Você está na página 1de 32

22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

HISTÓRIA DA
EDUCAÇÃO
UNIDADE 3 – PERÍODOS
HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO
DO BRASIL
Autor: Jair Rodrigues da Silva
Revisora: Maria Da Conceição Fernandes De
França

I N I CI AR

Introdução
Prezados(as) estudantes,

Seguimos avançando em nosso estudo sobre a História da Educação. Nessa terceira
unidade, vamos nos deter sobre o estudo da história da educação brasileira nos períodos
que compreendem o Brasil Império, no primeiro e segundo reinado, passando também
pela República entre 1889 e 1930. Faremos uma pausa na sequência histórica da
educação no Brasil para dar destaque a um importante processo de lutas e conquistas.
Nesta unidade, destacaremos a educação das mulheres em seu processo histórico de
negação de direitos e posteriormente a sua luta e conquistas.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 1/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Seguindo na evolução histórica, vamos da República até o ano de 1964 com as reformas
do ensino profissionalizante e o sistema SENAI/SENAC. Durante esse percurso histórico,
daremos destaque ao manifesto dos pioneiros da educação e à escola nova.

Bons estudos!

3.1. A educação no Brasil Imperial


Veremos nessa seção as principais características do ensino durante o primeiro e
segundo reinado no Brasil Império. Esse período compreende desde a criação da
primeira tentativa de constituição brasileira em 1823, passando pela criação da
Faculdade de Direito no Largo São Francisco e outros períodos históricos pelos quais a
educação no Brasil foi constituída. Nesse sentido, as passagens históricas nos fazem
refletir como esses legados foram se perpetuando no sistema educacional do Brasil.

Prosseguindo pela linha do tempo da História, chegamos ao período do Brasil Império,


que se inicia em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil. A chegada de
Dom João VI e seus inúmeros cortesãos transformou definitivamente a vida nas
sociedades brasileiras, com mudanças amplas desde o Rio de Janeiro a Recife que, de
certa forma, modificaram as vidas pacatas para vivenciar transformações culturais em
suas localidades.

A chegada da família real ao Rio de Janeiro impulsionou a criação de instituições e gerou


um considerável desenvolvimento que, mais tarde, permitiu que o Brasil deixasse a
condição de colônia de Portugal, em 1822. Todavia, é importante considerar o que
motivou a vinda da corte portuguesa ao Brasil.

Com a expansão de Napoleão Bonaparte e seu exército francês, que tinha interesse em
dominar a Europa, a coroa portuguesa se viu ameaçada. Por esse motivo, sob a proteção
da Inglaterra, a corte resolveu “fugir” para sua colônia, isto é, o Brasil, no ano de 1808.

Clique na linha do tempo para uma breve cronologia desse período.
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 2/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Breve cronologia do período

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

1808 1817 1822 1822-1831 1831-1840

1840-1889 1864-1870 1888 1889

Em termos educacionais, a chegada da família real impulsionou o ensino superior


brasileiro com a criação de institutos que visavam atender aos anseios da nova
sociedade brasileira. Assim, o sistema de ensino no Brasil Império contava com três
níveis, o primário, o secundário e superior, a saber: a escola de ler e escrever
(equivalente à primeira etapa do ensino básico), o secundário, obedecendo ao sistema
das aulas régias (equivalente ao ensino médio) e o ensino superior, conforme vemos em
Aranha (2006):

Ao examinarmos os três níveis de ensino nos períodos do


Primeiro e do Segundo Império, notamos as dificuldades de
sistematização dos dois primeiros níveis, por conta dos interesses
elitistas da monarquia, que não se importava com a educação da
maioria da população, ainda predominantemente rural. O ensino
secundário também foi conturbado na medida em que se
configurava propedêutico, portanto, atrelado aos interesses do
ingresso nos cursos superiores (ARANHA, 2006, p. 378).
No contexto educacional, o ensino superior ganhou mais atenção e importância no
período joanino, liderado por Dom João VI, pela intenção de formar, segundo Aranha
(2006), médicos, advogados e engenheiros militares e civis para a defesa e
desenvolvimento da colônia.

Dessa forma, com novos ventos soprando no Brasil colônia, por conta da vinda da coroa
portuguesa, não só as instituições educacionais começaram a surgir, mas também foram
criadas outras instituições, como a instalação da imprensa, de museus, bibliotecas e

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 3/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

academias. Dentre essas instituições, podemos citar: a Biblioteca Nacional, a imprensa


régia, o Banco do Brasil, a Academia Militar e da Marinha e a Academia de Belas Artes.

A criação de tais instituições, portanto, aliada à abertura dos portos, trouxe significativo
desenvolvimento para o Brasil. No entanto, precisamos notar a dependência política e
econômica que o País passou a ter em relação à Inglaterra, devido à proteção
internacional e à tomada de empréstimos que deram início à dívida externa brasileira.

Em 1821, após a derrota de Napoleão e do exército francês, e também por pressões


políticas, a família real retornou a Portugal. Encerrou-se, assim, um período histórico
determinante para a nação brasileira, que poucos anos mais tarde viria a proclamar
independência, deixando de ser uma colônia portuguesa. Evidentemente, o processo
histórico de independência não se deu em pouco tempo; todavia, por conta de sua
herança cultural, a passagem da família real trouxe maior desenvolvimento à sociedade
brasileira.

Sendo assim, quando a família real retornou para Portugal em 1821, Dom João VI deixou
Dom Pedro I como príncipe regente. Foi ele que, em 1822, proclamou a independência do
Brasil, com o histórico grito da independência às margens do rio Ipiranga em São Paulo.

Na fotografia abaixo, vemos o monumento da independência. Esse monumento histórico


está localizado no Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, na cidade de São
Paulo. O monumento guarda em seu interior os restos mortais de Dom Pedro I e de outros
membros da família real.

Figura 1 – Monumento da Independência do Brasil, no Parque da Independência.


Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 29/11/2020.

Dado esse cenário histórico, pensemos agora nas relações educacionais que se davam
nesses três níveis de ensino, elementar, secundário e superior. No primeiro deles, temos
a chamada escola de ler e escrever. Segundo Aranha (2006), o ensino elementar, como
também era denominado, não era prioridade política e era “deixado de lado” pelos
governantes, embora o número de analfabetos fosse muito grande, sobretudo entre a
população escravizada.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 4/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

A Constituição de 1823 contava com o fervor dos deputados que, inspirados pelos ideais
da Revolução Francesa, intencionavam criar um sistema de ensino nacional; mas a
primeira constituição brasileira foi barrada e a Assembleia Nacional Constituinte foi
dissolvida pelo imperador Dom Pedro I. Os deputados, por sua vez, foram presos naquela
que ficou conhecida como a noite da agonia.

Na Constituição nacional posterior, de 1824, foram criados diversos pontos, entre eles: a
instituição de quatro poderes, incluindo o poder moderador, que dava ao imperador Dom
Pedro I plenos poderes. Além disso, outro destaque dessa época foi a consolidação do
Brasil como uma monarquia, o que concretizava a primazia do poder ser passado de pai
para filho, o que viera a acontecer anos mais tarde com a sucessão de Dom Pedro I para
seu filho Pedro II.

Clique no card para saber mais sobre o Dia do Fico.

» Clique na aba para saber mais sobre o assunto

DIA DO FICO

Somente em 1827, segundo Aranha (2006), foi criada uma lei que estabelecia um sistema
de educação, mas que não foi levada a sério pelo governo. Assim, o ensino elementar foi
mais uma vez alvo de descaso no Império, como relata Aranha (2006):

É lamentável notar que, no texto da nossa primeira lei sobre


instrução pública de 1827, havia a seguinte explicitação: “Para as
escolas de ensino mútuo se aplicarão os edifícios, que houverem
com suficiência nos lugares delas, arranjando-se com utensílios
necessários à custa da Fazenda Pública. Os professores que não
tiverem a necessária instrução deste Ensino, irão instruir-se em
curto prazo e à custa dos seus ordenados nas escolas das capitais
[grifo nosso]”. Como consequência, os resultados da experiência
foram medíocres e artificiais, principalmente porque, além de tudo,

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 5/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

esse método se ancorava na atividade de monitores, os próprios


colegas de 10 ou 12 anos, incumbidos de repassar o aprendido aos
demais (ARANHA, 2006, p. 281).
Tratemos agora do ensino secundário durante o primeiro e segundo reinado no Brasil.
Com uma estimativa em torno de 67% de analfabetismo, e com o ensino elementar pouco
ou quase nada efetivo frente à realidade brasileira, o ensino secundário era como um
mundo à parte, isto é, não tinha qualquer comunicação ou continuidade com o ensino
elementar. Também, conforme a pesquisa de Aranha (2006), o ensino secundário, assim
como o elementar, encontrava enormes dificuldades da ordem de recursos de materiais e
físicos até a desorientação referente ao currículo.

Não havia vinculação entre os currículos dos diversos níveis, aliás,


nem se poderia falar propriamente em currículo, em razão da
escolha aleatória de disciplinas, sem nenhuma exigência de se
completar um curso para iniciar outro. Ao contrário, eram os
parâmetros do ensino superior que determinavam a escolha das
disciplinas do ensino secundário, obrigando-o a se tornar
propedêutico, destinado a preparar os jovens para os cursos
superiores (ARANHA, 2006, p. 382).
Dessa forma caminhava o sistema de educação durante o Brasil Império, que parece
remontar às mesmas dificuldades enfrentadas pela educação brasileira, ainda hoje, em
lugares mais periféricos e distantes do nosso país. Aranha (2006) nos alerta a esse
respeito quando cita que, nessa época, graças a uma emenda na Constituição de 1834, a
educação elementar e secundária ficara sob a responsabilidade das províncias que não
dispunham de recursos financeiros e físicos para realizar tão importante tarefa.

O golpe de misericórdia que prejudicou de vez a educação


brasileira veio, no entanto, de uma emenda à Constituição, o Ato
Adicional de 1834. Essa reforma descentralizou o ensino,
atribuindo à Coroa a função de promover e regulamentar o ensino
superior, enquanto às províncias (futuros estados) foram
destinadas a escola elementar e a secundária. Desse modo, a

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 6/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

educação da elite ficou a cargo do poder central e a do povo,


confiada às províncias (ARANHA, 2006, p. 382).
Diante do que refletimos até aqui, o ensino elementar e secundário no Brasil não era
matéria de importância para a coroa portuguesa, visto que a preocupação maior do
governo imperial se voltava ao ensino superior. Vimos também, que para cursar o ensino
superior, os jovens da elite brasileira tinham de ir até a metrópole (Portugal). Nesse
sentido, o curso superior existente na época em terras brasileiras era destinado à
formação de padres, o que evidencia o caráter elitista da educação superior no Brasil.
Apenas anos mais tarde foi criado o curso de Direito no Largo São Francisco, em São
Paulo e em Recife, em 1827. Assim, ambos os cursos passaram à faculdade somente em
1854.

De maneira geral, o sistema de ensino do Brasil Império seguiu essas características; o


ensino elementar e secundário não eram privilegiados pelo governo; e o ensino superior
era destinado à elite, uma vez que ela privilegiava o diploma como status de nobreza e
superioridade, como os padrões da época, por estar distanciado do trabalho braçal, esse
dado aos negros em situação de escravidão, e aos pobres que não tinham acesso ao
ensino superior.

Como podemos observar a partir da pesquisa de Aranha (2006), durante o Brasil Império
os cursos superiores davam o tom de nobreza e o acesso às funções superiores. Nesse
cenário, fica claro a distinção educacional entre os pobres e os ricos, marca que figura
cristalizada em nosso sistema educacional até os dias atuais.

Os cursos jurídicos eram os que mais atraíam os jovens na


segunda metade do século XIX, época de ouro do bacharel, cujo
prestígio vinha sobretudo do uso da tribuna. A camada
intermediária procurava esses cursos, não só para seguir a
atividade jurídica, mas para ocupar funções administrativas e
políticas ou dedicar-se ao jornalismo. Além disso, o diploma
exercia uma função de “enobrecimento”. Letrados e eruditos, com
ênfase na formação humanística, cada vez mais se distanciavam

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 7/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

do trabalho físico, “maculado” pelo sistema escravista (ARANHA,


2006, p. 387).
Na imagem abaixo vemos um dos símbolos da educação erudita e elitista em São Paulo,
a famosa Faculdade de Direito. Esse prédio está localizado no centro histórico da cidade
de São Paulo. Atualmente, o curso de integra a Universidade de São Paulo.

Figura 2 – Pátio do Colégio em São Paulo.


Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 29/11/2020.

Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

3.1.2 Educação das mulheres

Destacamos um tópico especial em nossa disciplina: a educação feminina durante os


anos de colonização e os primeiros reinados no Brasil. De início, já podemos identificar
que a ideia de que as mulheres estavam destinadas a aprender para servir ao lar é
desmitificada pois, como no caso dos homens, isso dependia da camada social em que
ela vivia.

Nesse sentido, a história mostra que a condição de reserva para a mulher aprender como
cuidar do marido e do lar era um ideal apenas restrito às mulheres brancas no Brasil
colonial. Nesse caso, para as mulheres pobres e escravizadas, as condições de vida
eram diferentes, conforme cita Veiga (2007) em sua pesquisa.

Primeiramente, a existência de mulheres brancas no Brasil da época era bastante restrita,


de maneira que o governo teve de intervir nesse cenário:

Todos os historiadores são unânimes em afirmar, no entanto, que


eram muito poucas as mulheres brancas no Brasil nesse período –
e, em consequência, pequenas as chances de um homem
encontrar uma disponível para casar. O fato obrigou o governo a

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 8/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

adotar providências.

Dentre as medidas podem-se citar a reserva de determinados


cargos para homens casados, empecilhos legais para dificultar a
saída de mulheres brancas para conventos do exterior
(estabelecidos por um alvará régio de 1732) e a vinda de mulheres
portuguesas órfãs de boa origem para casar com colonizadores no
Brasil, além de arranjos matrimoniais entre familiares, já a igreja
incentivou a realização de casamentos legítimos por meio de
doutrinação, de devassas e, no caso dos indígenas, dos
aldeamentos (VEIGA, 2007, p. 71).
Para as meninas indígenas havia a preocupação de que algumas pudessem ser
preparadas para os casamentos “legítimos”, consentidos pelas igrejas. As demais eram
educadas nas aldeias, por meio do aprendizado de cantos da cultura cristã, além de
aprenderem ofícios como o de fiandeiras. Por outro lado, quanto às mulheres negras e
mestiças, segundo Veiga (2007), não há registros oficiais, como a autora cita em sua
pesquisa:

Não há estudos sobre iniciativas sistemáticas de educação para


africanas e mestiças escravizadas, mas é possível que tenham
ocorrido. As “negras de tabuleiro” – escravas que vendiam comida
e bebida nos núcleos urbanos – sabiam fazer contas para devolver
troco a quem comprasse seus quitutes. Como aprenderam? Outras
tinham aprendido costura e bordado para ganho de seus
senhores? (VEIGA, 2007, p. 71).
Quando se trata de mulheres livres, entretanto, há mais documentos históricos. As moças
mulatas e pardas, filhas de homens pobres e de mulheres brancas pobres tiveram outras
oportunidades de aprendizado que não os conventos, conforme Veiga (2007).

Ainda, segundo a autora, as profissões da época para as mulheres, excluídas dessa lista
as mulheres brancas das classes mais abastadas, eram as seguintes: costureira,

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 9/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

enfermeira, faiscadora, fiandeira, lavadeira, padeira, quitandeira, vendeira, cozinheira,


doceira, engomadeira, ganhadeira e vendeira.

VOCÊ SABIA?
Entre as profissões das mulheres negras libertas e mestiças havia as
profissões de ganhadeira , que remete ao trabalho que essas mulheres
praticavam, entre eles, o de lavar roupas; trabalhar como amas-de leite,
vender quitutes, peixes e tecidos, além de outros tipos de serviços para
a faiscadora : o trabalho de catar ouro nas gangas (material mineral
sem valor, que pode carregar resíduos de ouro misturado).

Ainda, existiam mulheres que administravam os negócios de seus maridos e que sabiam
lidar muito bem com os negócios, pois sabiam ler e escrever, além de conhecer detalhes
dos trabalhos comerciais, conforme Veiga explica (2007):

Também havia mulheres que administravam bens e negócios

próprios ou de seus maridos falecidos ou em viagem. Nos


inventários pesquisados por Maria Beatriz Nizza da Silva são

referidas várias mulheres proprietárias de sítios e fazendas e


algumas que dirigiam seus estabelecimentos comerciais.

Num processo testamentário, a senhora Ana Queirós e Silva


contesta a nomeação de administradores para o comércio de seu

marido doente. O pedido de nomeação partiu de um sobrinho que


disputava a herança de um “grande armazém”, entre outros bens.

No processo consta que Ana “tem grande inteligência para o


comércio, o qual dirige nos impedimentos de seu marido”. Esses

indícios demonstram que algumas mulheres aprenderam a ler e

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 10/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

escrever na época da Colônia, possuindo além disso, domínio da

escrita comercial e conhecimento acerca de leis. Essa realidade


coincide com o que acontecia na Europa, onde mulheres de classe

média exerceram atividades comerciais junto com o marido ou


individualmente (VEIGA, 2007, p. 73).
O recolhimento para conventos (ainda não eram denominados assim devido à imposição
da Igreja Católica, que era contrária à sua instalação, já que seu desejo era realizar os
casamentos “legítimos”), ocorreu também com mulheres pobres. Segundo Veiga (2007)
isso se deve a fatores como a mendicância e a prostituição, que passaram a ser vistos
como problemas não só religiosos, mas sociais.

Ainda assim, segundo a autora, as mulheres aprendiam ofícios com os quais podiam
trabalhar, isso porque muitas sustentavam suas famílias e mantinham suas casas. Sobre
o recolhimento, Aranha (2006) diz que:

Os papéis femininos eram claramente definidos: “elas têm uma

casa que governar, marido que fazer feliz, e filhos que educar na
virtude”. Para virem a bem desempenhar estas funções, as
meninas deviam ser retiradas das casas paternas, onde sua
formação era descuidada, para serem educadas no recolhimento.

Os vícios da educação doméstica eram descritos pelo bispo de


Pernambuco em torno do conceito de ociosidade (ARANHA, 2006,
p. 329).
No recolhimento, elas deveriam ser instruídas a ler e escrever e aprender outros afazeres
voltados para a vida doméstica porque, segundo a igreja, seu trabalho estava destinado
aos cuidados da casa e da família. Evidentemente, isso nos mostra como a equidade de
educação entre homens e mulheres era distante, e que levaria muito tempo para que as
mulheres pudessem ter seus direitos de educação reivindicados e efetivados.

3.1.3 Maio de 1888, a abolição da escravatura no Brasil

Nesse período, a monarquia perdeu força no Brasil; todavia, antes que ela se
dissolvesse, um importante ato aconteceu na sociedade brasileira: em 13 de maio de
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 11/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

1888, a princesa Isabel assina a lei Áurea e põe fim à escravização no país.

Nesse sentido, precisamos refletir sobre as consequências do dia 13 de maio: o que


aconteceria aos negros e negras, antes escravizados, a partir de 14 de maio de 1888,
conhecido como o “dia seguinte” após a abolição?

A história teve sempre o discurso do homem branco, de modelo europeu, como quem
narra os acontecimentos históricos. Sobre a abolição da escravidão não foi diferente,
conforme afirma Aranha (2006):

A escola tradicional ensinou que a abolição dos escravos foi o


fruto da ação dos abolicionistas (geralmente brancos) e culminou
com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, pela qual a

princesa Isabel outorgou a liberdade aos negros. Por muito tempo,


nenhuma ênfase foi dada à ação de Zumbi e seus companheiros
nos Quilombos dos Palmares nem a centenas de outros gestos de
rebeldia dos escravos, considerados como “irrelevantes”.

Atualmente, os movimentos de conscientização dos negros lutam


para resgatar essa memória, preferindo comemorar a data da
morte de Zumbi, 20 de novembro de 1695 (ARANHA, 2006, p. 19).
É importante relembrar o fato de que, após a abolição da escravatura, a população negra
passou por condições de desemprego e falta de moradia digna, pois sua mão de obra
fora substituída. Essa substituição do trabalho da população negra escravizada iniciou um
longo processo de exclusão social, cujas consequências até hoje são visíveis na
sociedade brasileira.

Vale lembrar que o Brasil, no ano de 1888, foi o último país a abolir a escravidão. Como a
história até então era contada pelo colonizador, como afirma Aranha, (2006) a versão
oficial da história era, ou talvez ainda seja, androcêntrica, contada pela visão masculina, o
que demonstra um cenário de vozes silenciadas. Podemos entender, portanto, que a
abolição e o processo de cerca de 300 anos de escravidão no Brasil não se deram de
forma passiva para os povos negros.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 12/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Concebemos, assim, que houve inúmeras rebeliões contra o sistema escravocrata no


Brasil, como afirmou Aranha (2006). Outro fator que merece destaque é a participação
das mulheres negras. Em uma sociedade em que ter escravos era lei, se a condição dos
homens era ruim, a da mulher geralmente era pior por fatores como não ter direito sobre o
próprio filho, sofrer violência sexual, exclusão social etc. Sendo assim, a autora afirma a
respeito da versão “oficial” da História:

A história é androcêntrica, isto é, feita conforme a visão masculina.


Por isso, a mulher aparece como uma sombra, um apêndice, e até
o começo do século XX seu mundo se restringia aos limites
domésticos, sendo-lhe negada a dimensão pública. Apesar das

conquistas, em muitas partes do mundo ela ainda vive em


condição subalterna (ARANHA, 2006, p. 19).
Se a situação era amplamente desfavorável para as mulheres, podemos dizer que a
situação das mulheres negras era ainda mais vulnerável. Assim, essa discussão tem
como objetivo provocar uma reflexão sobre a história da escravidão no Brasil como um
processo desumano, que deu origem ao racismo estrutural em nosso país.

VOCÊ QUER VER?


Como a discriminação racial se estruturou no Brasil, em particular, no
âmbito da educação. Palestrante: Silvio Almeida - Advogado, professor
universitário, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito (USP),
bacharel em Filosofia (USP), consultor técnico da Federação
Quilombola do Estado de São Paulo, especialista em Direito
Empresarial e Terceiro Setor.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 13/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Teste seus conhecimentos


Atividade não pontuada.

3.2 A educação no Brasil República: a educação na Primeira


República (1889 – 1930)
Passamos agora a falar do Brasil República, primeiramente da República Velha, como
também é conhecido este período histórico marcado pela alternância de poderes entre
paulistas e mineiros, na conhecida política do café com leite.

Esse período se estende de 1889 até 1930, assim, veremos quais os principais
acontecimentos, mundiais e nacionais, que tomaram forma nesse período da sociedade
brasileira. A Revolução Russa de 1917, a Semana de Arte Moderna de 1922 em São
Paulo, a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, e outros acontecimentos
certamente influenciaram os rumos da sociedade e, consequentemente, da educação
brasileira.

Ressaltamos, todavia, que durante esse período a estrutura geral do ensino brasileiro
pouco mudou. Apesar das transformações políticas e culturais citadas anteriormente. A

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 14/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

respeito da educação, a grande contribuição será o Manifesto dos Pioneiros da Educação


que acontece no ano de 1932, como veremos na sequência de nosso estudo.

Clique na linha do tempo para conhecer uma breve cronologia da Primeira República.

Breve cronologia do período da Primeira República

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

1889 1889-1930 1930

Com a queda da monarquia em 1889 e a recente abolição da escravatura, o contexto


histórico da Primeira República tinha como marco histórico um novo período político que
se iniciava no Brasil. Era, sobretudo um tempo de hegemonia política sob influência do
sudeste, principalmente pelos estados de São Paulo e Minas Gerais, como destaca
Aranha (2006):

O período da Primeira República costuma ser também designado


como República Velha, República Oligárquica, República dos
Coronéis, República do Café. Oligarquia significa um governo de

poucos, indicando que a escolha dos governantes não é


propriamente democrática, mas controlada por uma elite.
Dependendo da situação e do lugar, prevalecia ou a influência dos
“coronéis”, ou os interesses dos fazendeiros de café e de
criadores de gado (daí a chamada política café-com-leite, que se

refere à alternância no poder dos líderes paulistas e mineiros)


(ARANHA, 2006, p. 514-515).
Fica evidente que nessa época não havia democracia no Brasil, uma vez que os
presidentes eram escolhidos por poucos, o que ficou conhecida como a política do café
com leite, característica da oligarquia na qual o país estava imerso.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 15/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Nesse sentido, a década de 1920 foi de grandes acontecimentos históricos. No campo


artístico-cultural houve a Semana da Arte Moderna, em 1922, na cidade de São Paulo,
movimento que contou com artistas vanguardistas da época, tais como Mário de Andrade
e Anita Malfatti. Esse movimento, além de criar novos ares na arte brasileira, pretendia
provocar a sociedade para o fim do estrangeirismo, não só no meio artístico, mas também
na sociedade brasileira através do movimento antropofágico, que consistia em valorizar a
cultura brasileira em razão da europeia.

Além disso, o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) trouxe avanços culturais e o
estabelecimento de indústrias brasileiras, o que fez surgir uma nova classe de
comerciantes e industriais, classe que logo se expandiu. Por outro lado, no cenário
político havia o partido comunista brasileiro, liderado por Prestes, e as revoltas
tenentistas que iam contra o poder oligárquico brasileiro.

Sobre esses períodos, Aranha (2006) resume:

A década de 1920, foi fértil em movimentos de contestação. Sob a


influência das greves e da Revolução Russa de 1917 foi fundado o
Partido Comunista do Brasil em 1922, que teve breves períodos de

atuação legal. Daquele mesmo ano até 1927, as revoltas


tenentistas representaram o descontentamento dos segmentos
médios urbanos com a oligarquia dominante. Desses revoltosos
saiu a Coluna Prestes, marcha guerrilheira que percorreu o
território brasileiro de 1924 a 1927, sob o comando de Luís Carlos

Prestes, que posteriormente se tornou líder comunista brasileiro.

No campo cultural, a Semana de Arte Moderna de 22 reuniu


representantes da pintura, escultura, música, arquitetura e
literatura. Os modernistas não só ansiavam por uma nova estética

nacional, desligada das influências europeias, como faziam críticas


à velha ordem social e política (ARANHA, 2006, p. 515).

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 16/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Somado a tudo isso, a crise de 1929, iniciada com a quebra da bolsa de valores de Nova
Iorque, e a consequente decadência dos ramos de café e do leite, fez com que o poder
dos coronéis e barões do café entrasse em declínio. Como afirma Aranha (2006):

A quebra da Bolsa de Nova York em 1929 afetou o mundo inteiro.

No Brasil, desencadeou a crise do café, cujas consequências foram


de certo modo benéficas, por provocar uma reação dinâmica, ao
estimular o crescimento do mercado interno e a queda das
exportações, o que resultou em maior oportunidade para a
indústria brasileira.

A oposição às forças conservadoras da aristocracia rural


recrudesceu com a Revolução de 1930, que aglutinou grupos de
diferentes segmentos sociais e econômicos e de diversas

tendências ideológicas: intelectuais, militares, políticos, burguesia


industrial e comercial, além de segmentos da classe média
(ARANHA, 2006, p. 516).
Com essa revolução, portanto, era chegado o fim da República Velha no Brasil.
Entretanto, no mesmo ano de 1930, houve um movimento que contribuiu de forma
expressiva para a educação brasileira. É o que veremos na Segunda República.

3.3.1 O Manifesto dos Pioneiros da Educação

Um importante marco da história da educação brasileira aconteceu com a chegada do


manifesto dos pioneiros da educação. Esse manifesto defendia uma escola que superaria
a histórica barreira de acesso ao ensino de caráter operacional aos pobres, para que
servissem de mão de obra, e ao elitista e acadêmico para os ricos. A proposta era uma
escola unitária, como vemos em Aranha (2006):

Devido ao clima de conflito aberto, em 1932 foi publicado o


Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, assinado por 26
educadores, entre eles Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. O

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 17/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

documento defendia a educação obrigatória, pública, gratuita e


leiga como dever do Estado, a ser implantada em programa de

âmbito nacional.

Um dos objetivos fundamentais expressos no Manifesto — que


certamente fora redigido sob a inspiração de Anísio Teixeira — era
a superação do caráter discriminatório e antidemocrático do

ensino brasileiro, que destinava a escola profissional para os


pobres e o ensino acadêmico para a elite. Ao contrário, propunha a
escola secundária unitária, com uma base comum de cultura geral
para todos, em três anos, e só depois, entre os 15 e 18 anos, o

jovem seria encaminhado para a formação acadêmica e a


profissional. Entre outras reivindicações, este propósito não foi
acolhido na nova Constituição de 1934 (ARANHA, 2006, p. 553).
Entre as principais lideranças do movimento estava Anísio Teixeira, intelectual e educador
brasileiro, que defendia, sobretudo, uma escola pública e obrigatória para todos. Assim,
as contribuições de Anísio Teixeira foram significativas no processo de democratização do
ensino brasileiro; sua ação junto a outros intelectuais da época, incluindo Fernando de
Azevedo e Cecília Meireles, ajudou a repensar o sistema de ensino no Brasil.

Clique no card para saber um pouco mais sobre a relação de Cecília Meireles com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação.

Cecília Meireles e o manifesto dos pioneiros da educação

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

CECÍLIA MEIRELES

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 18/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Nesse sentido, o Manifesto dos Pioneiros, redigido por Fernando de Azevedo, propunha
uma educação progressista, livre da igreja católica, permeada por políticas públicas
educacionais, que organizassem e fizessem a manutenção de uma escola igual e de
qualidade para todos. Porém, como cita Aranha (2006), a proposta não foi incorporada à
Constituição de 1934.

Mesmo assim, o Manifesto dos Pioneiros da Educação foi um momento que propôs
repensar a educação brasileira, de modo que pudesse alcançar um patamar mais
igualitário, em detrimento da prática cristalizada desde o Brasil Colônia, de proporcionar
educação de qualidade apenas às classes mais abastadas. Nesse sentido, desde o
movimento da Escola Nova muito se caminhou para a melhoria da qualidade na educação
brasileira; mas, sem dúvidas, esse percurso foi construído com a ajuda desse manifesto
histórico.

3.3 A educação e o contexto social brasileiro: entre 1930 e


1964 (Parte I)
Prosseguindo em nossa reflexão histórica pelo século XX, veremos que a década de 1930
trouxe um marco para a educação brasileira com o Manifesto dos Pioneiros da Educação
e a Escola Nova, proposto por vários intelectuais, entre eles Anísio Teixeira e a escritora
Cecília Meireles. É neste ano que Getúlio Vargas inicia seu governo ditatorial. Nesse
sentido, os anos de governo Vargas foram marcados pelo autoritarismo e pelas
influências do nazismo e fascismo que permeavam as práticas e políticas sociais de
Getúlio.

Revolução de 1930

» Clique nas setas ou arraste para visualizar o conteúdo

• Revolução Constitucionalista (1932)


• Estado Novo (1937 - 1945)

REPÚBLICA POPULISTA (1945 - 1964)

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 19/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

3.3.1 O Manifesto dos Pioneiros da Educação

Um importante marco da história da educação brasileira aconteceu com a chegada do


manifesto dos pioneiros da educação. Esse manifesto defendia uma escola que superaria
a histórica barreira de acesso ao ensino de caráter operacional aos pobres, para que
servissem de mão de obra, e ao elitista e acadêmico para os ricos. A proposta era uma
escola unitária, como vemos em Aranha (2006):

Devido ao clima de conflito aberto, em 1932 foi publicado o


Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, assinado por 26
educadores, entre eles Fernando de Azevedo e Anísio Teixeira. O
documento defendia a educação obrigatória, pública, gratuita e

leiga como dever do Estado, a ser implantada em programa de


âmbito nacional.

Um dos objetivos fundamentais expressos no Manifesto — que


certamente fora redigido sob a inspiração de Anísio Teixeira — era

a superação do caráter discriminatório e antidemocrático do


ensino brasileiro, que destinava a escola profissional para os
pobres e o ensino acadêmico para a elite. Ao contrário, propunha a
escola secundária unitária, com uma base comum de cultura geral

para todos, em três anos, e só depois, entre os 15 e 18 anos, o


jovem seria encaminhado para a formação acadêmica e a
profissional. Entre outras reivindicações, este propósito não foi
acolhido na nova Constituição de 1934 (ARANHA, 2006, p. 553).
Entre as principais lideranças do movimento estava Anísio Teixeira, intelectual e educador
brasileiro, que defendia, sobretudo, uma escola pública e obrigatória para todos. Assim,
as contribuições de Anísio Teixeira foram significativas no processo de democratização do
ensino brasileiro e sua ação junto a outros intelectuais da época, incluindo Fernando de
Azevedo e Cecília Meireles, ajudou a repensar o sistema de ensino no Brasil.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 20/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Clique no card para saber um pouco mais sobre a relação de Cecília Meireles com o
Manifesto dos Pioneiros da Educação.

Cecília Meireles e o Manifesto dos Pioneiros da Educação

» Clique nas abas para saber mais sobre o assunto

CECÍLIA MEIRELES

Nesse sentido, o Manifesto dos Pioneiros, redigido por Fernando de Azevedo, propunha
uma educação progressista, livre da igreja católica, permeada por políticas públicas
educacionais que organizassem e fizessem a manutenção de uma escola igual e de
qualidade para todos. Porém, como cita Aranha (2006), a proposta não foi incorporada à
Constituição de 1934.

Mesmo assim, o Manifesto dos Pioneiros da Educação foi um momento que propôs
repensar a educação brasileira, de modo que pudesse alcançar um patamar mais
igualitário, em detrimento da prática cristalizada desde o Brasil Colônia, de proporcionar
educação de qualidade apenas às classes mais abastadas. Nesse sentido, desde o
movimento da Escola Nova muito se caminhou para a melhoria da qualidade na educação
brasileira; mas, sem dúvidas, esse percurso foi construído com a ajuda desse manifesto
histórico.

VOCÊ QUER LER?


Biografia de Fernando de Azevedo, o escritor do Manifesto dos
Pioneiros da Educação. Um importante educador e intelectual brasileiro
que figurou na Academia Brasileira de Letras, nascido em 1894 em
Minas Gerais e falecido em 1974 em São Paulo. Disponível em:
https://www.academia.org.br/academicos/fernando-de-azevedo/biografia
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 21/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

3.3.3 A Reforma Francisco Campos e a Reforma Capanema

Com o franco enfraquecimento do agronegócio exportador e pela demanda de mais


instrução nos centros urbanos no início dos anos 1930, Getúlio Vargas nomeou o
educador e integrante do movimento da Escola Nova, Francisco Campos, para ministro
da educação. Sua atuação deu um novo vigor ao sistema educacional brasileiro, que
possuía os ideais da Escola Nova, embora seu espírito conciliador também admitisse os
interesses de grupos alheios aos ideais dos pioneiros da educação.

Entre 1931 e 1932, o Brasil teve significativas contribuições para o sistema de ensino
após a nomeação do ministro Francisco Campos durante o governo provisório de Getúlio
Vargas. Segundo Aranha (2006), o então ministro, que era adepto do Manifesto dos
Pioneiros da Educação, propôs inovações à educação, o que ficou conhecido como a
reforma Francisco Campos.

A Reforma Francisco Campos contribuiu para o ensino brasileiro oferecendo um plano


nacional de organização de caráter inédito na educação brasileira. Segundo Aranha
(2006), as contribuições dessa reforma foram:

Pode-se dizer que, pela primeira vez, uma ação planejada visava à

organização nacional, já que as reformas anteriores tinham sido


estaduais. Os decretos que efetivaram a reforma Francisco

Campos, além dos que dispunham sobre o regime universitário,

trataram da organização da Universidade do Rio de Janeiro, da


criação do Conselho Nacional de Educação, do ensino secundário

e do comercial. O novo estatuto das universidades brasileiras


propunha a incorporação de pelo menos três institutos de ensino

superior, “incluídos os de Direito, de Medicina e de Engenharia ou,

ao invés de um deles, a Faculdade de Educação, Ciências e

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 22/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Letras”. Esta última, evidentemente, voltava-se para a premente


necessidade de formação do magistério secundário. O ensino

secundário passou a ter dois ciclos: um fundamental, de cinco

anos, e outro complementar, de dois anos, este último visando à


preparação para o curso superior (ARANHA, 2006, n. p.).
Outra reforma que ocorreu anos mais tarde foi a reforma Capanema, durante a ditadura
de Vargas (1937 - 1945), no período conhecido como Estado Novo. O então ministro
Gustavo Capanema instaurou reformas educacionais intituladas Leis Orgânicas de
Ensino. Nessa reforma, foram contempladas importantes mudanças, conforme destaca
Aranha (2006):

A criação do ensino supletivo de dois anos, por exemplo, foi

importante para a diminuição do analfabetismo, atendendo os


adolescentes e adultos que não tinham se escolarizado. Nos

termos da lei, a influência do movimento renovador se fez

presente, estipulando o planejamento escolar, além de propor a


previsão de recursos para implantar a reforma. Também foi dada

atenção à estruturação da carreira docente, bem como à condigna


remuneração do professor. Se a lei despertava otimismo, os fatos,

nem tanto. As inúmeras dificuldades para sua aplicação se deviam,

muitas vezes, à inadequação à nossa realidade. Basta ver que,


apesar da expansão das escolas normais, continuava alto o

número de professores leigos, não formados, e tal índice


aumentou de 1940 em diante.

A Lei Orgânica também regulamentou o curso de formação de


professores. Embora as escolas normais existissem desde o

século XIX, pertenciam à alçada do estado. A partir de então a lei

propunha a centralização nacional das diretrizes. Persistia, no


entanto, a predominância de matérias de cultura geral em

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 23/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

detrimento das de formação profissional, bem como o rígido


critério de avaliação (ARANHA, 2006, p. 539).
Dessa forma, as reformas Francisco Campos e Capanema foram ações importantes para
a formação do ensino brasileiro como conhecemos hoje, contudo ressaltamos o caráter
ainda desigual da educação brasileira. Os índices de analfabetismo, por exemplo, ainda
eram alarmantes no Brasil dessa época.

3.3.4 A Era Vargas (1930 - 1945) e a República Populista (1945 - 1964)

Temos o início da era Vargas com seu governo centralizador e ditador que promoveu um
forte crescimento da indústria nacional, conforme vemos em Aranha (2006):

Desta situação aproveitou-se Getúlio Vargas para se tornar chefe


do governo provisório. A fecundidade de debates no início da

década arrefeceu com o golpe do Estado Novo, que durou de 1937


a 1945. Esse governo, centralizado e ditatorial, sofreu influência

das doutrinas totalitárias vigentes na Europa (nazismo e fascismo).

O forte controle estatal imprimiu o crescimento à indústria


nacional, com incremento da política de substituição de

importações pela produção interna e implantação de uma indústria


de base, como a siderurgia.

Conhecido como “protetor dos trabalhadores”, “pai dos pobres”,


coerente com a tendência autoritária do seu governo, na verdade

Getúlio controlava a estrutura sindical, subordinando-a ao Estado.


Enquanto manipulava a opinião pública pela propaganda do

governo e pela censura, sufocava a oposição com prisões, tortura,

exílio (ARANHA, 2006, p. 516).


Os anos do governo Vargas (1930 a 1945) foram marcado pela postura ditatorial e pelas
ações de caráter centralizado em sua figura. Vargas procurou, durante seu governo, o
“diálogo” com o povo e ficou conhecido como o “pai dos pobres”. Aliás, esse codinome

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 24/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

pode ser justificado por algumas ações de seu governo, como a criação do salário-mínimo
(1940) e da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), em 1949. Essa postura de Vargas,
portanto, foi uma forte característica do Estado Novo.

O fim do governo Vargas, em outubro de 1945, deu início a outro período histórico
brasileiro, a República Populista, que se estendeu até 1964. O governo da Era Vargas,
segundo Aranha (2006), tinha uma “política de massa”, que procurava intervir na
economia de forma a criar várias estatais, entre as quais destaca-se a Petrobrás. É o que
ficou conhecido como o ideal nacionalista de desenvolvimento social e econômico.

O ideal populista e nacionalista dessa época sofreu grande influência dos Estados
Unidos e das empresas multinacionais que se instalaram no Brasil, gerando novas
oportunidades de trabalho, ao mesmo tempo em que geraram mais desequilíbrio
econômico e desigualdades sociais. Sendo assim, Aranha (2006) postula que o choque
de interesses entre o nacionalismo e o capital estrangeiro gerou conflitos decisivos para a
política populista:

O crescimento decorrente da entrada do capital estrangeiro teve


várias faces. Se por um lado ampliou e diversificou o parque

industrial, por outro o imperialismo norte-americano atuou nos

rumos econômicos e também políticos do país. Cresceram as


disparidades regionais, os centros urbanos começaram a inchar,

aumentou a inflação, e as distorções da concentração de renda


agravaram a pobreza.

Depois de Juscelino, a tendência populista expressou-se na


liderança de Jânio Quadros (1961), que renunciou no início do

mandato. Durante o governo de João Goulart (Jango, 1964),


herdeiro político de Vargas, o populismo já se encontrava

desgastado. As forças conservadoras e anticomunistas, temerosas

da instauração de uma “nova Cuba”, depuseram o presidente e


estabeleceram a ditadura militar (ARANHA, 2006, p. 518).
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 25/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Por consequência desses conflitos políticos e econômicos, houve o golpe militar de 1964,
instaurando a Ditadura Militar, que vigorou com mão pesada no Brasil entre 1964 a 1984.

3.4 A educação e o contexto social brasileiro: entre 1930 e


1964 (Parte II)
Nessa seção, falaremos a respeito do Brasil na época da Ditadura Militar e sobre os
processos de educação profissional com a criação dos modelos Senai e Senac.

Finalizaremos a seção abordando a criação da LDB (Lei de diretrizes e bases da


educação) de 1961, a lei 4.024/1961. Com isso, nos aproximaremos dos dias e dos
sistemas de ensino atuais que regem nossa educação.

3.4.1 As reformas do ensino profissional (Senai e Senac)

Em 1909 era crescente a qualificação de mão de obra como forma de suprir as indústrias
que surgiam no Brasil. Nesse sentido, o governo da época decidiu criar ações voltadas
para o ensino profissional, mesmo que esse modelo ainda fosse precário em algumas
regiões do Brasil.

Em 1909, o governo federal criou dezenove escolas de aprendizes

e artífices, uma em cada estado. Devido ao prevalecimento dos


interesses políticos, a dispersão das escolas não resultou da

escolha dos locais mais adequados, uma vez que as indústrias

estavam se concentrando no centro-sul, sobretudo em São Paulo.


Além disso, na maioria delas eram ensinados ofícios artesanais —

como marcenaria, alfaiataria e sapataria — e não os

manufatureiros, requeridos pelo surto industrial que se iniciava. O


Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo era uma das poucas escolas

que procuravam atender às exigências da produção fabril,


oferecendo ensino de tornearia, de mecânica e de eletricidade

(ARANHA, 2006, p. 541).

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 26/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

A criação dessas escolas ainda não atendia a crescente demanda pelo anseio industrial e
pelo desejo do governo em oferecer uma educação que ocupasse o tempo ocioso dos
jovens. Assim, por meio da reforma Capanema, o governo criou o estabelecimento de
dois sistemas de ensino profissional, a saber:

A sistematização desse ensino, porém, só ocorreria em 1942, com

a reforma educacional do ministro Capanema, quando definiu, pela

Lei Orgânica, a criação de dois tipos de ensino profissional. Um


deles, mantido pelo sistema oficial, e o outro, paralelo, pelas

empresas, embora supervisionado pelo Estado. Assim, em 1942 foi


criado o Serviço Nacional de Aprendizagem.

Industrial (Senai), organizado e mantido pela Confederação


Nacional das Indústrias, com cursos para aprendizagem,

aperfeiçoamento e especialização, além de programas de


atualização profissional. Pelo mesmo procedimento, em 1946 — já

após o Estado Novo — surgiu o Serviço Nacional de Aprendizagem

Comercial (Senac). A população de baixa renda, desejosa de se


profissionalizar, encontrou nesses cursos boas condições de

estudo, mesmo porque os alunos eram pagos para aprender


(ARANHA, 2006, p. 541).
Assim, criou-se um modelo de aprendizagem que atendia às camadas mais populares da
sociedade, o que levou os programas Senai e Senac a terem grande destaque na
formação de mão de obra para as indústrias e comércios. Dessa forma, muitos jovens se
profissionalizavam com o anseio de encontrar emprego nas indústrias e comércios da
época, o que culminou em uma crescente oferta de empregos criadas pelas indústrias
nacionais e estrangeiras, sobretudo, por montadoras de automóveis multinacionais
instaladas na região sudeste do Brasil.

Esse crescimento econômico, por sua vez, gerou a migração de muitas pessoas vindas
do nordeste brasileiro e de outras regiões em busca de emprego e melhores condições
de vida. Vale lembrar, todavia, que embora tivesse êxito a criação do sistema SENAI e
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 27/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

SENAC, a contramão desse avanço foi acentuar uma característica persistente em toda a
história da educação: o dualismo entre a formação das elites, que buscavam o ensino
superior com vistas a manter a hegemonia do poder, enquanto o ensino para a mão de
obra voltada às classes populares era diferente.

Sendo assim, era enorme a barreira para que uma pessoa pobre conseguisse cursar uma
universidade pública, o que acentuou o processo excludente da educação brasileira,
mesmo que o número de escolas tivesse crescido em muito, de forma que a expansão do
sistema de ensino ocorresse a olhos vistos.

3.4.2 A LDB de 1961

Para encerrar essa unidade, passamos a nos dedicar ao processo histórico de criação da
LDB, de 1961, retomando o que foi discutido anteriormente sobre o dualismo do ensino
que acentuou o processo excludente da educação brasileira. É importante ressaltar que,
apesar de o número de escolas ter crescido muito, o cuidado reservado à educação
fundamental não era o mesmo das escolas técnicas.

O contexto em que se deu a criação da LDB era de um país sobrevivendo sob os efeitos
de uma ditadura militar que exercia mão pesada sobre todos aqueles contrários ao
regime. Aos que fossem presos pela repressão militar, o tratamento se dava com torturas
físicas e psicológicas. No campo da educação e da arte, muitos foram presos e alguns
fugiram para o exílio.

O educador Paulo Freire foi preso pelos militares e depois enviado para o exílio,
passando por vários países, como Chile, Bolívia e Suíça, retornando ao País apenas em
1980, pelo movimento da Anistia. Foi no período de exílio que escreveu o livro Pedagogia
do Oprimido .

O músico Caetano Veloso foi preso pela ditadura em 1968 e permaneceu 54 dias
encarcerado. Nesse período, ao ver a fotografia do Planeta registrada no espaço pelo
astronauta William Anders, criou a célebre canção Terra . Inúmeras pessoas foram
presas, torturadas e mortas durante os “anos de chumbo”. As perseguições atingiram
intelectuais, professores, artistas e qualquer pessoa que, de alguma forma, fizesse
oposição ao regime militar, período marcado pela frase “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 28/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

O período da ditadura militar ocorreu de 1964 a 1984 e deu espaço à redemocratização.

VOCÊ QUER LER?


Para saber mais sobre o período da ditadura militar no Brasil, pode-se
ler o livro Brasil: nunca mais , de coordenação de Dom Paulo Evaristo
Arns e do Reverendo Jaime Wright. Mais informações sobre a obra
podem ser encontradas em bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/ .

Em relação à criação da LDB de 1961, segundo Aranha (2006), a lei já nasceu defasada,
fruto de inúmeros debates, inclusive de um novo manifesto, semelhante ao de 1932,
convocado por Fernando de Azevedo e assinado por 189 pessoas, o “Manifesto dos
Educadores mais uma vez convocados”, de 1959. Segundo Aranha, a lei apresentava
divergências entre as expectativas e as diferentes realidades do Brasil:

Quando a Lei nº 4.024 (LDB) foi publicada em 1961, já se


encontrava ultrapassada, porque, nesse meio tempo um país

semiurbanizado, com economia predominantemente agrícola,


passara a ter exigências diferentes, decorrentes da

industrialização.

Embora o anteprojeto da lei fosse avançado na época da

apresentação, envelhecera no correr dos debates e do confronto


de interesses (ARANHA, 2006, p. 545).
Em suma, o Brasil ainda precisava de uma legislação educacional que regulasse e
permitisse a garantia de uma educação pública, gratuita e igualitária para todos. Dessa
forma, muito se caminhou para a conquista de uma legislação que contemplasse os
https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 29/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

anseios da sociedade brasileira, no entanto, os avanços aconteceriam mais a frente,


somente em 1988, na Constituição Brasileira, em 1990, com a criação do ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente), e em 1996, com a atual LDB. Esses assuntos, entretanto,
serão abordados na última unidade de História da Educação.

Síntese
Prezados, chegamos ao fim da terceira unidade de nossa disciplina. Aqui vimos os
principais acontecimentos do Brasil Império, iniciado em 1822, ao período de Ditadura
Militar, iniciado em 1964, cujo final será matéria do próximo capítulo de nosso estudo.

Procuramos dar destaque à educação das mulheres no período colonial e início do


Império e à luta dos negros e sua história de exclusão da sociedade iniciada no dia
seguinte ao 13 de maio de 1888, quando foi assinada a lei Áurea.

Demos um breve destaque ao período da Ditadura Militar e te convidamos a conhecer


mais sobre esse período terrível da história brasileira acessando o site do livro Brasil:
nunca mais .

A História é, em si, demasiada complexa para tratarmos de tantos períodos e suas


características, contudo nosso objetivo é olhar para o passado de forma a fortalecer
discursos ou negá-los, não perpetuando injustiças sociais históricas, o que faz parte da
ação de educadores e educadoras conscientes.

SAIBA MAIS

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 30/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

Título : Roda Viva com o intelectual Silvio Almeida


Autor : Silvio de Almeida
Ano : 2020
Comentário : No Roda Viva, a jornalista Vera Magalhães recebe o
filósofo, jurista e professor Silvio doutor em filosofia e teoria do direito pela
USP, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) e da Universidade
Mackenzie, professor visitante da Universidade Duke, nos Estados
Unidos, e presidente da Fundação Luiz Gama. Ele também é autor de
diversas obras sobre filosofia, racismo e consciência de classe, como o
livro ‘Racismo Estrutural’, que discute como o racismo está na estrutura
social, política e econômica da sociedade brasileira.
Onde encontrar : https://www.youtube.com/watch?v=L15AkiNm0Iw

Título : Os desafios de Luiz Gama na luta dos negros por justiça


Autor : Leila Kiyomura
Ano : 2020
Comentário : Apresentamos uma breve biografia do advogado
abolicionista Luiz Gama e sua luta para a abolição da escravatura no
Brasil, um importante personagem da história do Brasil e da cultura negra
pouco conhecido da sociedade brasileira.
Onde encontrar: https://jornal.usp.br/cultura/os-desafios-de-luiz-gama-
na-luta-dos-negros-por-justica/

Referências bibliográficas

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 31/32
22/11/2022 09:53 Unidade 3 – História da educação

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL). Biografia : Fernando de Azevedo. [s. l.],


2017. Disponível em: < https://www.academia.org.br/academicos/fernando-de-
azevedo/biografia >. Acesso em: 21 dez. 2020.

ARANHA, M. L. A. História da educação e da pedagogia : geral e Brasil. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2006.

ARNS; P. E. Brasil: nunca mais. [s.l.]: Vozes, 1985. Disponível em: <
http://bnmdigital.mpf.mp.br/pt-br/ >. Acesso em: 21 dez. 2020.

‍HISTÓRIA da discriminação racial na educação brasileira - Silvio Almeida - Escola


da Vila 2018 . Postado por Centro de Formação da Vila. (1h. 48min. 06s.). son. color.
port. ou leg. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=gwMRRVPl_Yw >.
Acesso em: 21 dez. 2020.

VEIGA, C. V. História da Educação . São Paulo: Ática, 2007.

https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?lc=J1bZweyOOeQ72HCf5GZyPA%3d%3d&l=VXFBZPYuR2dBdHZj5JZh2w%3d%3d&cd=jH7ghuKKRQ… 32/32

Você também pode gostar