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POLÍTICA E 1

ORGANIZAÇÃO DA
EDUCAÇÃO

Apontamentos históricos

Ensino Continuado Emergencial – 2020-5


Profa. Liz Paiva – UFRRJ
Profa. Liz
Ensino Continuado Paiva – UFRRJ
Emergencial – 2020-5
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Da Colônia ao Império:
séculos XVI ao XIX
➢ Período Colonial (1549 -1822)
• 1808 – Chegada Família Real
• 350 anos de escravidão

➢ Período Imperial (1822 – 1889)

Mapa do império marítimo espanhol e português, publicado em 1623. A extensão


do império colocava desafios à administração colonial.
Fonte: <https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/brasil-colonia.htm>. Acesso
em: 28 set. 2020).
A chegada da escola ao Brasil
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Primeira missa no Brasil, de Victor Meirelles


Fonte: Disponível em: <https://www.museus.gov.br/a-primeira-missa-no-brasil-de-
victor-meirelles-chega-a-brasilia-para-exposicao/.>Acesso em: 28 set. 2020).

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Elitismo e exclusão 4
✓ Nobreza e a burguesia em aliança comercial por volta de 1500
aportando no Brasil;

✓ Cenário externo com reformas religiosas do século XVI: a reforma


protestante levada a cabo por Martinho Lutero (1517) e a
contrarreforma da Igreja Católica, mediante a convocação do
Concílio de Trento (1545-1563);

✓ Novo Mundo – chegada dos Jesuítas ao Brasil inaugurando a


escolástica;

✓ Método de ensino consubstanciado no Ratio Studiorum;

✓ Criação da primeira escola brasileira em Salvador – Bahia – 1549


com a participação de Manuel da Nóbrega (sacerdote jesuíta
português) sob a esquadra do primeiro governador-geral, Tomé
de Souza.
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Elitismo e exclusão
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✓ Doutrinação e salvação “ameríndios”; os curumins (crianças);

✓ Institui-se como língua oficial - o português;

✓ “O tupi-guarani era o maior idioma nativo do Brasil colonial”.


✓ Criação da Companhia de Jesus (1534) por Inácio de Loyola.
✓ A educação jesuítica exerceu controle por 210 anos (1549-1759)
na educação colonial;
✓ Em seguida os jesuítas foram expulsos dos domínios portugueses
acusados de ensinar a escolástica e impedir o desenvolvimento
de Portugal por meio da ciência experimental moderna.

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A reforma pombalina 1759: 6
ensino primário e secundário
entre a escolástica e a ciência

✓ Carta real ordenado o fechamento dos colégios jesuítas e em seu


lugar a criação de aulas régias de gramática (portuguesa, latina e
grega), retórica e filosofia;
✓ Legado após a expulsão dos Jesuítas por volta de 1759 (20 anos
depois): Rede de escolas de primeiras letras, colégios, seminários e
missões.
✓ Esse processo resultou em um ensino híbrido, coexistindo
precariamente o ensino escolástico e o ensino científico.

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Império: a independência política e
7
a manutenção do dualismo
(1822- 1899)
✓ Permanência da tríade: escravidão, latifúndio, monocultura);
✓ Valorização da elite por meio do título de “doutor” em Direito ou
em Medicina;
✓ 1ª. Constituição, outorgada em 1824 (manutenção das relações
sociais – escravos não eram cidadãos);
✓ Aprovação da Lei das Escolas de Primeiras Letras, em 15 de
outubro de 1827, determinava ainda a adoção do ensino mútuo.
✓ Em 1833 observa-se a ineficiência do sistema de ensino mútuo,
sendo proibido ao fim do mesmo século;

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Elitismo e exclusão: o dualismo 8
que perdura até hoje

Parece-nos que a dualidade ali estabelecida entre os dois mundos


veio marcando a nossa formação socioeconômica ao longo dos
séculos, em cada época como sujeitos históricos distintos. Saímos da
Colônia, mas não ingressamos na República: tivemos de pagar um
“pedágio” com a inauguração do Império, que não pôs fim à
escravidão, tampouco aos demais traços estruturais que marcavam

a nossa formação histórica: latifúndio e monocultura (FERREIRA JR.


2010, p.10).

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Uma lei para o ensino elementar 9

✓ Lei nº. 16 (Ato Adicional de 1834) descentralização dos gastos com


a educação e a centralização das políticas educacionais
pedagógicas;
✓ Crise de estagnação econômica (atividade agroexportadora da
cana-de-açúcar e depois com o ciclo minerador).

Situação da educação primária em 1867


População brasileira População em idade Matrículas nas escolas
escolar primárias
Mais de 8 milhões Cerca de 1,2 milhão 107 mil

Fonte: Ferreira Jr. (2010, p.44)


9
Criação do Colégio D. Pedro II em 10
1837: a dualidade continua...

Colégio Pedro II e Igreja de São Joaquim (1856), Litographia Imperial de Eduardo Rensburg
Fonte: <https://diariodorio.com/historia-do-colegio-pedro-ii/.>. Acesso em 28 set. 2020. 10
Criação do Colégio D. Pedro II em 11
1837: a dualidade continua...
✓ [...] única instituição escolar imperial que conferia o diploma
de bacharel em ensino médio, ou seja, o pré-requisito
formal básico para os candidatos aos cursos de Direito e
Medicina (FERREIRA JR, 2010, p.44).

✓ A educação das elites econômicas e políticas processava-


se a partir da seguinte trajetória educacional: escola
primária, bacharelado secundário, realizado no Colégio D.
Pedro II ou por meio dos exames parcelados, e os cursos
superiores de Direito ou Medicina (FERREIRA JR, 2010, p.46).
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República: mas não
“res publica (coisa pública)”

➢ Período Republicano (1889...)

https://www.portalmorada.com.br/o-
grupo/lexmidia/73219/aprenda-a-
restaurar-e-preservar-livros-antigos

https://www.portalmorada.com.br/o-
grupo/lexmidia/73219/aprenda-a-
restaurar-e-preservar-livros-antigos
Parte do período republicano 13
1889-1930 – 1930 -

✓ O regime republicano instaurado em 15 de novembro de 1889;

✓ Primeira Constituição Republicana em fevereiro de 1891;

✓ “Ordem e Progresso” na bandeira do Brasil – indicava uma nova

educação seguindo os princípios da filosofia positivista;

✓ Investida da Igreja Católica no ensino secundário;

✓ Precarização da educação primária pelo poder público.

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Um destino para as franjas 14
da sociedade
✓ Lei 1.606, de 12 de agosto de 1906: o ensino profissional tornou-se
incumbência do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio.
✓ Decreto nº 7.566, de 23 de setembro de 1909: cria 19 Escolas de
Aprendizes e Artífices;
✓ Decreto 8.319, de 20 de outubro de 1910: o governo de Nilo
Peçanha regulamenta o ensino agrícola em todos os seus graus e
modalidades. Cria ainda a Escola Superior de Agricultura e
Medicina Veterinária (ESAMV), no Rio de Janeiro.
✓ Em 1914: reforma aprovando o regulamento da Instrução Primária
e Secundária do Município da Corte.
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Os anos de 1930: crise e
populismo
✓ Em ascensão o capitalismo industrial;

✓ Período de 1930 a 1937 marcado por disputas e questões sociais


na educação com o protagonismo dos “pioneiros” da
educação e os conservadores;

✓ Criação do Ministério do Trabalho e o Ministério da Educação e


da Saúde Pública em 1930;

✓ Reforma Francisco Campos (1931);

✓ 1932 - Manifesto dos Pioneiros da Educação Nacional propondo


escola pública, laica, universal e gratuita de período integral
para todas as crianças de 7 a 15 anos de idade.
Os anos de 1930: crise e
populismo

✓ Constituição em 1934 que pela primeira vez, faz referência


às Diretrizes Educacionais. Passa a obrigar empresas
industriais e agrícolas a fornecerem o ensino gratuito de
grau primário, caso existissem entre os funcionários um
mínimo de dez analfabetos.

✓ Constituição em 1937 oficializa o ensino profissionalizante


como sendo destinado às classes menos favorecidas,
devendo ser ofertada pelo Estado.
Reforma Capanema nos
anos de 1940
Reforma de Gustavo Capanema (1942): Leis Orgânicas de
Ensino

➢ 1942 – Ensino Secundário e

Ensino Industrial

➢ 1943 – Ensino Comercial

➢ 1946 – Ensino Primário,

Ensino Normal e

Ensino Agrícola
Estrutura do ensino primário
e secundário
✓ Lei nº 1.076, de 1950, assegura aos concluintes do primeiro ciclo
do ensino agrícola, industrial ou comercial o direito à matrícula
nos cursos clássico e científico do ensino secundário, mediante
prestação de exames nas disciplinas não estudadas no primeiro
ciclo do curso secundário.

✓ Lei nº 1.821, de 1953, chamada (Lei da Equivalência)


permitiu aos concluintes dos cursos técnicos continuar estudos
acadêmicos nos níveis superiores, relacionados com a habilitação
técnica obtida.

✓ Equivalência entre todos os ramos de ensino (vitória do setor


privado sobre o movimento dos educadores);

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Lei 4.024 - 1ª LDB em 1961
✓ A Lei definiu os fins gerais da educação, assegurando o direito à
educação e criou o Conselho Federal de Educação, que passou
a funcionar a partir de fevereiro de 1962.

Escola Fernando Ferrari em Alegrete Rio Grande do Sul


Fonte: Disponível em:<https://prati.com.br/alegrete/alegrete-escola-
fernando-ferrari-decada-1960.html>. Acesso: 20 set. 2020. 19
Cenário político e
econômico no Brasil –
década de 1960
✓ (Convênio CONTAP II - MINAGRI/USAID) - Os estabelecimentos
de ensino agrícola buscaram adequar sua estrutura pedagógica
às demandas dos conglomerados industriais.

A campanha presidencial de 1960 no Brasil


Fonte: Disponível em: < https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/album >. Acesso em 28 set. 2020.
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Entra em vigor outra
Constituição: em1967
➢ Ato Institucional n°5, de 13 de dezembro de 1968;

➢ Ditadura civil militar, fonte de repressão e autoritarismo;

➢ Década de 1970 - desenvolvimento econômico como a


solução para o Brasil.

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Estrutura do ensino primário
e secundário
Instituído pelo Decreto nº 19.890 em 1931 e complementado pelo
Decreto/Lei nº4. 244 de1942 foi criada a Lei Orgânica do
Ensino Secundário, que vigorou até 1971.

✓ O ensino primário era compreendido por quatro anos

✓ Já o ensino secundário possuía duração de sete anos,


organizado em ginásio, com quatro anos de duração, e colegial,
com três anos.

✓ Para o ingresso no ensino secundário (ginásio) era necessária a


aprovação em um exame de admissão.

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Mudanças do ensino
primário e secundário
Com a lei n° 5.692/71 a estrutura do ensino foi alterada:

➢ o ensino primário e o ensino secundário referente ao (ginásio)


foram unificados, dando origem ao primeiro grau com oito anos
de duração;

➢ Já o ensino secundário referente ao (colegial) transformou-se em


segundo grau, ainda com três anos de duração.

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Mais mudanças com a
Lei n° 5.692/71
✓ Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação
artística, e programas de saúde como matérias obrigatórias do
currículo, além do ensino religioso facultativo (art. 7);

✓ Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas


(art. 43 e 79);

✓ Os municípios devem gastar 20% do seu orçamento com


educação, não prevê dotação orçamentária para a união ou
estados (art. 59);

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Linha de mudanças no
ensino médio
LEI 5.692 – 1971
Imposição da profissionalização obrigatória

LEI 7.044- 1982


Revoga a obrigatoriedade

DECRETO 2.208/1997
Reacende a divisão Educação Geral e Profissional

DECRETO 5.154/2004
Autoriza o Ensino integrado
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Linha de mudanças com a
Redemocratização do Brasil

✓ Promulgada a Constituição Federal e 1988;

✓ Movimentos sociais eclodem;

✓ Lei 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional).

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O que a LDB/1996 trouxe
para a educação no Brasil?

✓ Lemas e dilemas: os ataques e as ameaças à educação pública,


gratuita e de qualidade.

Como podemos participar do processo de democratização da


educação no Brasil?
Vamos refletir?

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Referências:
BRASIL. Constituição de 1988. Constituição da República Federativa do Brasil.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Seção 1, p. 1
- 5/10/1988.

______ Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e


Bases da Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, nº 248, Seção 1, p. 27.833, 23 dez. 1996.

______. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Brasília, DF – Seção Seção 1 - 27/12/1961, p. 11429.

CIAVATTA, Maria. A historicidade das reformas da educação profissional.


Cadernos de Pesquisa em Educação - PPGE/UFES, Vitória, ES. a. 11, v. 19, n. 39,
p. 50-64, jan./jun. 2014. Disponível em:
<file:///C:/Users/User/Downloads/10246-25657-1-SM.pdf>. Acesso em
08 abr.2017.

FERREIRA JR, AMARILIO. História da Educação Brasileira: da Colônia ao século XX .


São Carlos : EdUFSCar, 2010. 123 p. -- (Coleção UAB-UFSCar).

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