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Rev Bras Psiquiatr 2003;25(3):177-83

Hipótese glutamatérgica da esquizofrenia


Glutamatergic hypothesis of schizophrenia
Rodrigo A Bressana, b e Lyn S Pilowskyb
a
Departamento de Psiquiatria, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, SP, Brasil. bSection of Neurochemical Imaging, Institute of
Psychiatry, King’s College London. London, UK

Resumo A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico devastador cuja fisiopatologia ainda está para ser esclarecida.
Apesar de uma disfunção dopaminérgica estar bem estabelecida na esquizofrenia, há uma série de evidências
sugerindo o envolvimento do sistema glutamatérgico na fisiopatologia do transtorno. Este artigo faz uma breve
revisão de alguns aspectos básicos do funcionamento dos receptores glutamatérgicos com ênfase nos receptores
N-metil-D-aspartato (NMDA). Apresenta evidências científicas sugerindo uma disfunção do sistema
glutamatérgico na esquizofrenia (hipofunção de receptores NMDA). E discute as interações entre os sistemas
dopaminérgico e glutamatérgico; mais especificamente como os estados hiperdopaminérgicos encontrados na
esquizofrenia podem estar associados a uma alteração glutamatérgica.

Descritores Glutamato. Receptores NMDA. Esquizofrenia. Dopamina.

Abstract Schizophrenia is a devastating psychiatric disorder whose pathophysiology has not been fully clarified yet.
Although dopamine dysfunction in schizophrenia is unequivocal, there are many evidences suggesting the
involvement of the glutamatergic system. This paper briefly describes some basic knowledge regarding the
functioning of the glutamatergic receptors with emphasis on the N-methyl-D-aspartate (NMDA) receptors.
Presents evidence for glutamatergic dysfunction in schizophrenia, more specifically NMDA receptor
hypofunction. Finaly the paper discusses the interaction between the dopaminergic and the glutamatergic systems;
in special how hyperdopaminergic state found in schizophrenia can be associated to glutamatergic dysfunctions.

Keywords Glutamate. NMDA receptors. Schizophrenia. Dopamine.

Introdução fisiopatologia ainda está para ser esclarecida. Uma melhor com-
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico devastador que preensão da fisiopatologia da esquizofrenia é essencial para que
acomete aproximadamente 1% da população ao longo da vida. tratamentos mais eficazes sejam desenvolvidos.
Os indivíduos geralmente são acometidos no auge do seu poten- Apesar de inúmeros achados científicos demonstrarem uma
cial produtivo e o curso da doença é crônico e debilitante. Ape- disfunção dopaminérgica na esquizofrenia, uma série de evi-
sar dos progressos no tratamento da esquizofrenia, como a intro- dências indica que outros sistemas neuroreceptores estão en-
dução de antipsicóticos atípicos, as medicações continuam sen- volvidos na fisiopatologia do transtorno.2,3 Pesquisas recentes
do bastante limitadas na sua eficácia clínica.1 Poucos são os in- têm sugerido que os receptores glutamatérgicos tipo N-methyl-
divíduos que voltam a ter o funcionamento compatível com as D-aspartato (NMDA) estão envolvidos na fisiopatologia da
expectativas pré-morbidas. Diferentes abordagens científicas (ex: esquizofrenia e podem ser alvo para tratamentos psicofarma-
modelos animais, estudos neuroendocrinológicos, post-mortem, cológicos. O sistema glutamatérgico é o maior sistema excita-
psicofarmacológicos, genéticos e de neuroimagem) têm sido tório do sistema nervoso central (SNC) humano. Ele se distri-
empregadas para investigar a esquizofrenia. Entretanto, a sua bui na maior parte das estruturas do SNC e está envolvido em

R.A. Bressan é um pesquisador clínico patrocinado por uma grant de pesquisa sem restrições da Smith-Klein Glaxo. L.S. Pilowsky é pesquisadora clínica sênior do Medical Research
Council (MRC) do Reino Unido.
Recebido em 23/5/2003. Aceito em 4/6/2003.
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funções cognitivas fundamentais tais como memória e apren- R1 (isoforms A-G) e NMDA R2 (isoforms A-D) (Tabela 1).6
dizado. Os receptores glutamatérgicos tipo NMDA são sofisti- Diferentes combinações de subunidades determinam especifi-
cados neuroreceptores ionotrópicos essenciais para a plastici- cidades na capacidade funcional de cada receptor, como, por
dade neuronal, incluindo os mecanismos de “long-term exemplo, afinidade pelo glutamato e limiar para abertura do
potentiation” (LTP), sinaptogenesis e excitotoxicidade.4 Alte- canal iônico. Os receptores NMDA controlam a condutância
rações do sistema glutamatérgico estão envolvidas não apenas de Na+, K+ e em especial do Ca2+ através da membrana neuro-
na esquizofrenia, mas também em doenças neurológicas como nal. A atividade dos receptores NMDA é regulada por uma
epilepsia, isquemias, doença de Alzheimer e doença de série de fatores que em última instância determinam a abertura
Huntington e transtornos psiquiátricos como dependência de do canal iônico e a entrada de Ca2+. A Figura mostra os diver-
substâncias, transtornos obsessivo-compulsivo e afetivo bipo- sos sítios de ligação que regulam a atividade do receptor
lar, entre outros. NMDA. Quando o receptor está em repouso, íons de Mg2+ fi-
Este artigo descreve alguns aspectos relevantes do funciona- cam ligados a um sítio dentro do canal iônico e impede o influ-
mento dos receptores glutamatérgicos tipo NMDA e faz uma xo de Ca2+. O canal só é ativado quando 3 fatores ocorrem
revisão das evidências do seu envolvimento na fisiopatologia simultaneamente: 1) ligação do neurotransmissor glutamato;
da esquizofrenia. O artigo mostra também como as disfunções 2) ligação de glicina (co-agonista obrigatório); e 3) despolari-
do sistema dopaminérgico podem estar relacionadas a altera- zação da membrana pós-sináptica. Estes 3 fatores provocam
ções do sistema glutamatérgico. E, finalmente, discute as pers- uma mudança na conformação alostérica do receptor diminu-
pectivas em relação ao estudo de receptores NMDA in vivo em indo a afinidade pelo Mg2+ que é deslocado, permitindo assim
pacientes com esquizofrenia. o fluxo de íons através do canal iônico. A ativação dos recep-
tores NMDA é voltagem dependente e ocorre através de re-
Receptores glutamatérgicos ceptores AMPA que estão localizados ao lado de receptores
O sistema glutamatérgico envolve uma série de receptores NMDA. Quando ativados, os receptores NMDA agem no sen-
que são ativados pelo aminoácido glutamato.5 O glutamato é tido de aumentar ainda mais a despolarização iniciada pelos
considerado o maior neurotransmissor excitatório do SNC. O receptores AMPA.
sistema glutamatérgico inclui receptores ionotrópicos e recep- Em contraste com os receptores não-NMDA, a ativação dos
tores metabotrópicos (Tabela 1). Os receptores glutamatérgi- receptores NMDA é voltagem-dependente, desencadeia influ-
cos metabotrópicos (mGluR) agem através de segundos men- xo de Ca2+ que, por sua vez, aumenta a intensidade e prolonga
sageiros via ativação da proteína C. Em condições fisiológi- a duração da despolarização do neurônio pós-sináptico por até
cas, a ativação de mGluRs via glutamato produz uma corrente 500 milisegundos. Este fenômeno é denominado “long term
pós-sináptica lenta. Os mGluRs estão presentes em todas a re- potenciation” (LTP) e é fundamental em fenômenos neurofi-
giões do cérebro e vêm sendo considerados um dos maiores siológicos complexos como memória e aprendizado.5
moduladores de segundo mensageiros no SNC em mamíferos. Existem vários agonistas e antagonistas para os diferentes
Os receptores ionotrópicos contêm canais iônicos que quando sítios de ligação no receptor NMDA (Tabela 2). O sítio de liga-
ativados permitem a entrada de Na+ e K+ favorecendo a despo- ção comum a phencyclidina (PCP), dizocilpina (MK801) e
larização do neurônio. Eles são divididos em receptores NMDA ketamina é especialmente importante para a compreensão da
e receptores não-NMDA, que, por sua, vez incluem os recep- esquizofrenia, pois é onde agem as drogas psicotogênicas. Dro-
tores alfa-amino-3-hydroxi-5-methyl-4 lisoxazole propionic gas agindo neste sítio de ligação são chamadas de antagonistas
acid (AMPA) e kainato. Os receptores AMPA e kainato se lo-
calizam em regiões telencefálicas e mediam a transmissão rá-
pida em sinapses excitatórias. Quando ativados, estes recepto-
res induzem uma despolarização rápida do neurônio pós-
sináptico que dura somente alguns milisegundos.

Receptores NMDA
Os receptores NMDA são canais iônicos formados por dife-
rentes proteínas heteroméricas chamadas subunidades: NMDA

Tabela 1 – Receptores glutamatérgicos.


Receptores Subunidade Receptores Group
Ionotrópicos Metabotrópicos

NMDA NMDAR1A-G mGluR1 e mGluR5 Group I


NMDAR2A-D
Kainate GluR5-7 mGluR2 e mGluR3 Group I
(baixa afinidade)
Adaptado a partir de Waxman MN. Neurotransmitter receptors. In: Zigmond MJ, Bloom FE,
KA1-2 Landis SC, Roberts JL, Squire LR, eds. Fundamental neuroscience. London: Acacemic
(alta afinidade) Press; 1999.
AMPA GluR1-4 mGluR4 e mGluR 6-8 Group III
Figura – Ilustração representando os sítios de ligação receptor NMDA.

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Tabela 2 – Agonistas e antagonistas dos sítios regulatórios do receptor PCP induz psicose. Posteriormente, estudos controlados mos-
NMDA.
traram que inúmeros antagonistas do receptor NMDA agin-
Sítio Regulatório Agonista Antagonista
do no mesmo sítio de ligação da PCP (ex: ketamina e MK801)
Sítio do Glutamato Glutamato AP5, AP7 ou no sítio de ligação do glutamato (ex: CPP e CPP-ene) tam-
Aspartato CGS19755
Homocysteato CPP
bém induzem sintomas psicóticos. Estas evidências fizeram
NMDA CPP-ene com que os pesquisadores propusessem que a hipofunção dos
Quinolinato receptores NMDA estaria envolvida na complexa fisiopato-
Sítio da Glicina Glicina MDL 105,572
D-Serina lógica da esquizofrenia.15,16
D-Cycloserina* Dentre os modelos farmacológicos da esquizofrenia, o mo-
Sítios do Canal Iônico** Mg2+, Co2+
n-Alkyl diaminas delo de hipofunção NMDA é o que produz quadros psicóti-
Sítio da Phenciclidina (PCP) no canal Iônico** cos que mais se assemelham à esquizofrenia. Tal como os
Phenciclidina (PCP)***
Ketamina***
modelos de psicose induzida por anfetamina e o modelo do
MK801 (dizocilpina)*** ácido lisérgico (agonista serotonérgico), os antagonistas
CNS1102 (cerestat)*** NMDA induzem sintomas positivos (ex: delírios e alucina-
Memantina***
Dextromethorphan*** ções) em voluntários sadios. Além destes sintomas, os anta-
Sítio da Polyamina Spermina, Spermidina Ifenprodil gonistas NMDA induzem uma série de sintomas que são típi-
Sítio de Redox Glutatione DTNB
Sítio de Protons H+ cos da esquizofrenia, tais como sintomas negativos (ex:
Sítio do Zn2+ Zn2+ Zn2+, Cd2+ embotamento afetivo, retraimento emocional e pensamento
Sítio de Fosforilação Kinases da Tyrosine Fosfatases de Proteínas
*Agonista parcial;
estereotipado), transtorno do pensamento (ex: circunstan-
**A ligação nestes sítios só é possível quando o canal iônico se encontra aberto (ativado); cialidade, tangencialidade e desagregação do pensamento) e
***Bloqueadores do canal iônico, impedem a passagem de ions pelo canal; (Adaptado a
partir de Cotman et al, 1995; Dingledine et al, 1999). déficits neuropsicológicos similares aos observados na
esquizofrenia (ex: memória semântica e fluência verbal).17,18
Recentemente Hetem et al19 avaliaram os efeitos da ketamina
não-competitivos, pois não competem pelo mesmo sítio de li- na memória de voluntários sadios e acharam alterações no
gação que o glutamato. É interessante notar que este sítio de processo de codificação (‘encoding’), mas não o processo de
ligação só pode ser acessado quando o canal iônico está aberto recuperação (‘retrieval’) das informações armazenadas. Es-
(Mg2+ deslocado), portanto, os antagonistas não-competitivos tes achados sugerem que as alterações de memória induzidas
agem somente nos receptores NMDA ativos. pela ketamina sejam mais semelhantes às alterações encon-
tradas na fase aguda da esquizofrenia do que as alterações de
Hipótese de hipofunção de receptores NMDA na esquizofrenia memória encontradas na fase crônica.
A administração de antagonistas NMDA a pacientes com
Disfunção de receptores glutamatérgicos na esquizofrenia esquizofrenia induz exacerbação do quadro psicótico e o pa-
Kim et al7 publicaram um estudo pioneiro sugerindo que drão de sintomas psicóticos é semelhante ao padrão previa-
pacientes com esquizofrenia apresentavam diminuição na mente experienciado pelos pacientes durante episódios psi-
concentração de glutamato no líquido céfalo-raquidiano. cóticos agudos.20-22
Alguns grupos reproduziram este achado, 8,9 mas outros gru- Um aspecto interessante do modelo de psicose induzida por
pos não. 10-12 Embora este achado não tenha sido consisten- antagonistas NMDA é o fato de que estas drogas raramente
temente reproduzido, ele originou uma teoria sugerindo dé- induzem psicose em crianças. Por esta razão, a ketamina tem
ficit de glutamato na esquizofrenia e deu impulso para uma sido mais utilizada em anestesia pediátrica do que em adultos,
série de estudos na área. A hipótese foi posteriormente mo- já que a incidência de colaterais (sintomas psicóticos) em adul-
dificada baseada em evidências mais sólidas que serão dis- tos é bastante comum. Isto sugere que os efeitos psicotogênicos
cutidas adiante. dos antagonistas NMDA dependem de uma maturação do SNC,
assim como os quadros de esquizofrenia que se iniciam na ado-
Psicose induzida por antagonistas do receptor NMDA lescência e muito raramente acometem crianças.16
A fonte de evidências mais substancial do envolvimento de Mohn et al23 desenvolveram uma espécie de camundongo
receptores NMDA na esquizofrenia está relacionada aos efei- que expressa somente 5% dos níveis normais da subunidade
tos psicotogênicos da PCP. A PCP foi desenvolvida para ser NMDAR1, peça fundamental para que os receptores NMDA
um anestético dissociativo, mas foi amplamente usada como sejam funcionais. Os camundongos apresentaram alterações
droga de abuso popularmente conhecida como “angel dust”. de comportamento tradicionalmente associadas a modelos ani-
Usuários de PCP desenvolvem com grande freqüência sinto- mais de esquizofrenia, tais como aumento da atividade moto-
mas psicóticos que muito se assemelham ao quadro esquizo- ra, estereotipias, déficit em interações sociais e sexuais.
frênico.13 A reprodução destes achados em voluntários sadios Interessantemente, estes comportamentos foram revertidos com
levou à formulação do modelo explicativo da esquizofrenia tratamento antipsicótico (haloperidol e clozapina). Tanto os
chamado “psicose induzida por PCP”. Somente 30 anos mais achados com antagonistas do receptor NMDA como os estu-
tarde, Lodge & Anis14 foram capazes de estabelecer que o dos com ratos transgênicos apontam para uma hipofunção de
bloqueio de receptores NMDA é o mecanismo pelo qual a receptores NMDA na esquizofrenia.

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Hipofunção de receptores NMDA e aumento da liberação de clozapina têm mostrado resultados opostos. Há uma piora sig-
glutamato nificativa de sintomas negativos.33,34
Alguns autores sugerem que a indução de sintomas psicóti- Estes achados dão sustentação à hipótese de hipofunção de
cos via antagonismo de receptores NMDA, na verdade, pro- receptores NMDA na esquizofrenia e abrem perspectivas para
duz um aumento da liberação de glutamato na fenda sinápti- novas abordagens farmacológicas para tratar sintomas negati-
ca, e a conseqüente superestimulação de receptores glutama- vos neste transtorno. O efeito paradoxal dos agentes glicinér-
térgicos não-NMDA é que induziria a psicose.24 Essa hipóte- gicos em pacientes tratados com clozapina sugere que a cloza-
se é reforçada pelo fato de que substâncias antagonistas da pina interage de alguma forma com o receptor NMDA, dando
liberação de glutamato, como, por exemplo, mGluRs agonis- margem à especulação de que este seja um dos motivos por
tas (subtipos II/III) revertem os efeitos da PCP em ratos.25 que a clozapina é mais efetiva do que os demais antipsicóticos
Estudos em humanos também têm apresentado alguns resul- em pacientes resistentes ao tratamento.
tados nessa direção. A lamotrigina, uma droga anticonvulsi-
vante que inibe a liberação de glutamato, atenua os efeitos Hipótese dopaminérgica
psicotogênicos da ketamina.26 O sistema dopaminérgico é o mais profundamente estudado
na esquizofrenia. A hipótese de hirpefunção dopaminérgica
Tratamento da esquizofrenia com agonistas NMDA continua sendo o modelo neuroquímico mais aceito para ex-
Vários grupos de pesquisa vêm tentando estratégias farma- plicar a esquizofrenia. As duas principais fontes de evidência
cológicas que facilitem a ação de receptores NMDA no senti- sustentando esta hipótese são: 1) indução de quadros psicóti-
do de reverter à hipotética hipofunção destes receptores na es- cos por anfetamina (agente que induz liberação de dopamina);
quizofrenia. Portanto, agonistas do receptor NMDA poderiam 2) o efeito terapêutico das drogas antipsicóticas se dá através
tratar esquizofrenia revertendo a hipofunção destes recepto- do bloqueio de receptores dopaminérgicos tipo D2.1 A hiper-
res. Os mais potentes agonistas do receptor NMDA agem no função do sistema dopaminérgico via anfetamina induz somente
sítio de ligação do glutamato. Entretanto, estes agentes não sintomas positivos, tais como delírios e alucinações. As dro-
podem ser usados na clínica, pois induzem uma série de efei- gas antipsicóticas são mais efetivas para tratar sintomas positi-
tos colaterais, tais como problemas de memória e neurotoxici- vos do que para sintomas negativos (delírios e alucinações).
dade (incluindo convulsões e lesão neuronal).27 Portanto, a hipótese dopaminérgica se restringe aos sintomas
A principal estratégia que vem sendo empregada utiliza ago- positivos, deixando de lado sintomas fundamentais da esqui-
nistas ou agonistas parciais do sítio de ligação da glicina que zofrenia como os sintomas negativos, alterações cognitivas e o
não é sensível a estriquinina. A glicina tem basicamente dois transtorno do pensamento.
sítios de ligação no SNC: um que se localiza principalmente As bases da hipótese dopaminérgica ficaram abaladas quan-
na medula e é sensível à estriquinina e um que se localiza no do estudos de neuroimagem de receptores questionaram a as-
receptor NMDA. A glicina funciona como um co-agonista sociação entre resposta clínica e bloqueio de receptores. Os
obrigatório do receptor NMDA, isto é, apesar da glicina por si estudos vêm demonstrando que um certo nível de bloqueio de
só não ser capaz de ativar o receptor, sem ela, não há ativação. receptores é necessário (>65%),35,36 mas não suficiente para
Em experimentos com animais foi demonstrado que a admi- garantir resposta clínica. Muitos pacientes exibem altos níveis
nistração de agentes glicinérgicos minimiza os efeitos de anta- de bloqueio dos receptores D2 sem apresentar resposta clínica
gonistas do receptor NMDA.27 adequada. 37 Além do mais, drogas como a clozapina e a
Vários ensaios clínicos exploratórios foram conduzidos para quetiapina são eficazes no tratamento da esquizofrenia, apesar
estabelecer os melhores agentes glicinérgicos e a estratégia te- de bloquear um número muito menor de receptores de DA
rapêutica mais conveniente para tratar esquizofrenia (para re- (<60%).38,39 Estes dados sugerem que outros sistemas neuro-
visão ver Heresco-Levy,27 Bressan & Pilowsky28). Recentemen- transmissores, além do sistema dopaminérgico, estão envolvi-
te, foram realizados três ensaios clínicos “duplo-cego” contro- dos na psicofarmacologia da esquizofrenia.
lados utilizando agentes glicinérgicos juntamente com antipsi- Estudos de neuroimagem de receptores utilizando desafios
cóticos típicos. Tsai et al29 usaram D-serine em 31 pacientes farmacológicos com anfetamina trouxeram novos insights so-
com esquizofrenia e acharam melhora significativa em sinto- bre o envolvimento do sistema dopaminérgico na esquizofre-
mas positivos, negativos e no desempenho cognitivo. Goff et nia. Laruelle et al40 observaram que pacientes com esquizofre-
al30 trataram 47 pacientes esquizofrênicos com D-cycloserine nia liberam maior quantidade de dopamina do que controles
e observaram melhora significante de sintomas negativos sadios quando submetidos a mesma dose de anfetamina. Estes
(23%), mas não em sintomas positivos e desempenho cogniti- achados sugerem que o sistema dopaminérgico de pacientes
vo. Heresco-Levy et al31 avaliaram 21 pacientes esquizofrêni- com esquizofrenia está hiperresponsivo.
cos resistentes a tratamento em um ensaio clínico cruzado com Dois outros estudos posteriores confirmaram estes achados
glycine (61 g/d) e acharam melhora significativa de sintomas em pacientes esquizofrênicos.41,42 Abi-Darghan et al42 mostra-
negativos. Este mesmo grupo reproduziu estes achados em ram que a liberação de dopamina foi mais intensa nos pacien-
pacientes tratados com os antipsicóticos atípicos risperidona e tes que estavam na fase de exacerbação dos sintomas psicóti-
olanzapina.32 Em contraste com estes achados, ensaios clíni- cos, sugerindo que este fenômeno está diretamente implicado
cos utilizando agentes glicinérgicos em pacientes tratados com na ocorrência de sintomas psicóticos. A hiperresponsividade

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do sistema dopaminérgico é transitória, pois nas fases de re- Na falta de radiotraçadores que permitam a direta investiga-
missão de sintomas psicóticos o sistema dopaminérgico se com- ção de receptores NMDA, vários pesquisadores vêm se empe-
porta como o dos voluntários sadios. nhando em avaliar as interações dos sistemas dopaminérgico e
Uma série de evidências sugere que as anormalidades do sis- glutamatérgico através de estudos de neuroimagem de recep-
tema dopaminérgico não são uma conseqüência de um proble- tores in vivo. Estes estudos avaliam o impacto de antagonistas
ma primário dos neurônios dopaminérgicos, mas uma altera- não-competitivos do receptor NMDA no sistema dopaminér-
ção nas vias neuronais que controlam do fluxo de DA.43 Neste gico através de radiotraçadores para receptores D2 ([11C]-
sentido, muitos pesquisadores têm se interessado pelos siste- raclopride) e PET. Desafios farmacológicos com ketamina pro-
mas que modulam ou regulam tônus dopaminérgico, tais como duzem uma diminuição da ligação do radiotraçador em volun-
o sistema glutamatérgico.44 tários normais, indicando aumento de liberação de dopamina.54-
56
A diminuição da ligação do radiotraçador se correlacionou
Interações entre os sitemas dopaminérgicos e glutamatérgicos com a ocorrência de sintomas psicóticos induzidos pela
As vias neuronais envolvidas no modelo NMDA da esquizo- ketamina.54 Adler et al 57 estenderam estes estudos para paci-
frenia estão possivelmente integradas com as vias do modelo entes com esquizofrenia e verificaram que a ketamina induz
dopaminérgico, pois ambos os sistemas têm uma grande intera- liberação de dopamina ainda maior em pacientes com esquizo-
ção no SNC.44 Sabe-se que a exposição a stress aumenta a ativi- frenia do que em voluntários sadios. Novamente, a diminuição
dade dopaminérgica em várias regiões cerebrais, 45 em especial da ligação do radiotraçador se correlacionou positivamente aos
no sistema dopaminérgico mesocortical, sugerindo que a ativa- sintomas psicóticos e mais especificamente ao transtorno do
ção da transmissão dopaminérgica pelo stress tem papel funda- pensamento. Isto sugere que a alteração da modulação
mental no desencadeamento de episódios psicóticos. 46 Estudos glutamatérica via antagonistas do receptor NMDA pode ser o
com roedores sugerem que a atividade dopaminérgica desenca- mecanismo determinante da hiperresponsividade do sistema
deada por stress é regulada por projeções glutamatérgicas pro- dopaminérgico em pacientes com esquizofrenia.
venientes do córtex pré-frontal (para revisão ver: Moghaddam47). Um estudo de microdiálise em roedores mostrou que pré-
Alterações do córtex pré-frontal na esquizofrenia são um acha- tratamento com MK801 quase dobra a liberação de dopamina
do freqüente na esquizofrenia (para revisão ver: Weinberger et induzida por anfetamina.58 Baseado nestes achados, o grupo
al48). Recentemente, Bertolino et al49 avaliaram integridade ce- que achou hiperresponsividade dopaminérgica na esquizofre-
lular através de espectroscopia (ressonância magnética), acha- nia utilizando o modelo de liberação de dopamina induzida
ram uma correlação entre lesão no córtex pré-frontal e por anfetamina 40 decidiu avaliar o impacto de antagonistas do
hiperresponsividade do sistema dopaminérgico à anfetamina. Um receptor NMDA neste modelo. Utilizando o mesmo modelo,
segundo estudo avaliando simultaneamente fluxos sanguíneos Kegeles et al 59 fizeram desafios farmacológicos com anfeta-
cerebral e atividade dopaminérgica confirmou estes achados. O mina em voluntários sadios pré-tratados com ketamina e acha-
estudo mostrou que as alterações no sistema glutamatérgico do ram que a liberação de dopamina frente à anfetamina era o
córtex pré-frontal estão associadas à disfunção dopaminérgica dobro de quando os voluntários não tomavam ketamina. Este
observada na esquizofrenia.50 Em conjunto, estes achados suge- padrão de liberação de dopamina é similar em magnitude ao
rem que as alterações do sistema dopaminérgico observadas na padrão observado em pacientes com esquizofrenia. Estes da-
esquizofrenia estão associadas a disfunções na integração entre dos sugerem que um estado de deficiência do receptor NMDA
os sistemas dopaminérgico e glutamatérgico. induzido por ketamina é uma hipótese plausível para explicar
a hiperresponsividade dopaminérgica na esquizofrenia.
Avaliação do sistema glutamatérgico in vivo
Como ilustrado acima, existem fortes evidências provenien- Conclusão
tes de pesquisas com animais e estudos indiretos com huma- Uma série de evidências sugere o envolvimento dos recepto-
nos sugerindo o envolvimento do sistema glutamatérgico na res glutamatérgicos tipo NMDA na esquizofrenia. Antagonis-
esquizofrenia. É essencial fazer estudos in vivo em pacientes tas do receptor NMDA tais como a PCP causam um quadro
com esquizofrenia através de técnicas de neuroimagem, mas o clínico que muito se assemelha à esquizofrenia, incluindo sin-
avanço destas técnicas está limitado à disponibilidade de tomas positivos, negativos e desagregação do pensamento.
radiotraçadores específicos para determinados receptores. Ensaios clínicos com agentes glicinérgicos (co-agonistas
Radiotraçadores são considerados essenciais para a investiga- NMDA) associados a antipsicóticos têm demonstrado eficácia
ção psicofarmacológica, mas não existem radiotraçadores dis- no tratamento de sintomas negativos da esquizofrenia. Estes
poníveis para investigação in vivo do sistema glutamatérgico.28 achados são a base da hipótese de hipofunção de receptores
Vários grupos de pesquisa vêm tentando desenvolver NMDA na esquizofrenia. É necessário o esclarecimento desta
radiotraçadores, sendo que maior interesse tem se concentrado hipótese in vivo em pacientes com esquizofrenia.
no desenvolvimento de radiotraçadores para o sítio de ligação Estudos de neuroimagem de receptores (PET e SPET) têm
da PCP no receptor NMDA.28 Poucos destes radiotraçadores feito importantes contribuições para o entendimento da fisio-
foram usados em pesquisa com humanos, dentre eles se desta- patologia da esquizofrenia. Um dos achados mais importantes
cam dois para PET, [ 11C]-ketamine51 e [18F]-memantine,52 e um em esquizofrenia é a hiperresponsividade do sistema dopami-
para SPET, [ 123I]-CNS1261.53 nérgico durante a fase de exacerbação da doença.43 A hiper-

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responsividade dopaminérgica da esquizofrenia parece ser re- térgicos serão um grande avanço na pesquisa da esquizofrenia.
gulada por vias glutamatérgicas, já que antagonistas do re- Com estes radiotraçadores será possível a elucidação da hipó-
ceptor NMDA produzem aumento de liberação de dopamina,54- tese de hipofunção de receptores NMDA na esquizofrenia, que,
57
provenientes do córtex pré-frontal.49,50 Assim como no caso por conseqüência, podem ter implicações clínicas e neuro-
do sistema dopaminérgico, novos radiotraçadores para PET e farmacológicas, tais como desenvolvimento de medicações
SPET que permitam a avaliação in vivo de receptores glutama- mais eficazes e com menos efeitos colaterais.

Referências
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