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BÁSICO DE TEOLOGIA

ÁREAS DE
ESTUDO PRÁTICA ESTUDOS DESENVOLVIMENTO EVANGELIZAÇÃO
MINISTERIAL BÍBLICOS ESPIRITUAL E MISSÕES

ACONSELHAMENTO NOVO O ESPÍRITO


A MISSÃO
E ÉTICA CRISTÃ TESTAMENTO SANTO
EVANGELIZAÇÃO E
1º ANO VENCENDO AS CRISES
DA VIDA
REINO, PODER
E GLÓRIA
AÇÃO, FRUTO,
BATISMO E DONS
DISCIPULADO

LIDERANÇA CRESCIMENTO E
ANTIGO SERVIÇO DO CRESCIMENTO E
INSPIRADORA
TESTAMENTO CRISTÃO ORGANIZAÇÃO
2º ANO PESSOAS, TAREFAS E
ALVOS
A BÍBLIA QUE JESUS LIA MATURIDADE E
MORDOMIA
DA IGREJA

DOUTRINAS
HERMENÊUTICA BÍBLICAS ORAÇÃO
QUEM É JESUS
3º ANO ENTENDES O QUE LÊS? FUNDAMENTOS
DA VERDADE
ENSINA-NOS A ORAR

ESCATOLOGIA REFORMA
HISTÓRIA DA FAMÍLIA
BÍBLICA PROTESTANTE
ASSEMBLEIA
4º ANO DE DEUS REVELAÇÃO DO
FORTALECENDO A
FAMÍLIA
500 ANOS
FUTURO TODOS PODEM PREGAR

SANTIFICAÇÃO E CIDADANIA E MISSÕES


CARTA AOS
107 ANOS DA RESPONSABILIDADE NACIONAIS E
5º ANO ROMANOS
ASSEMBLEIA DE DEUS SOCIAL DA IGREJA ESTRANGEIRAS

Central de Atendimento: (91) 3110-2400. www.educacaocristacontinuada.com.br


REVISTA DA
ESCOLA DOMINICAL LIÇÕES BÍBLICAS PARA CULTO DOMÉSTICO, DEVOCIONAL E PEQUENOS GRUPOS

Comentário e adaptação
Oton Alencar e equipe editorial

Sumário
data

............ /............ /................. LIÇÃO 1 CENÁRIO HISTÓRICO DE ROMANOS..................................... 5

............ /............ /................. LIÇÃO 2 TODOS PECARAM........................................................................11

............ /............ /................. LIÇÃO 3 FÉ VERSUS OBRAS.......................................................................17

............ /............ /................. LIÇÃO 4 A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ.......................................................23

............ /............ /................. LIÇÃO 5 UMA NOVA VIDA EM CRISTO..................................................29

............ /............ /................. LIÇÃO 6 A LUTA CONTRA A CARNE.......................................................35

............ /............ /................. LIÇÃO 7 A GRAÇA DIVINA..........................................................................41

............ /............ /................. LIÇÃO 8 ISRAEL, O POVO DE DEUS........................................................47

............ /............ /................. LIÇÃO 9 A SALVAÇÃO É PARA TODOS...................................................53

............ /............ /................. LIÇÃO 10 DEUS AINDA AMA ISRAEL.......................................................59

............ /............ /................. LIÇÃO 11 LUTA PELA ÉTICA CRISTÃ........................................................65

............ /............ /................. LIÇÃO 12 FRACOS E FORTES NA FÉ.........................................................71

............ /............ /................. LIÇÃO 13 APLICAÇÕES PARA A VIDA DA IGREJA...............................77


Oton Alencar é o pastor da Assembleia de Deus em Macapá - A Pioneira, presidente da União Fraternal das Assembleias
de Deus no Amapá - UFIADAP. Bioquímico, advogado, jornalista, especialista em Educação, doutor em Teologia, doutor
Honoris Causa, cronista do Jornal Diário do Amapá, membro da Academia Brasileira de Letras e Oradores Evangélicos, da
Academia de Letras e Artes do Brasil e presidente da Academia de Letras Evangélica Amapaense - ALEA.
Expediente
romanos Conselho Editorial
Samuel Câmara, Oton Alencar, Jonatas Câmara,
Philipe Câmara, Benjamin de Souza.
Imagine o que o estudo da car- Editor
ta aos Romanos pode fazer na sua Samuel Câmara

vida e nas vidas daqueles que se Editor Assistente


Benjamin de Souza
habilitarem a estudá-la com hu-
Coordenador Editorial
mildade, reverência e dedicação. Elléri Bogo

Foi lendo essa maravilhosa Equipe Editorial


Daividson Bignon, Elléri Bogo, Jadiel Gomes,
epístola que Martinho Lutero Ananias Picanço.
descobriu a inconteste verdade Supervisão Pedagógica
Faculdade Boas Novas (FBN) e Seminário
libertadora do evangelho: a justi- Teológico da Assembleia de Deus (SETAD)
ficação somente pela fé em Cristo, Repertório Musical
que o fez afixar as 95 teses na Ca- Rebekah Câmara

tedral do Castelo de Wittenberg, Revisão


Jailson Melo e Auristela Brasileiro
na Alemanha.
Distribuição e Comercial
Este fato possibilitou, há qui- Jadiel Gomes

nhentos anos, a eclosão da Refor- Editoração e Projeto Gráfico


Nei Neves, Tarik Ferreira e Maely Freire
ma Protestante, que mudou para
Conteúdo Digital e Imagens
sempre e em todos os aspectos a Jeiel Lopes
história do mundo Ocidental. Versão bíblica: Almeida Revista e Atualizada,
salvo quando indicada outra versão.
Rogo a Deus que este estudo
abençoe para sempre a sua vida! © 2017. Direitos reservados. É proibida a
reprodução parcial ou total desta obra, por
qualquer meio, sem autorização por escrito
da Assembleia de Deus em Belém do Pará e
do autor dos comentários e adaptações.

Programa de Educação Cristã Continuada.


Pr. Samuel Câmara Avenida Governador José Malcher, 1571, Nazaré.
Editor CEP: 66060-230. Belém - Pará - Brasil. Fone: (91)
3110-2400. E-mail: comercial@adbelem.org.br.

4
LIÇÃO 1

CENÁRIO HISTÓRICO DE ROMANOS

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Entender a contextualização
Este é um trimestre especial. histórica do ministério de Paulo e
Nele estudaremos a epístola de da sua carta aos romanos.
Paulo aos Romanos. Conhecere- • Perceber o perfil dos cristãos
mos bastante da teologia paulina, romanos.
percorrendo o pensamento do • Estabelecer uma comparação
apóstolo em diversos temas rele- entre Paulo e a igreja em Roma.
vantes para a fé evangélica.
Ao estudar esta epístola, por PARA COMEÇAR A AULA
exemplo, o Reformador Martinho
Lutero descobriu uma mensagem Querido professor, providencie
libertadora: a justificação somente um mapa antigo do Império ro-
pela fé. Esta mensagem possibilitou mano e comece a aula expondo-o
a eclosão da Reforma Protestan- diante da turma. Poderá baixar da
te, em 31 de Outubro de 1517 (há Internet uma imagem do mapa e
quinhentos anos), quando o monge projetá-lo com Datashow.
agostiniano fixou suas 95 teses con- Localize diante da turma as
tra as indulgências na Catedral do cidades e regiões que o Império
Castelo de Wittenberg, na Alemanha. romano abrangeu. Localize ainda
Este fato mudou completamente a a capital do Império: Roma. Pro-
história de todo o mundo Ocidental. videncie também imagens ilus-
Assim como Lutero, você tam- trativas de soldados romanos, de
bém terá a sua vida transformada ao César, de Pilatos, de cidadãos ro-
percorrer o estudo dos 16 capítulos manos e de palestinos típicos da
de Romanos. Incentivamos você a região da Galileia.
persistir nestes estudos abençoa- Faça um contraste entre as
dos. Então, prepare-se! imagens, enfatizando a indumen-
tária, a língua e a cultura.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 10


Romanos • Panorama • Contexto 1) V
2) V
3) F

I
LEITURA COMPLEMENTAR
Está chegando o ocaso do ano 56 d.C. Paulo chega à Acaia, última pou-
sada antes de partir para Jerusalém, levando o resultado da liberalidade
das igrejas já formadas entre os gentios. Três meses aí se demora até a
véspera da Páscoa (At 20.3-6). Na primavera de 57 d.C, prossegue viagem.
Indubitavelmente é nessa permanência na Acaia que escreve a Epís-
tola aos Romanos. Romanos é a primeira epístola que aparece na Bíblia.
Cronologicamente, fica logo após o livro de Atos. Contém o ABC da dou-
trina cristã e é a base do ensino da Igreja. Isso quer dizer que, se a enten-
dermos de forma equivocada, teremos dificuldade no entendimento dos
outros textos bíblicos.
O grande tema de Romanos é a revelação de Deus contra o pecado e a
justificação pela fé em Cristo. A carta aos Romanos mostra que todos são
culpados diante de Deus e necessitam de salvação por meio de Jesus.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 6-30).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 1 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 1.1
CENÁRIO O chamado de Paulo
Terça – Rm 1.4
HISTÓRICO DE O poder de Jesus
Quarta – Rm 1.5
ROMANOS Graça e apostolado
Quinta – Rm 1.11
Bênçãos da fé em comum
Sexta – Rm 1.14
Texto Áureo Devedor de todos
“Pois não me envergonho do Sábado – Rm 1.15
Evangelho, porque é o poder de Prontidão para pregar
Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego.” Rm 1.16 LEITURA BÍBLICA
Romanos 1.13-17
13 Porque não quero, irmãos, que
ignoreis que, muitas vezes, me pro-
pus ir ter convosco (no que tenho
Verdade Prática sido, até agora, impedido), para con-
O Evangelho deve ser anunciado seguir igualmente entre vós algum
a todos, indistintamente, pois é o fruto, como também entre os outros
poder de Deus para a salvação dos gentios.
perdidos. 14 Pois sou devedor tanto a gregos
como a bárbaros, tanto a sábios
como a ignorantes;
15 por isso, quanto está em mim,
estou pronto a anunciar o evangelho
também a vós outros, em Roma.
16 Pois não me envergonho do
evangelho, porque é o poder de
Deus para a salvação de todo aquele
que crê, primeiro do judeu e tam-
bém do grego;
17 visto que a justiça de Deus se re-
vela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé.
Hinos da Harpa: 430 - 186

5
Lição 1 - Cenário Histórico de Romanos

INTRODUÇÃO
CENÁRIO HISTÓRICO DE
ROMANOS A Epístola aos Romanos ocupa
um destaque de honra entre as de-
mais do Novo Testamento. Ela não
INTRODUÇÃO foi a primeira a ser escrita. As car-
tas aos Tessalonicenses, aos Corín-
I. APÓSTOLO AOS GENTIOS tios e aos Gálatas são anteriores,
1. Uma etapa encerrada Rm 15.20 e alguns dos temas dessas cartas
2. O autor e a carta Rm 1.1-6 são retomados em Romanos.
Esta epístola revela o apóstolo
3. O tema da carta Rm 1.17 Paulo prestes a partir para Jeru-
salém (Rm 15.25,26). Ele encar-
II. CRISTÃOS NA CAPITAL rega Febe, diaconisa de Cencreia,
1. Santos romanos Rm 1.7 de levar a carta aos destinatários.
2. Boa reputação Rm 1.8
I. APÓSTOLO AOS
3. Uma oração sincera Rm 1.9 GENTIOS
III. O APÓSTOLO E A IGREJA
1. Uma etapa encerrada. Pau-
1. Um desejo frustrado Rm 1.11 lo julgava encerrada sua obra na
2. Bênçãos da fé comum Rm 1.12,13 bacia oriental do Mediterrâneo.
As Boas Novas foram anunciadas
3. O poder do Evangelho Rm 1.14-16
e recebidas de bom grado, e o se-
nhorio de Cristo, proclamado em
APLICAÇÃO PESSOAL todos os recantos (Rm 15.20).
Com a consciência do dever
cumprido, Paulo fez uma avalia-
ção retrospectiva de seu minis-
tério. Ele tinha convicção de que
Deus o chamara para proclamar
a mensagem de Cristo entre os
gentios.
De fato, cumpriu a missão de
levar o Evangelho desde Jeru-
salém até o Ilírico (Rm 15.19).
Sentia-se já desobrigado dessa
missão, estando livre para ini-
ciar novas campanhas em lugares
onde o Evangelho ainda não havia
sido proclamado, pois o apóstolo

6
Lição 1 - Cenário Histórico de Romanos

tinha por ética não edificar em


fundamentos alheios (Rm 15.20).
O projeto de pregar na Espa-
nha foi o resultado da sensibilida-
de espiritual apostólica de Paulo. Paulo não pregava uma
religião inventada pelos
2. O autor e a carta. O au- homens. A mensagem
tor da carta foi Paulo, o apóstolo dele era baseada em uma
cristão designado aos gentios; revelação divina.”
chamado outrora de Saulo, o ben-
jamita, natural de Tarso, na Ásia
Menor. Ele era fariseu, educado Paulo não se dirigiu a nenhu-
em Jerusalém aos pés de Gama- ma personalidade eclesiástica,
liel. Era também cidadão romano donde se conclui que ali não havia
e perseguidor dos cristãos. Con- uma organização central. A igreja
vertido a Cristo, tornou-se prega- era composta por, pelo menos,
dor e escritor (Rm 1.1-6). quatro diferentes congregações:
Pela ordem de colocação, Ro- a da casa de Áquila e Priscila, no
manos é o quadragésimo quinto Aventino; a do Palácio Imperial;
livro da Bíblia, tem 16 capítulos, a da casa de Hermes e a casa de
433 versículos, 87 perguntas, 19 Filólogo.
profecias do Antigo Testamento,
4 novas profecias, 382 versículos 3. O tema da carta. O grande
de história, 29 versículos de pro- tema de Romanos é a revelação de
fecias cumpridas e 16 de profe- Deus contra o pecado e a justiça
cias não cumpridas. pela fé como base da justificação.
Esta é a sexta carta de Paulo. Romanos mostra que todos são
Foi escrita em Corinto, por volta culpados diante de Deus e necessi-
de 57 a 59 d.C., e enviada a Roma tam de salvação por meio de Jesus
por meio de Febe. Cristo. A característica predomi-
O número de judeus residen- nante é o longo trecho doutrinário
tes em Roma era muito grande (Rm 1.17 – 8.39).
(cerca de 40 mil pessoas, dentre O método de Deus em lidar
as quais muitas eram descenden- com judeus e gentios, individual-
tes de libertos). Pompeu, impe- mente, é ilustrado nesse trecho
rador Romano, levou muitos ju- doutrinário e sua relação na dis-
deus escravizados para Roma, os pensação é apresentada a seguir
quais, mais tarde, foram libertos. (Rm 9.1 a 11.36). O restante (Rm
Podemos, então, concluir que a 12.1 – 16.27), voltado para o que
Igreja em Roma era composta de é praticado, mostra o resultado da
judeus e gentios. salvação.

7
Lição 1 - Cenário Histórico de Romanos

II. CRISTÃOS NA CAPITAL Judeus da diáspora mantinham-


-se em conexão emocional com a
1. Santos romanos. Paulo era mãe-pátria.
desconhecido da Igreja em Roma. Portanto, é possível que o
Apresentou-se com o duplo apos- Evangelho tenha sido levado a
to de “servo de Jesus Cristo” e Roma por viajantes, principal-
“apóstolo” (Rm 1.1). O termo “ser- mente judeus convertidos.
vo” desse designativo evoca hu- Como os cristãos romanos vi-
mildade, e o segundo, “apóstolo”, viam no centro do poder político
autoridade. do mundo ocidental, estavam em
O versículo 7 se articula com evidência. Felizmente a reputa-
o 1: “Paulo... a todos os...”. Os ção deles era excelente e sua só-
cristãos de Roma eram também lida fé se tornava conhecida em
alvo do amor de Deus. Crentes todo mundo.
cujo amor para com Deus ecoa-
va alto. Eram “santos”, não em 3. Uma oração sincera.
termos de santidade adquirida Quando se ora de contínuo por
por sua conduta irrepreensível, causa de alguma inquietação, não
mas porque a vocação divina os se deve surpreender diante do
separou para que brilhem no modo como Deus venha a respon-
mundo. É a realidade posicional der. Paulo orou com o desejo de
de cada crente. que pudesse visitar Roma e ensi-
A santidade também consiste nar aos cristãos que lá estavam,
em se afastar das coisas profa- mas, quando finalmente chegou
nas e se consagrar a Deus, que àquela cidade, era um prisioneiro
escolheu para si um povo que é (Rm 1.9; At 28.16).
santo. Ele orou por uma viagem
segura. Embora realmente che-
2. Boa reputação. Não se co- gasse em segurança a Roma, foi
nhece a origem da comunidade preso, teve o rosto esbofeteado,
cristã de Roma. Não existem in- naufragou e foi picado por uma
dícios de que foi estabelecida por víbora.
Pedro, pois não está historica- As diversas formas que Deus
mente comprovado que Pedro te- usa para responder às nossas
nha visitado a capital do Império. orações quase sempre são mui-
Podemos assegurar que não foi to diferentes do que esperamos.
Paulo, como se depreende de Ro- Quando oramos com fé, Deus nos
manos 15.20 e dos cuidados que responde; mas Sua resposta será
o apóstolo pareceu tomar para sempre conforme a Sua soberania
não melindrar ninguém, quando e dentro do tempo que Ele mes-
tratou com essa igreja (Rm 1.8). mo designou.

8
Lição 1 - Cenário Histórico de Romanos

III. O APÓSTOLO E A IGREJA

1. Um desejo frustrado.
Paulo queria muito ir a Roma, O Evangelho é a
mas até aquele momento não lhe mensagem divina da
fora permitido por Deus. O único salvação através de
impedimento à paixão evangeli- Cristo.”
zadora do apóstolo era o próprio
Senhor do Evangelho. Todos os
outros impedimentos ele busca- Ao término de sua terceira
ra contornar. Os exemplos são viagem missionária, Paulo já ha-
inúmeros: se o dinheiro estava via viajado pela Síria, Ásia, Mace-
curto, ele fazia tendas; se o tem- dônia e Acaia. Essas regiões eram
plo se fechava, ele ia para a rua; constituídas principalmente por
se a multidão o chamava para fa- cristãos gentios (Rm 1.12,13).
lar no estádio, ele ia sem medo.
Nisso, há uma lição para nós, 3. O poder do Evangelho.
hoje. Quem tem nos impedido de Qual era o dever de Paulo? De-
pregar? Deus ou os homens? Se pois do encontro com Cristo na
Deus nos impede de pregar, en- estrada para Damasco, Paulo
tão não adianta insistir. Ele é o consagrou toda a sua vida à ta-
Senhor da obra (Rm 1.11). refa de levar o Evangelho a todos
os gentios. Assim, a obrigação
2. Bênçãos da fé comum. dele era com os povos do mun-
Paulo orou a fim de visitar os cris- do inteiro, e ele a cumpriu ao
tãos em Roma, encorajá-los na fé proclamar Cristo como Salvador
e ser por eles encorajado. Como das pessoas de todas as etnias,
enviado de Deus, ele podia ajudá- culturas e classes sócio-econô-
-los a entender melhor o signifi- micas de então, fossem judias
cado do Evangelho e a respeito da ou gentílicas (Rm 1 14-16).
pessoa de Jesus. Como um povo Desta maneira, Paulo estava
dedicado a Deus, os fiéis de Roma pronto para pregar o Evangelho
podiam oferecer ao apóstolo co- em Roma, um lugar onde certa-
munhão e conforto. mente sua mensagem seria “atro-
Isso prova que, quando os pelada” por aqueles que se chama-
crentes em Jesus se reúnem, o vam sábios.
amor fraternal os constrange a O Messias de Israel foi pendu-
dar e receber. A fé em comum rado em um madeiro, um terrível
proporciona um vínculo entre escândalo para os judeus; todavia,
eles, o que é uma bênção e um es- Paulo não se envergonhava de ad-
tímulo para todos. miti-lo. O motivo de sua ousada in-

9
Lição 1 - Cenário Histórico de Romanos

trepidez estava em sua convicção “de Deus”, o Evangelho não passa-


de que a excelência do Evangelho ria de mais uma religião morta.
está nisto: ele é a boa notícia que
nos revela o caminho da salvação
provisionada em Jesus Cristo, a
APLICAÇÃO PESSOAL
qual é experimentada por todo
aquele que creu e nasceu de novo. Fomos chamados para viver
Paulo disse que o Evangelho “é em santidade, para o inteiro agra-
o poder de Deus para a salvação do de Deus, enquanto proclama-
de todo aquele que crê”. É Deus mos o Evangelho de Cristo com
quem opera a salvação de todos nosso exemplo e palavras. Bus-
os que creem na obra expiatória quemos cumprir o nosso dever.
de Jesus na cruz. Sem esse poder

RESPONDA
Marque V (verdadeiro) e F (falso) nas afirmações abaixo:

1( ) Paulo julgava encerrada sua obra na bacia oriental do Mediterrâneo porque as


Boas Novas foram ali anunciadas e o senhorio de Cristo proclamado.

2( ) O que motivou Paulo a visitar os cristãos em Roma foi o seu intenso desejo de
encorajá-los na fé e ser por eles também encorajado.

3( ) Paulo não se envergonhava do Evangelho porque ele tinha convicção de que a


salvação era somente para os judeus.

VOCABULÁRIO
• Dispensação: Maneira como Deus trata com a humanidade durante um determinado
período de tempo.
• Diáspora: Dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição
política, religiosa ou étnica.
• Víbora: Cobra venenosa.

10
LIÇÃO 2

TODOS PECARAM

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Optar por ser um justo de
Olá, professor! Esta lição tra- Deus, deixando toda obra de im-
ta de um assunto muito delicado. piedade.
Aborde-o com cuidado, pois a ho- • Lutar por obedecer aos prin-
mossexualidade tem estado cada cípios do Evangelho.
vez mais presente na cultura se- • Posicionar criticamente so-
cular de nossa geração. bre a questão da homossexualida-
Prepare-se para também de e seus temas transversais.
abordar com conhecimento de
causa os seguintes temas trans- PARA COMEÇAR A AULA
versais: homofobia, ideologia de
gênero, direitos civis dos parcei- Comece a aula apresentando à
ros homossexuais, feminismo, turma diversas manchetes atuais so-
passeatas e manifestações do bre os debates da ideologia de gêne-
movimento LGBT, etc. Na aula, ro, direitos dos homossexuais, pas-
procure esclarecer o ponto de seata do orgulho gay, etc. Acredite, há
vista cristão, mostrando que a muito material secular acerca disso.
homossexualidade é, na verda- Escreva no quadro as seguin-
de, um estilo de vida abominável tes perguntas-guia:
diante de Deus. 1. O que realmente é homofobia?
Contudo, faça-o debaixo de 2. Por que há tanto debate so-
muita oração e com respeito, evi- bre a ideologia de gênero?
tando acusações apaixonadas, a 3. Como a igreja deve se posi-
fim de não insultar ou melindrar cionar sobre esses assuntos?
pessoas. Conduza um minidebate com se-
gurança e sensibilidade, coibindo co-
mentários jocosos. O objetivo é prepa-
rar os alunos para a exposição da lição.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 16


Pecado • Ira • Justiça • 1) Conceito de tsadiq
Arrependimento 2) A ira de Deus
3) Sentimentos perversos

I
Lição 2 - Todos Pecaram

LEITURA COMPLEMENTAR
O Evangelho revela como Deus foi justo ao estabelecer seu plano de
salvação e como podemos estar prontos e adequados para a vida eterna.
Ao depositarmos a nossa fé em Cristo, nosso relacionamento com Deus
torna-se perfeito. Do Gênesis ao Apocalipse as Escrituras declaram que
estamos bem com Deus por causa da nossa fé em Cristo Jesus, pois sem fé
é impossível agradar a Deus.
Paulo citou Habacuque 2.4. Aqui, “viver pela fé” era entendido como
sendo uma atitude que valia apenas na vida presente, mas Paulo ampliou
este significado ao apontar para a vida eterna. Somos salvos à medida que
confiamos em Deus e nEle nos encontramos agora e para sempre.
Por que Deus manifesta sua ira contra os pecadores? Porque trocam
a verdade sobre Deus por uma fantasia saída de sua imaginação, apagam
de seus corações a verdade que Deus revelou a fim de acreditarem em
qualquer coisa que sirva de suporte à sua vida egoísta. Deus jamais to-
lera o pecado, porque sua natureza é moralmente perfeita. Ele não pode
ignorar ou perdoar uma rebelião e, por isso, deseja eliminar o pecado e
restaurar o pecador desde que este não distorça ou rejeite sua verdade de
forma obstinada.
A recomendação é não desprezar a verdade a respeito de Deus
simplesmente para proteger seu estilo de vida. Logo mais, Paulo vai
argumentar que ninguém pode afirmar que, por seus próprios méri-
tos ou esforços, tornou-se agradável aos olhos do Criador. Todos os
seres humanos merecem a condenação de Deus pelos pecados que
praticam.
Ninguém terá desculpa para não crer em Deus. A Bíblia confirma isso,
pois Deus se revelou de várias maneiras: por meio de sua criação, de sua
Palavra e deu seu Filho amado. Cada pessoa pode aceitar ou rejeitar Deus
e sua verdade, mas não se deve enganar: quando chegar o Dia do Juízo,
desculpas não serão aceitas.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 21-44).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 2 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 1.17
TODOS O justo viverá pela fé
Terça – Rm 1.20
PECARAM A Criação fala do poder de Deus
Quarta – Rm 1.21
A impiedade dos homens
Quinta – Rm 1.23
O mal da idolatria
Sexta – Rm 1.24
Texto Áureo Deus os entregou ao mal
“A ira de Deus se revela do Sábado – Rm 1.28
céu contra toda impiedade e Obscurecimento da compreensão
perversão dos homens que detêm
a verdade pela injustiça; ”
Rm 1.18 LEITURA BÍBLICA
Romanos 1.17-20
17 visto que a justiça de Deus se re-
Verdade Prática vela no Evangelho, de fé em fé, como
Para grandes pecadores, um está escrito: O justo viverá por fé.
grande Salvador: Jesus! 18 A ira de Deus se revela do céu
contra toda impiedade e perversão
dos homens que detêm a verdade
pela injustiça;
19 porquanto o que de Deus se pode
conhecer é manifesto entre eles,
porque Deus lhes manifestou.
20 Porque os atributos invisíveis
de Deus, assim o seu eterno poder,
como também a sua própria divin-
dade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que
foram criadas. Tais homens são, por
isso, indesculpáveis;

Hinos da Harpa: 171 - 491

11
Lição 2 - Todos Pecaram

INTRODUÇÃO
TODOS PECARAM
Paulo disse, inspirado pelo
INTRODUÇÃO Espírito, que todas as pessoas
são pecadoras (Rm 3.23).
I. JUSTOS VERSUS ÍMPIOS Esta, na verdade, é a triste
condição de todo ser humano:
1. O justo viverá pela fé Rm 1.17 por nossos próprios méritos, não
2. A ira de Deus Rm 1. 18 podemos fazer nada para resol-
ver o pecado, que é o nosso maior
3. A revelação de Deus Rm 1. 19 problema. Contudo, o Senhor Je-
sus Cristo veio ao mundo, sem
II. CONSEQUÊNCIAS pecado, para resolver a questão
(1Pe 2.21-23).
1. Conhecimento de Deus Rm 1.20 Através da obra Dele, pode-
2. Enganosa sabedoria Rm 1.21,22 mos vencer o pecado e suas terrí-
veis consequências. Estudaremos
3. Honrar mais a criatura Rm 1.23 mais sobre as consequências do
pecado nesta lição.
III. DEUS OS ABANDONOU
I. JUSTOS VERSUS ÍMPIOS
1. Entregou à vergonha Rm 1.26
2. Atos homossexuais Rm 1.38 1. O justo viverá pela fé. Na
cultura hebraica havia o conceito
3. Sentimentos dos perversos Rm 1.29 de tsadiq (termo hebraico que se
refere a uma pessoa justa), iden-
APLICAÇÃO PESSOAL tificando alguém que priorizava
as coisas de Deus, servindo-o com
um coração sincero, apesar de ser
também, como todo ser humano,
um pecador. Paulo se referiu ao
justo ao citar Habacuque 2.4 em
Romanos 1.17.
Neste versículo, “viver pela
fé” era um conceito entendido
pelos judeus como uma atitu-
de que tinha valor apenas nesta
vida presente.
Ou seja: Deus cumularia os
justos de Israel, seu povo esco-
lhido, de bênçãos materiais. Isso

12
Lição 2 - Todos Pecaram

aconteceria porque os justos,


naturalmente, desejam pautar
suas vidas em plena confiança
em Deus. Paulo também ampliou Todos os cristãos
este significado ao incluir os gen- devem fazer da carta
tios (não judeus) nesta promessa de Paulo aos Romanos
e ao apontar as bênçãos da justiça o objeto habitual
para a vida eterna. Desta manei-
e constante de seu
ra, somos eternamente salvos à
medida que confiamos em Deus, estudo. Deus nos
agora e sempre. garante sua graça para
fazer assim. Amém.”
2. A ira de Deus. O Evangelho (Martinho Lutero)
revela como Deus foi justo ao esta-
belecer seu plano para a salvação
humana e como podemos alcançar Senhor não ficou passivo diante
a vida eterna (Pv 17.15). desta rebelião e, por isso, atuou
Ao depositarmos fé em Cris- para eliminar o pecado e restau-
to, o nosso relacionamento com rar o pecador (Jr 6.8; Rm 1.18).
Deus torna-se perfeito. Lembre-
-se: “Sem fé é impossível agradar 3. A revelação de Deus. Nin-
a Deus” (Hb 11.6). Paulo entende guém será inocentado por não ter
que “viver pela fé” é uma atitude crido em Deus. As noções sobre
válida ainda nesta vida presen- um “ser superior” são inerentes ao
te, mas, como vimos, ele amplia homem. Essas noções foram guar-
esse significado ao apontar para dadas no coração do homem pelo
a vida eterna também. próprio Deus (Rm 1.19).
No versículo 18, do capítulo A natureza revela a exis-
1, a expressão “gar orge Theou”, tência de um Criador. O Salmo
“a ira de Deus”, em grego (o idio- 19.1 diz: “Os céus manifestam
ma original em que foi escrito o a glória de Deus e o firmamento
Novo Testamento), significa o anuncia a obra de suas mãos”.
julgamento de Deus a ser infli- Os atributos pessoais de
gido sobre os ímpios (pessoas Deus (amor, santidade, justiça
contrárias a Deus, a antítese dos etc.) são invisíveis, mas o seu
justos), porque eles distorceram eterno poder e a sua natureza
a verdade divina em mentiras. divina podem ser vistos e enten-
Em suma, eles falsearam a didos por meio de tudo o que foi
verdade que Deus revelou aos criado. Portanto, os homens não
homens, a fim de dar vazão a podem se desculpar, alegando
uma vida devassa e egoísta. O desconhecimento de Deus.

13
Lição 2 - Todos Pecaram

II. CONSEQUÊNCIAS

1. Conhecimento de Deus. Porque todo aquele


Não se pode negar a capacidade que invocar o nome do
humana de receber o conheci- Senhor será salvo.”
mento outorgado por Deus. Resta (Rm 10.13)
saber o que se tem feito dessa ca-
pacidade e o que se tem feito des-
se conhecimento adquirido. nal, e o considera perfeito e into-
A expressão “glorificar a Deus” cável, de modo a não conseguir se-
refere-se a adorar a um Deus su- quer imaginar a própria existência
perior. “Dar graças” diz respeito a sem esta imagem idealizada do fi-
reconhecer o propósito benéfico lho, aí está acontecendo uma prá-
de Deus. A humanidade em geral tica idólatra.
tem se furtado à adoração devida Assim, é possível alguém ser
ao soberano e bom Deus. Se o co- idólatra, mesmo que não esteja
ração do homem não está aberto se ajoelhando diante de uma ima-
à ação da graça divina, não hon- gem de escultura. Desta maneira,
rará a Deus, apesar de ser Deus em vez de procurar a Deus como
quem confere finalidade a toda Criador e mantenedor da vida, as
a Sua criação. Vacuidade de pen- pessoas passam a considerar a si
samento e entenebrecimento do mesmas ou outra criatura como o
coração são as duas terríveis con- centro do universo. Inventam deu-
sequências da condição humana, ses falsos que não passam de con-
após recusar o conhecimento de venientes projeções psíquicas de
Deus (Rm 1.20). suas próprias ideias egoístas.

2. Enganosa sabedoria. Os 3. Honrar mais a criatura. As


homens dizem que são sábios, pessoas são levadas a acreditar
mas, na realidade, são tolos (Rm em mentiras que robustecem suas
1.21,22). Como pessoas sábias po- crenças egoístas (Rm 1.28). Atual-
dem escolher ídolos sem vida para mente, mais do que nunca, preci-
adorar? A idolatria é um dos peca- samos conhecer a base da nossa
dos praticados quando se rejeita o fé. Há muitos conceitos mundanos
verdadeiro Deus (Tg 4.4). Convém que podem mexer com a nossa
definirmos melhor esta palavra. cosmovisão cristã.
Idolatria é tudo aquilo que alguém Por exemplo, o positivismo do
reputa como essencial para a vida, filósofo francês Augusto Comte
à parte de Deus. Por exemplo: que divinizou a humanidade. Se-
Se alguém coloca o próprio filho gundo ele, devemos adorar não
numa espécie de pedestal emocio- a Deus, mas aos grandes homens

14
Lição 2 - Todos Pecaram

que têm contribuído para o pro- os bons costumes tem a aprovação


gresso humano. Essa é uma com- divina. Qualquer atitude humana
pleta e diabólica inversão de valo- que viola este princípio pode ser
res. Isso é venerar mais a criatura considerada uma perversão. As-
do que o Criador. Esta geração não sim, na esfera da relação sexual, o
ficará impune diante de tanta ig- homem foi criado para a mulher e
nomínia moral e espiritual (Rm a mulher foi criada para o homem.
1.23-25; 2Cr 30.8). O natural é o homem desejar
a mulher e a mulher desejar o ho-
III. DEUS OS ABANDONOU mem para se casarem. O inverso é
perversão do homem e da mulher.
1. Entregou à vergonha. Se- Paulo chama esse tipo de relação
gundo Paulo, o Senhor permitiu a de “paixões infames”.
perversão da homossexualidade A homossexualidade, seja ela
em Roma como um nefasto casti- masculina ou feminina (lesbia-
go em consequência do completo nismo), é uma relação contrária
abandono de Deus, perpetrado à natureza. Quando um homem
por aquela geração de gentios rejeita uma mulher como parceira
(observe a expressão “por isso”, sexual, e vice-versa, Paulo diz que
em Romanos 1.24, indicando uma se inflamam na sua sensualidade;
relação de consequência na argu- com isso, cometem torpeza contra
mentação do apóstolo). a própria natureza e contra o pró-
Paulo especificou, inclusive, as prio Deus (Rm 1. 27).
práticas do homossexualismo, tan-
to masculinas quanto femininas, 3. Sentimentos dos perver-
para que ninguém tivesse dúvidas. sos. Como os pagãos romanos não
Nos dois casos, ele descreveu as quiseram saber do verdadeiro co-
pessoas envolvidas como sendo nhecimento de Deus, ele, por fim,
completamente culpadas diante os entregou à sua natureza peca-
de Deus. Agir de modo “contrário minosa e aos seus maus pensa-
à natureza” significa violar a or- mentos. Assim, eles fizeram o que
dem que Deus estabeleceu. Neste não deveriam fazer, atendendo aos
texto bíblico, Paulo é muito claro apelos do seu desejo carnal desen-
ao condenar a união de pessoas do freado. Isto trouxe terríveis conse-
mesmo sexo (Rm 1. 26). quências para eles próprios. Paulo
listou os pecados das pessoas en-
2. Atos homossexuais. Deus tregues ao seu próprio egoísmo
não aprovou e jamais aprovará nos versículos 29 a 31.
qualquer ato contrário à natureza A conclusão do apóstolo foi
que ele próprio criou. Aquilo que cristalina: Deus permitiu aos ho-
é natural e não macula a moral e mens que andavam longe Dele que

15
Lição 2 - Todos Pecaram

se afundassem cada vez mais nos


seus pecados. O Senhor não inter- APLICAÇÃO PESSOAL
veio para livrá-los de um estado
crescente de deterioração moral, A idolatria é um grave pecado,
mas deixou que corresse o curso e a homossexualidade, uma con-
natural das suas ações perverti- sequência disso. Deus exige que
das, as quais eles escolheram de- todos se arrependam.
liberadamente e amaram.

RESPONDA

1) Na cultura judaica, que conceito se refere a uma pessoa justa, ou seja, alguém que prio-
riza as coisas de Deus, servindo-o com um coração sincero, apesar de ser também, como
todo ser humano, um pecador?

______________________________________________________________________

2) Quando os homens tornaram a verdade de Deus em mentira, o que sobreveio aos filhos
da desobediência?

______________________________________________________________________

3) Quando os homens não querem saber do verdadeiro


conhecimento a respeito de Deus, que sentimentos se manifestam neles?

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
• Entenebrecimento: Cobrir de trevas, escurecer.
• Cosmovisão: Visão de mundo.
• Torpeza: Ato ou qualidade de indecente, de obsceno.
• Vacuidade: Vazio moral, intelectual, ou de espírito; sensação de ausência de
valor, de sentido em si ou fora de si.

16
LIÇÃO 3

FÉ OBRAS

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Entender que nenhuma obra
Esta é uma das lições mais im- humana produz salvação.
portantes deste trimestre. Nela • Compreender a doutrina da
justificação pela fé somente.
estudaremos com mais detalhes • Ter a consciência de que Abraão
a doutrina da justificação pela também foi justificado pela fé.
fé, que foi a principal mensagem
do apóstolo Paulo aos cristãos de
PARA COMEÇAR A AULA
Roma.
Portanto, enfatize bem esta Comece a aula escrevendo no
doutrina na hora da exposição quadro: ABRAÃO FOI JUSTIFICA-
DO POR MEIO DE...? Deixe que os
da lição. Analise bem o perfil de
alunos respondam. Por meio das
sua turma e, se achar pertinente, obras? Pela fé? Crie suspense. Dê
apresente imagens de Lutero e a resposta definitiva somente ao
dos Reformadores para ilustrar a abordar o terceiro tópico da lição.
Enfatize que até mesmo Abraão,
atuação deles na época da Refor-
o pai da fé, não alcançou justificati-
ma Protestante. va diante de Deus por meio de suas
Neste caso, faça uma rápida obras, mas por meio de sua fé.
pesquisa para buscar informações Lembre ainda que esta mensa-
gem motivou Lutero a dar o pon-
sobre este período histórico.
tapé inicial da Reforma, na Alema-
nha, em 1517. Mostre imagens de
Lutero, das 95 teses e dos Refor-
madores de modo geral.

RESPOSTAS DA PÁGINA 22
PALAVRAS-CHAVE
Salvação • Obras • Fé • Justificação 1) 2
2) 1
3) 3

I
Lição 3 - Fé Versus Obras

LEITURA COMPLEMENTAR
Paulo ensina que Deus, por sua bendita graça, pode declarar-nos justos.
Quando um magistrado em um tribunal declara o réu inocente, todas as
acusações naquele processo são retiradas contra ele. Para a lei, é como se
a pessoa nunca tivesse sido alvo daquela acusação. Quando Deus perdoa
nossos pecados, nossa vida fica completamente limpa. Do ponto de vista de
Deus, é como se nunca tivéssemos pecado.
Cristo libertou os pecadores da escravidão do pecado. No tempo do
Antigo Testamento, as dívidas de uma pessoa podiam levá-la a ser ven-
dida como escrava, mas o parente próximo podia redimi-la comprando
a liberdade dela. Foi assim que Cristo fez conosco. O preço pago foi sua
própria vida.
Cristo foi à cruz em nosso lugar, para nos resgatar da escravidão do
pecado. Deus tem razão plena de irar-se com os pecadores, porque se re-
belaram contra Ele e se afastaram da influência do seu poder de conceder
vida. Entretanto, a morte vicária de Cristo foi o preço pago e designado
pelo próprio Deus para que nossos pecados fossem perdoados.
Deste modo, Cristo se colocou em nosso lugar, pagou o preço com
sua morte por nossos pecados e preencheu completamente as exigên-
cias de Deus. O sacrifício de Jesus quebrou a maldição que pairava so-
bre nós, trouxe o perdão, a redenção e a liberdade da escravidão do
pecado.
O que aconteceu com as pessoas que viveram antes de Cristo? Deus
os condenou injustamente? Se os justos se salvaram, o sacrifício de Cristo
teria sido em vão? Paulo mostrou que Deus perdoou todos os pecados da
humanidade por meio do sacrifício vicário de Jesus.
Os fiéis que viveram na época do Antigo Testamento e aguardaram
com fé a vinda de Cristo foram salvos, embora não conhecessem Jesus na
sua inteireza. Nós, os crentes do Novo Testamento, sabemos que Jesus é o
enviado de Deus para a salvação daquele que nEle crê.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 45-56).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 3 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 3.22
FÉ Justificação disponível a todos
Terça – Rm 3.23
Os judeus também pecaram
Quarta – Rm 3.27
OBRAS Sem jactância
Quinta – Rm 3.29
Deus dos gentios também
Sexta – Rm 4.3
Abraão justificado pela fé
Texto Áureo Sábado – Rm 4.8
“Sendo justificados Feliz o homem justificado pela fé
gratuitamente, por sua graça,
mediante a redenção que há em
Cristo Jesus.” Rm 3.24
LEITURA BÍBLICA
Romanos 3.22-26
22 justiça de Deus mediante a fé
Verdade Prática em Jesus Cristo, para todos [e so-
O que nos justifica diante de bre todos] os que creem; porque
Deus é a fé em Cristo Jesus. não há distinção,
23 pois todos pecaram e carecem
da glória de Deus,
24 sendo justificados gratuita-
mente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu
sangue, como propiciação, me-
diante a fé, para manifestar a sua
justiça, por ter Deus, na sua tole-
rância, deixado impunes os peca-
dos anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da
sua justiça no tempo presente, para
ele mesmo ser justo e o justificador
daquele que tem fé em Jesus.

Hinos da Harpa: 39 - 116

17
Lição 3 - Fé Versus Obras

INTRODUÇÃO
FÉ VERSUS OBRAS
Na Palestina do primeiro sé-
culo havia a discussão da preemi-
INTRODUÇÃO nência da nação judaica sobre as
gentias. Este era um assunto con-
I. A JUSTIÇA DOS JUDEUS siderado realmente importante
naquele período. Paulo argumen-
1. O juízo imparcial de Deus Rm 2.1-29
tou que, em matéria de pecado
2. Todos são pecadores Rm 3. 1-18 contra Deus, Israel é tão pecadora
quanto as demais nações.
3. Os judeus não são exceção Rm 3. 19
I. A JUSTIÇA DOS JUDEUS
II. O PERDÃO DOS PECADOS
1. O juízo imparcial de Deus.
1. A justificação pela fé Rm 3.21-31 Paulo dirigiu a Israel a interpela-
2. A propiciação Rm 3.23-28 ção contida nos versículos 1 ao
29 do capítulo 2. Isso porque ele
3. Deus de todos Rm 3.29-31 pôs à mostra, nestes versículos,
uma estranha fraqueza humana:
III. ABRAÃO, O PAI DA FÉ a tendência que temos de cri-
ticar todo mundo, menos a nós
1. Abraão, justificado pela fé Rm 4.1 mesmos. Nós somos rigorosos
2. Fé imputada como justiça Rm 4.4 em julgar os outros e condescen-
dentes em julgar a nós mesmos.
3. Pecados não imputados Rm 4.8-25 Paulo fez duas afirmações:
Ninguém se livra do juízo de Deus
APLICAÇÃO PESSOAL acusando alguém e praticando as
mesmas coisas, e o homem deve
julgar a si mesmo e não os outros
(Rm 2.3,4).
Sempre vemos pessoas que-
rendo escapar do juízo de Deus,
usando como escudo um argu-
mento teológico. Apelam para as
duas características de Sua bon-
dade: tolerância e paciência. Ale-
gam que Deus é bom e demasia-
damente longânimo para castigar
quem quer que seja. Esquecem-se
de que é a bondade de Deus que

18
Lição 3 - Fé Versus Obras

nos leva ao arrependimento, a fim


de nos livrar da própria condena-
ção divina.
Paulo respondeu às objeções Assim como o
dos judeus, os quais ficaram irrita- Evangelho se diferencia
dos com ele por causa de seu ensino das demais religiões
de que a justificação da religião ju- mundanas por sua
daica de nada valia para a salvação. origem, há também um
grande contraste em
2. Todos são pecadores. A sua mensagem.”
passagem de Romanos 3.1-18
nos assegura que nada, nem mes-
mo o nosso pecado ou rebeldia, Os judeus ignoravam que a lei
pode anular as promessas feitas não bastava para preservá-los do
por Deus a nós (Rm 3.3). Contu- pecado. A lei conferia-lhes apenas
do, a segurança advinda do ver- o conhecimento do pecado. Com
sículo 3 é quebrada na sequência efeito, ela não permitia dissipar o
do texto, quando Paulo afirmou mal que denuncia. A própria obe-
que todos somos pecadores e diência à lei manifestava a natu-
ninguém poderia fugir deste es- reza do pecador, alimentando-lhe
tado: “não há nenhum justo, nem o orgulho.
um sequer” (Rm 3.10). Desta ma-
neira, todo o nosso esforço pró- II. O PERDÃO DOS
prio só nos distanciará cada vez PECADOS
mais de Deus.
1. A justificação pela fé. O
3. Os judeus não são exce- termo justificação na teologia
ção. Em Romanos 3.19,20 Paulo paulina é o ato de Deus justifi-
afirmou que os judeus seriam car o transgressor. Não se refere
condenados de forma maciça, só ao perdão, mas ao ato de se
porque as Escrituras declaravam declarar justo o homem que de-
isso. Eles deveriam, acima de veria ser punido. Desta maneira,
tudo, dar atenção ao que Paulo Deus declara que o mais vil e
apresentou como a intenção ge- impuro pecador, ao se arrepen-
ral das Escrituras: tornar todos der, passa a ser considerado por
os homens indesculpáveis sob Deus como santo, justo e puro.
o julgamento divino. Assim, ne- Deus justifica o pecador que crê
nhum ser humano pode ser jus- e aceita o seu Filho Jesus como
tificado aos olhos de Deus “por seu Salvador pessoal.
obras da lei”, inclusive e especial- Nisto se resume a doutrina
mente o judeu jactancioso. paulina da justificação pela fé. An-

19
Lição 3 - Fé Versus Obras

tes da Reforma Protestante, com a


fixação das 95 teses de Lutero na
catedral de Wittenberg, na Alema-
nha, em 31 de Outubro de 1517, A imputação da justiça
essa doutrina tinha sido abando- de Deus à humanidade
nada, pois a Igreja Católica Ro- caída pode ser entendida
mana havia saturado os seus fiéis
com a ênfase na autojustificação,
como a regeneração do
por intermédio das boas obras e relacionamento correto
indulgências (Rm 3.21-31). entre Deus e o homem.”

2. A propiciação. A ação de
Deus em favor do homem não 3. Deus de todos. Deus é o
objetivava recompensar a obe- Deus de toda humanidade, daí
diência à lei, pois todos já sabe- a necessidade de se pregar o
mos que o homem não é natural- Evangelho a toda criatura. Por
mente obediente. Por isso, Deus isso também a possibilidade de
concedeu-lhe um favor não me- haver verdadeira unidade do
recido. O homem espiritual sabe povo de Deus. Os judeus que se
que não possui mérito algum e vangloriavam do conhecimento
espera apenas a misericórdia de Deus se esqueceram de que
divina. o receberam graciosamente. Por
Todos necessitam da fé – tan- isso, outros além deles têm o
to judeus quanto gentios – e pre- mesmo direito.
cisam também da glória de Deus, Aconteceram alguns mal-en-
ou seja, da manifestação do Deus tendidos entre os cristãos judeus
transcendente. e os cristãos gentios em Roma. Os
A expressão “destituídos da cristãos judeus interrogavam a
glória de Deus” significa ser pri- Paulo sobre se a fé seria contrária
vado da presença e da comunhão a tudo aquilo que o judaísmo pre-
com Deus. A teologia dos rabinos gava. Isso anularia as Escrituras e
judeus admitia que o primeiro os seus costumes, mostrando que
homem participava da “glória di- Deus não agiria mais por inter-
vina”, dádiva que perdeu após a médio dos judeus? Paulo respon-
desobediência no Éden; porém, deu negativamente.
deveria ser devolvida aos ho- Na verdade, quando enten-
mens quando da salvação final. demos o caminho da salvação
A ideia de que o homem perdeu pela fé em Cristo, entendemos
a condição de ser a imagem de melhor a religião judaica. Sabe-
Deus é, por outro lado, estranha mos o porquê de Abraão ter sido
aos judeus (Rm 3.23-28). escolhido, a lei concedida e por

20
Lição 3 - Fé Versus Obras

que Deus agiu pacientemente cia, este não teria sido um ato da
com Israel durante séculos. A graça divina. Abraão poderia tê-lo
fé, portanto, não anula o Antigo exigido, assim como todo traba-
Testamento. Apenas o torna mais lhador exigia de seu patrão rece-
compreensível (Rm 3.29-31). ber todo centavo pelo qual traba-
lhou. Mas isso não pode acontecer
III. ABRAÃO, O PAI DA FÉ na realidade espiritual.
É impossível ao homem exigir
1. Abraão, justificado pela algo de Deus, como se o Todo-
fé. Os judeus sentiam orgulho de -poderoso tivesse alguma dívida
ser chamados filhos de Abraão. com ele (cf. Rm 11.35).
Assim, Paulo usou Abraão como
um bom exemplo de alguém que 3. Pecados não imputados.
foi justificado pela fé, não pelas Aqui o apóstolo Paulo aprovei-
obras (Rm 4.1-3). tou a oportunidade para citar o
Paulo toma o exemplo de Salmo 32. O salmista disse que é
Abraão como prova dessa ver- bem-aventurado (feliz) o homem
dade, mostrando a justificação que obtém o perdão divino. O
pela fé na Nova Aliança como perdão é gratuito, dependendo
sendo um desdobramento do apenas de o pecador buscar a
mesmo ensino na Antiga Aliança. Deus e crer nele.
Onde, neste debate, se posiciona O que podemos fazer para ser
Abraão? Ele foi justificado por libertos da culpa? O salmista Davi
fé ou pelas obras da lei? A base era culpado pelos terríveis peca-
do argumento paulino é Gênesis dos de adultério e assassinato,
15.6: “Ele creu no Senhor e isso mas, mesmo assim, experimentou
lhe foi imputado para justiça”. a alegria do perdão (Rm 4.8-25).
Se Abraão é o pai dos judeus,
2. Fé imputada como justiça. segundo a carne, isso significa
O que significa a expressão “im- que a justificação pela fé abrange
putar como justiça”? É creditar ou apenas os judeus?
lançar a justiça na conta de uma O apóstolo lembra que Abraão
pessoa. Portanto, Deus credita foi justificado pela fé quando
sua justiça na conta do pecador. ainda era incircunciso. Desde Gê-
Desta forma, o pecador, por sua nesis 15.6, época em que ele foi
fé, passa a ser aceito pelo Senhor justificado pela fé, até o capítulo
como todos aqueles que serão 17.11, época em que foi circunci-
perdoados e salvos no dia do Juí- dado, há um período de 14 anos.
zo Final (Rm 4.4-7). Assim, Abraão foi o pai de todos
Se Abraão tivesse merecido os que creem, tanto dos judeus
sua justificação por sua obediên- como dos gentios.

21
Lição 3 - Fé Versus Obras

Na antiga lei, cerimônias e ri-


tuais serviam como memoriais APLICAÇÃO PESSOAL
da fé judaica, mas não se deveria
pensar que davam algum méri- A justificação se cumpre pela
to especial perante Deus. Eram graça de Deus, através da fé em
apenas sinais exteriores que de- Cristo, que é a propiciação pelos
monstravam a crença interior e a nossos pecados. Portanto, deve-
confiança dos judeus. mos abandonar toda a teologia
Assim, a promessa de Deus de- do mérito pessoal para a salva-
pende da fé, a fim de que todos nós, ção e nos agarrarmos inteira-
judeus e gentios, tomemos posse mente na providência divina.
dela como um presente de Deus.

RESPONDA
Identifique a resposta apropriada a cada questão e relacione-a abaixo no parêntese
correspondente:

1) Por que Paulo usou Abraão em sua argumentação?

2) O que significa justificação na teologia paulina?

3) Para que serviam as cerimônias e rituais na Antiga Aliança?

( ) É o ato de justificar o transgressor. Não se trata de perdão, mas de declarar justo quem
deveria ser punido.

( ) Os judeus sentiam orgulho de ser chamados filhos de Abraão. Ele foi exemplo de
alguém justificado pela fé.

( ) Serviam como memoriais da fé judaica, mas não davam nenhum mérito especial
perante Deus.

VOCABULÁRIO
• Longânimo: Qualidade de quem tem longo ânimo, paciente.
• Imputar: Atribuir algo (a alguém), conferir.
• Propiciar:Tornar algo ou alguém propício ou favorável a outrem.

22
LIÇÃO 4

A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Identificar três benefícios da
Querido professor, nesta li- justificação.
• Perceber sua segurança espi-
ção, abordaremos que as nossas
ritual em Cristo.
obras não possuem valor intrín- • Aceitar a graça de Deus com
seco algum no que se refere à gratidão.
nossa situação espiritual diante
de Deus. PARA COMEÇAR A AULA
Este princípio bíblico já foi
Comece a aula escrevendo a pa-
bem estabelecido por Paulo, lavra GRAÇA no quadro, com letras
como vimos na lição anterior. grandes. Pergunte aos alunos sobre
Nesta lição, nosso foco estará vol- o que acham de seu significado. Es-
timule a classe a falar. Vá anotando
tado para os benefícios da justifi- as sugestões com letras menores,
cação do crente pela fé. ao redor da palavra GRAÇA.
Assim, enfatize a palavra Comente cada sugestão dos alu-
nos, corrigindo possíveis erros e en-
GRAÇA, escrevendo-a no quadro. fatizando acertos. Em seguida, diga
Mostre o quanto somos que recebemos a justificação de
abençoados por receber a graça nossos pecados pela graça de Deus.
Esta graça foi conquistada pela obra
divina em nossa salvação e ple- de Cristo, não pelas nossas.
na justificação. Nosso papel é apenas o de
aceitar a graça de Deus com um
coração agradecido.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 28


Graça • Justificação • Segurança 1) A paz com Deus
2) Sentimento de alegria
3) Condenação; Justificação

I
Lição 4 - A Justificação pela Fé

LEITURA COMPLEMENTAR

Enquanto a rebelião contra Deus pôs todo indivíduo debaixo da “ira”


do Senhor, fazendo de cada pessoa um inimigo de Deus, a fé, que acolhe
a iniciativa divina em Cristo, conduz o pecador ao benefício da reversão
dessa situação. O crente é introduzido a uma nova relação com Deus ca-
racterizada por paz e acesso à graça.
Jesus Cristo veio para restabelecer a comunicação suspensa entre
Deus e o homem. Por Ele, pela fé, reencontra o crente um caminho para
aproximar-se de Deus e sua esperança suprema é comparecer à presença
divina e contemplar-lhe a glória inefável.
Deus tem manifestado em Jesus Cristo seu intento de libertar o ho-
mem da promoção de sua própria glória. É por isso que o apóstolo, após
ter falado da obra justificadora de Cristo, se apressa a sublinhar que agora
toda kaúchesis (vanglória) é excluída. O homem que contemplou a Cristo
como hilastérion (propiciação) não pode mais nutrir nenhum desejo de
glorificar-se.
Para os cristãos do primeiro século, sofrer era a regra, não a exceção. Pau-
lo disse que devemos superar o sofrimento para sermos aprovados por Deus.
Isso significa que experimentaremos dificuldades que nos farão crescer.
Devemos nos alegrar no sofrimento não por gostarmos da dor ou por
negarmos seu drama, mas porque sabemos que Deus usa as dificuldades
da vida e os ataques de Satanás para edificar nosso caráter. Os problemas
com que nos defrontamos inesperadamente desenvolvem nossa perseve-
rança que, por sua vez, fortalece nosso caráter e aprofunda nossa confian-
ça sobre o futuro.
Se você pensa que, de alguma forma, sua paciência é testada diaria-
mente, agradeça a Deus pelas oportunidades de crescimento e lide com
as circunstâncias usando o poder do Senhor.
Os três membros da trindade estão envolvidos na salvação. O Pai nos
amou tanto que enviou seu Filho para preencher a lacuna existente entre
nós e Ele (Jo 3.16). O Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo para encher
nossa vida de amor para nos capacitar para vivermos pelo seu poder (At
1.8). Envolvidos por esse amoroso cuidado, nada mais nos resta a não ser
servir a Deus completamente.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 58-63).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 4 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 5.1
A Justificados e em paz com Deus
Terça – Rm 5.3
JUSTIFICAÇÃO Benditas crises
Quarta – Rm 5.9
PELA FÉ Livres da ira divina
Quinta – Rm 5.17
Abundância de graça
Sexta – Rm 5.18
Uma ofensa, um ato de justiça
Texto Áureo Sábado – Rm 5.21
“Justificados, pois, mediante a fé, Graça que reina
temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo.”
Rm 5.1
LEITURA BÍBLICA
Romanos 5.1-5
1 Justificados, pois, mediante a fé,
Verdade Prática temos paz com Deus por meio de
Quão gratificante é, para nós, nosso Senhor Jesus Cristo;
percebermos as bênçãos da 2 por intermédio de quem obtive-
justificação pela fé. mos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes;
e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também
nos gloriamos nas próprias tribula-
ções, sabendo que a tribulação pro-
duz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a
experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde,
porque o amor de Deus é derrama-
do em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi outorgado.

Hinos da Harpa: 178 - 227

23
Lição 4 - A Justificação pela Fé

INTRODUÇÃO
A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
Como já vimos, não recebe-
INTRODUÇÃO mos a justificação por mérito,
mas por graça. Se tivéssemos sido
I. OS BENEFÍCIOS DA livres da condenação por nosso
merecimento, seríamos justifi-
JUSTIFICAÇÃO
cados por obras e não por graça.
1. Paz com Deus Rm 5.1,2 Estudaremos, na lição de hoje, as
bênçãos da justificação pela fé e
2. Alegria no sofrimento Rm 5.3-5 o triunfo da graça divina sobre o
3. Graça para indefesos Rm 5.6 pecado humano.

II. A SEGURANÇA DOS CRENTES


I. OS BENEFÍCIOS DA
JUSTIFICAÇÃO
1. Cristo morreu pelos ímpios Rm 5.7
1. Paz com Deus. Em Roma-
2. Deus prova seu amor Rm 5.8.9
nos 1.18, quando é dito por Paulo
3. Paz com Deus Rm 5.10,11 que “a ira de Deus se revela do céu
contra toda impiedade e injustiça”,
III. A JUSTIÇA PELA GRAÇA a palavra “ira” no original grego
significa que Deus está furioso
1. Justificação dos perdidos Rm 5.12 contra os ímpios.
Por isso, em 1 Pedro 5.5, vemos
2. A lei é incapaz Rm 5.13,14
que Deus resiste ao soberbo, mas
3. O triunfo da graça Rm 5.15-21 dá graça ao humilde (cf. Pv 3.34).
Quando pensamos na ira de Deus
APLICAÇÃO PESSOAL é comum associá-la à nossa ira,
que geralmente é um sentimento
pecaminoso.
Isso é enganoso, porque Deus
é totalmente santo e não tolera o
pecado que faz separação entre
Ele e o pecador não arrependido
(Is 59.2). Essa ira só poderia ser
propiciada pelo sacrifício de um
homem que não tivesse pecado
(cf. Dt 17.1), o que era humana-
mente impossível (por isso Jesus
precisava ser verdadeiramente
Deus e verdadeiramente homem).

24
Lição 4 - A Justificação pela Fé

Os justificados pela fé final-


mente conquistaram paz com
Deus. Enquanto a rebelião contra
Deus pôs todos os indivíduos de- O conteúdo do Evangelho
baixo da ira do Senhor, fazendo de é uma pessoa: Jesus
cada pessoa um inimigo de Deus,
a fé em Cristo conduz o pecador Cristo, o Filho de Deus.”
ao benefício da reversão dessa
situação. O crente é introduzido
a uma nova relação com Deus, 3. Graça para indefesos. Éra-
caracterizada por paz e acesso à mos fracos e indefesos porque, de
graça divina (Rm 5.1,2). nossa parte, nada podíamos fazer
para nos salvar. Alguém teria de vir
2. Alegria no sofrimento. resgatar-nos. Cristo veio no momen-
Para os cristãos do primeiro sé- to exato da história, de acordo com o
culo, sofrer era a regra, não a ex- cronograma de Deus (Rm 5.6).
ceção. Paulo disse que devemos Estávamos em uma condição
superar o sofrimento para sermos triste, completamente deprava-
aprovados por Deus. Isso significa dos, sem poder para agir, perdi-
que experimentaremos dificulda- dos, sem qualquer caminho visível
des que nos farão crescer. aberto para a nossa recuperação.
Devemos nos alegrar no sofri- Éramos não somente criaturas
mento não por gostarmos da dor, indefesas e, portanto, suscetíveis
mas porque sabemos que Deus de perecer, mas principalmente
usa as dificuldades da vida para criaturas culpadas, pecadoras que
edificar nosso caráter. Os proble- mereciam perecer: não só más e
mas com que nos defrontamos inúteis, mas vis e detestáveis, in-
inesperadamente desenvolvem dignas de tal favor do santo Deus.
nossa perseverança. Ela, por sua
vez, fortalece nosso caráter e II. A SEGURANÇA DOS
aprofunda nossa confiança sobre CRENTES
o futuro (Rm 5.3-5).
Os três membros da Trinda- 1. Cristo morreu pelos ím-
de estão envolvidos na salvação. pios. Paulo acentuou o que já
O Pai nos amou tanto que enviou dissera claramente: a afirmação
seu Filho para preencher a lacu- de que Cristo morreu pelos ím-
na existente entre nós e ele (cf. Jo pios. Há, na sua morte, uma es-
3.16). O Pai e o Filho enviaram o pécie de contradição lógica, pois
Espírito Santo para encher nossa alguém poderia estar disposto
vida de amor, capacitando-nos a a morrer por um justo, mas não
viver pelo seu poder (At 1.8). por um pecador (Rm 5.7).

25
Lição 4 - A Justificação pela Fé

Deus, no entanto, enviou Jesus cações. Contudo, será necessário


Cristo para morrer por nós, não construir uma vida de oração para
porque fôssemos suficientemente obter mais amor e poder de Deus
bons, mas porque Ele nos amava, na vida (Rm 5.8.9).
embora fôssemos completamente
depravados. 3. Paz com Deus. No sentido
Deus é Santo e, por isso, não cristão, a mudança nas relações
pode ser associado ao pecado. To- entre Deus e o homem é efetuada
das as pessoas são pecadoras, por- por meio de Cristo. E isso envolve
tanto, estão separadas Dele. Além o movimento de Deus em direção
disso, todo pecado merece punição. ao homem, tendo em vista que-
Entretanto, em vez de nos castigar brantar a hostilidade humana,
com a merecida morte, Cristo assu- recomendar o amor e a santida-
miu nossos pecados e recebeu nos- de divina ao homem, e convencer
so castigo ao morrer na cruz, apro- o homem da enormidade de seu
ximando-nos de Deus como amigos, pecado e das consequências do
não mais como seus inimigos. mesmo. É Deus quem inicia esse
movimento, na pessoa e na obra
2. Deus prova Seu amor. A de Jesus Cristo (Rm 5.6,8; Rm
frase “sendo nós ainda pecadores” 5.10,11; 2Co 5.18; Ef 1.6; 1Jo 4.19).
é impressionante. Deus enviou Por isso o verbo é aqui encon-
Jesus Cristo para morrer por nós, trado na forma passiva, “fomos
não porque fôssemos suficiente- reconciliados”, pelo ato reconcilia-
mente bons, mas porque Ele mis- dor de Deus. Mas há ainda um mo-
teriosamente já nos amava. vimento paralelo do homem em
Quando você se sentir inse- direção a Deus – em que o homem
guro a respeito do amor de Deus, cede ao apelo do amor de Cristo,
lembre-se de que Ele o amou antes deixando de lado a inimizade, re-
mesmo que você o procurasse. nunciando ao pecado e voltando-
O amor que levou Cristo a mor- -se para Deus com fé e obediência.
rer por nós é o mesmo que enviou Assim, somos reconciliados
o Espírito Santo para viver em nós por Cristo quando ele foi humi-
e guiar-nos todos os dias. O poder lhado; somos salvos por ele quan-
que ressuscitou Jesus é o mesmo do foi exaltado. Sua vida experi-
que nos salva e está à nossa dispo- mentada aqui na terra é a mesma
sição no cotidiano. no céu, que se seguiu à terrena e
Ao começar a nova vida com nunca terá fim.
Cristo, tenha certeza de que rece- Deus agora está longe de ser
berá uma reserva de poder e amor um terror para nós. Aliás, ele se
para usar todos os dias quando ti- tornou a nossa alegria. Não ape-
ver de enfrentar desafios e provo- nas a nossa salvação, mas a nossa

26
Lição 4 - A Justificação pela Fé

força e a nossa canção também. 2. A lei é incapaz. Paulo en-


Devemos tomar o conforto da sinou que obedecer à lei não traz
reconciliação, que é a fonte e a salvação ao judeu e que transgre-
base da nossa alegria em Deus. di-la não é o que o leva à morte.
Ela é simplesmente o resultado
III. A JUSTIÇA PELA GRAÇA tanto do pecado de Adão como
também dos nossos, mesmo que
1. Justificação dos perdidos. estes sejam muito diferentes dos
O tema de Romanos 5.12 é o peca- dele (Rm 5.13,14).
do e a morte. Nele, Paulo descre- Paulo lembrou aos seus leitores
ve três passos descendentes, três que, milhares de anos antes, quan-
estágios de deterioração da natu- do a lei ainda não havia sido dada,
reza humana, a começar por um as pessoas morriam. A lei veio de-
homem pecando, até a morte de pois para ajudá-las a entender sua
todos os homens. Vejamos: natureza pecaminosa, para mostrar
1º passo – O pecado entrou no como suas ofensas a Deus eram
mundo por um homem; graves e para fazer com que elas se
2º passo – A morte entrou no voltassem para o Senhor, a fim de al-
mundo pelo pecado; cançar misericórdia e perdão.
3º passo – A morte sobreveio A lei não oferece qualquer re-
a todos os homens, porque todos médio para o pecado. Uma vez que
pecaram. somos considerados culpados e
Paulo usou, em sua argumen- condenáveis, devemos buscar Jesus
tação, a lógica. Ele partiu de duas Cristo a fim de alcançarmos a cura.
premissas e daí concluiu: a morte
sobreveio a todos os homens. 3. O triunfo da graça. É fato
Deus lidou com Adão como a concreto que todos somos des-
um pai comum e representante cendentes de Adão. Essa heredi-
de toda a sua posteridade. O que tariedade nos garante a morte.
ele fez, como nosso agente, pode- Todos nós fomos contaminados
-se dizer que fizemos por inter- pelo resultado do pecado de Adão.
médio dele. Herdamos sua culpa, sua natureza
Assim, Jesus Cristo, o Media- pecaminosa e a punição de Deus.
dor, agiu como o cabeça de todos Entretanto, por causa de Jesus, po-
os salvos, lidou com Deus por eles demos trocar o castigo divino pelo
como seu representante, morreu seu perdão (Rm 5.15-21).
por eles, ressurgiu por eles – fez Como todos os seres huma-
tudo por eles. Quando Adão fa- nos se tornaram pecadores por
lhou, nós falhamos com ele. Quan- causa da desobediência de um só
do Jesus triunfou, ele triunfou por homem (Adão), da mesma forma
nós, e nós, Nele. muitos serão aceitos por Deus

27
Lição 4 - A Justificação pela Fé

por causa da obediência de um só


homem (Jesus). APLICAÇÃO PESSOAL
Os efeitos do pecado original
de Adão foram suspensos pela A justificação pela fé e a gra-
intervenção de Cristo. Ele é o ini- ça de Deus foram indispensáveis
ciador de uma nova humanidade, para a nossa reconciliação com
posta agora sob o signo da graça, Ele. Há maravilhosos benefícios
vivendo na justiça e marchando disponíveis aos justificados por
para a vida eterna. Tal é a obra de Cristo. Glorifiquemos a Deus.
Cristo em oposição à de Adão.

RESPONDA
1) O que a justificação pela fé conquista para todos nós que cremos em Jesus?

______________________________________________________________________

2) Ao sabemos que Deus usa as dificuldades para edificar o nosso caráter, que sentimento
devemos nutrir quando enfrentamos algum sofrimento?

______________________________________________________________________

3) Complete: de Adão nós herdamos a __________________________________; e de


Cristo nós herdamos a _____________________________________.

VOCABULÁRIO
• Graça: É um favor pessoal de Deus, dispensando ao homem, que não merecia
esse favor.
• Justificação: É o ato judicial através do qual Deus decreta a absolvição do pecador
e o declara justo.
• Remissão: Paulo usa este termo para enfatizar o estado do homem escravo do pe-
cado e da consequente libertação do mesmo, mediante o alto preço (remissão) pago
pelo Senhor Jesus Cristo.

28
LIÇÃO 5
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

UMA NOVA VIDA EM CRISTO

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Perceber a metáfora do batis-
Esta é uma lição que trará mo com sua vida espiritual.
muito proveito espiritual para os • Conscientizar-se de sua mor-
te para o pecado.
seus alunos. Enfatize que esta-
• Regozijar-se por sua nova
mos mortos para a vida pregres-
vida em Cristo.
sa, centrada em atos pecamino-
sos, e que alcançamos nova vida
em Cristo. PARA COMEÇAR A AULA
Ainda não estamos totalmen-
Comece a aula projetando cenas
te livres de cometer pecados – é
de algum batismo no Datashow.
claro! – pois nossa natureza cor-
Explique a metáfora espiritual do
rompida ainda está apegada a nós.
batismo. Logo depois, fale da nossa
Contudo, o pecado se configura
morte para o pecado e ressurreição
apenas num acidente na caminha- para a nova vida em Cristo.
da cristã. Não temos mais prazer Certifique-se de que não dei-
em pecar, como outrora. xará pontas soltas para que haja
Nosso foco agora é agradar a confusão sobre o assunto, pois
Cristo, nosso amado Senhor. Des- há teólogos mal-intencionados
ta forma, quando pecarmos, basta que ensinam que não precisamos
que estejamos confessando as fa- mais nos preocupar com uma
lhas para o Senhor e alcançaremos vida de santidade.
o perdão divino. Deixe claro que o esforço pela
santidade deve ser uma constante
na vida do cristão.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 34


Batismo • Santificação • Liberdade 1) A simbologia do batismo.
2) Cada ato pecaminoso
3) Morte; Vida

I
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

LEITURA COMPLEMENTAR
O crente passou de uma autoridade que perdeu sua credibilidade -
a lei - para a graça. Jesus já havia falado: “Não podeis servir a dois se-
nhores”. paulo apresentou dois tipos de patrão ou senhor: o pecado e a
justiça. Como a pessoa se torna escrava ou serva de um desses patrões?
Pela irrestrita obediência a um deles. O pecado é pago com a morte e a
obediência a Deus conduz à justiça.
Paulo, aqui, pode dar graças a Deus pelos irmãos em Roma serem obe-
dientes ao Evangelho que lhes fora pregado. Os romanos fizeram a opção
certa quanto ao Senhor a quem haveriam de servir. A consequência disso
se apresenta imediatamente: a liberdade em relação ao pecado.
Quando nós éramos escravos do pecado, não podíamos obedecer a
Deus e fazíamos as coisas que o desagradavam. O que ganhamos quando
fazíamos aquelas coisas de que hoje nos envergonhamos? O resultado de
tudo aquilo é a morte, mas agora fomos libertos do pecado e passamos a
ser escravos de Deus (servos de Deus). O resultado disto é que ganhamos
uma vida dedicada a Deus e teremos a vida eterna.
Há uma diferença extrema entre a maneira como a escravidão ao pe-
cado conduz à morte e a maneira como a escravidão à justiça conduz à
vida. O contraste não se limita apenas ao resultado. Às antíteses pecado/
justiça e morte/vida, temos também que acrescentar a antítese salário/
dom gratuito. A morte é o salário que o pecado paga àqueles que estão
sob seu domínio.
Paulo parece pegar a figura da vida militar. O escravo podia servir
como soldado e receber o salário. O salário é uma dívida. A vida eter-
na, pelo contrário, é uma dádiva, por isso é imerecida e graciosamente
oferecida por Deus.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 64-72).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 5 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 6.2
UMA Morremos para o pecado
Terça – Rm 6.3
NOVA VIDA Batizados na morte de Cristo
Quarta – Rm 6.4
EM CRISTO Nova vida na ressurreição de Cristo
Quinta – Rm 6.6
Livres da escravidão
Sexta – Rm 6.10
Texto Áureo Viver para Deus
“Agora, porém, libertados do Sábado – Rm 6.18
pecado, transformados em Servos da justiça
servos de Deus, tendes o vosso
fruto para a santificação e, por LEITURA BÍBLICA
fim, a vida eterna.” Rm 6.22
Romanos 6.19-23
19 Falo como homem, por causa da
fraqueza da vossa carne. Assim como
Verdade Prática oferecestes os vossos membros para
Ao morrermos para o mundo, a escravidão da impureza e da mal-
dade para a maldade, assim oferecei,
nascermos para Cristo; somos
agora, os vossos membros para ser-
nova criatura.
virem à justiça para a santificação.
20 Porque, quando éreis escravos
do pecado, estáveis isentos em rela-
ção à justiça.
21 Naquele tempo, que resultados
colhestes? Somente as coisas de
que, agora, vos envergonhais; por-
que o fim delas é morte.
22 Agora, porém, libertados do pe-
cado, transformados em servos de
Deus, tendes o vosso fruto para a
santificação e, por fim, a vida eterna;
23 porque o salário do pecado é a mor-
te, mas o dom gratuito de Deus é a vida
eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.
Hinos da Harpa: 147 - 15

29
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

INTRODUÇÃO
UMA NOVA VIDA EM
CRISTO No capítulo 5, o apóstolo fa-
lou da superabundante graça de
INTRODUÇÃO Deus operando na vida do salvo.
Pressupondo uma interpretação
I. O SIGNIFICADO DO BATISMO incorreta deste aforismo, no ca-
pítulo 6, Paulo mostrou de que
1. Graça abundante Rm 6.1,2 maneira a graça divina atua. Ele
explicou que o salvo não pode
2. Simbologia do batismo Rm 6.3,4
mais viver no pecado, pois está
3. União com Cristo Rm 6.5-11 morto para o mundo. A morte de
Cristo e sua ressurreição nos deu
vida. Aqui Paulo mostra a nossa
II. MORTOS PARA O PECADO
santificação como algo que de-
1. Esforço moral Rm 6.12 pende de nós. E cita como exem-
plo o relacionamento entre um
2. Livres do julgo da lei Rm 6.14 servo e seu senhor.
3. Sob o regime da graça Rm 6.15
I. O SIGNIFICADO DO
BATISMO
III. A LIBERDADE CRISTÃ
1. Livres em Cristo Rm 6.16-18 1. Graça abundante. Paulo
começou o texto fazendo uma
2. Oferta de justiça Rm 6.19 pergunta devido à afirmação
do versículo 20 do capítulo an-
3. Libertos, mas servos Rm 6.20-23 terior. A conclusão que alguns
cristãos de Roma poderiam ti-
APLICAÇÃO PESSOAL rar das palavras de Paulo é a de
que quanto mais pecamos, mais
aumenta a graça de Deus sobre
a nossa vida. Parece que este
raciocínio era usado como uma
desculpa pelos cristãos roma-
nos para continuarem pecando
(libertinagem).
O crente verdadeiro não pode
pensar assim, porque, quando
fomos batizados, morremos para
o pecado e não mais podemos
continuar vivendo nele.

30
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

Cristo não só libertou da pena-


lidade do pecado – fomos justifi-
cados – mas também do poder do
pecado – fomos santificados. Sem A salvação vem do Alto,
minimizar a ameaça contínua re- de Deus, não de baixo, da
presentada pelo pecado, Paulo religião!”
insistiu que o cristão foi colocado
em uma relação absolutamente
nova com o pecado, em que ele Escolher novos caminhos para
não tem poder para nos escravi- andar e novos companheiros com
zar (Rm 6.1,2; Rm 6.6,14,18,22). quem caminhar (Rm 6.3,4).
Assim, a graça abundante deve
nos levar à santificação. 3. União com Cristo. No ba-
tismo, somos unidos com Cristo
2. Simbologia do batismo. na segurança de sua morte. Cristo
Aqui, Paulo ilustra nossa rela- se fez pecado por nós ao morrer
ção com o pecado, utilizando-se na cruz, mas ressurgiu glorifica-
da figura do batismo. Os cristãos do, triunfando sobre a morte e
da época conheciam muito bem sobre o pecado.
essa prática e seus significados. A figura é clara: ao emergir-
O crente, ao submergir na água, é mos das águas do batismo, so-
sepultado. Ao se levantar dela, é mos novas criaturas em Cristo
ressuscitado para uma nova vida Jesus, visto que nossos pecados
em Cristo. foram sepultados com Ele.
Pela fé, que é testemunhada Esta expressão usada pelo
através do batismo, o cristão toma apóstolo mostra a natureza pe-
parte da morte de Cristo. caminosa que se exterioriza por
Assim como Cristo foi sepulta- meio do corpo. O pecado foi abo-
do, a fim de que pudesse ressusci- lido legalmente de nossa vida na
tar para uma vida nova e celestial, morte de Cristo, quando com Ele
somos sepultados no batismo, isto “morremos” relativamente por
é, separados da vida de pecado, a meio do batismo que se segue à
fim de que possamos ressuscitar conversão.
para uma nova vida de fé e amor. “Vivo para Deus” significa
Viver para a justiça significa viver em santificação. A santifi-
andar em novidade de vida, que cação é um dos aspectos da sal-
pressupõe um novo coração. An- vação, bem como a justificação
dar com novas regras, em direção e a regeneração. Santificar-se é
a outros fins, com novos princí- viver separado do mundo, sepa-
pios. Fazer uma nova escolha de rado do pecado, embora vivendo
um novo e vivo caminho. no mundo (Rm 6.5-11).

31
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

II. MORTOS PARA O As promessas de Deus para


PECADO nós são mais poderosas e eficazes
do que as nossas promessas para
1. Esforço moral. Paulo ad- Deus. Não estamos debaixo da lei
moestou os cristãos romanos a do pecado e da morte, mas debai-
que não deixassem que o pecado xo da lei do Espírito de vida, que
os dominasse e que também não está em Cristo Jesus.
entregassem nenhuma parte do A promessa de Deus não dei-
corpo ao pecado, nem servir como xa a nossa salvação sob a nossa
instrumento do mal (Rm 6.12,13). guarda, mas a coloca nas mãos
Ao contrário, como pessoas nas- do Mediador, o qual assume por
cidas de novo, que vivessem para nós que o pecado não mais nos
Deus como instrumentos de Sua dominará. Cristo reina com o ce-
justiça e bondade. tro de ouro da graça, e Ele não
Estarmos mortos para o pecado deixará que o pecado tenha do-
não significa que nos tornamos in- mínio sobre aqueles que estão
sensíveis às suas tentações, porque dispostos a se submeter a esse
Paulo afirmou claramente que o reinado (Rm 6.14).
pecado ainda é uma “atração” para
o cristão. Pelo contrário, significa a 3. Sob o regime da graça.
libertação da tirania absoluta do pe- Paulo fez outra pergunta, em Ro-
cado, da condição em que o pecado manos 6.15, e ele mesmo respon-
reinava em nós sem oposição, antes deu de maneira negativa.
da conversão. Na verdade, é preciso A supressão da lei não signi-
lutar todos os dias contra o seu do- ficava a supressão do reino do
mínio. Como resultado desta morte pecado. O novo regime que Cristo
para o pecado, não podemos viver instituiu não deixou vago o lugar
nele; porque, pecando habitual- anteriormente ocupado pela lei.
mente, isso revelaria a recorrente O crente não está privado da au-
tirania do pecado (Rm 6.12,13). toridade da lei para ser, então,
entregue a si mesmo. Ele está de-
2. Livres do julgo da lei. Pau- baixo de nova autoridade, a graça,
lo explicou, no versículo 14, que e viver sob o regime dela não nos
nós não somos mais controlados dá liberdade para pecar.
pela lei. Ele não disse que a lei é Seria uma atitude perversa se
pecado, mas seu ensino é de que alguém aproveitasse uma ocasião
a lei faz parte da velha vida domi- de extraordinária expressão de
nada pelo pecado e pela morte. O bondade e boa vontade de Deus
apóstolo nos faz compreender que para poder afrontá-lo e ofendê-lo.
a libertação da lei nos liberta tam- A liberdade do pecado, diz
bém do domínio do pecado. Paulo, não significa que os cren-

32
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

tes são autônomos, vivendo sem 1. A libertação das obras do


Deus e sem compromisso. Indica, pecado; é a remoção do jugo, re-
em vez de uma nova escravidão, solvendo não se envolver mais
a liberdade operada pela justiça com o pecado.
de Deus. Como Jesus, Paulo insis- 2. A nossa resignação ao ser-
tiu que a verdadeira “liberdade” é viço de Deus e à Sua justiça – a
encontrada somente em um rela- Deus, o nosso Mestre, e à justiça
cionamento com o Deus que nos como o nosso dever. Não pode-
criou (cf. Jo 8.31-36). mos tornar-nos servos do Senhor
até que estejamos livres do poder
III. A LIBERDADE CRISTÃ e do domínio do pecado.
Não podemos servir a dois
1. Livres em Cristo. O cren- mestres tão absolutamente opos-
te passou de uma autoridade – a tos um ao outro como Deus e o
lei – para a graça. Jesus já havia pecado são (Rm 6.16-18).
falado: “Não podeis servir a dois
senhores”. Paulo apresentou dois 2. Oferta de justiça. Com a
tipos de patrão ou senhor: o pe- nossa mudança de vida, o apósto-
cado e a justiça. Como a pessoa lo aos gentios nos desafia a ofere-
se torna escrava ou serva de um cer nossos membros ao serviço da
desses patrões? Pela irrestrita santificação.
obediência a um deles. O pecado Isso porque os pecadores são
paga com a morte; e a obediência submissos na obra do pecado.
a Deus conduz à justiça. Eles se venderam para praticar a
Paulo, aqui, deu graças a Deus perversidade, de iniquidade em
pelos irmãos em Roma serem iniquidade.
obedientes ao Evangelho que Cada ato de transgressão for-
lhes fora pregado. Os romanos talece e confirma os hábitos pe-
fizeram a opção certa quanto caminosos. A obra da iniquidade
ao Senhor a quem servir. A con- produz o salário da iniquidade;
sequência disso se apresentou ficando com o coração cada vez
imediatamente: a liberdade em pior, mais e mais endurecido.
relação ao pecado. Justiça para a santificação indica
Não existe território neutro: crescimento, progresso e terreno
somos escravos do pecado ou de ganho (Rm 6.19).
Deus. Se recusarmos ficar com-
pletamente comprometidos com 3. Libertos, mas servos.
o Senhor, seremos controlados Quando nós éramos escravos do
pelo diabo e pelo pecado. pecado, não podíamos obedecer
A conversão é mudança de a Deus e fazíamos tudo o que lhe
direção: desagradava. O que ganhamos

33
Lição 5 - Uma Nova Vida em Cristo

quando fazíamos o que nos cau-


sa vergonha hoje? O resultado de APLICAÇÃO PESSOAL
tudo aquilo é a morte, mas agora
fomos libertos do pecado e passa- A ressurreição física de Cristo
mos a ser servos de Deus. O resul- dentre os mortos garante-nos a li-
tado disto é que ganhamos uma berdade completa da antiga escra-
vida dedicada a Deus e teremos a vidão operada pelo pecado. Contu-
vida eterna. do, não podemos fazer uso desta
Há uma diferença extrema en- liberdade como uma desculpa para
tre a maneira como a escravidão praticarmos levianamente atos pe-
ao pecado conduz à morte e a caminosos, pois estamos mortos
maneira como servimos à justiça para o pecado e vivos para Deus.
conduz à vida (Rm 6.20-23).

RESPONDA
1) Que simbologia representa a nossa imersão nas águas como o sepultamento dos nos-
sos pecados e a emersão como a nossa ressurreição para uma nova vida?

______________________________________________________________________

2) O que confirma e fortalece os hábitos pecaminosos?

______________________________________________________________________

3) Complete: Há uma diferença extrema entre a maneira como a escravidão ao pecado


conduz à ______________________ e a maneira como servimos à justiça conduz à
_______________________.

VOCABULÁRIO
• Aforismo: Sentença, máxima, proposição
• Libertinagem: Conduta de pessoa que se entrega imoderadamente a prazeres da carne.
• Autônomo: Pessoa que se julga independente ou livre, que se guia por suas próprias leis.

34
LIÇÃO 6
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

A LUTA CONTRA A CARNE

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Perceber a invalidade do sis-
A lição de hoje combaterá todo tema meritocrático para a justifi-
o sistema de meritocracia religio- cação espiritual.
sa que, infelizmente, ainda pros- • Tomar consciência da função
pera no meio evangélico. da lei, de apenas apontar o erro.
Alguns cristãos vivem em ver- • Reconhecer sua triste condi-
dadeiro desespero porque ainda ção de ser ainda pecador.
não tiveram consciência da gra-
ça divina. Permanecem presos
aos grilhões da lei, sem tomar PARA COMEÇAR A AULA
posse da verdadeira liberdade
Professor, comece a aula com
conquistada por Cristo. Vivem se uma encenação feita por três
martirizando ao mínimo erro na alunos. O primeiro aluno deverá
vida cristã. representar o cristão relapso, ne-
Entenda que não se trata de gligenciando a leitura bíblica e a
ter aversão ao pecado, caracte- oração no dia a dia.
rística de um cristão verdadeira- O segundo aluno representará
mente sadio, mas de uma reação o cristão meritocrático, exagera-
exagerada e autodestrutiva. Esta damente preocupado com o que o
não é uma postura espiritual- pastor e a igreja pensarão dele se
mente saudável. não demonstrar profunda contri-
Devemos aceitar com gratidão ção e abatimento.
a nova fase inaugurada por Cristo, Por fim, o terceiro aluno re-
ao trazer a nós sua maravilhosa presentará o cristão maduro, que
graça. demonstra perfeito equilíbrio em
sua devoção ao Senhor.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 40


Lei • Pecado • Pecador • Luta 1) Figura do casamento.
2) Expõe o poder do pecado.
3) Bem; Mal; Homem; Morte.

I
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

LEITURA COMPLEMENTAR
Alguém poderá perguntar: A lei não veio de Deus através de Moisés?
Ela não condena o pecado? Por que tanto argumento contra ela?
Antes que se levantem conceitos erróneos sobre sua teologia a lei,
Paulo pergunta: “É a lei pecado?” Ele dá a resposta imediatamente: “De
modo nenhum”. Então, ele começa a segunda seção do capítulo 7, que vai
até o versículo 12, justificando sua resposta.
Ele é enfático em dizer que não conheceu o pecado senão pela lei.
Isso, aliás, ele já havia dito antes: “Pela lei vem o conhecimento do
pecado”. Ele afirma que a lei serviu como um holofote para trazer à
tona o pecado e que não teria conhecido a cobiça, se a lei não dissesse:
“Não cobiçarás”.
É Paulo quem fala: “Agora já não sou eu que faço isso, mas o pecado
que habita em mim”. Essa parece ser uma boa desculpa para pecar, mas,
na verdade, somos responsáveis pelos nossos atos. Nunca devemos usar
o poder do pecado ou de Satanás como desculpa, porque são inimigos
já derrotados.
Sem a ajuda de Cristo, o pecado se torna forte mais do que nós e,
às vezes, ficamos incapazes de nos defendermos contra seus ataques.
Por isso, nunca devemos enfrentá-lo sozinho. Jesus Cristo já venceu o
pecado de uma vez por todas e promete lutar ao nosso lado para nos
ajudar a vencê-lo. Se contarmos com a ajuda Dele, não precisamos ceder
ao pecado.
Nestes dois versículos não parece evidenciar-se progresso no pen-
samento paulino. O verso 19 repete o que se diz no verso 15, e o verso
20, o que está no 17. Esses versículos são interpolações do pensamento
do apóstolo.
VERSÍCULOS 21 a 23 - Acho, então, esta lei em mim: que, quando
quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque segundo o homem inte-
rior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei,
que batalha contra a lei do meu entendimento e me prende debaixo da
lei do pecado, que está nos meus membros.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 73-80).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 6 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 7.4
A LUTA Mortos para a lei
Terça – Rm 7.6
CONTRA Servir a Deus em novidade de vida
Quarta – Rm 7.7
A CARNE A lei revela o pecado
Quinta – Rm 7.14
O espírito contra a carne
Sexta – Rm 7.19
Texto Áureo Perda de controle
“Porque eu sei que em mim, isto Sábado – Rm 7.25
é, na minha carne, não habita A mente contra o pecado
bem nenhum, pois o querer o
bem está em mim; não, porém,
o efetuá-lo.” Rm 7.18 LEITURA BÍBLICA
Romanos 7.14-20
14 Porque bem sabemos que a lei
Verdade Prática é espiritual; eu, todavia, sou carnal,
Devemos lutar para fortalecer vendido à escravidão do pecado.
nosso espírito ao invés da carne. 15 Porque nem mesmo compreendo
o meu próprio modo de agir, pois não
faço o que prefiro, e sim o que detesto.
16 Ora, se faço o que não quero, con-
sinto com a lei, que é boa.
17 Neste caso, quem faz isto já não sou
eu, mas o pecado que habita em mim.
18 Porque eu sei que em mim, isto é,
na minha carne, não habita bem ne-
nhum, pois o querer o bem está em
mim; não, porém, o efetuá-lo.
19 Porque não faço o bem que prefiro,
mas o mal que não quero, esse faço.
20 Mas, se eu faço o que não quero,
já não sou eu quem o faz, e sim o pe-
cado que habita em mim.
Hinos da Harpa: 20 - 473

35
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

INTRODUÇÃO
A LUTA CONTRA A CARNE
No capítulo 6, Paulo usou a fi-
INTRODUÇÃO gura da escravidão para comparar
o serviço ao pecado com o serviço
I. A VALIDADE DA LEI a Deus. Neste capítulo, ele usou a
figura do casamento para mostrar
1. Exemplo do casamento Rm 7.1-3 que estamos livres da lei e per-
tencemos a Cristo, obedecendo ao
2. Mortos para a lei Rm 7.4-6
Espírito de Deus. Veja abaixo em
3. A lei mostra o pecado Rm 7.7 pormenores.

II. A LEI ESTIMULA O PECADO I. A VALIDADE DA LEI


1. Sem lei, sem pecado Rm 7.8,9 1. Exemplo do casamento.
Paulo introduziu neste capítulo
2. A experiência de Paulo Rm 7.10,11
uma nova ilustração – a de um ca-
3. O resultado da lei Rm 7.12,13 samento. O princípio apresentado
é que a lei tem domínio sobre o
III. A LEI VERSUS O PECADO homem enquanto este viver. Con-
tudo, o crente, por causa de sua
1. O espiritual e o carnal Rm 7.14 morte com Cristo, está livre do seu
antigo “voto” de casamento com a
2. Não faço o bem que quero Rm 7.15
lei, e pode desfrutar do novo casa-
3. Desventurado sou! Rm 7.24,25 mento com Cristo (Rm 7.1-3).
O apóstolo Paulo, para ilustrar
APLICAÇÃO PESSOAL essa doutrina, usou a regra social da
indissolubilidade do casamento. As-
sim como a lei tem domínio sobre o
homem, da mesma forma a mulher
está ligada pela lei ao marido.
Por esta razão, ela não poderá
se casar com outro homem en-
quanto o marido viver. Se isso vier
a acontecer, ela se tornará adúlte-
ra. Morrendo o marido, ela estará
livre para contrair novas núpcias.

2. Mortos para a lei. A ilustra-


ção mostra que os cristãos estão
mortos para a lei, ou seja, estão

36
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

livres dela, pois ela só tem domí-


nio sobre o homem enquanto este
viver. Nós já morremos com Cristo
e, por isso, estamos livres da lei. A justiça de Deus através
Em Gálatas 5.1 Paulo disse: “Para da fé não é apenas um
a liberdade foi que Cristo nos li-
pronunciamento legal,
bertou. Permaneceis, pois firmes e
não vos submetais de novo ao jugo
mas principalmente a
da escravidão”. Já morremos com chamada para uma vida
Cristo e fomos sepultados com Ele santa.”
no batismo da morte (Rm 7.4-6).
Quando vivíamos de acordo
com a nossa natureza humana dade da lei, mostrando que seus
(segundo a carne), os maus dese- efeitos negativos não são devido à
jos despertados pela lei agiam em própria lei em si, mas ao poder do
todo o nosso ser e nos levavam pecado e da fraqueza humana.
para a morte. Porém, agora esta- Ele foi enfático em dizer que
mos libertos porque já morremos não conheceu o pecado senão pela
para aquilo que nos aprisionava lei. Isso, aliás, ele já havia dito an-
(o pecadco). Agora, somos livres tes: “Pela lei vem o conhecimento
para servir a Deus de uma manei- do pecado”. Ele afirmou que a lei
ra nova, obedecendo ao Espírito serviu como um holofote para tra-
de Deus, que cumpre a lei em nós. zer à tona o pecado e que não te-
ria conhecido a cobiça, se a lei não
3. A lei mostra o pecado. A lei dissesse: “Não cobiçarás”.
veio de Deus através de Moisés.
Ela condenava o pecado. Por que II. A LEI ESTIMULA O
Paulo argumentou tanto contra PECADO
ela?
A teologia paulina sobre a lei era 1. Sem lei, sem pecado. Paulo
clara: A lei não é pecado (Rm 7.7). declarou que a lei despertou nele
Podemos imaginar alguém toda concupiscência.
pensando que Paulo acreditava Quando disse que, “outrora,
que a lei era ruim. Ele tinha expe- sem lei, vivia”, ele fez referência à
riência suficiente para saber que sua infância. Quando disse: “Mas
esse mal-entendido sobre a sua vindo o preceito” (a lei, o man-
teologia da lei seria uma possibili- damento), fez referência ao bar
dade sempre presente. Por isso in- mitzvah, expressão aramaica que
troduziu uma digressão sobre a lei significa “filho do mandamento”.
mosaica para desviar-se dessa fal- Trata-se de uma cerimônia reli-
sa interpretação. Defendeu a bon- giosa judaica de maioridade espi-

37
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

ritual, em que o menino, ao com-


pletar a idade de 13 anos faz, pela
primeira vez, a leitura pública da
Torah, a Lei de Moisés. E não sede conformados
Os judeus dizem que, a partir com este mundo, mas
daí, o menino passa a ser respon- sede transformados
sável por sua vida espiritual dian- pela renovação do vosso
te de Deus. Tendo passado por entendimento, para que
esse rito judaico, confessa o após- experimenteis qual seja a
tolo, “reviveu o pecado e eu morri”. boa, agradável, e perfeita
Assim Paulo era antes, nos vontade de Deus.”
tempos passados, quando era fari- (Rm12.2)
seu; e a razão é que, naquela épo-
ca, ele estava sem a lei. Ele tinha
a letra da lei, mas não possuía o mal é a submissão incondicional
significado espiritual dela. ao Espírito Santo (o que Paulo
chama de “andar no Espírito”),
2. A experiência de Paulo. Os que cumprirá a lei de Deus em
itens mencionados na lei aponta- nós; porque se somos guiados
vam para o caminho da retidão, pelo Espírito, não estamos mais
logo, eles apontavam para a vida. sob o domínio da lei (Gl 5.16,18).
Quando, porém, o pecado passa a
reinar em nossa natureza, a lei se 3. O resultado da lei. No versí-
torna para nós apenas juízo e morte. culo 12, Paulo respondeu à pergun-
Quando procuramos observar a lei, ta do versículo 7: “É a lei pecado?”.
nós somos enganados pelo pecado, Sua resposta: A lei é fundamental-
que mortifica a vida espiritual. mente boa, mas o seu resultado é
Paulo viveu esta contradição expor o poder do pecado.
tremenda quando praticava o ju- Nosso problema com o peca-
daísmo. O mandamento foi orde- do não é decorrente da ausência
nado para a vida, porém, disse ele, da lei divina, e sim, o resultado da
“achei eu que me era para a morte”, nossa natureza pecaminosa (Rm
ou seja, “o pecado me enganou”. 7.8,11,13), que responde negati-
Este era o mandamento que vamente à lei.
estava ordenado para a vida, mas No versículo 13, Paulo fez outra
provado para a morte. A mesma pergunta retórica (Rm 7.7; 6.1,15):
palavra que, para alguns, era uma “Logo, tornou-se-me o bom em
ocasião de vida para vida, era, morte? De modo nenhum!”. O pro-
para outros, uma ocasião de morte blema não estava na lei. O proble-
para a morte. ma é o pecado. Sempre! O pecado
A única prevenção contra este usou a lei, que é inerentemente

38
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

boa, para produzir o mal, ou seja, Paulo disse: “Agora já não sou
a morte. Mas, pela lei, o pecado foi eu que faço isso, mas o pecado que
revelado da maneira como verda- habita em mim”. Essa parece ser
deiramente é. Também foram reve- uma boa desculpa para pecar, mas,
ladas de forma bem claras as suas na verdade, somos responsáveis
más e trágicas consequências. pelos nossos atos. Nunca devemos
usar o poder do pecado ou de Sa-
III. A LEI VERSUS O tanás como subterfúgio, porque
PECADO são inimigos já derrotados.
Sem a ajuda de Cristo, o peca-
1. O espiritual e o carnal. De- do se torna mais forte do que nós
vemos nos lembrar de que Paulo, e, às vezes, ficamos incapazes de
em todo o capítulo 7, analisou o nos defender contra seus ataques.
estado do homem não regenerado Por isso, nunca devemos enfrentá-
e sujeito à lei do Antigo Testamen- -lo sozinho. Jesus Cristo já venceu
to. Tal homem estava consciente o pecado de uma vez por todas e
de sua incapacidade de viver uma prometeu lutar ao nosso lado para
vida agradável a Deus. Ele des- nos ajudar a vencê-lo. Se contar-
creveu uma pessoa lutando sozi- mos com a ajuda dele, não preci-
nha contra o poder do pecado e samos ceder ao pecado.
demonstrando que não podemos A expressão: “Tenho prazer
alcançar a santificação mediante na lei de Deus”, enfatizada por
nosso próprio esforço para resis- Paulo, tem a ver com o seu “ho-
tir ao pecado e guardar a lei de mem interior”, como ele mesmo
Deus. O conflito do cristão, por diz. O seu espírito regenerado,
outro lado, é bem diferente: é um criado segundo Deus, tem prazer
conflito entre uma pessoa unida em que o Espírito Santo cumpra
a Cristo e ao Espírito Santo de um em si a lei de Deus.
lado, e contra o poder do pecado O salmista também expressava
de outro lado. algo semelhante no Salmo 119, ao
mesmo tempo em que demons-
2. Não faço o bem que que- trava sua total dependência do
ro. Aqueles que experimentam Senhor. Todavia, em geral, quando
obedecer aos mandamentos de alguém buscava ajuda apenas na
Deus sem a graça salvadora de lei, as paixões da carne imperavam
Jesus Cristo descobrem-se impo- em sua vida.
tentes. São governados pelo mal
e pelo pecado. Quem assim age, 3. Desventurado sou! A pes-
está debaixo da lei do pecado. Só soa prisioneira de Satanás, em
os que estão em Cristo podem luta desigual com o pecado, termi-
vencer a tentação (Rm 7.15-23). na dominada e cativa, em miserá-

39
Lição 6 - A Luta Contra a Carne

vel condição. Jesus Cristo, o nosso a liberdade por intermédio de


Senhor, é o único que pode nos li- Jesus Cristo.
bertar da lei do pecado e da morte.
Essa luta interior contra o pe-
cado foi tão real para Paulo como APLICAÇÃO PESSOAL
é atualmente para nós. Aprende-
mos com o apóstolo o que fazer A luta do nosso espírito contra
a esse respeito. Todas as vezes os desejos carnais é uma realida-
que se sentia perdido, ele voltava de ainda bem presente em nossa
à origem de sua vida espiritual e vida. Assim como Paulo, experi-
lembrava que já havia sido liberto mentamos cada dia a angústia e o
por Jesus Cristo. estresse deste conflito em nossa
Quando se sentir confuso e consciência cristã. Lutemos con-
oprimido por causa do apelo do tra este embate, mortificando a
pecado, siga o exemplo de Paulo. carne para vivificar o espírito.
Agradeça a Deus por ter lhe dado

RESPONDA
1) Para mostrar que estamos livres da lei e pertencemos a Cristo, obedecendo ao Espírito
de Deus, Paulo usou uma figura de um “enlace comum” na sociedade à qual aplicou a
nossa situação espiritual. Que figura é esta?

______________________________________________________________________

2) Ao afirmar que a lei não é pecado, Paulo introduz o conceito de que a lei produz um
resultado ímpar no pecador. Que resultado é esse que a lei expõe?

______________________________________________________________________

3) Complete: Devido ao seu conflito interior da dupla consciência em não fazer o


_______________ que quer e fazer o _______________ que não quer, Paulo bra-
dou: “Desventurado_______________ que sou! Quem me livrará do corpo desta
_______________ ?”.

VOCABULÁRIO
• Indissolubilidade: Qualidade do que não se pode dissolver, nem terminar.
• Jugo: Canga de madeira atrelada aos bois para puxar o arado; simbolizava união.
• Torah: É uma palavra hebraica, usualmente traduzida por lei, referindo-se ao Pentateuco,
os cinco livros de Moisés.

40
LIÇÃO 7
Lição 7 - A Graça Divina

A GRAÇA DIVINA

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Tomar consciência de sua li-
Olá, querido professor! A aula berdade espiritual em Cristo.
de hoje enfatizará a liberdade • Reconhecer que há promessa
divina de redenção final para toda
espiritual operada pela graça de
a criação.
Cristo em contraposição à prisão • Perceber-se como mais do
decorrente da lei e do falido siste- que vencedor, apesar das aparen-
ma meritocrático. tes derrotas.
Também enfocará a redenção
final de toda a criação e a nossa PARA COMEÇAR A AULA
feliz condição de sermos espiri-
Comece a aula mostrando fotos
tualmente mais do que vencedo- de pessoas presas e tristes. Mostre
res em Cristo. Desta maneira, esta em seguida pessoas livres e felizes.
é uma lição que trará grande be- Faça um contraste entre a prisão da
nefício espiritual aos que nela se lei e a liberdade da graça de Cristo.
aprofundarem. Escreva no quadro a palavra
O capítulo 8 de Romanos é MERITOCRACIA e seu significado:
incrível, com lições que trazem Predomínio numa sociedade, orga-
nização ou grupo daqueles que têm
grande alento espiritual. Termine
mais méritos (os mais trabalhado-
a aula com uma oração feita com res, mais dedicados, mais bem do-
toda a turma de joelhos, agrade- tados intelectualmente etc.).
cendo a Deus pela bênção de sua Escreva em seguida a palavra
maravilhosa graça. GRAÇA. Enfatize a completa nulida-
de do conceito espiritual de merito-
cracia diante da graça de Cristo.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 46


Graça • Glória • Vitória 1) V 4) V
2) F 5) F
3) V

I
Lição 7 - A Graça Divina

LEITURA COMPLEMENTAR
O capítulo se divide naturalmente em três seções. A primeira descreve
as diferentes operações do Espírito Santo de Deus que liberta, habita, san-
tifica, guia, testifica e, finalmente, ressuscita o filho de Deus. Este trecho
vai do primeiro ao décimo sete versículos. A segunda seção trata da glória
futura dos filhos de Deus, retratada por uma libertação final da qual toda
a criação irá participar (versículos 18 a 27). Na terceira seção, Paulo en-
fatiza o inabalável amor de Deus que age em todas as coisas para o bem
daqueles que o amam.
Uma das tarefas do Espírito Santo é criar nos filhos de Deus a comu-
nicação de filiação e de amor filial que nos leva a conhecer a Deus como
pai. O Espírito Santo nos infunde a confiança de que, por causa de Cristo,
agora somos filhos de Deus.
Nós somos filhos de Deus e, como tal, somos herdeiros de todos as
bênçãos reservadas aos seus filhos, visto que Ele nos deu Jesus e, com
este, perdão e vida eterna. Também, como co-herdeiro de Cristo, recebe-
remos a glória reservada ao seu Filho.
É verdade que temos que enfrentar sofrimentos pelo amor de Jesus.
Ora, se tomamos parte nos sofrimentos de Cristo, também tomaremos
parte na sua glória.
Aqui Paulo faz uma pergunta sublime: “Quem nos separará do amor
de Cristo?” Estas palavras foram escritas para uma igreja que logo sofre-
ria uma tremenda perseguição. Esse versículo traz o encadeamento dos
fatos, à mente, sobre o livro de Jó. O crente sofre provas que põem em
risco a sua união com Deus.
Paulo venceu as provações por que passou não sem haver tomado
consciência de sua debilidade. Foi, sem dúvida, pela fé e por causa do po-
der daquele que o fortaleceu.
Paulo, para encerrar o capítulo 8, insiste sobre o amor de Deus e volta
ao tema indo mais profundo afirmando que “nem a morte, nem a vida,
nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do futuro,
nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatu-
ra poderá separar-nos do amor de Deus”.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 81-95).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 7 DEVOCIONAL DIÁRIO

A Segunda – Rm 8.6
O pendor do Espírito
GRAÇA Terça – Rm 8.7
Crentes carnais não agradam a Deus
DIVINA Quarta – Rm 8.11
Vivificação espiritual prometida
Quinta – Rm 8.14
A marca dos filhos de Deus
Sexta – Rm 8.16
Testificada filiação espiritual
Sábado – Rm 8.28
Texto Áureo Tudo coopera para o nosso bem
“Agora, pois, já nenhuma
condenação há para os que estão
em Cristo Jesus.” Rm 8.1
LEITURA BÍBLICA
Romanos 8.1-5
1 Agora, pois, já nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus.
2 Porque a lei do Espírito da vida,
Verdade Prática em Cristo Jesus, te livrou da lei do
A única forma de agradar a pecado e da morte.
Deus é viver pelo Espírito de 3 Porquanto o que fora impossível à
Deus. lei, no que estava enferma pela car-
ne, isso fez Deus enviando o seu pró-
prio Filho em semelhança de carne
pecaminosa e no tocante ao pecado;
e, com efeito, condenou Deus, na
carne, o pecado,
4 a fim de que o preceito da lei se
cumprisse em nós, que não anda-
mos segundo a carne, mas segundo
o Espírito.
5 Porque os que se inclinam para a
carne cogitam das coisas da carne;
mas os que se inclinam para o Espí-
rito, das coisas do Espírito.

Hinos da Harpa: 205 - 79

41
Lição 7 - A Graça Divina

INTRODUÇÃO
A GRAÇA DIVINA
Se em Romanos, no capítulo
7, Paulo analisou o papel da lei,
INTRODUÇÃO neste capítulo a sua preocupação
é com a obra do Espírito. Nos pri-
I. OPERAÇÕES DO ESPÍRITO meiros versículos do capítulo 8, há
19 referências ao Espírito Santo,
1. O fracasso da lei Rm 8.1-4 a Terceira Pessoa da Trindade. O
2. A vitória da graça Rm 8.5-13 cristão nascido de novo está livre
da maldição da lei e tem, agora, a
3. O alvo da graça Rm 8.14-17 operação do Espírito Santo dentro
de si efetivando o cumprimento da
II. A GLÓRIA FUTURA lei de Deus por causa de Cristo.
1. Glória a ser revelada Rm 8.18,19 I. OPERAÇÕES DO
2. A natureza geme Rm 8.20-23 ESPÍRITO
3. Salvos em esperança Rm 8.24-27 1. O fracasso da lei. Paulo aca-
bara de ensinar que a vida sem a
III. O AMOR DE DEUS graça de Cristo é sinônimo de vida
derrotada, miserável e escrava.
1. A vontade de Deus Rm 5.28-30
Em contraste, no capítulo 8,
2. Mais que vencedores Rm 8.31-35 Paulo disse que o livramento da
condenação, a vitória sobre o pe-
3. Nada nos separará Rm 8.36-39 cado e a consequente comunhão
com Deus vêm por meio de nossa
APLICAÇÃO PESSOAL união com Cristo, mediante o Es-
pírito Santo que está em nós.
A palavra “portanto” (Rm 8.1),
com a qual Paulo começa o capí-
tulo, indica que o apóstolo está fa-
zendo um sumário ou expressando
uma conclusão provisória. A con-
clusão que ele chega, entretanto,
não parece provir apenas do capí-
tulo 7, mas de toda a argumentação
que ele vinha fazendo até agora.
O “Espírito de Vida” (Rm 8.2) é
o Espírito Santo. O que é, portanto,
a lei do Espírito de Vida? É o poder

42
1
2
3
4
Lição 7 - A Graça Divina

e a vida do Espírito Santo, operan- do no homem: a inclinação para


do na vida do crente. Em contras- as coisas da carne e a inclinação
te, a “lei do pecado e da morte” é para as do Espírito. Estas duas
o regime de escravidão do homem posturas resultam em dois esta-
submetido ao pecado. Assim, o Es- dos espirituais: morte ou vida,
pírito Santo que nos foi dado por inimizade com Deus ou paz com
Jesus nos livra da escravidão do ele. Desde o momento em que
pecado, pois não há sentença de alguém aceita Jesus como o seu
morte contra aqueles que estão Salvador, o Espírito Santo passa a
em Cristo Jesus (Rm 8.1-4). habitar nele (Rm 8.10). O Espíri-
Deus fez o que a lei não pôde to Santo é, portanto, a promessa
fazer (Rm 8.3). O Senhor venceu de Deus, a garantia de vida eter-
três dos nossos inimigos: o peca- na para aqueles que Nele creem.
do, a lei e a nossa natureza humana O Espírito está conosco pela fé e
pecaminosa, na forma de homem. por Ele temos a certeza de que vi-
Embora humanizado, Jesus era su- veremos com Cristo eternamente
perior a Adão e a todos os demais (Rm 8.5-13).
homens, porque Ele era do Céu, o
Primogênito da nova criação de 3. O alvo da graça. Nem todos
Deus, o novo homem espiritual e são filhos de Deus. Todos são cria-
celestial (Fp 2.7; 1Co 15.45-49). turas dele. Todo ser humano só
passa a ser filho de Deus quando o
2. A vitória da graça. A ideia de Espírito Santo passa a habitar nele
o cristão viver “segundo a carne” (o e a guiá-lo. Paulo usou a figura da
elemento pecaminoso da natureza adoção para ilustrar o novo relacio-
humana) é colocada em oposição à namento do cristão (Rm 8.14-17).
de viver “segundo o Espírito”, que é No original grego, a palavra
buscar a orientação e capacitação “adoção” significa colocar na po-
do Espírito, submetendo-se a ele. sição de filho. Não somos mais es-
O fim das pessoas controladas pela cravos para vivermos atemoriza-
natureza humana será a morte es- dos. Agora somos filhos do Senhor,
piritual. Já o das controladas pelo sendo assim, podemos chamá-lo
Espírito Santo será de vida e paz. de abba, que em grego significa
O homem movido pela sua na- “papaizinho”. Uma das tarefas do
tureza carnal é membro do reino Espírito Santo é criar nos filhos
das trevas porque é governado de Deus a comunicação de filiação
por princípios iníquos. Assim, não e de amor filial que nos leva a co-
há como os que estão na carne nhecer a Deus como Pai. O Espírito
agradarem a Deus. Santo nos infunde a confiança de
Paulo demonstrou que há duas que, por causa de Cristo, agora so-
predisposições de vida operan- mos filhos de Deus.

43
Lição 7 - A Graça Divina

Nós somos filhos de Deus e, 2. A natureza geme. Depois


como tal, somos herdeiros de to- que Adão pecou, a criação se tor-
das as bênçãos reservadas aos nou sujeita à vaidade, uma vez que
seus filhos, visto que ele nos deu o homem detinha ainda certo do-
Jesus, além do perdão e da vida mínio sobre ela. A natureza foi ar-
eterna. Também, como herdeiros rastada para o mal com a queda do
com Cristo, receberemos a glória homem, mas ela será totalmente
reservada ao seu Filho. restaurada (Rm 8.20-23).
É verdade que temos que en- Todos esperam que a criação
frentar sofrimentos pelo amor de seja liberta do cativeiro do peca-
Jesus. Ora, se tomamos parte nos do, da enfermidade, da tristeza e
sofrimentos de Cristo, também to- da morte. Em suma, do problema
maremos parte na sua glória. inteiro do mal. Os filhos de Deus
também experimentarão a restau-
II. A GLÓRIA FUTURA ração de tudo, recebendo a liber-
dade como o resultado da reden-
1. Glória a ser revelada. O ção final. Por isso Paulo falou de
versículo 18 é uma declaração de três gemidos: o da criação, o dos
esperança para todos os cristãos. crentes e o do Espírito Santo.
Todos os sofrimentos do momento Em resumo: a criação tornou-
não se comparam com a glória do -se sujeita ao sofrimento e às ca-
futuro. Paulo conhecia o sofrimen- tástrofes físicas por causa do pe-
to. Ele sabia que enfermidade, dor, cado, mas Deus decretou que ela
calamidade, decepções, pobreza, será redimida e recriada. Haverá
maus tratos, tristezas, persegui- um novo céu e uma nova terra!
ções e todos os tipos de aflições Embora o crente tenha o con-
não podem ser comparados com solo do Espírito Santo, ele também
as bênçãos, os privilégios e a glória geme no íntimo, ansiando pela ple-
que serão concedidas aos crentes na redenção de sua existência num
fiéis na vida futura (Rm 8.18,19). mundo pecaminoso e corrompido.
O versículo 19 traz uma revela-
ção tremenda. A criação (todas as 3. Salvos em esperança. Nes-
coisas que foram criadas) aguarda ta carta, Paulo mostrou que fomos
com “ardente expectativa”. Esta ex- salvos no momento em que cremos
pressão traz a ideia de se esperar em Jesus Cristo como Salvador,
com a cabeça para fora da janela, nossa nova vida (agora eterna) co-
com ansiedade, para ver Deus re- meçou naquele instante. Estamos
velar o que seus filhos realmente ainda sendo salvos do poder do
são. Isto é, a transformação dos pecado, à medida que passamos
homens e mulheres salvos à ima- pelo processo de santificação, pois
gem de nosso Senhor Jesus Cristo. ainda não recebemos todas as bên-

44
Lição 7 - A Graça Divina

çãos e todos os benefícios da salva- A palavra predestinação (Rm


ção. E, por fim, a nossa salvação do 8.30) vem do grego proorizo, que
corpo do pecado será completada significa Deus decidir de antemão
no futuro. Embora possamos des- escolher para si um povo (a Igreja
frutar de seus efeitos agora, aguar- verdadeira). Isso quer dizer que
damos com esperança e confiança Deus decidiu de antemão chamar,
a total transformação de nosso cor- justificar e glorificar aqueles que
po, quando seremos semelhantes a decidiram se tornar Seus filhos.
Cristo (Rm 8.24-27). Desta forma, a predestinação e a
Como crentes, mesmo quando eleição têm abrangência coletiva
não sabemos as palavras certas para (abrange toda a Igreja). Apenas
orar, o Espírito Santo ora conosco e têm abrangência individual na
por nós, e Deus nos responde. Com medida em que os crentes estive-
o Espírito Santo nos ajudando a rem incluídos no corpo de Cristo.
orar, nós não precisamos ter receio
de nos aproximarmos de Deus. 2. Mais que vencedores. No
versículo 31, Paulo fez uma pergun-
III. O AMOR DE DEUS ta retórica: “Se Deus está do nosso
lado, quem poderá nos vencer?”.
1. A vontade de Deus. No ver- A resposta, sem dúvida alguma é:
sículo 28, o verbo “cooperar”, que “Ninguém”. Ao lado de Deus, somos
aparece no original grego, tem o mais que vencedores! (Rm 8.31-35).
sentido de ajudar, prestar socorro. Satanás sempre contestará a fi-
Assim, temos a ideia de que Deus delidade dos eleitos de Deus, ten-
colabora em tudo para o bem da- tando afastá-los do Senhor, acu-
queles que o amam, daqueles que sando-os sem fundamento, como
ele chamou de acordo com o seu se deu no caso de Jó.
plano eterno. Paulo perguntou: Quem conde-
Já a expressão “conhecer de an- nará à morte o cristão por quem
temão” (Rm 8.29) significa “amar Cristo já morreu? Cristo triunfou
de antemão”, ou seja, amar antes de sobre a morte e retornou ao tribu-
ser conhecido. Temos aqui a ideia de nal, assentando-se à destra do Juiz
que Deus elegeu o ser humano como Supremo e atuando como Advoga-
objeto de sua estima afetiva, optando do daqueles a quem os acusadores
por amar toda a humanidade desde a queriam esmagar.
eternidade. Por isso ele predestinou Desta forma: “Quem nos sepa-
os que pertencem à sua igreja para a rará do amor de Cristo?” (Rm 8.35).
salvação eterna, determinando redi- A Igreja de Roma logo sofreria uma
mir os que foram regenerados pelo tremenda perseguição. O crente
Espírito Santo mediante a aceitação sempre sofrerá provas que porão
do sacrifício de Jesus Cristo. em risco a sua união com Deus.

45
Lição 7 - A Graça Divina

3. Nada nos separará. No no tema do amor de Deus, afir-


versículo 36, Paulo citou o Salmo mando que nada e nem ninguém
44.22 para expressar os perigos e poderá separar-nos do Seu divino
sofrimentos pelos quais passam amor (Rm 8.36-39).
os seguidores de Cristo. Mas Deus,
pelo Seu amor, os livrará de tudo.
O apóstolo venceu suas pro- APLICAÇÃO PESSOAL
vações por haver tomado cons-
ciência de sua debilidade. Foi, Nada e nem ninguém pode
sem dúvida, pela fé e por causa nos afastar do amor de Deus,
do poder daquele que o fortale- nem mesmo nos acusar diante de
ceu que Paulo alcançou vitória Deus de algum pecado do passa-
na sua carreira cristã. do, pois já estamos plenamente
Então, para encerrar o capítulo justificados em Cristo Jesus.
8, o apóstolo aos gentios insistiu

RESPONDA
Coloque V (Verdadeiro) ou F (Falso) nas afirmações abaixo:

1 ( ) A vida sem a graça de Cristo é sinônimo de vida derrotada, de miséria espiritual e


escrava do pecado.

2 ( ) Paulo não diz que a criação ficou sujeita à vaidade depois que Adão pecou, mas que
foi arrastada para o mal com a queda de Satanás.

3 ( ) A criação será totalmente restaurada e harmonizada com a revelação de Cristo em


glória em Seu reinado eterno.

4 ( ) A palavra predestinação vem do grego proorizo, que significa Deus ter decidido de
antemão escolher para si um povo (a Igreja verdadeira) como Sua propriedade exclusiva.

5 ( ) Predestinação não quer dizer que Deus decidiu de antemão chamar, justificar e
glorificar aqueles que escolheu para se tornarem Seus filhos.

VOCABULÁRIO
• Carne: Elemento pecaminoso da natureza humana.
• Natureza humana: Natureza carnal e pecaminosa.
• Predestinação: Na teologia paulina é amar de antemão, optar por amar desde a
eternidade.

46
LIÇÃO 8
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

ISRAEL, O POVO DE DEUS

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Tomar ciência da condição es-
Esta é uma aula em que volta- piritual dos judeus perante Deus.
remos nossa atenção para Israel, • Perceber que ainda há graça
o eterno povo escolhido de Deus. e perdão disponíveis para os is-
Apesar de seus erros históri- raelitas.
cos, Israel ainda é alvo da graça • Adquirir o hábito de orar em
e do favor divino. Mas – é claro! favor de Israel.
–, isso acontecerá enquanto hou-
ver remanescentes israelitas que PARA COMEÇAR A AULA
depositem sua fé em Cristo como
o Messias que já veio para trazer Comece a aula exibindo um ví-
deo com o hino nacional de Israel,
liberdade espiritual a todos os
cantado em hebraico e com legen-
que ainda se encontram aprisio-
das em português. Sugestão de
nados pelos ditames da lei.
link: https://goo.gl/gTzSvs
Nosso dever perante Israel,
Faça apontamentos sobre a
como cristãos gentios, é duplo:
melancolia da canção e da letra.
1. Devemos reconhecer e agra-
Enfatize o sonho israelita de com-
decer a Deus pelo legado de Is- pleta liberdade na terra de Israel.
rael (porque toda a Bíblia foi es- Demonstre que a salvação espi-
crita por judeus e a fé cristã teve ritual ainda é um sonho possível
seu embrião no pano de fundo para os judeus, desde que eles se
judaico). apercebam de seu erro históri-
2. Devemos orar incessante- co em rejeitar o Messias de Deus,
mente pela conversão dos judeus e aceitem o Senhor Jesus Cristo
a Cristo. como seu Salvador pessoal.

RESPOSTAS DA PÁGINA 52
1) a) Tristeza – Coração;
PALAVRAS-CHAVE
b) Anátema - Cristo
Israel • Judeus • Misericórdia • Graça
2) Vasos de ira
3) Jesus Cristo

I
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

LEITURA COMPLEMENTAR
Paulo, aqui, começa a responder a pergunta que os crentes judaicos
faziam: Como as promessas de Deus a Abraão e à nação de Israel como um
todo não parecem ter parte no Evangelho?
Do capítulo 9 ao 11, Paulo explicita seu argumento. Na verdade, o Pla-
no de Deus não falhou concernente a Israel e o apóstolo esclarece que é
preciso entender que os filhos de Deus, ou seja, os verdadeiros israelitas
são de fato filhos da promessa. Foi assim na história e é por isso que a
descendência abraâmica foi chamada em Isaque.
João Batista, na sua pregação dizia: “Produzi, pois frutos dignos de ar-
rependimento e não comeceis a dizer em vós mesmos “Temos por pai
Abraão”, porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar
filhos de Abraão”.
Deus elegeu Abraão para dele suscitar a nação eleita de Israel. Esco-
lheu Isaque para ser o filho da promessa e escolheu Jacó ao invés de Esaú.
A escolha não se baseou em nada que ambos tinham feito ou haveriam de
fazer. Este é o mistério da eleição divina.
A expressão no versículo 13 - “Amei Jacó e aborreci Esaú” - não quer
dizer que Jacó e os seus descendentes estavam predestinados para a
salvação eterna e os descendentes de Esaú para condenação eterna. A
eleição é a escolha daqueles que creem em Cristo feita por Deus por
meio de Cristo.
VERSÍCULOS 14 a 16 - Que diremos, pois? Que há injustiça da parte
de Deus? de maneira nenhuma. Pois dizia Moisés: Compadecer-me-ei de
quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus
que se compadece.
O apóstolo insiste em abordar a questão da redenção, dizendo que
essa ação de Deus, aplicando sua misericórdia e chamando a quem
lhe apraz, é uma questão de foro íntimo de Deus, pois Ele é soberano
e tem misericórdia de quem quer ter e se compadece de quem quer se
compadecer.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 96-102).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 8 DEVOCIONAL DIÁRIO


ISRAEL, Segunda – Rm 9.7
Nem todo judeu pertence a Deus
O POVO DE Terça – Rm 9.13
Deus é soberano
DEUS Quarta – Rm 9.14
Deus é justo
Quinta – Rm 9.17
Deus usa até ímpios
Sexta – Rm 9.28
Deus é fiel
Texto Áureo
Sábado – Rm 10.2
”Isto é, estes filhos de Deus não
Zelo sem entendimento
são propriamente os da carne,
mas devem ser considerados
como descendência os filhos da LEITURA BÍBLICA
promessa.” Rm 9.8
Romanos 9. 6-10
6 E não pensemos que a palavra
de Deus haja falhado, porque nem
Verdade Prática todos os de Israel são, de fato, is-
O que conta na vida é a nossa raelitas;
união com Cristo. 7 nem por serem descendentes de
Abraão são todos seus filhos; mas:
Em Isaque será chamada a tua des-
cendência.
8 Isto é, estes filhos de Deus não são
propriamente os da carne, mas de-
vem ser considerados como descen-
dência os filhos da promessa.
9 Porque a palavra da promessa é
esta: Por esse tempo, virei, e Sara
terá um filho.
10 E não ela somente, mas também
Rebeca, ao conceber de um só, Isa-
que, nosso pai.

Hinos da Harpa: 169 - 231

47
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

INTRODUÇÃO
ISRAEL, O POVO DE DEUS
Se não há nada que possa nos
separar do amor de Deus, como
INTRODUÇÃO ficou a situação do povo de Israel,
ao qual Paulo pertencia? Será que
I. DEUS E O SEU POVO a promessa de Deus falhou pelo
fato de Israel haver se separado
1. A tristeza pelos judeus Rm 9.1,2 de Cristo? Será que Deus foi in-
justo, aceitando os gentios como
2. Deus é fiel Rm 9.3-7
seu povo e se esquecendo dos ju-
3. Deus age com justiça Rm 9.8-16 deus? Paulo respondeu que a pro-
messa de Deus não falhou e que
Deus não é injusto, de maneira
II. IRA E MISERICÓRDIA DE DEUS
alguma. Vejamos.
1. Dependemos do Criador Rm 9.19
I. DEUS E O SEU POVO
2. A paciência de Deus Rm 9.22
1. A tristeza pelos judeus.
3. Misericórdia por Israel Rm 9.23-29
Paulo começou este capítulo es-
crevendo uma verdade. Seu obje-
III. ISRAEL E O EVANGELHO tivo era para que não pensassem
que ele era hipócrita (Rm 9.1). A
1. A pedra de tropeço Rm 9.30-33
verdade que ele queria afirmar é
2. Oração de Paulo por Israel Rm 10.1 que tinha uma tristeza profunda e
uma contínua dor no coração pe-
3. Judeus rejeitam a graça Rm 10.2 los que não estavam em Cristo. En-
tre os quais ele incluiu os judeus,
APLICAÇÃO PESSOAL seus irmãos na carne.
A solene declaração do apósto-
lo, portanto, revelou uma grande
preocupação com a nação judaica
e o povo judeu – a de que muitos
deles fossem inimigos do Evange-
lho. Por isso sua contínua angús-
tia. Paulo introduziu seu discurso
com uma declaração afetiva para
que os romanos não pensassem
que ele se julgava superior aos ju-
deus rejeitados. Paulo estava lon-
ge de desejar isso (Rm 9.1,2).

48
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

2. Deus é fiel. No versículo 3,


Paulo afirmou que ele estava dis-
posto a ser considerado anátema
(um amaldiçoado por causa de Com o coração se crê
sua fé), um homem separado de para a justiça, e com a
Cristo, simplesmente por amor boca se faz confissão para
aos judeus. a salvação.”
Nos versículos 4 e 5, ele falou (Rm 10.10)
do sêxtuplo privilégio de Israel: a
adoção, a glória, os concertos, a
lei, as promessas e os patriarcas. A expressão no versículo 13
Além do mais, foi desse povo pri- – “Amei Jacó e aborreci Esaú” –
vilegiado que nasceu o Messias. não quer dizer que Jacó e os seus
Contudo, como as promessas descendentes estavam individual-
de Deus a Abraão e à nação de Is- mente predestinados para a salva-
rael não pareciam fazer parte no ção eterna e os descendentes de
Evangelho? Dos capítulos 9 a 11, Esaú para a condenação.
Paulo argumentou sobre isso. Na O versículo 15 enfatiza o be-
verdade, o plano de Deus não fa- neplácito da misericórdia divina,
lhou concernente a Israel. Os con- que não é fruto de merecimento
siderados verdadeiros israelitas humano. Nosso esforço e mereci-
eram, de fato, os filhos da promes- mento (se o tivéssemos) não in-
sa. Foi assim em toda a história do fluenciam em nada na decisão de
povo de Israel (Rm 9.3-7). Deus (Rm 9.8-16).

3. Deus age com justiça. II. IRA E MISERICÓRDIA


Paulo explicou: Quando Deus DE DEUS
prometeu a Abraão que a des-
cendência dele seria uma bên- 1. Dependemos do Criador.
ção, não estava falando de toda Um questionador poderia dizer
ela, mas de uma seleta descen- que a conclusão de Paulo leva-
dência, que Paulo chamou de “os va ao fatalismo. Paulo, contu-
filhos da promessa”, compostos do, não ofereceu uma resposta
da Igreja e dos judeus que cre- analítica, mas repreendeu o tal
ram em Cristo. questionador por sua conclusão
Portanto, não houve nenhu- absurda. Se um oleiro pode fa-
ma falha. A promessa continuou zer o que quiser com seus vasos,
sendo como sempre foi: os filhos certamente Deus pode fazer o
de Deus foram por Ele eleitos de que quiser com os seus servos. É
maneira soberana, como Abraão, por isso que o homem não pode
Isaque e Jacó. questionar a Deus.

49
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

“Por que se queixa ele ain- tes, o Senhor está disposto a mos-
da?” (Rm 9.19). O verbo tradu- trar a Sua ira. Deus mostrará que
zido aqui por “queixar” significa odeia o pecado. Semelhantemen-
“culpar”. Paulo lançou aqui ques- te, manifestará o Seu poder. Para
tões humanas que ele respondeu fazer isso, Deus agiu com muita
nos versículos 20 e 21. Se Deus paciência, esperando que eles fi-
endurece quem Ele quer (Rm cassem prontos para a destruição,
9.18), porque culpar aquele que por causa dos seus próprios peca-
foi endurecido ou que resiste à dos e endurecimento do coração.
sua vontade? Se Deus endurece, Mas ele também forma vasos
como pode ser dito que a pessoa de misericórdia. A felicidade derra-
está resistindo a Deus? O endu- mada sobre o remanescente salvo
recido não está fazendo apenas é o fruto da misericórdia de Deus,
aquilo que Deus determinou que não do próprio mérito do homem.
ele fizesse? Parece um conceito
contraditório, mas não é. 3. Misericórdia por Israel.
A pergunta retórica com o ver- Deus também quis mostrar como
bo “replicar” significava dar uma é grande a glória que Ele derra-
resposta. Paulo estava afirmando mou sobre os remanescentes (Rm
que tal inquiridor assumiu uma 9.23-29). Os vasos de misericórdia
atitude argumentativa. Portanto, são os que formam o Israel espiri-
o apóstolo reprovou qualquer um tual de Deus. Trata-se dos vasos
que levantasse tais objeções. O que Deus chamou, não somente
motivo era porque, no fim, eram dentre os judeus, mas também
apenas protestos contra o modo dentre os gentios.
divino de agir, não um pedido sin- Deus falou pelo profeta Oseias
cero a Deus para que Ele desse (2.23) que tinha a intenção de res-
uma explicação. taurar Seu povo.
Paulo citou também Isaías
2. A paciência de Deus. Foi as- 10.22,23, e percebeu que, em to-
sim que Deus procedeu (Rm 9.22). das as cidades onde pregava, em-
Ele quis demonstrar a sua ira e bora procurasse primeiro os ju-
deixar bem patente o seu poder. deus, apenas alguns aceitavam o
Dessa forma, suportou com mui- Evangelho.
ta paciência os que, pelos seus Por fim, em Romanos 9.29,
feitos, mereciam ser castigados e Paulo citou Isaías 1.9, reconhecen-
destruídos. do que o remanescente de Israel,
Sim, há dois tipos de vasos que preservado por Deus, foi um ato
Deus forma a partir do grande pe- de misericórdia divina para que o
daço de barro que é a humanidade povo de Israel não fosse desarrai-
caída. Ele forma vasos de ira. Nes- gado da terra.

50
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

III. ISRAEL E O EVANGELHO discorrer sobre a incredulidade


dos israelitas, manifestou sua pró-
1. A pedra de tropeço. No pria esperança de que eles ainda
versículo 30, Paulo fez uma per- viessem a ouvir o Evangelho e a
gunta e a respondeu: os gentios crer nele (Rm 10.1).
que não buscavam a justificação A conclusão lógica do capítu-
foram justificados mediante a fé. lo 9 é que Israel estava sob a ira
Em contraste, o povo judeu, em divina (Rm 9.22). O desejo mais
sua maioria, procurava ser salvo profundo de Paulo e a sua oração
por meio de suas ações e não por era que Israel pudesse ser jus-
meio da fé. tificado e salvo da ira de Deus.
Os gentios estavam alienados Isto se verifica pelo fato de que
sobre a justiça. Eles, de fato, não a Paulo elevou a Deus uma prece
seguiam. Aqueles que não busca- que confirma essa esperança na
vam a Deus o encontraram. Assim, divina graça.
o Senhor tem prazer em dispensar Como Paulo, devemos orar a
graça em forma de soberania e do- fim de que todos os judeus possam
mínio absoluto. Eles alcançaram a ser salvos e, carinhosamente, parti-
justiça pela fé, abraçando sincera- lhar com eles as boas novas da sal-
mente a Cristo e crendo nele. Os vação mediante a fé em Cristo.
judeus estavam, há muito tempo
e em vão, procurando o Messias, 3. Judeus rejeitam a graça.
mas o rejeitaram. Paulo afirmou que ele era teste-
A “pedra” na qual os judeus munha de que os judeus eram
tropeçaram era Jesus. Eles não muito dedicados a Deus, mas a
creram no Messias. Ainda hoje dedicação deles não estava ba-
algumas pessoas tropeçam em seada no verdadeiro conhecimen-
Cristo porque a salvação é pela to (Rm 10.2-4). Em vez de viver
fé e isso não faz qualquer sentido pela fé, além de observarem a lei,
para elas Rm (9.30-33). os judeus guardavam costumes e
tradições, a fim de serem agradá-
2. Oração de Paulo por Israel. veis aos olhos de Deus. O proble-
Os capítulos 9 e 11 de Romanos ma é que o esforço humano, mes-
abordam a questão da increduli- mo que sincero, nunca poderá
dade dos judeus. No capítulo 9, a substituir a justiça que Deus nos
ênfase está no propósito de Deus oferece através da fé.
na eleição. O capítulo 10, por sua A única maneira de a pessoa
vez, enfatiza os fatores humanos, alcançar a salvação por seus mé-
a necessidade de compreensão e ritos é sendo perfeita, mas isso
de proclamação do Evangelho e é impossível. Assim, o que nos
de uma resposta de fé. Paulo, após resta é estender as mãos vazias

51
Lição 8 - Israel, o Povo de Deus

e receber a salvação como uma


dádiva divina. Duas maneiras pe- APLICAÇÃO PESSOAL
las quais Cristo tornou realidade
Da mesma forma que a vontade
todo o propósito da lei:
de Deus é absoluta, não podemos
a) Ele cumpriu o objetivo ao
obrigá-lo a explicar-nos suas ações
realizar toda a vontade de Deus na
ou métodos. Ele é, simplesmente,
terra;
soberano e pode fazer todas as coi-
b) Este foi o fim da lei como
sas como quiser. Não cabe a nós re-
base da justificação, porque a lei
trucá-lo em hipótese alguma.
fracassou em salvar-nos.

RESPONDA
1) Complete:

a) Paulo declarou que sentia “grande ____________ e incessante dor no ___________”


por causa da incredulidade dos judeus.

b) Paulo afirmou: “Porque eu mesmo desejaria ser ___________, separado de


___________, por amor de meus irmãos” (judeus).

______________________________________________________________________

2) Para mostrar a sua ira contra o pecado, o Senhor Deus estabeleceu o propósito em
formar que tipo de “vasos”?

______________________________________________________________________

3) Quem é a “pedra de tropeço” para Israel?

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
Hipócrita: Falso; quem age com falsidade.
Beneplácido: Aprovação de Sua vontade soberana.
Fatalismo: Crença de que tudo está divinamente predeterminado, sem possibilidade de
interferência humana.
Remanescente: Restante fiel do povo de Deus.
Abdicar: Abrir mão de algo.

52
LIÇÃO 9

A SALVAÇÃO É PARA TODOS

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Tomar conhecimento da ver-
Olá, querido professor! Na aula dadeira fonte da justiça divina.
de hoje estaremos estudando so- • perceber que já recebeu a
justificação pela fé.
bre a fonte e a operação da justiça
• despertar-se para a obra de
divina e também trataremos da evangelização.
necessidade de evangelização.
Então, prepare-se para dis-
tribuir porções de folhetos para PARA COMEÇAR A AULA
cada aluno, a fim de que treinem Comece a aula com uma en-
a evangelização ao longo da próxi- cenação de evangelismo entre os
ma semana e tragam testemunhos alunos. Separe três alunos. Um
na aula que vem. Mas, antes da deles fará papel de evangeliza-
dor. Os outros serão os evange-
distribuição, certifique-se de que
lizados. Depois das cenas, fale
todos os folhetos estão com o ca- sobre a necessidade da pregação
rimbo da igreja. do Evangelho.
Programe, na aula que vem, Apesar dos desafios, há bên-
çãos especiais reservadas aos
cinco minutos para os testemu-
evangelizadores que levarem a sé-
nhos. Ouça os relatos e incentive rio o seu ministério.
seus alunos a fazerem da evange- Enfatize que, ao evangelizar,
lização um hábito diário. devemos falar da justificação pela
fé, sem ênfase alguma nas boas
obras para a salvação.

RESPOSTAS DA PÁGINA 58
PALAVRAS-CHAVE
Salvação • Justificação • Evangelização 1) Jamais ter cometido pecado. Impossível
2) Através de Jesus Cristo
3) Justiça humana

I
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

LEITURA COMPLEMENTAR
Paulo afirma que é testemunha de que os judeus são muito dedica-
dos a Deus, mas a dedicação deles não está baseada no verdadeiro co-
nhecimento. Em vez de viver pela fé, além de observarem a lei, os judeus
guardavam costumes e tradições, a fim de serem agradáveis aos olhos de
Deus. O Problema é que, o esforço humano, mesmo que sincero, nunca
poderá substituir a justiça que Deus nos oferece através da fé.
A única maneira de a pessoa alcançar a salvação por seus méritos é
sendo perfeita, mas isso é impossível. Assim, o que nos resta é estender
as mãos vazias e receber a salvação como uma dádiva divina. De duas
maneiras Cristo tornou realidade todo o propósito da lei: 1) Ele cumpriu
o objetivo ao realizar toda a vontade de Deus na terra. 2 ) Foi o fim da lei
como base da justificação, porque ela era importante para salvar-nos.
Com o aparecimento de Jesus, agora tanto ficou fácil compreender o
Evangelho quanto a ele obedecer. Saber sobre o propósito da morte de
Jesus, da eficácia do seu sangue vertido na cruz e de sua ressurreição por
nós são pontos fundamentais e eficazes para salvar o homem.
Confessar Jesus como o Senhor é a mais primitiva confissão. Em I Co
12.3, é declarado que ninguém pode fazer tal confissão senão pelo Espíri-
to Santo. O cristão também não pode negar a ressurreição de Cristo.
A mensagem do Senhor, segundo Paulo, explicando Dt 30. 14, está nos
lábios e no coração. Ter a mensagem de Deus nos lábios é confessar que
Jesus é o Senhor e, no coração, é crer que Deus o ressuscitou dos mortos.
Confessar e crer, eis as duas açóes que levam à salvação.
No versículo 11, Paulo não quer dizer que o cristão nunca ficará desa-
pontado. Haverá momentos de decepção, mas o apóstolo afirma que Deus
manterá sua parte no acordo e os que chamam por Ele serão salvos.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 104-110).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 9 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 10.8
A SALVAÇÃO É A Palavra de Deus está acessível a nós
Terça – Rm 10.9
PARA TODOS Como alcançar a salvação
Quarta – Rm 10.10
A boca confessa o que há no coração
Quinta – Rm 10.11
Quem crê não será confundido
Sexta – Rm 10.13
A salvação é para todos
Texto Áureo Sábado – Rm 10.14,15
“Se, com a tua boca, confessares O ministério da evangelização
Jesus como Senhor e, em teu coração,
creres que Deus o ressuscitou dentre
os mortos, serás salvo.” Rm 10.9 LEITURA BÍBLICA
Romanos 10.9-13
9 Se, com a tua boca, confessares
Verdade Prática Jesus como Senhor e, em teu cora-
Deus não se apraz com a ção, creres que Deus o ressuscitou
condenação dos ímpios. Ele
dentre os mortos, serás salvo.
deseja que todos sejam salvos.
10 Porque com o coração se crê
para justiça e com a boca se confes-
sa a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo
aquele que nele crê não será con-
fundido.
12 Pois não há distinção entre judeu
e grego, uma vez que o mesmo é o
Senhor de todos, rico para com to-
dos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo.

Hinos da Harpa: 311 - 139

53
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

INTRODUÇÃO
A SALVAÇÃO É PARA
TODOS Paulo entendeu que o teor da
lei dada no monte Sinai era: “Fazei
INTRODUÇÃO isto e vivereis”. Considerada por si
só, separada da verdadeira justiça
I. A FONTE DA JUSTIÇA DIVINA de Cristo, a lei não provia uma jus-
tiça suficiente para justificar o ho-
1. Justiça promovida pela lei Rm 10.5 mem, senão pela obediência per-
2. A justiça que é pela fé Rm 10.6,7 feita. Ela revelava a incapacidade
do homem de cumprir as suas
3. Mensagem acessível Rm 10.8 demandas devido à sua natureza
corrupta, e apontava a necessida-
II. O RECEBIMENTO DA de de uma nova e superior aliança.
JUSTIÇA I. A FONTE DA JUSTIÇA
1. Dada através de Cristo Rm 10.9 DIVINA
2. Concebida no coração Rm 10.10 1. Justiça promovida pela lei.
Se fosse possível alguém ser salvo
3. Disponível a todos Rm 10.11-13
pela observação da lei, teria que
cumpri-la literalmente, com per-
III. DEUS DESEJA SALVAR A feição, sem ter pecado uma única
TODOS vez (Rm 10.5). Havemos de per-
guntar: Por que Deus nos deu a lei,
1. Necessidade da pregação Rm 10.14 sabendo que ninguém seria capaz
2. Nem todos obedecem Rm 10.16-19 de cumpri-la? De acordo com Pau-
lo, uma das razões foi para mos-
3. Israel indesculpável Rm 10.20,21 trar às pessoas o quanto elas eram
culpadas diante de Deus.
APLICAÇÃO PESSOAL Os ritos sacrificiais da lei apenas
preparavam as pessoas para enten-
der a obra de Cristo, o verdadeiro
sacrifício. Por isso, as leis cerimo-
niais perduraram até o surgimento
de Cristo, pois apontavam para Ele.
Paulo trabalhou a ideia de que há
dois tipos de justiça: a obtida através
das obras e a obtida pela fé. A primei-
ra é inacessível para nós, enquanto
que a segunda está disponível.

54
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

2. A justiça que é pela fé. Em


Romanos 10.6,7, Paulo fez uma
adaptação dos discursos de despe-
dida de Moisés em Deuteronômio Porque, para com Deus,
30.14, aplicando a revelação da não há acepção de
lei a Cristo, que nos proporcionou pessoas.”
a salvação por meio de Sua encar- (Rm 2.11)
nação. A salvação divina está bem
à nossa frente. Deus vem ao nosso
encontro onde quer que estejamos. Confessar Jesus como o Senhor
Tudo de que precisamos é res- é a mais primitiva confissão. Em 1
ponder a Ele aceitando Sua dá- Coríntios 12.3, Paulo declarou que
diva salvadora. Por assim dizer, ninguém pode fazer tal confissão
ninguém precisa subir até ao céu senão pelo Espírito Santo. O cris-
ou descer ao mundo dos mortos tão também não pode negar a res-
para descobrir a mensagem de surreição de Cristo.
Deus anunciada pelos seguidores Essa mensagem foi identifi-
de Cristo. cada como “palavra da fé” (Rm
A justiça proveniente da fé, 10.8), a qual também era pre-
sendo operação do Espírito San- gada pelos apóstolos. Mediante
to, e que produz o arrependimen- o uso desse vocábulo, Paulo se
to e a regeneração, é a força ativa refere à inteireza da mensagem
da salvação, em contraste com a do Evangelho, centralizada em
observância da lei, que consis- Cristo. Essa mensagem fala so-
te no cumprimento de um sis- bre a missão de Cristo em sua
tema legalista. Desse modo, a fé encarnação, morte, ressurreição
é contrastada com o legalismo, e glorificação; em sua expiação;
porquanto a fé é um elemento ne- na justificação pela fé; na elei-
cessário e predominante da sal- ção, santificação e glorificação
vação, elemento esse que só pode (a transformação final e total se-
ser encontrado em Cristo. gundo a imagem de Cristo).

3. Mensagem acessível. Em II. O RECEBIMENTO DA


Cristo, agora tanto ficou fácil com- JUSTIÇA
preender o Evangelho quanto a ele
obedecer. Saber sobre o propósito 1. Dada através de Cristo.
da morte de Jesus, da eficácia do “Confessares” aparece em Roma-
Seu sangue vertido na cruz e de nos 10.9 antes de “creres” porque
Sua ressurreição são pontos fun- a boca precede o coração em Deu-
damentais e eficazes para salvar o teronômio 30.14 (cf. Rm 10.8).
homem. Primeiro a pessoa deve confessar

55
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

com a boca para, depois, obter a de natureza doutrinária, concer-


salvação. Essa ordem é invertida nentes a Jesus, será automática e
no versículo 10. certamente salva.
Deus estabeleceu as condições Ele aludiu à confissão pública,
para a salvação, tanto no caso de embora não estivesse alicerçando
judeus como de gentios, pois, vis- a salvação sobre algum suposto
to serem igualmente necessitados, mérito que tal confissão porven-
têm de aproximar-se de Cristo da tura tenha. Pelo contrário, como
mesma maneira. sempre, a sua doutrina é eminen-
A confissão e a fé são deci- temente espiritual.
sões da alma, atos altamente es- A própria fé consiste na entre-
pirituais. A entrega da alma aos ga da alma, e não na mera aceita-
cuidados de Cristo é uma escolha ção intelectual de algum sistema
existencial. Não consiste, aqui, doutrinário, por mais ortodoxo
na mera aceitação do fato histó- que seja.
rico da ressurreição. Os soldados
pagãos creram nessa realidade, 3. Disponível a todos. No
mas nem por isso se converte- versículo 11, Paulo não quis di-
ram. A crença na ressurreição zer que o cristão nunca ficará
implica na participação espiri- desapontado. Haverá momentos
tual em seus resultados morais e de decepção, mas o apóstolo afir-
espirituais desde agora, e, final- mou que Deus manterá sua parte
mente, a ressurreição literal, que no acordo e os que clamam por
será o portão de entrada da vida Ele serão salvos.
eterna. Todos, sejam quem for, devem
renunciar a toda justiça própria.
2. Concebida no coração. A Deus colocou Cristo como Senhor
mensagem do Senhor, segundo sobre todos e o despenseiro de
Paulo, explicando Deuteronômio Seus dons. Todos, pois, têm de in-
30.14, está nos lábios e no cora- vocar a Cristo como Senhor e Sal-
ção (Rm 10.10). Ter a mensagem vador (Rm 10.11-13).
de Deus nos lábios é confessar A palavra de Joel 3.5 se re-
que Jesus é o Senhor e, no cora- feriu ao grande Dia do Senhor,
ção, é crer que Deus o ressusci- quando se cumprirá o desígnio
tou dos mortos. Confessar e crer, escatológico de Deus – que terá
eis as duas ações que levam à seu cumprimento final em Cristo.
salvação. Será a oportunidade derradeira
Paulo não fez aqui a promessa de Israel. Esta aplicação a Cristo
de que, se uma pessoa fizer confis- do que foi dito do Senhor, mostra
são pública de sua fé em Cristo, re- que Paulo não distingue a obra de
petindo determinadas afirmações Deus da obra de Cristo.

56
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

III. DEUS DESEJA SALVAR A 2. Nem todos obedecem. O


TODOS povo de Israel teve oportunidade
de conhecer a Cristo mediante
1. Necessidade da pregação. a pregação dos apóstolos. Mas a
A fim de demonstrar a necessida- pregação evangélica não lhe sur-
de indispensável de evangelizar, tiu efeito (Rm 10.16-19). A pala-
Paulo fez quatro perguntas conse- vra de Isaías 53.1 se concretizou:
cutivas (Rm 10.14,15): Cristo se tornou o servo sofredor
1. “Como invocarão aquele em e foi considerado um objeto de
quem não creram?” – Para serem escândalo para Israel.
salvos, os pecadores têm de in- Assim, a fé é fruto do ouvir. Isso
vocar o nome do Senhor. Para se pode significar duas coisas:
invocar alguém, pressupõe-se que 1. O que se ouve tem origem
se conheça a pessoa e se creia em no que Cristo disse, e o que Cristo
seu nome. disse é a causa formal e material
2. “E como crerão naquele de da pregação;
quem não ouvirem falar?” – Assim 2. O que se ouve ressoa sob a
como, pela lógica, o “crer” promo- ordem de Cristo.
ve o “invocar”, também o “crer” é Em ambos os casos, a autorida-
resultado do ato de “ouvir”. Em ou- de desta palavra é ressaltada, pois
tras palavras, o mundo não crerá é a palavra mesma de Cristo atra-
em Cristo enquanto não tiver ou- vés da pregação apostólica.
vido falar dele por intermédio dos
seus mensageiros. 3. Israel indesculpável. Po-
3. “E como ouvirão se não há deria Israel alegar que os após-
quem pregue?” – A mensagem do tolos não cumpriram sua missão
Evangelho só será ouvida se al- de arautos? (Rm 10.20,21). Sabe-
guém anunciá-la. -se que o fato de a pregação ha-
4. “E como pregarão se não fo- ver atingindo os próprios roma-
rem enviados?” – Para o início des- nos era uma prova viva de que o
ses passos, é necessário que sejam Evangelho fora pregado em todo o
enviados pregadores. mundo habitado de então.
Paulo terminou sua argumen- Os gentios, que não haviam
tação citando Isaías 52.7: “Como sido preparados para receber a
são belos os pés dos que anunciam mensagem messiânica, recebe-
as boas novas!”. Se aqueles que ram-na; enquanto que Israel, edu-
proclamam as boas novas de liber- cado de longa data nas profecias
tação do exílio babilônico foram messiânicas, recusou-a.
celebrados dessa forma, quanto Israel era um povo pleno de
mais bem-vindos deveriam ser os zelo religioso. Contudo, esse zelo
arautos do Evangelho de Cristo! não podia ser cego a ponto de

57
Lição 9 - A Salvação é Para Todos

embrenhar o povo na escuridão desculpável diante da revelação


da incredulidade. Os pagãos eram de Cristo como o Messias.
mais livres de espírito, menos em-
botados, por isso eram mais sus-
cetíveis ao Evangelho.
APLICAÇÃO PESSOAL
O zelo de Israel em promo-
ver para si uma “justiça” humana A ordem evangelizadora de
impediu-o de receber a justiça Cristo para sua Igreja abrange to-
graciosa que Deus lhe ofereceu. dos os seres humanos, de qualquer
O povo tinha as mãos cheias das lugar do planeta. Desta maneira,
suas próprias obras e queria apre- devemos pregar o Evangelho a to-
sentá-las a Deus. Isso lhe trouxe dos, indistintamente e sem exclusi-
condenação. vismos, como fizeram os apóstolos.
Por este motivo, Israel era in-

RESPONDA
1) O que uma pessoa deveria fazer para ser salvo pela observação total da lei de Deus?
Seria isso possível ou impossível ao homem caído?

______________________________________________________________________

2) Deus estabeleceu as mesmas condições para a salvação, tanto para judeus como para
gentios. Essa salvação seria unicamente através de quem?

______________________________________________________________________

3) Segundo Paulo, o que impediu Israel de receber a justiça graciosa oferecida por Deus
tinha sido o seu zelo em promover que tipo de justiça?

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
Ritos Sacrificiais: Cerimônias de sacrifícios de animais no Antigo Testamento.
Ortodoxo: Crença considerada correta, de acordo com um grupo social ou religioso.
Desígnio Escatológico: Decisão divina sobre os acontecimentos do fim dos tempos.
Arauto: Anunciador; proclamador de uma notícia em praça pública.

58
LIÇÃO 10

DEUS AINDA AMA ISRAEL

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Entender o conceito de rema-
Esta lição tratará novamente da nescente.
situação espiritual de Israel, por- • Assimilar o conceito da elei-
ção nacional de Israel.
que Paulo tinha grande preocupa- • Perceber o imenso amor de
ção acerca da realidade espiritual Deus ao incluir os gentios na obra
de seu povo. de salvação.
E, além dessa preocupação, o
apóstolo estava muito empenha-
PARA COMEÇAR A AULA
do em evangelizar os gentios, am-
pliando os horizontes estreitos Como programado desde a aula
de muitos líderes da igreja cristã anterior, comece a lição de hoje se-
parando cinco minutos para os tes-
iniciante.
temunhos de evangelização.
Aproveite o assunto da lição
Ouça os relatos e incentive
para refletir com a turma sobre seus alunos a fazerem da obra de
o nosso papel como missionários evangelização um hábito diário.
a todas as pessoas, seja em que Faça um “gancho” entre a obra de
país for. evangelização e missões e a visão
Deus sempre levanta seus re- universal divina de salvar pessoas
manescentes fiéis, independente- de várias etnias.
Daí, trate da situação espiritual
mente de matrizes culturais.
de Israel e da inclusão das outras
nações no plano divino de salvação.

RESPOSTAS DA PÁGINA 64
PALAVRAS-CHAVE 1) V
Israel • Remansescente • Gentios 2) V
3) V
4) F

I
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

LEITURA COMPLEMENTAR
A culpabilidade de Israel havia sido tão fortemente estabelecida que se po-
deria ler nas citações de Deuteronômio e de Isaías uma profecia de rejeição
desse povo. Não é isso, porém, que se dá, declara Paulo com o apoio do Salmo
94, verso 14, e a prova se patenteia no caso pessoal do próprio apóstolo.
Não é Paulo autenticamente israelita, filho de Abraão segundo a carne,
membro da tribo que se poderia chamar a mais israelita? Se houvesse Deus
rejeitado seu povo, não teria escolhido um israelita, cujos traços como is-
raelita eram tão acentuados, para ser o principal cultor da missão entre os
pagãos. Esta escolha é um sinal da fidelidade de Deus à sua palavra.
Deus sempre agiu por graça. Nada podem as obras de Israel no senti-
do de estabelecer a aliança, nem de mantê-la ou suspendê-la. A graça é a
graça no presente mais do que nunca um remanescente é chamado para
constituir o elo de continuidade e Deus, por seu intermédio, levará avante
o plano original de sua graça.
É esta a oração do salmista: “Que a mesa deles se transforme em laço
e armadilha, pedra de tropeço e retribuição para eles.” Que seus olhos
se escureçam. O imaginário não é fácil de interpretar, mas a mesa deles
parece ser um símbolo de segurança, bem-estar e comunhão de que se
desfrutam em casa e que, de alguma forma, pode se transformar em “laço
e armadilha, pedra de tropeço para eles”.
A referência a “suas costas serem encurvadas para sempre” também
é obscura, embora a costa encurvada normalmente representa a imagem
de alguém que carrega um fardo pesado, seja, neste caso, de angústia, de
medo ou opressão.
VERSÍCULO 11 - Digo, pois: Porventura tropeçaram para que caíssem?
De modo nenhum, mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para
os incitar à emulação.
Paulo aqui faz uma pergunta: Ao tropeçarem, os judeus caíram para
nunca mais se erguerem? Ele mesmo responde. É claro que não. Mas, pela
sua rejeição ao Messias, a salvação alcançou os gentios, para que a salva-
ção destes provocasse um certo ciúme naqueles.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 104-110).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 10 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 11.5
DEUS AINDA Remanescentes fiéis mediante a graça
Terça – Rm 11.11
AMA ISRAEL O erro de Israel favoreceu aos gentios
Quarta – Rm 11.18
É Deus quem nos sustenta
Quinta– Rm 11.20
Firmeza na fé e humildade
Sexta – Rm 11.22
Bondade e severidade divinas
Texto Áureo Sábado – Rm 11.23
“Deus não rejeitou o seu povo, a Graça de Deus a Israel
quem de antemão conheceu:”
Rm 11.2a
LEITURA BÍBLICA
Romanos 11.1-5
1 Pergunto, pois: terá Deus, porven-
Verdade Prática tura, rejeitado o seu povo? De modo
nenhum! Porque eu também sou is-
Deus ainda ama o seu povo Israel,
raelita da descendência de Abraão,
mas sua salvação será através de da tribo de Benjamim.
Jesus Cristo. 2 Deus não rejeitou o seu povo, a
quem de antemão conheceu. Ou não
sabeis o que a Escritura refere a res-
peito de Elias, como insta perante
Deus contra Israel, dizendo:
3 Senhor, mataram os teus profetas,
arrasaram os teus altares, e só eu fi-
quei, e procuram tirar-me a vida.
4 Que lhe disse, porém, a resposta
divina? Reservei para mim sete mil
homens, que não dobraram os joe-
lhos diante de Baal.
5 Assim, pois, também agora, no
tempo de hoje, sobrevive um rema-
nescente segundo a eleição da graça.

Hinos da Harpa: 196 - 535

59
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

INTRODUÇÃO
DEUS AINDA AMA ISRAEL
A maioria dos judeus rejeitou
a Cristo, mas isso não significava
INTRODUÇÃO que Deus rejeitou o Seu próprio
povo. Assim como o Eterno guar-
I. POVO ELEITO dou para si sete mil homens no
tempo de Elias, também existia,
1. Paulo, um israelita Rm 11.1
no primeiro século, um pequeno
2. Deus não rejeitou Israel Rm 11.2 número daqueles que Ele, por
Sua graça, escolheu.
3. Sete mil profetas Rm 11.3,4
Por causa da falta de fé dos
judeus, os gentios em Roma tive-
II. REMANESCENTES ELEITOS ram a oportunidade de aceitar o
1. Israel será salvo Rm 11.5,6 Evangelho.
2. Eleição e rejeição Rm 11.7-9 I. POVO ELEITO
3. Profundo sono Rm 11.8-10
1. Paulo, um israelita. Por
III. BENEFÍCIO AOS GENTIOS mais dura que fosse a página que
o apóstolo acabara de escrever,
1. Graça estendida Rm 11.11,12 nela não imperava a condenação
2. Salvação ofertada Rm 11.13-18 do povo insubmisso ao plano de
Deus. Com efeito, não era Israel
3. Ramos enxertados Rm 11.19-24 em si mesmo que interessa a Pau-
lo. Não há dúvida de que Israel fa-
APLICAÇÃO PESSOAL lhou com respeito à vocação que
Deus lhe fizera. Era essa vocação
que interessava ao apóstolo, não
a desobediência em si.
A questão é saber como a vo-
cação de Israel se manifestará e
como poderá se concretizar no
futuro. É um capítulo da Teo-
diceia que Paulo escreveu para
elucidar o problema das ações
históricas de Deus naquele tem-
po presente.
Não era Paulo autenticamen-
te israelita (Rm 11.1), filho de
Abraão segundo a carne, mem-

60
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

bro da tribo de Benjamim, que se era o suficiente para atestar a


poderia chamar a mais israelita? fidelidade de Deus em relação a
Se houvesse Deus rejeitado seu Seu povo. Elias ficou sozinho, o
povo, não teria escolhido a ele, único a enfrentar um povo rebel-
um israelita, para ser o principal de. Era ele o sinal da fidelidade
cumpridor da missão evangeliza- de Deus contra a infidelidade dos
dora entre os pagãos. Esta esco- homens.
lha era um sinal da fidelidade de A solicitude de Elias faz senti-
Deus à Sua Palavra. do em vista da oração registrada
em 1 Reis 19.10-14, citada por
2. Deus não rejeitou Israel. Paulo.
O povo de Israel foi declarado Deus respondera à oração do
aqui como povo a quem Deus profeta para revelar-lhe seu in-
“... de antemão conheceu...” (Rm tento de não o deixar só: “Ponha
11.2). O conhecimento prévio de parte sete mil homens, com os
não consistia simplesmente em quais promoverás a consumação
“pré-conhecimento” ou de previ- de seus desígnios”. Deus, portan-
são sobre aquilo que aconteceria. to, pode manter sua fidelidade a
Não envolvia a “fé prevista” ou um povo, mesmo quando este se
as “circunstâncias previstas” por reduz a uma simples unidade.
Deus. Antes, um povo é que fora
“previsto” pelo Senhor, o que traz II. REMANESCENTES
consigo a ideia de alguma forma ELEITOS
de amor anterior, de “preocupa-
ção anterior”. 1. Israel será salvo. Em Ro-
Deve-se ter em mente que este manos 11.5,6, Paulo alegou que,
versículo se refere ao interesse como no tempo de Elias houve
amoroso de Deus, à familiaridade sete mil que não dobraram seus
anterior com Israel. joelhos a Baal, no seu tempo
O povo eleito fora “conhecido também havia um pequeno nú-
de antemão”. Em outras palavras, mero de salvos pela graça que ele
os eleitos foram amados de an- chamou de “remanescentes”. A
temão. Assim, o interesse divino teologia do remanescente fiel re-
por eles tem sido uma realidade sume a história de Israel. Sempre
desde a eternidade. se pôde discernir um remanes-
cente, um Israel espiritual den-
3. Sete mil profetas. Deus, tro do Israel nacional. No tempo
então, não rejeitou o Seu povo. de Elias, foram sete mil.
Sua fidelidade em relação a Is- No tempo de Isaías, foram
rael era a fidelidade de Seu amor “alguns sobreviventes”, por amor
(Rm 11.3,4). Apenas uma pessoa de quem Deus ainda se absteve de

61
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

destruir a nação (Is 1.9). Durante


os cativeiros, o remanescente
apareceu entre os judeus como
Ester, Mardoqueu, Ezequiel, Porque todos pecaram
Daniel, Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego. No fim dos setenta
e destituídos estão da
anos do cativeiro na Babilônia, glória de Deus;”
foi o remanescente que retornou (Rm 3.23)
com Esdras e Neemias.
No advento do nosso Senhor,
João Batista, Simeão, Ana e todos O que significa, na prática, esse
que esperavam a redenção de “endurecimento”? Paulo valeu-se
Jerusalém formavam o remanes- de duas citações do Antigo Testa-
cente. Durante a era da Igreja, o mento, ambas referentes a olhos
remanescente é composto de ju- que não veem. Vejamos a seguir.
deus crentes (Rm 11.5).
3. Profundo sono. A primei-
2. Eleição e rejeição. Aquilo ra citação está no versículo 8, e é
que Israel tanto buscava – a jus- uma fusão de Deuteronômio 29.2
tiça –, não conseguiu encontrar. com Isaías 28.10. No primeiro
Pelo menos, não como nação, mas texto, Moisés disse aos israelitas
os eleitos (os remanescentes) en- que, embora eles tivessem teste-
contraram; a saber, aqueles que munhado as maravilhas de Deus,
foram escolhidos pela graça e, Ele ainda não lhes tinha dado um
portanto, justificados pela fé. Os coração para entender, nem olhos
demais (a maioria incrédula de para ver, nem ouvidos para ouvir
Israel) ficaram endurecidos. (Dt 29.4; Rm 11.8-10).
Não há por que duvidar de Do texto de Isaías, Paulo citou
que, com isso, Paulo estava di- apenas a primeira frase, dizendo
zendo que eles foram endureci- que Deus deu ao povo um espíri-
dos por Deus, já que o versículo to de atordoamento, ou seja, uma
seguinte diz que Deus lhes deu completa perda de sensibilidade
um espírito de atordoamento. espiritual que (como o contexto
Assim como o endurecimento deixa bem claro) se constitui um
do faraó e daqueles que ele re- juízo divino. E essa condição, se-
presentava, o que se tinha em gundo Paulo, continua a afligir
mente era um processo judicial, Israel até o dia de hoje.
ou melhor, uma retribuição (Rm A segunda citação, em Roma-
11.7-9), através do qual Deus nos 11.9, é extraída do Salmo 69,
entregou o povo à sua própria que retrata uma experiência de
obstinação. perseguição vivida por um justo.

62
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

III. BENEFÍCIO AOS GENTIOS Ο ciúme é uma força podero-


síssima, embora quase sempre
1. Graça estendida. Paulo fez produza resultados negativos
uma pergunta retórica que ele na vida comum e diária. Entre-
mesmo respondeu (Rm 11.11,12): tanto, Paulo supôs que existe
“Ao tropeçarem, os judeus caíram certa forma de ciúme religio-
para nunca mais se erguerem?”. so que pode trazer benefício
É claro que não. Mas, pela sua às pessoas afetadas. Um ciúme
rejeição ao Messias, a salvação benigno e espiritualmente mo-
alcançou os gentios. Pelo decreto tivado, que procure o benefício
divino assim foi ordenado: que o autêntico da alma, é algo perfei-
Evangelho deveria ser pregado tamente possível.
aos gentios mediante a recusa
dos judeus. 3. Ramos enxertados. A oli-
Os que não eram judeus fa- veira era uma árvore usada no
ziam parte do povo de Deus por- Antigo Testamento para repre-
que Deus rejeitou os judeus que sentar Israel. Um galho de zam-
não aceitaram o seu chamado e bujeiro ou oliveira brava foi en-
colocou os gentios no lugar deles. xertado na oliveira verdadeira.
Paulo usou a figura da oliveira Alguns galhos verdadeiros foram
cultivada (os judeus) e da oliveira quebrados por causa da incredu-
brava (os gentios). lidade e os gentios assumiram
o seu lugar na participação das
2. Salvação ofertada. Israel bênçãos que seriam destinadas a
não rompeu totalmente a sua Israel (Rm 11.19-24).
aliança com Deus. Aqui (Rm Há os ramos originais ou na-
11.13-18), Paulo falou aos gen- turais, os verdadeiros israelitas.
tios, dizendo que se sentia lison- No entanto, alguns deles foram
jeado por ser apóstolo deles. Ele cortados, porquanto, devido a al-
revelou sua esperança de que guma falha da natureza, não con-
alguns de sua própria naciona- tinuaram a derivar sua nutrição
lidade fossem despertados por espiritual da raiz.
ciúmes dos gentios e, assim, fos- Há também os ramos de oli-
sem salvos. veira brava, que representam as
Quando Israel rejeitou a Cristo, nações gentílicas. Ramos esses
a nação perdeu sua posição pri- perfeitamente capazes de serem
vilegiada perante Deus, e o Evan- enxertados na oliveira domes-
gelho foi pregado aos gentios. O ticada e bem cultivada, partici-
esperado era que os judeus se sen- pando, assim, dos benefícios e
tissem enciumados e se voltassem riquezas espirituais das raízes
para Cristo e fossem salvos. da oliveira.

63
Lição 10 - Deus Ainda Ama Israel

Diante disso, os gentios não


deveriam desprezar os judeus. APLICAÇÃO PESSOAL
Também não deveriam ficar or-
gulhosos. Ao contrário, a atitude Deus sempre foi misericor-
correta era temer ao Senhor e dioso para com todos. Ainda não
continuar sempre confiando em fomos consumidos por causa de
Deus, que é bom para com todos. sua misericórdia. Tanto os judeus
Por causa da rejeição dos ju- quanto os gentios crentes em Je-
deus, as riquezas da graça alcan- sus fazem parte do mesmo povo
çaram o mundo gentílico. Imagi- que recebeu as promessas divi-
ne quando os judeus estiverem na nas. Todos somos dependentes de
plenitude das bênçãos. O quanto Cristo, nossa única fonte de vida.
eles abençoarão o mundo!

RESPONDA
Marque V (Verdadeira) ou F (Falso) para cada uma das seguintes afirmações:

1( ) O fato de Deus ter escolhido Paulo, um israelita, da tribo de Benjamim, para ser o
principal cumpridor da missão evangelizadora entre os gentios demonstra que Deus não
rejeitou o Seu povo em definitivo.

2( ) O que chamamos de “teologia do remanescente” tem a ver com o fato de que sem-
pre, na história de Israel, se pode discernir um remanescente espiritual fiel, que o próprio
Deus separa para si.

3( ) A explicação de que, pela queda de Israel, os gentios foram salvos, significa que o
erro dos judeus em rejeitarem Jesus como Messias e Salvador resultou na salvação dos
gentios.

4( ) Os gentios foram incluídos no plano da salvação porque Paulo desprezou os judeus


e acidentalmente pregou aos gentios.

VOCABULÁRIO
Teodiceia: É a justificação da existência de Deus a partir da discussão da existência do mal
e de sua relação com a bondade de Deus.
Elucidar: Explicar, fazer ficar claro e compreensível.
Solicitude: Qualidade de quem vive sozinho; solidão.

64
LIÇÃO 11

LUTA PELA ÉTICA CRISTÃ

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Tomar consciência de seus
Esta é uma aula cujo assunto se privilégios e deveres como cristão.
reveste de extrema importância • Adquirir preocupação ética.
• Respeitar as autoridades
para o cristão. Ao mesmo tempo constituídas, quer sejam secula-
em que é negligenciado por cer- res ou eclesiásticas.
tos segmentos da sociedade. A
ética deve ser buscada com avi-
dez pelo cristão, pois ela é uma PARA COMEÇAR A AULA
das bases de nossa fé. Comece a aula escrevendo no
O que seria do cristianismo sem quadro, em letras grandes: ÉTICA.
os próprios princípios de morali- Peça aos alunos que sugiram sinô-
dade que o distinguem de outros nimos para a palavra e vá anotan-
grupos sociais? Em muitos casos, do com letras menores ao redor.
Em seguida, explique o con-
será apenas a nossa postura ética
ceito de ética e fale acerca da sua
que evidenciará aos incrédulos
importância para a fé cristã. De-
que somos diferentes, em compa- monstre que a fé bíblica é uma fé
ração à má conduta da média das eminentemente ética.
pessoas não cristãs. No Antigo Testamento, a base
Esta poderá ser uma ótima ma- ética estava no Decálogo (os Dez
neira de falarmos de Cristo para Mandamentos). No Novo Testa-
mento, a base está no Sermão do
outros.
Monte.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 70


Ética • Incoformismo • Transformação 1) Sacrifícios de animais mortos
• Autoridades 2) Século – Renovação – Mente
3) Pelo próprio Deus

I
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

LEITURA COMPLEMENTAR
De acordo com a lei, ao sacrificar um animal, o sacerdote deveria ma-
tá-lo, cortá-lo em pedaços e colocá-lo sobre o altar. O sacrifício do animal
morto no altar era um culto a Deus no Antigo Testamento, mas o próprio
Deus disse que obedecer de coração era melhor do que sacrificar. Deus
quer que nos ofereçamos a Ele como sacrifício vivo. Ele não quer mais
sacrifício de animais mortos.
O salvo deve ser sincero ao agradecer a Deus pela salvação. Deve ser
uma gratidão traduzida no amor, na devoção, no louvor, na santidade e no
serviço a Ele. Devemos apresentar a Deus o nosso corpo como morto para
o pecado e como templo do Espírito Santo.
Profetas são homens fiéis, leais que proclamam a verdade divina pre-
dizendo, consolando, edificando e exortando. Os mestres são aqueles a
quem Deus dá a capacidade de ensinar. Os encorajadores e exortadores
sabem motivar os seus ouvintes. Aqueles que repartem são generosos e
dignos de confiança, porque são justos. Os líderes são os bons organiza-
dores e administradores. Aqueles que exercitam misericórdia, demons-
trando bondade, são pessoas atenciosas, que se sentem felizes ao dedicar
seu tempo aos outros.
Nestes versículos, temos dois temas: até o versículo 16, ele fala dos
cristãos e dos que estão na família de Deus e, do 17 ao 21, fala dos cristãos
e dos que estão fora da família de Deus.
VERSÍCULO 9 - O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos
ao bem.
Paulo dá nova guinada no seu ensino. Agora, não mais se trata de fun-
ções diversas repartidas a diversos membros da Igreja, mas de sentimen-
tos e disposições comuns a todos. O cabeça da fila é o “ágape” — o amor
— por causa dele é que o crente responde ao amor de Deus. Como se
poderia viver do amor de Deus e não amar?
O amor é o primeiro fruto do Espírito (Gl 5.22) é ele, por excelência, “a
mente” do Espírito de que falava o capítulo 8. O Espírito e o amor são os
elementos inseparáveis dos tempos inaugurados por Cristo. O amor não
deve ser fingido ou hipócrita. Deve ser demonstrado nas obras, na prática.
Deve ser como Paulo descreve em II Tm 3.1-5.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 123-130).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 11 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda-Feira – Rm 12.1,2

LUTA Culto com inteligência


Terça-Feira – Rm 12.3

PELA ÉTICA Opinião modesta sobre si mesmo


Quarta-Feira – Rm 12.4,5

CRISTÃ Diversidade no corpo de Cristo


Quinta-Feira – Rm 12.9
Sinceridade no amor cristão
Sexta-Feira – Rm 12.21
Texto Áureo O mal é vencido com o bem
“E não vos conformeis com este Sábado – Rm 13.1
século, mas transformai-vos pela Devemos nos sujeitar às autoridades
renovação da vossa mente, para
que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de
Deus.” Rm 12.2
LEITURA BÍBLICA
Romanos 12.1-3
1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas mi-
Verdade Prática sericórdias de Deus, que apresen-
A fé cristã é prática, exigindo
teis o vosso corpo por sacrifício
dos crentes uma conduta
correta diante de Deus e das vivo, santo e agradável a Deus, que
pessoas. é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este
século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que
experimenteis qual seja a boa, agra-
dável e perfeita vontade de Deus.
3 Porque, pela graça que me foi
dada, digo a cada um dentre vós que
não pense de si mesmo além do que
convém; antes, pense com mode-
ração, segundo a medida da fé que
Deus repartiu a cada um.

Hinos da Harpa: 432 - 108

65
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

INTRODUÇÃO
LUTA PELA ÉTICA CRISTÃ
O apóstolo Paulo encerrou
INTRODUÇÃO no capítulo anterior a seção
doutrinária da epístola aos Ro-
I. PRIVILÉGIOS E DEVERES manos. Ele demonstrou como
acertar nosso relacionamento
1. O sacrifício vivo Rm 12.1 com Deus e como permanecer
conectados a Ele; e advogou a
2. Inconformados com o mundo Rm 12.2 livre justiça de Deus contra to-
3. Fé sob medida Rm 12.3 dos os argumentos contrários a
este conceito. Nesta seção, ele
ensina uma vida de fé exercita-
II. ÉTICA PESSOAL da na vida cotidiana, e procura
1. Um só corpo em Cristo Rm 12.4,5 internalizar nos seus leitores os
deveres da vida cristã.
2. A lei do amor expressa Rm 12.6-8 A justiça que emana de Deus
e se reflete na vida cristã numa
3. Outras máximas da ética Rm 12.9-12 experiência que vem de dentro e
se expressa exteriormente. Aqui
III. SUBMISSÃO ÀS AUTORIDADES marca a transição das doutrinas
básicas cristãs para um cristianis-
1. Obedecer às autoridades Rm 13.1
mo aplicado.
2. Resistir às autoridades Rm 13.2
I. PRIVILÉGIOS E
3. Executores da lei Rm 13.3-7 DEVERES
APLICAÇÃO PESSOAL
1. O sacrifício vivo. No pri-
meiro versículo, Paulo começou
com um apelo extremado: “Rogo-
-vos, pois, irmãos, pela compai-
xão de Deus, que apresenteis os
vossos corpos em sacrifício vivo”.
De acordo com a lei, ao sacrificar
um animal, o sacerdote deveria
matá-lo, cortá-lo em pedaços e
colocá-lo sobre o altar ( Rm 12.1).
O sacrifício do animal morto
no altar era um culto a Deus, no
Antigo Testamento. Mas o pró-
prio Deus disse que obedecer de

66
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

coração era melhor do que sacri- inteligência. Essa transformação


ficar (1Sm 15.22). Assim, Deus é de caráter, de consciência. Con-
quer que nos ofereçamos a Ele formando o nosso pensar com o
como um sacrifício vivo. Ele não pensar de Deus, mediante a leitu-
quer mais sacrifícios de animais ra da Sua Palavra e da meditação
mortos. sobre ela.
O salvo deve ser sincero ao Em síntese, devemos permi-
agradecer a Deus pela salvação. tir que os nossos planos, alvos
Deve exercer gratidão traduzida e aspirações sejam determina-
no amor, na devoção, no louvor, dos pelas verdades celestiais e
na santidade e no serviço a Ele. eternas, e não por este presente
Devemos apresentar a Ele o nosso século.
corpo como morto para o pecado
e como templo do Espírito Santo. 3. Fé sob medida. Paulo fez
Nosso culto também deve ser “ra- mais uma advertência. Ele invocou
cional” (gr. logikós), ou seja, um a sua autoridade apostólica, dada
culto consciente, com lógica e in- pela graça de Deus, e disse que não
teligência. devemos saber mais do que nos
convém saber e que não devemos
2. Inconformados com o ter de nós mesmos um conceito
mundo. Paulo advertiu aos seus mais alto do que convém, ou seja,
leitores: “Não vos conformeis não devemos nos achar melhores
com este mundo” (Rm 12.2). Pau- do que realmente somos.
lo quis dizer que: Desta maneira, não devemos
a) Devemos reconhecer que contar vantagem quando so-
o presente sistema mundano é mos agraciados com os dons de
mau e que está sob o controle de Deus. Nem superestimar a nos-
Satanás; sa própria imagem. Devemos
b) Devemos resistir aos pa- ser humildes na nossa autoava-
drões errados do mundo e, em liação.
contrapartida, viver de maneira O orgulho é considerado aqui
exemplar; como uma espécie de loucura.
c) Devemos abominar aquilo Quando os homens procuram
que é mau e amar aquilo que é exibir-se, ao invés de darem gló-
justo; ria a Deus e a Cristo com suas
d) Não devemos ceder aos di- capacidades espirituais, no seio
versos tipos de mundanismo que das próprias igrejas locais cris-
nos apresentam; tãs, isso se constitui numa es-
e) A renovação da mente ou pécie de insanidade espiritual e
entendimento não diz respeito distorção das faculdades men-
apenas à intelectualidade ou à tais (Rm 12.3).

67
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

II. ÉTICA PESSOAL a outras pessoas. A lista que Paulo


deu, aqui, dos dons da graça divina
1. Um só corpo em Cristo. deve ser considerada um exemplo
Paulo usou o exemplo da anato- e não a citação da totalidade deles.
mia e fisiologia humana para ensi- Profetas são homens fiéis, leais,
nar como os cristãos devem viver que proclamam a verdade divina
e trabalhar juntos. O corpo huma- predizendo, consolando, edifican-
no, que é excelente e maravilhosa do e exortando. Os mestres são
combinação de hábeis funções, aqueles a quem Deus dá a capaci-
todas cooperando para formar a dade de ensinar. Os encorajadores
vida física humana, proveu para e exortadores sabem motivar os
o apóstolo Paulo uma ótima lição seus ouvintes.
objetiva. Dentro do corpo huma- Aqueles que repartem são ge-
no, embora existam diversas fun- nerosos e dignos de confiança,
ções, em certo sentido todas elas porque são justos. Os líderes são
são excelentes, e todas têm a sua os bons organizadores e adminis-
respectiva necessidade. tradores. Aqueles que exercitam
Da mesma maneira, seria ex- misericórdia, demonstrando bon-
tremamente ridículo supormos dade, são pessoas atenciosas, que
que qualquer função espiritual seja se sentem felizes ao dedicar seu
tão importante que nos autorize a tempo aos outros (Rm 12.6-8).
desprezar aos outros. Todas essas
funções espirituais são diferentes 3. Outras máximas da ética.
entre si, mas todas são necessárias. O crente deve responder ao amor
Assim como as diferentes funções de Deus com o amor ao próximo.
do corpo, em seu conjunto, são ne- O amor é o primeiro fruto do Espí-
cessárias para produzir a vida físi- rito (Gl 5.22). O Espírito e o amor
ca normal, em que cada função tem são os elementos inseparáveis dos
o seu devido papel a desempenhar, tempos inaugurados por Cristo.
assim também se dá no caso dos O amor não deve ser fingido ou
dons espirituais (Rm 12.4,5). hipócrita. Deve ser demonstrado
nas obras, na prática.
2. A lei do amor expressa. Paulo começou o versículo
Paulo alistou os dons chamados 11 fazendo uma recomendação:
“da graça”. Um dom espiritual “Nunca lhes falte o zelo”. O zelo
pode constituir-se de uma dispo- pelas coisas espirituais. Não deve-
sição interior, bem como de uma mos ser negligentes, desmazela-
capacitação ou aptidão concedida dos, relaxados com a obra de Deus.
pelo Espírito Santo ao cristão, na Sobretudo, nosso zelo não deve
igreja, para edificação do povo de ser amargo, doentio, patológico. O
Deus e para expressar o seu amor zelo do cristão deve ser equilibra-

68
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

do, temperado pelo amor. Assim, Deus. Os discípulos de Cristo não


sirvamos ao Senhor com o cora- desobedeceram às autoridades por
ção cheio de fervor, de entusiasmo meras desafeições pessoais.
e alegria (Rm 12.9-12).
A esperança de que ele falou 2. Resistir às autoridades.
aqui é a esperança na vinda de Je- Quem resiste às autoridades entra
sus Cristo. A tribulação tende a nos em choque com a intenção de Deus.
levar ao desespero e à impaciência, A anarquia deve ser reprimida a
mas devemos ser perseverantes. todo custo no exercício da autori-
Perseverar e não desanimar . dade divinamente outorgada.
Aqueles que resistem ou se
III. SUBMISSÃO ÀS recusam a se submeterem serão
AUTORIDADES chamados para uma prestação de
contas. Deus os avaliará por isso,
1. Obedecer às autoridades. porque a resistência reflete sobre
Paulo começou este capítulo 13 sua pessoa divina.
recomendando que toda pessoa A condenação não inclui neces-
esteja submissa às autoridades sariamente o castigo eterno dado
superiores. O termo autoridade por Deus. Ele pode julgar as pessoas
(gr. exousia) se refere a quem está pelas autoridades humanas que Ele
revestido de poder; a quem são próprio designou (Rm 13.2).
concedidas certas competências
e atribuições. Assim temos as au- 3. Executores da lei. Os ma-
toridades eclesiásticas, as civis gistrados são os executores da lei.
e as militares. Cada autoridade As leis foram criadas para serem
deve exercer o seu poder em sua obedecidas. Quando obedecemos
área de competência. As autorida- à lei, fazemos o certo, fazemos o
des são constituídas pelo próprio bem. Quando desobedecemos a
Deus, pois toda autoridade exerce ela, fazemos o que é errado, fa-
o seu poder com o conhecimento e zemos o que é mau. As autorida-
assentimento de Deus, que possui des são ministros de Deus para o
autoridade suprema (Rm 13.1). nosso bem. Se não houvesse au-
O problema é que muitas auto- toridade viveríamos num estado
ridades não reconhecem o senho- anárquico. É por isso que Paulo
rio divino sobre elas. É por isso que advertiu: “Se fizeres mal, teme”.
existem autoridades profanas, dés- Os gregos representavam a
potas, irreverentes, amorais, mais deusa da justiça por meio de uma
amigas dos prazeres da carne do jovem sentada em vestes talares
que de Deus. Podemos desobede- com os olhos vendados e com uma
cer a uma autoridade? Sim, quan- espada. O nome dela era Artêmis.
do ela nos obriga a desobedecer a Por isso Paulo disse: “Porque não é

69
Lição 11 - Luta Pela Ética Cristã

sem motivo que ela traz a espada”. correto. Cristo disse: “Daí a César
A autoridade é para fazer justiça e o que é de César” (Mt 22.21). Nada
castigar o que pratica o mal. Paulo podemos dever a alguém, a não ser
não parecia estar defendendo nem o amor (Rm 13.8).
justificando a pena de morte ao
transgressor (Rm 13.3-7).
A sujeição às autoridades pelo APLICAÇÃO PESSOAL
cristão não deve acontecer apenas
por ele ter medo de ser castigado Como cidadãos conscientes,
por ela, mas por dever de cons- temos responsabilidades e de-
ciência. O que é esse dever de cons- veres para com a pátria. Como
ciência? Quando eu obedeço às leis cidadãos dos céus, estamos tam-
por ser um cidadão consciente, eu bém identificados com a pátria
mantenho minha consciência lim- celestial. A igreja não é um siste-
pa. Por dever de consciência, de- ma anárquico, sem preceitos ou
vemos pagar também os tributos. normas a serem seguidas.
Sonegar imposto não é justo nem

RESPONDA
1) Que tipo de sacrifício Deus rejeitou porque quer que cada um de Seus filhos se ofereça
voluntariamente a Ele como um sacrifício vivo, santo e agradável?

______________________________________________________________________

2) Complete: Ao dizer que os crentes em Jesus não devem se conformar com este
________________________, Paulo nos desafiou a viver uma transformação pela
________________________ da nossa ________________________, para que experi-
mentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

______________________________________________________________________

3) Todo o exercício da autoridade no mundo deriva o seu poder com o conhecimento e


assentimento de Deus. Isso significa que toda autoridade é constituída por quem?

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
• Internalizar: Tornar um pensamento ou atitude interior ao ser humano.
• Mundanismo: Qualidade do que é pertencente e relativo ao mundo, pecaminosidade.
• Apostolar: Algo referente a um apóstolo de Cristo.
• Anatomia e Fisiologia: Relativo a todo o sistema físico, corpóreo do ser humano.
• Patológico: Relativo à patologia, que é uma doença.

70
LIÇÃO 12
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

FRACOS E FORTES NA FÉ

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Reconhecer como fraco ou
Querido professor! Esta aula como forte na fé.
abordará o espectro de dois extre- • Aprender a promover bons
mos de maturidade na vida cristã. relacionamentos na igreja.
• Anelar pelo desenvolvimento
Trata-se da abordagem paulina a
da fé até à maturidade cristã.
fim de classificar um cristão ini-
ciante na fé, ainda imaturo, e um
cristão maduro, com certo tempo
PARA COMEÇAR A AULA
de caminhada.
A lição também abordará a ne- Comece a aula com uma ence-
cessidade de estabelecermos bons nação. Dois alunos deverão fingir
relacionamentos na vida e na igre- que estão disputando uma “queda
ja, o que nem sempre é uma reali- de braço”. Após 5 minutos de “es-
forço” mútuo, um deles “vencerá”.
dade fácil de ser construída.
O vencedor tomará a iniciativa de
Uma maneira de facilitar a cumprimentar o concorrente. De-
convivência no meio da igreja é monstre aos alunos que, na vida
a conscientização dos cristãos espiritual, também há cristãos que
mais maduros do seu papel como se mostram fracos ou fortes na fé.
orientadores e admoestadores Os fracos são os que precisam
dos iniciantes. Mas tudo deve ser de mais apoio para sustentar sua
feito com humildade, claro! vida espiritual, os fortes são os
mais maduros na fé. Enfatize que
é dever do mais maduro apoiar o
mais fraco, a fim de que este tam-
bém amadureça na fé.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 76


Relacionamento • Maturidade 1) Os fortes e os fracos na fé
• Edificação 2) Ao Senhor Jesus Cristo
3) Princípio da pedra de tropeço

I
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

LEITURA COMPLEMENTAR
Em português, acolher significa dar carinho, ternura, amor, mimo,
atenção. É assim que devemos tratar os novos convertidos, os iniciantes
na fé. Não é para entrar em discussões com eles. Suas opiniões devem
ser respeitadas. O Espírito Santo vai trabalhar na vida deles e mudar as
suas ideias.
O que define uma pessoa não é o que os outros pensam dela, mas é o
que Deus dela pensa. É por isso que ninguém deve julgar ou emitir juízo
de valor a respeito de alguém. Paulo vai mais longe perguntando: “Quem
és tu para julgar o empregado de alguém?” Se ele vai ser vencedor ou
fracassar é da conta de seu patrão. E ele vai vencer porque o Senhor vai
fazê-lo vencer.
Há quem considera um dia mais sagrado que o outro (o fraco); há
quem considera que todos os dias são iguais (o forte). Este último não faz
distinção entre uma comida e outra qualquer que seja o grupo a que per-
tençam seus leitores. A primeira preocupação de Paulo com eles é esta:
“Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente”.
O mais importante é procurar o bem dos outros e não o próprio bem.
A maior responsabilidade cai sobre o cristão que é forte na fé. Ele não
deve fazer coisa nenhuma, mesmo que não seja pecado, que prejudique o
irmão que é fraco na fé.
A partir do versículo 13, a exortação se endereça especialmente aos
experimentados na fé. Nós temos uma responsabilidade especial porque
nosso exemplo pode levar alguns irmãos a nos imitar. A recomendação
é não nos colocarmos na posição de juiz, para julgar uns aos outros, não
colocarmos cascas de banana na caminhada do irmão e não escandalizar-
mos ninguém na fé.
Originalmente, escândalo era o nome da parte de uma armadilha na
qual era fixada a isca. Escândalo, então, fala de certas liberdades cristãs
que provocam impedimento aos outros.
VERSÍCULO 14 - Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma
coisa é de si mesmo imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda;
para esse é imunda.

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 138-146).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 12 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 14.1
FRACOS Acolhei o fraco na fé
Terça – Rm 14.5
E FORTES Unidade em amor
Quarta – Rm 14.7
NA FÉ Vivemos para o Senhor
Quinta – Rm 14.8
Pertencemos todos ao Senhor
Sexta – Rm 14.17
Texto Áureo O Reino de Deus é alegria
“Não nos julguemos mais uns aos Sábado – Rm 14.22
outros; pelo contrário, tomai o Feliz aquele que tem fé autêntica
propósito de não pordes tropeço
ou escândalo ao vosso irmão”
Rm 14.13 LEITURA BÍBLICA
Romanos 14.10-13
10 Tu, porém, por que julgas teu ir-
Verdade Prática mão? E tu, por que desprezas o teu?
Devemos agir motivados pelo Pois todos compareceremos peran-
amor, que é o vínculo de nossa te o tribunal de Deus.
paz.
11 Como está escrito: Por minha
vida, diz o Senhor, diante de mim se
dobrará todo joelho, e toda língua
dará louvores a Deus.
12 Assim, pois, cada um de nós dará
contas de si mesmo a Deus.
13 Não nos julguemos mais uns aos
outros; pelo contrário, tomai o pro-
pósito de não pordes tropeço ou es-
cândalo ao vosso irmão.

Hinos da Harpa: 75 - 340

71
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

INTRODUÇÃO
FRACOS E FORTES NA FÉ
Paulo tratou, aqui, de questões
que estavam causando divisão en-
INTRODUÇÃO tre os cristãos daquele tempo. Nem
todos pensavam e agiam do mes-
I. RELACIONAMENTOS DE FÉ mo modo em relação às questões
de comida e bebida, assim como da
1. Acolhei o fraco na fé Rm 14.1 observância de certos dias sagra-
2. Divisão por comida Rm 14.2-6 dos. Os fortes na fé eram tentados
a desprezar os fracos; e os fracos,
3. Senhor de vivos e mortos Rm 14.7-9 a julgar e condenar os fortes. Pau-
lo mostra que essas diferenças não
II. BOM CONVÍVIO NA FÉ poderiam dividir a comunidade
cristã. Nosso dever é aceitar uns
1. Por que julgas teu irmão? Rm 14.10 aos outros como irmãos na fé. Tam-
2. Tribunal de Cristo Rm 14.11,12 bém não nos compete julgar o ou-
tro, pois quem nos julga é o Senhor.
3. Pedra de tropeço Rm 14.13
I. RELACIONAMENTOS DE FÉ
III. A MATURIDADE CRISTÃ
1. Acolhei o fraco na fé. O
1. Reino e tradições Rm 14.14-17 “débil na fé” ou “fraco na fé”, de
2. Edificação mútua Rm 14.18,19 que Paulo falou, era aquele que
ainda não estava robustecido
3. Por uma fé madura Rm 14.20-23 na fé, o prosélito, ou o neófito, o
novo convertido. A recomenda-
APLICAÇÃO PESSOAL ção do apóstolo era que ele fosse
acolhido. Acolher é aceitar como
a pessoa é ou está. No Hebraico,
a palavra para aceitação é rãsãh,
que significa contentar, gostar,
agradar, ter prazer, aceitar favora-
velmente. Em Português, acolher
significa dar carinho, ternura,
amor, atenção (Rm 14.1).
É assim que devemos tratar os
novos convertidos, os iniciantes
na fé. Não é para entrar em discus-
sões com eles.
Suas opiniões devem ser res-

72
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

peitadas. O Espírito Santo traba- do a indiferença mental. O crente


lhará na vida deles e mudará suas não é livre para pensar o que bem
ideias erradas. Eles, um dia, ama- entender sobre o seu proceder
durecerão. cristão. Portanto, não basta que
uma convicção seja sincera para
2. Divisão por comida. Os que seja plenamente aceitável por
crentes em Roma estavam sofren- Deus. O cristão não é um livre pen-
do influências de correntes filosó- sador. Ele pensa para o Senhor, e
ficas que pregavam restrições ali- este seu pensar deve tomar lugar
mentares. Os seguidores de Orfeu na sua livre maneira de agir.
combatiam a mística dionisiana,
propondo o vegetarianismo e, por 3. Senhor de vivos e mortos.
isso, só se alimentavam de legu- Aqui o apóstolo generalizou. A
mes e vegetais. Com isto, havia vida do cristão está debaixo do
crentes vegetarianos e outros que domínio do Senhor, assim tam-
comiam carne (Rm 14.2-6). bém a sua morte. Como se dava
A questão se resumia no se- com os escravos na antiguidade:
guinte: aqueles que tinham a li- sua vida ou morte eram deter-
berdade interior (criam que po- minadas pelo seu senhor. Há,
diam comer carne) desdenhavam porém, diferenças significativas:
dos que possuíam escrúpulos; e o Senhor dos cristãos adquiriu
estes, por sua vez, seriam levados esse direito sobre a vida e a mor-
a julgar com severidade aqueles. te de seus servos por meio de Seu
Assim, o que define uma pes- próprio sacrifício em favor deles.
soa não é o que os outros pensam Após Sua elevação à destra de
dela, mas é o que Deus pensa dela. Deus, este Senhor exerce o total
É por isso que ninguém deve jul- direito de senhorio (Rm 14.7-9).
gar ou emitir juízo de valor a res- Os cristãos pertencem a Deus.
peito de alguém. Eles vivem para o Senhor e mor-
Paulo desenvolveu ainda uma rem para Ele. Logo, deveriam pro-
ilustração sobre as relações entre curar tudo aquilo que o agrada.
os crentes “fortes” e os “fracos”.
Tratava-se de guardar ou não os II. BOM CONVÍVIO NA FÉ
dias sagrados, presumivelmente
os festivais judeus, fossem sema- 1. Por que julgas teu irmão?
nais, mensais ou anuais. Há quem Uma vez que somente o Senhor
considere, ainda hoje, um dia mais tem o direito de julgar, nenhum de
sagrado que o outro (o fraco); mas nós o possui – nem o “forte”, que
há quem considere que todos os despreza o “fraco”, nem o “fraco”,
dias são iguais (o forte). que é desprezado pelo forte. Cada
Paulo não estava estimulan- qual terá de dar contas de si mes-

73
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

mo a Deus, os “fortes” pela liber- dieta ou devido à observância ou


dade que dizem ter; e os “fracos”, não de dias e festivais religiosos,
pelos escrúpulos que alimentam. evidentemente procuram exaltar
Aqui, o verbo desprezar po- a si mesmos, degradando a seus
deria ser traduzido como me- conservos de uma maneira intei-
nosprezar. A razão é que todos os ramente incoerente com a posi-
cristãos são responsáveis diante ção que têm em Cristo.
do seu Senhor, Jesus Cristo, dian-
te de quem comparecerão um dia. 3. Pedra de tropeço. A par-
Diante do tribunal de Cristo, a tir do versículo 13, a exortação
vida de todo cristão será avalia- se endereçou especialmente aos
da para determinar a cada um a experimentados na fé. Nós temos
sua recompensa (Rm 14.10 ; 1Co uma responsabilidade especial
3.11-15; 2Co 5.9,10). porque nosso exemplo pode le-
var alguns irmãos a nos imitar.
2. Tribunal de Cristo. Um dia A recomendação foi a de não nos
todos no mundo se submeterão à colocarmos na posição de juízes,
autoridade de Cristo. Ele julgará para julgarmo-nos uns aos ou-
todas as pessoas diante do Grande tros. Também não devemos es-
Trono (Ap 20.11-15). candalizar ninguém na fé.
Assim, “não nos julguemos Originalmente, escândalo era
mais uns aos outros” foi o resu- o nome da parte de uma arma-
mo da instrução de Paulo, nos dilha na qual era fixada a isca.
versículos 1 a 12 de Romanos Escândalo, então, fala de certas
14, referente ao comportamento liberdades cristãs que provocam
exigido dos cristãos fracos em impedimento à boa consciência
relação aos fortes, e dos fortes na fé dos neófitos.
em relação aos fracos. O princípio da pedra de tro-
O fato de que, estando nós su- peço nos ensina que devemos
jeitos ao julgamento e ao escrutí- evitar diligentemente qualquer
nio de Deus, dificilmente nos en- ação que faça com que alguém
contramos em posição de julgar cometa um pecado. Assim, em
aos nossos irmãos na fé. Nossos vez de censurar as práticas dos
irmãos serão julgados por um outros, olhemos para a nossa.
Juiz bem qualificado para isso, Devemos ter cuidado para não
o Senhor Jesus Cristo. Ninguém, dizer nem fazer algo que venha
por conseguinte, deveria usur- a causar o tropeço ou a queda de
par a função eterna do grande nosso irmão. Não devemos ofen-
Juiz de todos. Aqueles que ten- der, entristecer nem desanimar
tam usurpá-la, condenando seus a fé uns dos outros e a confiança
irmãos na fé devido a hábitos de em Cristo (Rm 14.13).

74
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

III. A MATURIDADE CRISTÃ bênçãos: ser de Cristo, ser agradável


a Deus e ser aprovado por todos.
1. Reino e tradições. Pau- O crente sintonizado com as
lo ensinou que, em relação aos coisas de Deus procura sempre o
alimentos, nada é impuro em si que traz paz e tudo que o ajuda a
mesmo. Por exemplo: No Concílio se fortalecer e a fortalecer os ou-
de Jerusalém, a Igreja desta cida- tros. Cada pessoa é responsável
de solicitou à Igreja gentílica de pela edificação de todos, e todos
Antioquia que recomendasse aos são responsáveis pela edificação
irmãos daquela igreja que não co- de cada um. A edificação deve ser
messem carne sacrificada aos ído- mútua e recíproca. Não há edifica-
los (At 15.6-29; Rm 14.14-17). ção pessoal que não seja integrada
Paulo estava presente nesse na edificação comum, pois cada
Concílio e aceitou este pedido. pessoa é membro do corpo e todas
Não por ter convicção de que era são membros umas das outras.
pecado comer aquele tipo de carne, Devemos, assim, buscar a paz
mas porque aquela prática pode- mútua. Não podemos edificar, ou
ria ofender a maioria dos crentes ajudar o outro a crescer enquanto
judeus de Jerusalém. Sua atitude, estamos discutindo e sendo conten-
então, foi a de promover a unidade ciosos. Ninguém é tão forte que não
entre os irmãos em Cristo. possa ser edificado; ninguém é tão
Paulo explicou que devemos fraco que não possa edificar outrem.
respeitar uma prática, movidos por Em suma, o cristão deve viver
amor, em razão do significado de e agir em prol da edificação, ou
que ela se reveste para quem a pra- seja, ele deve praticar ações que
tica. Ele concluiu dizendo que não edifiquem (Rm 14.18,19).
devemos fazer com que a pessoa
por quem Cristo morreu se perca 3. Por uma fé madura. Deus
por causa daquilo que comemos. fez todos os alimentos para serem
Para dar um basta nesta ques- comidos, mas não é correto comer
tão de comida, ele advertiu: O reino algo se essa prática faz com que o
de Deus não é questão de comida e irmão se escandalize ou tropece na
bebida, mas de viver uma vida de fé. O que é certo é não comer carne
santidade e paz com todos por meio se um irmão acha pecado comer.
da alegria que o Espírito Santo con- No versículo 22, Paulo recomen-
cede aos salvos em Cristo Jesus. dou que se deve guardar entre o
cristão e Deus aquilo em que se crê
2. Edificação mútua. Qualquer a respeito desse assunto. Feliz é a
pessoa que tem essas três coisas pessoa que é absolvida pela cons-
– justiça, paz e alegria no Espíri- ciência quando faz aquilo que acha
to Santo – tem três outras grandes que deve fazer.

75
Lição 12 - Fracos e Fortes na Fé

O apóstolo esclareceu que quem


tivesse dúvida a respeito do que APLICAÇÃO PESSOAL
come seria condenado por Deus
quando comesse, pois não estaria Para que possamos agradar
agindo por fé. Tal pessoa comeu com a Deus e vivermos em paz e har-
dúvidas e o que não se baseia na fé monia com nossos irmãos, deve-
(aqui como sinônimo de boa cons- mos deixar de lado toda atitude
ciência) é pecado (Rm 14.20-23). julgadora, procurando agir com
Quando um crente faz qual- boa consciência e amor, ajudan-
quer coisa que vai de encontro do com paciência os fracos na fé
àquilo em que crê, ele está pecan- a atingirem o alvo da maturidade
do porque qualquer ação que viola cristã.
a consciência cristã é um pecado.

RESPONDA
1) A atitude polarizada dos cristãos romanos em relação às questões de comida e observân-
cia de certos dias sagrados tinha a ver com dois grupos que se desprezavam e se julgavam
mutuamente. Que nomes Paulo deu a esses grupos?

______________________________________________________________________

2) Quando Paulo defende que ninguém seria qualificado para julgar os irmãos pelo que
comiam ou bebiam, isto porque, um dia, todos eles seriam julgados por um Juiz mais bem
qualificado para isso, a que Juiz ele se referia?

______________________________________________________________________

3) O princípio que nos ensina que devemos evitar diligentemente qualquer ação que faça
com que alguém cometa um pecado pode ser chamado de:

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
• Prosélito: Indivíduo recém-convertido à religião judaica ou cristã.
• Orfeu: Na mitologia grega, era poeta e médico, filho da musa Calíope e de Apolo ou Éagro,
rei da Trácia. Era o poeta mais talentoso que já viveu.
• Mística Dionisiana: Na antiga religião grega, Dioniso era o deus das festas, dos excessos
alimentares e do vinho, mas, sobretudo, da intoxicação que funde o bebedor com a deidade.
Influenciados por esta prática pagã, alguns cristãos de Roma se escandalizavam com seus
irmãos em Cristo que comiam de tudo, assemelhando-se aos devotos de Dioniso.

76
LIÇÃO 13
APLICAÇÕES PARA A VIDA DA
IGREJA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Buscar a unidade cristã no
Esta é a última lição deste tri- âmbito da igreja local.
mestre. Com ela terminamos a • Ajustar seus planos futuros
na perspectiva de seu ministério
carta aos Romanos, escrita pelo
para Deus.
apóstolo Paulo. Nos capítulos fi- • Reconhecer a ajuda recebida
nais de sua epístola, ele trata da para fazer a obra de Deus.
unidade na fé e exemplifica o con-
ceito, agradecendo aos seus cola- PARA COMEÇAR A AULA
boradores na tarefa missionária.
Comece a aula com uma oração em
Com esta atitude, Paulo demons-
conjunto, todos de mãos dadas. Na
trou imensa humildade, pois, ape- oração, o primeiro iniciará com uma
sar de possuir grande autoridade frase curta, enquanto que o seguinte
apostólica, ele reconheceu que continuará a oração com outra frase
não conseguiria fazer a obra de curta, e assim por diante, até que to-
dos tenham falado sua frase.
Deus sozinho.
O último falará sua frase e termi-
Ao agradecer a ajuda recebida nará a oração. Em seguida, escreva
de tantos irmãos em Cristo, ele no quadro a palavra UNIDADE, com
nos ensina que a igreja cristã deve letras grandes. Diferencie unidade
funcionar como um organismo de união. Explique que a unidade
vivo e não meramente como uma abrange comunhão mais abran-
gente e permanente; enquanto que
organização ou simples agrupa- união expressa comunhão apenas
mento social. passageira para um evento ou pro-
pósito específico. O alvo dos cristãos
deve ser a busca pela unidade.

PALAVRAS-CHAVE RESPOSTAS DA PÁGINA 82


Unidade • Esperança • Cooperação 1) Agradar no que é bom
2) Priscila e Áquila
3) Deviam se separar deles

I
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

LEITURA COMPLEMENTAR
Paulo termina as suas instruções aos cristãos em Roma citando pas-
sagens do Antigo Testamento que falam sobre o plano divino de unir os
povos do mundo para criar um só povo de Deus.
Paulo recomenda que devemos acolher uns aos outros, ou seja, nos
aceitar, para a glória de Deus, e o exemplo que devemos seguir é Cristo
que nos aceitou como nós éramos. Cristo se tornou “ministro da circunci-
são”, Isto é, pregou entre os judeus a fim de mostrar que Deus é fiel para
fazer cumprir todas as promessas feitas por Ele aos patriarcas.
O trabalho a que se teve de se entregar até o presente privou o apósto-
lo das oportunidades de uma viagem a Roma, mas o seu desejo era ir até
“os confins do mundo habitado”. Terminada, agora, a sua obra suficiente-
mente arraigada nas regiões orientais do império, pode ele levar a cabo
seu projeto de longa data acariciado - ir a Roma.
Paulo está planejando ir à Espanha, pois este país geograficamente é
a extremidade oriental do mundo conhecido. Ele quer levar a mensagem
poderosa do Evangelho até este país, pois não era expressão de retórica
dele quando falava: “Chegarei com a plenitude da bênção do Evangelho de
Cristo”. Era inconteste que o ministério dele era acompanhado da plenitu-
de da bênção, do poder, da graça e da presença de Cristo.
VERSÍCULOS 30 a 33 - E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus
Cristo’ e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas ora-
ções, por mim, a Deus, para que seja livre dos rebeldes que estão na
Judeia, e que esta minha administração, que em Jerusalém faço, seja
bem aceita pelos santos; afim de que, pela vontade de Deus, chegue
a vós com alegria, e possa recrear-me convosco. E o Deus de paz seja
com todos vós. Amém!

Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora
INOVE - Brasília, 2011, págs. 148-156).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 13 DEVOCIONAL DIÁRIO


Segunda – Rm 15.1
APLICAÇÕES Devemos dar suporte aos fracos na fé
Terça – Rm 15.5
PARA A VIDA Um único sentimento
Quarta – Rm 15.13
DA IGREJA Ricos em esperança
Quinta – Rm 16.17,18
Afastem-se dos escandalosos
Sexta – Rm 16.20
Texto Áureo Deus esmagará Satanás
“E o Deus da esperança vos encha Sábado – Rm 16.27
de todo o gozo e paz no vosso Glória somente a Deus!
crer, para que sejais ricos de
esperança no poder do Espírito
Santo.” Rm 15.13 LEITURA BÍBLICA
Romanos 15.10-13
10 E também diz: Alegrai-vos, ó
Verdade Prática gentios, com o seu povo.
Ninguém faz a obra de Deus
11 E ainda: Louvai ao Senhor, vós
sozinho. Precisamos de apoio
mútuo. todos os gentios, e todos os povos o
louvem.
12 Também Isaías diz: Haverá a raiz
de Jessé, aquele que se levanta para
governar os gentios; nele os gentios
esperarão.
13 E o Deus da esperança vos encha
de todo o gozo e paz no vosso crer,
para que sejais ricos de esperança
no poder do Espírito Santo.

Hinos da Harpa: 46 - 305

77
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

INTRODUÇÃO
APLICAÇÕES PARA A
VIDA DA IGREJA No capítulo 15, Paulo conti-
nuou a falar sobre o relaciona-
INTRODUÇÃO mento entre os fortes e os fracos
na fé. Pediu a seus leitores que
fizessem o possível para preser-
I. UNIDADE GERA MATURIDADE
var a união que eles tinham como
1. Agradando aos outros Rm 15.1-4 irmãos na fé, de modo que todos
seguissem o exemplo de Cristo
2. A unidade glorifica a Deus Rm 15.5-7 Jesus.
Já no capítulo 16, o apóstolo
3. Judeus e gentios unidos Rm 15.8-12
mandou saudações aos cristãos
de Roma, citando o nome de vinte
II. TRANSPARÊNCIA PASTORAL e seis colaboradores. Sete deles
1. Ricos em esperança Rm 15.13-16 são mulheres, algumas das quais
ocupavam posição de destaque
2. Relatório missionário Rm 15.17-21 na comunidade cristã. Paulo não
havia estado em Roma ainda, mas
3. Planos para o futuro Rm 15.22-33 algumas daquelas pessoas ha-
viam trabalhado com ele antes,
III. HONRA AOS COLABORADORES em outros lugares.
1. Saudações fraternas Rm 16.1-16
I. UNIDADE GERA
2. Cuidado com os hereges! Rm 16.17-20 MATURIDADE
3. Palavras finais Rm 16.21-27 1. Agradando aos outros. Os
fortes na fé têm de suportar os fra-
APLICAÇÃO PESSOAL cos. Geralmente as pessoas fortes,
altamente colocadas, bem provi-
das e poderosas, gostam de tirar
partido de sua posição; ao passo
que os inferiores se esforçam por
agradar-lhes, por vezes até ao
ponto do servilismo.
Na Igreja de Cristo é o inverso
que deve ocorrer: os “fortes” se
esforçarão para agradar aos “fra-
cos”. Eis aqui uma revolução que o
amor torna possível: ele gera hu-
mildade (Rm 15.1-4).

78
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

Mas esse esforço por agradar Paulo terminou as suas instru-


ao nosso semelhante não se refe- ções aos cristãos em Roma citan-
re a qualquer circunstância, cla- do passagens do Antigo Testamen-
ro! Paulo diz que devemos agra- to, as quais falavam sobre o plano
dar-lhes no que é bom. Devemos divino de unir os povos do mundo
abdicar dos nossos pensamentos para criar um só povo.
próprios para fazer os outros cres- Paulo recomendou que deve-
cerem na fé. Nossas convicções mos acolher uns aos outros, ou
cristãs não devem servir de empe- seja, nos aceitar, para a glória de
cilho para o fraco na fé crescer. Deus, e o exemplo que devemos
No versículo 3, Paulo disse que seguir é Cristo, que nos aceitou
nem o próprio Cristo procurou como nós éramos (Rm 15.5-7).
agradar a si mesmo. Para mostrar
que isso é verdadeiro, ele citou o 3. Judeus e gentios unidos.
Salmo 69.9, a fim de mostrar que Cristo se tornou “ministro da
as ofensas daqueles que insulta- circuncisão“, isto é, pregou entre
ram a Deus caíram sobre Cristo. os judeus a fim de mostrar que
As Escrituras são da máxima Deus é fiel para fazer cumprir to-
importância para a vida espiritual das as promessas feitas por Ele
do cristão. O conhecimento das aos patriarcas.
Escrituras influencia a nossa vida Jesus trilhou a senda da pro-
espiritual no presente e no futuro. messa antiga e abriu aos gentios
Quanto mais conhecemos como o caminho da misericórdia que
Deus agiu no passado, mais será a os reconduziria a Deus. Davi foi
nossa esperança de como Ele agi- o primeiro a cantar esse louvor
rá nos anos que haverão de vir. A a Deus por parte dos gentios, se-
leitura das Escrituras nos dá espe- gundo o Salmo 18, versículo 49:
rança por meio da paciência e da “Por isso eu te louvarei entre os
coragem que elas nos infundem. que não são judeus e cantarei
louvores a ti”.
2. A unidade glorifica a Cristo, por sua misericórdia
Deus. Sigamos o exemplo de Cris- e graça, acolheu fracos e fortes –
to sabendo que Deus é quem dá particularmente e em maior quan-
paciência e coragem. Ele dá graças tidade os mais fracos, os menos fa-
para vivermos bem uns com os vorecidos, os mais distanciados de
outros para que, juntos, “fortes” Deus. O exemplo vem do alto e é
e “fracos”, como um só corpo, lou- por isso que, na igreja, os mais for-
vemos ao Deus e Pai do nosso Se- tes não são os que fazem valer sua
nhor Jesus Cristo. Nenhuma diver- superioridade, mas aqueles que
gência menor deve comprometer se sacrificam por amor aos fracos
esta unidade na adoração. (Rm 15.8-12).

79
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

II. TRANSPARÊNCIA vidade missionária mais intensa, que


PASTORAL não nos fala o livro de Atos. Isso por-
que Paulo considerava que a fé cristã
1. Ricos em esperança. A se expandia, tendo como centros de
exortação terminou em interces- irradiação os agrupamentos ou co-
são e a obediência do crente foi munidades que ele havia fundado.
assim confiada à graça de Deus. Mas o apóstolo desejava alcan-
Paulo, então, voltou aos assun- çar terras não alcançadas. Estabe-
tos tratados no começo da carta. leceu como princípio de seu zelo e
Escreveu a respeito de si mesmo honra apostólica não passar onde
e dos seus planos de visitar os outros haviam já trabalhado. Não
cristãos em Roma. Ele não fun- que receasse isso por questões
dou aquela igreja e, por isso, não éticas, mas a tarefa era realmente
quis que seus leitores pensassem imensa e urgente. Paulo queria ga-
que ele estava querendo mandar nhar tempo (Rm 15.17-21).
neles. Ele era apóstolo dos não No versículo 21, Paulo citou
judeus e precisava zelar pelo bem Isaías 52.15: “Aqueles que nunca
espiritual deles (Rm 15.13-16). ouviram falar a respeito dele o ve-
O que motivou o apóstolo a es- rão, e os que não tinham ouvido
crever esta carta não foi o desejo de falar sobre ele entendê-lo-ão”.
suprir a falta de conhecimento para
o desenvolvimento espiritual da- 3. Planos para o futuro. O tra-
quela igreja, mas o seu anelo, como balho a que se entregou até aquele
apóstolo dos gentios, de relembrar- momento privou o apóstolo das
-lhes as doutrinas fundamentais oportunidades de uma viagem a
da fé cristã, anunciar-lhes o grande Roma, mas o seu desejo era ir até
desenvolvimento da Igreja na parte “os confins do mundo habitado”.
leste do Império Romano e preparar Terminada, agora, a sua obra sufi-
o caminho para uma visita a eles por cientemente arraigada nas regiões
ocasião de sua viagem até a Espanha. orientais do Império, poderia ele
levar a cabo o seu projeto de ir a
2. Relatório missionário. Foi Roma (Rm 15.22-33).
Cristo que operou e que deu ao Lá esperava travar conheci-
ministério paulino sua maravilho- mento com a comunidade cristã e
sa fecundidade. Ele instituiu a pre- gozar do conforto da acolhida dos
gação do Evangelho e continuava a irmãos. Também aguardava encon-
executá-la através do apóstolo. trar o apoio de que carecia para sua
Paulo disse que pregava o Evan- futura atividade na Espanha.
gelho com poder, sinais e milagres Contudo, o desejo do apóstolo
sob a ação do Espírito Santo. Certa- de ir a Roma não pôde realizar-
mente Paulo desempenhou uma ati- -se de imediato. Ele teve de ir a

80
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

Jerusalém para o serviço dos san- mensões: a vigilância, a separação e


tos, isto é, dos membros daquela o discernimento (Rm 16.17-20).
Igreja. Este serviço consistiu em Primeiro, devemos vigiar em
levar-lhes os fundos por ele arre- prol da doutrina correta. É cla-
cadados na Macedônia e na Acaia, ro que certas divisões, como, por
junto às igrejas de origem gentia. exemplo, as que resultam da nossa
Paulo, então, fez aqui um ape- lealdade a Cristo, são inevitáveis.
lo aos irmãos em Roma para que Paulo advertiu aos cristãos roma-
orassem pela sua viagem a Jerusa- nos a se acautelarem contra certos
lém. Lá, no meio judaico, alguns lhe grupos, pois eles contradiziam o
faziam oposição, e ele queria com- ensino dos apóstolos.
batê-los com a arma da oração. Segundo, o apóstolo aconse-
lhou-os a se separarem daqueles
III. HONRA AOS que se desviavam deliberadamen-
COLABORADORES te da fé. A ordem era para se afas-
tarem deles. Aqueles falsos mes-
1. Saudações fraternas. Nin- tres não tinham o mínimo amor
guém faz a obra de Deus sozinho. por Cristo nem disposição ou de-
É preciso muita colaboração, pois sejo de serem servos Dele, mas
a seara é grandiosa. Febe recebeu a eram centrados em si mesmos.
missão de levar esta carta a Roma E, além disso, exerciam um efeito
e precisava de uma recomendação pernicioso sobre as pessoas.
que a apresentasse aos cristãos de lá. Terceiro, Paulo admoestou os
Priscila e Áquila formavam irmãos para que crescessem em
um casal que havia se tornado discernimento. Em termos gerais,
muito amigo de Paulo. Este casal ele estava muito satisfeito com eles,
acompanhou Paulo a Éfeso, onde mas desejava que fossem sábios em
trabalharam na obra do Senhor. relação ao que era bom e sem malí-
A igreja em Roma congregava-se cia em relação ao que era mau. Ser
principalmente no lar deles. Eram sábio em relação ao que é bom é re-
amigos de Paulo, a ponto de uma conhecer o bem, amá-lo e segui-lo.
vez exporem a vida em favor dele.
Outros colaboradores citados: 3. Palavras finais. Aqui Paulo
Epêneto, Maria, Andrônico, Júnias, acrescentou a saudação aos com-
Amplías, Apeles, Herodião, Nar- panheiros. Se há alguém que me-
ciso, Trifena, Trifosa, Rufo, Asín- recia ser chamado de “cooperador
crito, Hermes, Filólogo, Nereu e de Paulo”, esse era Timóteo. Pe-
Olímpas (Rm 16.1-16). los últimos oito anos, este jovem
obreiro havia sido seu constante
2. Cuidado com os hereges! O companheiro e assumido diversas
apelo de Paulo apontou para três di- missões especiais a seu pedido.

81
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

Agora ele estava pronto para via-


jar para Jerusalém com a oferta APLICAÇÃO PESSOAL
enviada pelas igrejas da Grécia.
Sobre Lúcio, Jason e Sosípatro, Deus abençoa a sua Igreja
pouco sabemos. Paulo permitiu ao quando esta se une para viver a
seu escriba, Tércio, escrever uma vida cristã de modo que lhe agrade.
saudação própria. Em seguida veio Para vencer os obstáculos
um recado do anfitrião de Paulo em mundanos e cumprir nossa mis-
Corinto, Gaio. Mais duas pessoas são evangelizadora é preciso que
completaram a série de mensagens contemos com a ajuda de muitos
enviadas de Corinto: Erasto, tesou- irmãos colaboradores.
reiro da cidade, e Quarto, de quem Isso requererá, também, uma
nada se sabe. Com uma oração de atitude madura com respeito à fal-
louvor a Deus, Paulo terminou a sa pregação de certos grupos que
carta aos cristãos de Roma. Por se distanciaram do verdadeiro
fim, Paulo, concluiu, exaltando a Evangelho.
sabedoria de Deus (Rm 16.21-27).

RESPONDA
1) Paulo disse que devemos nos esforçar por agradar ao nosso semelhante, mas
destacou apenas um parâmetro no qual isso deve ser feito. Qual?

______________________________________________________________________

2) A igreja em Roma congregava-se principalmente no lar de qual casal conhecido de Paulo?

______________________________________________________________________

3) Tendo em vista que os falsos mestres não tinham o mínimo amor por Cristo, mas eram
egoístas, centrados em si mesmos e desviados da fé, que atitude Paulo recomendou aos
cristãos quanto aos mesmos?

______________________________________________________________________

VOCABULÁRIO
• Servilismo: Espírito de servidão, de subserviência; qualidade de servil.
• Infundir: Fazer que (uma ideia, um sentimento, uma maneira de ser) se apresente ao
espírito por associação de ideias; incutir, inspirar.
• Circuncisão: Retirada cirúrgica do prepúcio, praticada por razões higiênicas e/ou religiosas.
• Senda: Caminho.

82
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja

83
Lição 13 - Aplicações para a Vida da Igreja
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