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Ritmo Cognitivo, Meta-reflexão e Experiência: parâmetros de

análise processual no desempenho de tradutores novatos e

experientes

Fábio Alves

Introdução

A identificação de parâmetros para a análise processual do desempenho de

tradutores é o objeto de estudo deste artigo que toma o processo de tradução como

ponto de partida para tecer reflexões sobre a relação entre ritmos cognitivos na

produção textual de tradutores novatos e experientes e seus respectivos níveis de

meta-reflexão e experiência.

Vista de uma perspectiva processual, a tradução pode ser considerada sob

vários aspectos. Na fase inicial da abordagem processual, Krings (1986), Königs

(1987) e Lörscher (1991, 1992) adotaram uma orientação psicolingüística em seus

trabalhos, mantendo uma posição diferenciada, contudo, quanto ao perfil dos sujeitos,

aos tipos de texto utilizados e ao grau de intervenção do pesquisador na coleta de

dados. Por sua vez, Fraser (1993), Séguinot (1989) e Tirkkonnen-Condit (1989)

concentraram-se em aspectos práticos da formação de tradutores e na interface

acadêmica/vocacional. Jääskeläinen (1989) e Gerloff (1987), por outro lado,

envidaram esforços para estabelecer semelhanças e diferenças entre grupos de sujeitos

com níveis distintos de experiência prévia em tradução. Com um enfoque na interface

entre cognição e pragmática, Alves (1995) preocupou-se com processos de tomada de

decisão e de suas implicações cognitivas e contextuais. Esses trabalhos, de múltiplas

facetas, apresentam resultados interessantes, mas, ao mesmo tempo, problemas de


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uniformidade metodológica. Sabe-se que a investigação empírica requer desenhos

experimentais cujo caráter pressupõe o controle de variáveis específicas. No caso do

processo de tradução, destacam-se entre elas: (i) o tipo de texto utilizado; (ii) o perfil

dos tradutores -- experientes, novatos, bilíngües; (iii) aspectos estratégicos, tais como,

o uso de fontes de consulta, a solução de problemas e processos de tomada de decisão;

(iv) condições de produção, quais sejam, informações sobre especificidades da tarefa

de tradução (brief), o público alvo e restrições mercadológicas; e (v) aspectos

cognitivos, tais como, pressão de tempo, e o papel da memória e de outros

mecanismos de apoio interno, tais como, processos inferenciais. Os trabalhos acima

citados diferem em vários desses pontos e, portanto, seus resultados não são

comparáveis. Contudo, apesar dessas diferenças, um ponto me parece ser comum a

todos eles: independentemente do tipo de desenho experimental utilizado para a

investigação do processo tradutório, em todos esses trabalhos é possível identificar

um processo cuja natureza não linear revela altos níveis de complexidade cognitiva. A

dificuldade de comparação dos resultados deriva do fato de que os dados foram

coletados utilizando-se praticamente os mesmos instrumentos, mas com desenhos

experimentais e aplicações muito distintas. Como conseqüência, é difícil tecer

generalizações sobre os diferentes ritmos processuais de tradutores novatos e

experientes em pares lingüísticos distintos e com diferentes condições de produção

textual. Todavia, pode-se supor que, compartilhando-se instrumentos adequados,

desenhados para fins específicos, seja possível mensurar e replicar em estudos

semelhantes o ritmo processual através do qual se produz uma tradução e,

conseqüentemente, mapear de forma mais transparente a complexidade inerente ao

processo de tradução.

Visando a esse objetivo e adotando a definição de ritmo cognitivo postulada

por Schilperoord (1996) e utilizada por Jakobsen (2002) para mapear os distintos
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ritmos cognitivos de sujeitos tradutores, este artigo propõe-se a investigar as possíveis

relações entre ritmos cognitivos de tradutores novatos e experientes e questões

relacionadas à capacidade de meta-reflexão e experiência em tradução como forma de

investigar diferentes graus de gerenciamento do processo de tradução. Para tanto, o

quadro teórico tratará de definir a noção de ritmo cognitivo e seus respectivos padrões

de orientação, redação e revisão. Buscará também apresentar uma definição de

durabilidade textual, ou seja, uma propriedade do texto de chegada que o distinga

como uma tradução qualitativamente adequada, independente da necessidade de

revisão adicional.

Adotando-se a perspectiva defendida por Gonçalves (2003), postula-se neste

artigo que níveis mais altos de meta-reflexão apontam para uma maior competência

tradutória e, portanto, uma maior capacidade de gerenciamento operativo do processo

de tradução. Nesse sentido, a questão do conhecimento especializado como decorrente

de experiência, como definida por Ericsson (2002), surge como fator crucial para a

aquisição da competência tradutória. A partir de um desenho exploratório, conduzido

no âmbito de um estudo piloto para fins de um futuro trabalho com um maior número

de sujeitos e tipos de texto, este artigo procura delimitar parâmetros de análise

processual no desempenho de tradutores novatos e experientes, contrastando-se o

ritmo cognitivo de três sujeitos tradutores -- com diferentes níveis de experiência -- e

a durabilidade de sua produção textual com seus respectivos níveis de meta-reflexão e

suas capacidades de gerenciar operativamente o processo de tradução.

Quadro Teórico

O estudo do processo de tradução tem uma história recente que vem ganhando

força no decorrer das duas últimas décadas. Esses trabalhos podem ser divididos em
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duas grandes fases: a primeira, cobrindo o período de 1986-1996, constitui uma fase

de estudos exploratórios diferenciados; a segunda englobando os últimos sete anos

revela sinais de amadurecimento dos trabalhos que passam a se preocupar com um

maior rigor metodológico, um controle mais rigoroso dos desenhos experimentais, e a

possibilidade de replicação de estudos e comprovação ou refutação de hipóteses.

Os resultados dos primeiros dez anos de estudos sobre o processo de tradução

encontram-se minuciosamente registrados na revisão bibliográfica realizada por Janet

Fraser (1996). A autora mostra que as pesquisas sobre o processo de tradução

examinam em seus desenhos experimentais diferentes estratégias e problemas de

tradução, e divergem sobre diferenças entre tradutores experientes e novatos e a

respeito da utilização de fontes de consulta, pressão de tempo, informações sobre

especificidades da tarefa de tradução (brief) e o público alvo. Para Fraser, não há uma

consistência metodológica em esses primeiros estudos que permita sua replicação em

outros pares de línguas. Resumidamente, o único ponto de convergência entre esses

primeiros trabalhos de pesquisa é o fato de que todos eles utilizam a técnica de

protocolos verbais (TAPs) como instrumento de coleta de dados. Contudo, o fazem de

forma muito diferenciada: são misturados protocolos consecutivos e retrospectivos,

TAPs com e sem pressão de tempo, com e sem acesso a fontes de consulta, etc.

Através da revisão da literatura, Fraser (1996:74) chega à conclusão que "[...] os

estudos sobre o processo da tradução têm, de fato, muito pouco em comum e

apresentam imagens muito diferentes do processo de tradução que se propõem a

investigar”1 . Pode-se considerar o trabalho de Fraser como delimitador entre as duas

fases de estudos sobre o processo de tradução citadas acima. A partir de suas

observações, os pesquisadores sobre o processo de tradução sentiram a necessidade de

reexaminar os objetivos e procedimentos que norteavam suas investigações.


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Já a partir de 1998, registram-se os primeiros trabalhos que, sem abandonar o

uso de TAPs, procuram mapear o processo de tradução em tempo real através da

gravação de toques no teclado de computadores. O programa Translog, criado por

Arnt Jakobsen e Lasse Schou (1999), configura um novo marco metodológico para a

área e pode ser considerado como o precursor da segunda fase de estudos sobre o

processo de tradução. Registra-se nesta segunda fase uma preocupação com a

consistênc ia dos desenhos experimentais e com o controle de instrumentos de coleta

de dados. Os trabalhos de Alves (2001, 2003), Alves & Gonçalves (2003), Alves &

Magalhães (2004), Hansen (1999, 2002, 2003), Jakobsen (1999, 2002, 2003), Lauffer

(2003), PACTE (2001, 2002, 2003), entre vários outros, revelam uma preocupação

com a triangulação de dados processuais como forma de controlar com mais rigor as

variáveis investigadas.

Um dos principais pontos de discussão nesta segunda fase diz respeito ao

papel dos protocolos verbais consecutivos nos desenhos experimentais. Jakobsen

(2003) é contundente ao afirmar que é muito grande a influência da condição think-

aloud, qual seja, a verbalização concomitante de pensamentos ao traduzir, nos

processos mentais subjacentes ao processo de tradução. Nesse sentido, TAPs (think-

aloud protocols) consecutivos constituem uma sobrecarga cognitiva para os sujeitos

envolvidos nos experimentos empírico-experimentais em tradução. Segundo

Jakobsen, apesar de tal afirmação não implicar no abandono do uso da técnica de

protocolos verbais, recomenda-se cuidados especiais quando de sua utilização. Porém,

se esta constatação nos leva a rever algumas suposições sobre a utilização de TAPs

para objetivos de investigação, isto não invalida o uso da metodologia de protocolos

verbais. De fato, segundo Jakobsen (2003:93), o método mais óbvio para buscar

responder muitas perguntas ainda carentes de resposta é tentar construir hipóteses com

base tanto nos dados quantitativos de Translog quanto nos dados qualitativos dos
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TAPs. Nesse sentido, TAPs retrospectivos, se utilizados em conjunto com a função

replay do programa Translog imediatamente após a coleta de dados no computador,

permitem a captura de dados inferenciais indiretos sobre a utilização de apoio interno.

Além disso, esses relatos retrospectivos permitem também a identificação de formas

de apoio externo registradas por meio de outras ferramentas, tais como o programa

Camtasia, que possibilitam a gravação de imagens da tela do computador e,

conseqüentemente, a identificação de fontes de consultas não registradas pelo

programa Translog.

Alves (2003) e Lauffer (2003) apresentam propostas semelhantes para realizar

a triangulação de dados processuais de sujeitos tradutores. Lauffer sugere a captura de

imagens através do programa Camtasia para a suplementação de informações não

registradas por Translog. Alves propõe, além da captura de imagens, a gravação de

relatos retrospectivos monitorados através da função replay do Translog e da

investigação de problemas pontuais em um determinado grupo de sujeitos. Alves

propõe ainda que um mesmo desenho experimental seja utilizado em grupos com

perfis diferentes e para a tradução de diferentes gêneros textuais. Nesse sentido, um

mesmo desenho experimental pode ser replicado com a mudança de uma de suas

variáveis quando se modifica o perfil do tradutor ou o tipo do texto; as demais

variáveis devem permanecer constantes. No caso de se controlar outras variáveis, tais

como, pressão de tempo, acesso a fontes de consulta, informações sobre o público

alvo etc., é importante assegurar que cada uma delas faça parte de um novo desenho

experimental. Este rigor metodológico é extremamente importante quando se deseja

que um mesmo estudo possa ser replicado em diferentes pares lingüísticos ou entre

diferentes sujeitos tradutores. Assegura-se, desse modo, maior confiabilidade e um

maior poder de generalização aos resultados obtidos. Pode-se, assim, almejar o


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mapeamento dos ritmos de produção textual de sujeitos tradutores através de critérios

metodológicos mais consistentes.

Ritmo Cognitivo

Desde o trabalho de Flower e Hayes (1981) sabe-se que o processo de escrita

tem uma natureza recursiva, ou seja, é construído sucessivamente sobre si mesmo

com etapas de planificação, redação e revisão sobrepondo-se umas às outras sem que,

necessariamente, uma ordem seqüencial tenha prioridade sobre outra. Estabelece-se,

assim, uma organização hierárquica para o processamento cognitivo de escrita em que

a recursão desempenha um papel fundamental. Segundo o modelo de Flower e Hayes,

esta recursividade é controlada por um dispositivo cognitivo que monitora o processo

e determina quando um escritor se movimenta de um determinado processo para um

seguinte.

Revisitando o modelo de Flower e Hayes, Schilperoord (1996) aponta que os

autores não explicam com base em que tipo de estímulo este monitor funcionaria.

Qual seria, indaga Schilperoord, a razão pela qual o monitor decide se deslocar de um

determinado processo para outro? E como esses estímulos se inter-relacionariam no

processo de construção de um texto? Como alternativa ao modelo de monitoração

proposto por Flower e Hayes, Schilperoord destaca a importância de se estudar a

variável ‘tempo’ como fator diferenciador na investigação dos processos de escrita. A

idéia de Schilperoord, baseada nos trabalhos de Van den Bergh & Rijlaarsdam (1996),

é que existe uma diferença significativa entre o momento em que uma recursão ocorre

durante a redação de um texto em relação à sua ocorrência em um outro momento

qualquer. A interferência do tempo no processo de escrita pode ser mais bem

explicada quando se considera o tempo total de produção textual e dele se separa o


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tempo realmente alocado à redação e o tempo dedicado a pausas. É importante

destacar que as pausas não se encontram distribuídas de forma equilibrada ao longo

do processo de produção textual. Pelo contrário, tendem a se concentrar em etapas

passíveis de identificação. Os padrões resultantes da alternância entre fases de redação

e pausas são definidos como sendo o ritmo cognitivo dos escritores. A proposta de

Schilperoord é, portanto, utilizar um método da psicolingüística conhecido como

análise de pausas, qual seja, a análise de tempo de pausa, a freqüência dessas pausas e

sua localização. Grosso modo, a análise de pausas pretende fazer com que essas

pausas ‘falem’ e, por analogia, fazer com que sejam protocolos correlatos àqueles

fornecidos através dos TAPs. Desta forma, através do mapeamento de pausas é

possível buscar padrões rítmicos registrados em tempo real durante processos de

produção textual.

A utilização de métodos não invasivos é vista como uma necessidade

metodológica a fim de assegurar confiabilidade aos experimentos. Afinal, a

investigação de processos de produção textual deve se pautar por critérios de validade

ecológica, ou seja, deve procurar garantir que a produção textual seja feita em

ambiente natural, excluindo-se fatores que possam coibir a naturalidade da tarefa sob

investigação. Observados esses pré-requisitos metodológicos, pode-se atribuir às

pausas e aos ritmos cognitivos delas decorrentes uma sinalização de processos

cognitivos subjacentes que permitem mapear e delimitar em um determinado grupo de

sujeitos, e dentro de condições controladas, quais padrões teriam uma natureza

idiossincrática e quais outros poderiam ser considerados como padrões mais gerais

encontrados significativamente em uma amostra de sujeitos.

Com base nas reflexões acima, este artigo adota como definição para ritmo

cognitivo um padrão de alternância rítmica entre pausas e redação no decorrer de um

tempo total de produção textual. Essa alternância rítmica não tem apenas um caráter
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quantitativo na separação bruta entre tempo de pausa e tempo de produção textual,

mas incorpora também uma dimensão qualitativa na separação relativa entre o tempo

de pausa e sua localização no processo de escritura. Adicionalmente, é de interesse,

para fins do desenho experimental, a investigação do tempo de pausa com relação à

sua localização em três fases distintas do processo de tradução, quais sejam, as fases

de orientação, redação e revisão.

Padrões de orientação, redação e revisão

Sendo a tradução um processo de produção textual, é possível atribuir ao processo de

tradução a mesma natureza recursiva observada por Flower e Hayes. Mais ainda, com

base em Schilperoord e na utilização de métodos não invasivos, tais como o Translog,

é possível procurar fazer com que as pausas ‘falem’ durante o processo de tradução.

Esta é a proposta original de Jakobsen (2002), que aplica o trabalho de Schilperoord

para o estudo do processo de produção textual em tradução. Jakobsen parte do

princípio que o ritmo cognitivo de tradutores novatos e experientes apresentará

diferenças marcantes no gerenciamento operativo de uma tarefa de tradução. Em

outras palavras, acredita que as pausas de tradutores novatos e experientes ‘falem’ de

formas diferentes. Para melhor observar essas possíveis diferenças, Jakobsen propõe

dividir o processo de tradução em três fases, quais sejam, orientação, redação e

revisão.

A fase de orientação, dentro de uma metodologia de triangulação que

incorpore o programa Translog 2 , tem início com o aparecimento do texto de partida

na tela do Translog User e termina com a digitação da primeira letra do texto de

chegada. É permitido o uso de teclas de navegação que facilitem a leitura completa do

texto de partida caso esse não seja completamente visível na tela do computador.
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Jakobsen menciona que esta definição de orientação está sujeita a controvérsias, haja

vista o fato de que, mesmo após a digitação da primeira letra do texto de chegada, o

sujeito tradutor continua a orientar-se com relação à tradução em curso. Apesar de

aceitável, esta crítica não invalida a definição da fase de orientação com término após

a digitação da primeira palavra do texto de chegada. Essa digitação pode ser

compreendida como uma mudança entre a fase de orientação, enquanto etapa de

planificação, e a fase específica de redação. Dada a natureza hierárquica do processo

de escrita sugerida por Flower e Hayes, ocorre nesse movimento uma mudança de

nível e, portanto, tem início uma nova fase do processo. Dentro da recursividade

inerente ao processo de tradução, é possível que o sujeito tradutor volte à fase de

orientação, mas o fará sem dúvida a partir de uma fase hierarquicamente definida.

Além disso, com base em Schilperoord, a mudança de fase ocorre em um momento

determinado de tempo e, nesse sentido, uma mudança de nível hierárquico

desempenha papel fundamental na análise do processo. No escopo dessas reflexões,

proponho, portanto, definir, em consonância com Jakobsen, que a fase de orientação

tenha início com o aparecimento do texto de partida na tela do Translog User e

termine com a digitação da primeira palavra do texto de chegada.

A fase de redação tem início com o término da fase de orientação e se encerra

quando o sujeito tradutor digita o ponto final do texto de chegada que corresponde ao

ponto final do texto de partida. Jakobsen (2002) aponta que esse momento é

facilmente identificado pelo programa Translog, pois logo a seguir o sujeito tradutor

geralmente se movimenta com o auxílio do cursor e do mouse por todo o texto

traduzido numa tentativa de obter uma visão global do trabalho realizado. Nesta fase,

os dados obtidos através do Translog mostram a produção de texto em tempo real,

incluindo a digitação, eliminação e substituição de texto, seja através de movimentos

do teclado ou da utilização de comandos por meio do mouse. Desta forma, é possível


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acompanhar em tempo real o processo de produção textual. Algumas vezes pausas

mais ou menos longas podem indicar a necessidade de apoio externo por parte do

tradutor, qual seja, a utilização de fontes de consulta tais como dicionários, internet

etc. Outras vezes essas pausas podem indicar a necessidade de apoio interno, ou seja,

o uso de mecanismos cognitivos de base inferencial ou com suporte na memória do

tradutor. Durantes esses momentos é provável que o texto da tradução seja

modificado. Jakobsen sugere que as revisões efetuadas ao longo da fase de redação

sejam consideradas como revisões em andamento e, portanto, diferenciadas de

revisões realizadas após a conclusão de uma primeira versão da tradução. Essas

revisões em andamento fariam parte do fluxo de produção textual e, como tal, são

incorporadas à fase de redação. Dessa forma, durante a fase de redação é possível

identificar com clareza os padrões de pausa entre sujeitos com diferentes níveis de

experiência em tradução. Naturalmente, haverá sujeitos, experientes e novatos, que

privilegiam a redação de uma primeira versão ‘rápida e suja’ 3 que será completamente

revista uma vez concluída uma primeira versão. Haverá outros tradutores, experientes

e novatos, que envidarão esforços para solucionar um problema de tradução uma vez

que se deparem com ele. Contudo, Jakobsen sugere que é possível identificar ritmos

cognitivos mais ou menos erráticos, padrões de redação mais ou menos consistentes e

que a experiência em tradução levará os tradutores a otimizar qualquer um desses dois

tipos de estratégias. Jakobsen sugere ainda que, no caso dos tradutores experientes,

uma vez que uma solução tenha sido encontrada e que o censor interno do tradutor

permita que essa seja digitada, ela terá maior probabilidade de se manter no texto de

chegada que aquelas soluções mais voláteis e temporárias produzidas por estudantes

de tradução. Os resultados de Jakobsen (2002) apontam que, no decorrer da fase de

redação, tradutores experientes produzem soluções mais consistentes que tradutores

novatos. Ao mesmo tempo, tradutores experientes envidam mais esforços na


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monitoração de seus processos de escrita. A partir dessa constatação, Jakobsen

menciona que os textos produzidos por tradutores experientes seriam mais duráveis 4 .

Essa noção de ‘texto durável’ será retomada e expandida na respectiva seção abaixo,

através da noção de durabilidade textual. Por ora, cabe destacar que essa diferença é

observável através dos tempos de pausa e dos padrões de recursividade no ritmo

cognitivo de tradutores novatos e experientes. Durante a fase de redação, com início

logo após a digitação da primeira letra da primeira palavra do texto de chegada e

término com a digitação, pela primeira vez, do ponto final do texto de chegada, ritmos

cognitivos mais consistentes tenderão a produzir traduções com padrões de adequação

mais altos em relação às suas condições de recepção na língua de chegada.

A fase de revisão tem início com o término da fase de redação e se encerra

com a gravação do arquivo log do programa Translog, ou seja, quando o tradutor

pressiona o botão para parar o programa e dá por terminada a tradução. Jakobsen

aponta para o fato que a produção textual é mais lenta nesta terceira fase, uma vez que

o maior esforço cognitivo parece concentrar-se na monitoração do texto produzido.

Esta fase geralmente também inclui consultas ao texto de partida como forma de aferir

a qualidade da tradução. Partes do texto podem ser modificadas radicalmente,

soluções incipientes podem ser ratificadas e soluções ainda pendentes podem ser

encontradas.

Como Jakobsen, Lorenzo (2003) advoga que é importante diferenciar a fase de

revisão da tradução das fases de orientação e redação, já que a fase de revisão

apresenta um ritmo cognitivo completamente diferente daquele observado na fase de

redação. Tanto a velocidade de produção textual como seu fluxo são afetados pelo

texto já produzido e pela capacidade de monitoração do processo por parte do

tradutor. Os resultados de Lorenzo (2003) para o par lingüístico dinamarquês-

espanhol fornecem evidências de que há uma limitação por parte de tradutores


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novatos para desempenhar tal atividade. Para Lorenzo, esta incapacidade parece estar

ligada à falta de estratégias adequadas tanto para detectar e julgar erros como para

corrigi- los, fato que faz com que a maior parte do esforço dedicado à revisão resulte

infrutífero e até mesmo prejudicial. Os trabalhos de Jakobsen (2002) e Lorenzo (2003)

examinam a revisão como etapa diferenciada do processo de tradução e se valem do

mesmo instrumento de coleta de dados, qual seja, o programa Translog. É possível,

portanto, correlacionar seus resultados e, com base neles, defender a validade de se

estudar a fase de revisão como uma etapa diferenciada do processo de tradução.

Acredito ser possível perceber nas três fases de orientação, redação e revisão

uma clara relação entre a experiência do tradutor, sua capacidade de monitoração do

processo de produção textual e do ritmo cognitivo delas decorrente. Alves, Magalhães

e Pagano (2003) enfatizam que quanto mais experiente o tradutor, maior sua

capacidade de monitoração do próprio processo de tradução e, portanto, segundo a

abordagem defendida neste artigo, maior a otimização do seu ritmo cognitivo.

Segundo os autores, os textos produzidos por tradutores experientes seriam mais

adequados às necessidades da tarefa de tradução e a capacidade de monitoração do

processo tradutório por parte deles implicaria em níveis mais altos de meta-reflexão

observados através de comentários retrospectivos sobre aspectos relacionados à sua

produção textual. Com o objetivo de exemplificar a imbricação desses três fatores,

quais sejam, durabilidade textual, meta-reflexão e experiência, buscarei explicitá- los

nas próximas seções.

Durabilidade textual

A partir da observação feita por Jakobsen (2002) sobre o grau de durabilidade de uma

tradução produzida por tradutores experientes, proponho neste artigo mapear as


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mudanças entre os ritmos cognitivos dos sujeitos tradutores -- novatos e experientes --

ao longo da fase de redação, utilizando como instrumento de medida a durabilidade da

sua produção textual. Esta durabilidade não está relacionada ao fato de que uma

decisão, uma vez tomada, não seja mais revista. Königs (1987) e Alves (1995), ao

separarem o processo de tradução em dois grandes blocos, quais sejam, o bloco

automático e o bloco reflexivo 5 , já apontavam para o fato de que decisões

automatizadas podem ser prejudiciais devido ao seu alto grau de resistência a

mudanças subseqüentes ao longo do processo de tradução. A durabilidade que me

interessa no escopo deste artigo é aquela relacionada ao texto produzido quando do

término da fase de redação. Mesmo que venha a ser radicalmente modificado durante

a fase de revisão, o texto traduzido ao final da fase de redação terá uma estrutura

coesiva e níveis de coerência textual que o qualifiquem como produção textual

adequada. Nesse sentido, dentro da hipótese de trabalho deste artigo, espera-se que

tradutores experientes cheguem ao final da fase de redação com um texto coeso e

coerente, adequado às especificidades do texto de partida e à tarefa de tradução,

enquanto que tradutores novatos provavelmente apresentarão produções textuais

erráticas e inconsistentes. Mesmo que as modificações realizadas na fase de revisão

venham a modificar substancialmente o texto de uma tradução, espera-se que os

textos produzidos por tradutores experientes tenham um maior grau de durabilidade

ao se encerrar a fase de redação do processo de tradução.

Proponho, portanto, que, desde uma perspectiva processual, durabilidade

textual seja definida como a propriedade do texto produzido por um sujeito tradutor

ao final da fase de redação cujo nível de consciência crítica e de gerenciamento

operativo (ritmo cognitivo) e discursivo do processo de tradução lhe permita chegar a

uma produção textual que, mesmo demandando ajustes e re-elaborações na fase de

revisão, terá as características de uma produção mais adequada às especificidades do


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texto de partida e às necessidades da tarefa de tradução. Em outras palavras, o

conceito de durabilidade textual implica na produção de material textual adequado e

atendimento satisfatório às expectativas da tarefa de tradução. Embora esse material

seja substancialmente modificado durante a fase de revisão, essas modificações

aumentarão ou manterão o grau de durabilidade inicial. Em outras palavras, o

conceito de durabilidade textual pressupõe que a fase de revisão incluirá sugestões de

aperfeiçoamento e não introduzirá soluções insatisfatórias para problemas que já

haviam sido resolvidos com sucesso na revisão do texto já produzido na fase de

redação. Esta observação me parece importante haja vista o fato de que os resultados

de Lorenzo (2003) indicam que a falta de capacidade de revisão textual leva, muitas

vezes, tradutores novatos a piorar suas traduções durante a fase de revisão. No âmbito

deste artigo, o conceito de durabilidade textual incorpora, portanto, a dimensão

quantitativa sugerida por Jakobsen que, de forma complementar, é acrescida de um

componente qualitativo que afere a durabilidade a partir de configurações apropriadas

de coesão e coerência textual e atendimento satisfatório à tarefa de tradução.

Pressupõe-se também que essa durabilidade possa ser aferida através de relatos

retrospectivos que evidenciem os dados obtidos por meio das representações do

programa Translog. Nesse sentido, o conceito de durabilidade textual pode ser

correlacionado, em parte, à capacidade de meta-reflexão dos tradutores.

Meta-reflexão

Os trabalhos de Alves (2003), Gonçalves (2003) e Jakobsen (2002), entre outros,

apontam para o fato de que tradutores experientes parecem monitorar de forma mais

eficiente seus respectivos processos de traduções. Seus relatos, consecutivos ou

retrospectivos, revelam meta-reflexões que guardam correlação com o texto final da


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tradução e com os dados processuais observados através de Translog. Baseio- me no

pressuposto, portanto, de que pode haver uma correlação significativa entre os graus

de durabilidade de diferentes traduções e índices mais altos ou mais baixos de meta-

reflexão. Parto do princípio de que quanto maior a durabilidade textual de um texto,

maior será a capacidade de meta-reflexão do sujeito tradutor. Esta correlação, atrelada

ao ritmo cognitivo dos sujeitos tradutores e seu nível de experiência em tradução,

pode fornecer um quadro distintivo entre padrões mais ou menos consolidados de

competência tradutória, ou seja, de conhecimento especializado em tradução

adquirido através de prática deliberada (cf. seção sobre competência, conhecimento

especializado e experiência, a seguir). Proponho identificar esta correlação através do

cruzamento de dados do programa Translog com relatos retrospectivos sobre o

processo de tradução. Seguindo as sugestões metodológicas feitas em Alves (2003), o

sujeito tradutor deverá realizar a retrospecção assistindo a seu próprio processo de

tradução através da função replay do Translog. A velocidade de reprodução poderá

ser acelerada para tornar mais rápido o processo que pode ser interrompido através da

tecla de pausa para que os comentários retrospectivos sejam gravados. Assegura-se,

assim, em consonância com as evidências obtidas por Jakobsen (2003), que não

haverá sobrecarga cognitiva para os sujeitos tradutores na medida em que sua

memória estará livre para dedicar-se exclusivamente à tarefa de retrospecção. Os

relatos retrospectivos deverão ser gravados imediatamente após o término da tarefa de

tradução de modo que os sujeitos ainda tenham ativadas memórias recentes sobre

etapas do processo de tradução recém transcorrido. Espera-se, desta forma, poder

correlacionar a capacidade de me ta-reflexão dos sujeitos com seus ritmos cognitivos e

seus níveis de experiência em tradução e, assim, observar padrões de competência

tradutória diferenciados entre tradutores experientes e novatos.


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Competência, Conhecimento Especializado e Experiência

A noção de competência utilizada no escopo deste artigo segue a proposta do grupo

PACTE (2003) e é complementada pelas reflexões desenvolvidas por Hurtado (neste

volume). Encontra-se também correlacionada com a proposta de uma competência

tradutória específica, em complementação a uma competência tradutória geral,

apresentada por Gonçalves (neste volume).

Sob uma perspectiva cognitivo-construtivista, Hurtado sugere que a

competência tradutória pode ser entendida como um processo de reconstrução e

desenvolvimento das sub-competências da competência tradutória e de seus

componentes psico- fisiológicos. Trata-se de um processo de reestruturação e

desenvolvimento de um conhecimento incipiente -- uma competência pré-tradutória -

- em conhecimento especializado, qual seja, a competência tradutória. De forma

complementar, a competência tradutória específica proposta por Gonçalves, vista

desde um ponto de vista conexionista, pode ser compreendida em relação à sua

constituição e ao seu desenvolvimento. Pode ser identificada através de hierarquias de

processamento que são desenvolvidas a partir de níveis mais simples, indicando uma

progressiva complexidade do processo de tradução. O princípio de operação dos

diversos níveis hierárquicos é sempre o mesmo, qual seja, redes de processamento em

paralelo. Desta forma, assim como as representações obtidas através de simulações

em redes neurais de base conexionista, o conhecimento especializado em tradução,

definido por Gonçalves (neste volume) como competência tradutória específica, qual

seja, competência pragmática interlingual, é conseqüência direta da consolidação de

processos cognitivos manifestos na forma de conhecimento especializado sobre

tradução. No meu entender, para fins dos objetivos deste artigo, as propostas de

Hurtado e Gonçalves se complementam. Em ambas, a competência tradutória é vista


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como decorrente da consolidação de conhecimentos especializados situados em um

quadro temporal. Neste contexto, a experiência do tradutor, fruto de esforço e prática

deliberada, é passível de ser adquirida, não sendo vista como talento ou habilidade

inata. O conhecimento das implicações que elevados níveis de experiência em

tradução geram sobre o desempenho superior de tradutores experientes, devidamente

mapeados, pode servir de subsídio para a reprodução desse conhecimento em

programas de formação de tradutores.

A questão da experiência como fator primordial para a consolidação de

conhecimento especializado é defendida por Ericsson (2002) que argumenta em favor

de uma noção de prática deliberada 6 como fator crucial para a aquisição de

conhecimento especializado. Através da prática deliberada por meio de atividades

desenhadas para fins específicos é possível alcançar padrões de desempenho

altamente especializados. A abordagem utilizada por Ericsson vê como geneticamente

determinadas apenas características ligadas à altura e massa corporal (Ericsson,

2002:190). Desta forma, Ericsson diferencia entre conhecimento especializado,

passível de ser adquirido através de prática específica, e a noção de talento como

geneticamente determinado, ou seja, o conhecimento especializado visto como

resultado de habilidades inatas de determinados indivíduos que não podem ser

modificadas através de treinamento e experiência (Gardener, 1993). Neste artigo, em

consonância com as evidências encontradas por Ericsson (2002) para o desempenho

superior de intérpretes experientes, é meu entendimento que o engajamento em

atividades de formação em tradução pode levar tradutores novatos a adquirir níveis

superiores de desempenho através de prática deliberada. A proposta de Ericsson

sugere que o conhecimento especializado, resultado do desenvolvimento de um

indivíduo através de esforço e anos de prática, pode ser mapeado e comparado com o

desempenho de ind ivíduos ainda em níveis inferiores em relação tanto à qualidade de


19

seus textos quanto ao gerenciamento cognitivo subjacente à sua prática. É de se

esperar, portanto, que diferenças no nível de experiência distingam qualitativamente

tradutores experientes de tradutores novatos na medida em que os primeiros teriam

necessariamente um desempenho superior aos últimos. Argumento que uma forma de

encontrar evidências que consubstanciem esta afirmação pode ser obtida através do

cruzamento de dados sobre o ritmo cognitivo de sujeitos tradutores contrastados a

dados sobre a durabilidade de seus textos antes e depois da fase de revisão e pela

capacidade de meta-reflexão que corrobora as expectativas de desempenho superior

por parte de tradutores experientes.

Desenho Experimental

Como explicitado na introdução, o objetivo deste artigo é testar, no âmbito de um

estudo piloto em que participam três tradutores no par lingüístico alemão-português,

um desenho experimental a ser utilizado em um projeto de maiores dimensões com o

intuito de aferir parâmetros para a análise processual do desempenho de tradutores

novatos e experientes em três pares lingüísticos diferentes, quais sejam, alemão-

português, espanhol-português e inglês-português. Para tal fim, serão testados os

procedimentos metodológicos e instrumentos utilizados na coleta de dados incluindo-

se, entre eles, as representações obtidas através do programa Translog, protocolos

retrospectivos e os textos de chegada. O texto de partida também será considerado

como um instrumento da coleta de dados. No escopo deste artigo, será aferida a

validade das noções de ritmo cognitivo (Schilperoord, 1996; Jakobsen, 2002) e

durabilidade textual (Alves & Magalhães, 2004) como parâmetros de análise, e a

importância de se considerar a fase de revisão como uma etapa diferenciada do

processo de tradução (Lorenzo, 2003). Nas sub-seções seguintes são identificadas as


20

especificidades do texto de partida, o perfil dos sujeitos tradutores, as variáveis

controladas e a hipótese de trabalho.

O texto de partida

O texto de partida é um texto originalmente redigido em língua alemã e publicado na

revista Spiegel OnLine em 06 de junho de 2003. O texto tem 282 palavras e é

intitulado “Bugbear-virus: Aus Teddy wird Grizzly” (cf. Anexo 1). Trata-se de texto

sobre o ataque de um vírus informático de alta periculosidade a computadores

pessoais e redes de informática de empresas. Poderia ser associado ao gênero artigo

jornalístico breve e foi escolhido por se tratar de um texto que poderia ser classificado

como de interesse geral -- alerta o público em geral sobre a necessidade de divulgar o

ataque do vírus -- mas, ao mesmo tempo, pressupõe um conhecimento específico do

leitor -- o domínio da terminologia informática utilizada. Versões originais similares

em espanhol, inglês e português foram encontradas nesta mesma data e farão parte de

um futuro estudo exploratório ampliado a partir dos resultados aqui descritos 7 . O

texto de partida apresenta, portanto, um grau considerável de complexidade em

função das representações escolhidas para construir a notícia: o vírus como doença, o

vírus como animal selvagem, o vírus como elemento bélico (ataque e inimigo) e o

vírus como sofisticação tecnológica, cada uma encenada por uma rede coesiva apesar

de se fazer necessário que essa informação esteja acessível a um grande número de

pessoas. Aos sujeitos tradutores foi solicitada sua tradução ao português para

divulgação em veículo de natureza similar. A localização exata do texto na Internet --

www.spiegel.de/netzwelt/technologie/0,1518,251951,00.html -- também foi

informada. Os informantes receberam essas instruções impressas e não lhes foi dado

um limite de tempo para a conclusão da tarefa. Todos os três informantes trabalharam


21

no mesmo espaço físico -- o laboratório do projeto CORDIALL na Faculdade de

Letras da UFMG, em Belo Horizonte -- e tiveram acesso às mesmas fontes de

consulta, quais sejam, dicionários e material de referência impresso e eletrônico. Na

ocasião em que os textos foram traduzidos, o Bugbear.B ainda era um perigo iminente

e a tradução do texto podia ser associada à execução de uma tarefa real de tradução

garantindo assim maior validade ecológica ao experimento.

Os sujeitos tradutores

Três sujeitos tradutores foram utilizados como informantes para a coleta de dados no

âmbito do estudo piloto discutido neste artigo. Seus diferentes perfis tradutórios

constituem a variável de análise. O sujeito identificado como T1 é do sexo feminino e

bilíngüe 8 em português e alemão. É licenciada em Letras, cursou disciplinas sobre

tradução ao longo da sua graduação e tem alguma experiência em tradução.

Apresenta, pois, as condições mínimas necessárias para produzir uma tradução de

qualidade do alemão ao português. A sua pouca experiência com tradução seria,

portanto, a variável diferenciada no seu desempenho como tradutora. O sujeito

identificado como T2 é do sexo masculino e bilíngüe em português e alemão. É

licenciado em Letras, tem doutorado na área dos estudos da tradução e razoável

experiência com tradução. T2 já teve algumas de suas traduções publicadas, mas não

tem atualmente uma prática constante no exercício dessa atividade. Apresenta, assim,

as condições necessárias para produzir uma tradução de qualidade do alemão para o

português. Contudo, sua prática tradutória reduzida seria a variável diferenciada na

comparação de seu desempenho entre outros sujeitos mais e menos experientes. O

sujeito identificado como T3 é do sexo masculino e bilíngüe em português e alemão.

É licenciado em Letras, tem doutorado na área dos estudos da tradução e


22

inquestionável experiência com tradução. É tradutor de renome nacional com

traduções publicadas por editoras de prestígio no país. Foi escolhido como exemplo

de experiência consolidada e, conseqüentemente, tem competência tradutória bastante

distinta daquelas de T1 e T2. Resumidamente, os três sujeitos têm a sub-competência

bilíngüe necessária para a execução da tarefa e diferem no domínio de outras sub-

competências e em níveis de experiência na prática tradutória. Constituem, portanto,

sujeitos apropriados para fins de contraste em termos de seus respectivos

desempenhos como tradutores.

Instrumentos e procedimentos para a coleta de dados

A coleta de dados foi conduzida de acordo com os procedimentos metodológicos

especificados em Alves (2003)9 por meio da triangulação de dados processuais

obtidos através do programa Translog. Logo após a conclusão da tradução, foram

coletados relatos retrospectivos, gravados digitalmente, obtidos por intermédio da

visualização do processo de tradução através da função replay do Translog com

aceleração de 500%. As consultas feitas em tempo real foram gravadas através do

programa Camtasia e aquelas oriundas de fontes impressas identificadas quando dos

relatos retrospectivos. Finalmente, os textos de chegada foram utilizados como

parâmetros de aferição das diferentes etapas do processo de tradução e diferenciados

entre textos concluídos quando do término da fase de redação e textos modificados

durante a fase de revisão. Nesse sentido, como mencionado anteriormente, a revisão é

considerada como uma fase diferenciada do processo de tradução e analisada em

separado.

Pode-se, portanto, à luz das reflexões desenvolvidas no quadro teórico,

postular duas hipóteses de trabalho para fins da análise de dados no âmbito deste
23

artigo. A primeira hipótese postula que quanto mais alto for o nível de meta-reflexão e

a experiência em tradução, maior será a durabilidade textual nos textos produzidos por

tradutores no decorrer da fase de redação. A segunda hipótese a ser investigada neste

artigo postula que a redação e a revisão são fases distintas com processos bastante

diferenciados dependendo do grau de meta-reflexão e experiência dos sujeitos

tradutores.

Metodologia de análise

Para fins de se identificar uma correlação entre ritmos cognitivos, durabilidade textual

e meta-reflexão, sempre em função do nível de experiência dos sujeitos tradutores,

foram observados os seguintes procedimentos. Inicialmente os arquivos log do

Translog foram analisados para identificar o tempo total de produção textual, o

número de teclas utilizadas e outros dados estatísticos listados no Anexo 2. A seguir,

o tempo total de cada um dos três textos de chegada foi subdividido para calcular o

tempo de duração das fases de orientação, redação e revisão em números absolutos e

relativos. Utilizando-se as possibilidades técnicas oferecidas pelo programa Translog,

uma vez identificado o tempo de cada uma das fases, foram separados os textos de

chegada obtidos ao final da fase de redação para cada um dos três tradutores. A

seguir, foram separados, da representação do Translog, os dados referentes à fase de

revisão e foram gravados os textos de chegada obtidos após o término da tarefa de

tradução. Desta forma, para cada um dos três sujeitos, obteve-se dois textos de

chegada: um ao final da fase de redação e outro ao final da fase de revisão. A

durabilidade dos textos obtidos ao término da fase de redação é verificada através dos

seus respectivos níveis de desempenho na produção textual em termos de uso de

recursos de coesão e coerência, e adequação da tradução ao texto de partida e à tarefa


24

de tradução. Procurei identificar nos textos produzidos em língua portuguesa níveis de

coesão e coerência esperados de uma produção textual aceitável de acordo com as

especificidades da tarefa de tradução. Posteriormente, esses textos de chegada

provisórios foram contrastados àqueles obtidos quando da conclusão da fase de

revisão. A fim de quantificar o volume de revisão efetuado por cada um dos sujeitos,

foram examinadas as representações fornecidas pelo Translog referentes apenas à fase

de revisão (cf. Anexo 4). Todos os símbolos com informações processuais foram

suprimidos e apenas os caracteres na cor azul foram mantidos. Desta maneira foi

possível calcular com exatidão o número de caracteres efetivamente digitados por

cada um dos sujeitos durante a fase de revisão. É importante destacar que a noção de

durabilidade textual não pressupõe a presença de um baixo número de caracteres

digitados durante a fase de revisão. Como explicitado anteriormente, durabilidade

textual é definida em função de padrões coesivos, níveis de coerência e atendimento

às especificidades da tarefa de tradução. Contudo, a quant idade de caracteres

digitados durante a fase de revisão pode apontar para mudanças significativas nos

padrões de produção textual e, portanto, é relevante como fator de comparação entre

os textos produzidos ao final das fases de redação e revisão. Finalmente, seis trechos

do texto de partida foram selecionados para constituir unidades de análise a serem

contrastadas com relatos retrospectivos dos sujeitos com o intuito de aferir se a

capacidade de meta-reflexão e monitoração do processo aumenta em função do grau

de durabilidade dos textos de chegada. A seis unidades selecionadas são: o título e o

subtítulo, o primeiro período, parte do segundo período, parte do quinto e parte do

sétimo período, e o oitavo período. As seis unidades juntas somam 92 palavras, com

593 caracteres sem espaços, e representam cerca de 30% do texto de partida.

Constituem uma rede coesiva que veicula informações relevantes do texto de partida

e, portanto, formam, em menor escala, um texto representativo da complexidade da


25

tarefa de tradução. Esta redução textual faz-se necessária para permitir uma

comparação de instâncias de meta-representação observadas nos protocolos verbais já

que limitações de espaço impõem restrições para uma análise de toda a produção

textual dos três sujeitos. Para fins de informação complementar encontram-se listados,

no Anexo 3, para cada um dos tradutores, os textos completos obtidos após a fase de

redação e ao término da fase de revisão. O Anexo 4 lista as representações do

Translog durante a fase de revisão e os caracteres efetivamente digitados nesta fase. A

discussão que desenvolvo na próxima seção seguirá as etapas postuladas pela

metodologia de análise apresentada acima.

Análise e Discussão

Em um primeiro momento, os arquivos log do programa Translog foram analisados

para identificar o tempo total de produção textual em cada um dos três textos de

chegada e, a seguir, esse tempo total foi subdividido para calcular o tempo de duração

das fases de orientação, redação e revisão em números absolutos e relativo s.

T1, o sujeito tradutor menos experiente, registrou um tempo total de produção

textual de 01:36:52 10 . Dividido entre as três fases, os dados indicam que os primeiros

03:18 foram dedicados à fase de orientação, ou seja, 3.41% do tempo total. 48:22

foram dedicados à fase de redação, o que significa 49.93% do tempo total de

produção textual. Finalmente, T1 dedicou 45:12 à fase de revisão, equivalentes a

46.66% do tempo total de produção textual. Dentro do tempo total dedicado à revisão,

T1 gastou os primeiros 04:20, ou seja quase 10% do tempo de revisão, com a leitura e

o monitoramento do texto produzido ao final da fase de redação antes de fazer

qualquer modificação no texto.


26

T2, o tradutor com relativo grau de experiência, registrou um tempo total de

produção textual de 34:20. Dividido entre as três fases, os dados apontam que apenas

00:23 foram dedicados à fase de orientação, ou seja, 1.12% do tempo total. A seguir,

23:32 foram dedicados à fase de redação, o que significa 68.54% do tempo total de

produção textual. Finalmente, T2 dedicou 10:25 à fase de revisão, equivalentes a

30.34% do tempo total de produção textual. Desses 10:25, 05:15 foram gastos com a

leitura do texto produzido na fase de redação. Isto significa que 50% do tempo

alocado por T2 à fase de revisão foi gasto com a leitura e o monitoramento do texto

produzido ao final da fase de redação antes que fosse feita qualquer modificação no

texto. Este fato será relevante quando da discussão da durabilidade dos textos

produzidos por T2 ao final das fases de redação e revisão e de sua comparação com os

textos produzidos por T1 e T3.

T3, o tradutor com maior experiência, registrou um tempo total de produção

textual de 01:05:53. Dividindo esse tempo total entre as três fases, os dados indicam

que 17:35 foram dedicados à fase de orientação, ou seja, 26.69% do tempo total.

30:34 foram dedicados à fase de redação, o que significa 46.39% do tempo total de

produção textual. Finalmente, T3 dedicou 17:44 à fase de revisão, equivalentes a

26.92% do tempo total de produção textual. É importante registrar que, diferente de

T1 e T2, T3 inicia a fase de revisão sem dedicar tempo à leitura e monitoração do

texto produzido na fase de redação e efetua modificações substanciais logo ao início

desta fase. Isto pode ser indicador de que havia um alto grau de monitoramento do

processo de produção textual ao longo da fase de redação que permitiu a T3 passar de

uma fase à outra de forma rápida e efetiva. As implicações deste tipo de ritmo

cognitivo serão discutidas ao longo desta seção.

A Tabela 1, abaixo, resume em números relativos o tempo dedicado por cada

um dos três sujeitos às três fases do processo de tradução.


27

Sujeito ORIENTAÇÃO REDAÇÃO REVISÃO %


T1 3.41% 49.93% 46.66% 100%
T2 1.12% 68.54% 30.34% 100%
T3 26,69% 46.39% 26.92% 100%
Tabela 1 – Tempo relativo das fases de orientação, redação e revisão

Em linhas gerais, percebe-se que cada um dos três sujeitos privilegia um tipo

distinto de processo e distribui de forma diferente suas três fases. T1 dedica pouco

tempo à fase de orientação e dá peso praticamente igual às fases de redação e revisão.

T2, por sua vez, também dedica pouco tempo à fase de orientação, mas, diferente de

T1, investe na fase de redação mais do dobro do tempo que aquele dedicado à fase de

revisão. T1 e T2 revelam, portanto, padrões semelhantes na fase de orientação.

Mostram, contudo, padrões completamente distintos no que diz respeito ao esforço

dedicado à redação e revisão. Por outro lado, T3 mostra um padrão mais equilibrado

dedicando quase a metade do tempo total de produção à fase de redação e investindo

pouco mais de um quarto do tempo total nas fases de orientação e revisão.

No que diz respeito ao tempo total, a variação foi grande entre os sujeitos

quando contrastada aos seus níveis de experiência. T1 dedicou 01:36:52 à tarefa de

tradução, ou seja, um pouco mais de tempo que T3 com 01:05:53. T2, por sua vez,

executou a tarefa em 34:20. A importância de analisar esses números em termos

relativos e não absolutos fica constatada quando são examinadas as respectivas

representações Translog dos três sujeitos. T1 encerrou a tradução com 01:36:52 por

estar muito cansada e não se sentir mais em condições de envidar esforços à tarefa.

Como conseqüência, a tarefa não chegou a ser totalmente concluída. O texto de

chegada produzido por T1 ao final da fase de redação, assim como aquele produzido

ao final da fase de revisão, apresenta problemas sem solução e revela sinais de ser um

texto menos durável.


28

T2 completou a tarefa de tradução ao longo de 34:20, dos quais

aproximadamente 70% do tempo total foi dedicado à fase de redação. Poucas

mudanças foram implementadas durante a fase de revisão. Este fato indicaria, a

princípio, que o texto produzido por T2 teria um alto grau de durabilidade. Contudo,

se analisado em termos de seus aspectos coesivos, níveis de coerência textual e

adequação ao texto de partida, haverá problemas para aferir à produção de T2 um alto

grau de durabilidade textual.

T3 necessitou 01:05:53 para concluir a tarefa de tradução. Distribuiu seus

esforços de forma equilibrada entre as três fases e obteve ao final da fase de redação

um texto com um alto grau de durabilidade. Este texto foi substancialmente

modificado ao longo da fase de revisão ao final da qual T3 produziu um texto

modificado, mas igualmente durável.

Para fins da análise aqui desenvolvida, foram selecionados seis fragmentos do

texto de partida que constituirão unidades de análise conforme exemplificado a seguir:

[1] Bugbear-virus. Aus Teddy wird Grizzly. [2] Der BugBear-Wurm aus dem letzten Jahr hat einen
Wiedergänger: Version B ist hoch aggressiv, schnüffelt nach Kredtikartennummern und öffnet
Hintertüren. Gefährdet sind vornehmlich Privatrechner. [3] wurde W32.Bugbear.B@mm heute von den
Symantec-Virenschutzexperten in die Kategorie 4 von 5 Gefahrenstufen eingestuft. [4] Schon die erste
Version war nicht von schlechten Eltern - immerhin das zweiterfolgreichste Virus des letzten Jahres -
aber gegen Version B noch nahezu ein Teddy. [5] Das Virus leitet also eine ganze Abfolge von
Schadensroutinen ein, bis hin zum Keylogging: [6] Alle Virenschutzunternehmen raten deshalb
dringend zu Updates des Virenschutzes.

A seis unidades selecionadas referem-se ao título, ao primeiro período, a parte do

segundo, do quinto e do sétimo períodos, e ao oitavo período do texto de partida.

Hoey (1991:52) considera que as relações coesivas estabelecem ligações através de

repetições de forma a “permitir a um falante ou escritor dizer algo novamente para

que algo novo possa ser acrescentado”11 . Klaudy e Károly (2000:143) apontam para a

função de organização textual desempenhada pelas repetições lexicais no caso de

traduções e argumentam que essas repetições “podem ser capazes de fornecer


29

informações sobre o significado global de textos com base em eleme ntos lingüísticos

específicos identificáveis na superfície textual”12 . Com base nesses autores, considero

que, através da repetição do item lexical do vírus Bugbear, as seis unidades de análise

selecionadas constituem uma síntese que veicula informações relevantes do texto de

partida e, portanto, formam, em menor escala, um texto representativo da

complexidade da tarefa de tradução. Esta redução textual faz-se necessária para

permitir uma comparação de instâncias de meta-representação observadas nos

protocolos verbais já que, reitero, limitações de espaço impõem restrições para uma

análise de toda a produção textual dos três sujeitos.

Considerando apenas as seis unidades selecionadas, vejamos, a seguir, os

processos e a produção textual a que chegaram os sujeitos tradutores ao fim da fase de

redação. O texto abaixo foi produzido por T1, o sujeito tradutor com pouca

experiência, ao final da fase de redação:

T1- amostras de texto produzido ao final da fase de redação


(sem título)
O BugBear-virus do ano passado tem um sucessor (??). A versão B/a segunda versão é altamente
agressiva, fareja (rastreia) por números de cartões de crédito e abre (Hintertueren). [...] o
W32.Bugbear.B@mm foi classificado na categoria (nível?) 4 em uma escala de 5 pelos especialistas
em proteção de vírus da Symantec. [...] Já a primeira versão não era de família ruim???(não era mal-
feita???) - (immerhin???de qualquer forma) o segundo vírus mais bem-sucedido do ano passado - mas,
comparado à versão B/segunda versão, um ursinho de pelúcia. [...] Portanto, o vírus introduz toda uma
sequencia??? de ??? até o Keylogging??? [...] Todas as empresas de (proteção de vírus) aconselham,
por isso, à atualização urgente dos detectores de vírus.

Como se viu acima, o início do processo de produção de T1 é marcado por uma fase

de orientação com duração de 03:18, ou seja, 3.41% do tempo total. O pouco esforço

dedicado a esta fase é corroborado pelas seguintes palavras de T1 registradas durante

a gravação dos relatos retrospectivos:

Eu não li realmente o texto não. Dei uma lida para entender o que era e comecei a
traduzir. (T1)
30

Parece-me que essa falta de orientação pode ser responsável por alguns dos problemas

identificados no processo de tradução de T1. A leitura da tradução acima deixa

evidente que T1 produziu ao final da fase de redação um texto pouco durável. As

representações do programa Translog mostram os detalhes do seu processo de

produção textual. Trata-se de um processo linear durante o qual dúvidas sobre a

tradução são marcadas com interrogação, sucessor (??), parênteses, fareja (rastreia),

ou, então, por parênteses com entradas lexicais em alemão, (Hintertueren). T1 traduz

literalmente e de forma continuada os diversos itens lexicais que lhe vão surgindo à

medida que vai avançando na tradução. Esta linearidade, revelada através do

Translog, é corroborada pelo relato retrospectivo de T1 quando diz:

Hum, e a princípio eu fui traduzindo, assim coisa que eu tinha dúvida, que eu não tinha
certeza como queria que ficasse... que eu tinha mais de uma opção, eu ia escrevendo tudo
pra depois eu voltar nisso. (T1)

E continuando as reflexões sobre seu processo de produção textual, T1 complementa:

Ai, eu vou colocando, deixando os espaços, o que eu tenho dúvidas... Eu coloco em


alemão de novo só pra depois eu voltar. (T1)

No caso de T1, não se trata de produzir um rascunho, uma versão “suja” (dirty

version), nos moldes que veremos, a seguir, no desempenho processual de T2. O

processo linear de T1 parece ser motivado por uma excessiva preocupação com a

tradução de itens lexicais em detrimento de questões macro textuais, tais como, a falta

de atenção de T1 à tradução do título e a ausência de uma revisão global do texto de

chegada. Também percebe-se dificuldade em encontrar co-colocações adequadas na

língua de chegada, como quando não consegue decidir entre “rastrear” e “farejar”.

Devido ao seu elevado grau de competência lingüística em português e alemão, T1

parece não ter tido problemas de processamento sintático. As dificuldades parecem ter
31

se concentrado na tradução de pontos específicos da rede coesiva formados pela

cadeia de itens relacionados ao ataque do vírus Bugbear.B.

Observa-se abaixo na representação do Translog estes pontos específicos da

rede coesiva e a preocupação exagerada de T1 com componentes lexicais, retratadas

através da manutenção entre parênteses de (Hintertüren) e (Privatrechner), e dos

pontos de interrogação após sucessor(??), calculadoras???, reprodução???.

¬¬Ow¬BugBearvirus wdowanowpassadowtemwumwsucessorw(??).w¬Awvers\~ÕÕãow B/awsegundawversãow¬é


waltamentewagressivawÕ,w¬¬¬farejawporwnúmeroswdewcartãowdewcrétÕditowewabrew\\\9ÕÕÕÕ(Hintert¬"u
renÕÕÕÕÕueren).w¬¬¬¬¬\oswmaiswßßßßßßßßßßßßàààOÖÖðamea´cÕÕçados wsãowos
w\9ÕÕ(Privatrechner)¬¬¬/Ameaçawprincipalmentew(Privatrechner).w[¬:02.12.88]ßßß/CalculadoreÕas???¬
¬ð¬¬¬¬¬"wDevidowawsuawa¬¬ltaw¬capacidadewdewsewalastrar¬¬ßßßßßßßßßßßßßßßßßßß
ßßßßßßßßßßß[Shftà][Shftà][Shftà][Shftà]ÖÖðwextremamentewrápido¬[8]à⬬,w¬owW32.Bugbe
ar.B@mmw¬foiw¬classificdoÕÕadow¬¬nawcaterÕgoiawÕÕÕriaw4wemwßßßßßßw(nívw lÕÕel?)ðuma
wescalawdew5¬w¬pelosw¬especialistaswemwproteçaÕão¬wdewv´ÕiÕíruswdaw\\\\\\\\\\ÕÕÕÕÕÕÕÕÕ
ÕSymantec¬."w¬¬¬[8]/amente¬¬ßßßßß߬¬¬¬[8]ßß"wÕààescrevew¬ow[¬:58.97]...,w"wÕ⬬
ßßÖw¬¬Ontemwoswnossos wespecialistas wemwsegurançawconstataramw¬umaw...w¬ÕÕÕÕrepodução???w
¬¬dew...wawcadawhora¬."w

Essas mesmas características de produção textual repetem-se ao longo de toda a fase

de redação. O ritmo cognitivo de T1 não revela características hierárquicas do

gerenciamento do processo de escrita. Durante o relato retrospectivo, ao acompanhar

seu processo de tradução através da função replay do Translog, T1 declarou que

Acho que é exatamente porque eu fui traduzindo assim, não olhei assim a frase ou o texto
assim como um todo porque eu também entendo pouco dessas coisas de computador, de
vírus, então pelos termos usados eu não sabia direito a que se referia. (T1)

A afirmação de T1 revela o quanto a falta de gerenciamento afeta negativamente o

processo tradutório. Se levarmos em conta as seis unidades de análise pré-

selecionadas, veremos que T1 não se preocupou em traduzir o título e o sub-título. As

representações do Translog e seu relato retrospectivo indicam que em nenhum

momento título e sub-título foram considerados ao longo do processo de tradução. No

que diz respeito à segunda unidade de análise, T1 relata ter tido problemas com

“Wurm”, traduzido como “vírus”, e com “Wiedergänger”, traduzido como “sucessor”,


32

mas com interrogações. Como veremos à frente, trata-se de problemas idênticos

àqueles enfrentados por T3, o tradutor mais experiente. Contudo, diferentemente de

T3, o processo de T1 parece estar ligado a entradas lexicais em separado já que

aspectos coesivos não são mencionados em seu relato retrospectivo. A terceira

unidade de análise, talvez aquela sintaticamente mais complexa, parece não ter

oferecido problemas a T1 que, adequadamente, veicula a informação que, em uma

escala de cinco níveis, o vírus fora classificado no nível de periculosidade 4. A quarta

unidade de análise faz referência explícita ao título através da menção que a versão

anterior do vírus Bugbear era “ein Teddy”. T1 traduz literalmente a unidade e

menciona que o vírus era um “ursinho de pelúcia”; um processo também identificado

na tradução feita por T2. Por outro lado, a quinta unidade de análise apresenta um

problema de tradução para T1 que menciona em seu relato retrospectivo

Meu problema maior foi “vai até o keylogging”. O que que é keylogging? E depois tá
explicado o que é isso. Eu podia logo deixar o termo em inglês e traduzir a explicação,
mas eu não tava conectando as coisas. Não sei se foi um pouco de afobação assim. (T1)

Essa ‘afobação’ fica clara quando se observa a representação do Translog também na

fase de revisão. O processo de tradução parece ser afetado drasticamente após o

processamento do item acima. Um exame detalhado dos textos completos produzidos

nas fases de redação e revisão revela uma produção textual muito menos consistente e

muito mais errática em termos processuais (cf. representação Translog para T1 nos

anexos 3 e 4). Como veremos à frente, “keylogging” também constituiu um problema

de tradução para T3 que, contudo, utilizou uma estratégia diferente para solucioná-lo.

Estas diferenças, observadas através da capacidade de meta-reflexão dos sujeitos

tradutores, revelam a importância da experiência e corroboram a visão de


33

competência tradutória como conhecimento especializado adquirido através de prática

deliberada.

Finalmente, a sexta unidade de análise veicula a informação de que se faz

necessária a atualização dos detectores de vírus dos computadores como forma de

contra-atacar o vírus. Percebe-se nessas seis unidades de análise, bem como em todo o

texto produzido ao final da fase de redação, que, se por um lado T1 teve poucos

problemas na compreensão de orações, por outro lado foi grande sua dificuldade para

reconstruir em português a rede coesiva do texto alemão. Também parece não ter

entendido o título, ou seja, T1 entende parte da tessitura do texto em alemão, o do

ataque, mas não o fio da periculosidade que compara o bichinho de pelúcia ao

“grizzly” e, talvez, também não tenha claro o que o vírus efetivamente faz. T1 tem

licenciatura em língua alemã e cursou várias disciplinas sobre tradução. Seu processo

de tradução, assim como sua produção textual, revela que T1 tem a sub-competência

bilíngüe suficiente, mas carece do domínio de outras sub-competências para a

execução de uma tarefa de tradução. Falta- lhe o domínio das sub-competências

instrumental, de conhecimentos sobre tradução, e, sobretudo, da sub-competência

estratégica sobre tradução. Seu relato retrospectivo abaixo confirma esta suposição.

Um problema que eu tenho é que muitas vezes eu entendo, mas eu não consigo pensar
numa palavra em português. Às vezes eu uso o dicionário não é porque eu não entendi a
palavra, mas é porque eu quero achar uma palavra em português que fique legal. (T1)

O maior problema para T1 parece estar justamente na capacidade de monitorar e

gerenciar o processo de tradução, e, assim, integrar seus aspectos macro-textuais.

Parece-me ilustrativo o fato que T1 não menciona em nenhum momento as instruções

(brief) encaminhadas junto com a tarefa de tradução, ou seja, não verbaliza uma

preocupação com relação às especificidades da tarefa de tradução nem com relação ao


34

público alvo. Nesse sentido, constata-se que T1 tem conhecimentos lingüísticos, e

também teóricos, que não se revelam como conhecimento especializado, ou seja,

como competência tradutória. Em outras palavras, teria aquilo que Hurtado (neste

volume) denomina competência pré-tradutória.

Por sua vez, o texto produzido por T2 ao final da fase de redação revela traços

de outro tipo de processo de produção textual:

T2 - amostras de texto produzido ao final da fase de redação


VÍRUS BUGBEAR.B
Como o Teddy vira Grizzly
O worm BugBear, surgido no ano passado, tem agora um sucessor. A versão B é ainda mais agressiva,
fuça atrás de números de cartão de crédito e abre as portas dos fundos. [...] o W32.BugBear.B@mm foi
reclassificado pelos especialistas da Symantec, passando do nível de risco 4 para o 5. [...] O BugBear já
era muito nociva -- aliás, o segundo vírus mais prejudicial do ano passado --, mas parece um ursinho de
pelúcio perto da versão B. [...] Assim, o vírus reproduz uma rotina de prejuízos que chega até ao
rastreamento das teclas acionadas. [...] Todos os produtores de vacinas estão recomendando o update
imediato dos programas antivírus.

Como se depreende da leitura, o texto produzido por T2 ao final da fase de redação

tem um caráter distinto daquele alcançado por T1. O texto é coeso e não apresenta

alternativas múltiplas. Pode ser lido sem interrupções e parece veicular com exatidão

as informações do texto de partida. Sugere, a princípio, a existência de um alto grau

de durabilidade textual. A representação do Translog mostra um fluxo de produção

quase sem pausas, com a digitação contínua da tradução, fato surpreendente dado o

reduzido tempo dedicado por T2 à fase de orientação.

VIRUÕÕÕÍRUSwBUGBEAR.BÃÃTeddywvirawGrizzly ïComowowðÃì[ResizeST]¬OwwormwBugBear,wsurgid
ownowanowapÕÕpassado,wtemwagorawumwsucessor.wawÕÕAwversãowBwéwmais[Ctrlß]aindawðwagressiva,wf
uçawumÕÕatráswdewnúmeros wdewcartãowdewcréditowewabrewaswportas wdoswfundos.w¬¬Oswcomputadoreswpe
ssoais wsãow¬oswquewestãowemwmaiorwruiÕÕisco.w¬¬¬¬"Porwcausawdawvelocidadew¬dew[Ctrlß]extremame
ntewrápidawðdispersão",wdizwow¬[sitewda]wSimantexÕc,wespecializadawemwantivírus,w"¬¬owanÕÕÕÕawva
cinaw¬[Copy]¬¬¬¬W32.BugBear.B@mm¬[8]oðwfoiwreclassif icadowprÕeloswespecialistas wdawSymantec,wpas
sandowdawcategoriaw4wparawaw5
35

De fato, T2 não faz nenhuma alusão à fase de orientação em seu relato retrospectivo.

Informa apenas a estratégia que privilegiou inicialmente para lidar com os problemas

de tradução na fase de orientação.

Eu optei por fazer uma tradução... uma dirty version [versão suja ou rascunho], porque é
um texto pequeno. Então dá para ver depois. (T2)

A leitura da tradução feita por T2 deixa transparecer a estratégia privilegiada pelo

tradutor. Os seis segmentos utilizados para análise revelam um texto com grau de

coesão satisfatório e apresentam co-colocações interessantes, tais como, “tem agora

um sucessor”, “fuça atrás de números”, “abre as portas dos fundos”, para que o ataque

do vírus e suas implicações sejam compreendidos em português. T2 utiliza,

diferentemente de T1, co-colocações pertinentes em português, por ex., “programas

antivírus”, ao invés de “detectores de vírus” utilizado por T1. Aparentemente é alto o

grau de durabilidade do texto produzido por T2. O texto -- se lido sem as interrupções

indicadas pelas unidades de análise marcadas por [...] -- é fluente, coeso e coerente.

Percebe-se, contudo, que as palavras inglesas do sub-título, “Teddy” e “Grizzly”,

partes da primeira unidade de análise, foram mantidas como no original em alemão

sem que houvesse uma preocupação em adequar o título ao público alvo em português

que não tem familiaridade com o sentido denotativo e conotativo de “teddy” e

“grizzly” em relação a ursos (ou aqui, por analogia, ao vírus), nem das possíveis

acepções de um brinquedo, o “teddy bear”, ou de um animal feroz, o “grizzly”. Cabe

destacar que esses termos em inglês são conhecidos e utilizados por falantes de língua

alemã e, portanto, adequados no contexto da produção do texto de partida. T2 faz

menção à necessidade de retrabalhar esta parte em seu relato retrospectivo sem que,

contudo, o tenha feito:


36

Eu deixei assim para ver depois. E tem um outro que seria interessante, mas esqueci de
colar. Ah, sim, tinha uma outra solução que busquei na internet, mas esqueci de colar.
(T2)

A tradução de um outro item lexical também chama a atenção. T2 decidiu traduzir

“Wurm”, em alemão, como “worm”, em português, numa referência a um equivalente

inglês, morfologicamente próximo ao alemão, e de possível utilização em português

para se referir a vírus informáticos. Difere, assim, tanto de T1 quanto de T3 e revela

ter mais familiaridade com o jargão terminológico utilizado pela área de informática

em português:

Worm eu já sabia que usa assim mesmo. (T2)

Observando as representações do Translog e o relato retrospectivo de T2, seu

processo de tradução parece estar ligado a aspectos macro textuais, tais como, a uma

certa percepção de algumas características de um texto associado ao gênero textual do

original, evidenciadas pela escolha de co-colocações e uma preocupação com a

consistência do uso de termos de informática em português, revelando assim estar

ciente de que o texto é de interesse geral mas possui terminologia específica. Tudo

indica que gera um texto com bastante durabilidade, sobretudo quando o tradutor

afirma que:

Eu comecei a fazer uma versão dirty. Depois mudei de estratégia para fazer uma versão
tão boa quanto fosse final mesmo. Só que eu não percebi que mudei de estratégia. (T2)

Contudo, o texto produzido por T2 revela uma menor durabilidade quando se

examina, por exemplo, a terceira unidade de análise. Esta revela problemas de

adequação ao texto original. Não é procedente a informação do tradutor que o vírus

“foi reclassificado pelos especialistas da Symantec, passando do nível de risco 4 para


37

o 5”. Na verdade, a informação contida no texto de partida diz que o vírus foi

classificado no nível 4 de uma escala de periculosidade de cinco níveis: uma

informação veiculada adequadamente por T1 e T3. Atente-se ainda para equívocos na

concordância nominal de “o BugBear já era muito nociva” e deslizes ortográficos

como em “parece um ursinho de pelúcio”. Trata-se provavelmente de erros de

digitação que não chamaram a atenção de T2. Ao se dar conta deles durante o relato

retrospectivo, T2 comenta:

Um ursinho de pelúcio... Nossa, vou te contar... (T2)

Ainda digna de nota é a inclusão não percebida no texto traduzido por T2 do trecho “o

[dic Schädling]” em um dado momento do processo de tradução. Aos 17:34 minutos,

T2 cola por engano no texto da sua tradução como registrado pelo Translog abaixo.

Esta inserção despercebida por T2 permanecera no texto ate o final da fase de revisão

(cf. Anexo 3).

wdigital,wow[Paste:·[dic·Schädling]]Õ¬vandalismowdigital,w

Durante o relato retrospectivo, T2 comenta:

Isso aqui? Por que que ele [o cursor] tá empurrando aqui? Não! Ah, tá aqui. Não havia
percebido isso . (T2)

Esses exemplos apontam para um texto com menor grau de durabilidade que aquele

esperado inicialmente. A falta de monitoração visual da produção textual faz com que

T2 não perceba erros de digitação, a inserção não desejada de “Schädling”, e o

processamento inadequado da terceira unidade de análise. Uma análise mais detalhada

do processo e da produção textual de T2 revela, portanto, que faltam ao texto


38

produzido ao final da fase de redação propriedades de durabilidade textual, conforme

definida neste artigo, uma vez que a informação factual do texto de partida em alemão

fica prejudicada em português diante da não adequação à parte do conteúdo

informativo do texto original e de um certo descuido com a formatação da versão

final. Um dos aspectos processuais a que se poderia atribuir esta falta de durabilidade

do texto produzido por T2 é o reduzido tempo total investido na tradução, com pouca

orientação, redação rápida e revisão superficial, e também a certas deficiências nas

sub-competências bilíngüe e extralingüística. Dado o alto nível de competência

lingüística de T2 e seus conhecimentos teóricos e práticos sobre tradução, não me

parece infundado avaliar seu ritmo cognitivo e sua produção textual como abaixo do

que T2 poderia produzir com um maior monitoramento do próprio processo de

produção textual, ou seja, com a otimização de seu ritmo cognitivo. T2 parece

concordar com essa observação pois é ele mesmo quem diz:

O outro [texto de uma segunda tarefa de tradução que faz parte do mesmo experimento]
eu vou fazer melhor. (T2)

Finalmente, a tradução produzida por T3 ao final da fase de redação revela

características muito diferentes daquelas observadas nas produções textuais e processo

de T1 e T2. Uma diferença evidente diz respeito aos 17:35 que foram dedicados à fase

de orientação, ou seja, 26.69% do tempo total. A esse respeito T3 comenta que

Eu vou lendo, faço umas anotações e enquanto eu não tenho assim um texto na cabeça eu
não começo a escrever, né? Bom, texto assim pequeno. (T3)

De fato, uma leitura da tradução produzida por T3 ao final da fase de redação parece

indicar que o tradutor dedicou muito mais esforço à fase de orientação que aquele
39

feito por T1 e T2. Parece- me evidente que o texto abaixo tem um caráter mais durável

que aquele produzido pelos dois outros sujeitos:

T3 - amostras de texto produzido ao final da fase de redação


BUGBEAR.B-VIRUS
De ursinho de pelúcia a bicho-papão
O [verme] BugBear do ano passado tem agora uma [segunda versão] altamente agressiva, que fareja
números de cartões de crédito e bare backdoors. [...] o W32.Bugbear.B@mm recebeu hoje de nossos
técnicos a classificação 4 numa escala de vírus perigosos, que vai até 5. [...] A primeira versão já era de
uma linhagem relativamente nobre - ela ficou em segundo lugar entre os vírus que deram certo no anno
passado - mas, se comparada com a versão B, um ursinho de pelúcia. [...] Quer dizer, o vírus executa
uma série de rotinas danosas, até chegar ao [keylogging]. [...] Todos os fabricantes de antivírus alertam
para a necessidade urgente de se proceder a updates do antivírus.

Há alguns problemas de digitação, tais como a troca de caracteres em “bare”

significando “abre”, ou duplicidade de caracteres, como em “anno” para “ano”. Há

também algumas soluções pendentes em colchetes: [verme], [segunda versão] e

[keylogging]. Contudo, o nível de coesão e coerência e o uso das co-colocações no

texto produzido por T3 ao final da fase de redação veicula as informações do texto de

partida e permite uma leitura fluente pelo público alvo da tradução dentro das

especificações fornecidas nas instruções da tarefa de tradução (brief).

Se examinado a partir do processo de tradução, a representação do Translog

para T3 mostra um fluxo de produção quase sem pausas, com a digitação contínua da

tradução, talvez resultado do tempo dedicado à fase de orientação.

[¬:17.30.28]Dewursinhowdewpelúciawaw¬bichopapãoÃÃááÃÃááBUGBEAR.BVIRUSâââ⬬¬¬¬Owverm
eßßßßß[ààààà]wBugBearwdowanowpassadowtemwagorawumawsegundawversão:wßßßßßßßßßßß
ßßßßß[àààààààààààààà]àବÕÕ,wmaiÕÕÕÕÕwaltamentewagressiva¬,wquewfarejawn
úmeroswdewcartõeswdewcréditowewbarewbackdoors.w¬¬Oswcomputadoreswpessoaisw¬sãowoswquewmaiswcoore
mwowriscowdewseremwinfectados.w"ww¬¬¬¬¬Devidowaowseuwpoderw¬dewpropagação,waltamentewvÕÕÕÕ
ÕÕÕÕÕÕÕextremamentewveloz"¬wwescrevewawSymantec¬,wempresawquewdesenvolvewprogramaswantiv
írus,w"w¬owW32.Bugbear.B@mmw¬¬¬recebeuwdewnossoswtécnicosßßßßßßßßßßßßßßßßßßhojew
ðwawclassificaçãow4wnumawescalawdew5¬¬¬¬¬¬¬¬¬Õvírus wperigosos,wquewvaiwatéw5.w[¬:57.92]

Após ter investido 26,26% do tempo da tradução na fase de orientação, o processo de

tradução de T3 revela um padrão de gerenciamento equilibrado. O fato de ter algumas

dúvidas marcadas em colchetes e com solução claramente postergada para a fase de


40

revisão, revela um gerenciamento hierárquico do processo. Ao contrário de T1, com

pausas atreladas a itens lexicais específicos, e de T2, praticamente sem interrupções,

as pausas de T3 encontram- se atreladas a unidades textuais e parecem sugerir um

mapeamento macrotextual.

Examinando aspectos da durabilidade do texto produzido por T3 ao final da

fase de redação, vemos que o tradutor decide traduzir a primeira unidade de análise,

qual seja, o sub-título em alemão “Aus Teddy wird Grizzly”, como “De ursinho de

pelúcia a bicho-papão” utilizando uma relação coesiva formada por dois itens do

cotidiano infantil, diferentes em grau de ameaça e periculosidade, diferente daquela

do original, baseada na ferocidade dos animais e na mudança do cotidiano infantil à

natureza selvagem. Esta relação será possivelmente mais bem compreendida pelo

público alvo no Brasil. O relato retrospectivo abaixo revela esta preocupação com o

público alvo e como as instruções fornecidas para a execução da tarefa (brief)

serviram de subsídio para o processo de produção textual de T3; revela também que o

tradutor está ciente das características genéricas do texto e sabe que pode “brincar”

nesse tipo de texto. O uso de tempos verbais também revela ciência do gênero

(presente, passado, presente).

Como eu tinha visto no brief aquela historia de informar. [...] Pro tipo de texto que ia
circular na internet, achei que tava meio fora assim [fazer uma tradução literal]. (T3)

A terminologia específica sobre informática – por exemplo, “Wurm”, traduzido pelos

sujeitos como “vírus”, “worm”, e “verme” – e a possibilidade de uso de palavras em

língua inglesa, tais como “keylogging” e “update”, indicam que alguns dos problemas

de T3 ao final da fase de redação podem estar ligados à falta de uma norma

consolidada sobre o uso desses termos em português. Foi um problema apontado nos

relatos retrospectivos pelos três tradutores:


41

Eu não tenho certeza. Tem coisas que a gente usa mesmo em inglês. (T1)

Uma coisa que acho que vai ficar são backdoor, worm... São termos que se usam nesta
área. (T2)

Acho que certas coisas poderiam ficar em inglês. (T3)

Outros aspectos da análise da produção textual dos três tradutores podem ser

observados na leitura dos seis textos apresentados no anexo 3, quais sejam, as versões

produzidas ao final da fase de redação e revisão por cada um dos três sujeitos.

Entendo que este material corrobora a análise aqui desenvolvida e revela que o grau

de durabilidade das traduções encontra-se diretamente relacionado com o nível de

experiência do tradutor. Nesse sentido, o texto produzido por T1 é pouco durável se

comparado àqueles produzidos por T2 e T3. Por outro lado, o texto de T2 se revela

mais durável que o texto produzido por T1, mas menos durável quando comparado à

tradução feita por T3. Esta suposição é reforçada pelos relatos retrospectivos. As

reflexões de T3 indicam um maior monitoramento hierárquico do processo de

produção textual que aqueles observados nos relatos de T2 e T1. Por sua vez, T2

apresenta um maior nível de meta-reflexão que T1. Nesse sentido, e de acordo com a

definição proposta acima, o texto produzido por T3 apresenta maior durabilidade

textual ao final da fase de redação. Esses dados parecem corroborar a primeira

hipótese de trabalho deste artigo, qual seja, a suposição que quanto mais alto for o

nível de meta-reflexão e a experiência em tradução, maior será a durabilidade textua l

do texto produzido no decorrer da fase de redação.

Uma vez aferidos o grau de durabilidade dos textos produzidos por T1, T2 e

T3 ao final da fase de redação, parece- me importante, para fins de comprovação da

segunda hipótese de trabalho, examinar essas mesmas produções textuais ao final da

fase de revisão. O anexo 3 contém as respectivas versões definitivas e o anexo 4 traz


42

as representações do Translog referentes à fase de revisão bem como o número de

caracteres efetivamente digitados pelos sujeitos nesta fase.

O texto produzido por T1 ao final da fase de revisão não é muito diferente

daquele produzido ao final da fase de redação. Apesar dos 326 caracteres digitados,

contém as mesmas lacunas e um baixo nível de coesão e coerência.

Durante os relatos retrospectivos sobre a fase de revisão, T1 comenta que

Nessa parte, eu começo a rever. Eu entrei na internet e procurei o Bugbear nesses


programas de busca lá pra ver essas coisas de terminologia mesmo [...] Fui também por
intuição. [...] Li alguns textos e ai eu voltei no meu e fui tentando resolver algumas coisas
com relação a esses termos relacionados a computador. (T1)

Observa-se nesta retrospecção feita por T1 e na representação do Translog separada

para a fase de revisão que o ritmo cognitivo de T1 permanece o mesmo que aquele

identificado na fase de redação, qual seja, um ritmo sem características hierárquicas

delimitadas que revelem um monitoramento estratégico do processo de produção

textual.

O texto produzido por T2 durante a revisão também se mantém muito próximo

daquele produzido ao final da fase de redação. Com 34 caracteres, T2 praticamente

manteve intacto o texto anteriormente produzido. Se, a princípio, este baixo índice de

digitação poderia ser uma evidência de um texto extremamente durável, as

observações críticas feitas anteriormente não foram aperfeiçoadas nesta fase, o que

nos leva a atribuir a ambos os textos um grau intermediário de durabilidade textual:

indiscutivelmente superior àquele alcançado por T1, mas aquém do desempenho

processual e do texto traduzido por T3. T2, contudo, parece ter bem claro que a fase

de revisão configura uma etapa diferenciada do processo de tradução ao afirmar que

Em geral o que eu faço é o seguinte: eu faço a versão, me contento, imprimo e deixo


quieto. Depois é que eu vou ver de novo. (T2)
43

Finalmente, T3 digitou 609 caracteres durante a fase de revisão e modificou

substancialmente a versão produzida ao final da fase de redação. Parece- me relevante

registrar que T3 começa a trabalhar efetivamente na revisão da tradução

imediatamente após o término da fase de redação o que pode ser atribuído a um alto

grau de monitoramento do próprio processo tradutório. Seus relatos retrospectivos são

ilustrativos desse processo:

Eu vejo que é bem literal o que eu fiz no começo. Mas eu acho que nesta primeira vez eu
quis pegar mesmo um sentido mais literal. Eu começo a revisão da tradução mudando
com um pouco mais de folga pelo tipo de texto que era. Então arrisquei colocar que o
bichinho ganhou um irmãozinho, um irmãozinho agressivo. (T3)

É interessante observar como a questão do “literal” está impregnada no discurso do

tradutor. Independente do nível de experiência, os relatos retrospectivos revelam

como este é um ponto de orientação para a meta-reflexão dos sujeitos.

Pela representação do Translog de T3 separada para a fase de revisão,

percebe-se que a revisão feita por T3 ocorreu em três fases: uma primeira mais

próxima ao texto produzido na fase de redação, uma fase intermediária e outra de

revisão definitiva:

Então depois nas outras versões eu fiquei mais à vontade pra mexer. (T3)

Acho que esta terceira revisão foi mais no sentido de amenizar coisas complicadas para
esse tipo de texto. Foi para simplificar mesmo. (T3)

De fato, se considerarmos, como sugerem Jakobsen (2002) e Lorenzo (2003), a

revisão como uma etapa isolada do processo de tradução, vemos que T3 apresenta

nesta fase um processo distinto daquele observado na fase de redação. Ao final, chega

a um texto definitivo, igualmente durável, mas produzido através de um tipo de

monitoramento e gerenciamento bastante diferentes daqueles observados na fase de

redação. Evidenciam-se, assim, diferenças significativas entre as fases de redação e


44

revisão do processo de tradução no que se refere ao seu gerenciamento cognitivo por

parte de T1, T2 e T3. É interessante notar que há uma gradação no grau de

durabilidade dos textos produzidos em ambas as fases, ou seja, o desempenho de T2 é

superior àquele de T1 e os textos produzidos por T3 ao final das fases de redação e

revisão são indiscutivelmente superiores aos textos dos dois outros sujeitos.

Conclusões

A partir das noções de ritmo cognitivo e durabilidade textual, analisadas através da

separação do processo de tradução em três fases distintas – orientação, redação e

revisão – este artigo propôs um desenho experimental com o intuito de aferir

parâmetros de análise do desempenho processual de tradutores novatos e experientes a

partir da relação de seus processos e suas traduções com níveis de meta-reflexão e

experiência. Para tanto, partiu-se de duas hipóteses de trabalho, quais sejam, (1) --

quanto mais alto for o nível de meta-reflexão e a experiência em tradução, maior será

a durabilidade textual do texto produzido no decorrer da fase de redação -- e (2) -- a

redação e a revisão são fases distintas com processos bastante diferenciados que

variam dependendo do grau de meta-reflexão e experiência dos sujeitos tradutores. As

duas hipóteses foram confirmadas pela análise de dados e indicam a validade de se

prosseguir com a investigação em maior escala usando o mesmo desenho e os

mesmos parâmetros sugeridos neste artigo. Os resultados indicam ainda que o

conhecimento especializado, neste caso a competência tradutória, aumenta ou diminui

de acordo com graus de experiência, uma evidência em favor de uma definição de

competência, em consonância com a proposta de Ericsson (2002), qual seja,

competência como decorrência de prática deliberada.


45

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1
"[...] translation process studies have, in fact, relatively little in common and present very different
pictures of the translation process they all set out to investigate."
2
Informações técnicas sobre o uso do programa Translog, e de seus componentes Translog User e
Translog Supervisor, encontram-se detalhadas em Jakobsen (1999) e Alves (2003). Cf. também
www.Translog.dk
3
Do inglês, “quick and dirty”.
4
“Not only did the professional translators produce target text faster than student translators, but the
text they produced was more durable”. Jakobsen (2002:203)
5
Königs (1987) e Alves (1995) utilizam os termos Adhoc-Block e Rest-Block em alemão. Alves
(1997) os traduz como Bloco Automático e Bloco Reflexivo em português. Nesse sentido, Adhoc-
Block e Bloco Automático são sinônimos, assim como também o são Rest-Block e Bloco Reflexivo.
6
“[…] expert performance [...] is primarily acquired through the engagement in designed training
activities, namely delibertate practice.” Ericsson (2002:191)
7 Os textos com número semelhante de palavras e conteúdo informativo aproximado foram encontrados

nos sites www.lavanguardia.es, www.guardian.co.uk, www.folha.com.br. Todos eles tinham por


objetivo informar aos leitores o grau de periculodidade do ataque do vírus Bugbear.B. Ressalta-se ainda
que, pela sua reputação jornalística, La Vanguardia, The Guardian, Der Sipegel e Folha de São Paulo
podem ser considerados como fontes comparáveis.
8
A noção de bilíngüe utilizada neste artigo está em consonância com a capacidade efetiva de uso de
uma língua estrangeira e não tem qualquer relação com a noção de bilingüismo materno.
9
Para fins de detalhamento sobre os procedimentos metodológicos e os pressupostos da noção de
triangulação para pesquisas sobre o processo de tradução, recomenda-se a leitura de Alves (2001),
Alves (2003) e Alves (ed.) (2003).
10
O tempo foi calculado em hora, minutos e segundos. 01:36:52 significa, portanto, uma hora, trinta e
seis minutos e cinqüenta e dois segundos. O formato xx:xx:xx, ou xx:xx [para minutos e segundos], é
aplicável às demais menções de tempo neste artigo.
11
[repetition links] “allow a speaker or writer to say something again in order that something new may
be added.” Hoey (1991:52)
12
[repetitions] “may be capable of providing information about the global meaning of texts on the basis
of particular linguistic elements identifiable on the textual surface.” Klaudy e Károly (2000: 143)

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