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A história da data que marca o início dos cursos jurídicos no país, tão logo o Brasil

conquistou sua independência em relação a Portugal, ficou evidente a necessidade do


estabelecimento do ensino do Direito em terras tupiniquins.

Devido aos acontecimentos políticos, os estudantes brasileiros que cruzavam o


Atlântico para cursar Direito na Universidade de Coimbra passaram a ser oprimidos e
hostilizados pelos cidadãos da outrora metrópole, e que não estavam habituados com a
recente autonomia de nosso país.

Sendo assim, o deputado José Feliciano Fernandes Pinheiro, conhecido como Visconde
de São Leopoldo, inicia uma discussão, em 14 de junho de 1823, propondo à Assembleia
Constituinte a criação de um curso jurídico no Brasil.

A Assembleia, então, inicia um importante debate acerca dos detalhes necessários


para o estabelecimento do curso, tais como: estatuto, corpo docente, grade curricular,
recursos e, principalmente, sua localização.

Um projeto de lei apresentado em 19 de agosto de 1823 determinava a criação de


duas Universidades: uma em Olinda e outra em São Paulo. A partir deste marco seguiram-se
inúmeras deliberações, sendo que a maioria reclamava para outros lugares a sede do primeiro
curso jurídico brasileiro. Entre as localidades cogitadas pelos deputados estavam Rio de
Janeiro, então capital do Império, Minas Gerais e Bahia.

E os motivos para a instalação nessas cidades eram diversos, como transportes, clima,
comércio e até mesmo o linguajar do local. Em uma infrutífera disputa de reivindicações,
destacou-se a prudente argumentação do deputado Luís José de Carvalho e Mello, o Visconde
de Cachoeira:

"A cidade de S. Paulo é muito próxima ao porto de Santos, tem baratos viveres, tem
clima saudável e moderado e é muito abastecida de gêneros de primeira necessidade, e os
habitantes das Províncias do sul, e do interior de Minas, podem ali dirigir os seus jovens filhos
com comodidade.

O estabelecimento da outra em Olinda apresenta semelhantes circunstâncias, e é a


situação apropriada para ali virem os estudantes das Províncias do Norte".

Acredita-se também que a cidade pernambucana foi credenciada como opção desde o
início devido ao Seminário de Olinda, criado pelo bispo Dom Azeredo Coutinho, em 1789, cuja
excelência das disciplinas ministradas sinalizava um esboço do ensino superior, e que
futuramente foi instalado no Mosteiro de São Bento.

O fato é que findada a discussão, o projeto de lei foi aprovado em 4 de novembro de


1823 e viu sua sanção falir quando, uma semana depois, D. Pedro I dissolveu a Assembleia
Constituinte para outorgar uma nova Constituição, em 25 de março de 1824, enterrando assim
a primeira tentativa de fundação dos cursos jurídicos brasileiros.

Em 9 de janeiro de 1825, um decreto assinado pelo então Ministro do Império,


Estevam Ribeiro de Rezende, reacendeu o debate sobre a instalação de um curso jurídico no
país, determinando, desta vez, a criação de uma Faculdade no Rio de Janeiro.

Apesar de o decreto não ter tido execução, o estatuto escrito pelo Visconde de
Cachoeira para a ocasião não foi perdido, visto que seria adotado posteriormente, com
algumas adaptações (para pior), para reger os dois primeiros cursos jurídicos do Brasil.
Um novo fôlego para a empreitada tomou-se em 1826 quando o deputado Lúcio
Soares Teixeira de Gouveia propõe a revisão do projeto de lei do Visconde de São Leopoldo, o
primeiro documento a abordar a questão.

Novamente, o conflito de opiniões e interesses em relação à localização atrasou a


instalação dos cursos jurídicos e, após acalorada disputa prevaleceu a inicial ideia da criação
em Olinda e São Paulo, como defendeu Francisco de Paula Souza e Mello, considerado
benemérito fundador das Arcadas.

Assim sendo, em 11 de agosto de 1827, foi aprovada a lei que criou os dois primeiros
cursos jurídicos brasileiros.

Em São Paulo, a turma que iniciou os estudos em 1828 graduou-se cinco anos depois,
como haveria de ser, em 1832. Contudo, a primeira turma a formar-se pelas Arcadas não foi a
dos acadêmicos que ingressaram em 1828, mas, sim, seis estudantes brasileiros transferidos
de Coimbra, que concluíram seus estudos em 1831.

Em Olinda, como informa o jurista Clóvis Beviláqua, a instalação do curso, no Mosteiro


de São Bento, aconteceu aproximadamente dois meses após São Paulo, a 15 de maio de 1828.
E a primeira turma de 37 bacharéis em Ciências Jurídicas formou-se em 1832.3

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