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Nota de aula – 3:

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA NO IMPÉRIO

A Proclamação da Independência do Brasil, em 1822, não modificou o panorama


da Educação Nacional. O que se observa no cenário nacional, desde então, é a tentativa
do Poder Público (federal, estadual e municipal) de transformar a realidade através da
lei, o que, via de regra, não trouxe os resultados esperados em virtude da falta de
suporte financeiro, que evidencia a falta de compromisso político dos governantes para
resolver os problemas educacionais estruturais seculares:

 Falta de professores qualificados,


 Salário indigno,
 Precariedade das escolas,
 Falta de material didático adequado...

Deve ser destacado, desse período, o início da legislação nacional:

LEGISLAÇÃO DEFESA

O Decreto, de 1º de março de Que instituiu o Método


1823 Lancaster, conhecido como ensino mútuo,
no qual os estudantes com maior
aproveitamento (monitores ou decuriões)
auxiliavam os demais, cada monitor/decurião
orientava dez colegas;

outorgada em 1824, no seu art. 179, inciso


A Constituição Brasileira XXXII, garante “A Instrucção primaria e
gratuita a todos os Cidadãos”, e

A Lei da Instrução Pública, de


15 de outubro de 1827 que estabelece, no seu art. 1º: “Em todas as
cidades, vilas e lugares mais populosos
haverão as escolas de primeiras letras que
forem necessárias.”.
O Ato Adicional de 1834, que instituiu a Regência Una, no seu art. 10, inciso II,
descentralizou o ensino, mantendo a competência da União para legislar sobre o ensino
superior e atribuindo às províncias a responsabilidade pela escola primária e secundária.

Em 1837, na cidade do Rio de Janeiro, é fundado o Colégio Pedro II, que, sob as
bençãos da Coroa, deveria ser o padrão de escola secundária. Tal intenção, porém, não
se materializou, uma vez que as suas condições de funcionamento eram bem melhores
que as dos colégios das províncias, que careciam, dentre outras coisas, de professores
qualificados. Para diminuir tal deficiência, foram instaladas as escolas normais em
Niterói (1835), Bahia (1836), Ceará (1845) e São Paulo (1846), o que não atendia a
grande demanda. Na República, o Colégio Pedro II continuou a ser referência
educacional a nível secundário para ginásios estaduais e escolas privadas.

A partir de 1840, a economia do Império, antes baseada na produção açucareira do


Nordeste, encontra no café um n novo produto de exportação, estabelecendo uma nova
sociedade, pois as cidades começaram a ocupar um papel de destaque na economia
nacional, em substituição ao campo. A acumulação de capitais deu início à
industrialização, exigindo uma mão de obra apta a lidar com as máquinas,
responsabilidade atribuída à educação. A resposta estatal ocorreu, embora que
timidamente: a maior parte das medidas ficou circunscrita ao Município da Corte. A
criação das escolas normais, apesar de algumas dificuldades – os cursos eram noturnos,
o que implicava a realização de poucas aulas práticas, não havia garantia da
profissionalização, além da má preparação dos professores – permitiu uma discreta
melhoria da qualidade do ensino primário, ainda restrito às aulas de leitura, escrita e
cálculo.

A instrução secundária, cuja responsabilidade pela organização era das províncias,


ainda era marcada pelas aulas régias, o que contribuía para que fosse vista apenas como
um passaporte para o ensino superior, devendo preparar os estudantes aos exames de
admissão. Quanto ao ensino superior, os cursos se restringiam aos: jurídicos, em Olinda
e São Paulo; médicos, na Bahia e Rio de Janeiro; militares, no Rio Grande do Sul, Rio
de Janeiro e Fortaleza; de minas, em Ouro Preto; de marinha e ensino artístico, no Rio
de Janeiro; e de ensino religioso, em 6 seminários.

Entre 1832 e 1850, vários relatórios foram escritos sobre a educação, tendo em
comum os seguintes pontos:

Quadro caótico da educação primária,

Insuficiência do método lancasteriano,

Preocupação com a qualidade dos prédios escolares,

Necessidade de fiscalização das escolas,

Quadro docente muitas vezes despreparado para


desempenhar a contento a sua função.

A Reforma de Couto Ferraz, de 1854, revela a tentativa do Governo Federal de


criar normas que orientassem a educação nacional, ampliadas com o Decreto de
Leôncio de Carvalho, de 1878, o qual precisava da aprovação do Legislativo, motivo
pelo qual Rui Barbosa (1849-1923) elaborou dois pareceres, em 1882:

1. Sobre o ensino secundário e superior; e

2. Sobre o ensino primário e instituições


complementares.

A partir da relação estabelecida entre desenvolvimento econômico, político e social


de algumas nações, com o grau da instrução primária alcançado, o Parecer apontava a
educação como o caminho a ser trilhado na extinção da ignorância que assolava a nossa
pátria, propondo a criação de um Ministério da Instrução Pública. Uma novidade
consistia na defesa da implantação, no Brasil, dos jardins de infância, inspirados
nos kindergardens propostos por Friedrich Fröbel (1782-1852) na década de 1830,
destinados às crianças de 3 a 7 anos.

Leitura Complementar: Friedrich Fröbel: alguns elementos da sua proposta


pedagógica.

A 2ª metade do século XIX foi marcada pela implantação de estabelecimentos de


nível secundário dedicados ao público feminino. Até então, somente uma pequena
parcela da população feminina recebia aulas de primeiras letras, prendas domésticas e
boas maneiras, sendo que um contingente ainda mais reduzido é que tinha acesso ao
estudo de línguas modernas, ciências e disciplinas pedagógicas.

Quanto mais o café gerava riqueza para os fazendeiros paulistas, mais decaía a
importância do açúcar na economia nacional.
É interessante lembrar que essa aristocracia tradicional estava profundamente
ligada à Monarquia, enquanto a emergente aristocracia não tinha vínculos tão profundos
com tal regime, o que contribuiu para que paulatinamente essa desejasse maior
participação nas decisões do Governo, o que levou à fundação do Partido Republicano,
em 1870.
É nesse contexto de mudança que as novas ideias ganham cada vez mais espaço,
notadamente as relacionadas ao Positivismo, cujo maior expoente foi Augusto Comte
(1798-1857). Refutando o pensamento católico conservador, os republicanos defendiam
a posição de que a Ciência deveria guiar os passos da sociedade, imprimindo-lhe o
progresso tão almejado em todos os recantos do País.

Estima-se que, em 1867, apenas 10% da população tinha acesso à escola primária. O
analfabetismo, em 1890, atingia a marca de 67,2%, revelando a falta de zelo do Poder
Público nesse período pela Educação.(ARANHA, 2002, p. 154-155)

Assistiu-se, portanto, desde o final do século XVIII e boa parte do século XIX até a
Proclamação da República, a uma série de medidas isoladas – instituição das aulas
régias, criação das escolas de primeiras letras e escolas normais, reformas
educacionais... – as quais foram insuficientes para elaborar um sistema educacional
nacional.

Leitura: O Império e as primeiras tentativas de Organização da Educação Nacional

Assistir vídeos recomendados

Aplicando o Conhecimento:

1. Quais são os primeiros documentos da legislação educacional nacional? Analise


as determinações de cada um desses documentos e comente.
2. Qual é a importância do Colégio Pedro II na Educação nacional?
3. Conforme os relatórios, como era a situação da Educação nacional, nos
diferentes níveis, em meados do século XIX?
4. O que aconteceu no cenário educacional na 2ª metade do século XIX?
5. Explique a influência do Positivismo na Proclamação da República.

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