levado em conta a natureza. O
solo, o ar e a água têm sido usados como depósito do lixo produzido. Como
resultado apareceram as chuvas ácidas, as mudanças climáticas, a erosão e a
desertificação do solo, a contaminação dos alimentos por metais e agrotóxicos, o
acúmulo do lixo não degradável, principalmente plásticos, o buraco de ozônio, o
perigo de extinção de muitas espécies animais e vegetais, e vários outros problemas
ambientais muito sérios e praticamente irreversíveis. Ao se apropriar dos recursos
que a natureza lhe ofereceu, o homem se esqueceu de um princípio vital: o
equilíbrio que deve existir entre animais e plantas no seu habitat. Sem preservação
do equilíbrio ecológico, o planeta morre.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

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 Registar: todos os factos que ocorrem e podem ser representados em valor


monetário;
 Organizar: um sistema de controlo adequado à empresa;
Objectivos
 Demonstrar: com base nos registros realizados, expor periodicamente por
específicos
meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da
empresa;
 Analisar: os demonstrativos financeiros com a finalidade de apuração dos
resultados obtidos pela empresa;
 Acompanhar: a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os
pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros e
alertando para eventuais problemas;
 Entender e aplicar na prática os princípios e natureza da contabilidade Geral;

Unidade 1.2. Definição da Química Ambiental, Historial e sua Relação com outras
Ciências
_____________________________________
Introdução
A Química Ambiental originou-se da Química clássica e hoje é uma ciência
interdisciplinar por envolver não só as áreas básicas da Química como também a
Biologia, a Geologia, a Ecologia e a Engenharia Sanitária. A Química Ambiental
estuda os processos químicos (mudanças) que ocorrem no meio ambiente. Essas
mudanças podem ser naturais ou causadas pelo homem e em alguns casos podem
trazer sérios danos à humanidade. Atualmente há uma grande preocupação em
entender a química do meio ambiente, com o objetivo de melhorar a qualidade de
vida em nosso planeta. Objecto de estudo da Química Ambiental é estuda os
processos químicos (mudanças) que ocorrem no meio ambiente. Essas mudanças
podem ser naturais ou antropogênicas e podem trazer sérios danos à humanidade.
Actualmente há uma grande preocupação em entender a química do meio
ambiente, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida em nosso planeta.

Objectivos Específicos
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
Aplicar os conhecimentos da Química Ambiental;
Identificar a interligação entre a Química ambiental e a Educação ambiental;
Identificar os ramos da Química Ambiental.

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Definição da Química Ambiental


A Química Ambiental estuda os processos químicos que ocorrem na natureza,
sejam eles naturais ou ainda causados pelo homem, e que comprometem a saúde
humana e a saúde do planeta como um todo.
A Química Ambiental não é a ciência da monitoração ambiental, mas sim da
elucidação dos mecanismos que definem e controlam a concentração das espécies
químicas candidatas a serem monitoradas. Os conceitos de Química Ambiental e
Monitoramento Ambiental são, geralmente, confundidos. O monitoramento
ambiental representa um processo de colecta de dados, estudo e
acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais. Este tem como
objectivo identificar e avaliar - qualitativa e quantitativamente - as condições dos
recursos naturais em um determinado momento, assim como as tendências ao
longo do tempo. Devem ser incluídas neste tipo de estudo as variáveis sociais,
econômicas e institucionais, já que exercem influências sobre o meio ambiente.

Relação Entre a Química Ambiental com outras Ciências

Física

Geologia
Ciências de Material

Agricultura
Química
Ciênciais Sociais Ambiental

Biologia
Medicina
Química

Engenharia Ciências do Meio Ambiente

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Na Figura acima estão apresentadas as relações entre a Química Ambiental, áreas


de outras ciências.

Unidade 1.3. Química Ambiental e sua Importância


Introdução
A Química Ambiental originou-se da Química clássica e hoje é uma ciência
interdisciplinar por envolver não só as áreas básicas da Química como também a
Biologia, a Geologia, a Ecologia e a Engenharia Sanitária. A Química Ambiental
estuda os processos químicos (mudanças) que ocorrem no meio ambiente. Essas
mudanças podem ser naturais ou causadas pelo homem e em alguns casos podem
trazer sérios danos à humanidade.
Actualmente há uma grande preocupação em entender a química do meio
ambiente, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida em nosso planeta.
Assim, nesta seção será analisada a química responsável pelos problemas
ambientais, à química do meio ambiente e a importância desta ciência para a
resolução dos problemas existentes neste campo e para o impedimento de outros
que possam vir a surgir.

Objectivos Específicos
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
 Conhecer a importancia da Quimica Ambiental;
 Arrolar os impactos causados pelo mau uso dos produtos Químicos sobre o
ambiente.

Química Ambiental e sua Importância


A Química Ambiental é uma das áreas da ciência que mais tem crescido nas últimas
décadas. Ela procura entender a composição e o comportamento do solo, da água
e do ar, quais as interações complexas entre estes sistemas, como eles são
influenciados pelas actividades humanas e quais são as suas consequências (SILVA
e ANDRADE, 2003).
A grande preocupação actual é entender que química ambiental tem como o
objectivo de melhorar a qualidade de vida em nosso planeta.
A Química ambiental tem um papel muito importante para o meio ambiente de
nosso planeta. A maioria das pessoas culpa a Química pela poluição e degradação
da natureza. É verdade que o mau uso e/ou o uso em excesso de produtos químicos
pode trazer vários prejuízos à saúde do planeta.
No entanto, muitos dos problemas ambientais que se iniciaram em décadas
passadas, como a contaminação biológica das águas de consumo, só será
solucionada quando forem aplicados métodos científicos em geral e químicos em
particular.
É preciso reconhecer que a maior parte dos problemas ambientais hoje em dia,
como o aquecimento

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

global, se dá em razão das substâncias produzidas sinteticamente pela acção da


química. O problema não está na Química em si, mas, sim, no uso irracional, egoísta,
ganancioso, desenfreado e em excesso destes produtos por parte do ser humano.
Em outro extremo notamos que o meio ambiente é químico, ou seja, possui
compostos químicos naturais que podem solucionar grandes problemas da
humanidade, como o câncer, só para citar um exemplo.
A Química Ambiental estuda também as mudanças que ocorrem na natureza. É
importante este estudo para entender os aspectos químicos dos problemas que
nós, seres humanos, criamos no meio onde vivemos. Este mesmo ambiente há
alguns anos antes de começar os processos de poluição, era um ambiente natural,
ou seja, sem poluentes. Como a situação só se agrava, nos últimos anos houve uma
conscientização dos cidadãos sobre os danos causados pelas actividades humanas
inadequadas. Sejam em indústrias ou em seus próprios lares, estas actividades têm
gerado efluentes e resíduos sólidos, líquidos e gasosos que acabam tendo seu
destino final na atmosfera, nos solos e nas águas.
Todos os dias os jornais mostram como a poluição tem prejudicado a fauna, flora,
rios, mares, lagos, etc., ou seja, é do conhecimento de todos que as transformações
decorrentes da poluição ameaçam o meio ambiente, a prevenção é o melhor
remédio.
O meio ambiente também está nas “mãos” da Química, visto que é os inúmeros
produtos químicos que poluem os rios, lagos, florestas, e cidades do nosso planeta,
mas também é desta ciência que vem a ajuda, ou seja, a solução para muitos desses
problemas com poluição e degradação do meio ambiente.

Unidade 1.4. EXERCÍCIOS das unidades temática

1. Defina a Química Ambiental.


2. O que entendes por meio ambiente?
3. Estabeleça a Relação entre a Química Ambiental com outras ciências.
4. Apresente com clareza o objecto de estudo da química ambiental.
5. Fala da Química Ambiental e sua importância.
6. A Química Ambiental estuda:
a. Mudanças que ocorrem na natureza;
b. Só a Poluição do Ambiente aquático;
c. Reacções químicas;
d. Nenhuma das opções.
7. O uso excessivo de produtos químicos pode trazer vários prejuízos à saúde
do planeta. Como:
a) Desmatamento. b) Poluição do ambiente. c) Sismo. d) todas opções.
8. Os produtos químicos pode trazer vários prejuízos à saúde Humana. Como:
a) Câncer b) Malária c) minigite d) nenhuma das opções.

Assinale com V as opções verdadeiras e F as falsas.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

9. A Química Ambiental é uma ciência interdisciplinar por envolver não só as


áreas básicas da Química (V)
10. A grande preocupação em entender a química do meio ambiente, com o
objectivo de melhorar a qualidade de vida na Cidade. (F)
11. O objecto de estudo da Química Ambiental é estuda os processos químicos
(mudanças) que ocorrem no meio ambiente. (V)

TEMA II: Qualidade e Quantidade da água


Unidade 2.1. Introdução.
Unidade 2.2. A Química da Oxi-redução, Oxigénio Dissolvido, Demanda Química de
Oxigénio e Demanda Biologica de Oxigénio
Unidade 2.3. Decomposição anaeróbia da matéria orgânica
Unidade 2.4. Compostos de enxofre e nitrogênio e suas conversões
Unidade 2.5. Estratificação térmica
Unidade 2.6. Drenagem ácida de minas
Unidade 2.7. EXRECÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 2.1. Introdução

Tanto a quantidade como a qualidade das águas sofrem alterações em decorrências


de causas naturais ou antrópicas. Entre as causas naturais que alteram o clima e,
consequentemente, a disponibilidade de água, destacam-se as flutuações sazonais
com período de um ano e outras com ciclos de médio e longo prazo, tais como o "El
Niño" e os períodos glaciais, além de outras variações climáticas naturais. Outras
causas sem um ciclo determinado podem ser classificadas como "catástrofes".

Entre as acções humanas que podem alterar o balanço hídrico, destacam-se em


escala local e regional o desmatamento, a mudança do uso do solo, os projectos de
irrigação e a construção de barragens. Na escala planetária, destaca-se a mudança
climática global decorrente da alteração das características químicas da atmosfera
com gases que promovem o "efeito estufa".
Causas naturais: a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos, que escoam pelo
canal principal de uma bacia hidrográfica em condições naturais, dependem do
clima e das características físicas e biológicas dos ecossistemas que a compõem. A
interação contínua e constante entre a litosfera, a biosfera e a atmosfera, acabam
definindo um equilíbrio dinâmico para o ciclo da água, o qual define em última
análise, as características e as vazões das águas. Este equilíbrio depende
basicamente:
 Das quantidades e distribuição das precipitações: a quantidade de água
proveniente das precipitações em uma bacia hidrográfica apresenta variações
temporais e espaciais;
 Do balanço de energia: a quantidade da água que é perdida através da
evapotranspiração depende da energia solar disponível, da natureza da
vegetação e das características do solo;

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

 Da geomorfologia: regula o tempo de permanência da água que depende da


inclinação das secções transversais e longitudinal da bacia hidrográfica;
 Da natureza e dimensão das formações geológicas: controla o armazenamento
da água no solo, no subsolo e determina o fluxo de base dos afluentes e do
canal principal;
 Da vegetação natural que cobre a área: controla o balanço de energia, a
infiltração da água, a evapotranspiração e a vazão final;
 Da interação das espécies: a atividade dos ciclos biogeoquímicos depende da
interação dos organismos vivos, incluindo a microfauna e a microflora.

Qualquer modificação nos componentes do clima ou da paisagem alterará a


quantidade, a qualidade e o tempo de resistência da água nos ecossistemas e, por
sua vez, o fluxo da água e suas características no canal principal do rio.

A qualidade da água
A vida humana, assim como a de todos os seres vivos depende da água. Mas a
nossa dependência da água vai além das necessidades biológicas: precisamos dela
para limpar as nossas casas, lavar as nossas roupas e o nosso corpo. E mais: para
limpar máquinas e equipamentos, irrigar plantações, dissolver produtos químicos,
criar novas substâncias, gerar energia.
É aí que está o perigo: a actividade humana muitas vezes comprometa a qualidade
da água. Casas e indústrias podem despejar em rios e mares substâncias que
prejudicam a nossa saúde. Por isso, escolher bem a água que bebemos e proteger
rios, lagos e mares são cuidados essenciais à vida no planeta.
A água potável é aquela popularmente chamada água limpa. Para ser bebida por
nós, a água deve ser incolor (sem cor), insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro).
Ela deve estar livre de materiais tóxicos e microorganismos, como bactérias,
protozoários etc., que são prejudiciais, mas deve conter sais minerais em
quantidade necessária à nossa saúde.
A água potável é encontrada em pequena quantidade no nosso planeta e não está
disponível infinitamente. Por ser um recurso limitado, o seu consumo deve ser
planejado.

Unidade 2.2. A Química da Oxi-redução, Oxigénio Dissolvido, Demanda Química de


Oxigénio e Demanda Biologica de Oxigénio
Introdução

Todos os organismos vivos estão dependentes, de uma forma ou de outra, do


oxigénio para manter a actividade metabólica que produz energia para o
crescimento e para a reprodução.
Nas massas de água, a solubilidade do oxigénio depende de diversos factores, dos
quais se salientam a pressão atmosférica, a temperatura e a salinidade. À medida
que a temperatura e a salinidade aumentam a solubilidade do oxigénio diminui. A
baixa solubilidade do oxigénio na água limita a capacidade de auto-depuração das

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águas naturais, o que torna necessário o tratamento das águas residuais antes da
sua descarga nos meios receptores (linhas de água, lagos, naturais ou artificiais, e
oceanos). O teor em oxigénio dissolvido de uma água vária consoante a origem
destas.
As variações dos teores de oxigénio dissolvido são de grande importância,
principalmente nos casos de diminuição. Como se referiu, um aumento da
temperatura conduz a uma diminuição do teor em oxigénio dissolvido porque
diminui a sua solubilidade e aumenta o número de microrganismos consumidores
de oxigénio.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Concentualizar os termos: OD, DQO e DBO;
 Conhecer as determinações de DBO, DQO e OD em águas naturais pouco
poluídas.
 Diferenciar o OD, DQO e DBO.

A Química da Oxi-redução.

O OXIGÊNIO DISSOLVIDO

Segundo Sperling (2005), o oxigênio dissolvido é o principal parâmetro de


caracterização dos efeitos da poluição das águas por despejos orgânicos.

A presença de oxigênio é essencial para vários organismos aquáticos nos processos


metabólicos de bactérias aeróbias e outros microorganismos responsáveis pela
degradação de poluentes nos sistemas aquáticos (ROCHA et al., 2004). Assim, as
águas poluídas por esgotos apresentam baixa concentração de oxigênio dissolvido,
pois o mesmo é consumido no processo de decomposição da matéria orgânica,
enquanto as águas limpas apresentam concentrações de oxigênio dissolvido mais
elevadas, geralmente superiores a 5 mg L-1.

Crominio é agente oxidante mais importante em águas naturais, sendo o produto


da reacção a H2O (em meio ácido) e OH- (em meio alcalino).

O oxigênio se dissolve nas águas naturais proveniente da atmosfera, devido à


diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de Henry, que define
a concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura:

CSAT = α.Pgás

Onde α é uma constante que varia inversamente proporcional à temperatura e pgás


é a pressão exercida pelo gás sobre a superfície do líquido. No caso do oxigênio,
considerando-se como constituinte de 21% da atmosfera, pela lei de Dalton, exerce
uma pressão de 0,21 atm. Para 20°C, por exemplo, α é igual a 43,9 e portanto a
concentração de saturação de oxigênio em uma água superficial é igual a 43,9 x
0,21 = 9,2 mg/L.

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A solubilidade do OD varia com a altitude e a temperatura. Ao nível do mar, na


temperatura de 20 ºC a concentração de saturação é igual a 9,2 mg L-1. Assim
valores de OD superiores à saturação são indicativos da presença de algas
(fotossíntese com geração de oxigênio). Já valores de OD bem inferiores à saturação
são indicativos da presença de matéria orgânica (possivelmente esgoto). Com OD
em torno de 4-5 mg L-1 morrem as espécies de peixes mais sensíveis; com OD igual
a 2 mg L-1 quase todas as espécies de peixes morrem; com OD igual a 0 mg L-1 tem-
se condições de anaerobiose.

O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se nas águas naturais, devido à


diferença de pressão parcial. Assim, as concentrações de saturação de oxigênio
variam em função da temperatura, da pressão e da salinidade da água (CETESB,
2010).

A concentração de oxigênio dissolvido na água ocorre ainda, em função da


actividade fotossintética dos organismos autótrofos, presentes nos corpos de água
e da velocidade do escoamento da água.

Uma adequada provisão de oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção de


processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais. Através da medição
do teor de oxigênio dissolvido, os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas
receptoras e a eficiência do tratamento dos esgotos, durante a oxidação
bioquímica, podem ser avaliados.

Determinação da concentração de oxigênio dissolvido em águas

Pode ser determinado por titulação pelo método de Winkler ou por eletrodo
sensível ao O2;

Eletrodo sensível ao O2: se faz a medida in situ;

Método de Winkler: coleta-se a amostra e se faz a fixação da amostra (para evitar


perdas durante o transporte até o laboratório) via reação com íons Mn2+ (MnSO4)
junto com mistura alcalina de iodeto/azida;

O (I-) é necessário para reagir com o Mn4+ formado e liberar (I2) que é titulado com
S2O32-;

A azida serve p/ evitar interferências de íons NO2- os quais podem oxidar o íon
iodeto em I2.

Demanda Química de Oxigénio

A demanda química de oxigênio consiste em uma técnica utilizada para a avaliação


do potencial de matéria redutora de uma amostra, através de um processo de
oxidação química em que se emprega o dicromato de potássio (K2Cr2O7) Muller
(2007). Neste processo, o carbono orgânico de um carboidrato, por exemplo, é
convertido em gás carbônico e água.

A substância mais habitualmente oxidada pelo oxigênio dissolvido em água é a


matéria orgânica de origem
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biológica, como a procedente de plantas mortas e restos de animais. A maior parte


da matéria orgânica é composta por carboidratos polimerizados (fibrasdeplantas).

CH2O (aq) + O2→ CO2 (g) + H2O (aq)

De maneira similar, ooxigênio dissolvido na água pode ser consumido nas reações
de oxidação da amônia (NH3) e do íão amônio (NH4+), oriundos das actividades
biológicas.

NH3 (aq) + 2O2 (aq) + OH-→ NO3- (aq) + 2H2O (l)

A DQO é um parâmetro indispensável nos estudos de caracterização de esgotos


sanitários e de efluentes industriais. A DQO é muito útil quando utilizada
conjuntamente com a DBO para observar a biodegradabilidade de despejos. Sabe-
se que o poder de oxidação do dicromato de potássio é maior do que o que resulta
mediante a ação de microrganismos, exceto raríssimos casos como
hidrocarbonetos aromáticos e piridina. Desta forma os resultados da DQO de uma
amostra são superiores aos de DBO. Como na DBO mede-se apenas a fração
biodegradável, quanto mais este valor se aproximar da DQO significa que mais
facilmente biodegradável será o efluente. É comum aplicar-se tratamentos
biológicos para efluentes com relações DQO/DBO de 3/1, por exemplo; mas valores
muito elevados desta relação indicam grandes possibilidades de insucesso, uma vez
que a fração biodegradável torna-se pequena, tendo-se ainda o tratamento
biológico prejudicado pelo efeito tóxico sobre os microrganismos exercido pela
fração não biodegradável.

A DQO tem-se demonstrado um parâmetro bastante eficiente no controle de


sistemas de tratamento anaeróbio de esgotos sanitários e de efluentes industriais.

Determinação da DQO

A reação ocorre em meio fortemente ácido, adicionando-se à amostra ácido


sulfúrico concentrado. Temperaturas elevadas também favorecem a oxidação, que
é procedida sobre chapa ou manta de aquecimento. As substâncias voláteis que
eventualmente se desprendam da amostra são retornadas ao balão onde se
processa a reação através de sistema de condensação, utilizando-se condensadores
do tipo Friedricks. A prata catalisa a oxidação, sendo adicionado sulfato de prata
para esta finalidade, dissolvido previamente no ácido sulfúrico. A principal
interferência no teste é a oxidação de cloretos pelo dicromato de potássio. Para
corrigir esta interferência, adiciona-se sulfato de mercúrio, mas a análise não é
válida para amostras contendo concentrações muito elevadas de cloretos, como a
água do mar, por exemplo.

Para Agudo (1992) A principal dificuldade da análise está no estabelecimento de


diluições corretas das amostras, pois a etapa final constitui-se na titulação do
dicromato não utilizado, com sulfato ferroso amoniacal. Se a amostra for pouco
diluída, poderá ocorrer consumo total de dicromato e, se for muito diluída, o
excesso quase que total também não conduz a bons resultados. O final da reação é
indicado pela viragem de amarelo para marrom, devido à presença de gotas de
ferroin (indicador à base de
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ortofenantrolina) adicionadas ao balão contendo a amostra a ser titulada. O sulfato


ferroso amoniacal, por sofrer decomposição na presença de luz, deve ser
repadronizado toda vez que for utilizado para a análise de DQO. Paralelamente à
oxidação e titulação das diluições da amostra, realiza-se a prova em branco,
executando-se o mesmo procedimento sobre água desionizada.

DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO)

É A demanda bioquímica de oxigênio representa a quantidade de oxigênio


necessária para oxidar a matéria orgânica presente na água através da
decomposição microbiana aeróbia. Assim, a DBO5 é a quantidade de oxigênio
consumido durante 5 dias em uma temperatura de 20°C, na ausência de luz (ANA,
2010).

A presença de matéria orgânica nos cursos de água consome oxigênio dos mesmos,
através da oxidação química e principalmente da bioquímica, via respiração dos
microorganismos. Assim, a poluição orgânica de um curso de água pode ser
avaliada pela concentração de matéria orgânica em termos de concentração de
oxigênio necessário para oxidá-la.

Para Rocha et al. (2004) a informação mais importante que esse parâmetro fornece
é sobre a fração dos compostos biodegradáveis presentes; logo é muito utilizada
para avaliar o potencial poluidor de efluentes domésticos e industriais.

Valores altos de DBO5 em um corpo de água são, geralmente, causados pelo


lançamento de cargas orgânicas, principalmente esgotos domésticos. A ocorrência
de altos valores deste parâmetro causa uma diminuição dos valores de oxigênio
dissolvido na água, o que pode provocar morte de peixes e eliminação de outros
organismos aquáticos, além de produzir sabores e odores desagradáveis.

Pelo facto de a DBO5 somente medir a quantidade de oxigênio consumido num


teste padronizado, não indica a presença de matéria não biodegradável, nem leva
em consideração o efeito tóxico ou inibidor de materiais sobre a actividade
microbiana (CETESB, 2010).

Determinação de DBO de águas naturais pouco poluídas

Neste caso, como a concentração de oxigênio dissolvido presente inicialmente na


amostra é maior do que a demanda esperada, a análise pode ser desenvolvida de
forma bastante simples. Em dois frascos de DBO coletam-se as amostras da água
do rio ou lago no ponto em que se pretende analisar. Todos os procedimentos de
coleta devem ser respeitados, pois do contrário as interferências nos resultados
podem invalidá-los totalmente. Em um dos frascos mede-se o oxigênio dissolvido
presente na amostra no instante da coleta (oxigênio dissolvido inicial). Quando se
emprega o método químico para a análise do “OD inicial”, apenas a etapa de fixação
do OD necessita ser feita imediatamente após a coleta. As demais podem ser
desenvolvidas após a chegada ao laboratório.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Comparação entre DBO e DQO


DBO DQO
Parecida com processos naturais Pouco parecida com processos
naturais
Oxidação via microorganismos Oxidação via reagentes químicos
Cinco dias de análise Rápida
Pouca repetibilidade Melhor repetibilidade

Unidade 2.3. Decomposição anaeróbia da matéria orgânica


Introdução

Toda e qualquer matéria orgânica é passível de decomposição. Podemos entender


a decomposição da matéria orgânica como sendo um processo natural de
reciclagem da matéria feito principalmente por micro-organismos como bactérias
e onde a natureza transforma as substâncias originais em gases ou produtos que
posteriormente serão reintegrados aos diferentes ciclos de vida dos muitos
organismos encontrados no nosso planeta.
Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer as decomposições da matéria orgânica no solo;
 Levantar as microbiologias da digestão anaeróbia;
 Identificar as fases da microbiologia da digestão anaeróbica;
 Diferenciar as vantagens e desvantagens dos processos anaeróbios.

Decomposição anaeróbia da matéria orgânica

Decomposição na presença de oxigênio é chamada de decomposição aeróbia. Esse


processo é o princípio básico da compostagem. Na compostagem é muito
importante portanto o processo de aeração. Como resultado deste processo temos
basicamente o húmus, os minerais, gás carbônico e água.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Fonte: Sualé Amade (2014).

Quando a decomposição acontece na ausência de oxigênio chamamos então de


decomposição anaeróbia. Esse é o princípio de funcionamento de biodigestores.
Como resultado desse processo temos basicamente o biofertilizante e o biogás. O
biogás é composto em sua grande parte por metano e gás carbônico.

Pelo fato de matérias orgânicas diferentes possuírem composições químicas


diferentes, temos na decomposição anaeróbia diferentes concentrações de metano
e gás carbônico no biogás resultantes. Além disso, o meio onde a decomposição
acontece influencia fortemente na quantidade de biogás gerado assim como na
concentração dos gases que o compõem.

A digestão anaeróbia é considerada como uma importante alternativa para o


tratamento de diferentes tipos de resíduos, com elevadas concentrações de
material orgânico, devido aos baixos custos operacionais e oferecer alternativa para
substituição de combustíveis fósseis, minimizando a emissão de gases responsáveis
pelo efeito estufa (TICM, 2007).

No processo de conversão da matéria orgânica em condições de ausência de


oxigênio, são utilizados aceptores de eléctrões inorgânicos como NO3 (redução de
nitrato), SO2 (redução de sulfato), ou CO2 (formação de metano).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

A formação de metano não ocorre em ambientes onde o oxigênio, o nitrato ou o


sulfato encontram-se prontamente disponíveis como aceitadores de elétroões. A
produção de metano ocorre em diferentes ambientes naturais tais como pântanos,
solo, sedimentos de rios, lagos e mares, assim como nos órgãos digestivos de
animais ruminantes. Estima-se que a digestão anaeróbia com formação de metano
seja responsável pela completa mineralização de 5 a 10% de toda a matéria
orgânica disponível na terra. A digestão anaeróbia representa um sistema ecológico
delicadamente balanceado, onde cada microrganismo tem uma função essencial.
As bactérias metanogênicas desempenham duas funções primordiais: elas
produzem gás insolúvel (metano) possibilitando a remoção do carbono orgânico do
ambiente anaeróbio, além de utilizarem o hidrogênio, favorecendo o ambiente
para que as bactérias acidogênicas fermentem compostos orgânicos com a
produção de ácido acético- CH3COOH (Vinagre), o qual é convertido em metano.

A digestão anaeróbia de compostos orgânicos é normalmente considerada um


processo de dois estágios. No primeiro estágio, um grupo de bactérias facultativas
e anaeróbias, denominadas formadoras de ácidos ou fermentativas, convertem os
orgânicos complexos em outros compostos FUENTES et al. (2008). Compostos
orgânicos complexos como carboidratos, proteínas e lipídios são hidrolisados,
fermentados e biologicamente convertidos em materiais orgânicos mais simples,
principalmente ácidos voláteis. No segundo estágio ocorre a conversão dos ácidos
orgânicos, gás carbônico (CO2) e hidrogênio (H2) em produtos finais gasosos, o
metano e o gás carbônico. Esta conversão é efetuada por um grupo especial de
bactérias denominadas formadoras de metano (CH4), as quais são estritamente
anaeróbias. As bactérias metanogênicas dependem do substrato fornecido pelas
acidogênicas, configurando portanto uma interação comensal. Uma vez que as
bactérias metanogênicas são responsáveis pela maior parte da degradação do
resíduo, a sua baixa taxa de crescimento e de utilização dos ácidos orgânicos
normalmente representa o factor limitante no processo de digestão como um todo

Microbiologia da Digestão Anaeróbia

Segundo CHENG e CREAMER (2008), A digestão anaeróbia pode ser considerada


como um ecossistema onde diversos grupos de microrganismos trabalham
interativamente na conversão da matéria orgânica complexa em metano, gás
carbônico, água, gás sulfídrico e amônia, além de novas células bacterianas.

MATÉRIA ORGÂNICA X BACTÉRIAS ANAERÓBIAS = CH4 gás metano, CO2 gás


carbônico, H2O água. H2S gás sulfídrico, NH3 amônia e novas células. Os
microrganismos que participam do processo de decomposição anaeróbia podem
ser divididos em três importantes grupos de bactérias, com comportamentos
fisiológicos distintos: · O primeiro grupo é composto de bactérias fermentativas que
transformam por hidrólise, os polímeros em monômeros, e estes em acetato,
hidrogênio, dióxido de carbono, ácidos orgânicos de cadeia curta, aminoácidos e
outros produtos como glicose; O segundo grupo é formado pelas bactérias
acetogênicas produtoras de hidrogênio, o qual converte os produtos gerados pelo
primeiro grupo (aminoácidos, açucares. ácidos orgânicos e álcoois) em acetato,
hidrogênio e dióxido de carbono;

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Os produtos finais do segundo grupo são os substratos essenciais para o terceiro


grupo que por sua vez constitui dois diferentes grupos de bactérias metanogênicas.
Um grupo usa o acetato, transformando-o em metano e dióxido de carbono,
enquanto o outro produz metano, através da redução do dióxido de carbono.
Embora o processo de digestão anaeróbia seja simplificadamente considerado
como de duas fases, este pode ser subdividido em quatro fases principais, como a
Hidrólise, Acidogênese, Acetogênese e Metanogênese

HIDRÓLISE

Uma vez que as bactérias não são capazes de assimilar a matéria orgânica
particulada, a primeira fase no processo de degradação anaeróbia consiste na
hidrólise de materiais particulados complexos (polímeros) em materiais dissolvidos
mais simples (moléculas menores) os quais podem atravessar as paredes celulares
das bactérias fermentativas. Esta conversão de materiais particulados em materiais
dissolvidos é conseguida através da acção de exoenzimas excretadas pelas bactérias
fermentativas hidrolíticas. Na anacrobiose, a hidrólise dos polímeros usualmente
ocorre de forma lenta, sendo vários os fatores que podem afectar o grau e a taxa
em que o substrato é hidrolisado HARRIS (2005).

M+ + H2O MOH + H+

L- + H2O HL + OH-

Segundo FENG et al. (2008), materiais orgânicos complexos, carboidratos,


aminoácidos, ácidos graxos de cadeia longa e álcoois são convertidos a compostos
orgânicos de cadeia curta, que serão metabolizados na fase seguinte. Temperatura
operacional do reactor; tempo de residência do substrato no reactor; composição
do substrato (ex.: teores de lignina, carboidrato, proteínas e gordura); tamanho das
partículas; pH do meio; concentração de NH4+-N; concentração de produtos da
hidrólise (ex.: ácidos graxos voláteis).

ACIDOGÊNESE

Nesta fase, os produtos solúveis oriundos da fase de hidrólise são metabolizados


no interior das células das bactérias fermentativas, sendo em diversos compostos
mais simples, os quais são então excretados pelas células. Os compostos produzidos
incluem ácidos graxos voláteis, álcoois, ácido lático, gás carbônico, hidrogênio,
amônia e sulfeto de hidrogênio, além de novas células bacterianas. (BENGTSSON,
2008). Como os ácidos graxos voláteis são o principal produto dos organismos
fermentativos, estes são usualmente designados de bactérias fermentativas
acidogênicas. A acidogênese é efetuada por um grande e diverso grupo de bactérias
fermentativas, a exemplo das espécies Clostridiun e Bacteroids. As primeiras
constituem uma espécie anaeróbia que forma esporos, podendo dessa forma,
sobreviver em ambientes totalmente adversos. As bacteróids encontram-se
comumente presentes nos tratos digestivos, participando da degradação de
açúcares e aminoácidos. A maioria das bactérias acidogênicas são anaeróbias
estritas, mas cerca de 1% consiste de bactérias facultativas que podem oxidar o
substrato orgânico por via oxidativa. Isso é particularmente importante, uma vez

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que as bactérias estritas são protegidas contra a exposição ao oxigênio


eventualmente presente no meio.

CH3 COOH → CH4 + CO2

4H2 + CO2 → CH2 + 2H2O

ACETOGÊNESE

Na terceira fase, os ácidos graxos e o etanol formados são transformados pelas


bactérias acetogênicas são responsáveis pela oxidação dos produtos gerados na
fase acidogênica em substrato apropriado para as bactérias metanogênicas (LABIB
et al. 1992). Dessa forma, as bactérias acetogênicas fazem parte de um grupo
metabólico intermediário que produz substrato para as metanogênicas. Os
produtos gerados pelas bactérias acetogênicas são o hidrogênio, o dióxido de
carbono e o acetato. Durante a formação dos ácidos acético e propiônico, uma
grande quantidade de hidrogênio é formada, fazendo com que o valor do ph no
meio aquoso decresça. De todos os produtos metabolizados pelas bactérias
acidogênicas, apenas o hidrogênio e o acetato podem ser utilizados directamente
pelas metanogênicas.

Porem pelo menos 50% da DQO biodegradável é convertida em propianato e


butirato, os quais são posteriormente decompostos em acetato e hidrogênio pela
ação das bactérias acetogênicas.

METANOGÊNESE

A etapa final no processo global de degradação anaeróbia de compostos orgânicos


em metano e dióxido de carbono é efetuada pelas bactérias metanogênicas. As
metanogênicas utilizam somente um limitado número de substratos,
compreendendo ácido acético, hidrogênio /dióxido de carbono, ácido fórmico,
metanol, metilaminas e monóxido de carbono (LEITE, 2009). Em função de sua
afinidade por substrato e magnitude de produção de metano, as metanogênicas
são divididas em dois grupos principais, um que forma metano a partir de ácido
acético ou metanol, e o segundo que produz metano a partir de hidrogênio e
dióxido de carbono, como a seguir: - bactérias utilizadoras de acetato
(acetoclásticas); - bactérias utilizadoras de hidrogênio (hidrogenotróficas). Além
das fases descritas anteriormente, o processo de digestão anaeróbia pode incluir,
ainda, uma outra fase, dependendo da composição química do despejo a ser
tratado. Despejos que contenham compostos de enxofre são submetidos à fase de
sulfetogênese (redução de sulfato e formação de sulfetos), conforme descrito a
seguir: SULFETOGÊNESE A produção de sulfetos é um processo no qual o sulfato e
outros compostos a base de enxofre são utilizados como aceptores de elétrons
durante a oxidação de compostos orgânicos. Durante este processo, sulfato, sulfito
e outros compostos sulfurados são reduzidos a sulfeto, através da ação de um
grupo de bactérias anaeróbias estritas, denominadas bactérias redutoras de sulfato
(ou bactérias sulforedutoras). As bactérias sulforedutoras são consideradas um
grupo muito versátil de microrganismos, capazes de utilizar uma ampla gama de
substratos, incluindo toda a cadeira de ácidos graxos voláteis, diversos ácidos

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aromáticos, hidrogênio, metanol, etanol, glicerol, açúcares, aminoácidos, e vários


compostos fenólicos. As bactérias sulforedutoras dividem-se em dois grandes
grupos Bactérias sulforedutoras que oxidam seus substratos de forma incompleta
até o acetato e Bactérias sulforedutoras que oxidam seus substratos
completamente até o gás carbônico.

Fonte: van Haandel e Lettinga, 1994.

VANTAGENS DOS PROCESSOS ANAERÓBIOS

Baixa produção de lodo, cerca de 5 a 10 vezes inferior a que ocorre nos processos
aeróbios; · Não há consumo de energia elétrica, uma vez que dispensa o uso de
bombas, aeradores, válvulas solenóides, painéis elétricos etc. Baixa demanda de
área, reduzindo os custos de implantação; · Produção de metano, um gás
combustível de elevado teor calorífico; · Possibilidade de preservação da biomassa
(colônia de bactérias anaeróbias), sem alimentação do reator, por vários meses, ou
seja, a colônia de bactérias entra em um estágio de endogenia, sendo reativada a
partir de novas contribuições. A titulo de exemplo, podemos citar as casas de praia
ou de campo que ficam longos períodos sem nenhuma contribuição, e a partir do
uso dessas residências, o sistema volta a operar normalmente.

É importante frisar, que contrariamente ao processo anaeróbio, nos processos


aeróbios, onde as bactérias dependem do oxigênio que é injetado através de
aeradores, a falta de energia elétrica ou queima de motor, coloca todo o sistema
em colapso, uma vez que

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não havendo oxigênio, perde-se todo o campo biológico (morrem todas as bactérias
aeróbias).

Unidade 2.4. Compostos de enxofre e nitrogênio e suas conversões


Introdução

Várias das mudanças globais no ambiente causadas por atividades humanas, tais
como o aumento nas concentrações e a dispersão global de contaminantes
químicos e poluentes, a depleção na camada de ozônio na estratosfera, o
aquecimento global e a chuva ácida, são causadas por compostos químicos que
contém nitrogénio e enxofre, por meio das conversões que decorrem na
atmosfera.
A atmosfera, é tênue envelope de ar que envolve nosso planeta, tem papel
fundamental para os seres vivos, pois afecta directamente o ambiente em que
vivemos, mantendo as condições ideais na superfície para a criação e manutenção
da vida e, também, protegendo-a de agressões externas. Citando alguns exemplos,
ela fornece o dióxido de carbono (CO2) usado na fotossíntese, o nitrogênio
convertido pelas bactérias fixadoras em nitrogênio utilizável pelas plantas,
essencial na construção de biomoléculas, além de actuar como um escudo protetor
contra radiação cósmica de alta energia.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer os compostos de enxofres e nitrogénios e suas influências nos
seres humanos;
 Conhecer os principais métodos de obtenção de enxofre e nitrogénio;
 Descrever as reac,coes que alteram o ecossistema que afectam o meio
ambiente.
Enxofre

Enxofre é um elemento comum da crosta da terra, encontrado na forma elementar


livre, na forma de sulfetos de íons metálicos, como PbS, ZnS e FeS2, ou sulfatos
como BaSO4 e CaSO4·2H2O (gipsita ou gesso). Está presente também em moléculas
orgânicas, em substâncias como ovos e cabelos. Na forma livre, enxofre é um sólido
amarelo frágil e pode ser encontrado, por exemplo, em volta de crateras de vulcões.

Enxofre - é frequente sua presença como uma impureza no carvão, em quantidades


variáveis que podem superar 5% em peso. Na combustão desse carvão, dióxido de
enxofre (SO2) é formado e sai do forno junto com o gás de combustão, constituindo
um problema nos altos-fornos. Dióxido de enxofre é um poluente na atmosfera,
que causa dificuldades de respiração, doenças respiratórias, agravamento de
doenças cardiovasculares e reage com água e diversos outros compostos químicos
no ar, formando neblina química e ácido sulfúrico (H2SO4), que é um dos agentes
da chuva ácida. O ácido sulfúrico é levado pelo vento a grandes distâncias das
fontes, causando danos
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ambientais em grandes áreas. Chuvas ácidas acidificam lagoas, rios, florestas e a


terra, causando a morte de peixes, árvores e plantas, e ainda danificando prédios e
monumentos.

Principais métodos de obtenção

Segundo Shriver & Atkins (2006), existem três formas de obtenção do Enxofre:

1. Recuperação à partir do gás natural e do petróleo.


2. Mineração pelo processo Frasch.
3. A partir de piritas, Fe2S.

Compostos de Enxofre

Originados a partir de fontes naturais ou antropogênicas, uma variedade de


compostos de enxofre são emitidos na atmosfera principalmente sob a forma de
óxidos de enxofre (SOx) e gás sulfídrico (H2S).

Dióxido de enxofre (SO2) é reconhecido como o principal poluente atmosférico


primário da família dos óxidos de enxofre. Uma das principais características do SO2
é que uma vez lançado na atmosfera, devido ao seu carácter reactivo, sofre
reacções químicas levando a formação de outros óxidos. Um exemplo é o trióxido
de enxofre (SO3) que é um poluente secundário formado através da reacção entre
SO2 com o oxigênio do ar. Este, reagindo com vapor de água, gera ácido sulfúrico
(H2SO4).

Exemplo:

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Nitrogênio

O nitrogênio é gasoso e é obtido industrialmente por destilação do ar líquido. O ar


é liquefeito e então destilado. A separação do oxigênio também pode ser feita
através de membranas mais permeáveis ao O2 que ao N2, à temperatura ambiente,
em laboratório. Os demais elementos são sólidos, nas condições normais. O
nitrogênio é essencial para a produção industrial de amônia e de ácido nítrico. É um
elemento essencial à vida; a maioria das moléculas em sistemas biológicos contêm
N, incluindo: proteínas, ácidos nucléicos, clorofila, enzimas e vitaminas, etc. O
principal reservatório de nitrogênio na Natureza é o contido no ar.

Compostos de Nitrogênio

As principais formas gasosas encontradas dos compostos de nitrogênio na


atmosfera incluem principalmente: óxidos de nitrogênio (NOx), a amônia (NH3) e
nitrogênio (N2).

O termo NOx representa a combinação de monóxido e dióxido de nitrogênio - NO


e NO2. Gases de exaustão resultantes da queima de combustíveis fósseis
constituem-se, principalmente, de NO, que representa de 90 a 95% do total de NOx,
dadas as limitações cinéticas na oxidação de NO2.

O dióxido de nitrogênio (NO2) é um gás marrom avermelhado, com odor forte e


muito irritante. Pode levar à formação de ácido nítrico, nitratos (que contribuem
por reacções químicas para o aumento das partículas inaláveis na atmosfera) e

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compostos orgânicos tóxicos.

Exemplo:

Unidade 2.5. Estratificação térmica


Introdução

O fenômeno de estratificação de corpos de água pode ter várias consequências nos


processos físicos e biológicos. O oxigênio dissolvido, a circulação de nutrientes e a
produtividade biológica são alguns dos vários processos que são influenciados. A
estratificação térmica afecta o comportamento dos processos biológicos das lagoas
de estabilização.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Descrever os factores que provocam a estratificação térmica;
 Identificar a influência de estratificao térmica e os DQO, OD e DBO.

A estratificação térmica é uma das condições que levam à divisão de camadas em


meio aquático. Na água, é comum a formação de camadas na horizontal, com

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densidades diferentes, organizadas de forma que as mais densas ficam abaixo das
menos densas.

A estratificação térmica na água só consegue se sustentar quando não há agitação


forte nela. Por exemplo: nos mares ou em outros reservatórios, quando a região
sofre a ação de ventos em altavelocidade, a água se agita e as camadas acabam se
misturando, sem permanecer divididas e delimitadas de acordo com a
temperatura.

O factor tempo também é importante: a estratificação não se mantém por períodos


muito longos. Mesmo quando não há agitação alguma e a água está bastante calma,
com o passar do tempo é natural que o calor existente nas camadas superiores e
menos densas acabe se espalhando para o restante do reservatório. O processo é
conhecido como difusão.

À medida que as camadas mais baixas vão sendo aquecidas, a densidade vai
diminuindo e isso altera a estratificação até que ela desapareça, porque as camadas
vão se misturar.

Nos lagos e nas lagoas, esse fenômeno que está sendo abordado aqui é mais
comum do que em outros reservatórios. Formam-se camadas de três tipos
principais:

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A primeira camada, conhecida como epilímnio, é a mais superficial de todas,


portanto a mais quente e com a densidade menor do que todas as outras. A
segunda, metalímnio ou termoclina é uma camada de transição entre a superfície
e a profundidade, caracterizada por ter uma densidade média e sofrer rápidas
variações de temperatura.
Por fim, a terceira camada, chamada de hipolímnio, é a camada mais profunda de
água, mais densa e com a temperatura mais baixa.
Na prática esse fenômeno é muito fácil sentir: ao estar à beira de uma lagoa, toca
na superfície da água e senti que a temperatura estava bem agradável. Quando
resolve entrar e acabou tendo um “choque”, porque na profundidade a água estava
bem mais fria. A Este fenômeno que voce sente se chama estratificação térmica.
Nos locais em que a estratificação permanece por mais tempo, aquela massa de
água é chamada de meromíctica. Por outro lado, nas regiões em que o fenômeno
dura pouco e que a água fica sem estratificação por longos períodos, temos uma
massa de água holomíctica.
A estratificação térmica provoca uma situação ainda mais complexa do que o que
foi visto até então: não apenas a densidade e a temperatura são diferentes de uma
camada para a outra, como também a concentração de gases e sais, como
o oxigênio, gás carbônico e o fosfato, por exemplo. Isso afecta directamente a
manutenção da vida na água.
Por exemplo: as camadas superiores são mais ricas em oxigênio (O2), o que favorece
a existência de várias espécies de peixes. No entanto, as baixas concentrações de
dióxido de carbono (CO2) e iões fosfatos (PO43-) impedem o desenvolvimento de

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fitoplâncton, que encontraria condições mais favoráveis nas camadas mais baixas.
No entanto, nelas não há luz suficiente para a fotossíntese.
Por isso, a estratificação térmica influencia no aspecto biológico de uma massa de
água e normalmente de uma forma negativa. Nas regiões em que a estratificação é
intensa, a piscicultura pode acabar sendo prejudicada.

Unidade 2.6. Drenagem ácida de minas


Introdução

A geração de drenagem ácida de minas (DAM) é um importante impacto ambiental


decorrente de atividades mineradoras, que através de lavras, depósitos de rejeitos
e pátios de armazenamento de minério beneficiado, intensificam a produção de
efluentes caracterizados por apresentar baixo pH e elevada concentração de sulfato
e metais. Como consequência desse processo, tem-se o risco associado à
contaminação de solos e de recursos hídricos que impactam de maneira negativa
nas características naturais da região.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Descrever os processos da drenagem acida de minas,
 Conhecer os factores que contribuem para drenagens ácidas;
 Conhecer Impacto ambiental e Tratamento de Drenagem Ácida de Minas.

A drenagem ácida de minas é produzida quando materiais compostos de sulfeto


são expostos ao gás oxigênio, água e microrganismos presentes no ambiente.
Embora esse processo ocorra naturalmente, a mineração é responsável por
aumentar a quantidade de sulfetos expostos à atmosfera e assim intensificar a
geração de DAM. É importante ressaltar que os efluentes oriundos da mineração
podem ser gerados em depósitos de rejeitos de minas, pátios de armazenamento
de minério beneficiado e em lavras de céu aberto e subterrânea.

Durante o processo de geração da drenagem ácida algumas reações químicas


ocorrem; cada drenagem depende de factores que variam entre as minas, porém
para melhor entendimento do trabalho foram utilizadas as reacções que ocorrem
com a pirita (AKCIL; KOLDAS, 2006). A primeira etapa do processo é a oxidação do
mineral.

FeS2 (s) + O2 (g) + H2O (l) → Fe2+ (aq) + 2SO42- (aq) + 2H+ (aq)

A segunda etapa do processo ocorre em ambientes oxidantes, ou seja, depende de


factores como concentrações de O2, pH e actividade bacteriana, e ela é
representada pela oxidação do íon ferroso.

Fe2+ (aq) + H+ (aq) + O2 (g) → Fe3+ (aq) + H2O

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

A terceira etapa é representada pela formação do precipitado hidróxido de ferro,


cuja etapa é responsável pela redução da quantidade de Fe3+ na solução e elevação
da acidez do meio.

Fe3+ (aq) + 3H2O (l) → Fe (OH)3 (s) + 3H+ (aq)

Os íons Fe3+, que ainda estão presentes na solução, após formação do hidróxido de
ferro podem ainda oxidar a pirita, através da reação:

FeS2 (s) + 14Fe3+ (aq) + 8H2O (l) → 15Fe2+ (aq) + 2SO42- (aq) + 16H+ (aq)

A DAM é o termo utilizado geralmente para designar os impactos da oxidação do


mineral pirita (FeS2). A DAM em ambientes de mineração é, na maioria das vezes,
caracterizada por baixos valores de pH – que podem ser inferiores a 3,5 –, altas
concentrações de sulfato – podendo chegar a 2000 mg/L – e cátions metálicos em
concentrações superiores àquelas normalmente encontradas em ambientes
naturais. Entretanto, as características químicas da DAM, como a concentração e
espécie de contaminantes, são específicas para cada região, variando de acordo
com as características do depósito mineral. Exemplo da figura abaixo.

Esta oxidação da perita (Fe2S3) pode ocorrer naturalmente ou força humana.

Segundo Guilherme et al (2003), A drenagem ácida é um problema ambiental


relacionado à indústria extrativa mineral em que minerais sulfetados que fazem
parte da composição de minérios de ouro, zinco, cobre, níquel e urânio, dentre
outros, e carvão mineral oxidam em contato com ar e água e produzem acidez. As
técnicas de prevenção e ou remediação do problema dependem de uma adequada
avaliação do potencial e da cinética de geração da acidez.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

A drenagem ácida de mina produz o mesmo resultado que a drenagem ácida:


acidez, sulfatos e metais tóxicos e metalóides, mas em quantidades muito maiores,
devido à criação de grandes depósitos de resíduos de extracção, a criação de
quilômetros de túneis e galerias pela entrada de oxigênio atmosférico.

Impacto ambiental de DAM

Ácidez de minas de drenagem é o aparecimento de água com pH tipicamente entre


2 e 4 e altas concentrações de metais tóxicos, como resultado da exposição do
metal durante sub-aérea de mineração sulfureto Grande et all (2010). Processos
AMD são um dos tipos mais graves de poluição da água, por sua natureza, a
extensão e a dificuldade de resolução, bem como os custos econômicos da
recuperação tradicional. Os rios afectados por este tipo de poluição são
caracterizados pela sua acidez, bem como o elevado teor de sulfatos e metais
pesados da água e do teor em metais dos sedimentos. Faixa de Danos alterações
subletais de alguns indivíduos de ecossistemas afectados nos casos de poluição
muito fraco, com problemas associados de bioacumulação e biomagnificação até o
desaparecimento da fauna dos rios e perda de recursos hídricos para se tornar
inutilizável a água para consumo humano ou agrícola.

Exemplo 1: exploração de minas de Pinhalonga-Distrito de Manica as águas que


correm nos rios tem outras características tipicas de contaminação.

Exemplo 2: As águas do Rio Punguê – Sul esta totalmente poluida.

Tratamento de Drenagem Ácida de Minas

Os efluentes gerados por DAM, usualmente, são tratados de duas maneiras: (i)
através dos sistemas ativos, que são os mais utilizados, e (ii) através dos sistemas
passivos. O tratamento activo mais utilizado é o tratamento químico que envolve
processos de neutralização e precipitação. A neutralização ocorre com a adicção de
compostos químicos, como cal hidratada (Ca (OH) 2), cal virgem (CaO), soda cáustica
(NaOH), amônia (NH3), entre outros, em que cada reagente possui diferentes
características técnicas e econômicas que influenciam na sua utilização. Com a
neutralização da solução, íons hidroxila são liberados e reagem com os íons
metálicos que, por sua vez, precipitam em hidróxidos e tornam sua remoção mais
fácil através de agitadores mecânicos e tanques de sedimentação. O tratamento
citado apresenta fatores que devem ser considerados: preço dos reagentes, custo
operacional, investimento inicial em equipamentos.

Os tratamentos passivos que podem ser utilizados são: instalação de barreiras


reactivas permeáveis, processo pelo qual efluentes de DAM atravessam essas
barreiras que funcionam como canais de drenagem e retém contaminantes; poços
produtores de alcalinidade, em que a neutralização e precipitação dos metais
ocorrem através do contacto com o calcário no interior do poço, entre outras.
Porém as tecnologias citadas apresentam limitações como a neutralização não

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

completa de efluentes muito ácidos, área necessária para a construção de bacias


de contenção e dificuldade de tratar grandes volumes.

Sabe-se que os tratamentos activos de DAM são mais eficientes na remoção dos
metais dissolvidos, porém apresentam elevados custos associados aos seus
processos. Diante deste contexto e da necessidade do tratamento desses efluentes
torna- se viável o estudo e desenvolvimento de tratamentos passivos que possam
apresentar menos limitações e, assim, serem vantajosos no sentido econômico e
na recuperação desses efluentes (SAMPAIO, 2015). Portanto, os sistemas de
tratamento com processos microbiológicos que objectivam remediar a acidez e
metais dissolvidos apresenta grande importância no tratamento de águas
residuárias.

Unidade 2.7. EXRECÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. Fala de impacto ambiental das drenagem ácidas de minas.

2. Qual a importancia de estratificação termica?

3. Apresente reacções químicas que envolvem Nitrogénio e Enxofre que provocam


o desequilibrio no Meio Ambiente.

4. classifique a decomposição anaeróbia da matéria orgânica e fala da sua


importância para os seres vivos (plantas e animais).

5. Apresente uma tabela que ilustra a comparação entre: DBO, OD e DQO.

6. A estratificação térmica na água só consegue se sustentar:

a. Quando não há agitação forte nela.


b. Quando há agitação forte nela.
c. Quando não depende da agitação
d. Todas as opções estão certas.
7. As principais formas gasosas encontradas dos compostos de nitrogênio na
atmosfera incluem principalmente:

a. NOx; H2SO4 e N2
b. NOx; NH3 e N2.
c. NOx; H2SO4 e NH4
d. NOx; H2S e N2.
8. O dióxido de nitrogênio é um gás marrom avermelhado, com odor forte e muito
irritante. A sua fórmula química é:

a) NO2 b)NO c)NO3 d)N2O.

9. O processo de digestão anaeróbia pode ser subdividido em quatro fases


principais, como:
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

a. Hidrólise, fotólisenese, Acetogênese e Metanogênese


b. Hidrólise, Acidogênese, catálisenese e Metanogênese
c. Hidrólise, Acidogênese, Acetogênese e análisenese
d. Hidrólise, Acidogênese, Acetogênese e Metanogênese
10. As fases que ocorrem com os compostos de enxofres para a obtenção do
Ácido Sulfúrico são sucessivamente:

a) 1º S(s)+ O2 →SO2 (g), 2º 2SO2+O2 (g) → 𝟐SO3 (g), 3º SO3+H2O (l) →H2SO4 (l)

b) 1º S (s) + H2O →SO2 (g), 2º 2SO2+O2 (g) → 2SO3 (g), 3º SO3+H2O (l) →H2SO4 (l)

c) 1º SO2 (g) + O2 →SO3 (g), 2º 2SO3+H2O (g) → 2HSO3 (g), 3º HSO3+H2O (l) →H2SO4 (l)

d) 1º S (s) + O2 →SO3 (g) e 3º SO3+H2O (l) →H2SO4 (l)

Assinale com V as opções verdadeiras e F as falsas

11. O processo global de degradação anaeróbia de compostos orgânicos em


metano e dióxido de carbono é efetuada pelas bactérias metalogénicas (V).

12. A demanda bioquímica de oxigênio representa a quantidade de oxigênio


necessária para oxidar a matéria orgânica presente na água através da
decomposição microbiana aeróbia (V).

13. Nas massas de água, a solubilidade do oxigénio depende de diversos factores,


dos quais se salientam a pressão atmosférica, a temperatura e a salinidade. (V).

TEMA III: Bioquímica Microbiana Aquática


Unidade 3.1. Introdução. A Química Ácido-Base: o sistema carbonato
Unidade 3.2. Equilíbrio de fases com gás carbônico atmosférico
Unidade 3.3. A água do mar e Acidez aquática
Unidade 3.4. Índices de alcalinidade e dureza
Unidade 3.5. O Alumínio e o ferro em águas naturais
Unidade 3.6. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 3.1. Introdução. A Química Ácido-Base: o sistema carbonato


Introdução

Os ambientes aquáticos têm um papel preponderante na ciclagem da matéria e


energia, e geralmente apresentam alta produtividade e biodiversidade. Em regiões
tropicais, esses ecossistemas são particularmente relevantes para os ciclos
biogeoquímicos. Os microrganismos têm um papel central nos processos de
produção e consumo de CO2 nesses ecossistemas. No entanto, pouco se sabe ainda
sobre a diversidade filogenética desses microrganismos e suas interações bióticas
com outros compartimentos da teia trófica planctônica, assim como os processos

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

que estão por detrás das elevadas emissões de CO2 observadas em ecossistemas
aquáticos tropicais.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Dar conceitos de ácidos e base propostos por vários autores;
 Conhecer as diferenças dos conceitos de ácidos e bases propostos;
 Conhecer a Química Ácido-Base do sistema carbonato;
 Diferenciar as propriedades dos ácidos e bases.

A Química Ácido-Base

A primeira consideração que se deve ter a respeito dos ácidos e bases é que as
chamadas "teorias" de ácido-base são, na realidade, definições de ácidos ou de
bases; elas não são teorias no sentido da teoria da ligação de valência ou da teoria
de orbitais moleculares. Na verdade podemos fazer um ácido ser qualquer coisa
que queiramos - as diferenças entre os vários conceitos não se referem ao "certo"
mas ao uso mais conveniente em uma situação particular. Todas as definições do
comportamento ácido-base são compatíveis umas com as outras. De fato, um dos
objetivos na apresentação que se segue, das várias definições diferentes, é
enfatizar seus paralelismos e assim dirigir o estudante na direção de uma atitude
cosmopolita diante dos ácidos e bases, o que dará a ele uma boa posição para lidar
com as várias situações químicas, seja solução aquosa de íões, reações orgânicas,
titulações não aquosas ou qualquer outra.

Definição de Ácido-Base de Arrhenius

Ácido: substância que, em solução, é capaz de doar um H+.

Base: substância que, em solução, é capaz de receber um H+.

pH É a medida da concentração de H+ em uma dada solução:

pH = 7 a solução é neutra.

pH < 7 a solução é ácida

pH > 7 a solução é alcalina (Básica).

DEFINIÇÃO DE BRÖNSTED - LOWRY

Em 1923 J.N. Brönsted e T.M. Lowry sugeriram, independentemente, que ácidos


são definidos como doadores de prótons e bases aceitadores de prótons. Para
soluções aquosas, a definição de Brönsted-Lowry não difere apreciavelmente da
definição de Arrhenius de íons hidrogênio (ácidos) e íons hidróxidos (bases):

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

2 H2O ↔ H3O+ + OH-


Solvente puro Ácido Base

A utilidade da definição de Brönsted-Lowry está na sua habilidade de lidar com


qualquer solvente, como amônia líquida ou ácido sulfúrico:

NH4+ + NH2- 2NH3


Ácido Base Produto de Neutralização
H3SO4+ + HSO4- 2 H2SO4

As definições ácido-base dadas a seguir foram formuladas como uma tentativa de


estender os conceitos de ácido-base para sistemas que não contêm prótons.

DEFINIÇÃO DE LUX - FLOOD

Ao contrário da definição de Brönsted-Lowry, que enfatiza os prótons como as


principais espécies nas reacções ácido-base, a definição proposta por Lux e
estendida por Flood, descreve o comportamento ácido-base em termos do íõe
óxido. Este conceito foi desenvolvido para tratar sistemas não protônicos que não
se enquadram na definição de Brönsted-Lowry. Por exemplo, em fundidos
inorgânicos a altas temperaturas, ocorrem reações como:

CaO + SiO2 CaSiO3


Base Ácido Sal

A base (CaO) é um doador óxido e o ácido (SiO2) é um aceitador óxido. A utilidade


da definição de Lux-Flood é limitada a sistemas óxidos fundidos. Esta abordagem
enfatiza os aspectos de anidridos ácidos e básicos da química de ácido-base e
certamente é útil, embora muitas vezes negligenciado. A base de Lux-Flood é um
anidrido básico:

Ca2+ + O2- + H2O Ca2+ + 2 OH-

E o ácido de Lux-Flood é um anidrido ácido:

SiO2 + H2O H2SiO4

A base (CaO) é um doador óxido e o ácido (SiO2) é um aceitador óxido. A utilidade


da definição de Lux-Flood é limitada a sistemas óxidos fundidos. Esta abordagem
enfatiza os aspectos de anidridos ácidos e básicos da química de ácidobase e
certamente é útil, embora muitas vezes negligenciado.

(Esta última reação é muito lenta na direção em que está escrita e a inversa, a
reação de desidratação, é mais importante). A caracterização destes óxidos de
metais e de não-metais como ácidos ou bases ajuda em trabalhos de racionalização,
como por exemplo, o conversor básico de Bessemer na produção de aços. A
identificação destas
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

espécies ácida e básica mostra ser úteis no desenvolvimento de uma definição geral
do comportamento ácido-base.

DEFINIÇÃO DE LEWIS

Em 1923, G. N. Lewis propôs a definição do comportamento ácido-base em termos


de doação e aceitação do par de elétrons. A definição de Lewis é, talvez, a mais
amplamente usada devido à sua simplicidade e larga aplicabilidade, especialmente
no campo das reações orgânicas. Lewis definiu uma base como um doador de par
de elétrons e ácido como um aceitador de par de elétrões.

R3N + BF3 R3N-BF3

2 NH3 + Ag+ Ag (NH3) 2+

A definição de Lewis engloba todas as reacções incluindo íão hidrogênio, íão óxido
ou interações com solventes, assim como a formação de adutos ácido-base como
R3N-BF3 e todos os compostos de coordenação.

DEFINIÇÃO DE USANOVICH

A definição de Usanovich de ácidos e bases não foi amplamente utilizada,


provavelmente devido a: a) relativa inacessibilidade do original aos químicos que
não lêem russo e b) maneira confusa e cheia de meandros da definição original de
Usanovich. A definição de Usanovich inclui todas as reacções de ácidos e bases de
Lewis e amplia o conceito removendo as restrições de doação e aceitação de
elétrons como compartilhamento de pares. A definição completa é a seguinte: um
ácido é qualquer espécie química que reage com bases, fornece cátiões ou aceita
âniões ou elétrons e, em contrapartida, uma base é qualquer espécie que reage
com ácidos, fornece âniões ou elétrões, ou combina com cátiões. Embora, talvez
desnecessariamente complicada, esta definição simplesmente abrange todas as
reacções ácido-base de Lewis mais as reacções de oxido-redução, que podem
consistir na transferência completa de um ou mais elétrões. Usanovich também
tratou da insaturação em certas reacções ácido-base:

OH- + O=C=O HOCO2-

Infelizmente, muitas vezes a definição de Usanovich de ácidos e bases é


casualmente confundida com a afirmativa que ela inclui de que "quase tudo da
química e o termo "reação ácidobase" não é mais necessário; o termo "reação" é
suficiente". Se certas reações químicas fossem chamadas de reações "ácido-base"
simplesmente para distinguí-las de outras reações não-ácidobase, esta crítica seria
válida. Entretanto, muitos pesquisadores que gostam de falar em termos de uma
ou mais definições de ácidos-bases, o fazem devido ao grande poder de
classificação que elas podem fornecer.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

A Química Ácido-Base: o sistema carbonato

Águas naturais contém quantidades significativas de CO2 dissolvido, apresentando


pH variável, nem sempre igual a 7,0;

Esses corpos hídricos naturais apresentam interações do íon carbonato (CO32-), uma
base moderadamente forte, com o ácido fraco H2CO3;

Esse ácido resulta da dissolução na água do gás atmosférico (CO2) e da


decomposição da MO na água, ocorrendo o seguinte equilíbrio:

CO2 (g) + H2O ↔ H2CO3 (aq)

De facto a grande parte do CO2 disse existe na forma de CO2 (aq) em vez H2CO3 (aq);

Já o ácido carbônico apresenta equilíbrio em meio aquoso com o íon H+ e o íon


bicarbonato: H2CO3 (aq) ↔ H+ (aq) + HCO3- (aq).

-A fonte de íon carbonato são as rochas calcárias, constituídas predominantemente


de CaCO3, embora quase insolúvel pequena quantidade se dissolve em contato
com água: CaCO3 (s) ↔ Ca2+ (aq) + CO32- (aq)

-esse íon atua como base produzindo íons bicarbonato e hidróxila: CO32- (aq) + H2O
↔ HCO3- (aq) + OH- (aq). Essas reações ocorrem em corpos hídricos juntamente
com suas vizinhanças;

Figura: A Química Ácido-Base em Águas Naturais: o Sistema Carbonato

-em águas carbonatadas, o pH é orientado pela relação entre o CO2 e carbonatos,


na verdade pela relação entre os íons H+ e os íons OH-.

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Tabela 1: Propriedades dos ácidos e bases

Propriedades dos ácidos Propriedade das bases


Possuem sabor azedo Sabor cáustico ou adstringente (leite de
(como o magnésia)
vinagre e
frutas cítricas)
Conduzem corrente Conduzem a corrente eléctrica
eléctrica em em solução aquosa e,
solução Conduzem a corrente eléctrica
aquosa; quando fundidos
A maior parte é A maior parte é insolúvel em
solúvel em água água (apenas os hidróxidos
alcalinos e o NH4OH são solúveis.

Hidróxidos alcalinos e alcalino-terrosos


possuem estrutura iônica, Os
demais apresentam estrutura molecular;
Fonte: Autor (2016)

Unidade 3.2. Equilíbrio de fases com gás carbônico atmosférico


Introdução

A cada ano, uma quantidade de carbono na forma de dióxido de carbono (CO2) e


de outros gases são libertados para a atmosfera através de processos das
actividades humanas. Nos últimos 200 anos, a concentração de dióxido de carbono
na atmosfera aumentou 27% decorrente da queima de combustíveis fósseis com o
início da era industrial e com os desmatamentos, sendo que metade deste aumento
ocorreu nos últimos 30 anos. Este crescente aumento de CO2 na atmosfera tem
deixado os cientistas apreensivos em relação às possíveis consequências climáticas.
Alterações climáticas implicam em mudanças no actual equilíbrio ambiental
estabelecido no planeta. Mais especificamente o aumento das concentrações de
CO2 na atmosfera pode supostamente prejudicar o equilíbrio estabelecido entre
oceanos e biosfera que fazem suas trocas de carbono através da atmosfera. Em
concentrações normais, longe de ser prejudicial, o CO2 é factor primordial sob dois
pontos de vista: metabolismo das plantas e equilíbrio climático global.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer o equilíbrio das fases com gas carbónico;
 Conhecer o ciclo biogeoquímico de carbono em vários meios;
 Identificar a Influência da concentração de carbono no fitoplâncton.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

O Ciclo do Carbono

O ciclo do carbono ocorre entre todos os principais reservatórios de carbono da


Terra: a atmosfera, a terra e os oceanos. Este ciclo é caracterizado por um pequeno
reservatório atmosférico, porém muito activo, sendo vulnerável às perturbações
antropogênicas. Em virtude do aumento da carga de CO2 na atmosfera, decorrente
das acividades dos seres humanos. O ciclo global do carbono é formado por dois
ciclos que acontecem em diferentes velocidades: o ciclo biogeoquímico e o ciclo
biológico. O ciclo biológico envolve as actividades tanto de microrganismos como
de organismos macroscópicos, e está intimamente relacionado com o ciclo do
oxigênio, já que a fotossíntese oxigênica tanto remove o CO2 como produz O2,
enquanto o processo respiratório produz CO2 e remove O2.

Fonte: Microbiologia de Brock, 2004

Ciclo biogeoquímico do Carbono

Regula a transferência do carbono entre a atmosfera e a litosfera (oceanos, rioa e


solos). O CO2 que é solúvel em água, é trocado entre a atmosfera e a hidrosfera
pelo processo de difusão, esta troca é contínua até o estabelecimento de um
equilíbrio entre a quantidade de CO2 na atmosfera acima da água e a quantidade
de CO2 na água. Uma outra maneira de troca de carbono é encontrada no ciclo do
carbono-silicato que contribuir com aproximadamente 80% do total de CO2 trocado
entre a parte sólida da litosfera e a atmosfera.
O CO2 atmosférico dissolve-se na água da chuva, produzindo H2CO3. Essa solução
ácida, nas águas superficiais ou subterrâneas, facilita a erosão das rochas silicatadas
(Si é o elemento mais abundante da crosta terrestre). O intemperismo e a erosão
provocam a liberação dos íons Ca2+ e HCO3-, que podem ser lixiviados para os

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oceanos. Os organismos marinhos assimilam Ca2+ e HCO3- e os usam para


construção de suas conchas carbonatadas. Quando esses organismos morrem, as
conchas depositam-se, acumulando-se como sedimentos ricos em carbonatos. Esse
sedimento de fundo, participando do ciclo tectônico, pode migrar para uma zona
cuja pressão e calor fundem parcialmente os carbonatos. A formação desse magma
libera CO2 que escapa para a atmosfera pelos vulcões. Podendo se combinar
novamente com a água da chuva, completando o ciclo.

Ciclo biológico do Carbono

Ciclo biológico em meio terrestre

O dióxido de carbono (CO2) é removido da atmosfera principalmente


pela fotossíntese das plantas terrestres, sendo devolvido à atmosfera por meio
da respiração de plantas, animais e microrganismos. Os animais realizam apenas a
respiração, liberando o CO2 na atmosfera, e obtêm o carbono de que precisam de
forma directa se herbívoros, ou de forma indirecta se forem carnívoros. Depois de
mortos, tanto animais quanto vegetais, sofrem a acção dos decompositores. Se a
decomposição de sua matéria orgânica for total, há libertação de gás carbônico, gás
metano e água, e se for parcial, há transformação em material combustível
(petróleo e carvão). A matéria combustível, quando queimada, devolve o carbono
à atmosfera na forma de CO2. Ou seja, o carbono fixado por fotossíntese, mais cedo
ou mais tarde retorna à atmosfera pela decomposição da matéria orgânica morta.
As florestas do mundo não são apenas os principais consumidores de CO2 em terra,
mas também representam o principal reservatório de carbono fixado
biologicamente (formação de biomassa).

Segundo MADINGAN et al (2004), as florestas contêm entre 400 e 500 bilhões de


toneladas de carbono, ou aproximadamente, dois terços da quantidade presente
como CO2 na atmosfera (700 bilhões de toneladas).

Ciclo biológico em meio aquático

O ciclo do carbono tem uma renovação mais lenta e um tempo de residência maior
do que o ciclo da água. A maior parte do carbono em meio aquático encontra-se
sob a forma de carbonatos dissolvidos na água dos mares profundos. Além dos
carbonatos dissolvidos, o carbono pode estar estocado em grandes quantidades
nos sedimentos marinhos que formam os precursores do petróleo. Existem ainda
consideráveis quantidades de carbono orgânico e particulado nas águas dos mares.
Todo esse carbono é continuamente reciclado dentro da cadeia planctônica
(fitoplâncton, zooplâncton) e também envolvendo o nécton que o devolve ao
compartimento inorgânico via respiração.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Influência da concentração de carbono no fitoplâncton

A concentração de carbono nas águas é de grande importância para a vida vegetal,


podendo influenciar na existência de várias espécies. Um grande número de
espécies (musgos, fanerógamos, peixes) só utilizam o CO2 ou H2CO3, mesmo
Scenedesmus, Kirchineriela, que são algas clorofíceas. Alguns musgos e
fanerógamos (Elódea) podem absorver íões de HCO3-, e suas membranas são
permeáveis ao bicarbonato e tem mecanismo de transporte específico; logo no
interior da célula, pode separar-se o H2CO3. É óbvio que os vegetais que têm esta
capacidade gozam de vantagens em sua competência com outras espécies nas
águas de alta reserva alcalina. É possível que a distribuição de muitos grupos de
organismos fotossintetizantes tenham a ver com esta diferença. A distribuição das
distintas espécies de fanerógamos em água doce depende da alcalinidade de água
e da concentração de alguns íões; existe uma flora cosmopolita própria de algas
alcalinas, de pH alto (8 a 9) e ricos em sulfatos.
Os vegetais, em geral, são muito afectados pelas proporções relativas de
bicarbonato e carbono não dissociado. No mar, as cloroficeas, englenálias e
critógamas se desenvolvem especialmente nas proximidades da atmosfera, por
uma respiração intensa, há uma concentração suficiente de H2CO3 não dissociado.
Nas águas muito alcalinas, o CaCO3 pode dar origem, a aminoácidos até a
complexos carboxílicos.

Decomposição

O carbono fixado fotossinteticamente é eventualmente degradado pelos


microrganismos e resulta em dois principais estados de oxidação: metano (CH4) e
dióxido de carbono (CO2). Esses dois produtos gasosos são formados a partir de
actividades dos metanogênicos (CH4) ou de vários quimiorganotróficos, por meio
da fermentação, respiração anaeróbia ou respiração aeróbia (CO2). Em habitats
anóxicos (sem a presença de oxigênio), o CH4 é produzido tanto pela redução do
CO2 utilizando H2, como a partir de determinados compostos orgânicos como por
exemplo o acetato. O metano produzido em habitats anóxicos é altamente
insolúvel, sendo, portanto, facilmente transportado aos ambientes óxidos
(presença de oxigênio), onde é oxidado a C2 pelos metanotróficos. Assim, todo
carbono orgânico eventualmente retorna à forma de CO2, a partir do qual o
metabolismo autotrófico reinicia o ciclo do carbono.
Quaisquer alterações significantes das formas gasosas do carbono podem trazer
graves consequências globais. Em relação à decomposição, a libertação de
CO2 pelas actividades microbianas excede aquela dos eucariotos; esse facto é
especialmente verdadeiro em relação aos ambientes anóxicos.

Unidade 3.3. A água do mar e Acidez aquática


Introdução

Acidez da água é sua capacidade em resistir às mudanças de pH causadas pelas


bases. A acidez total representa o teor de dióxido de carbono livre, ácidos minerais,
e sais de ácidos fortes, os
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quais por dissociação resultam em íons hidrogênio na solução. É devida


principalmente à presença de gás carbônico livre (pH entre 4,5 e 8,2).
A acidez pode ocorrer devido a origens naturais ou antropogênicas. Como origem
natural tem-se: CO2 absorvido na atmosfera ou resultante da decomposição da
matéria orgânica e gás sulfídrico. Como origem antropogênica tem-se: despejos
industriais (ácidos minerais ou orgânicos) e passagem da água por minas
abandonadas, vazadouros de mineração e dos rejeitos de mineração.
Objectivos Específicos
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
 Conhecer as propriedades da água do mar e sua acidez;
 Identificar as fontes de acidez e de alcalinidade nas águas.

Acidez de uma água pode ser definida como sua capacidade de reagir
quantitativamente com uma base forte até um valor definido de pH, devido à
presença de ácidos fortes (ácidos minerais: clorídrico, sulfúrico, nítrico, etc.), ácidos
fracos (orgânicos: ácido acético - CH3COOH, por exemplo, e inorgânicos: ácido
carbônico H2CO3, por exemplo) e sais que apresentam caráter ácido (sulfato de
alumínio, cloreto férrico, cloreto de amônio, por exemplo).
O gás carbônico é um componente habitual da acidez das águas naturais. Vale
lembrar que o gás carbônico dissolvido na água representa o ácido carbônico,
através do seguinte equilíbrio químico:
CO2 + H2O ↔ H2CO3

Portanto, embora o gás carbônico não chegue a provocar profundas condições de


acidez nas águas, é um componente importante por estar sempre presente,
mediante sua dissolução na água proveniente da atmosfera, por diferença de
pressão parcial (Lei de Henry) ou por resultar, em caso de águas poluídas, da
decomposição aeróbia ou anaeróbia da matéria orgânica. Isto ocorre também no
hipolímnio de lagos estratificados e em águas subterrâneas, especialmente aquelas
com níveis reduzidos de carbonatos, pois estes reagem com o gás carbônico
formando bicarbonatos. O gás carbônico é bastante solúvel na água, podendo
normalmente ser encontradas concentrações deste gás bem superiores às de
oxigênio dissolvido.

Os ácidos minerais surgem em águas naturais principalmente através de descargas


de efluentes industriais não neutralizados. São muitos os ramos industriais que se
utilizam de ácidos em seus processos industriais, destacando-se as metalurgias e a
siderurgia, onde são freqüentes os processos de decapagem ácida. A decapagem é
em muitos casos necessária para a remoção da camada oxidada (ferrugem) das
peças, antes de seu uso ou de seu recobrimento por outro metal (etapa de
galvanoplastia). Em águas naturais, a acidez mineral pode ser formada através da
oxidação de sulfetos, como indicado nas equações químicas:

2SO + 3O2 + 2H2O → 2 H2SO4 FeS + 3½O2 + H2O → FeSO4 + H2SO4

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Determinação da acidez das águas

Basicamente, a determinação da acidez de uma amostra de água consiste em uma


titulação de neutralização ácido/base, empregando-se solução de hidróxido de
sódio 0,02 mols/L como titulante. O final da reação pode ser indicado
potenciometricamente, imergindo-se o eletrodo do pH-metro na amostra e
anotando-se os volumes gastos de NaOH quando são atingidos valores
preestabelecidos de pH (8,3 e 4,5). Pode também o ponto final ser determinado
utilizando-se indicadores colorimétricos. Historicamente tem-se utilizado a
fenolftaleína, que apresenta ponto de viragem em pH de cerca de 8,3 e o alaranjado
de metila, cuja viragem ocorre em pH de cerca de 4,5. O “Standard Methods”, em
sua 18ª edição, propôs a alteração dos indicadores para púrpura de metacresol (pH
8,3) e verde de bromocresol (pH 4,5). Em ambos os casos ocorre viragem de azul
para amarelo. Trata-se, portanto, de análise de fácil execução e que não exige
instrumentação sofisticada. Para a determinação da acidez total da amostra é
necessário titular-se até o pH 8,3, pois somente neste valor de pH garante-se a total
neutralização do gás carbônico presente na amostra, prevalecendo apenas o
equilíbrio entre bicarbonatos e carbonatos. Já os ácidos minerais prevalecem em
faixas mais baixas de pH, normalmente em valores inferiores a 4,0, enquanto que o
gás carbônico está presente na faixa 4,5-8,3.

Fontes de alcalinidade nas águas

Os principais componentes da alcalinidade são os sais do ácido carbônico, ou seja,


bicarbonatos e carbonatos, e os hidróxidos. Outros sais de ácidos fracos
inorgânicos, como boratos, silicatos, fosfatos, ou de ácidos orgânicos, como sais de
ácido húmico, ácido acético etc., também conferem alcalinidade às águas, mas seus
efeitos normalmente são desconsiderados por serem pouco representativos. Além
disto, esta particularização permite o cálculo dos três componentes da alcalinidade,
individualmente. Os bicarbonatos e, em menor extensão, os carbonatos, que são
menos solúveis, dissolvem-se na água devido à sua passagem pelo solo. Se este solo
for rico em calcáreo, o gás carbônico da água o solubiliza, transformando-o em
bicarbonato, conforme a reação:

CO2 + CaCO3 + H2O ↔ Ca (HCO3)2.

Unidade 3.4. Índices de alcalinidade e dureza


Introdução

Na natureza a água nunca é encontrada em estado de absoluta pureza. A água da


chuva, que mais se aproxima da água pura, contém pequenas quantidades de
matéria orgânica e gases dissolvidos da atmosfera.
A composição do solo, sobre a qual ou através do qual ela escoa quando cai na terra,
determina as impurezas adicionais que ela absorve.
Desde os tempos primitivos a água foi considerada como o melhor solvente. Os
antigos filósofos gregos consideravam que todas as coisas tinham origem na água
e para ela voltavam. Esta crença, sem dúvida, era baseada na observação de que

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

quase todas as substâncias se dissolviam na água, em maior ou menor grau,


deixando um resíduo de mineirais na evaporação.
Praticamente a água exerce uma acção dissolvente sobre todas as espécies
minerais, mas ataca também as substâncias orgânicas.
A superfície da crosta terrestre contém grande quantidade de sais minerais, tais
como: carbonatos e sulfatos de cálcio e magnésio, que são dissolvidos pela água.
As águas profundas, geralmente, contêm mais substâncias minerais dissolvidas do
que as águas da superfície, mas menor quantidade de matérias em suspensão, estas
últimas sendo removidas na penetração ou filtração da água através da terra.

Objectivos Específicos
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
 Conhecr o conceito e as origens da alcalinidade;
 Identificar as fontes de dureza nas águas;
 Procurar a relação entre alcalinidade e dureza;
 Conhecer as formas de determinação da dureza

Alcalinidade

Alcalinidade é a capacidade da solução em neutralizar ácidos. A alcalinidade de


águas naturais é devida principalmente ao sistema carbônico originado da
dissolução de CO2 atmosférico e da lixiviação de solos ricos em compostos
carbonatados. Devido ao pH natural bicarbonatos representam a principal forma
de alcalinidade no solo. Outros sais de ácidos fracos, tais como boratos, silicatos e
fosfatos, devem estar presentes em águas naturais em pequenas quantidades. Uns
poucos ácidos orgânicos que são resistentes à oxidação biológica, por exemplo,
ácido húmico, formam sais que aumentam a alcalinidade de águas naturais.

Como a alcalinidade é originada de sais de ácidos fracos e bases fortes e tais


substâncias atuam como tampões na resistência a quedas do pH quando há adição
de ácidos, a alcalinidade é, assim, uma medida da capacidade de tamponação e,
neste sentido, é um parâmetro muito usual na prática do tratamento de águas
residuárias e de lodos.

Dureza da Água

Dureza de uma água é a medida da sua capacidade de precipitar sabão, isto é, nas
águas que a possuem os sabões transformam-se em complexos insolúveis, não
formando espuma até que o processo se esgote (Chang & Goldsby 2013). É causada
pela presença de cálcio e magnésio, principalmente, além de outros cátions como
ferro, manganês, estrôncio, zinco, alumínio, hidrogênio, etc, associados a ânions
carbonato (mais propriamente bicarbonato, que é mais solúvel) e sulfato,
principalmente, além de outros ânions como nitrato, silicato e cloreto. São quatro
os principais compostos que conferem dureza às águas: bicarbonato de cálcio [Ca
(HCO3) 2], bicarbonato de magnésio [Mg (HCO3) 2], sulfato de cálcio (CaSO4) e sulfato
de magnésio (MgSO4).

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Fontes de dureza nas águas

Segundo Chang & Goldsby (2013), a dureza da água reflecte sua capacidade de
precipitar sabão, devido principalmente a presença de Ca2+ e Mg2+. Os bicarbonatos
de Ca2+ e Mg2+ causam a dureza chamada temporária, que pode ser removida por
aquecimento. Os sulfatos e cloretos de Ca2+ e Mg2+, causam a dureza permanente.

A principal fonte de dureza nas águas é a sua passagem pelo solo (dissolução da
rocha calcárea pelo gás carbônico da água), conforme as reações:

H2CO3 + CaCO3 → Ca (HCO3) 2

H2CO3 + MgCO3 → Mg (HCO3) 2

Desta forma, é muito mais freqüente encontrar-se águas subterrâneas com dureza
elevada do que as águas superficiais.

Relação entre alcalinidade e dureza

A alcalinidade de bicarbonatos (e carbonatos) é equivalente à dureza temporária,


sendo válidas as seguintes relações: Se alcalinidade de bicarbonatos <dureza total
⇒ dureza temporária ≅ alcalinidade de bicarbonatos e existe dureza permanente
na amostra.
Se alcalinidade ≥ dureza temporária ⇒ dureza permanente ≅ zero.

Determinação da dureza

A determinação da dureza pode ser feita por espectrofotometria de absorção


atômica ou através de titulometria. Utilizando-se o espectrofotômetro de absorção
atômica obtêm-se diretamente as concentrações de cálcio e magnésio na amostra,
somando-se os resultados após transformação dos equivalentes-grama para a
composição da dureza total. É o método mais preciso, porém este equipamento é
caro e geralmente não disponível em laboratórios com poucos recursos.

Remoção da dureza

O abrandamento das águas pode ser feito por precipitação química ou por troca-
iônica. De uma maneira geral, os processos à base de troca-iônica são mais
eficientes, podendo eliminar totalmente a dureza da água ou permitir que se trate
apenas parte da vazão para compor a dureza que se deseje na água tratada. Os
processos são automatizados e produzem pouco lodo. No entanto, esses processos
são caros, pelo menos no que se refere a implantação dos sistemas. Os sistemas à
base de precipitação química são menos eficientes, não sendo capazes de eliminar
totalmente a dureza da água por obedecer aos princípios do equilíbrio químico. A
produção de lodo é maior e exigem-se técnicos especializados para a realização das
operações de tratamento. São menos sensíveis à qualidade da água bruta, sendo
que, nos processos à base de troca iônica, impurezas da água como matéria
orgânica servem como substrato e propiciam o desenvolvimento de
microrganismos que atacam as resinas trocadoras promovendo os seus desgastes,
exigindo reposições temporárias de resina.

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Unidade 3.5. O Alumínio e o ferro em águas naturais


Introdução

Há diversas fontes de contaminação da água, as principais são antrópicas,


decorrente do uso irresponsável dos recursos hídricos (BARROS & AMIN, 2008). São
consideradas fontes em potencial: o descarte de resíduos oriundos de produção
industrial, escoamento de substancias derivadas de pesticidas utilizadas em terras
agrícolas, etc. Alguns poluentes específicos incluem produtos químicos industriais,
como hidrocarbonetos clorados, metais potencialmente tóxicos, incluindo o
cádmio, chumbo, alumínio e mercúrio (ZAGATTO & BERTOLETTI, 2006).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer os efeitos de Aluminio e ferro em águas naturais;
 Identificar os efeitos do ferro e aluminio na Saúde Humana.

Ferro em Águas Naturais

O ferro aparece principalmente em águas subterrâneas devido à dissolução do


minério pelo gás carbônico da água, conforme a reação:
Fe + CO2 + ½ O2 → FeCO3
O carbonato ferroso é solúvel e frequentemente é encontrado em águas de poços
contendo elevados níveis de concentração de ferro.
Nas águas superficiais, o nível de ferro aumenta nas estações chuvosas devido ao
carreamento de solos e à ocorrência de processos de erosão das margens.
Também poderá ser importante a contribuição devida a efluentes industriais, pois
muitas indústrias metalúrgicas desenvolvem actividades de remoção da camada
oxidada (ferrugem) das peças antes de seu uso, processo conhecido por
decapagem, que normalmente é procedida através da passagem da peça em banho
ácido.
Nas águas tratadas para abastecimento público, o emprego de coagulantes à base
de ferro provoca elevação em seu teor.

Formas em que o ferro pode se apresentar nas águas


Basicamente, o ferro pode se apresentar nas águas nos estados de oxidação Fe+2 e
Fe+3. O íon ferroso (Fe+2) é mais solúvel do que o férrico (Fe+3). Portanto, os
inconvenientes que o ferro traz às águas devem ser atribuídos principalmente ao
óxido “ferroso”, que, por ser mais solúvel, é mais frequente. Quando se pretende
determinar apenas a fração solúvel, as amostras de água são filtradas antes de
serem submetidas à determinação da concentração de ferro. Este parâmetro é
denominado “ferro solúvel”. É também comum o uso da expressão “ferro coloidal”,
pois as partículas de ferro podem apresentar tal comportamento na água.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Alumínio em águas Naturais

O alumínio é abundante nas rochas e minerais, sendo considerado elemento de


constituição. Nas águas naturais doces e marinhas, entretanto, não se encontra
concentrações elevadas de alumínio, sendo esse facto decorrente da sua baixa
solubilidade, precipitando-se ou sendo absorvido como hidróxido ou carbonato.
Nas águas de abastecimento e residuárias, aparece como resultado do processo de
coagulação em que se emprega sulfato de alumínio [Al2(SO4)3]. Aparece nas frutas
e em outros vegetais em concentrações superiores a 3,7 mg/kg e em alguns cereais
em quantidades maiores que 15 mg/kg. O total de alumínio na dieta normal é
estimado de 10 a 100 mg/dia. Pequenas quantidades de alumínio do total ingerido
são absorvidas pelo aparelho digestivo e quase todo o excesso é evacuado nas
fezes. O total de alumínio presente no organismo adulto é da ordem de 50 a 150
mg. Não é considerado tóxico ou prejudicial à saúde, tanto que não está incluído
em nenhum padrão de qualidade de águas para abastecimento público. Apesar
disso, existem estudos que o associam à ocorrência do mal de Alzheimer.

Tabela: 3 Efeitos dos Metais na Saúde Humana

Metal Problemas que pode causar na saúde humana


Alumínio Alzheimer, câncer, bronquite.
Chumbo Cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e
cerebral.
Ferro Em excesso, alto potencial de gerar radicais, câncer, cardiopatias etc.
Manganês. Em excesso, efeitos neurotóxicos, maior incidência de bronquite
aguda, asma brônquica e pneumonia
Mercúrio Afeta o sistema nervoso central, perda de coordenação dos
movimentos.
Fonte: Autor 2016

Unidade 3.6. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema


1) Em geral, a principal fonte de dureza nas águas é:

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a) Solo
b) Esgoto sanitário
d) Efluentes de áreas agrícolas
e) Escoamento superficial das águas pluviais.
2) Com relação à dureza da água, pode ser dito que:
a) Deve-se à presença de íons cálcio e magnésio, principalmente, que tornam o
sabão mais solúvel.
b) Deve-se à presença de íons ferro e manganês, principalmente, que tornam o
sabão mais solúvel.
c) Deve-se à presença de íons cálcio e magnésio, principalmente, que tornam o
sabão menos solúvel.
d) Deve-se à presença de íons ferro e manganês, principalmente, que tornam o
sabão menos solúvel.
e) Deve-se à presença de compostos orgânicos que reagem com o sabão
dificultando a formação de espuma.
3. Qual a principal fonte de ferro nas águas naturais?
4. Quais as formas em que o ferro pode se apresentar na água e como elas influem
nos processos analíticos e nos processos de remoção?
5. Quais as implicações da presença elevada de ferro em águas para o consumo
humano?
6. Acidez de uma água pode ser definida como sua capacidade de reagir
quantitativamente com uma base forte até um valor definido de pH, devido à
presença de ácidos fortes os três exemplos ácidos minerais são:

a) clorídrico, sulfúrico e nítrico. b) acético, sulfúrico e nítrico.

c) clorídrico, Pentanoico e nítrico. d) nenhuma das opções.

7. Dureza de uma água é a medida da sua capacidade de precipitar sabão. É


causada pela presença de cálcio e magnésio, principalmente, além de outros
catiões como:

a. Ferro, manganês, oxigénio, zinco, alumínio, hidrogênio


b. Ferro, manganês, estrôncio, carbono, alumínio, hidrogênio
c. Ferro, manganês, estrôncio, zinco, enxofre, hidrogênio
d. Nenhuma das opções.

8. Depois de mortos, tanto animais quanto vegetais, sofrem a acção dos


decompositores. Se a decomposição de sua matéria orgânica for total, há
libertação de:

a. Gás acetileno, gás metano e água


b. Gás carbônico, monóxido de carbono e água
c. Gás carbônico, gás metano e água
d. Gás carbônico, gás metano e Oxigénio

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9. O aumento das concentrações de CO2 na atmosfera pode supostamente


prejudicar o equilíbrio estabelecido entre oceanos e biosfera que fazem suas trocas
de carbono através da atmosfera. Em concentrações normais, longe de ser
prejudicial, o CO2 é factor primordial sob dois pontos de vista:

a. Metabolismo dos animais e equilíbrio climático global.


b. Metabolismo das plantas e equilíbrio climático global.
c. Metabolismo das plantas e equilíbrio químico.
d. Todas as opções estão correctas.

10. Ácido: substância que, em solução, é capaz de doar um H+. Base: substância que,
em solução, é capaz de receber um H+. Uma solução é Ácida quando:

a. pH = 7
b. pH < 7
c. pH > 7
d. Nenhuma opção esta correcta.
11. Ácido: substância que, em solução, é capaz de doar um H+. Base: substância que,
em solução, é capaz de receber um H+. Uma solução é Básica quando:

a. pH = 7
b. pH < 7
c. pH > 7
d. Nenhuma opção correcta.
12. Ácido: substância que, em solução, é capaz de doar um H+. Base: substância que,
em solução, é capaz de receber um H+. Uma solução é Neutra quando:

a. pH = 7
b. pH < 7
c. pH > 7
d. Nenhuma opção esta correcta.

Assinale a V ou F

13. O gás carbônico é bastante solúvel na água, podendo normalmente ser


encontradas concentrações deste gás bem superiores às de oxigênio dissolvido
(V).

14. Os principais componentes da alcalinidade são os sais do ácido carbônico, ou


seja, bicarbonatos e carbonatos, e os hidróxidos (V).

15. A determinação da dureza pode ser feita por espectrofotometria de absorção


molecular ou através de fotometria (F).

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TEMA IV: Fertilizantes Químicos


Unidade 4.1 Introdução. Processos de fertilização
Unidade 4.2. Eutrofização em corpos aquáticos
Unidade 4.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 4.1 Introdução. Processos de fertilização


Introdução

As adubações visam devolver ao solo elementos nutritivos que foram absorvidos


pelas culturas ou perdidos por diferentes formas. Essa prática pode ser
“processada” no momento do plantio em culturas anuais ou perenes, como
também no pós-plantio mais específico para culturas perenes, excetuando-se a
adubação nitrogenada e por vezes a potássica que também são efectuadas para
culturas de ciclo curto. A fertilização do solo pode parecer de fácil entendimento,
entretanto as respostas das culturas às adubações têm indicado o contrário, pois as
causas de fracasso são várias. Para que se tenha uma maior resposta às adubações
e consequentemente um maior coeficiente de aproveitamento do elemento pela
planta, deve-se atentar para os seguintes pontos: ter pleno conhecimento dos
materiais fertilizantes que vão ser empregados (características físicas, químicas e
físico-químicas); determinar de forma coerente as quantidades dos adubos
nitrogenado, fosfatado, e potássico (recomendações de adubação/análise química
do solo); escolher sempre a época mais devida e o modo de aplicação que se
adeqüe melhor. Como também é de suma importância que o comportamento
químico desses adubos no solo seja bem entendido.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Identificar os diferentes elementos que constituem os fertilizantes;
 Conhecer os efeitos de fertilização na planta.

Processos de fertilização

A fertilização é uma componente do programa de manutenção da vegetação


urbana. Os fertilizantes são usados para fornecer elementos essenciais que
contribuem para a “aparência das árvores” e para a sua saúde. Contudo, uma
fertilização errada ou pelas razões erradas, pode ser prejudicial à vegetação. A
fertilização efectuada com vista a um rápido crescimento pode aumentar a
susceptibilidade ao stress, aos insectos ou às doenças. Uma sobrefertilização ou
aplicação desa dequada dos fertilizantes pode causar danos directos na vegetação
e indirectos no ambiente, contribuindo para a poluição das águas. Assim,
recomenda-se que a aplicação de fertilizantes se baseie em resultados de análises
efectuadas ao solo e às plantas.

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Azoto e fósforo na planta

O N encontra-se na planta, relativo à matéria seca, em quantidades que vão de 1 a


5% do total e cerca de 40 a 50% do protoplasma das células (Santos 2002). A
fertilização com N2 acelera o crescimento vegetativo das plantas (Witzell e
Shevtsova, 2004), sendo a baixa disponibilidade de N2 a condição comum mais
limitante da produção primária das plantas (Shevtsova, 2004).
Nas plantas, o N inorgânico geralmente não é armazenado nas células, mas é
rapidamente incorporado em proteínas ou aminoácidos, e faz parte da molécula de
clorofila (Santos 2002).
As plantas absorvem N2, sobretudo através das raízes, embora também o possam
fazer pelas folhas através dos estomas e macroporos da cutícula externa. O N 2 é
absorvido pelas raízes, sobretudo na forma nítrica e amoniacal e nas folhas pode
ser absorvido na forma amídica (Santos 2002).

Fósforo na planta
O fósforo é um macronutriente importante para a maioria das plantas (Osborne et
al., 2002). O P é essencial para as plantas uma vez que entra na composição de
compostos fundamentais, tais como, NADPH, adenosina-trifosfato (ATP),
adenisina-difosfato (ADP) e ácido fosfórico (H3PO4). O fósforo é simultaneamente
componente importante e estrutural dos ácidos nucleicos (DNA e RNA),
fosfoproteinas e fosfolípidos (Sinclair e Vadez, 2002).
A importância do P no crescimento das plantas torna o seu interesse maior em
particular no aumento do sistema radicular, o que permite à planta absorver mais
água e nutrientes (Santos, 2002), sendo, por exemplo, o nutriente básico nas
pastagens ricas em Fabáceas (Crespo 2005).
Nas plantas o P inorgânico é armazenado nos vacúolos das células das plantas,
atingindo cerca de 2/3 do total de P nas plantas (Sinclair e Vadez, 2002), sendo o P
inorgânico a forma que se move regularmente através do xilema e floema.

Potássio na Planta

Os principais adubos potássicos são: cloreto de potássio, sulfato de potássio, sulfato


duplo de potássio e magnésio e nitrato de potássio, muito utilizado nos Estados
Unidos. Tanto os adubos nitrogenados como os potássicos são solúveis em água.

Unidade 4.2. Eutrofização em corpos aquáticos


Introdução

O enriquecimento e a eutrofização cultural de corpos aquáticos estão ligados à


variedade de actividades humanas que podem interferir na qualidade da água por
meio de manejo inadequado de solo, descarga de resíduos líquidos e urbanização.
A adição de nutrientes inorgânicos e de matéria orgânica aumenta a fotossíntese e
a respiração nos corpos aquáticos. Esta situação é denominada eutrofização, e é
uma condição para o processamento de energia de alto metabolismo, isto é,

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manifesta-se por meio da vida produtiva do curso aquático, sendo observado o


crescimento exagerado de vegetais aquáticos, devido à maior concentração de
nutrientes, principalmente, nitrogênio (N) e fósforo (P), que são carregados pelas
águas da chuva para os leitos dos rios, oriundos de fertilizantes orgânicos e
inorgânicos utilizados na produção agrícola.
O principal factor para o processo de eutrofização é a radiação solar; uma vez que
é necessária para a fotossíntese de plantas aquáticas. Entretanto, também
contribuem para o processo, além da incidência solar, a geografia do entorno do
corpo aquático, o grau de penetração da radiação solar na coluna de água, a
magnitude da entrada e o tipo de nutriente e as particularidades de movimento,
transporte e dispersão no corpo aquático.
Quando ocorre de forma natural, a eutrofização é um processo gradual e lento, ao
contrário da eutrofização cultural, que ocorre de forma acelerada, com aumento
desordenado na produção de biomassa, impossibilitando a sua incorporação pelo
sistema aquático na mesma velocidade de produção e provocando, assim, um
desequilíbrio ecológico. A eutrofização cultural é causada, principalmente, pela
descarga de águas residuárias domésticas, de efluentes industriais, da drenagem de
áreas agrícolas, florestais e urbanas, além da precipitação de material da atmosfera,
sob a forma de partículas junto com a água da chuva. Os nutrientes, principalmente,
o fósforo e o nitrogênio, oriundos de fontes pontuais ou difusas encontram-se sob
diversas formas no corpo aquático, mas nem todas são absorvidas pelo
fitoplâncton.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Dar conceito da eutrofização;
 Conhecer os efeitos de eutrofização em ambientes aquáticos;
 Descrever os problemas da Eutrofização e seu controlo.

Eutrofização em corpos aquáticos

A eutrofização é o enriquecimento das águas com os nutrientes necessários ao


crescimento da vida vegetal aquática. É um processo natural dentro da sucessão
ecológica dos ecossistemas, quando o ecossistema lacustre tende a se transformar
em um ecossistema terrestre utilizando a interação do lago com o meio terrestre
que o circunda, sendo assim, é um processo natural de maturação de um
ecossistema lacustre.
Ela se manifesta por meio do aumento da produtividade biológica do lago,
consequentemente observada pela proliferação de algas e outros vegetais
aquáticos, que são decorrentes da maior quantidade de nutrientes disponível,
sendo o fósforo e/ou o
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nitrogênio os mais importantes para que a eutrofização ocorra. Essas substâncias


são os principais nutrientes do fitoplâncton (as “algas” microscópicas que vivem na
água), que podem se reproduzir em grandes quantidades, tornando a água

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esverdeada ou acastanhada.

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Fig. 3.1. Evolução do processo de eutrofização em um lago ou represa. Associação


entre o uso e ocupação do solo e a eutrofização.

PROBLEMAS DA EUTROFIZAÇÃO

São os seguintes os principais efeitos indesejáveis da eutrofização (von Sperling,


1994):

 Problemas estéticos e recreacionais. Diminuição do uso da água para recreação,


balneabilidade e redução geral na atração turística devido a:
1. frequentes florações das águas;
2. crescimento excessivo da vegetação;
3. Distúrbios com mosquitos e insetos;
4. eventuais maus odors;
5. Eventuais mortandades de peixes.
 Condições anaeróbias no fundo do corpo de água. O aumento da produtividade
do corpo de água causa uma elevação da concentração de bactérias
heterotróficas, que se alimentam da matéria orgânica das algas e de outros
microrganismos mortos, consumindo oxigênio dissolvido do meio líquido. No
fundo do corpo de água predominam condições anaeróbias, devido à
sedimentação da matéria orgânica, e à reduzida penetração do oxigênio a estas
profundidades, bem como à ausência de fotossíntese (ausência de luz). Com a
anaerobiose, predominam condições redutoras, com compostos e elementos no
estado reduzido:
1. O ferro e o manganês encontram-se na forma solúvel, trazendo problemas ao
abastecimento de água
2. O fosfato encontra-se também na forma solúvel, representando uma fonte
interna de fósforo para as algas
3. O gás sulfídrico causa problemas de toxicidade e maus odores.
 Eventuais condições anaeróbias no corpo e água como um todo. Dependendo do
grau de crescimento bacteriano, pode ocorrer, em períodos de mistura total da
massa líquida (inversão térmica) ou de ausência de fotossíntese (período
noturno), mortandade de peixes e reintrodução dos compostos reduzidos em
toda a massa líquida, com grande deterioração da qualidade da água.

 Eventuais mortandades de peixes. A mortandade de peixes pode ocorrer em


função de:
1. Anaerobiose.
2. Toxicidade por amônia. Em condições de pH elevado (frequentes durante os
períodos de elevada fotossíntese), a amônia apresenta-se em grande parte na
forma livre (NH3), tóxica aos peixes, ao invés de na forma ionizada (NH4+), não
tóxica.
 Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água. A presença
excessiva de algas afeta substancialmente o tratamento da água captada no lago
ou represa, devido à necessidade de:

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1. Remoção da própria alga;


2. Remoção de cor;
3. Remoção de sabor e odor;
4. Maior consumo de produtos químicos;
5. Lavagens mais frequentes dos filtros.
 Problemas com o abastecimento de águas industrial. Elevação dos custos para o
abastecimento de água industrial devido a razões similares às anteriores, e
também aos depósitos de algas nas águas de resfriamento.
 Toxicidade das algas. Rejeição da água para abastecimento humano e animal em
razão da presença de secreções tóxicas de certas algas.
 Modificações na qualidade e quantidade de peixes de valor comercial
 Redução na navegação e capacidade de transporte. O crescimento excessivo de
macrófitas enraizadas interfere com a navegação, aeração e capacidade de
transporte do corpo de água.
 Desaparecimento gradual do lago como um todo. Em decorrência da
eutrofização e do assoreamento, aumenta a acumulação de matérias e de
vegetação, e o lago se torna cada vez mais raso, até vir a desaparecer. Esta
tendência de desaparecimento de lagos (conversão a brejos ou áreas
pantanosas) é irreversível, porém usualmente extremamente lenta. Com a
interferência do homem, o processo pode se acelerar abruptamente. Caso não
haja um controle na fonte e/ou dragagem do material sedimentado, o corpo de
água pode desaparecer relativamente rapidamente.

CONTROLE DA EUTROFIZAÇÃO

As estratégias de controlo usualmente adoptadas podem ser classificadas em duas


categorias amplas:

a) Medidas preventivas (actuação na bacia hidrográfica): redução das fontes


externas
b) Medidas corretivas (atuação no lago ou represa):
 processos mecânicos
 processos químicos
 processos biológicos

a) Medidas preventivas

As medidas preventivas, as quais compreendem a redução do aporte de fósforo


através de actuação nas fontes externas, podem incluir estratégias relacionadas aos
esgotos ou à drenagem pluvial.

Controle dos esgotos

c) Tratamento dos esgotos a nível terciário com remoção de nutrientes


d) Tratamento convencional dos esgotos e lançamento a jusante da represa
e) Exportação dos esgotos para outra bacia hidrográfica que não possua lagos ou
represas

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f) Infiltração dos esgotos no terreno

Controle da drenagem pluvial: Controlo do uso e ocupação do solo na bacia, Faixa


verde ao longo da represa e tributários e Construção de barragens de contenção.

b) Medidas corretivas

As medidas corretivas a serem adoptadas podem incluir uma ou mais das seguintes
estratégias:

Processos mecânicos: Aeração, Desestratificação, Aeração do hipolímnio, Remoção


dos sedimentos, Cobertura dos sedimentos, Retirada de águas profundas, Remoção
de algas, Remoção de macrófitas e Sombreamento.

Processos químicos: Precipitação de nutrients, Uso de algicidas, Oxidação do


sedimento com nitratos e Neutralização.

Processos biológicos: Biomanipulação uso de cianófagos e uso de peixes


herbívoros.

Sempre que possível, deve-se dar grande ênfase aos métodos preventivos,
usualmente mais baratos e eficazes.

Unidade 4.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. Descreve os problemas da Eutrofização em corpos aquáticos.

2. Define e Classifica a eutrofização.

3. Quais são os impactos que a fertilização com o Azoto e fósforo provoca na planta?

4. Fale de medidas de controle da eutrofização.

5. Fale dos principais fracassos no uso de fertilização dos solos.

6. Os principais adubos potássicos são:

a. cloreto de potássio, sulfato de potássio e magnésio e nitrato de


potássio.
b. cloreto de ferro, sulfato de potássio e magnésio e nitrato de potássio.
c. cloreto de potássio, sulfato de sodio e magnésio e nitrato de potássio.
d. Todas as Opções estão correctas.

7. A evolução do processo de Eutrofização numa lagoa ocorre em três fases que


são:

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a. Ocupação rural; Ocupação por Agricultura e Ocupação Urbana


b. Ocupação por metas e florestas; Ocupação Per-Urbana e Ocupação Urbana
c. Ocupação por metas e florestas; Ocupação por Agricultura e Ocupação
Urbana
d. Nenhuma das opções.

8. As estratégias de controlo da eutrofização usualmente adoptadas podem ser


classificadas em duas categorias amplas:

a. Medidas preventivas e Medidas corretivas


b. Processos mecânicos e processos químicos
c. Processos biológicos e processos químicos
d. Medidas preventivas e processos mecânicos

9. Medidas corretivas que atuam no lago ou represa pode ser:


a. Processos mecânicos, processos físicos e processos biológicos;
b. Processos mecânicos, processos químicos e processos biológicos
c. Processos físico-químicos, processos químicos e processos biológicos
d. Estão correctas as opções a) e c).

10. Maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água. A presença


excessiva de algas afeta substancialmente o tratamento da água captada no lago
ou represa, devido à necessidade de:
a. Remoção da própria alga; Remoção de cor; Remoção de sabor e odor e
Maior consumo de produtos químicos.
b. Remoção da própria alga; Aumento de cor; Remoção de sabor e odor e
Maior consumo de produtos químicos.
c. Remoção da própria alga; Remoção de cor; Aumento de sabor e odor e
Maior consumo de produtos químicos.
d. Aumento da própria alga; Remoção de cor; Remoção de sabor e odor e
Maior consumo de produtos químicos.
11. O fósforo é um macronutriente importante para a maioria das plantas (V).

12. Tanto os adubos nitrogenados como os potássicos não são solúveis em água (F).
13. Sempre que possível, deve-se dar grande ênfase aos métodos preventivos,
usualmente mais baratos e eficazes (V).

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TEMA V: Composição do solo


Unidade 5.1. Introdução. Água, gases, minerais importantes
Unidade 5.2. Processos de intemperismo: reações ácido-base; dissolução;
precipitação e complexação
Unidade 5.3. Sedimentos profundos; troca iônica; Substâncias húmicas; Bio e fito
remediação
Unidade 5.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 5.1. Introdução. Água, gases, minerais importantes


Introdução

O solo pode ser conceituado como um manto superficial formado por rocha
desagregada e, eventualmente, cinzas vulcânicas, em mistura em decomposição
de: Porção Mineral: areia, silte, argila; Matéria orgânica; Água; Oxigênio; Gás
Carbônico em proporções variáveis e organismos vivos. O solo fornece às raízes
factores de crescimento como suporte, água, oxigênio e nutrientes (LIMA
et.al.,2004).
O solo é formado a partir da rocha (material duro que também conhecemos como
pedra), através da participação dos elementos do clima (chuva, gelo, vento e
temperatura), que com o tempo e a ajuda dos organismos vivos (fungos, liquens e
outros) vão transformando as rochas, diminuindo o seu tamanho, até que viram um
material mais ou menos solto ou macio também chamado de parte mineral (IBGE,
2008).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer a composição física e química do solo;
 Caracterizar os elementos que compõe o solo e suas percentagens.

COMPOSIÇÃO DO SOLO

O solo é a camada mais superficial da crosta, é composto por sais minerais


dissolvidos na água intersticial, seres vivos e rochas em decomposição. Existem
muitas variações de terreno a terreno dos elementos de um solo, mas basicamente
figuram-se quatro camadas principais:
 A primeira camada é rica em húmus, detritos de origem orgânica. Essa
camada é chamada de camada fértil. Ela é a melhor para o plantio, e é nessa
camada que as plantas encontram alguns sais minerais e água para se
desenvolver;
 A segunda é a camada dos Sais minerais. Ela é dividida em três partes:
calcário, argila e areia;

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 A Terceira camada é a das rochas parcialmente decompostas. Depois de se


decomporem totalmente, pela acção da erosão e agentes geológicos, essas
rochas podem tornar rochas sedimentares e a quarta camada é a de rochas
que estão inicialmente começando a se decompor. Essas rochas podem ser
chamadas de rocha matriz ou rocha mãe.

Água e ar no solo
Água
Fundamental para a vida das plantas - Transporta os nutrientes essenciais até a
parte superiores das plantas. Interações fortes entre a água e 1- argilas 2- matéria
orgânica Solos ricos em argila e/ou matéria orgânica (M.O.) → solos ricos em água.
Solos saturados com água → mudanças drásticas nas propriedades físico-químicas
e biológicas: Menor disponibilidade de O2; Menor degradação de M.O.;
Diminui a quantidade de ar necessária para as plantas;
Redução do potencial redox;
Solubilização de sais insolúveis;
Ligações que agregam partículas coloidais são quebradas, o que causa
desestruturação do solo.

Ar
25% do volume de um solo típico.
Ar atmosférico: 21% O2 e 0,03% CO2.
Ar do solo: 15% O2 e 1% CO2.
Degradação da matéria orgânica: {CH2O} + O2 → CO2 + H2O.
Aumento da concentração de CO2 na água do solo: pH diminui, [H+] aumenta
degradação das rochas calcárias: CaCO3

Figura no 01: Representação das camadas do solo

Esquema representando o perfil do solo.


Têm-se, normalmente, então, 50 % constituídos pela fase sólida, 25% pela fase
líquida e 25% pela fase gasosa.

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Em resumo, podemos considerar que o solo é composto por:


Porção Mineral: areia, silte, argila; Matéria orgânica; Água; Oxigênio e Gás
Carbônico.

Unidade 5.2. Processos de intemperismo: reações ácido-base; dissolução;


precipitação e complexação
Introdução

Intemperismo, também conhecido como meteorização, é o conjunto de


fenômenos físicos e químicos que levam à degradação e enfraquecimento das
rochas.
O termo intemperismo é aplicado às alterações físicas e químicas a que estão
sujeitas as rochas na superfície da Terra, porém esta alteração ocorre in situ, ou
seja, sem deslocamento do material. Este fenômeno é de grande importância para
a formação e constante mudança no relevo terrestre, junto com a erosão. O
intemperismo é de grande importância também na formação dos solos, pois em
algumas regiões onde há grandes formações rochosas a fixação de plantas é mais
difícil em relação a regiões de solos estruturalmente menos rochosos.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Descrever o processo de intemperismo;
 Classificar os tipos de intemperismo e sua importância;
 Conhecer as reaccoes e propriedades de acido-base;
 Identificar os processos de dissolução, precipitação e complexação.

Processos de intemperismo

Processos de intemperismo é transformação das rochas em materiais mais estáveis


em condições físico-químicas diferentes daquelas de origem. O Intemperismo, é o
conjunto de fenômenos físicos e químicos que levam à degradação das rochas e
minerais.

Tipos de intemperismo

Mecânico: É o processo de fragmentação das rochas a partir de agentes físicos


como as variações da temperatura, a acção do gelo e dos ventos.

Intemperismo químico: Ocorre modificação da composição química e mineralógica


do material. Destaca-se a acção da água da chuva carregada como o CO2: que ataca
os minerais da rocha. Esta subdivide em:

Intemperismo geoquímico → intemperismo químico que actua na alteração das


rochas;

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Intemperismo pedoquímico → intemperismo químico que actua na alteração


química de minerais nos horizontes A e B associado aos processos biológicos.

As Principais reacções químicas actuantes no intemperismo das rochas e solos:

Hidratação - desidratação: Simples associação ou liberação de molécula de água

CaSO4 + 2H2O → CaSO4.2H2O

Solução – dissolução: Dissolução dos componentes mais solúveis ou solubilização


completa ou parcial de alguns minerais por ácidos.

NaCl → Na+ + Cl-

Hidrólise: Sendo as rochas constituídas basicamente por silicatos, quando elas


entram em contacto com a água, os silicatos sofrem hidrólise e dessa reacção
resulta uma solução alcalina ou Reação entre íons H+ e OH- da dissociação com a
água e um mineral.

Provoca rompimento das ligações oxigênio entre metais e Si (silicatos) e C


(carbonatos).

3KAlSi3O8 (s) + 2CO2 (g) +14H2O → 2K+ + 2HCO3- + 6H4SiO4 + KAl3Si3O10(OH)2(s)

O intemperismo dos feldspatos (alumino silicato de K) é a principal fonte de K para


às águas. Observe que bicarbonato é produto da reacção, por isso é um dos
principais íões em solução.

2 KAlSi3O8 + 11 H2O → Si2Al2O5 (OH)4 + 4H4SiO4 + 2K+ + 2OH-

Intensidade da hidrólise

Depolimerização da estrutura dos silicatos → libertação de silício (H4SiO4) e bases


(K, Na, Ca, Mg) para solução. Finalmente o Al precipita como Al (OH3). Processos
que facilitam o intemperismo são: Gravidade e Fragmentação.

Avaliação do intemperismo

Depende:

1. Condições ambientais;
2. Características dos minerais

Importância de Intemperismo

1. Desenvolvimento do solo (composição química, mineralógica, características


química e morfologia);

2. Ciclagem de nutrientes;

3. Biogeoquímica de bacias hidrográficas;

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4. Deposição atmosféricas ácidas;

5. Mudanças climáticas globais (CO2 → ácido carbônico → actua no intemperismo


de silicatos (tampões). Este processo contém o efeito estufa

Reações ácido-base

As reacções de ácido-base são reacções onde ocorre a transferência de protões


(H+), isto é, o ácido cede um protão que a base recebe. Estas transferências de
protões podem ser de um ou mais protões, caso o ácido tenha mais do que um
protão para ceder e a base capacidade para receber.

Propriedades ácido-base da água

A água é como sabemos um solvente com características únicas. A água funciona


como base na ionização de ácidos como, por exemplo, o cloreto de hidrogénio e
como ácido na ionização do amoníaco. Uma espécie deste tipo, que se comporta
como um ácido numa reacção e noutra como base, é chamada anfotérica ou
anfiprótica.

A água é um electrólito muito fraco e por isso conduz mal a electricidade, no


entanto ioniza-se numa pequena extensão:

2 H2O (l) → OH- (aq) + H3O+ (aq)

A esta reação chama-se com frequência auto – ionização ou auto-protólise da água.


Também aqui a água funciona como ácido e como base.

Dissolução

Os compostos químicos se dissolvem em diferentes solventes nos mais diferentes


graus de intensidade, os quais por sua vez são afetados por vários fatores, dos quais
sobressai a temperatura.
Desta forma, torna-se difícil separar os compostos em solúveis e insolúveis, em
água, por exemplo. A água, pela sua importância é o solvente que tem sido
considerado de uma forma geral em estudos desta natureza. Tem sido considerado
como compostos poucos solúveis aqueles que não se dissolvem em água em
quantidades maiores que 0,01 mols/L.
Os estudos de solubilidade se concentram nos produtos pouco solúveis,
considerando o equilíbrio que se estabelece entre uma fase sólida iônica e seus íons
livres em solução aquosa.
Os conceitos apresentados a seguir referem-se à dissolução (ou solubilização) e
precipitação de substâncias iônicas (sais e substâncias relacionadas).

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Os fenômenos de dissolução e precipitação são absolutamente inversos.


A dissolução de um cristal iônico apenas ocorre em solventes polares; e nessa
dissolução ocorrem simultaneamente dois processos:
a) separação dos íons fortemente ligados no retículo cristalino;
b) solvatação dos íons (hidratação no caso do solvente ser a água).
Resumindo, ocorre a dissolução quando:
Força de atração íon-solvente (água) > força de atração retículo cristalino.
Deve-se considerar que no fenômeno de solvatação (hidratação) as forças
envolvidas também são coulombianas e o valor da constante dieléctrica do solvente
é diferente da unidade (1).
Quanto maior a polaridade do solvente maior é a sua constante dieléctrica.

Precipitação
É a remoção de um soluto (específico), de uma solução saturada, pela formação de
um composto sólido, tipicamente cristalino, através da perda da solubilidade
provocada por um método químico.

Emprego
A precipitação atende aos objectivos de separação e de formação de composto.
Quando uma solução contém íons indesejados, pode-se: (i) precipitar
seletivamente esses íons ou, alternativamente, (ii) somente aquele que contém o
metal de valor. O objetivo, aqui, é a separação; um exemplo importante na
metalurgia extrativa é a eliminação do ferro para a purificação de soluções ricas em
Zn2+, provenientes da lixiviação, na metalurgia extrativa do zinco. Um segundo
objetivo é o da formação de composto (raramente final) para a obtenção do metal;
um exemplo é a precipitação de Mg (OH)2 da água do mar, para a extração em larga
escala do magnésio. De uma maneira geral, os compostos metálicos são
precipitados pela adição de reagentes químicos sob a forma de soluções aquosas,
gases, ou de compostos sólidos à solução sob tratamento.
A uma dada temperatura, existe uma quantidade limite de uma dada substância
que se consegue dissolver em um determinado volume de solvente:
solubilidadedessa substância nesse solvente. A solubilidade é representada por S;

Classificação de soluções quanto à solubilidade do soluto no solvente

Saturada: contém a máxima quantidade de soluto dissolvido em um dado volume


de solvente a uma dada temperatura.

Insaturada: contém uma quantidade de soluto dissolvido inferior à solubilidade


possível a uma dada temperatura.

Supersaturada: contém mais soluto dissolvido e tende a precipitar parte do soluto,


formando uma solução saturada com corpo de fundo.

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Ex:emplo:

Equilíbrio de solubilidade

Considerando uma solução saturada de cloreto de prata, AgCl, se continuarmos a


adicionar AgCl verificamos que há formação de precipitado, e passamos a ter uma
solução heterogênea com uma fase líquida e uma fase sólida.

AgCl (s) ↔ Ag+(aq) + Cl-(aq)

Nestas condições, ocorre um equilíbrio entre estas duas fases, designado por
equilíbrio em soluções saturadas de sais, e que, neste caso, pode ser representado
por:

AgCl (s) ↔ AgCl(aq)


O momento em que a velocidade de dissolução iguala-se à velocidade de
precipitação, corresponde ao instante em que se estabelece o equilíbrio de
solubilidade;

Equilíbrio de solubilidade: equilíbrio entre um eletrólito pouco solúvel e os íons que


este eletrólito libera em solução.

AgCl(s) ↔ AgCl(aq) ↔ Ag+(aq) Cl-(aq)


Ks Kd

Kps = kd*ks = [Ag+]*[Cl-]

Onde: kps- Constante do produto de solubilidade; kd- Solubilidade molar (mol/L):


é o número de moles de soluto dissolvidos em 1 L de uma solução saturada.

Solubilidade (g/L): é o número de gramas de soluto dissolvidos em 1 L de uma


solução saturada.

Princípio do produto de solubilidade

Em uma solução saturada de um eletrólito pouco solúvel, o produto das


concentrações molares dos
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íões (mol/L), elevadas a potências apropriadas é constante, para uma dada


temperatura, independentemente de outros eletrólitos presentes na solução.

Produto iônico

Define-se produto iônico a partir das concentrações iniciais:

Q=[Ag+]*[Cl−]; Q=produto íonico

Formação de Precipitado

Q <Kps Solução insaturada Não precipitado


Q = Kps Solução saturada Não precipitado
Q> Kps Solução supersaturada Formação de precipitado

Factores que afectam a solubilidade


Temperatura: O grau de dissociação de um sal solúvel aumentará com o aumento
da temperatura, em geral, e a solubilidade molar aumentará.
Naturezado solvente

 A natureza polar da molécula de água exerce efeitos de solvatação sobre


âniões e cátiões do soluto, formando íões hidratados;
 Esta força de atracção supera as forças que mantêm cátiões e âniões na
estrutura cristalina do sal;
 Solventes orgânicos não apresentam estas forças de atracção iônicas da
mesma forma que a água, então muitos sais inorgânicos são pouco solúveis
nesses solventes.

pH

 A solubilidade de quase qualquer composto iônico é alterada, se a solução


for suficientemente ácida ou básica;
 A solubilidade de precipitados contendo um ânião com propriedades
básicas ou um cátião com propriedades ácidas ou ambos depende do pH;
 Os precipitados que contêm âniões do tipo base conjugada de um ácido
fraco são mais solúveis em pH mais baixo;
 A solubilidade dos sais de metais também é afectada pela presença de
certas bases de Lewis que reagem com os íões metálicos e formam íões
complexos estáveis.

Íão Comum
 Efeito do íão comum é uma consequência da Lei das Acção das Massas
descrita no princípio de Le Chatelier;
 Efeito do íão comum é responsável pela redução da solubilidadede um
precipitado iônico quando um composto solúvel contendo um dos íões do

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precipitado é adicionada à solução que está em equilíbrio com o


precipitado.

Complexação
Na decomposição do material orgânico originam-se substâncias orgânicas, como,
por exemplo, ácido cítrico e ácido fúlvico, que podem ligar-se com íões metálicos
como Al3+, Fe2+,3+, Mn2+, Cu2+, Zn2+, originando complexos organo-metálicos
estáveis, solúveis ou insolúveis. Complexos são definidos como a combinação de
um cátião metálico central com um ou mais âniões ou moléculas denominadas
ligantes. O complexo que apresenta o cátião metálico central combinado com dois
ou mais ligantes denomina-se quelato.

Os complexos ou quelatos solúveis podem ser translocados no solo. A continuidade


deste processo pode originar, na parte superior do solo, um horizonte eluvial E
(álbico), e sua acumulação, na parte inferior, um horizonte iluvial Bh, Bs ou Bhs
(espódico).

Unidade 5.3. Sedimentos profundos; troca iônica; Substâncias húmicas; Bio e


fitoremediação.
Introdução

Os sedimentos e as rochas sedimentares cobrem cerca de 80% da superfície


terrestre. Contudo, constituem apenas uma película muito fina que corresponde a
1% do volume da Terra.
As partículas que constituem os sedimentos oceânicos têm origens muito variadas.
Muitas provêm das áreas continentais emersas. Muitas outras são constituídas em
meios marinho pelos mais diversos organismos, integrandose nesta categoria quer
as fezes produzidas por partes deles (coprólitos), quer as peças dos seus esqueletos
(dentes, vértebras, etc.), quer os endo-esqueletos da micro-fauna e da micro-flora.
O contato da resina orgânica com a solução aquosa é executado por duas vezes
consecutivas. Na primeira vez, os íons do metal de valor são transferidos da solução
aquosa inicial (lixívia) para a resina; na segunda, passam dela para uma solução
aquosa final, da qual será obtido o metal.
A resina é escolhida por ser uma substância onde somente os íons desejados
possuem alta afinidade; como resultado tomando-se os cuidados para que a
solução aquosa final seja de pequeno volume obtém-se uma solução com uma
concentração maior dos íons do metal de valor e (idealmente) livre de íões nocivos.
A transferência dos íões entre a lixívia e a resina orgânica é chamada de
carregamento e a sua transferência, dessa para a solução aquosa final, de eluição.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de


 Classificar os tipos de Sedimentos
 Classificar as resinas de troca cationicas;

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 Levantar a Utilização das Resinas de Troca Iônica;


 Conhecer a Origem, formação e estrutura das substâncias húmicas;
 Descrever os conceitos Bio e fitorremediacao;
 Apresentar as vantagens e desvantagens de fitorremediação.

Sedimentos profundos

Sedimentos de mar profundo são ambientes estáveis e homogêneos, apesar disso,


eles apresentam uma grande variedade de habitats disponíveis, possibilitando uma
alta diversidade microbiana. A distribuição espacial dos micro-organismos é
influenciada por factores locais e regionais. Os factores locais são associados à
estrutura do ambiente e os factores regionais, a limitação na dispersão dos micro-
organismos que compõem as comunidades e eventos históricos que
eventualmente podem modificar o ambiente. Eventos como a libertação de
hidrocarbonetos das camadas mais profundas do sedimento para superfície podem
alterar os padrões de distribuição espacial das comunidades microbianas, devido o
aumento na disponibilidade de carbono e consequentemente selecionando as
espécies capazes de degradá-los.
Sedimento é o resultado da deposição de detritos de rochas, ou do acúmulo de
detritos orgânicos ou da precipitação química. Este acúmulo de sedimentos
constitui o que se chama de depósito sedimentar, que ocorre em camadas
separadas por juntas de estratificação, que também podem ser chamadas de
fraturas de acabamento, ou de diáclases horizontais que são os interstícios
existentes entre as camadas. Geralmente, a sedimentação ocorre em camadas
horizontais, mas determinados fatores podem quebrar esta horizontabilidade. As
diáclases ou fraturas fazem com que a erosão no sedimento seja desigual, podendo
ocorrer pequenas ondulações, que aparecem, geralmente, nas areias; material
grosseiro, alternado com material mais fino; impressões de restos orgânicos
(fósseis) e fendas que se apresentam, principalmente nas argilas. Os sedimentos de
origem clástica ou detrítica ocorrem por meio de fragmentação de rochas, as quais
são principalmente as eruptivas (também chamadas magmáticas ou ígneas) que são
produzidas pelo resfriamento do material ígneo do interior da terra ou
metamórficas que são produzidas pela transformação de rochas preexistente. A
origem orgânica dá-se pela ação dos seres vivos, vegetais e animais, formando os
detritos orgânicos que vão sendo depositados. Os sedimentos de origem química
acontecem pela precipitação, dissolução e/ou pela ação coloidal. No processo de
sedimentação se verifica a deposição de sedimentos ou de substâncias que virão a
ser mineralizadas, portanto, é o resultado da deposição proveniente da
desagregação ou da decomposição de rochas primárias (rochas ígneas, formadas
através da consolidação do magma ou rochas antigas da era Primária ou
Paleozóica). Vários fatores determinam o processo de sedimentação: o clima, o tipo
de rocha, a base morfológica, a atividade tectônica e outros. Existem dois tipos
principais de cobertura sedimentar: transgressiva e regressiva.

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Classificação dos Sedimentos


Existem vários tipos de classificações:
 Quanto à coerência dos elementos:
a) Coerente: arenitos, conglomerados e argilas calcárias;
b) Incoerente: areia e cascalho.
Quanto à textura e o tamanho dos seus elementos:
a) Psifitos: grãos maiores que de areia grossa, cimentada com grãos menores.
b) Psamitas: grãos pequenos, às vezes, quase microscópicos.
c) Pelitas: grãos finíssimos, como pó ou farinha de rocha, que são as argilas, os xistos
argilosos, as margas e o limo.

 Quanto ao tipo de rocha:


a) Rocha grosseiramente detrítica
 Não consolidadas: areia grossa, seixos e blocos;
 Consolidadas: conglomerados, poundingues e brechas.
b) Rocha silicosa:
 Detrítica não consolidada: areia, saibro, areias micáceas e areias
vasosas;
 Consolidadas: arenitos;
 De origem química e orgânica: sílex e certos tipos de calcário.

c) Rocha argilosa-caulim, argila, margas e xistos argilosos.

d) Rocha calcária: – calcário de água doce-estalactite e estalagmite;

 Calcário lacustre;
 Calcário marinho.

e) Rocha salina: Cloreto de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de potássio e gipso.

f) Depósitos continentais de origem orgânica: turfa, linhito, hulha e petróleo.


Quanto aos movimentos tectônicos

a) Continental-é formado pelo movimento divergente de placas, resultando


grandes áreas de lento apaziguamento na crosta continental.

b) Base interior de fraturas.

O tipo de movimento tectônico é divergente, formando fossas tectônicas e zonas


de fendas na crosta continental, com rápido apaziguamento.

c) Margem continental passiva

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O movimento tectônico é divergente na crosta transitiva ou oceânica, formando


depósitos sedimentares por longos períodos.

d) Oceânico: Ocorre pelo movimento divergente na crosta oceânica, próximo a


margem continental, formando sedimentos espessos.

e) Subducção: é formado pelo movimento tectônico convergente das placas e pela


deformação orogênica. O desenvolvimento de subducção permite a formação de
trincheiras em mar profundo na crosta oceânica.

f) Colisão: É formado pelo movimento tectônico convergente, com colisão parcial


de formas irregulares e limitadas, não havendo ajuste, ocorrendo assim um volume
grande de sedimento.

g) Quebra-desliza: O movimento tanto pode ser convergente como divergente vai


depender do tipo de movimento das placas que a crosta continental e/ou oceânicas
sofre durante a formação do sedimento que são, geralmente, de forma alongada
com rápido apaziguamento.

Quanto à base morfológica.

a) Sedimento continental: Na depressão topográfica a base morfológica pode ser


desenvolvida quando ocorre transporte fluvial. A direção do transporte e o
gradiente podem ser modificados por ambientes glaciais ou eólicos. A abrasão
glacial conduz, geralmente, a afundamentos ou vales, que mais tarde criam
pequenos lagos. A deflação eólica, geralmente, conduz a depressões na superfície
da terra e quando há águas subterrâneas podem surgir bacias. Essas características
de erosão conduzem a sedimentos que vão se acumulando em largos "mares de
areia".

b) Sedimentos de mares rasos: São afetados por processos em regiões de terras


vizinhas que fornecem materiais suficientes para manter a base rasa. Ondas fortes,
correntes profundas e superficiais tendem a distribuir material de sedimentos
terrígeneos sobre grandes áreas. Especialmente em águas rasas, de alta energia,
providenciando um sistema de transporte de sedimento de material com grãos
finos, particularmente areia.

c) Sedimentos de mares adjacentes e estuário: Ocorre troca de água do mar aberto,


oceano, com um mar adjacente, sendo assim a salinidade da água muda,
dependendo da largura e da profundidade do mar aberto, o fluxo de material
terrígeneo também pode ser influenciado pelo clima, que contribui para o
abastecimento de sedimentos.

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Troca Iônica
É a transferência de íões, específicos, desde uma solução aquosa pouco
concentrada para outra (mais concentrada), por meio de uma resina (o processo
utiliza como base o fenômeno de uma resina ser capaz de trocar seus íons
fracamente ligados por outros, provindos da solução aquosa, quando a resina e a
solução aquosa são postas em contato).
Resinas de troca iônica são produtos sintéticos, que colocados na água, poderão
liberar íons sódio ou hidrogênio (resinas catiônicas) ou hidroxila (resinas aniônicas)
e captar desta mesma água, respectivamente, cátions e ânions, responsáveis por
seu teor de sólidos dissolvidos, indesejáveis a muitos processos industriais.
A melhoria das propriedades das resinas orgânicas incentivou a aplicação para o
processo de troca iônica devido a sua estabilidade e elevada capacidade.
As primeiras tentativas para aplicação da troca iônica para recuperação de metais
estavam relacionadas com a recuperação de cobre e cromo contido em efluentes
industriais e de prata de filmes fotográficas.
O processo de troca iônica é utilizado especialmente no tratamento de soluções
muito diluídas com concentração do íon metálico na ordem de 10mg/L ou menor.
Esse processo não é eficaz em soluções com concentração do íon metálico
superior a 1%.

Tipos de trocadores iônicos


Há 4 tipos de trocadores iônicos:
1. Catiônicos fracamente ácidos contendo-COOH
2. Catiônicos fortemente ácidos contendo grupos -SO3H
3. Aniônicos fracamente básicos contendo grupos amino
4. Aniônicos fortemente básicos

Classificação das Resinas


De acordo com os grupos ionizáveis presos às estruturas das resinas, elas se
classificam em quatro grupos básicos: catiônica fraca, catiônica forte, aniônica fraca
e aniônica forte.

Utilização das Resinas de Troca Iônica


As resinas de troca iônica são aplicadas em várias áreas de atuação:
 Tratamento de águas
 Resíduos nucleares
 Indústria Alimentícia
 Indústria Farmacêutica
 Agricultura
 Metalúrgica.

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Tabela 1: Iões de troca


Catião Anião
Cálcio (Ca++) Cloreto (Cl-)
Magnésio (Mg++) Sulfato (SO4--)
Sódio (Na+) Nitrato (NO3-)
Potássio (K+)

Ferro (Fe++, Fe+++) Carbonato (CO3--)


Magnésio (Mn++) Bicarbonato (HCO3-)
Gás Carbônico (CO2)

Sílica (SiO2)
Orgânicos (Ácidos Húmico/Fúlvico)
Fonte: Autor (2016)

Substâncias húmicas

As substâncias húmicas são compostos poliméricos heterogêneos, resultantes da


decomposição de resíduos de animais e vegetais em vários estágios de
decomposição. Genericamente é uma mistura de carboidratos, proteínas, lipídios,
que fornecem grande quantidade de grupos funcionais em suas estruturas,
passiveis às interações que beneficiem processos de biodisponibilidade de
nutrientes e contaminantes para o ambiente (STEHLICKOVA et al., 2009).

Origem, formação e estrutura das substâncias húmicas

A lignina não é o principal precursor de substâncias húmicas de solos. Além disso,


mostra que há grandes diferenças estruturais entre substâncias húmicas de
diferentes origens. Como as SH não podem ser definidas estruturalmente, a
classificação das diferentes frações baseia-se em suas características de
solubilidade, subdividindo-se em três principais frações:

• Humina- fração insolúvel em meio alcalino ou em meio ácido diluído. Possui


reduzida capacidade de reação.

• Ácidos Húmicos- fração escura solúvel em meio alcalino, precipitando-se em


forma de produto escuro e amorfo em meio ácido. Quimicamente são muito
complexos, formados por polímeros compostos aromáticos e alifáticos com
elevado peso molecular, e grande capacidade de troca catiônica. Combina-se com
elementos metálicos formando humatos, que podem precipitar (humatos de cálcio,
magnésio, etc.) ou permanecer em dispersão coloidal (humatos de sódio, potássio,
amônio, etc.).
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• Ácido Fúlvico - fração colorida que se mantém solúvel em meio alcalino ou em


meio ácido diluído. Quimicamente são constituídos, sobretudo, por polissacarídeos,
aminoácidos, compostos fenólicos, etc. Apresentam um alto conteúdo de grupos
carboxílicos e seu peso molecular é relativamente baixo. Combinam-se com óxidos
de Fe, Al, argilas e outros compostos orgânicos. Possuem propriedades redutoras e
formam complexos estáveis com Fe, Cu, Ca e Mg;

• Ácidos Himatomelânicos- fração dos ácidos húmicos solúveis em álcool.

PROPRIEDADES COLOIDAIS DAS SUBSTÂNCIAS HÚMICAS

As substâncias húmicas do solo possuem tamanho que permite incluí-las na faixa


dos colóides, ou seja, maior que 250 µm, exibindo características próprias,
destacando-se sua elevada superfície, a qual lhe confere alta reactividade. Esta
característica faz com que a fração orgânica do solo, mesmo em baixos conteúdos,
seja responsável por elevada porcentagem da CTC e CTA do mesmo. A formação
das sustâncias húmicas, apesar de já serem muito estudadas, com vários modelos
sugeridos, graças principalmente ao uso da técnica de espectroscopia de
ressonância magnética nuclear, definiu-se essas substâncias, como sendo
compostos bi ou tridimensionais, formados por estruturas aromáticas, com porções
de cadeias alifáticas estáveis, unidas por pontes de hidrogênio, contendo grupos
carboxílicos, carbonilas, fenílicos, alcoólicos, hidroquinonas, entre outras.

Importância das Substâncias Humidas para o Solo e as Plantas

As Substâncias humidas exercem influência amplamente reconhecida nas


propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e, consequentemente, no
crescimento das plantas.

PRINCIPAIS FUNÇÕES DAS SUBSTÂNCIAS HÚMICAS NO SOLO

DENSIDADE APARENTE
A matéria orgânica reduz a densidade aparente do solo. Conceitua-se densidade
aparente como sendo a relação existente entre a massa de uma amostra de solo
seco a 110º C e o seu volume global (aparente) ocupado pela soma das partículas e
poros. Os solos agricultáveis, de forma geral, possuem densidade aparente entre
1,2 e 1,7 g/cm³. O uso inadequado de práticas agrícolas pode promover degradação
e compactação dos solos tornando-os pouco produtivos. A grande estabilidade dos
complexos argilo-húmicos (huminas) e por sua característica, de floculação das
partículas dos solos, aumenta sua porosidade e consequentemente diminui a
densidade aparente dos solos.

AGREGAÇÃO
É definido como sendo o resultado da união das partículas primárias: areia, silte e
argila, e outros componentes do solo, como a Matéria Orgânica e os Carbonato de
Cálcio (CaCO3) e Carbonato de Magnésio (MgCO3), originando massas distintas com
agregados estáveis. Os agregados são arranjados de formas definidas, que
interagem e interferem
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directamente nos movimentos internos da água, ar, calor e crescimento de raízes,


constituindo o que se conceitua como estrutura do solo. Práticas como cultivos
adensados, cobertura morta, rotação com adubos verdes, compostos orgânicos e
roço das ervas nativas, tendem a aumentar a agregação do solo. As substâncias
húmicas e os minerais de argila, são dois agentes cimentantes que mais contribuem
para a agregação do solo. Há uma interação entre os colóides orgânicos e
inorgânicos do solo, formando complexos estáveis que favorecem sua
estruturação. As substâncias húmicas mostram-se mais eficientes que as argilas na
formação de agregados com areia.
A acção dos micélios dos fungos e actnomicetos ou as substâncias viscosas
produzidas pelas bactérias, funcionam como elementos aglutinantes das partículas.
Dos produtos resultantes da síntese microbiana, os polissacarídeos são os mais
importantes agentes cimentantes; dos produtos da decomposição da Matéria
Orgânica, componentes do húmus, os mais ativos são os materiais coloidais
contendo poliuronídeos, proteínas e substâncias do tipo lignina.

COR
A cor escura da maioria dos solos agrícolas é devido a estrutura das substâncias
húmicas tridimensionais, ricos em grupos funcionais aromáticos e alifáticos
conjugados que absorvem melhor os raios infravermelhos, favorecendo a elevação
da temperatura do solo, como influência na germinação, crescimento e atividade
microbiana.

CAPACIDADE DE INTERCÂMBIO IÔNICO


As substâncias húmicas incrementam a CTC e a CTA, protegendo e disponibilizando
os cátiões e âniões para às plantas. A Capacidade de Troca de Cátiões nada mais é,
que a capacidade química do solo em reagir com os minerais (nutrientes) catiônicos
(H+, K+, NH4+, Ca2+, Mg2+, Zn2+, Mn2+, Fe2+, Cu2+ e Al3+) fixando-os, e mantendo – os
disponíveis para às plantas, protegendo-os de perdas por lixiviação ou por reações
fortes de fixação, que os indisponibilizam. A CTC total do solo é constituída pelas
cargas permanentes, associadas às substituições isomórficas no interior das argilas
(Si4+ por Al³+ e Al³+ por Ca++) e pelas cargas variáveis, ou dependente de pH,
associadas aos grupos expostos das argilas e sexióxidos de Fe+++ e Al+++ (SiOH —>
SiO- + H+ e AlOH —> AlO- + H+) e os grupos funcionais das substâncias húmicas, tais
como carboxílicos (COOH+ —> COO- + H+).
As substâncias húmicas têm destacada capacidade para ligar-se, e reter os âniões
(NO3-, SO4²-, Cl-, OH-, PO4²-, CO³-) por possuir grupos amino, amido, ligações
peptídicas, polipeptídicos e outros nitrogenados. Estes âniões, ligados
directamente ou através de metais no caso dos fosfatos, são facilmente assimilados
pelas plantas. Esta propriedade de intercâmbio iônico das substâncias húmicas do
solo, quando bem manejada, optimiza a eficiência dos fertilizantes e reduz a sua
acção contaminante. Esta característica define a acção tampão das substâncias
húmicas nos solos.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

CAPACIDADE DE RETER HUMIDADE


As substâncias húmicas têm imensa capacidade de reter água no solo, mediante a
formação de agregados. Pela propriedade coloidal das substâncias húmicas, a
agregação das moléculas pelas ligações covalentes com o hidrogênio, formando
estruturas esponjosas, com grandes espaços vazios, consegue reter grandes
quantidades de água no solo, liberando-a lentamente para a planta, controlando
sua água capilar. A matéria orgânica fresca, tem capacidade de retenção de água
em torno de 80% do seu peso, a medida que vai sendo humificada, essa capacidade
se eleva para cifras médias de 160%; a matéria orgânica bem humificada, rica em
colóides, como as turfas e os solos orgânicos, podem ter de 300 a 400% de
capacidade de retenção, enquanto as substâncias húmicas puras podem alcançar
de 600 a 800% de capacidade de reter água, ou seja, de 6 a 8 vezes o seu peso
(OLIVEIRA et al., 2007; SERUDO et al., 2007).

SOLUBILIDADE
A solubilidade das substâncias húmicas além de dependerem do pH do meio,
dependem da associação com materiais minerais, como argila, silte e areia, como
também, com sais solúveis, formando estruturas bi ou tridimensionais insolúveis
evitando a perda de nutrientes por lixiviação em solos arenosos. Esta é uma das
características da estabilidade dessas substâncias no solo.

COMPLEXAÇÃO E QUELATIZAÇÃO
Estas substâncias podem formar complexos ou quelatos relativamente estáveis
com cátiões polivalentes como Zn²+, Cu²+, Mn²+ e Fe²+, etc, aumentando sua
disponibilidade para as plantas.

MINERALIZAÇÃO
A degradação das substâncias húmicas no solo promove a liberação de compostos
como CO2, H2O, NO3-, PO4-2, SO4-2, etc., sendo uma importante fonte destes
nutrientes para a biofauna do solo. Para as plantas, o efeito seria mais indirecto
porque normalmente estas substâncias não são significativamente ricas em
nutrientes.

Biorremediação e fitoremediação.
Biorremediação é um processo de tratamento no qual organismos vivos,
geralmente microrganismos ou plantas, são utilizados tecnologicamente para
remover ou reduzir poluentes no ambiente. Pode ser aplicado em águas superficiais
e subterrâneas, bem como em solos e resíduos industriais, em aterros, áreas de
contenção. Embora existam tecnologias de despoluição que utilizem processos
físicos e/ou químicos, o método biológico vem se mostrando a maneira mais
ecologicamente adequada e eficaz, além de ser em geral mais barata.

De acordo Baird (2002), para que uma técnica de Biorremediação funcione com
efetividade, devem ser cumpridas várias condições:

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 Os resíduos devem ser susceptíveis à degradação biológica e estar presentes


sob uma forma física acessível para os microrganismos;
 Os microrganismos apropriados devem estar disponíveis;
 As condições ambientais – tais como pH, temperatura, nível de oxigênio,
Capacidade das enzimas da célula de atuarem sobre o poluente – devem ser
adequadas.

Os processos de biorremediação têm lugar sob condições tanto aer aeróbicas como
anaeróbicas. No tratamento aeróbico de resíduos, são usadas bactérias e fungos
aeróbios que utilizam oxigênio; do ponto de vista químico, os processos são
oxidativos na medida em que os microrganismos servem-se dos resíduos como
fonte alimentar.

A fitorremediação é uma técnica que utiliza plantas como o agente de


descontaminação do solo e da água. O uso de sistemas é baseados em plantas para
a remediação de solos contaminados. ANDRADE et al., (2007) É uma alternativa aos
métodos convencionais de remoção física da camada contaminada do solo, ou do
tratamento da água ou do solo com diversas tecnologias, como lavagem dos
sedimentos. As substâncias alvo da fitorremediação incluem metais como chumbo,
zinco, cobre níquel, mercúrio e selênio (Pb, Zn, Cu, Ni, Hg, Se), compostos
inorgânicos (NO3-, NH4+, PO43-, elementos químicos radioativos (U, Cs, Sr),
hidrocarbonetos derivados de petróleo (BTEX), pesticidas e herbicidas (atrazine,
bentazona, compostos clorados e nitro-aromáticos), explosivos (TNT, DNT),
solventes clorados, como tricloroetano e tetra-cloro-etileno (TCE e PCE), e resíduos
orgânicos industriais, como pentaclorofenol e hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos (PCP, PAHs), entre outros.

MECANISMOS DE FITORREMEDIAÇÃO

Na fitorremediação, os vegetais podem actuar de forma directa ou indirecta na


redução e/ou remoção dos contaminantes. Na remediação directa, os compostos
são absorvidos e acumulados ou metabolizados nos tecidos, através da
mineralização dos mesmos. Na forma indirecta, os vegetais extraem contaminantes
das águas subterrâneas, reduzindo assim a fonte de contaminação ou quando a
presença de plantas propícia meio favorável ao aumento da actividade microbiana,
que degrada o contaminante. Os mecanismos de fitorremediação considerados
directos subdividem-se em fitoextração, fitotransformação e fitovolatilização, e os
mecanismos indirectos em fitoestabilização e fitoestimulação (Figura 2.9).

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Figura 2.9: Mecanismos utilizados pelas plantas no processo de fitorremediação. Fonte :


ANDRADE et al (2007)

FITOEXTRAÇÃO

Este mecanismo se refere à capacidade da planta em absorver o contaminante do


solo, armazená-lo em suas raízes ou em outros tecidos (folhas e caules), facilitando
posteriormente seu descarte. Estima-se que a fitoextração possa reduzir a
concentração de contaminantes a níveis aceitáveis num período de 3 a 20 anos.

FITOTRANSFORMAÇÃO

Neste mecanismo, a planta absorve o contaminante da água e do solo fazendo a


sua bioconversão, no seu interior ou em sua superfície, para formas menos tóxicas.
É empregado, principalmente, na remediação de compostos orgânicos.

FITOVOLATILIZAÇÃO

A planta após absorver os contaminantes, provenientes do solo ou da água,


converte-os para formas voláteis, sendo posteriormente libertados na atmosfera.
A volatilização pode ocorrer pela biodegradação na rizosfera ou após a passagem
na própria planta e dependendo da atuação ou não dos processos metabólicos, a
libertação do contaminante para a atmosfera pode ocorrer na forma original ou
transformada.

FITOESTIMULAÇÃO / RIZODEGRADAÇÃO

Neste mecanismo indirecto, a planta estimula a biodegradação microbiana dos


contaminantes presentes no solo ou na água, através de exsudados radiculares,
fornecimento de tecidos vegetais como fonte de energia, sombreamento e
aumento da umidade do solo, favorecendo as condições ambientais para o
desenvolvimento dos microorganismos.

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FITOESTABILIZAÇÃO

Este mecanismo se refere a capacidade que algumas plantas possuem em reduzir a


mobilidade e a migração dos contaminantes presentes no solo, seja através da
imobilização, lignificação ou humidificação dos poluentes nos seus tecidos vegetais.
Os contaminantes permanecem no local. A vegetação e o solo podem necessitar de
um longo tempo de manutenção para impedir a libertação dos contaminantes e
uma futura lixiviação dos mesmos ao longo do perfil do solo.

Vantagens e Desvantagens de Fitorremediação

Vantagens Desvantagens
1. Custo relativamente baixo; 1. Para remediar o solo, os metais
2. Benefícios estéticos, como devem estar a uma distância
melhorias na paisagem; inferior a 5 m da superfície;
3. Natureza não invasiva. 2. O clima é um factor que pode
4. Reduzido impacto ambiental; restringir o crescimento das
5. Cobertura para a vida animal; plantas;
6. Redução do transporte de 3. Tratamento mais lento do que
contaminantes no solo; pelas técnicas fisico-químicas
7. Aplica-se a áreas extensas, tradicionais;
onde outras tecnologias são 4. Risco de contaminação na
proibitivas; cadeia alimentar;
8. Aumentam a porosidade, a 5. Dificuldade na selecção de
infiltração de água, fornecem e plantas para fitorremediação;
reciclam nutrientes, além da 6.
prevenção da erosão;
9. Utiliza energia solar para
realizar os processos.
Fonte: Autor (2016)

Unidade 5.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. Quais são as classificações dos Sedimentos profundos e da troca Iónica?


2. Fale das principais funções das substâncias húmicas no solo.

3. Dá conceito da Biorremediação e fitoremediação e classifique.

4. Apresente as Vantagens e Desvantagens de Fitorremediação.

5. Fale de mecanismos de fitorremediação e seu impacto no ambiente.

Multipla escolha

6. O processo de intemperismo Depende:

a. Condições ambientais e Características climáticas.


b. Condições ambientais e Características dos minerais.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

c. Condições ambientais e temperatura.


d. Temperatura e Características dos minerais.

7. O solo é a camada mais superficial da crosta, é composto por sais minerais


dissolvidos na água intersticial, seres vivos e rochas em decomposição. É formada
por quatro camadas principais:

a. Rica em húmus, Sais minerais e de rochas parcialmente decompostas.


b. Rica em areias, Sais minerais e de rochas parcialmente decompostas.
c. Rica em argilas, Sais minerais e de rochas parcialmente decompostas.
d. Rica em húmus, Sais em materia inorgânica e de rochas parcialmente
decompostas.

8. Degradação da matéria orgânica: {CH2O} + O2 → CO2 + H2O. Há Aumento da


concentração de CO2 na água do solo e consequentimente:
a. pH aumenta e [H+] aumenta degradação das rochas calcárias;
b. pH diminui e [H+] aumenta degradação das rochas calcárias;
c. pH diminui e [H+] diminui degradação das rochas calcárias;
d. Todas opções estão correctas.
9. Intemperismo químico ocorre modificação da composição química e
mineralógica do material. Esta subdivide em duas formas:

a. Intemperismo geobiológico Intemperismo pedoquímico


b. Intemperismo geoquímico e Intemperismo geobiológico
c. Intemperismo geoquímico e Intemperismo pedoquímico
d. Intemperismo físico e Intemperismo pedoquímico
10. A água é um solvente com características únicas. A água funciona como base na
ionização de ácidos e como ácido na ionização do amoníaco. Uma espécie deste
tipo, que se comporta como um ácido numa reacção e noutra como base, diz-se
que ela possui as:

a) Propriedades anfotérica; b) Propriedades Neutras.

c) Propriedades ácidas d) Propriedades básicas.

11. Precipitação é a remoção de um soluto de uma solução saturada, pela formação


de um composto sólido, tipicamente cristalino, através da perda da solubilidade
provocada por um método químico, seu símbolo é Q. Há formação de precipitado
quando:

a. Q <Kps; b) Q> Kps c)Q=Kps d) Nenhuma das


alternativas.
Verdadeiro ou Falso
12. Saturada: contém a máxima quantidade de soluto dissolvido em um dado
volume de solvente a uma dada temperatura (V).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

13. Insaturada: contém uma quantidade de soluto dissolvido superior à


solubilidade possível a uma dada temperatura (F).

14. Supersaturada: contém mais soluto dissolvido e tende a precipitar parte do


soluto, formando uma solução saturada com partículas de fundo (V).

15. Intemperismo é o conjunto de fenômenos físicos e químicos que levam à


degradação e enfraquecimento das rochas (V).

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TEMA VI: Fertilizantes Químicos e seus efeitos sobre o solo


Unidade 6.1. Introdução. Metais pesados
Unidade 6.2. Bioconcentração e Bioinorgânica
Unidade 6.3. Bioacumulação e Biomagnificação
Unidade 6.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 6.1. Introdução Metais pesados


Introdução

A crescente poluição ambiental nas últimas décadas vem tornando os metais


pesados uma ameaça constante aos seres vivos. Entre estes, o Pb é um dos mais
importantes, tendo em vista a quantidade de áreas contaminadas e seus efeitos
deletérios sobre a saúde humana. O termo metal pesado é aplicado a um grupo
heterogêneo de elementos, incluindo metais, ametais e semi-metais. Muitas vezes
são utilizados alguns sinônimos, como: elementos-traço ou metais-traço, que não
são adequados, visto que o quantitativo traço na química analítica quantitativa é
reservado para designar concentrações ou teores de quaisquer elementos que não
podem, por muito baixos, serem quantificados pelos métodos empregados na sua
determinação. A característica principal destes elementos é de possuírem peso
específico maior do que 6 g cm-3 (alguns autores aceitam 5 g cm-3) ou número
atômico maior do que 20 MENESES (2008).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Identificar os fertilizantes químicos e seus efeitos sobre o solo;
 Classificar os fertilizantes sob o ponto de vista químico e físico;

Fertilizantes Químicos

Os elementos químicos presentes nos fertilizantes, conforme a quantidade ou


proporção podem ser divididas em duas categorias: macronutrientes (carbono,
hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre) e
micronutrientes (boro, cloro, ferro, manganês, cobre, molibdênio, zinco, sódio,
silício e cobalto). Se o solo não dispuser de suficiente quantidade de qualquer dos
nutrientes mencionados, mesmo aqueles minimamente necessários, há prejuízo no
crescimento e no desenvolvimento da planta. As deficiências mais comuns são de
nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), daí a fórmula básica dos fertilizantes, NPK,
que indica o percentual de nitrogênio na forma de N elementar, o teor percentual
de fósforo na forma de
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pentóxido de fósforo, P2O5, e o conteúdo percentual de potássio na forma de óxido


de potássio, K2O. Como importante componente das proteínas e da clorofila, o
nitrogênio frequentemente é factor primordial no aumento da produtividade
agrícola. O fósforo é responsável pelos processos vitais das plantas, pelo
armazenamento e utilização de energia, promove o crescimento das raízes e a
melhora da qualidade dos grãos, além de acelerar o amadurecimento dos frutos. O
potássio é responsável pelo equilíbrio de cargas no interior das células vegetais,
inclusive pelo controlo da hidratação e das doenças da planta.
Classificação sob o ponto de vista químico

Fertilizantes minerais: são os fertilizantes constituídos de compostos inorgânicos


(compostos desprovidos de carbono). São também considerados fertilizantes
minerais aqueles constituídos de compostos orgânicos (compostos que contêm
carbono) sintéticos ou artificiais, como a uréia – CO (NH2)2, a calciocianamida e os
quelatos.

Os fertilizantes minerais se subdividem em três classes:

a) Fertilizantes simples: são os fertilizantes constituídos fundamentalmente de um


composto químico, contendo um ou mais nutrientes vegetais, quer sejam eles
macro ou micronutrientes ou ambos.

b) Fertilizantes mistos ou misturas de fertilizantes: são os fertilizantes resultantes


da mistura de dois ou mais fertilizantes simples.

c) Fertilizantes complexos: são misturas de fertilizantes resultantes de processo


tecnológico em que se formam dois ou mais compostos químicos. São misturas
produzidas com a participação de matérias-primas (amônia – NH3, ácido sulfúrico –
H2SO4, ácido fosfórico – H3PO4), as quais dão origem a compostos químicos como
sulfato de amônio – (NH4)2SO4, fosfato monoamônico (MAP) – NH4H2PO4, fosfato
diamônico (DAP) – (NH4)2HPO4.

1.2. Fertilizantes orgânicos: são os fertilizantes constituídos de compostos


orgânicos de origem natural, vegetal ou animal. É importante distinguir-se bem a
capacitação dos fertilizantes minerais e orgânicos. Isso fica facilitado utilizando-se
o conceito de melhorador ou condicionador do solo: são produtos que promovem
a melhoria das propriedades físicas (porosidade, aeração, capacidade de retenção
de água) ou físico-quimicas (capacidade de retenção de cátiões) do solo. Exemplo:
serragem, vermiculita ( (MgFe,Al)3(Al,Si)4O10(OH)2.4H2O).

1.3. Fertilizantes organo-minerais: são os fertilizantes resultantes da mistura de


fertilizantes orgânicos e minerais. O objectivo dessas misturas é enriquecer os
materiais orgânicos de nutrientes vegetais. Porém, sua aplicabilidade tem sido
restrita porque só se consegue produzir essas misturas com concentrações
relativamente baixas tanto do componente orgânico como do mineral.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Classificação sob o ponto de vista físico

2.1. Sólidos: são os fertilizantes que se apresentam no estado sólido. Os


fertilizantes sólidos estão subdivididos em duas classes:

a) Pó ou farelo: quando as partículas são de pequenas dimensões.

b) Granulado: quando as partículas são de dimensões que permitem caracterizar


um grânulo. Nesta classe, as misturas de fertilizantes apresentam peculiaridades
próprias:

 - Misturas de grânulos ou misturas de granulados: são as obtidas pela


simples mistura de dois ou mais fertilizantes simples previamente
granulados. São misturas físicas e caracterizam-se por apresentar os
nutrientes contidos em grânulos distintos;
 - Misturas granuladas: são as obtidas pela mistura de dois ou mais
fertilizantes simples em pó e sua posterior granulação, ou são obtidas de
uma mistura complexa e posterior granulação. No primeiro caso, são
também misturas físicas e, no segundo, misturas químicas; mas ambas
caracterizam-se por conter, em cada grânulo, todos os nutrientes
garantidos na mistura.

2.2. Fluidos ou Líquidos: são os fertilizantes que se apresentam no estado liquido.


Estão subdivididos em duas classes:

a) Soluções: são os fertilizantes líquidos que se apresentam na forma de soluções


verdadeiras, isto é, isentas de material sólido.

b) Suspensões: são os fertilizantes líquidos que se apresentam na forma de


suspensões, isto é, uma fase sólida dispersa num meio líquido.

2.3. Gasosos: são os fertilizantes que se apresentam no estado gasoso, nas


condições normais de temperatura e pressão. O único fertilizante que se apresenta
nesta forma é a amônia anidra (NH3).

Os efeitos de Fertilizantes Químicos no solo

Metais pesados

Metais pesados são elementos químicos que apresentam número atômico superior
a 20. Também podem ser definidos por sua singular propriedade de serem
precipitados por sulfetos. Entretanto, a definição mais difundida é aquela
relacionada com a saúde pública: metais pesados são aqueles que apresentam
efeitos adversos à saúde humana.

Eles têm densidade superior a 6 g/cm3 e ocorrem naturalmente em rochas mas se


estiverem em uma concentração alta no solo isso resulta de uma contaminação. Os
metais pesados pertencem ao grupo dos elementos geoquimicamente descritos
como “elementos traços” que juntos compõem menos de 1% das rochas da crosta.

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Todos os elementos traços são tóxicos para os organismos vivos em concentração


elevada, mas alguns são essenciais para esses seres vivos em concentração baixa.
Elementos essenciais: Co, Cr, Cu, Mn, Mo (plantas unicamente), Ni (plantas
unicamente), Se, Zn, Fe, B, I são essenciais mas não são metais pesados (nem metais
no caso de B e de I). Elementos não essenciais: Ag, As, Ba, Cd, Hg, Pb, Sb, Tl Todos
(essenciais e não essenciais) são tóxicos em concentração elevada.

Os metais responsáveis pela contaminação dos solos mais importantes são: Cd, Cr,
Hg, Pb e Zn.

Fontes de metais pesados: Minerações metalíferas Porque no minério de um metal


desejado sempre têm outros metais. A maioria dos sítios de mineração são
contaminados com outros metais e não metais (enxofre); Fusão dos metais;
Indústrias metalúrgicas; Outras indústrias contaminadoras Fontes de poluição
atmosférica, efluentes líquidos, lixo sólidos • Indústria electrônica (semi-
condutores, circuitos, soldas, baterias...) Cd, Ni, Pb, Hg, Se, Sb.

• Pigmentos e tintas: Pb, Cr, As, Sb, Se, Mo, Cd, Co, Ba, Zn • Indústrias de plásticos
(estabilizantes de polímeros) Cd, Zn, Sn, Pb • Indústrias químicas (catalisadores e
eletrodos) Hg, Pt, Ru, Mo, Ni, Sn, Sb, Pd, Os.

Os metais pesados são retidos no solo por três vias: 1) Por adsorção sobre as
superfícies das partículas minerais; 2) Por complexação pelas substâncias húmicas
das partículas orgânicas; 3) Por reações de precipitação. Precipitação de íões
mercúrio e cádmio envolvem a formação de sulfetos insolúveis (HgS e CdS) quando
o íão livre em solução encontra-se com um íão sulfeto, S2-.

Unidade 6.2. Bioconcentração e Bioinorgânica


Introdução

Existe uma grande preocupação com relação ao aumento da poluição ambiental


resultante do incremento do emprego intensivo e extensivo de produtos químicos,
da libertação de substâncias potencialmente tóxicas, dos lançamentos de efluentes
industriais e urbanos, bem como de seus efeitos para os ecossistemas e,
consequentemente, para o homem. Com o aumento das actividades industriais,
agrícolas e mineradoras, bem como o crescimento populacional observados no
último século, uma série de contaminantes (matéria orgânica, poluentes orgânicos
e um grande número de compostos metálicos) vem sendo libertada para o meio
ambiente, principalmente para a atmosfera e os ecossistemas aquáticos. Os
contaminantes de compostos metálicos presentes nos efluentes das actividades
antrópicas apresentam pouca solubilidade na água resultando, então, em baixas
concentrações, mesmo em locais próximos às suas emissões pontuais, via efluente.
Entretanto, em ambientes estuarios, os contaminantes metálicos estão
preferencialmente associados ao material particulado em suspensão, que lhes
serve de veículo para áreas mais distantes das suas fontes.
Dentre os diferentes metais que despertam interesse ambiental, presentes nos
efluentes industriais e agrícolas e que, também, em diversas regiões apresentam

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

concentrações naturais relativamente elevadas, encontra-se o mercúrio (Hg). A


exposição ambiental ao Hg via cadeia alimentar, principalmente para consumidores
de nível trófico superior, incluindo-se o homem, é significativamente maior, uma
vez que este metal apresenta alta toxicidade e capacidade de sofrer
biomagnificação ao longo das cadeias tróficas. Este metal na sua forma orgânica
mais tóxica, metilmercúrio (MeHg), é bioacumulado em até um milhão de vezes ao
longo da cadeia trófica aquática, desde a sua base (micro-organismos e plâncton)
até os organismos de topo (peixes predadores e mamíferos) através de adsorção
na superfície corporal e, principalmente, pela ingestão de alimento (peixes,
crustáceos e cefalópodes).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Descrever os conceitos de bioconcentração e bioinorgânica;
 Levantar a Importância da bioinorgânica e bioconcentração.

Bioconcentração é o processo de aumento da concentração de compostos


químicos em um organismo aquático em relação a sua concentração na água. Essa
incorporação ocorre por meio da absorção pela água a qual ocorre pela superfície
respiratória e/ou pela pele.

A bioconcentração também é o processo que causa o aumento da concentração


química de uma substância em um organismo aquático, comparado com a
concentração na água, devido à absorção da substancia por via respiratória ou
superficial. Além disso, substâncias se incorporam na biota ao longo da cadeia
alimentar por captação dietética, também chamada de biomagnificação. A soma da
bioconcentração e biomagnificação é a bioacumulação. A bioconcentração é
investigada sob as condições de laboratório. A bioacumulação por sua vez, não
pode assim determinada por envolver o efeito de biomagnificação.

Bioinorgânica
A Química Bioinorgânica é uma ciência que se situa na interface das áreas mais
clássicas da Química e da Biologia Inorgânica (Silva e Silva, 2011). É um ramo da
ciência que visa estudar o papel de elementos metálicos e não metálicos nas
funções biológicas, pois muitos deles desempenham uma importância essencial em
vários processos biológicos e complexos metálicos nos biossistemas. É ainda
responsável por investigações de elementos inorgânicos em nutrição e dos níveis
de toxicidade das espécies inorgânicas.

Importância da bioinorgânica

A química bioinorgânica tem importância no estudo de proteínas de


transferência eletrônica, actividade enzimática de metaloenzimas, transporte e
armazenamento de metais em sistemas biológicos, proteínas de transporte e

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

ativação de oxigênio molecular, ATKINS et all (2008). Proteínas de transferência


eletrônica são aquelas capazes de reduzir o centro activo de uma outra enzima
(muitas vezes, também uma metaloproteína) fornecendo-lhe os elétrões
necessários para a sua actividade enzimática. Podem ser intermediárias entre duas
outras proteínas de transporte electrónico, oxidando a proteína doadora e
reduzindo a receptora, ou um doador eletrônico não protéico, como o NADH, e uma
proteína. As maiores classes de proteínas de transferência eletrônica são: proteínas
de ferro-enxofre, como a rubredoxina ou a ferredoxina; proteínas de cobre, como
a azurina; citocromos. Estas proteínas complementam a actividade de transporte
eletrônico da nicotinamida adenina dinucleótido (NAD) e flavina adenina
dinucleótido (FAD).

Fonte: BENITE, et al 2007: estrutura de NADH: Fórmula: C21H27N7O14P2; Massa


molar: 663,43 g/mol; Ponto de fusão: 160 °C e Solúvel em Água.

O transporte e armazenamento de metais refere-se em específicos os canais de


transporte de íões através de membranas, sideróforos (moléculas que complexam
metais para ajudar à sua solubilização, captura e assimilação, especialmente em
bactérias) e outras proteínas envolvidas na regulação dos níveis intra e
extracelulares de íões metálicos. As metaloproteínas envolvidas no transporte e
ativação do oxigênio molecular possuem na sua maioria ferro (Fe), cobre (Cu)
e manganês (Mn) na sua estrutura. A proteína hemoglobina é possivelmente o
exemplo mais conhecido de metaloproteína de transporte de oxigênio: o
grupo hemo contido na estrutura da hemoglobina possui um átomo de ferro no seu
centro, ao qual se liga e desliga a molécula de dioxigénio. Outros sistemas de
transporte de oxigênio incluem a mioglobina, a hemocianina e a hemeritrina.
Algumas metaloproteínas protegem sistemas biológicos de danos causados
por espécies reactivas de oxigênio , como o ânião radical super-óxido ou o peróxido
de hidrogênio (H2O2); nestas incluem-se enzimas como as superóxido dismutases,
e peroxidases como a catálise. Sistemas bioorganometálicos como
as hidrogenases e a metilcobalamina são exemplos de química
organometálica encontrada em sistemas biológicos. As vias
de metabolismo de azoto usam diversas metaloproteínas. A mais reconhecida é
a nitrogenase. Outra enzima de relevo nestas vias é a óxido nítrico sintase,
responsável pela produção de óxido nítrico.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Para entender o papel dos elementos (diferentes de C, H, O e N) nas estruturas e


no funcionamento dos organismos vivos, é necessário saber um pouco sobre a
organização do “átomo” da biologia, a célula, e suas “partículas fundamentais”, as
organelas constituintes da célula. As células vivas e as organelas são envoltas por
membranas; as concentrações de elementos específicos podem variar
enormemente entre diferentes compartimentos devido a ação das bombas de íons
e dos canais chaveados.

Unidade 6.3. Bioacumulação e Biomagnificação


Introdução

As expressões bioacumulação e biomagnificação descrevem um processo pelo qual


a concentração de poluentes nos animais aumenta na direção do topo da cadeia
alimentar.
Bioacumulação é o termo geral que descreve um processo pelo qual substâncias
(ou compostos químicos) são absorvidas pelos organismos. O processo pode
ocorrer de forma direta, quando as substâncias são assimiladas a partir do meio
ambiente (solo, sedimento, água) ou de forma indireta pela ingestão de alimentos
quem contém essas substâncias. Esses processos frequentemente ocorrem de
forma simultânea, em especial em ambientes aquáticos.
Bioacumulação como sendo o acúmulo de um ou mais elementos-traço nos tecidos
de um organismo, como resultado do consumo de todas as rotas ou fontes
disponíveis de alimento, EÇA et al. (2012). Em outras palavras, bioacumulação é o
somatório de sucessivas absorções de substâncias químicas no organismo.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Dar conceitos da Bioacumulaçao e Biomagnificaçao;
 Descrever os principais problemas causados por Bioacumulaçao e
Biomagnificaçao de produtos químicos.

Bioacumulação e Biomagnificação

A bioacumulação engloba dois processos: a bioconcentração e a biomagnificação.


Mizukawa (2012) define bioconcentração como o acúmulo gradual de substâncias
químicas nos tecidos dos organismos vivos ao longo do tempo e biomagnificação
como resultando de uma sequência de bioacumulação que aumenta
significativamente ao longo de uma cadeia alimentar. Por outras palavras,
Biomagnificação (ou magnificação trófica) é um fenômeno que ocorre quando há
acúmulo progressivo de substâncias de um nível trófico para outro ao longo da teia
alimentar. Assim, os predadores de topo têm maiores concentrações dessas
substâncias do que suas presas.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Embora, o termo "bioacumulação" possa ser confundido ou usado como sinônimo


de “biomagnificação” ou mesmo “bioconcentração” existe uma distinção
importante entre esses termos. Bioacumulação ocorre num nível trófico e
representa o aumento da concentração de uma substância nos tecidos ou órgãos
dos organismos. Bioconcentração ocorre quando as substâncias são absorvidas
pelos organismos em concentrações mais elevadas do que o ambiente circundante.
Assim, a bioconcentração e a bioacumulação ocorrem dentro de um organismo,
enquanto a biomagnificação ocorre entre os diferentes níveis da cadeia alimentar
(níveis tróficos).
Para ilustrar como ocorre a bioacumulação, suponhamos uma vaca se alimente de
uma vegetação que ficou contaminada por resíduos de fortes pesticidas. No
primeiro dia em que ela se alimentar com essa vegetação, seu organismo absorverá
um percentual desse pesticida. Conforme ela continuar se alimentando
diariamente da mesma vegetação contaminada, aumentará por acumulo, a
concentração do pesticida em seu organismo. Posteriormente, ela transferirá um
determinado percentual de concentração desse pesticida ao ser humano que se
alimentar de sua carne. E as consequências na saúde serão desastrosas.
As classes de compostos com maior capacidade de bioacumulação são compostos
cíclicos, aromáticos e clorados com moléculas grandes, ou seja, pesos moleculares
maiores do que 236g/mol. Um exemplo muito conhecido é o pesticida DDT.
Actualmente o DDT é proibido em Muitos países. No entanto, continua a ser usado
em alguns países (como Moçambique) no combate à malária e outras doenças
tropicais, matando mosquitos e outros insectos transmissores.

A bioacumulação é um processo decorrente do acúmulo de um composto químico,


um elemento químico ou um isótopo, em elevadas concentrações nos organismos,
independente do nível trófico.

O processo pode ocorrer de forma direta, sendo efetuada diretamente a partir do


meio ambiente onde o ser vivo está inserido, ou de forma indireta, quando ocorre
pela alimentação e frequentemente de forma simultânea, principalmente em
ambientes aquáticos.

Se um peixe ou fruto do mar tem seu habitat contaminado por metais pesados,
podem absorver esses contaminantes em seu organismo, acumulando-os em seus
tecidos e, posteriormente, se seres de um nível trófico mais elevado se alimentarem
desses peixes, serão contaminados, fazendo com que o contaminante suba na
cadeia alimentar.

A contaminação da cadeia alimentar provoca um aumento da concentração do


contaminante a cada nível trófico, designando-se o processo por bioampliação ou
biomagnificação. A bioacumulação é um termo muito amplo que se refere a um
processo que inclui a bioconcentração e qualquer ingestão de resíduos químicos de
fontes alimentícias.

Para que esses processos ocorram, a substância deve ser lipossolúvel, ou seja,
possuir a propriedade de se dissolver em gorduras, podendo assim fixar-se nos
tecidos dos seres vivos.
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Biomagnificação (ou magnificação trófica) é um fenômeno que ocorre quando há


acúmulo progressivo de substâncias de um nível trófico para outro ao longo da teia
alimentar. Assim, os predadores de topo têm maiores concentrações dessas
substâncias do que suas presas. A Biomagnificação é o aumento na concentração
de um contaminante a cada nível da cadeia alimentar. Esse fenômeno ocorre
porque a fonte de alimento para organismos de um nível superior na cadeia
alimentar é progressivamente mais concentrada, aumentando assim a bio-
acumulação no topo da cadeia alimentar.

Unidade 6.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. Apresente a classificação dos Fertilizantes Químicos.


2. Descreve os impactos no uso de fertilizantes Químicos para o Meio ambiente.
3. O que são Bioconcentração e Bioinorgânica e quais são suas importâncias
biologicas?
4. Quais são as fontes dos metais pesados e que impactos mortíferos criam ao meio
ambiente?
5. Dar conceito de Bioacumulação e Biomagnificação e apresentar seus impactos
para os seres vivos.

6. Apresente as principais doenças humanas causados por metais pesados.


7. Os dois exemplos de fertilizantes sintéticos que na sua composição contém
compostos orgânicos ou carbono são:

a) Ureia e Quelatos; b) Ureia e vermiculita

c) Quelatos. e vermiculita d) Todos

8. Os principais metais responsáveis pela contaminação dos solos são:

a. Cd, B, Hg, Pb e Zn
b. Cd, Cr, Hg, Pb e Zn
c. Cd, Cr, Hg, P e Zn
d. Todos eles são.

9. Todos os elementos traços são tóxicos para os organismos vivos em concentração


elevada, mas alguns são essenciais para esses seres vivos em concentração baixa.
Os elementos essenciais são:

a. Co, C, Cu, Mn, Mo


b. Co, Cr, Cu, Hg, Mo
c. Co, Cr, Cu, Mn, Mo
d. Nenhuma das opções esta correcta.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

10. As metaloproteínas envolvidas no transporte e ativação do oxigênio


molecular possuem na sua estrutura a maioria dos elementos:

a. Ferro (Fe), cálcio (Ca) e manganês (Mn).


b. Ferro (Fe), cobre (Cu) e mangnésio (Mg).
c. Ferro (Fe), cobre (Cu) e mercúrio (Hg).
d. Ferro (Fe), cobre (Cu) e manganês (Mn).
11. A formula química de água é convencionalmente representada por:

a) H2O b) H2O2 c) HO2 d) H3O+

12. Fertilizantes complexos são misturas de fertilizantes resultantes de processo


tecnológico em que se formam dois ou mais compostos químicos. Os três
exemplos que apresentamos são:

a. (CH4)2SO4, NH4H2PO4 e (NH4)2HPO4


b. (NH4)2SO4, CH4H2PO4 e (NH4)2HPO4
c. NH4)2SO4, NH4H2PO4 e (NH4)2HPO4
d. Todas são correctas.

13. A bioconcentração também é o processo que causa o aumento da


concentração química de uma substância em um organismo aquático, comparado
com a concentração na água, devido à absorção da substancia por via respiratória
(V).

14. Fluidos são os fertilizantes químicos que se apresentam no estado sólido (F).

15. Fertilizantes organo-minerais são os fertilizantes resultantes da mistura de


fertilizantes orgânicos e minerais. O objectivo dessas misturas é enriquecer os
materiais orgânicos de nutrientes vegetais (V).

16. NPK é a fórmula básica dos fertilizantes químicos, por envolver elementos
como Nitrogénio, Fósforo e Potássio respectivamente (V).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

TEMA VII: Radioatividade


Unidade 7.1. Introdução. A descoberta da Radioactividade
Unidade 7.2. Produção de energia por processos de fissão e fusão nuclear
Unidade 7. 3: Principais Problemas Ambientais da Atualidade
Unidade 7.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 7.1. Introdução. A descoberta da Radioactividade


Introdução

A Radioactividade está ligada directamente ao núcleo do átomo, na qual ao final do


processo de reacção o núcleo sofre alteração. Ao contrário da reação química em
que o núcleo permanece inalterado, sofrendo mudanças apenas na eletrosfera do
átomo. Por isso é importante que você perceba a diferença entre uma reacção
química e uma reacção nuclear. As reacções químicas estão relacionadas à
eletrosfera. Antes e depois delas, os átomos estão unidos de maneira diferente. Por
exemplo, quando uma molécula de H2 e uma de Cl2 reagem para formar duas
moléculas de HCl, os átomos de H, que estavam unidos entre si (na molécula H2) e
os átomos de Cl, que também estavam unidos entre si (na molécula Cl 2) passam a
se unir de modo diferente: cada H estará ligado a um Cl (nas moléculas HCl).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer a história da descoberta da radioctividade;
 Descrever a importância para o Homem.

A descoberta da radioatividade

A descoberta dos raios X por Roentgen (novembro de 1895) provocou muito


entusiasmo entre os cientistas daquela época. Durante uma das secções da
Academia de Ciências de Paris (Académie des Sciences, Paris), Henri Poincare, físico
francês, apresentou, com a intenção de discuti-lo, uma cópia do trabalho de
Roentgen sabre a natureza dos raios X. Naquela reunião Becquerel expressou suas
idéias sobre a constituição dos raios X. Seu interesse pela natureza dos mesmos
assinalaria o início de uma série de experiências que levariam o físico francês a
descoberta da emissão espontânea de radiações ou "radioatividade natural” pelo
urânio. Em um curto período de tempo, Becquerel apresentou uma série de
trabalhos memoráveis na Academia de ciências de Paris, principalmente o último
destes [Emission de radiations nouvelles para l'uranium métallique], em que
comunicava ao mundo sua descoberta sobre minerais de urânio de forma
detalhada. Estes "emitiam radiações capazes de impressionar placas fotográficas e
atravessar certos materiais". Em seu trabalho demonstrou que tais radiações eram
capazes de “descarregar corpos carregados e penetrar substâncias opacas a luz, tais
como cartão, alumínio, cobre e platina”. Sem dúvida, a descoberta da emissão
espontânea de radiações pelo urânio não foi tema de grande interesse para os
cientistas daquela época.
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Os raios X prenderam a atenção de todos. Era difícil aceitar essa emissão sem causa,
que não havia forma alguma para iniciá-la ou detêla. O próprio Becquerel foi
gradativamente abandonando suas investigações sobre a radioatividade natural.

O estudo da radioatividade recebeu um impulso extraordinário com os trabalhos


do casal Curie (Pierre e Marie Curie) que mediante concentração de minerais de
urânio, mediram a actividade dos elementos que estes continham. Anteriormente,
Madame Curie havia realizado um estudo sistemático de varias substâncias
radioativas, assim como de certos minerais de urânio. Em 16 de novembro de 1898
aparecia pela primeira vez a palavra radioatividade na revista Nature, traduzida do
francês radio-activite e usada pelo casal Curie. Em 1898, o casal Curie descobriu os
elementos radioativos polônios e rádio. Estas substâncias, intensamente
radioativas: 1) eram capazes de ionizar um gás, 2) impressionavam placas
fotográficas e 3) produziam cintilações ou pequenos focos de luz em certas
substâncias, tais como o sulfeto de zinco. Madame e Pierre Curie junto com
Becquerel receberam o premio Nobel de Física por seus trabalhos sabre a
radioatividade.

Radioactividade

Radioatividade é um processo no qual um núcleo com Z prótons e N neutrons pode


se transformar em outro núcleo com Z e N diferentes. Esta transformação é
chamada desintegração nuclear, sendo acompanhada por emissão de radiação. Por
este motivo, estes núcleos instáveis são chamados radioativos. Radioatividade é a
propriedade que certos elementos naturais e artificiais possuem de emitir
partículas e radiações eletromagnéticas, por terem núcleos instáveis.

As duas principais maneiras de um núcleo se desintegrar são através da emissão de


uma partícula aJfa (<X) ou de uma partícula beta ( B ). Esta última é um elétron que
sai do núcleo com uma grande velocidade. Este elétron origina-se no núcleo quando
um neutron (carga O) se desintegra transformando-se em um próton (carga+), em
um elétron (carga-) e num neutrino (que é uma particula sem massa e sem carga
muito difícil de ser detectada), (eis a resposta para a pergunta: De que são feitos os
neutrons?). O próton permanece no núcleo e o elétron é ejetado. O número de
massa A é definido como a soma do número de prótons e neutrons; portanto a
emissão de uma partícula beta não muda o número de massa do nuclideo que
desintegrou. No entanto o número de prótons do núcleo (número atômico Z)
aumentou e como é o número de prótons que caracteriza um dado elemento,
quando um nuclideo emite um beta ele se transfonna em um nuclideo de outro
elemento.

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FIGURA 1: TIPOS DE RADIAÇÕES

Unidade 7.2. Produção de energia por processos de fissão e fusão nuclear


Introdução

A fusão nuclear foi o primeiro processo de reações que o universo presenciou,


segundo a teoria do Big Bang. No início dos tempos não havia tantos elementos
para reagirem, o único processo que existia era a fusão de núcleos. Esse processo
ainda hoje é de extrema importância, pois é a fonte de energia das estrelas como
propôs Bethe. A partir de um ciclo de consecutivas reações, há a formação de
elementos pesados e liberação de energia. Bethe descreve todos os processos de
fusão em seu trabalho, o que lhe garante o prêmio Nobel. A fusão como fonte de
energia na Terra ainda não é possível. Existem certas peculiaridades que impedem
que o processo seja realizado de modo satisfatório. Hoje, consome – se mais
energia do que a gerada, mas existem diversos estudos e centros especializados
buscando aperfeiçoar o processo. Portanto a fissão e fusão nuclear em princípio
podem render a energia.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer os processos de fusão e fissão nuclear;
 Identificar as vantagens e desvantagens da Fusão e fissão nuclear.

Fissão nuclear: o núcleo de um elemento pesado é dividido produzindo dois


núcleos mais leves. Um dos principais átomos usados para fissão: isótopo 235U.
É uma forma especial de reação atômica em que os núcleos dos elementos pesados,
o urânio ou o plutônio por exemplo, ao absorverem o nêutron passam a um estado
de forte excitação. Passado um curto período dividem-se em dois fragmentos, que
são os núcleos dos átomos dos elementos, situados a meio da tabela periódica de
Mendeleieff, lançando neste caso uma série de partículas em leque: elétrons,
fótons, raios gama e dois ou três nêutrons rápidos. Também se liberta a energia
cinética dos fragmentos
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que se dispersam e de outras partículas de 200 MeV aproximadamente. Alguns


nêutrons livres que ficam em excesso para os núcleos dos novos átomos formados,
podem em certas condições, começar cada um a sua cadeia de fissões dos núcleos
vizinhos dos átomos de urânio ou plutônio, em consequência do que pode surgir na
massa destas substâncias uma reação de fissão nuclear em cadeia automultiplicada.
A fissão rios núcleos, dos átomos, dos elementos pesados, tem lugar não apenas
pela absorção de nêutrons, mas também devido à radiação de outras partículas
aceleradas até energias muito altas: prótons, dêuterons, partículas alfa, quantas-
gama, etc. Contudo, só um tipo de fissão teve uma ampla aplicação industrial:
fazendo incidir sobre as substâncias cindíveis um fluxo de nêutrons em instalações
especiais: em reactores nucleares.

Existe mais um tipo de fissão, a chamada fissão espontânea dos núcleos dos átomos
de urânio, descoberta em 1940 pelos físicos soviéticos K. T. Petrzhak e G. N. Flerov,
quando alguns dos núcleos de urânio, sem nenhuma influência exterior aparente,
se dividem espontaneamente em dois. Isto ocorre com pouca frequência, nunca
mais de 20 fissões, por hora. Contudo, em outras condições favoráveis, que se criam
habitualmente nos reactores nucleares, é completamente suficiente para provocar
uma reacção nuclear em cadeia, sem necessidade de recorrer a qualquer fonte
exterior de nêutrons. Exemplo

235U + 1 nêutron → 236U →2 nêutrons + 92Kr + 142Ba + ENERGIA


235U + 1 nêutron → 236U →2 nêutrons + 94Sr + 140Xe + ENERGIA

Fusão Nuclear

A fusão é o processo pelo qual núcleos menores se unem para formar outros
maiores, com liberação de enorme quantidade de energia ou Fusão nuclear: dois
ou mais núcleos atômicos se juntam e formam um outro núcleo de maior número
atômico. A fusão nuclear é o processo que gera a energia das estrelas.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Esta reacção de fusão nuclear é a que ocorre na bomba de Hidrogênio, que


infelizmente tem sido a única aplicação da fusão nuclear em nosso Planeta.

Fusão nuclear é o processo de formação de um núcleo a partir da colisão e posterior


junção de dois núcleos menores. Os núcleos que colidem devem ter, inicialmente,
uma energia cinética total que lhes permita se aproximar, contra a repulsão
coulombiana, o suficiente para que a interação nuclear forte passe a ser efetiva e
mais importante. Como a repulsão coulombiana é tanto mais importante quanto
maior a carga elétrica dos núcleos em colisão, a fusão nuclear pode ser provocada
com mais facilidade entre núcleos com número pequeno de prótons.

As vantagens da Fusão
 Uma nova e vasta fonte de energia.
 Combustíveis existentes sem grande quantidade.
 Sistema intrinsecamente seguro, porque todas as avarias conduzem
rapidamente à paragem do processo.
 Ausência de poluição atmosférica que provoque chuvas ácidas ou o efeito de
estufa.
 A radioactividade da estrutura do reactor causada pelos neutrões pode ser
minimizada por uma selecção criteriosa de materiais de baixa activação, a ponto
de ser possível dispensar o armazenamento temporário em camadas
geológicas.

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Unidade temática 7. 3: PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS DA ATUALIDADE


Inúmeros são os problemas ambientais em todo mundo, atualmente. Desde uma
simples embalagem plástica que se descarta até o vazamento de radioatividade das
usinas nucleares e os resíduos eliminados pelas espaçonaves que investigam outros
corpos celestes, há agressão à natureza. Em maior ou menor escala esses
problemas acontece longe e perto de todos nós. Citaremos apenas alguns mais
significativos, por se tratarem de questões que se estendem a todo o mundo.

 Efeito estufa;
 Desmatamento;
 Camada de Ozônio;
 Chuvas Ácidas e
 Inversão Térmica - O que é este efeito?

Unidade 7.4. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. o que é a Radioactividade?

2. Quais são os elementos presentes no processo de produção de energia usando


radiação?

3. Diferencia a Fussão da Fissão nuclear e mostre sua importância.

4. Apresente as vantagens e desvantagens da fussão e fissão nuclear.

5. Apresente os principais problemas ambientais da actualidade e descreve as


reações químicas que envolvem.

Multipla Escolha

6. Radioatividade é a propriedade que certos elementos naturais e artificiais


possuem de emitir partículas e radiações eletromagnéticas, por terem núcleos:

a) Instáveis b) Estáveis c) Saturados d)


Insaturados

7. A fusão nuclear foi o primeiro processo de reações que o universo presenciou,


segundo a teoria de:

a) Newton b) Big Bang c) Pierre e Marie Curie d)


Becquerel

8. Os primeiros cientistas que receberam premio Nobel de Física sabre trabalhos da


radioatividade são:

a) Marie e Pierre Curie (casal) e Becquerel b) Pierre Curie e


Becquerel

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c) Marie Curie e Becquerel d) Marie e Pierre Curie

9. Os elementos radioativos tais como: polônios e rádio foram descobertos por:

a) Becquerel b) Marie e Pierre Curie c) Lavoisier


d) Todos

10. Na fissão nuclear o núcleo de um elemento pesado é dividido produzindo dois


núcleos mais leves. Um dos principais átomos usados para fissão:
a)Urârio 236 b)Cripton 92 c)Bario 142 d) isótopo 235U.

Verdadeiro ou Falso

12. As duas principais maneiras de um núcleo se desintegrar são através da


emissão de uma partícula aJfa (<X) ou de uma partícula beta ( B ). V

13. Um dado elemento é caracterizado pelo seu o número de protões (V).

14. As vantagens de fusão nuclear é a ausência de poluição atmosférica que provoca


chuvas ácidas ou o efeito de estufa (V).

15. Fusão nuclear é o processo de formação de um núcleo a partir da colisão e


posterior junção de um núcleo menor (F).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

TEMA VIII: Tipos e Mecanismos de Reações Orgânicas


Unidade 8.1. Introdução. Radicais livres.
Unidade 8.2. Reações em cadeia, classificação
Unidade 8.3. Fotólise, Classificação
Unidade 8.4. Catálise, Classificação
Unidade 8.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 8.1. Introdução. Radicais livres.


Introdução

As reações químicas podem ser descritas de duas formas, pelo tipo de reação
química (substituição, adição, eliminação e rearranjo) e como ela ocorre
(mecanismo da reação).
O mecanismo de reação descreve quais ligações são realizadas ou quebradas e em
que ordem isso se dá.
Toda reação química envolve a quebra e a formação de ligações entre os átomos.
Em química orgânica as principais reações envolvem ligações covalentes.
Uma ligação covalente pode ser quebrada de duas maneiras: de modo simétrico –
Ruptura homolítica, em que cada átomo fica com um elétrão. Os processos que
envolvem quebras e ligações simétricas (homolíticas e homogêneas) produzem
fragmentos com elétrões desemparelhados chamados de radicais e de modo
assimétrico – Ruptura heterolítica, em que um dos átomos fica com o par de
elétrões. A ruptura heterolítica normalmente requer que a ligação esteja
polarizada. A polarização de uma ligação geralmente resulta de eletronegatividades
diferentes dos átomos unidos pela ligação. Quanto maior a eletronegatividade,
maior a polarização.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer tipos e mecanismos de reacçoes orgânicas;
 Classificar os mecanismos e reaccoes orgânicas;
 Relacionar as reaccoes organicas dando exemplos.

Tipos de Reações Orgânicas

a) REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO
Na reação de substituição, um grupo ligado a um átomo de carbono é removido e
outro toma o seu lugar. Não há variação no grau de insaturação, isto é, o número
de ligantes em torno do átomo de carbono não se altera.
Exemplo: H3C--Cl + NaOH→ H3C--OH + NaCl
Substituição em Alcanos: Halogenação (Cl2 ou Br2), Nitração (HNO3 = HONO2) e
Sulfonação (H2SO4 ou HOSO3H);

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Substituição em Aromáticos: Halogenação (Cl2 ou Br2) e Alquilação De


Friedel-Crafts.

b) REAÇÕES DE ADIÇÃO
Reação de adição: soma de um composto em outro. Característico de compostos
com ligações múltiplas. Exemplo:

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a) REGRA DE MARKOVNIKOV:

REAÇÕES DE ADIÇÃO MAIS USUAIS:


1. Hidrogenação catalítica (adição de h2);
2. Halogenação: (adição de Cl2 ou Br2);
3. Adição de HX (HCl , HBr, HI);
4. Hidratação: (adição de H2O);
5. Adição em Aromáticos

c) REAÇÕES DE COMBUSTÃO

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d) REAÇÃO DE ESTERIFICAÇÃO

e) SAP0NIFICAÇÃO

O Mecanismo é uma simulação do caminho pelo qual a reação se processa, ele


descreve as etapas que os reagentes passam até chegar ao produto final.
A ruptura das ligações, os ataques eletrofílicos e nucleofílicos ao reagente orgânico,
a formação de novas ligações e de compostos intermediários, tudo isso é
demonstrado em um mecanismo. Vale lembrar que um mecanismo é proposto se
baseado em experimentos, mas é apenas um modelo, não sendo um caminho
obrigatório para a reação.

No influem vários fatores, como a natureza do solvente, polaridade das ligações,


troca de elétrons, etc. Portanto, um determinado mecanismo nem sempre é a única
maneira de se explicar a formação de determinado produto.

No caso das reações orgânicas, um mecanismo pode ocorrer de duas maneiras:


ionicamente ou via radicais livres.

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1. Mecanismo iônico: a ruptura heterolítica de uma ligação covalente dá início ao


processo, originando íons (carbocátion e carbânion).

2. Mecanismo via radicais livres: a ruptura homolítica de uma ligação covalente


forma radicais livres (muito instáveis e reativos).

Acompanhe o mecanismo de Halidrificação de Alcenos.

Podemos dividir o mecanismo em etapas:

1ª Etapa: Ruptura heterolítica da ligação covalente (Cl — Cl): formação do


carbonado e do anião. (Cl-).
2ª Etapa: Ataque do cloreto ânion -
(Cl ) ao carbonado.
3ª Etapa: Formação do produto 1, 2 - dicloropropano.
Como se vê, a Halogenação de Alcenos ocorre por Mecanismo iônico.
Nota: Como o próprio nome já diz, a Halogenação se dá pela adição de um
Halogênio (Cloro) à molécula.
2. Mecanismo via radicais livres: a ruptura homolítica de uma ligação covalente
forma radicais livres (muito instáveis e reactivos), vejamos um exemplo:

A reação dá início com o rompimento da ligação peroxídica e formação de radical


livre. Na etapa intermediária ocorre o ataque do radical ao hidrogênio polarizado
do (H — Br) e consequente formação do novo radical livre • Br (altamente instável
e reactivo).

Unidade 8.2. Reações em cadeia, classificação


Introdução

Um dos avanços científicos mais admiráveis do século XX foi à descoberta das


reações em cadeia; em 1913 foram apenas as químicas, mas três decênios depois
foram as nucleares. Trata-se das reações químicas que uma vez começadas se
mantêm a elas próprias até ao esgotamento completo das substâncias que
intervêm na reação. Estas reações podem ser automantidas em qualquer nível
inicial ou ramificado segundo uma progressão, por exemplo, geométrica. Como
exemplo de reação química não ramificada, pode servir a reação de união do
hidrogênio com o cloro. Estes elementos têm uma atração mútua tão grande que o
átomo de hidrogênio divide facilmente a molécula de cloro e se junta a um dos seus

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

átomos, ou ao contrário, a molécula de cloro separa-se e se junta a um dos átomos


da molécula de hidrogênio. Quando livre, o átomo de cloro compensa
instantaneamente esta perda arrancando um dos átomos de outra molécula vizinha
da do hidrogênio, etc. Assim se mantém a reação até que o cada átomo de cloro
não se adicione uma molécula de hidrogênio, ou reciprocamente, a cada átomo de
hidrogênio uma molécula de cloro.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Identificar as reações em cadeia;
 Classificar a reações em cadeia.

Reação em cadeia
Reação em cadeia é o processo de sustentabilidade da combustão, pela presença
de radicais livres, que são formados durante o processo de queima do combustível.
As reações exotérmicas são aquelas que liberam mais energia (sob forma de calor)
do que absorvem durante o consumo de reagentes e formação de produtos.
Entretanto, muitas dessas reações necessitam de uma fonte de ignição para que
comecem. Como energia é libertada a cada reação, esta serve de ignição para que
outra se inicie. Assim, é desencadeada uma sequência de reações exotérmicas que,
ao fornecerem mais energia de ativação, iniciam tantas outras: surge daí a idéia
de reação em cadeia.
As reações de combustão, por exemplo, representam um tipo de reação em cadeia.
Pois devem fornecer energia inicial (necessária para que a reação comece), que logo
é dispensada para manter o processo porque cada reação isolada alimenta as
subsequentes:
Fonte de ignição + Combustível + Comburente -> Luz + Produtos + Calor
Calor + Combustível + Comburente -> Luz + Produtos + Calor
Calor² + Combustível + Comburente -> Luz + Produtos + Calor
A última reação será aquela na qual o combustível ou comburente seja totalmente
consumido. Assim como, o calor seja retirado para outro fim que o impeça de iniciar
outra reação posterior.
Reação em cadeia é um conjunto de reações de fissão nuclear que se inicia,
geralmente, pelo bombardeamento com nêutrões e que continua
espontaneamente pela captura de nêutrões originados de fissões anteriores.
A fissão nuclear é outro tipo de reação em cadeia, pois se baseia no
bombardeamento de um núcleo estável com nêutrons. Este, ao tornar-se instável,
rompe-se e libera mais
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

nêutrões que irão desestabilizar outros núcleos e tornar o processo contínuo até
que não haja mais nêutrões livres ou núcleos estáveis.
Um bom exemplo é a fissão de um isótopo de Urânio 235: ao receber um nêutrão,
o núcleo torna-se instável e o Urânio 236 (pois adicionou-se uma partícula a mais)
divide-se em um de Bário 141 e Criptônio 92.
Entretanto, com essa fissão, três nêutrões são libertados junto a uma enorme
quantidade de energia calorífica (próxima de 200 MeV). Assim, mais três núcleos
de Urânio 235 poderão ser desestabilizados. Assim, gerarão mais 9 nêutrões que
desestabilizarão 9 outros núcleos que libertarão mais 27 nêutrões.
Por isso que as usinas nucleares são capazes de gerar muita energia a partir de uma
pequena quantidade de matéria: pois, além de cada reação unitária possuir enorme
potencial energético, servem para iniciar várias outras.
Entretanto, essa forma de obtenção de energia pode gerar resíduos indesejados:
desde materiais radioativos que são potenciais contaminadores de aquíferos, da
fauna e da flora local, até radiação gama (mais penetrante de todas as formas de
radiação existentes).

Unudade 8.3. Fotólise, Classificação


Introdução

Fotólise é o processo de degradação de moléculas orgânicas por meio da radiação


luminosa. Esse processo abrange normalmente os radicais livres, que dão início ao
rompimento das ligações químicas de uma molécula, com a formação de íões.
Um bom exemplo de ocorrência de fotólise é a fotossíntese, processo fisioquímico
realizado pelos vegetais a fim de produzir energia. A reação mais importante da
fotossíntese é a fotólise da água, que ocorre na fase clara. Tal processo se inicia
com a absorção de energia luminosa por moléculas de clorofila. Essa energia
absorvida excita (energiza) elétrões de clorofila, os quais são transferidos para uma
substância aceptora de
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

elétrões. A clorofila excitada recupera seis elétrões perdidos retirando-os de


moléculas de água. Ao ter os elétrões removidos, as moléculas de água se
decompõem em íões H+ e átomos livres de oxigênio. Esses últimos unem-se
imediatamente dois a dois, produzindo moléculas de gás oxigênio (O2). Essa reação
de decomposição da água nada mais é do que uma fotólise.
A reação de fotólise da água também é conhecida como reação de Hill, isso porque
foi descoberta pelo bioquímico britânico Robert Hill em 1937.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Identificar as reacções em fotolítica;
 Classidicar as reaccoes fotolíticas.

Reação de análise ou decomposição: nessa reação uma única substância gera dois
ou mais produtos.
A→B+C
Algumas reações recebem nomes especiais:

Eletrólise: as substâncias se decompõem pela passagem de corrente elétrica.


Fotólise: decomposição da substância química pela luz.
Pirólise: decomposição pela acção do calor e do fogo.
A fotólise é a decomposição ou dissociação de compostos químicos causados pela
luz ou pela radiação ultravioleta. As reacções fotolíticas envolvem frequentemente
radicais livres, sendo o primeiro passo a fissão homolítica (sem formação de iões)
da ligação química. Fotólise é igual à dissociação de moléculas orgânicas complexas
por efeito da radiação electromagnética.
Em outras palavras reações de análise também chamadas de reações de
decomposição são aquelas em que um reagente composto (formado por mais de
um tipo de elemento) é dividido em duas ou mais substâncias de estruturas simples
(formadas por um único tipo de elemento).
De modo genérico, temos: AB → A + B
Exemplo: 2 NaN3(s) → 3 N2(g) + 2 Na (s)

Essa é a reação que faz os airbags dos carros funcionarem e salvarem vidas. Dentro
deles há a azida de sódio (NaN3), e quando há uma batida, um dispositivo
dos airbags é acionado e a temperatura faz com que a azida se decomponha no gás
nitrogênio e no sódio metálico.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

O gás nitrogênio é um gás inerte que faz a bolsa (bag) inflar. O sódio pode ser
reativo, por isso, outro composto é colocado dentro da bolsa, o nitrato de potássio,
que reage com o sódio e gera mais gás nitrogênio. Essa segunda reação, no entanto,
não é de decomposição ou análise.
Exemplo: KNO3 + Na→ 𝑁2(𝑔) + 𝑁𝑎𝑂 +K2O
Vários factores podem causar a decomposição de um composto, entre eles, vamos
destacar três:
 Calor: Quando algumas substâncias compostas são submetidas ao aquecimento,
elas se decompõem. Esse tipo de reação é chamado de pirólise, que do
grego piro significa “fogo” e lise significa “quebra”, isto é, quebra de um composto
por meio do fogo.
Quando essa reação é feita na indústria, é também chamada de calcinação.
Um exemplo muito importante do uso da pirólise é na produção do bio-
óleo ou alcatrão pirolítico, que é considerado uma alternativa energética para os
combustíveis derivados do petróleo. A vantagem do bio-óleo é que ele não possui
metais pesados como chumbo e mercúrio, que podem poluir o meio ambiente e
contaminar seres vivos; não possui enxofre, que sofre reações na atmosfera e gera
as chuvas ácidas, e também libera menos cinzas.
Outros exemplos de reações de decomposição pela acção do calor:

Pirólise é um processo onde ocorre uma ruptura da estrutura molecular original de


um determinado composto pela ação do calor em um ambiente com pouco ou
nenhum oxigênio.

 Luz: A luz pode causar a decomposição dos compostos. Esse tipo de reacção é
chamado de fotólise.
Um exemplo é a água oxigenada que deve ser guardada em frascos escuros ou
opacos, como o mostrado abaixo, para impedir a passagem de luz e a sua
decomposição, produzindo água e gás oxigênio:

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 Eletricidade: Ao passar uma corrente eléctrica sobre um líquido ou um composto


fundido, ele é decomposto em substâncias simples. Esse processo é chamado
de eletrólise, que pode ser aquosaou ígnea.
Um exemplo muito importante é a eletrólise ígnea do sal fundido (em que os seus
íons Na+ e Cl- ficam livres). Ao passar a corrente eléctrica por ele, originam-se duas
substâncias simples importantes: o sódio metálico e o gás cloro.

Abaixo temos um esquema dessa eletrólise:

Outro exemplo é a eletrólise da água, que produz gás hidrogênio e gás oxigênio:

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A eletrólise é um processo eletroquímico, caracterizado pela ocorrência de reações


de oxi-redução em uma solução condutora quando se estabelece uma diferença de
potencial eléctrico entre dois (ou mais) eletrodos mergulhados nessa solução. Vale
lembrar que a denominação solução eletrolítica, empregada para designar
qualquer solução aquosa condutora de eletricidade, deriva justamente desse
processo.

Unidade 8.4. Catálise, Classificação


Introdução

Existem reações químicas espontâneas que não acontecem em temperatura


ambiente, ou ocorre de forma muito lenta. A reação do gás oxigênio com o gás
hidrogênio, por exemplo, praticamente não ocorre em condições normais, porém,
se for adicionada uma porção de platina em pó nessa mistura, a reação ocorrerá no
mesmo instante.
As reacções catalíticas sempre se processaram na própria Natureza e são essenciais
ao metabolismo e à própria vida dos seres vivos.
Durante vários séculos o homem utilizou catalisadores naturais enzimas para,
através de processos de catálise bioquímica, obter produtos naturais. É no século
xIx que aparecem os primeiros catalisadores sintéticos, cuja influência se faz
principalmente notar na indústria química inorgânica. O século XX assiste ao grande
desenvolvimento dos processos catalíticos aplicados à indústria da refinação de
petróleos e à indústria orgânica de síntese.

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Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Classificar os tipos de catálise;
 Diferenciar as acções de cada tipo de catálise.

Catálise
A catálise é um fenómeno predominantemente ligado às reacções químicas. Assim,
a sua influência é fundamental em todas as indústrias que envolvem processos
químicos. A catálise pode ser definida como o aumento da velocidade de uma
reação, provocado por umcatalisador. O catalisador é a substância que acelera a
reação química, sem ser consumido durante o processo, como é o caso da platina
no exemplo anterior.

CLASSIFICAÇÃO DA CATÁLISE
Bàsicamente consideram-se, em geral, três métodos de classificação da catálise,
que se descrevem resumidamente:
1.3.1 — Classificação clássica segundo a natureza da fase do catalisador, reagentes
e produtos.
Este método permite definir dois tipos fundamentais de catálise:
(i) Catálise homogénea
Correspondente àqueles casos em que o catalisador é solúvel no meio reaccional.
Exemplo:
Através do oxigênio (gás), o dióxido de nitrogênio (gás) catalisa a oxidação do
dióxido de enxofre (gás) a trióxido de enxofre (gás).

(ii) Catálise heterogénea


Catálise Heterogênea: é uma reação cujo catalisador e os reagentes constituem um
sistema polifásico, ou seja, é uma mistura heterogênea.
A reação entre o hidrogênio (gás) e o etileno (gás) forma-se o etano, sob a ação
catalítica de alguns metais sólidos, como a platina e o níquel.

A diferença fundamental entre os mecanismos reaccionais destes dois tipos de


catálise traduz-se por, nos processos de catálise heterogénea, haver necessidade
de se verificar a adsorção e
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desorção, respectivamente, dos reagentes e produtos na superfície do catalisador,


enquanto nos processos de catálise homogénea não é necessária esta adsorção e
desorção.
1.3.2 — Classificação segundo a natureza química dos reagentes e catalisadores
Segundo este critério, podem distinguir-se três tipos fundamentais de catálise:
(i) Catálise ácido-base
Corresponde aos casos vulgares de reacção de esterificação em que o catalisador é
um hidrogenião.
(ii) Catálise de coordenação
Corresponde àqueles casos em que a ligação química catalisador-reagente se faz à
custa dos electrões do reagente.
(iii) Catálise radicalar
Em que o catalisador é o electrão livre dos radicais que se formam à custa dos
reagentes, o qual, devido à sua instabilidade, acaba por ser consumido durante o
processo catalítico.
1.3.3 — Classificação segundo o tipo de reacção química
Este critério leva à consideração de vários tipos de catálise, de acordo com as
reacções que se processam:
(i) Oxidação;
(ii) Hidrogenação;
(iii) Polimerização;
(iv) Alquilação; etc.

Unidade 8.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. Classifique as Reações Orgânicas e apresente um exemplo para cada uma.

2. Dar conceito e apresente a classificação de fotólise.

3. Dar conceito e apresente a classificação de catálise.

4. O que são Reações em cadeia?

5. Quais são os mecanismos da reações químicas e quais os factores que intervém?

6. Reação de adição é a soma de um composto em outro. Este tipo é


Característico de compostos com ligações:
a) múltiplas b) Simples c) simples e Multiplasd) nenhuma das
opções.
7. Na reações de combustão existem duas fases (Combustão Completa e
Incompleta) cada um com produtos diferentes e água:

a. Carbono, Dióxido de carbono e Monóxido de Carbono;


b. Dióxido de carbono, Monóxido de Carbono e Carbono
c. Monóxido de Carbono, Carbono e Dióxido de carbono

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d. Oxigénio, Dióxido de carbono e Monóxido de Carbono


8. Mecanismo via radicais livres: a ruptura homolítica de uma ligação covalente
forma radicais livres que tem as seguintes caracteristicas:

a)muito instáveis e não reactivos b) menos instáveis e


reactivos

c) muito instáveis e reactivos d) muito estáveis e reactivos

9. A reação fotólitica da água foi descoberta pelo bioquímico britânico em 1937.


Este cientista chama-se:

a) Roger William Alder b) Joseph Priestley c) Austin Bradford Hill d) Robert Hill

10. Quando algumas substâncias compostas são submetidas ao aquecimento, elas


se decompõem. Esse tipo de reação é chamado de:

a) Pirólise b) Catálise c) Fotólise d) Análise

11. Quando algumas substâncias compostas são submetidas a acção da corrente


electrica, elas se decompõem. Esse tipo de reação é chamado de:

a) Pirólise b) Catálise c) electrolise d) Fotólise

12. Na reação de substituição, um grupo ligado a um átomo de carbono é


removido e outro toma o seu lugar (V).

13. A regra de MARKOVNIKOV defende que nas reacções de adicção o hidrogênio


será adicionado ao carbono menos hidrogenado (F).

14. Fotólise é o processo abrange normalmente os radicais livres, que dão início ao
rompimento das ligações químicas de uma molécula, com a formação de moléculas
(F).
15. Em que o catalisador é o electrão livre dos radicais que se formam à custa dos
reagentes, o qual, devido à sua instabilidade, acaba por ser consumido durante o
processo catalítico (V).

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Tema IX: Regiões da Atmosfera


Unidade 9.1. Introdução. A absorção de luz pelas moléculas. Princípios da
fotoquímica
Unidade 9.2. Química troposférica: “smog fotoquímico”, emissões veiculares,
precipitação ácida, Ozônio
Unidade 9.3. O efeito estufa: mecanismo, vibrações moleculares e indutores.
Unidade 9.4. Química estratosférica: CFCs, HCFCs, N2O a criação e a destruição
catalitica e não catalitica da camada de ozonio
Unidade 9.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 9.1. Introdução. A absorção de luz pelas moléculas. Princípios da


fotoquímica
Introdução

A existência da atmosfera é extremamente importante para a vida na Terra. Para


fins didáticos, ela foi dividida em algumas camadas. As camadas da atmosfera,
juntas, compõem uma extensão de aproximadamente 1000 km. São
elas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. Elas não se
distribuem de forma igual e sua distância varia de acordo com a densidade dos
elementos químicos que as compõem, de forma que, à medida que se afastam da
superfície da Terra, mais rarefeitas elas se tornam. O ar atmosférico é
essencialmente constituído por uma mistura de gases. No entanto, estes gases
contêm em suspensão minúsculas partículas sólidas de poeira e fumo. Além disso
água está presente, não só sob a forma de vapor, mas também no estado sólido e
liquido. A composição do ar seco, considerada em função do volume, refere-se a
locais fora da influência de cidades e de fogos nas florestas. Em geral, os gases da
atmosfera estão presentes nas mesmas proporções até cerca de 80 km de altitude.
Há, no entanto, duas excepções importantes: Ozono (O3) e vapor de água (H2O).

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer os tipos de reacções que ocorrem na atmosfeira e seus impactos
sobre os seres vivos;
 Descrever as leis e Princípios da fotoquímica.

A absorção de luz pelas moléculas

Luz, em seu aspecto ondulatório, consiste de campos elétricos e magnéticos


mutuamente perpendiculares, que oscilam senoidalmente à medida que se
propagam pelo espaço. (Fig 4).

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Figura 4: Propagação de uma onda eletromagnética, mostrando que o campo


elétrico (E) e o campo magnético (B) são mutuamente perpendiculares.

Mas a luz também se comporta como um feixe de partículas, fótons. A energia E do


fóton é E = hc/_ = h_, sendo h a constante de Planck, c a velocidade da luz, _ o
comprimento de onda e _ a freqüência. Quando uma onda eletromagnética
encontra uma molécula, ela pode ser espalhada (sua direção de propagação muda)
ou pode ser absorvida (sua energia é transferida à molécula). A probabilidade
relativa da ocorrência de cada processo é uma propriedade particular da molécula
encontrada. Se a energia eletromagnética da luz é absorvida, a molécula é dita estar
excitada ou em um estado excitado. Uma molécula ou parte de uma molécula que
pode ser excitada pela absorção é chamada de cromóforo.
Esta energia de excitação é usualmente convertida em calor (energia cinética) pela
colisão de moléculas excitadas com outras moléculas (por exemplo: uma molécula
do solvente). Com algumas moléculas esta energia é reemitida como fluorescência
(o que veremos na próxima seção). Em ambos os casos, a intensidade da luz
transmitida por um conjunto de cromóforos é menor que a intensidade da luz
incidente.
Uma molécula excitada possuirá uma das possíveis quantidades discretas de
energia descritas pelas leis da mecânica quântica, os níveis de energia da molécula.
Os níveis de energia, em maioria, são determinados pelas possíveis distribuições
espaciais dos elétrons e são chamados níveis eletrônicos de energia; sobre estes
níveis existem os níveis vibracionais, que indicam os vários modos de vibração da
molécula (o estiramento e dobra de várias ligações covalentes). Há também,
subdivisões menores chamados de níveis rotacionais, que apresentam uma
importância menor na espectroscopia de absorção. Todos estes níveis de energia
são geralmente descritos por um diagrama de níveis de energia (Fig. 4.1).
O mais baixo nível eletrônico é chamado de estado fundamental e todos os outros
são estados excitados.

116
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Figura 4.1 Típico diagrama de níveis de energia mostrando o estado fundamental e


o primeiro estado excitado. Os níveis vibracionais são mostrados como linhas
horizontais mais finas (www.chemkeys.com).

A absorção da energia é possível somente se a quantidade absorvida corresponde


a diferença entre níveis de energia. Isto pode ser expresso pela expressão que
correlaciona o comprimento de onda da luz com o nível de energia da molécula
antes da absorção (E1) e o nível de energia alcançado após a absorção.
(E2): = hc /(E2 - E1) .
A mudança entre níveis de energia é chamada de transição. Uma transição entre
níveis eletrônicos de energia representa a energia requerida para mover um elétron
de uma órbita a outra. As transições são representadas por setas verticais no
diagrama dos níveis de energia. (todas as transições não ocorrem com alta
probabilidade, são determinadas pelas regras de seleção da mecânica quântica). A
representação da probabilidade de absorção versus o comprimento de onda é
chamado espectro de absorção e a espectroscopia de absorção tem por objectivo
obter e analisar os dados de absorção. Se todas as transições estão somente entre
o nível vibracional mais baixo do estado fundamental e o primeiro estado excitado,
então o espectro de absorção consistirá de uma seta, linhas discretas. No entanto,
como as transições são possíveis do estado fundamental para qualquer dos níveis
vibracionais e rotacionais do primeiro estado excitado e porque as linhas têm
largura finita, o espectro aparecerá como uma curva relativamente suave. Para a
maioria das moléculas, os comprimentos de onda correspondentes às transições
entre o estado fundamental e qualquer nível vibracional do primeiro estado
excitado estarão no intervalo da luz ultravioleta e da luz visível. Transições de baixa

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energia também são possíveis entre níveis vibracionais no interior de um mesmo


nível eletrônico. Estas transições estarão na faixa do infravermelho.

Figura 4.2 Parte do espectro eletromagnético com destaque para os comprimentos


de onda da luz visível.

Princípios da fotoquímica

Segundo Newmann & Quina (2002), a fotoquímica, como a princípio pode parecer,
não se trata apenas do estudo das reações químicas provocadas pela luz. Na
realidade, a fotoquímica abrange todos os aspectos da química e física de estados
eletronicamente excitados da matéria, desde a sua criação até a sua eventual
desativação de volta ao estado fundamental. Moléculas eletronicamente excitadas
podem sofrer certo número de processos fotoquímicos primários de desativação:
rearranjo, formação de radicais, isomerização, ionização, etc. Os produtos
primários geralmente são formados com um excesso de energia: eletrônica
(produto intermediário em seu estado excitado), vibracional, e translacional. Em
muitos casos, os produtos finais das reações fotoquímicas são resultados de
processos secundários térmicos ou reações ―escuras (reações que não necessitam
de luz para ocorrer), os quais são resultados de produtos primários.
Segundo Gogate & Pandit (2004a), o mecanismo de formação dos radicais livres é
iniciado por uma interação de fótons de nível de energia apropriado para algumas
espécies de moléculas químicas presentes numa solução, com ou sem a presença
de catalisador. Estas reações químicas são conhecidas como reações foto-ativadas
ou foto-iniciadas.
Em um processo foto-físico de desativação envolvendo um estado eletronicamente
excitado ocorre a transferência de energia entre duas moléculas. Uma molécula
doadora D, em um estado eletronicamente excitado D*, pode transferir sua energia
para uma molécula aceptora A. Neste processo, D* é desativado (processo de foto-
inibição) e o estado excitado A* é produzido (processo de foto-sensitização). As
Equações abaixos mostram como este processo pode ser descrito.
D → D* (1)
D* + A → D + A* (2)

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Uma espécie R que recebeu energia (pela ação da luz) pode resultar em outros
produtos (Equação (3)), caracterizando uma reação fotoquímica. No caso de haver
a formação de um produto intermediário reativo I, produzido fotoquimicamente,
este pode iniciar uma reação térmica com outros compostos Y e resultar em outros
produtos, havendo somente a primeira etapa fotoquímica, essa reação é chamada
de reação foto-iniciada (Equação (4)).
R→ R* Produto(s) (3)
R →R* I + Y Produto(s) (4)

A primeira lei da fotoquímica, agora conhecida como a lei de Grotthus-Draper, cujo


enunciado é: “Somente a luz absorvida pelo sistema pode causar mudança
química”.
A taxa de absorção é dada pela lei de Beer-Lambert, a qual mostra uma relação
entre a luz que é transmitida através de uma substância e a concentração da
substância, assim como também entre a transmissão e a longitude do corpo que a
luz atravessa. Assim, de acordo com a equação de Beer-Lambert, a transmitância
interna T (P/P0) em uma reação homogênea isotrópica contendo uma substância
simples, irradiada com uma luz monocromática, é dada pela Equação.

T =P/P0 =10-A

Unidade 9.2. Química troposférica: “smog fotoquímico”, emissões veiculares,


precipitação ácida, Ozônio.

Introdução

Os fenômenos como aquecimento global, formação de smog fotoquímico, chuva


ácida e depreciação do ozônio estratosférico estão fortemente relacionados com o
aumento das concentrações, na atmosfera, de traços de certas espécies gasosas
tais como: CO2, CH4, NOx (NO + NO2), N2O, O3, SOx, NH3, CFCs e Compostos
Orgânicos Voláteis (VOC’s).
O processo de poluição atmosférica tem continuidade com o transporte dos
poluentes pelas massas de ar. Desta forma, a combinação de dois ou mais poluentes
pode provocar reações químicas, formando os chamados “poluentes secundários”,
como o Ozônio troposférico.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Identificar reaccoes químicas que occorem na troposfera;
 Classificar o Smog Fotoquímico e suas implicações sobre os seres vivos;
 Conhecer os principais poluentes associados à emissão veicular;
 Discutir as fontes naturais dos componentes da atmosfera.

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Troposfera

Camadas, composição, dinâmica e transporte, química/fotoquímica (radiação solar,


tempos de residência), balanço energético. - Química da Estratosfera e Ozônio
Estratosférico: camada de ozônio (unidades de medida, dados de satélite),
mecanismos de formação de O3 (mecanismo de Chapmann), mecanismos de
destruição de O3 (ciclos de OHx, de NOx, e de ClOx, integração entre os ciclos,
química heterogênea nas nuvens polares estratosféricas), “buraco” na camada de
O3 (origem, sazonalidade, mecanismo). Química Troposférica - Fase Gasosa: ciclo
fotoquímico do NO2/NO/O3, química atmosférica de NOx, CO, formaldeído e
metano, radicais hidroxila e nitrato, ozônio troposférico (formação e destruição,
papel do NOx, VOCs), química atmosférica dos compostos orgânicos “não-metano”
(alcanos e alcenos, isopreno, aromáticos, aldeídos, peróxi-nitratos/PANs, cetonas,
éteres, álcoois, ácidos, etc). Química Troposférica - Fase Aquosa/Heterogênea:
Equilíbrio de absorção, química em fase aquosa de N, S e outros, Aerossóis e
Material Particulado.- Poluição Atmosférica: Mudanças Climáticas (Aquecimento
Global), Poluição Urbana (CO, NOx, material particulado/PAHs, ozônio, etc); “Chuva
Ácida”, Poluição de ambientes internos, etc.

Smog Fotoquímico

Smog é um termo que provém da combinação entre as palavras smoke e fog (fumaa
e neblina, na língua inglesa). A mistura de névoa (gotculas de vapor de água) com
partículas de fumaça: é formada quando o grau de humidade na atmosfera é
elevada e o ar está praticamente parado. O Smog causa sérios danos à saúde do
homem, mais precisamente ao aparelho respiratório. Problemas como irritação
constante na garganta e narinas, são problemas comuns aos moradores de capitais
onde o tráfego de automóveis se intensifica a cada dia. Veja agora quais os tipos de
Smog existem:
a) Smog urbana: a mais comum é uma mistura de poluentes gasosos, neblina e
partículas sólidas (poeira). A coloração escura se deve à junção destes materiais.
b) Smog Industrial: presença de compostos mais nocivos à saúde, como H2SO4
(ácido sulfúrico), SO2 (dióxido de enxofre), cinzas, fuligem, entre outros. É por isso
que a poluição industrial é considerada um risco à humanidade.
O aumento da incidência de raios UV na superfcie da Terra pode agravar o
fenómeno.

Smog fotoquímica: o próprio nome já define, ela ocorre em presença de luz. Esta
neblina é comum nos dias muito quentes e secos, em sua composição encontramos
dióxido de nitrogênio (NO2) provindo de escapamentos de automóveis.
O processo de formação do smog abrange centenas de reações diferentes. Os
reagentes originais mais importantes são o óxido nítrico (NO), monóxido de
carbono (CO) e os hidrocarbonetos (HC’s), que são poluentes provenientes da
queima incompleta dos motores de combustão. Os produtos finais do smog são:

Ozônio, ácido nítrico e uma série de compostos orgânicos.

COV’ s + NO +O2 + hy → O3 + NHO3 + Compostos orgânicos


(1)

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Fontes de Poluição Atmosférica

Fonte de poluição atmosférica é um conceito amplo que pode ser definido como
um local ou um equipamento do qual se escapam substâncias poluentes (chaminés,
dutos, descargas de ar, caldeiras, fornos, linhas de produção, câmaras de
combustão, etc.). As emissões das fontes naturais ocorrem com frequência
diferente das emissões das fontes antropogênicas, porém são emissões bastante
significativas e muitas vezes superam as emissões de origem antrópica. As várias
fontes de poluição do ar podem ser classificadas em:

Fontes Estacionárias

Podem ser subdivididas em dois grupos: um abrangendo atividades pouco


representativas nas áreas urbanas, como queimadas, lavanderias e queima de
combustíveis em padaria, hotéis e outras atividades consideradas não industriais;
outro formado por atividades individualmente significativas, em vista à variedade
ou intensidade de poluentes emitidos, como a poluição por processos industriais.

Fontes Móveis

São representadas por todos os meios de transporte: aéreo, marítimo e terrestre


que utilizam motores movidos à combustão como força motriz.

Fontes Naturais

São todos os processos naturais de emissão que vêm ocorrendo durante milhares
de anos, como atividades vulcânicas, os aerosóis marinhos, a liberação de
hidrocarbonetos pelas plantas, entre outros.

Poluentes Associados à Emissão Veicular

As emissões de origem veicular são resultado da combustão do combustível ou de


sua evaporação. Os tipos mais comuns de combustíveis para utilização em
transporte são: gasolina para os veículos leves (automóveis) e o diesel para os
veículos pesados (ônibus e caminhões). Outros combustíveis são utilizados em
veículos leves, como o álcool, mistura de gasolina e álcool e gás natural veicular
(GNV).

Monóxido de Carbono (CO)

O CO é formado a partir de combustão incompleta de combustíveis com carbono.


O tempo de residência, a turbulência na câmara de combustão, a temperatura da
chama e as concentrações de oxigênio afetam a formação de CO. A conversão de
CO para CO2 na atmosfera é lenta e leva de dois a cinco meses. Os veículos
automotores são os principais contribuintes para as emissões antropogênicas de
CO [ONURSAL et al, 1997].

Dióxido de Carbono (CO2)

O dióxido de carbono em motores veiculares é resultado da queima de


combustíveis. Em média, após alguns anos de sua emissão no ar, a molécula de CO2

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se dissolve na superfície da água do mar ou é absorvida por plantas, tornando-se


parte do seu crescimento [BAIRD, 2002].

Óxidos de Nitrogênio (NOx)

Os óxidos de nitrogênio incluem óxido nítrico (NO), dióxido de nitrogênio (NO2),


óxido nitroso (N2O), trióxido de nitrogênio (N2O3) e pentóxido de nitrogênio (N2O5).
Os óxidos de nitrogênio são produzidos por fenômenos naturais como os
relâmpagos, erupções vulcânicas e acções bacteriológicas no solo. Como fontes
antropogênicas têm-se a combustão em unidades termoelétricas, máquinas de
combustão interna, instalações industriais e incineradores. Em um motor, os óxidos
de nitrogênio gasosos são produzidos sempre que um combustível é queimado em
presença de ar com chama a altas temperaturas, quando as colisões moleculares
entre as moléculas de nitrogênio e oxigênio tornam-se suficientemente vigorosas
para quebrar a ligação covalente N-N. Com isso, parte do nitrogênio e do oxigênio
no ar combina-se para formar óxido nítrico, NO.
Em torno de 90% das emissões de óxidos de nitrogênio são na forma de NO.
Dependendo da concentração dos gases poluentes, em um período de minutos ou
horas, esse óxido no ar é gradualmente oxidado para formar dióxido de nitrogênio,
NO2. É mais comum, NO e NO2 serem denominados de NOx.

Hidrocarbonetos (HC’s)

As emissões de HC’s a partir de veículos automotores ocorrem por combustão


incompleta. Na presença de radiação ultravioleta, os HC (não - metânicos) e os NOx
reagem com o oxigênio para formar ozônio na troposfera. O tempo de reação varia
de mais ou menos uma hora até diversos dias dependendo da reactividade do HC
(não-metânicos). As emissões veiculares tóxicas de hidrocarbonetos incluem
benzeno, 1,3-butadieno, hidrocarbonetos poliaromáticos (PAH) e aldeídos. Em
torno de 85-90% dessas emissões de tóxicos provêm do escapamento, e o restante
vem directamente da evaporação ou das perdas na distribuição. O escapamento de
benzeno é originado da presença deste composto na gasolina e da combustão
incompleta de outros hidrocarbonetos aromáticos existentes na gasolina, tais como
tolueno e xileno.

Ozônio (O3)

Na camada mais interna (troposfera), o ozônio é formado pela reação dos COV’s e
NO com oxigênio ambiente em presença de luz solar e altas temperaturas. O ozônio
ao nível do solo é o maior constituinte do smog nas áreas urbanas e os veículos
automotores são as principais fontes antropogênicas de seus precursores. As
concentrações de ozônio dependem da concentração relativa e absoluta de seus
percussores e da intensidade da radiação solar na faixa do ultravioleta, que exibe
variações diurnas e sazonais.

Dióxido de Enxofre (SO2)

Em processos de combustão, todo o enxofre que está presente no combustível


aparece como SO2 ou SO3 nos produtos de combustão, a combinação desses dois

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óxidos é denominada de SOx. Devido a esta conversão do enxofre contido no


combustível, existem apenas duas maneiras possíveis de controlar as emissões de
SOx. Uma delas é remover o enxofre (S) dos combustíveis a outra é remover o SOx
dos produtos gasosos. O SO2 e o SO3 reagem com a umidade do ar para formar
ácido sulfuroso (H2SO3) e ácido sulfúrico (H2SO4), que podem ser transportados
pelos ventos por centenas de quilômetros antes de caírem na terra ocasionando
fenômenos de chuva ácida. Sulfatos também podem ser produzidos através da
reação destes compostos de enxofre com metais presentes nos materiais
particulados.

Emissões Veiculares

As fontes veiculares de poluição atmosférica, além de serem as mais importantes,


aumentando sua contribuição relativa em cidades menos industrializadas, são as de
mais difícil controlo, devido a sua grande dispersão. Os veículos automotores têm
tido uma participação ativa no crescimento acelerado da poluição, principalmente
no Brasil que privilegia o transporte rodoviário que contribui de forma significativa
para a poluição atmosférica global. Tendo em vista a enorme facilidade de
dispersão de uma molécula gasosa em uma corrente atmosférica [AZUAGA et al,
2000], podemos dizer que todo poluente gasoso, veicular ou não, viaja sem
fronteiras causando sérios impactos sobre o meio ambiente.

Tipos de Emissões

Emissões Evaporativas

As emissões evaporativas caracterizam-se por perdas através de evaporação de


hidrocarbonetos do combustível, principalmente a temperaturas elevadas, geradas
principalmente quando o carro não está em movimento. As perdas evaporativas
com o carro em movimento são geralmente desprezadas. Essas emissões são
provenientes do tanque de combustível, do carburador (quando for o caso), através
de vazamentos e percolações nas conexões e mangueiras. [AZUAGA et al 2000].

Emissões do Carter

O Carter é um recipiente onde fica armazenado o óleo lubrificante do motor. As


emissões de gases do Carter são compostas de gases de combustão que passam
pelos anéis de segmento do motor e por vapores do óleo lubrificante. Em alguns
motores esses gases são canalizados ao coletor de admissão do motor para serem
queimados. Os Hidrocarbonetos nas suas distintas configurações são os elementos
poluentes que aparecem em maior proporção nas emissões do Carter [AZUAGA, et
al 2000].

Emissões do Escapamento

As emissões de escapamento são os subprodutos da combustão lançados à


atmosfera pelo tubo de escapamento. Os produtos da combustão completa são
CO2 e H2O, da combustão incompleta são CO, HC, aldeídos e NOx, e ainda os
produtos indesejáveis como material particulado e SOx, mais expressivos em
motores de ciclo Diesel. A

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formação de SOx deve-se ao conteúdo de enxofre presente nos combustíveis


[AZUAGA, et al 2000].

Radical hidroxila

O radical hidroxila (OH-) é uma das espécies reagentes mais importantes


encontradas na atmosfera. É produzido na alta atmosfera pela fotólise da água:

H2O + ENERGIA ⟶ OH- + H+

As substâncias-traço (presentes em pequena quantidade na atmosfera: CO, SO2,


H2S, CH4) reagem com radicais livres hidroxila (OH-) mas não directamente como o
oxigênio do ar.

Exemplos de reações atmosféricas envolvendo o radical hidroxila:

CH4 + OH-⟶ CH3 + H2O

NH3 + OH- ⟶ H2N* + H2O

H2S + OH- ⟶ HS* + H2O

CH3Cl + HO* ⟶ CH2Cl* + H2

Compostos Orgânicos Voláteis (COV’s)

Compostos contendo carbono na atmosfera incluem o carbono inorgânico:


monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) – que em solução forma o
ácido carbônico (H2CO3) em equilíbrio com os ânions carbonato (CO32-) e
bicarbonato (HCO3-). Porém, nenhum elemento na atmosfera é tão versátil quanto
o carbono. Os 4 elétrons no orbital externo dos átomos de carbono podem formar
ligações simples, duplas ou triplas com muitos outros elementos: hidrogênio,
oxigênio, nitrogênio, enxofre, halogênios e muitos outros. Ligações carbono-
carbono também são muito comuns, levando a formação de cadeias ramificadas e
moléculas fechadas em forma de anel. Milhares de compostos orgânicos são
conhecidos, muitos são voláteis e alguns podem ter papel importante na química
da atmosfera, como hidrocarbonetos de fórmula molecular geral CnHm e,
hidrocarbonetos substituídos contendo oxigênio, nitrogênio, halogênios ou enxofre
(JACOBSON, 2002).
Devido grande número de espécies orgânicas presentes na atmosfera, é
conveniente agrupá-las em classes de compostos, chamada função orgânica,
baseadas em sua estrutura molecular, com cada classe comportando-se de forma
similar na atmosfera.
Os COV’s são todos os compostos orgânicos com ponto de ebulição relativamente
baixo (50 – 260° C), portanto, evaporam facilmente dos materiais que os contém
(Jacobson, 2002). Alguns autores classificam os COV’s como compostos que
possuem pressão de vapor maior que 2 x 10-2 torr (HANSEN et al., 1991).
Considerando os COVs presentes na atmosfera, é interessante definir alguns termos
comumente encontrados,
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como os hidrocarbonetos menos o metano (HCMM ou NMHCs, sigla em inglês),


quando se exclui o metano, que é o menos reativo da lista dos hidrocarbonetos.
Esta definição também é importante devido o metano (CH4) ser o COV mais
abundante na atmosfera.
Quando átomos de oxigênio são incorporados às moléculas orgânicas, as espécies
resultantes são chamadas de compostos orgânicos oxigenados como aldeídos,
cetonas, álcoois e ácidos. Os HCMM e os compostos orgânicos oxigenados são
denominados de gases orgânicos reativos (GOR ou ROGs, em inglês). Finalmente,
os aldeídos e cetonas são denominados de carbonilas (JACOBSON, 2002).
Estes compostos são largamente emitidos pela vegetação, emissão esta conhecida
como biogênica. São tipos de COV’s biogênicos isoprenos, terpenos, pirenos, entre
outros.
Entretanto, em ambientes urbanos, como é o caso da RMSP os COV’s mais emitidos
é os de origem antrópica. As reações dos COV’s com radical OH, ou a partir da
fotólise de algumas dessas espécies (p.e., formaldeído), levam a formação de
radicais hidroperoxila (HO2) e peroxi orgânicos (RO2).

Fontes Naturais dos Componentes da Atmosfera

O ozônio é produzido por uma reação fotoquímica seguida de uma reação que se
desenvolve na presença de um terceiro elemento, o que resulta na produção do
ozônio:

Geralmente, a concentração máxima de ozônio (cerca de 10 ppm) situa-se numa


faixa de 25 a 30 km acima da superfície terrestre, faixa esta conhecida por camada
de ozônio. A camada estratosférica de ozônio absorve de 97 a 99% de toda a
radiação solar concentrada entre os comprimentos de onda de 150 e 315 nm,
transformando em calor a energia contida nesta radiação.

Chuva ácida

Um dos problemas ambientais mais graves que muitas regiões do mundo vêm
enfrentando atualmente é a chuva ácida. Este termo abrange outros fenômenos
como a neblina ácida e a neve ácida, todos relacionados com precipitações de
ácidos. A emissão de gases poluentes pelas actividades antrópicas (queima de
combustíveis fósseis), principalmente os óxidos de enxofre e os óxidos de
nitrogênio, leva à posterior reação com água gerando ácidos que precipitam sobre
os ecossistemas, mostrados na tabela abaixo [BAIRD, 2002; RIBEIRO et al, 2000].

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Tabela - Reação de geração de ozônio troposférico [MEDEIROS, et al 2003].

Óxidos de Enxofre (SOx) Óxidos de Nitrogênio (NOx)


1. Queima do Enxofre: 1. Reação de N2 com O2 devido à
S + O2 → SO2 elevada temperatura:
2. Transformação do SO2 em N2 + 2O2 → 2NO2
SO3:
SO2 + ½ O2 → SO 2. Reação do óxido com água:
3. Reações com água: 2NO2 + H2O → HNO2 + HNO3
SO2 + H2O → H2SO3
SO3 + H2O → H2SO4

Na formação da chuva ácida, os óxidos com caráter ácido presentes na atmosfera


reagem com o vapor de água formando substâncias ácidas tais como ácido sulfúrico
(H2SO4), ácido sulfuroso (H2SO3), ácido nítrico (HNO3) e ácido nitroso (HNO2) entre
outros, que serão precipitados junto com as chuvas.

Unidade 9.3. O efeito estufa: mecanismo, vibrações moleculares e indutores.

Introdução

Aumento da temperatura média global do ar em vários graus como resultado do


aumento na quantidade de gás carbônico e de outros gases poluentes na
atmosfera. É considerado um dos nossos maiores problemas ambientais, ao
contrário da depleção da camada de ozônio estratosférica, que tem-se manifestado
de modo espetacular com o buraco de ozônio, o fenômeno de aquecimento global
devido ao efeito estufa ainda não foi observado de maneira a convencer todos da
sua existência.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conceptualizar o efeito de estufa;
 Descrever diversas manifestações do efeito estufa;
 Identificar o impacto negativo criado pelo efeito estufa.

Efeito estufa – é um efeito que causa o aumento da temperatura média global


devido o aumento de gás carbônico e outros gases lançados na atmosfera. Os gases
de estufa [dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), Óxido nitroso (N2O), CFC´s
(CFxClx)] absorvem alguma radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra
e radiam por sua vez alguma parte da energia absorvida de volta para a superfície.

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Mecanismo do Efeito Estufa

A superfície e a atmosfera da terra são mantidas aquecidas principalmente pela


energia proveniente do sol. De toda energia recebida do sol, somente 50 % chegam
à superfície, onde é absorvida, outros 20% da luz incidente são absorvidas por gases
UV, pelo ozônio e oxigênio diatômico, e infravermelho pelo CO2 e H2O e pelas
gotículas de água presentes no ar; os restantes 30% são refletidos de volta ao
espaço pelas nuvens, neve, areia, gelo e outros corpos refletores.
De toda a energia recebida do
sol pelas camadas superiores da atmosfera, cerca de pouco mais da metade é
infravermelho, e o restante é luz visível.
Como qualquer outro corpo aquecido, a Terra emite energia; de facto, a quantidade
de energia que o planeta absorve e aquela libertada devem ser iguais para que a
temperatura se mantenha constante. A energia emitida não se situa na região do
visível, ou UV, mas na região do infravermelho, apresentando comprimentos de
onda que variam de 4000-50000nm, essa região é chamada de infravermelho
térmico porque a energia é uma forma de calor, o mesmo tipo de energia é
irradiado por uma panela de ferro quando aquecida.
Logo após sua absorção pelas moléculas presentes no ar, como o CO2, a luz
infravermelho é remetida em todas as direções, de modo aleatório. Deste modo,
uma parte do infravermelho térmico é direcionada de volta em direcção a
superfície, sendo reabsorvida como excesso de energia, provocando aquecimento
adicional tanto da superfície como do ar.
Esse fenômeno, de redirecionamento ou desvio do infravermelho térmico em
direcção à terra, é chamado de Efeito Estufa, e é responsável pelo facto da
temperatura média da superfície da Terra ser de aproximadamente de +15ºC, em
vez de -15ºC, temperatura que predominaria se gases que absorvem infravermelho
não estivessem presentes na atmosfera.
Efeito estufa intensificado – aumento da concentração de gases traços no ar, que
absorvem luz infravermelha térmica, resultando no redirecionamento de uma
maior quantidade de energia IR refletida, o que pode aumentar a temperatura
média além dos 15ºC.

Unidade 9.4. Química estratosférica: CFCs, HCFCs, N2O a criação e a destruição


catalitica e não catalitica da camada de ozónio

Introdução
A destruição da camada de ozono que protege o planeta Terra é um dos mais sérios
problemas ambientais de alcance global. Algumas das consequências de tal
destruição, perceptíveis ao cidadão comum, são o câncer da pele, por exposição
excessiva ao Sol, e as cataratas que podem levar à cegueira. É sabido que a maioria
destas substâncias não só destroem a camada de ozono, mas também fazem parte
dos gases com efeito de estufa, causadores das mudanças climáticas que assolam
o planeta, devastando vidas e colheitas em vários pontos do mundo e Moçambique
é um dos países que tem sofrido estes fenómenos naturais.

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Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer as reacções químicas que ocorrem na estratosfera;
 Descrever as reações que causam a destruição catalítica e não catalítica de
ozónio;
 Identificar as consequências da destruição da camada do Ozônio.

Estratosfera

Na estratosfera, a temperatura aumenta com a altitude e se caracteriza pelos


movimentos horizontais do ar. Situa-se aproximadamente entre 7 até 50 km de
altitude aproximadamente. Apresenta pequena concentração de vapor de água.
Muitos aviões a jacto circulam na estratosfera devido à sua estabilidade. É nesta
camada que está situada a camada de ozônio, e onde começa a dispersão da luz
solar.

A criação e a destruição catalitica e não catalitica da camada de ozonio


A Formação do Ozônio

Ozônio é um gás naturalmente presente na atmosfera. Cada molécula contém três


átomos de oxigênio e é quimicamente designado por O3.

O ozono é um gás que é produzido pela energia das descargas eléctricas, que
quebra as ligações entre os dois átomos do oxigénio molecular (O2), libertando o
oxigénio atómico (O) que fica livre para se ligar com uma molécula de O2,
formando-se, deste modo, a molécula triatómica que chamada ozono.

O2 Radiação UV 2O
<200nm

O + O2 → O3

Está comprovado que emissões de enxofre, cloro, cinzas e calor decorrente de


fenômenos naturais (como erupções vulcânicas) contribuem para redução da
camada de ozônio. Isso, porém, não livra o homem de sua parcela de
responsabilidade do problema.

A destruição não catalitica da camada de ozónio

O ozônio doa, com facilidade, moléculas de oxigênio para espécies de radicais livres
como o nitrogênio, hidrogênio, bromo e cloro. Esses compostos ocorrem
naturalmente na estratosfera a partir de fontes como o solo, vapores d'água e
oceanos.

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O3 Radiação UV O2 + O
200 a 315nm

Destruição catalitica de ozónio

A camada de ozônio (ozônio estratosférico) absorve parte da radiação ultravioleta do


sol nociva à vida. Por causa dessa função, o ozônio estratosférico é considerado
“ozônio bom”. Por outro lado, o ozônio na troposféra, que é formado pelos poluentes,
é considerado “mau ozônio” pois causa problemas respiratórios, destrói plantas e
tecidos.
A etapa inicial do processo de destruição do ozônio estratosférico pelas atividades
humanas se dá por meio da emissão de gases contendo cloro e bromo. Por não serem
reativos e por não serem rapidamente removidos pela chuva, nem pela neve, esses
gases, em sua maioria ficam acumulados na baixa atmosfera. A destruição da camada
de ozônio aumenta a quantidade de radiação UV que chega à superfície do planeta.

Ciclo catalítico do Bromo


Brx / Clx
Brx / Ox BrO + ClO → Br + ClOO
BrO + O → Br + O2 ClOO + M → Cl + O2 + M
Br + O3 → BrO + O2 Br + O3 → BrO + O2
O3 + O → 2O2 Cl + O3 → ClO + O2
2O3 → 3O2

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Brx / NOx / Ox
BrO + NO2 + M → BrONO2 + M
BrONO2 + hv → Br + NO3
NO3 + hv → NO + O2
NO + O3 → NO2 + O2
Br + O3 → BrO + O2
2O3 → 3O2

Brx / HOx / Ox
BrO + HO2 → HOBr + O2
HOBr + hv → OH + Br
OH + O3 → HO2 + O2
Br + O3 → BrO + O2
2O3 → 3O2 Ciclo catalítico do Nitrogênio

N2O + hv → N2 + O
N 2O + O → 2NO
NO + O3 → NO2 + O2
NO2 + O → NO + O2

Ciclo catalítico do Hidrogênio

OH + O3 → HO2 + O2

H2O + O → 2OH

Consequências da destruição da camada do Ozônio

A redução da camada de ozônio causa maior incidência dos raios ultravioleta, o


que diminui a capacidade de fotossíntese nos vegetais e afecta as espécies animais.
Nos seres humanos compromete a resistência do sistema imunolgico e causa
câncer de pele e doenças oculares, como a catarata.

Unidade 9.5. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

1. O que é a Fotoquímica?
2. Quais são os tipos de reacções que ocorrem na atmosfeira e seus impactos sobre
os seres vivos?
3. Apresente as consequências da destruição da camada do Ozôno.
4. Que importância tem a camada do Ozono?
5. Apresente os elementos Químicos que são perigosos para a destruição da
camada do ozono e quais são as suas fontes?

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6. Efeito estufa é um efeito que causa o aumento da temperatura média global


devido o aumento de gás carbônico e outros gases lançados na atmosfera. Os
principais gases de estufa são:

a) CO2, CH4, N2O e CFC´s. b) CO2, CaCO3, N2O e CFC´s.


CO2, CH4, NH3 e CFC´s. c) CO2, CH4, H2O e CFC´s.
7. Na destruição da camada do ozônio, o ozono doa, com facilidade, moléculas de
oxigênio para espécies de radicais livres como:

a. Nitrogênio, oxigênio, bromo e cloro


b. Nitrogênio, hidrogênio, Cálcio e cloro
c. Nitrogênio, hidrogênio, bromo e cloro
d. Nitrogênio, hidrogênio, bromo e cálcio.
8. Na formação da chuva ácida, os óxidos com caráter ácido presentes na atmosfera
reagem com o vapor de água formando substâncias ácidas tais como:

a. H2SO4, H2SO3, H2CO3 e HNO2.


b. H2SO4, H3PO4, HNO3 e HNO2.
c. H2SO4, H2SO3, HNO3 e HNO2.
d. H2SO4, H2SO3, HNO3 e HCN.
9. Smog é um termo que provém da combinação entre as palavras smoke e fog
(fumaça e neblina, na língua inglesa). O Smog causa sérios danos à saúde do
homem, mais precisamente no:

a) Aparelho respiratório. a) Aparelho digestivo

c) Aparelho reprodutor d) todas opções estão correctas.

10. Smog fotoquímica: o próprio nome já define, ela ocorre em presença de luz.
Esta neblina é comum nos dias muito quentes e secos, em sua composição
encontramos:
a) NO2 b) CO2 c) N2O d) CO
11. O Carter é um recipiente onde fica armazenado o óleo lubrificante do motor.
As emissões de gases do Carter são compostas de gases de combustão que
passam pelos anéis de segmento do motor e por vapores do óleo lubrificante (V).

12. A redução da camada de ozônio causa maior incidência dos raios ultravioleta, o
que diminui a capacidade de fotossíntese nos vegetais e afecta as espécies animais.
Nos seres humanos compromete a resistência do sistema imunológico e causa
câncer de pele e catarata (V).
13. A primeira lei da fotoquímica, agora conhecida como a lei de Grotthus-Draper,
cujo enunciado é: “Somente a luz absorvida pelo sistema não pode causar mudança
química” (F).
14. Na camada mais interna (troposfera), o ozônio é formado pela reação dos COV’s
e NO com oxigênio ambiente em presença de luz solar e altas temperaturas (V).

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15. O SO2 e o SO3 reagem com a umidade do ar para formar ácido sulfuroso (H2SO3)
e ácido sulfúrico (H2SO4), que podem ser transportados pelos ventos por centenas
de quilômetros antes de caírem na terra ocasionando fenômenos de chuva ácida
(V).

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Tema X: Pesticidas
Unidade 10. 1: Herbicidas, Inseticidas, Fungicidas, classificação de pesticidas.
Unidade 10.2. Polímeros naturais e sintéticos PAH, PCB, PAN, THM e BTEX.
Unidade 10.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema

Unidade 10. 1: Herbicidas, Inseticidas, Fungicidas, classificação de pesticidas


Introdução

Sem dúvida um dos maiores problemas enfrentados quanto ao uso de pesticidas,


se deve ao fato que a ação tóxica destas substâncias deveria possuir alta
especificidade para os organismos alvo sem causar dano a qualquer outra espécie,
mas infelizmente a maioria destas substâncias não possui qualquer forma de
selectividade e ainda possuem toxicidade elevada. Sua manipulação e utilização
deveriam ser rigorosamente controladas. Entretanto, na prática, pouca atenção é
dada a este tipo de problema, o que atribui aos pesticidas um grau de destaque
como poderosos agentes de contaminação humana.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer a história de pesticidas;
 Classificar os tipos de pesticidas e seus impactos sobre o ambiente;
 Conhecer os principais problemas causados por pesticidas.

Definição e breve histórico dos pesticidas


Os pesticidas podem ser definidos como substâncias com propriedades letais que
podem ser utilizados para eliminar ou controlar um organismo, interferindo em seu
processo reprodutivo. Em relação a sua função, todos têm a mesma acção comum,
que é bloquear os processos metabólicos vitais dos organismos para os quais são
tóxicos. Outro ainda pode ser utilizado com esta finalidade, os agrotóxicos, que no
sentido geral, inclui todos os compostos químicos utilizados na agricultura, com a
finalidade de eliminar, controlar, destruir e impedir a proliferação dos mais variados
tipos de pragas (PEIXOTO, 2007 & RIVEROS, 2012).
Pesticidas São produtos, fabricados em laboratório ou de origem natural, usados
para destruir pestes. Entende-se por "peste" qualquer animal, planta ou
microrganismo que prolifera e vive em ambientes onde não é desejado pelo
Homem.

Classificação dos pesticidas

Existem vários tipos de pesticidas e, consequentemente, várias formas de os


classificar e agrupar. O modo mais fácil de o fazer é separá-los consoante o tipo de
organismo que atacam.

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Tipo de Pesticida Alvo de Ataque


Acaricida Carraças, Aranhas, Acarinos
Antimicrobiano Micróbios
Avicida Pássaros
Fungicida Fungos
Herbicida Plantas, Ervas daninhas
Insecticida Insectos
Moluscicida Caracóis e Lesma
Piscicida Peixes
Rodenticidas Roedores (Ratos

Os pesticidas são classificados quanto a sua finalidade, ou seja, em qual praga será
utilizado, quanto a origem e de acordo com sua estrutura química.

1.1.1. Quanto à finalidade


Existem 3 tipos principais de pesticida, de acordo com Peixoto (2007):
Os Fungicidas, que são utilizados para destruir ou inibir a acção de fungos que
atacam geralmente as plantas, sendo muito comum na agricultura convencional a
utilização de fungicidas sintéticos e por ser um produto muito tóxico e perigoso,
apresenta sérios riscos ao homem e ao meio ambiente.
Os herbicidas, que são produtos utilizados para o controle de ervas daninhas, que
se inserem nas plantações, competindo por água, luz e nutrientes, reduzindo a safra
e a qualidade, servindo também como habitat para pragas e doenças. O uso de
herbicidas é eficaz com rápida acção e custos mínimos, mas são todos tóxicos para
os seres humanos, mesmo que em alguma escala.
E por fim, os inseticidas, utilizados para eliminar insectos em geral, com acção
expandida para larvas e ovos principalmente. Este é o tipo mais comum e
encontrado desde em residências e indústrias.
Os pesticidas podem ser ainda classificados como: acaricidas (para o controle
ácaros), bactericidas (para o controle de bactérias), nematicidas (para o controle de
nematóides), raticidas (para o controle de ratos), formicidas (para controlar
formigas), moluscicidas (papa o controle de moluscos), algicida (para o controle de
algas) (FERNANDO e DUARTE, 2011).

Quanto à origem
Orgânicos
Após as descobertas que os sais inorgânicos utilizados antigamente eram
extremamete tóxicos para o ser humano, então aos poucos foram sendo
introduzidos compostos orgânicos, que dentre os tipos existentes, tem-se
(VILARINHO, 2011):

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 Sintéticos: São produtos à base de carbamatos (nitrogenados), clorados,


fosforados, e clorofosforados e constituem a maior classe de pesticidas
utilizados, com a maior actividade fisiológica.
 Origem vegetal: À base de nicotina, piretrina, sabadina e rotenona.

Inorgânicos
Os pesticidas inorgânicos e organometálicos são em sua maioria extremamente
tóxicos para os seres humanos e mamíferos, no que diz respeito à dosagens
necessárias para torná-los pesticidas eficientes e são constituídos à base de arsênio,
tálio, bário, nitrogênio, fósforo, cádmio, ferro, selênio, chumbo, cobre, mercúrio e
zinco (PEIXOTO, 2007).

Quanto à Estrutura Química


A estrutura química desses compostos são classificadas e organizadas nos seguintes
grupos:
Organoclorados
Os organoclorados tiveram ampla utilização na agricultura até há cerca de 30 anos.
Possuem baixa solubilidade em água e elevada solubilidade em solventes orgânicos
e em geral possuem baixa pressão de vapor e alta estabilidade química, sendo o
motivo para a lenta biodegradação. A maioria são poluentes orgânicos persistentes
que se caracterizam por longos ciclos de vida no ambiente e por serem
transportados a longas distâncias (SÁ et al, 2012).
Possuem efeitos bastante significativos no funcionamento do organismo animal,
em particular sobre os sistemas neurológico, interferindo nas transmissões dos
impulsos nervosos, no sistema imunológico e endócrino. Tais compostos são
bioacumulativos, facilmente encontrados nos tecidos graxos dos seres vivos e
persistentes no ambiente (BRAGA; 2012).
Os organoclorados podem ser classificados estruturalmente em cinco tipos:
hexaclorooctahidronaftalenos (aldrin, dieldrin e endrin), canfenos clorados
(endossulfan, clordano, heptaclor, toxafeno), difeniletanoclorados (DDT=
DicloroDifenil-Tricloroetano, DDD, docofol e metoxiclor), cicldienos e
hexaclorociclohexano.

Organofosforados
Os organofosforados, segundo Savoy (2011), são compostos que derivam do ácido
fosfórico, tiofosfórico ou ditiofosfórico, sendo utilizados como acaricida, fungicida,
inseticida e nematicida, tendo como mais relevantes para o uso no combate as
pragas, os Diclorvós (DDVP), Temefós e Clorpirifós.
Seu efeito em mamíferos manifesta-se principalmente por lacrimejo, salivação,
sudorese, diarreia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios. Estes últimos são
decorrentes de broncoconstrição, aumento das secreções brônquicas e bradicardia,
bem como de depressão do sistema nervoso central, sendo as principais causas de
morbidez e mortalidade por estes produtos.

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Representam uma periculosidade à saúde de quem aplica e a outros que possam


entrar em contato com os mesmos. A intoxicação por essas substâncias pode
ocorrer por exposição via inalação, ingestão ou absorção directa. Como os
organoclorados, os organofosforados são lipossolúveis, porém decompõem-se
dentro de dias ou semanas, e por esta razão é raramente encontrado na cadeia
alimentar.

Carbamatos
São compostos derivados ácido carbâmico, H2NCOOH e foram introduzidos na
década de 50, como inseticidas. Eles podem contaminar águas superficiais de forma
directa ou indirecta, por resíduos industriais ou derramamentos acidentais, embora
seu nível de perigo no ambiente seja limitado (toxicidade aguda média).
Segundo Vilarinho (2011), sua toxicidade é considerada aguda média e por
degradarem-se rapidamente, não são bioacumulativos e seu efeito tóxico atua no
sistema nervoso interferindo nas transmissões dos impulsos nervosos. Possuem
como representantes principais o Aldicarb, Carbaril, Carbofuram, Metomil,
Propoxur, entre outros.

Triazinas
São compostos que fazem parte de uma classe de herbicidas, sendo amplamente
utilizado no controlo de ervas daninhas. As Triazinas são bastante tóxicas e
persistentes no ambiente, principalmente em leitos ou corpos de água com grande
potencial carcinogênico para o homem, segundo as pesquisas de Patussi &
Bündchen (2013).
O produto mais utilizado oriundo das Triazinas é a Atrazina, sendo o herbicida mais
utilizado mundialmente, possuindo amplo expectro de acção, inclusive as folhas
largas. Sua descoberta ocorreu no começo da década de 50, através da empresa
Geicy Química, e sua divulgação ocorreu dez anos depois, quando foi lançada no
mercado.

Piretróides
São a classe de inseticidas mais utilizadas na agricultura, de acordo com Santos,
Areas e Reyes (2007), devido a sua baixa toxicidade, acabando por ser uma
alternativa ao uso dos organoclorados, proibido na década de 80 e ao uso também
dos carbamatos e organofosforados, por serem bastante tóxicos. Possuem pouco
impacto ambiental e um amplo expectro de acção contra diversos tipos de insectos.
Embora, segundo os estudos de Montanha e Pimpão (2012), sua utilização deva ser
feita com bastante cautela, pois já se tem comprovado os efeitos tóxicos que
podem acometer a invertebrados, como peixes.

Cloroacetamidas
Pertencentes a classe dos herbicidas, este tipo de agrotóxico é usado
principalmente em plantações de milho e soja, tendo como principais compostos

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desta classe o, alaclor, metolaclor e o propalaclor.


As cloroacetamindas são inibidoras de crescimento do meristema apical e da raiz
de ervas daninhas, que por sua sensibilidade aos compostos são mortas antes da
emergência.

Classes Toxicológicas e toxicidade


A classificação dos pesticidas foi obtida de acordo os resultados de estudos e testes
feitos em laboratório, objetivando estabelecer um limite chamada dosagem letal
de 50%, (DL50), sendo esta quantidade, a suficiente para matar os animais testados
nos experimentos (BRAIBANTE e ZAPPE, 2012).
Com isso, os pesticidas podem ser classificados em quatro (4) classes distintas, de
acordo com as cores dos rótulos, todas definidas por lei:
● Classe I: Rótulo Vermelho – São os compostos químicos extremamente tóxicos,
de grande risco a saúde humana e ao meio ambiente. Como exemplos, tem-se o
grupo dos clorados, os clorofosforados.
● Classe II: Rótulo Amarelo – de toxicidade alta para os seres humanos. Possui os
Carbamatos e Organoclorado.
● Classe III: Rótulo Azul – são substâncias consideradas de toxicidade mediana para
a saúde humana. Como exemplo, os organofosforados.
● Classe IV: Rótulo Verde – são os produtos considerados pouco tóxicos para os
seres humanos. Exemplos os piretróides.

Principais Problemas Causados por Pesticidas


O uso de pesticidas pela agricultura é a principal fonte de entrada destas
substâncias no ambiente devido às grandes quantidades utilizadas.
A contaminação pode ocorrer por outros meios, como propagação pelos ventos,
pela evaporação que ao atingir a atmosfera distribui esses agentes químicos para o
solo ou as águas superficiais e pela disposição inadequada das embalagens vazias
contendo resíduos de contaminantes, comprometendo a qualidade da flora e da
fauna nativas, sem falar na própria saúde de homem. (PEIXOTO, 2007).

Contaminação do Solo
O solo pode ser representado como um ciclo natural do qual participam fragmentos
de rochas, minerais, água, ar, seres vivos e seus detritos em decomposição. Estes
resultam de factores climáticos no decorrer do tempo e da actividade combinada
de microrganismos, decompondo restos de animais e vegetação, respectivamente.
A produção agrícola e pecuária tendem a se utilizar de pesticidas, para atender a
uma crescente demanda por alimentos, apesar das consequências à saúde humana.
Segundo Rosa e Rocha (2003), é que quando os pesticidas atingem o solo, seus
efeitos afectam as suas propriedades físico-químicas, tornando-o infértil e
contaminando-o. Uma vez contaminando, a substância pode permanecer por muito
tempo, sendo absorvida pelas raízes das plantas e matando, inclusive,

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micoorganismos que interagem com as raízes e colaboram com o crescimento das


mesmas.

Contaminação do ambiente aquático


O compartimento mais atingido é o ambiente aquático, para onde grande parte dos
pesticidas é destinada. A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos
aumenta, principalmente, quando a água é usada para o consumo
humano. (MARASCHIN, 2003; PEIXOTO, 2007).
Os principais problemas causados pelos pesticidas no ambiente aquático estão
directamente ligados ao escoamento superficial ou enxurrada, uma vez que a água
causa um movimento do produto químico pelo solo, a lixiviação, contaminando
lençóis freáticos, rios e lagos. Não esquecendo que ao atravessar o solo, a água
dissolve e transporta uma série de substância nele presente, incluindo os pesticidas.

Resíduos em alimentos
A aplicação de pesticidas, durante a produção agrícola e na agropecuária para
obtenção de melhores rendimentos de acordo com Canturatti et al. (2008) tem
como consequência a presença de resíduos destes compostos em alimentos, o que
leva o homem a uma exposição crônica de várias substâncias químicas, já que em
alguns casos, há uso de vários tipos de pesticidas em uma mesma cultura.
A exposição a piretróides, organofosforados e carbamatos, exemplos de inseticidas
lipofílicos amplamente utilizados no combate a pragas de animais e plantas, dá-se
pelos alimentos na forma de resíduos e ainda podem ser absorvidos pela pele e
através da inalação. Suas características de solubilidade facilitam a excreção da
substância pelo leite e a passagem pela barreira placentária, favorecendo a
exposição ao pesticida no período peri-natal. Assim a exposição do neonato ao
inseticida, em concentrações que não revelam sinais clínicos de intoxicação
sistêmica materna, pode causar danos no indivíduo em desenvolvimento.

Saúde humana
De acordo com Siqueira e Kruse (2008) afirmam que estudos sobre agrotóxicos
relacionados com a saúde humana detectaram a presença dessas substâncias em
amostras de sangue humano, no leite materno e resíduos presentes em alimentos
consumidos pela população em geral, apontando a possibilidade de ocorrência de
anomalias congênitas, de câncer, de doenças mentais, e disfunções na
reprodutividade humana relacionadas ao uso de agrotóxicos. As mutações gênicas
e aberrações podem ser causadas pelo contacto com pesticidas.
Uma vez que o pesticida é lançado no meio ambiente e contamina solo e água, ele
pode ser absorvido e translocado pelas plantas, podendo ser transferido para
outras cadeias alimentares, através da Bioacumulação.
Actualmente, um dos mais sérios problemas enfrentados pela agricultura
sustentável é a resistência a pesticidas. Isso, porque a aplicação constante de um
determinado pesticida, permite que a praga desenvolva resistência, levando a

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

aplicação de doses mais altas e frequentes. Isso quando não há a troca por um
produto mais potente, pois a própria natureza, através do processo da selecção
natural e evolutivo, faz com que espécies se tornam capazes de resistir e transmitir
essa característica aos descendentes, através do fluxo gênico.

Unidade 10.2. Polímeros naturais e sintéticos PAH, PCB, PAN, THM e BTEX.

Introdução

Polímeros são definidos como o conjunto de pequenas moléculas denominadas


monômeros, elas se ligam para formar macromoléculas. Daí o nome do grego: poli =
muitos + meros = partes. Os polímeros se classificam em naturais e artificiais:
Polímeros naturais: são aqueles que encontramos na natureza, por exemplo,
borracha (extraída da seringueira), celulose, proteínas, polissacarídeos, entre
outros. São úteis na fabricação de diversos materiais como papel, pneus, etc. Como
se sabe, proteínas e polissacarídeos estão presentes nos alimentos que ingerimos.
Polímeros artificiais: os materiais poliméricos produzidos artificialmente surgiram
da necessidade de imitar os polímeros naturais. São produzidos pela síntese:
processo que surgiu após a descoberta da Química Orgânica (segunda metade do
século XIX), e requer tecnologia sofisticada, pois envolve reações químicas em
laboratório.
Os polímeros sintéticos revolucionaram o século XX, ficaram popularmente
conhecidos como plásticos. Com eles tornou-se possível fabricar vários objectos,
dentre eles: sacolas, para-choques de automóveis, canos para água, panelas
antiaderentes, mantas, colas, tintas e chicletes.

Objectivos Específicos

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:


 Conhecer os polímeros naturais e sintéticos;
 Classificar os polímeros naturais e sintéticos;
 Diferenciar as estruturas dos polímeros (PAH, PCB, PAN, THM e BTEX).

Polímero é qualquer material orgânico ou inorgânico, sintético ou natural, que


tenha um alto peso molecular e com variedades estruturais repetitivas, sendo que
normalmente esta unidade que se repete é de baixo peso molecular (MANRICH,
2005).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Sintéticos
Os polímeros sintéticos são obtidos através de reações (polimerizações) de
moléculas simples (monômeros) fabricados comercialmente. Como exemplos
destes polímeros têm o polipropileno, polietileno, poliestireno, as resinas epóxi,
fenólicas e outras.
Os polímeros biodegradáveis mais conhecidos e promissores atualmente são o
Polihidroxibutirato (PHB) e o Polihidroxibutirato-co-hidroxivalerato (PHBHV), da
família dos Polihidroxialcanoatos (PHA). Os PHAs são polímeros naturais
sintetizados por uma grande variedade de microorganismos, tendo sua estrutura
química composta basicamente por átomos de carbono, oxigênio e hidrogênio.

Poli(alilamina hidroclorada) – PAH


O polimero poli (alilamina hidroclorada) – PAH – e um polimero sintetizado a partir
da alilamina.. Este polimero, um polieletrolito cationico fraco muito utilizado na
confeccao de filmes LbL, e bastante conhecido na area de materiais como “polimero
de construcao” por ser empregado para unir diferentes materiais em filmes. Sua
cadeia polimerica possui ramificacoes que exibem cargas positivas oriundas dos
grupos NH3+ dissociados do ion Cl- (ver Figura). O PAH e o PAA, poli(acido acrilico),
foram estudados afim de se avaliar a influencia do pH de suas solucoes aquosas no
grau de dissociacao de seus respectivos grupos ionicos [CHOI 2005]. Em outro
trabalho verificou-se a influencia do pH da solucao aquosa do PAH e do PAA na
espessura de filmes LbL contendo estes polieletrolitos fracos. A interação entre os
grupos NH2 nao dissociados, do PAH e o metal da FeTsPc foram investigados
[ZUCOLOTTO 2003 (a)]. O PAH também foi empregado em um filme LbL com SnO2
para a eletroxidacao de etanol [BARRETO 2008]. Filmes LbL de PAH com Neutral

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

Red foram aplicados como sensores de pH [GOICOECHEA 2008] e o PAH, junto a


NiTsPc e a FeTsPc em filmes LbL foram aplicados como sensores voltametricos de
dopamina.

Figura 6: estrutura química do PAH.

Bifenilas policloradas (PCB)

Bifenila policlorada é o termo dado à classe de compostos organoclorados


resultantes da reação do grupo bifenila com cloro anidro. Foram sintetizados por
volta de 1800, e sua produção em escala industrial iniciada em 1922. As moléculas
destes compostos podem apresentar diversas substituições em relação à posição
dos átomos de cloro e de sua quantidade.

Figura 3. Estrutura química básica da bifenila.

Em 1966 foram reconhecidos como contaminantes do ambiente, devido à sua


detecção quando se realizou determinação de resíduos de pesticidas
organoclorados. A maior produção ocorreu no ano de 1970 (50 mil toneladas),
sendo consumida em maior parte pela indústria eletrônica [10]. Em 1978, surgiram
as primeiras leis restringindo o uso para trocadores de calor. Em 1983, foi publicada
uma lei proibindo o uso no território americano a partir de 1988. Devido ao grande
número de congêneres, as formulações que foram comercializadas constituem-se
na mistura de compostos com número variado de átomos de cloro. Nos Aroclor , a
identificação é feita por quatro algarismos. Os primeiros representam a estrutura
central (bifenila, 12 átomos

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

de carbono) e o restante representa a porcentagem aproximada de cloro em massa


[PENTEADO e VAZ 2001].
A grande utilização dos PCBs deve-se às suas propriedades físico-químicas como
alta constante dielétrica e alta estabilidade química e térmica, que são
características ideais para o emprego em diversos setores industriais. Estima-se que
40% de toda a produção mundial acumulada desde 1920 tenham entrado para o
ambiente.

Produção dos PCBs


O aquecimento do benzeno a altas temperaturas pode romper as ligações carbono
hidrogênio. À temperatura de 750ºC, na presença de chumbo como catalisador,
duas moléculas de benzeno ligam-se para formar uma bifenila.
Se a bifenila reagir com cloro na presença de cloreto férrico, alguns de seus átomos
de hidrogênio são substituídos por átomos de cloro. Quanto maior a quantidade de
cloro presente e quanto mais tempo for dado à reação, maior será a extensão da
reação de cloração, em média. A reação produz uma mistura sólida ou líquida de
muitos dos 209 congêneres da classe dos PCBs. Os congêneres puros não são
isolados com finalidade comercial, mas sim vendidas como misturas parcialmente
separadas, sendo que o teor médio de cloro varia de 21 a 68% (BAIRD, 2002).

Propriedades e usos dos PCBs


Os PCBs são solúveis em meios hidrofóbicos, tais como substâncias gordurosas e
são praticamente insolúveis em água. Tornaram-se atrativos comercialmente
devido à inércia química do líquido e à dificuldade de queimá-los, além da baixa
pressão de vapor, baixa constante dielétrica e produção relativamente barata. Tais
propriedades fizeram com que fossem empregados como fluidos refrigeradores em
transformadores e condensadores elétricos. Posteriormente foram usados como
plastificantes, como solvente para reciclagem de papel e como fluidos de
transferência de calor em máquinas.

Ocorrência dos PCBs no ambiente


Devido ao seu amplo uso e à estabilidade, além da má disposição, os PCBs
tornaram-se contaminantes ambientais persistentes. Embora a produção na
América do Norte tenha sido finalizada em 1977, estas substâncias ainda
permanecem em transformadores elétricos em serviço. Antigamente, os
transformadores que continham PCBs eram esvaziados em aterros e seu conteúdo
era escoado no solo. Pode-se dizer que os PCBs foram emitidos para o ambiente
durante a produção, uso, armazenagem e descarte.
Para (PENTEADO e VAZ 2001), As rotas de contaminação do ambiente por PCBs são:
 Vaporização de componentes contendo PCBs.
 Acidente ou perda no manuseio.
 Vazamentos.
 Efluentes industriais.
 Fumaça resultante da incineração de produtos contendo PCBs.
O destino final destes compostos é influenciado pelas propriedades físico-químicas:
lipofilicidade, pressão de vapor e solubilidade em água. Os congêneres menos
clorados apresentam maior solubilidade em água e pressão de vapor, em relação

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

aos congêneres com maior número de cloro, que possuem maior lipofilicidade.
Estas diferenças nas propriedades têm grande efeito no comportamento individual
dos congêneres nos diferentes compartimentos ambientais.

PCBs nos seres vivos


A entrada de PCBs na cadeia trófica ocorre devido às suas propriedades
físicoquímicas.
Os PCBs podem passar por um processo de acumulação, que depende da estrutura
do contaminante, da lipofilicidade e da dinâmica da teia alimentar. O homem sofre
maior risco de exposição, por se situar no topo da cadeia trófica.
Quando presentes nos alimentos, os PCBs encontram - se em concentrações
maiores que 100 vezes em relação à água. Este acúmulo ocorre através de ingestão
e contato direto com a água, alimento ou sedimento contaminado. A razão de
assimilação varia conforme o número de átomos de cloro e sua distribuição na
molécula. Os congêneres com menor número de átomos de cloro são excretados
mais rapidamente.

Efeitos tóxicos dos PCBs


Quando os PCBs foram considerados como poluentes, os efeitos tóxicos das
misturas foram analisados em peixes e no homem. Tais estudos demonstraram que
a contaminação pode alterar as funções reprodutivas, causar distúrbios na
maturação sexual e efeitos teratogênicos. Nos seres humanos as conseqüências de
contaminação foram estudadas em casos de acidentes e exposição. Foram
observados os seguintes sintomas da exposição: hiperpigmentação, cloracne,
problemas oculares, incidência de mortes por câncer de fígado e vesícula biliar.

POLIACRILONITRILA (PAN)
Possui como monômero a acrilonitrila (cianeto de vinila), líquido com ponto de
ebulição de 78 ºC. O polímero formado é a poliacrilonitrila (PAN),conforme mostra
a figura.

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Preparação
Reação de poliadição em lama. O monômero acrilonitrila é tratado com persulfato
de potássio/metabissulfito de sódio, água e a temperatura da reação são de 50 ºC.
Propriedades
Massa molecular aproximada de 100.000 e densidade 1,18 g/cm3.
Cristalinidade: baixa; Tg = 105 ºC e Tm 250 ºC.
Material termoplástico. Alta resistência mecânica e química.
Tem boa resistência química e óptima barreira a gases, além de excelentes
propriedades eléctricas.
Aplicações
Fibras têxteis macias e leves como lã. Precursor para a fabricação de fibra de
carbono.
Pode ser moldada por sopro e utilizada como embalagem de alimentos, bebidas,
herbicidas, inseticidas etc.
A PAN é transformável em fibra por dissolução em dimetilformamida e fiação, com
eliminação do solvente a vácuo.
Fibras de PAN são precursoras de fibras de carbono através de aquecimento
gradativo até 1200 ºC, em atmosfera oxidativa/inerte, por tempo prolongado.
Fibras de carbono apresentam excepcional associação de baixo peso e alta
resistência mecânica; têm grande aplicação em compostos de cor negra,
empregados nas indústrias aeronáutica e aeroespacial; em materiais para esporte
e lazer, como aerofólios de carros de corrida, bases de esqui, aros de raquete de
tênis.

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

THM

Principais características físicas e químicas dos THMs


Os trihalometanos são, em estado puro, substâncias líquidas (clorofórmio,
bromofórmio) ou sólidas (iodofórmio) à temperatura ambiente (10 a 30ºC); de odor
característico (uns agradáveis e outros repulsivos); pouco solúveis em água, mas
muito solúveis em diluentes orgânicos.
Relativamente ao comportamento químico dos THMs, pode-se dizer que são
compostos estáveis, não facilmente oxidáveis e não diretamente combustíveis,
não-inflamáveis.
Estão ainda em estudos métodos de análise por reação colorimétrica que
apresentem suficiente sensibilidade para detectá-los e medi-los.
As propriedades assinaladas dos THMs nos indicam que sua eliminação da água por
uma aeração somente é eficaz nos casos dos mais voláteis e que, uma vez formados
durante a cloração sua decomposição é difícil, apresentando resistência à oxidação
mesmo por agentescomo o ozônio.

Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno, Xilenos (BTEX)

A sigla BTEX é um acrônimo formado a partir dos nomes das substâncias químicas:
benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (o-xileno, m-xileno, p-xileno). Como essas
substâncias são geralmente encontradas juntas no ambiente, utiliza-se a expressão
BTEX como uma referência conjunta a elas. O BTEX pertence a um grupo químico
denominado de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs). Por apresentarem uma
característica de alta volatilidade, contaminam a atmosfera, ao invés de persistirem
nas superfícies de águas e solos. Esses compostos são poluentes que contribuem
nos processos de degradação ambiental, interferindo, por exemplo, na redução do
ozônio estratosférico e na formação do ozônio troposférico. A oxidação dos COVs,
na presença de óxidos de nitrogênio, leva à formação do smog fotoquímico,
prejudicial para os seres humanos, animais e vegetação (FALCÓ; MOYA, 2007). Em
relação à água, os COVs estão entre os poluentes mais comumente encontrados em
águas subterrâneas (SAFAROVA et al., 2004). Estes hidrocarbonetos possuem uma
alta mobilidade em sistemas solo-água, devido ao seu menor coeficiente de
partição entre octanol-água.

A mistura BTEX representa um grupo homogêneo de hidrocarbonetos orgânicos


voláteis com propriedades físico-químicas semelhantes. O benzeno, o tolueno, o
etilbenzeno e os xilenos são hidrocarbonetos monoaromáticos, incolores e com
odor característico, sendo solúveis em água, mas geralmente miscíveis com outros
solventes orgânicos, como o éter etílico, acetona, etanol e clorofórmio. Os meios
contaminados com esses químicos incluem o ar, a água e o solo (ATSDR, 2004).
Estes químicos têm sido utilizados na indústria química para preparar catalisadores
sólidos, em reações de
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

polimerização, para dissolver composições fotossensíveis e para sintetizar


pesticidas e produtos farmacêuticos (BARRETO et al., 2007).

O benzeno tem sido amplamente utilizado como solvente em indústrias


farmacêuticas, em tintas, colas e derivados, porém, recentemente, há uma forte
pressão em se restringir esse amplo uso, pelas evidências comprovadas das suas
características carcinogênicas (ROMA, TORRES et al., 2006). Dentre os
hidrocarbonetos de petróleo, o benzeno é um dos compostos mais solúveis em
água. No meio ambiente, ele é encontrado na atmosfera devido, principalmente, à
sua presença em gases de exaustão de motores a gasolina, pelo próprio processo
de sua produção, bem como pelo uso industrial como produto intermediário. Na
água, ele aparece decorrente de descargas de efluentes industriais ou por
vazamentos.

Exemplo:

O tolueno é um composto orgânico volátil, da classe dos hidrocarbonetos


monoaromáticos. Como o etilbenzeno e os xilenos, o tolueno é um alquilbenzeno.
Ele difere do benzeno por conter um grupo metil adicionado ao anel benzênico. O
tolueno é amplamente utilizado como solvente de tintas, tiners, adesivos e em
produtos farmacêuticos, sendo também misturado na gasolina, juntamente com o
benzeno e os xilenos (ROMA-TORRES et al., 2006).

Exemplo:

O etilbenzeno caracteriza-se por ser um hidrocarboneto aromático presente no


petróleo e é um dos componentes de combustíveis líquidos. Ele é usado como
solvente na produção de borracha sintética e estireno. Este composto é
comumente encontrado no ar na forma de vapor, movendo-se facilmente do ar
para a água e do ar para o
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

solo. Uma vez na atmosfera, a molécula de etilbenzeno reage, por fotólise, com
outros produtos químicos, formando as substâncias constituintes dos “smogs”. Na
superfície da água, o etilbenzeno reage naturalmente com os outros compostos
presentes na água, enquanto que, no solo, grande parte do etilbenzeno é
degradada por bactérias. Como o etilbenzeno liga-se moderadamente ao solo, ele
também pode se mover através do mesmo, contaminando as águas subterrâneas.

Exemplo:

O xileno é um hidrocarboneto aromático, composto por dois grupos metil ligados


ao anel benzênico, apresentando três diferentes formas isoméricas: ortho, meta e
para, sendo que a mistura dessas formas é usada em uma variedade de solventes,
principalmente nas indústrias de tintas (ROMA-TORRES et al., 2006). O xileno tende
a evaporar rapidamente quando exposto à atmosfera, mas pode ser mais
persistente em sedimentos, no solo ou em águas subterrâneas, onde não se
encontra exposto diretamente ao ar. O xileno tende a migrar para as águas
subterrâneas e persistir nelas por meses ou até mesmo anos.

Exemplo:

Unidade 10.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema


1. Dar conceito e Classifique os pesticidas.

2. Apresente os Principais Problemas Causados por Pesticidas.


a) No meio aquático;
b) Nos seres Humanos;

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

c) Nos alimentos;
d) No solo.
4. Apresente os conceitos dos seguintes Polímeros (PAH, PCB, PAN, THM e BTEX).
a) Diga a ocorrência no ambiente;
b) Produção e apresentar um exemplo;
c) Propriedades e usos;
d) Efeitos tóxicos nos seres vivos;
e) Aplicações.
5. Apresente a classificação dos polimeros, dando dois exemplo para cada.
6. Os pesticidas podem ser classificados em quatro (4) classes distintas, de acordo
com as cores dos rótulos, todas definidas por lei:

a. Rótulo Vermelho, Rótulo Amarelo, Rótulo Azul e Rótulo Verde


b. Rótulo Vermelho, Rótulo Preto, Rótulo Azul e Rótulo Verde
c. Rótulo Vermelho, Rótulo Amarelo, Rótulo Castanho e Rótulo Verde
d. Rótulo Vermelho, Rótulo Amarelo, Rótulo Azul e Rótulo Roxo.
7. O tolueno é um composto orgânico volátil, da classe dos hidrocarbonetos
monoaromáticos. O tolueno é um alquilbenzeno. Ele difere do benzeno por conter
um grupo:

a) Metil adicionado ao anel benzênico b) Etil adicionado ao anel benzênico

c) Dietil adicionado ao anel benzênico d) Todas as opções estão correctas.

8. A sigla BTEX é um polimero acrônimo formado a partir dos nomes das


substâncias químicas:

a. Benzeno, trifenil, etilbenzeno e xilenos


b. Benzeno, tolueno, etilmetano e xilenos
c. Benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
d. Butano, tolueno, etilbenzeno e xilenos

9. O benzeno tem sido amplamente utilizado como solvente em indústrias


farmacêuticas, em tintas, colas e derivados, porém, recentemente, há uma forte
pressão em se restringir esse amplo uso, pelas evidências comprovadas das suas
características carcinogênicas. A sua fórmula molecular é composta de seis átomos
de carbono e seis átomos de hidrogênio (C6H6) e foi proposta por:

a) Friedrich Wöhler b) Friedrich August Kekulé

c) Isaac Newton d) Todos

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

10. A preocupação com a contaminação de ambientes aquáticos aumenta,


principalmente, quando a água é usada para o consumo humano (V).

11. O organofosforado seu efeito em mamíferos manifesta-se principalmente por


lacrimejo, salivação, sudorese, diarreia, tremores e distúrbios cardiorrespiratórios
(V).

12. Quando os PCBs foram considerados como poluentes, os efeitos tóxicos das
misturas foram analisados em peixes e no homem (V).

13. Os herbicidas, que são produtos utilizados para o controle de ervas daninhas,
que se inserem nas plantações, competindo por água, luz e nutrientes, reduzindo a
safra e a qualidade, servindo também como habitat para pragas e doenças (V).

14. Pesticidas são produtos, fabricados em laboratório ou de origem natural, usados


para crescimento de pestes (F).

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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 30 Ano Disciplina/Módulo: QUÍMICA AMBIENTAL

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