Você está na página 1de 71

Curso Técnico em Eletromecânica

Eletricidade I
Armando de Queiroz Monteiro Neto
Presidente da Confederação Nacional da Indústria

José Manuel de Aguiar Martins


Diretor do Departamento Nacional do SENAI

Regina Maria de Fátima Torres


Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI

Alcantaro Corrêa
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina

Sérgio Roberto Arruda


Diretor Regional do SENAI/SC

Antônio José Carradore


Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC

Marco Antônio Dociatti


Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

Curso Técnico em Eletromecânica

Eletricidade I

Patrick de Souza Girelli

Florianópolis/SC
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa.

Equipe técnica que participou da elaboração desta obra

Coordenação de Educação a Distância Design Educacional, Ilustração,


Beth Schirmer Projeto Gráfico Editorial, Diagramação
Equipe de Recursos Didáticos
Revisão Ortográfica e Normatização SENAI/SC em Florianópolis
Contextual Serviços Editoriais
Autor
Coordenação Projetos EaD Patrick de Souza Girelli
Maristela de Lourdes Alves

Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC
Florianópolis.

G524e
Girelli, Patrick de Souza
Eletricidade I / Patrick de Souza Girelli. – Florianópolis : SENAI/SC, 2010.
71 p. : il. color ; 28 cm.

Inclui bibliografias.

1. Eletrostática. 2. Eletrodinâmica. 3. Magnetismo. 4. Eletromagnetismo.


5. Circuitos Elétricos. I. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. II.
Título.

CDU 621.3

SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC
CEP: 88034-001
Fone: (48) 0800 48 12 12
www.sc.senai.br
Prefácio
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado.
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-
das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina.

No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as


necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-
senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho.

Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade.

Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de


ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-
mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-
sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional,
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-
cação por Competências, em todos os seus cursos.

É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos.
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-
ções, tornando a aula mais interativa e atraente.

Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte


deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria
do Conhecimento.
Sumário
Conteúdo Formativo 9 40 Unidade de estudo 3
Magnetismo e
Apresentação 11 Eletromagnetismo

41 Seção 1 - Princípios do mag-


14 Unidade de estudo 1 netismo
Eletrostática 43 Seção 2 - Princípios do ele-
tromagnetismo
45 Seção 3 - Indução eletro-
15 Seção 1 - Histórico magnética
15 Seção 2 - Processos de ele-
trização
17 Seção 3 - Carga elétrica ele- 50 Unidade de estudo 4
mentar e Lei de Coulomb
Circuitos Elétricos
20 Seção 4 - Campo elétrico CC e CA
22 Seção 5 - Potencial elétrico
24 Seção 6 - Capacitância e
capacitores 53 Seção 1 - Corrente alternada
56 Seção 2 - Indutância, capaci-
tância e impedância
28 Unidade de estudo 2 62 Seção 3 - Potência em
corrente alternada e sistema
Eletrodinâmica
trifásico
65 Seção 4 - Aterramento
29 Seção 1 - Força eletromotriz
29 Seção 2 - Corrente elétrica
Finalizando 69
32 Seção 3 - Resistência elétrica
33 Seção 4 - Resistores e asso-
ciações de resistores Referências 71
36 Seção 5 - Circuitos elétricos
simples (CC)
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo
Carga horária da dedicação

Carga horária: 90 horas

Competências

Analisar e executar medições de grandezas elétricas em circuitos elétricos, utili-


zando equipamentos/aparelhos eletroeletrônicos. Executar montagem e opera-
ção em instalações elétricas.

Conhecimentos

▪▪ Eletrostática;
▪▪ Eletrodinâmica;
▪▪ Eletromagnetismo;
▪▪ Grandezas elétricas;
▪▪ Instrumentos e técnicas de medição elétrica;
▪▪ Análise de circuitos CC e CA (circuitos monofásicos);
▪▪ Componentes eletroeletrônicos;
▪▪ Fator de potência.

Habilidades

▪▪ Identificar dispositivos de sistemas elétricos;


▪▪ Montar e testar circuitos elétricos monofásicos;
▪▪ Utilizar sistemas de medição;
▪▪ Interpretar os resultados de leitura dos instrumentos de medição;
▪▪ Aplicar normas técnicas para correção do fator de potência;
▪▪ Aplicar métodos e ferramentas técnicas;
▪▪ Interpretar diagramas elétricos.

ELETRICIDADE 1 9
Atitudes

▪▪ Zelo no manuseio dos equipamentos e instrumentos de medição;


▪▪ Cuidados no manuseio de componentes eletroeletrônicos e eletromecânicos;
▪▪ Responsabilidade sócio-ambiental;
▪▪ Adoção de normas de saúde e segurança do trabalho;
▪▪ Proatividade;
▪▪ Trabalho em equipe;
▪▪ Organização e conservação do laboratório e equipamentos.
▪▪ Respeitar normas de segurança.

10 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Apresentação
Olá! Seja bem vindo a esta unidade curricular. Patrick de Souza Girelli
Durante o curso técnico em eletromecânica, você deverá desenvolver
Patrick de Souza Girelli é licen-
competências e habilidades fazendo uso de inúmeros conhecimentos e,
ciado em Física pela Universi-
ao terminar a unidade curricular de Eletricidade I, terá o conhecimento
dade do Vale do Rio dos Sinos
sobre as áreas de eletrostática, eletrodinâmica e eletromagnetismo. As- (UNISINOS), cursando atual-
sim, poderá analisar circuitos elétricos CC e CA, utilizando instrumentos mente o curso de especialização
e técnicas adequadas para medições na área elétrica. em Gerenciamento de Águas e
Desta forma, destacamos, aqui, a extrema importância dessa unidade Efluentes no SENAI/SC em Blu-
curricular (UC) para melhorar a compreensão das demais unidades cur- menau e o curso de especiali-
riculares que virão ao longo do curso. zação em Automação Industrial
no SENAI/SC em Jaraguá do Sul.
Portanto, fique atento e aproveite todos os momentos de aprendizagem Trabalha na unidade do SENAI/
que construímos especialmente para você. SC em Jaraguá do Sul como es-
Boa viagem pelo mundo do conhecimento! pecialista em eletroeletrônica,
lecionando disciplinas de física,
geometria e cálculos para o cur-
so superior de Tecnologia em
Automação Industrial e curso
superior de Tecnologia em Fa-
bricação Mecânica.

ELETRICIDADE 1 11
Dicas e regras
(segurança elétrica)

1. Considere cuidadosamente o resultado de cada ação a ser exe-


cutada. Não há razão em absoluto para um indivíduo correr riscos
ou colocar em perigo a vida do seu semelhante.

2. Afaste-se de circuitos alimentados. Não substitua componentes


nem faça ajustamento dentro de equipamento com alta tensão ligada.

3. Não faça reparo sozinho. Tenha sempre, ao seu lado, uma pessoa
em condições de prestar os primeiros socorros.

4. Não confie nos interloques, nem dependa deles para a sua pro-
teção. Desligue sempre o equipamento. Não remova, não coloque
em curto-circuito e não interfira com a ação dos interloques, exceto
para reparar a chave.

5. Não deixe o seu corpo em potencial de terra. Certifique-se de


que seu corpo não esteja em contato direto com partes metálicas do
equipamento, particularmente quando estiver fazendo ajustagens ou
medições. Use apenas uma das mãos quando estiver reparando equi-
pamento alimentado. Conserve uma das mãos nas costas.

6. Não alimente qualquer equipamento que tenha sido molhado.


O equipamento deverá estar devidamente seco e livre de qualquer
resíduo capaz de produzir fuga de corrente antes de ser alimentado.

As regras acima, associadas com a ideia de que a tensão não tem favo-
ritismo e que o cuidado pessoal é a sua maior segurança; poderão evitar
ferimentos sérios ou talvez a morte.

ELETRICIDADE 1 13
Unidade de
estudo 1
Seções de estudo

Seção 1 – Histórico
Seção 2 – Processos de eletrização
Seção 3 – Carga elétrica elementar e Lei
de Coulomb
Seção 4 – Campo elétrico
Seção 5 – Potencial elétrico
Seção 6 – Capacitância e capacitores
Eletrostática

Seção 1
Histórico
A eletricidade é algo que sempre O modelo atômico que nos per-
despertou a curiosidade e o inte- mite compreender a constituição Tales de Mileto: foi o primeiro
resse das pessoas desde a Anti- da matéria foi concebido pelo fí- matemático grego, nascido por
guidade, não é verdade? Entender sico dinamarquês Niels Henrik volta do ano 640 e falecido em
os diversos fenômenos que acon- 550 a.C. Tales foi incluído entre
David Bohr. De acordo com esse os sete sábios da Antiguidade.
teciam naquela época se tornou modelo, a matéria é constituída de Após estudar Astronomia e Ge-
alvo de pesquisa de diversos es- átomos e cada átomo por sua vez ometria no Egito, Tales voltou
tudiosos e cientistas ao longo da é constituído por três tipos funda- para Mileto e passado algum
história da humanidade. mentais de partículas: os prótons, tempo abandonou os negócios
e a vida pública para se dedicar
As primeiras observações que se os elétrons e os nêutrons. inteiramente às especulações
tem registro se reportam ao sábio O átomo, que em grego significa filosóficas, às observações as-
grego Tales de Mileto. indivisível, é constituído essen- tronômicas e às matemáticas.
Fundou a mais antiga escola fi-
Ele percebeu que um pedaço de cialmente de duas partes: núcleo losófica que se conhece – a Es-
lã em atrito com uma substância e eletrosfera. cola Jônica (UNIVERSIDADE de
resinosa denominada âmbar, a Lisboa, 2009).
substância adquiria a propriedade
A eletrosfera corresponde à
de atrair corpos leves, como fios
região onde os elétrons orbitam,
de palha ou pequenas penas. Âmbar: em grego significa
em altíssima velocidade, e o eléktron, palavra que dá
Um dos experimentos mais co-
núcleo corresponde à região origem ao termo eletricidade.
nhecidos e lembrados por gran-
onde se localizam os prótons e
de parte das pessoas se refere ao
nêutrons.
fato idealizado por Benjamin
Franklin. Para esses elementos que constituem Benjamin Franklin: suas des-
Inúmeras teorias e modelos atô- o átomo se convencionou que os cobertas sobre a eletricidade
micos existiram para explicar prótons têm carga elétrica positiva, lhe trouxeram uma reputação
como a matéria que existe na os elétrons carga elétrica negativa e internacional. Além de ser elei-
natureza é constituída, e a partir os nêutrons, por sua vez, não têm to membro da Royal Society,
ganhou a medalha Copley em
disso também poder explicar os carga elétrica. No estado natural, a 1753 e seu nome passou a de-
fenômenos relacionados à eletri- quantidade de prótons e elétrons signar uma medida de carga
cidade. é a mesma, o que torna o átomo elétrica. Franklin identificou as
eletricamente neutro, pois possui cargas positivas e negativas e
demonstrou que os trovões são
a mesma quantidade de cargas um fenômeno de natureza elé-
negativas e positivas, como você trica. Esse conhecimento ser-
DICA
pode verificar na figura a seguir. viu de base para seu principal
Tudo aquilo que você conse- invento, o para-raios. Ele criou
gue segurar em suas mãos, também o franklin stove (um
assim como este material aquecedor a lenha muito po-
neste momento, é constitu- pular) e as lentes bifocais (UOL
ído por elementos, denomi- educação, 2009).
nados átomos.

ELETRICIDADE 1 15
c. para fixar definitivamente o
toner na folha, esta é exposta a
um aquecimento rápido. Está
pronta a cópia!

d. Então, gostou de conhecer o


funcionamento da máquina fo-
tocopiadora? Agora se prepa-
re, pois entraremos no mundo
dos processos de eletrização.
Vamos juntos!

Seção 2
Processos de eletrização
Quanto ao seu comportamento elétri-
co, os corpos podem ser classificados
em eletricamente neutros (quando
Figura 1 - Estrutura do Átomo possuem o mesmo número de pró-
Fonte: Carvalho e Fonseca (2009). tons e elétrons), carregados nega-
tivamente (quando o número de
elétrons é maior que o número de pró-
Saiba Mais tons) e carregados positivamente
(quando o número de prótons é maior
Para saber mais sobre o átomo e a estrutura da matéria acesse o site
que o número de elétrons).
<www.sprace.org.br/eem>, lá você encontrará explicações mais apro-
fundadas sobre o átomo e todos os elementos que o constituem, in- Para que um corpo que está neu-
clusive os que aqui não foram citados por não serem foco do estudo tro fique eletricamente carregado
desenvolvido neste curso. positivamente ou negativamente,
ele precisa passar por um proces-
so de eletrização. Os processos de
Você sabia que a máquina fotocopiadora é um exemplo prático da apli- eletrização são:
cação dos princípios de eletrostática?
Isso mesmo! O mecanismo completo dessa máquina é complexo e so- ▪▪ eletrização por atrito;
fisticado. Entretanto, seus componentes básicos são simples e se consti-
tuem de um cilindro rotativo revestido de material fotossensível (selênio ▪▪ eletrização por contato; e
ou óxido de zinco), um sistema ótico para refletir a imagem a ser repro- ▪▪ eletrização por indução.
duzida sobre o cilindro, uma lâmpada e um pó preto chamado toner.
Após a eletrização dos corpos,
De forma simplificada, confira a seguir como podemos resumir seu fun- estes estão sujeitos ao princípio
cionamento (WOLSKI, 2007, p. 7): básico da eletrostática enunciado
pela Lei de Du Fay, cuja afirma-
a. o cilindro rotativo é inicialmente eletrizado. Em seguida, o sistema ção é: cargas elétricas de mes-
ótico reflete sobre o cilindro, já em rotação, a imagem a ser fotoco- mo sinal se repelem e cargas
piada. Sobre o cilindro, portanto, são refletidas luz e sombras. Onde elétricas de sinais opostos se
a luz incide, as cargas do cilindro são eliminadas (fotossensibilidade). atraem. Corpos eletricamente
No restante, ou seja, nas sombras, as cargas permanecem; neutros são atraídos por corpos
carregados com carga de qualquer
b. em seguida, o cilindro passa rotacionando sobre o toner, atraindo-o sinal. Confira a figura seguinte!
nas partes onde as cargas persistem. Uma folha eletricamente car-
regada passa então sobre o cilindro, atraindo o toner e, consequente-
mente, a imagem reproduzida;

16 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Você sabia?
Os aviões e as espaçonaves
em movimento adquirem
grande quantidade de car-
ga elétrica pela troca de for-
ças entre a lataria e o ar at-
mosférico. Essas cargas vão
Figura 2 - Princípio Básico da Eletrostática sendo descarregadas pelas
várias pontas existentes na
Fonte: Saturnino ([200-?], p. 17).
superfície desses veículos:
bico, asas e diversas hastes
metálicas colocadas como
Eletrização por atrito proteção contra o acúmu-
lo de cargas. Esse acúmu-
Uma das formas de se eletrizar um corpo é atritar ele com outro de ca- lo poderia fazer explodir
racterística diferente. Claro que não são quaisquer corpos que podem ser o avião caso uma faísca se
atritados e dessa forma adquirem carga elétrica. formasse nas proximidades
Um exemplo muito simples do processo de eletrização por atrito corres- do tanque de combustível,
ponde ao fato ocorrido quando você esfrega uma régua plástica no cabe- incendiando seus vapores
(PARANÁ,1998, p. 25).
lo, e após, para evidenciar a existência de carga elétrica, aproxima a régua
de pequenos pedacinhos de papel picado que são atraídos pela régua.
Quando atritamos a régua no cabelo, um dos corpos ganha elétrons,
ficando carregado negativamente, enquanto o outro perde elétrons, fi-
cando carregado positivamente.
DICA
É importante salientar que ao final do processo de eletrização
▪▪ Atrite uma régua plástica
em um pedaço de seda ou fel-
por atrito, os corpos adquirem cargas elétricas de mesmo módulo tro e depois aproxime a régua
(quantidade), porém de sinais contrários. de pedacinhos de papel picado.

Veja na figura a seguir uma situação em que ocorre a eletrização por atri- ▪▪ Encha um balão e em segui-
da atrite o mesmo em cabelos
to entre uma canaleta plástica e um pedaço de feltro, cuja evidência da
compridos. Afaste-o dos cabe-
existência de cargas elétricas na canaleta se dá pelo fato dela atrair uma los lentamente. O que você ob-
esfera de isopor em um eletroscópio de pêndulo. servou? Vamos ver juntos!

Eletrização por contato


Quando dispomos de dois cor-
pos condutores, um neutro e
outro previamente eletrizado, e
colocamos esses dois corpos em
contato, pode ocorrer passagem
de elétrons de um para outro, fa-
Figura 3 - Eletrização por Atrito e Atração em Eletroscópio de Pêndulo zendo com que o corpo neutro se
eletrize.

ELETRICIDADE 1 17
No caso em que eletrizamos uma Nesse processo de indução ele- mo número de prótons e elétrons
régua plástica por atrito com um trostática ocorre apenas uma e caso isso não ocorra ele estará
tecido e a aproximamos de peque- separação entre algumas cargas desequilibrado, possuindo cargas
nos pedacinhos de papel (inicial- positivas e negativas do corpo, de positivas ou negativas, certo?
mente neutros), esses papéis são modo que se afastarmos o corpo Mas como será que podemos sa-
inicialmente atraídos pela régua, eletricamente carregado, o corpo ber a quantidade de cargas posi-
que está eletrizada. Ao entrarem induzido voltará à sua condição tivas ou negativas que esse corpo
em contato com a régua, os pe- inicial de neutralidade. possui?
dacinhos de papel também irão É importante ressaltar que o Fácil! Tanto os elétrons quanto os
adquirir carga elétrica, cedida pela corpo eletrizado que provoca a prótons possuem o mesmo valor
régua. Após alguns instantes, es- indução é denominado indutor de carga elétrica em módulo (nu-
ses pedacinhos de papel serão
e o que sofreu a indução, mericamente iguais e diferentes
repelidos pela régua, estando ele-
induzido. apenas em seu sinal), sendo esse
trizados agora por meio do pro-
valor conhecido como carga elé-
cesso de eletrização por contato. Se desejarmos obter no induzido trica elementar, confira.
uma eletrização com cargas de
apenas um sinal, devemos ligá-lo
à terra por meio de um condutor.
É importante salientar que
Desse modo, os elétrons livres do e = – 1,6 . 10-19 C e → carga elétrica do elétron
ao final do processo de ele-
trização por contato, os con-
induzido que estão sendo repeli-
dutores de mesma forma e dos pela presença do indutor se p = + 1,6 . 10-19 C p → carga elétrica do próton
mesmas dimensões adqui- movem pelo condutor até a terra
rem cargas elétricas de mes- para se neutralizarem. Após esse
mo módulo (quantidade) e de processo, basta afastarmos o in-
mesmo sinal. dutor do induzido, porém antes
do afastamento, é necessário que A quantidade de carga elétrica de
se desfaça a ligação do induzido um corpo dependerá exatamente
à terra, caso contrário, ao afastar- da diferença entre o número de
mos o indutor, as cargas no indu- elétrons e de prótons nesse corpo,
Eletrização por e pode ser determinada por meio
zido voltarão a se neutralizar.
indução da seguinte equação:
É importante salientar que ao
Podemos eletrizar um condutor final do processo de eletrização
neutro simplesmente aproximan- por indução, os condutores
do dele um corpo eletricamente adquirem cargas elétricas de q=n.e
carregado, sem que haja contato
mesmo módulo (quantidade) e
entre eles.
de sinal contrário.
Quando aproximamos um bastão
eletrizado de um corpo neutro, as Você já ouviu falar na Lei de
cargas negativas do bastão eletri- Coulomb? E sobre carga elétrica Sendo:
zado repelem os elétrons livres elementar? É sobre esses assuntos
do corpo neutro para posições que conversaremos a seguir.
mais distantes possíveis. Assim, Vamos em frente!
q → carga elétrica do corpo
o corpo neutro fica com falta de
em coulomb (C);
elétrons numa extremidade e ex- n → número de cargas em ex-
cesso de elétrons na outra. Esse
fenômeno de separação de cargas
seção 3 cesso no corpo;
e → carga elementar em mó-
num condutor, provocado pela Carga elétrica elemen- dulo (1,6 . 10-19 C).
aproximação de um corpo eletri- tar e Lei de Coulomb
zado, é denominado indução ele-
trostática. Nas seções anteriores você viu
que um átomo está eletricamente
equilibrado quando possui o mes-

18 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Relembrando operações com notação científica A intensidade da força elétrica da
interação entre duas cargas punti-
formes é diretamente proporcio-
nal ao produto dos módulos das
cargas e inversamente proporcio-
ax . ay = ax+y 05 . 10-3 = 102
nal ao quadrado da distância que
a x = ax :ay = ax-y 105 : 10-3 = 105-(3) = 108
ay as separa.

Ao representarmos em um grá-
fico a força de interação elétrica
Exemplo em função da distância que separa
Determine a carga elétrica adquirida por um corpo que após o processo duas cargas puntiformes, obte-
de eletrização por atrito perdeu 5. 108 elétrons. mos como resultado o gráfico de
uma hipérbole, como indicado a
seguir. Observe que ao duplicar-
q=n.e
mos a distância entre as cargas, a
q = 5.108 . 1,6.10-19 força diminui 4 vezes.
q = 8.10-11 C

Observamos nesse exemplo que o sinal da carga elétrica no resultado é


positivo, pois o corpo perdeu elétrons e dessa forma ficou com maior
número de prótons, que possuem carga elétrica positiva.

Lei de Coulomb
Já vimos, pela Lei de Du Fay, que corpos eletrizados com cargas de mes-
mo sinal se repelem e corpos eletrizados com cargas de sinal diferente
se atraem. Quando esses corpos se repelem ou se atraem, exercem entre
si uma força.
Gráfico 1 - Força de Interação Elétrica
A Lei de Coulomb, verificada experimentalmente pelo cientista fran- em Função da distância
cês Charles Augustin Coulomb, permite expressar quantitativamente as
Fonte: SENAI (2004, p. 15).
forças de atração e repulsão entre cargas elétricas por meio da equação:

F = K. q1 . q2
d2

Sendo:

F → força que atua entre cargas, em Newton (N)


q1, q2 → cargas envolvidas, em Coulomb (C)
d → distância entre as cargas, em metros (m)
K → constante eletrostática do meio (Nm2/C2)
Para o vácuo: K = K0 = 9 . 109 Nm2/C2

ELETRICIDADE 1 19
Tabela 1 - Prefixos do SI Sendo:
Prefixo SI Símbolo Fator multiplicador
9
Giga G 10 = 1000 000 000
Mega M
6
10 = 1000 000
▪▪ E → intensidade do
campo elétrico em um ponto
3
Quilo k 10 = 1000 do espaço em volt/metro ou
-3 newton/coulomb (V/m ou
Mili m 10 = 0,001 N/C);
Micro μ
-6
10 = 0,000 001 ▪▪ F → força que age em
-9
uma carga de teste, positiva
Nano n 10 = 0,000 000 001 por convenção, colocada no
-12 ponto em newton (N);
Pico p 10 = 0,000 000 000 001
▪▪ q → carga de teste em
coulomb (C).
Exemplo Campo elétrico é uma região
Duas cargas, q1=10 µC e q2=5 µC, dentro da qual uma carga
estão separadas pela distância de elétrica qualquer fica sujeita a
20 cm no vácuo. Determine a in- uma força. Exemplo
tensidade da força que atua entre
Calcule a força que age em uma
elas.
carga de 1 µC colocada em um
Se você reproduzir essa experiên-
ponto do espaço, em que o cam-
cia poderá observar que para atrair
po elétrico equivale a 600 V/m.
q1 = 10 µC a esfera de isopor é necessário
q2 = 5 µC aproximar a canaleta a uma dis-
d = 0,20 m tância mínima. Se a distância que
vácuo → K0 = 9 . 109 Nm2/C2 for mantida a canaleta for maior E= F → F=E.q → F = 1.10-6 . 600 →
que essa distância mínima, o efei- q
q1 . q2
F = K. to do campo elétrico sobre a esfe-
d2 F = 600 .10-6 → F = 600 μN
ra é desprezível quando compara-
10.10 −6 . 5.10 −6
F = 9.109 . do a outras forças, como o peso,
0,22
por exemplo, e dessa forma não
F = 11,25 N
observamos nenhum efeito nela.
Porém observaremos que quanto
mais próximos mantermos a ca- Direção do vetor
naleta da esfera, mais intensamen- campo elétrico e linhas de
Vamos para a próxima seção?
te esta última será atraída. força
Acompanhe!
Dessa forma podemos concluir
Quando dispomos de apenas uma
que a força com que a esfera é
carga elétrica pontual, o campo
Seção 4 atraída é devido à existência de
elétrico originado por essa carga
cargas elétricas na canaleta plásti-
Campo elétrico ca, validando assim o conceito de
é radial em torno dela, de forma
que se a carga for positiva, o cam-
campo elétrico.
Observe novamente a Figura 3 po estará se afastando da carga
Um campo elétrico, do ponto de (divergente), e se a carga for ne-
– Eletrização por atrito e atração
vista matemático, é definido pela gativa, o campo estará se aproxi-
em eletroscópio de pêndulo. De-
relação entre a força que atua so- mando da carga (convergente),
pois responda: como a esfera de
bre uma carga de teste, que por conforme você pode verificar na
isopor é capaz de perceber que a
convenção é positiva, e o valor da figura a seguir.
canaleta está eletrizada e, portan-
carga, expressa pela equação:
to, dessa forma ser atraída por ela?
Para responder a tal pergunta re-
corremos ao conceito de campo
elétrico. E= F
q

20 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo
Determine o campo elétrico a 30 cm de uma carga puntiforme de 200nC
no vácuo.

E = k . q → E = 9 .109 . 200 . 10-9 → E = 2 . 104 V / m


Figura 4 - Linhas de Campo Elétrico em
d2 (30 . 10-2)2
Cargas Elétricas Pontuais (Distintas)

Quando temos duas ou mais car-


gas pontuais em uma mesma re-
gião a configuração das linhas de
campo elétrico se dá de acordo DICA
com a figura a seguir. Para você simular
Acessando o link a seguir você
poderá simular situações que
configuram várias cargas elé-
tricas em um mesmo sistema,
contendo as linhas de força
(campo), traçado de superfí-
cies equipotenciais no plano Figura 6 - Imagem de um Sistema com
e em 3D, bem como a anima- 3 Cargas Elétricas animando as Superfí-
Figura 5 - Representação das Linhas de ção das mesmas, de acordo cies Equipotenciais em 3D
Campo para um Par de Cargas Elétricas
com a figura a seguir. Fonte: Mundim (1999).
Pontuais
<http://www.unb.br/iq/kle-
ber/EaD/Eletromagnetismo/
Já vimos que para calcularmos o LinhasDeForca/LinhasDeForca. Você sabia?
campo elétrico dividimos o valor html>
da força de origem elétrica que
Vamos lá, acesse o site e O para-raios
surge sobre uma carga de prova.
Se fizermos a substituição da for- amplie ainda mais seus co- Visto que uma descarga atmos-
nhecimentos! férica se processa, preferencial-
ça pela equação da Lei de Cou-
lomb, obteremos: mente, segundo o caminho mais
curto entre a nuvem e a terra,
pontos mais elevados em relação
à superfície possuem maior pro-
k . q 1 . q2
babilidade de receber a descarga.
E= F → E= d2 → E= k.q
q q1 d2
Assim, árvores, torres, colinas e
prédios, por exemplo, são locais
mais sujeitos à queda de um raio.
Sendo: Por essa razão, não é aconselhável
se proteger debaixo de uma árvo-
re durante uma tempestade. En-
tretanto, ficar em campo aberto
▪▪ E → intensidade do campo elétrico em um ponto do espaço em também é perigoso, pois o ponto
volt/metro ou newton/coulomb (V/m ou N/C); mais alto, no caso, é a própria pes-
▪▪ q → carga de teste em coulomb (C); soa. Um lugar bastante seguro é
▪▪ d → distância da carga ao ponto considerado em metros (m); no interior de um carro, que for-
▪▪ K → constante eletrostática do meio (Nm2/C2). ma uma blindagem eletrostática.
Para o vácuo: K = K0 = 9 . 109 Nm2/C2. Uma construção de alvenaria, por
causa da ferragem, também pro-
tege.

ELETRICIDADE 1 21
O para-raios foi inventado por Podemos relacionar o campo elétrico e o potencial elétrico da seguinte
Benjamim Franklin e se destina maneira:
a proteger pessoas e edificações
contra as descargas atmosféricas.
Constitui-se de uma ponta me-
E=K. q → E.d= K. q
tálica, que é colocada acima das d2 d
construções que se pretende pro- mas,
teger, e um condutor metálico co-
necta essa ponta a uma haste me- V = K . q , assim → V = E . d
tálica, que é solidamente aterrada d
(WOLSKI, 2007, p. 29).

Preparado para dar um mergulho


no nosso próximo tema, poten- Vale ressaltar que essa equação apenas pode ser aplicada a um campo
cial elétrico? Vamos lá, lembre-se elétrico uniforme para a determinação da diferença de potencial ao lon-
sempre que estamos juntos nesta go de uma linha de força.
caminhada!
Exemplo
Determine o módulo e o sinal da carga que gera um potencial de -300V
Seção 5 a uma distância de 10 cm, no vácuo. Determine também a intensidade
Potencial elétrico de campo elétrico nesse ponto.

O potencial elétrico é uma gran-


deza escalar que está associada ao
campo elétrico, e que, portanto, é V = K . q → q = V . d → q = - 300 . 10 . 10-2 → q = - 3,33 . 10-9 C
d K 9. 109
também gerado por cargas elétri-
V = E . d → E = V → E = - 300 → E = -3 . 103 V /m
cas, podendo assumir valores po-
d 10 . 10-2
sitivos e negativos.

V=K. q Diferença de potencial


d
Como uma carga gera um potencial V1 em um ponto distante d1, e um
potencial V2 em um ponto distante d2, então existe entre esses dois pon-
tos uma diferença de potencial V1 – V2.
Sendo: A diferença de potencial (ddp) entre dois corpos (ou dois pontos de um
circuito elétrico) é também chamada de tensão elétrica.

V → potencial elétrico em volt (V);


q → carga elétrica em coulomb (C);
d → distância da carga ao ponto considerado em metros (m);
K → constante eletrostática do meio (Nm2/C2).
Para o vácuo: K = K0 = 9 . 109 Nm2/C2.

22 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Dependendo do valor da tensão elétrica, ela poderá ser reescrita utilizan-
do-se prefixos do SI de acordo com a tabela a seguir:

Tabela 2 - Múltiplos e Submúltiplos do Volt


Símbolos Valor em relação à unidade
Múltiplos quilovolt kv  103 V ou 1000 V
milivolt mV  10-3 V ou 0,001 V
microvolt µV  10-6 V ou 0,000001 V
Submúltiplos
nanovolt ŋV  10-9 V ou 0,000000001 V
picovolt ρV  10-12 V ou 0,000000000001 V
Fonte: SENAI (2001, p. 29).

Confrontando a um sistema hidráulico, diz-se que a tensão elétrica pode


ser comparada ao desnível existente entre a caixa d’água e a torneira de
onde a água sairá: quanto mais alta a caixa em relação à torneira, mais
alta será a pressão que fará para sair. Pode-se dizer que a água é bombe-
ada pela ação da gravidade, assim como os elétrons são bombeados pelo
gerador (PARIZZI, 2003, p. 28).

Exemplo
Calcule a diferença de potencial entre dois pontos situados, respectiva-
mente, a 25 e 30 cm de uma carga puntiforme de 40 nC.

V1 = K . q1 → V1 = 9 . 109 . 40 . 10-9 → V1 = 1440 V


d1 25 . 10-2

V2 = K . q2 → V2 = 9 . 109 . 40 . 10-9 → V2 = 1200 V


d2 30 . 10-2

V12 = V1 – V2 → V12 = 1440 – 1200 → V12 = 240 V

Você sabia?
Efeito Corona

Nas linhas de transmissão de alta tensão, o campo elétrico é tão in-


tenso que a rigidez dielétrica do ar é rompida nas proximidades dos
condutores. Como a tensão é alternada, ou seja, inverte e varia rapi-
damente o tempo todo, as moléculas de ar são rompidas e recom-
binadas em seguida, à razão de 120 vezes por segundo. Isso produz
um zumbido característico, que pode ser ouvido nas proximidades das
linhas. Sob certas condições, a recombinação das moléculas do ar pro-
duz a emissão de luz, que forma um halo azulado em torno dos fios.
Esses fenômenos são chamados de efeito Corona e pode ser, portan-
to, audível e/ou visível. O efeito Corona representa uma parcela das
perdas que ocorrem nas linhas de transmissão (WOLSKI, 2007, p. 33).

ELETRICIDADE 1 23
Que tal agora pegarmos uma ca- Ao ligar a fonte de tensão nos Sendo:
rona rumo à capacitância e aos terminais do capacitor, as placas,
capacitores? Acompanhe! inicialmente neutras, começam a
se carregar. Há um movimento C → capacitância em farads (F);
dos elétrons da placa onde é li- q → carga elétrica em
Seção 6 gado o terminal positivo (+) da coulomb (C);
Capacitância e fonte para a placa onde está liga- V → tensão em volts (V).
do o negativo (–) da fonte. Dessa
capacitores forma, uma placa ficará com car-
gas positivas e a outra com cargas
Segundo Batista ([200-?]), um ca- negativas. Se a fonte for retirada,
pacitor consiste de dois condu- o capacitor continuará carregado, Como um farad é uma unidade
tores separados por um isolante. pois não há caminho para os elé- extremamente grande, comumen-
A principal característica de um trons retornarem. te são usados os submúltiplos
capacitor é a sua capacidade de dessa unidade, veja:
armazenar carga elétrica (acumu-
lar eletricidade, isto é, acumular Esse processo é chamado de car-
Tabela 3 - Submúltiplos da Unidade
elétrons), com cargas negativas ga de capacitor. O capacitor nes-
Farad
e positivas no dielétrico, junto às sas condições está com o mesmo
Unidade Submúltiplo Notação
placas. Acompanhando essa carga potencial da fonte que o carregou.
µF 10-6 F
está a energia que um capacitor
pode liberar. Veja a seguir a figura Farad nF 10-9 F
Capacitância pF 10-12 F
de um capacitor.
Propriedade elétrica dos capacito-
res relacionada com a capacidade Em um capacitor de placas pa-
de armazenamento de cargas elé- ralelas, a sua capacitância é dada
tricas, cujo valor pode ser deter- pela equação:
minado pela equação:

C=ε. A
Figura 7 - Capacitor d
Fonte: Batista ([200-?], p. 107).
C= q
V

Ao submeter o capacitor a uma Sendo:


d.d.p., suas placas, que inicialmen-
te estavam em equilíbrio eletrostá-
tico, adquirem cargas elétricas de
▪▪ C → capacitância em farads (F);
sinais opostos, conforme a figura
a seguir. ▪▪ A → área de cada placa em me-
tros cúbicos (m2);
▪▪ d → distância entre as placas em
metros (m);
▪▪ ε → permissividade do dielétrico,
cujo valor no vácuo (ε0) é, aproxima-
damente, 8,9 . 10-12 F/m.

Figura 8 - Capacitor Plano de Placas Paralelas


Fonte: Parizzi (2003, p. 57).

24 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo Os capacitores, quanto ao seu die-
létrico, podem ser de cinco tipos.
Qual é a capacitância de um condutor que, recebendo uma carga de 12
µC, adquire potencial de 2.000 V? ▪▪ De cerâmica: dielétricos de
cerâmica geralmente são capaci-
tores de pequena capacitância.

C = q → C = 12 . 10-6 → C = 6 . 10-9 F → C = 6 nF
V 2000

Exemplo
Determine a capacitância de um capacitor constituído por duas placas
paralelas cuja área é de 0,02 m2, separadas por uma distância de 2 cm.

Figura 9 - Capacitor de Cerâmica


C = є0 . A → C = 8,9 . 10-12 . 2 . 10-2 → C = 8,9 . 10-12 F → C = 8,9 pF
d 2 . 10-2 Fonte: Parizzi (2003, p. 59).

▪▪ De poliéster: dielétricos de
poliéster são de capacitâncias pe-
quenas ou médias e para tensões
Tipos de capacitores quanto ao dielétrico médias ou elevadas.
Dielétrico, como o próprio nome diz, é um isolante que faz a isolação
entre as placas do capacitor. O tipo do dielétrico em geral é a principal
característica construtiva de um capacitor. É o dielétrico quem define as
características como tensão máxima de trabalho e tamanho físico de um
capacitor, conforme você pode acompanhar na tabela a seguir.

Tabela 4 - Tensão Máxima de Trabalho e tamanho Físico de um Capacitor Figura 10 - Capacitor de Poliéster
Material Rigidez dielétrica (kV/m) Fonte: Parizzi (2003, p. 59).
Ar 3000
Porcelana 7000
▪▪ A óleo: dielétricos de papel
Teflon 60000
embebido em óleo isolante em
Vidro 90000 geral são capacitores para altas
Mica 200000 tensões.
Fonte: Wolski (2007, p. 30).

Figura 11 - Capacitor a Óleo


Fonte: Parizzi (2003, p. 60).

ELETRICIDADE 1 25
▪▪ Capacitor eletrolítico: Associação de capacitores em série
dielétricos de papel embebido
em solução dielétrica isolante Na associação em série de capacitores, a capacitância equivalente (Ceq)
(evolução do capacitor a óleo) é sempre menor que o menor dos capacitores da associação, e pode ser
são capacitores polarizados, ou calculada pela equação:
seja, não podem ser ligados de
forma invertida. Sempre há uma
indicação da polaridade em seu
1 = 1 + 1 + 1 ... ou Ceq = C1 . C2. C3
corpo. Ceq C1 C2 C3 C 1 + C2 + C3

A diminuição se dá, pois, quando se associam capacitores em série. Há


um aumento da distância que separa as placas positivas das negativas.

Figura 12 - Capacitor Eletrolítico Figura 14 - Associação em Série de Capacitores


Fonte: Parizzi (2003, p. 60). Fonte: Parizzi (2003, p. 67).

▪▪ Capacitor a ar: capacitores


de sintonia de rádios antigos são
Associação de capacitores em paralelo
placas rígidas e móveis presas Na associação em paralelo de capacitores, a capacitância equivalente é
a um eixo, que se encaixam em igual à soma das capacitâncias de todos os capacitores em paralelo, pois,
outras fixas sem tocá-las. neste caso, as áreas das placas dos capacitores se somam, e pode ser
calculada pela equação:

Ceq = C1 + C2 + C3 ...

Figura 13 - Capacitor de Placas Parale-


las Móveis (Ajustável Tipo Am – Fm)
Fonte: Parizzi (2003, p. 60).

26 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 15 - Associação em Paralelo de Capacitores
Fonte: Parizzi (2003, p. 65).

Aplicação dos capacitores


Os capacitares são utilizados para:
▪▪ isolar corrente contínua e conduzir corrente alternada (capacitor de
bloqueio);
▪▪ reduzir flutuação de tensão e de corrente (capacitor de filtro em uma
fonte de alimentação);
▪▪ eliminar interferências;
▪▪ reduzir as defasagens entre tensão e corrente (aumentar o fator de
potência);
▪▪ partida de motores;
▪▪ circuitos ressonantes na telecomunicação e outros.

Com este assunto concluímos aqui a primeira unidade de estudos desta


Unidade Curricular. Percorreremos agora pelo tema eletrodinâmica. E
por falar nisso, você já ouviu falar em força eletromotriz, resistência elé-
trica, circuitos elétricos simples? Sim, não? Ficou curioso(a)? Continue
seus estudos e confira o que preparamos para você!

ELETRICIDADE 1 27
Unidade de
estudo 2
Seções de estudo

Seção 1 – Força eletromotriz


Seção 2 – Corrente elétrica
Seção 3 – Resistência elétrica
Seção 4 – Resistores e associações de
resistores
Seção 5 – Circuitos elétricos simples (CC)
Eletrodinâmica

Seção 1
Força eletromotriz
Ao fazermos uma conexão elétri- ▪▪ saber se a tensão a ser medida Analógico - com ponteiro sobre
ca entre dois corpos que apresen- é produzida por uma fonte de a escala
tam uma diferença de potencial, corrente contínua (pilha, bate- Digital - os números aparecem
ocorre naturalmente um fluxo de ria, fonte retificadora eletrônica, em um visor eletrônico.
cargas, de modo que em um inter- gerador) ou de corrente alternada
valo muito curto de tempo ocorre (rede elétrica de residências, lojas,
o equilíbrio dos potenciais. indústrias, etc.). Os voltímetros Conheça os dois modelos na figu-
Para que esse fluxo de cargas se adequados para medir tensões em ra a seguir.
mantenha por meio de um con- corrente contínua têm gravado,
dutor a reposição das cargas elé- em local visível (normalmente
tricas que se deslocam de um próximo à escala), o símbolo
corpo para outro é necessária. O ou “DC”. Os voltímetros
mecanismo responsável por repor adequados para medir tensões em
essas cargas é denominado força corrente alternada têm gravado
eletromotriz (fem). o símbolo ou “AC”. Os vol-
tímetros que servem para medir
tensões tanto em corrente alter-
Força eletromotriz é a energia nada como em corrente contínua Figura 16 - Multímetro Analógico e
que promove o deslocamento têm o símbolo “AC/DC”;
Multímetro Digital
de cargas no interior da fon-
Fonte: Minipa (2009).
te, repondo as cargas em seus
terminais e mantendo a dife-
▪▪ saber os valores mínimo e má-
rença de potencial constante ximo que poderão ter a medida a E a corrente elétrica, o que é mes-
por um longo período (WOL- ser feita, para definir a capacidade mo? Vamos conhecer juntos!
SKI, 2007, p. 39). do instrumento a ser utilizado,
ou seja, definir a sua escala de
leitura. Seção 2
A unidade da fem também é o volt
Corrente elétrica
Outro detalhe a ser observado é
(V), e o instrumento que mede a a posição de uso do instrumen-
fem e a ddp é o voltímetro. A corrente elétrica nada mais é do
to, que também é indicada por que o movimento de forma or-
Na escolha do voltímetro para re- meio de símbolos impressos: denada de cargas elétricas em um
alizar uma medição, é necessário: “ ” quando o instrumento for condutor ocorrido devido à exis-
para uso na posição vertical, ou tência de uma ddp.
“ ” quando o instrumento for
para uso na posição horizontal. Para se estabelecer essa ddp en-
tre dois pontos de um condutor,
e fazer surgir a corrente elétrica,
Existem, basicamente, dois tipos utiliza-se um gerador, como por
de voltímetros: exemplo, pilha ou bateria.

ELETRICIDADE 1 29
▪▪ Sentido real do movimento um fabricante para outro. O mais ▪▪ efeito luminoso – em deter-
de cargas: os elétrons são as recomendado e utilizado é o do minadas condições, a passagem
cargas que se movimentam, veja tipo alicate, pois não requer que da corrente elétrica por meio de
na figura a seguir. o circuito seja aberto para se fazer um gás rarefeito faz com que ele
a medição, basta envolver a fiação emita luz. As lâmpadas fluores-
com o anel do alicate. Veja um centes e os anúncios lumino-
modelo de alicate amperímetro na sos são aplicações deste efeito.
figura a seguir. Neles há a transformação direta
de energia elétrica em energia
luminosa;
▪▪ efeito magnético – um
condutor percorrido por uma
corrente elétrica cria um campo
magnético na região próxima a
ele. Este é um dos efeitos mais
importantes, constituindo a base
Figura 17 - Sentido Real do Movimento do funcionamento dos motores,
das Cargas transformadores, relés, etc.;
Fonte: Parizzi (2003, p. 30). ▪▪ efeito químico – uma solução
eletrolítica sofre decomposição
Figura 19 - Alicate Amperímetro quando é atravessada por uma
▪▪ Sentido da corrente elétri-
ca: sentido convencionado do Fonte: Minipa (2009). corrente elétrica. É a eletrólise.
movimento de cargas, ou seja, do Este efeito é utilizado, por exem-
ponto mais positivo (pólo posi- plo, no revestimento de metais:
tivo) para o ponto mais negativo Efeitos da corrente cromagem, niquelação, etc.;
(pólo negativo). elétrica ▪▪ efeito fisiológico – ao per-
correr o corpo de um animal,
Quando a corrente elétrica per-
a corrente elétrica provoca a
corre um condutor elétrico, ela
contração dos músculos, causan-
pode produzir os seguintes efei-
do a sensação de formigamento
tos:
e dor, proporcional à intensidade
▪▪ efeito térmico ou efeito da corrente, podendo chegar a
Joule – a passagem da corrente provocar queimaduras, perda de
elétrica por um condutor produz consciência e parada cardíaca.
neste um aquecimento. Esse fe- Esse efeito é conhecido como
nômeno é chamado de efeito tér- choque elétrico.
mico ou efeito Joule e acontece
porque durante o movimento dos
Tipos de corrente
elétrons no interior do condutor.
Figura 18 - Sentido da Corrente
ocorrem constantes choques elétrica
Elétrica entre eles, transformando a maior Existem dois tipos de corren-
Fonte: Parizzi (2003, p. 30). parte da energia cinética em te elétrica: a corrente contínua
calor, provocando dessa forma (CC) (geralmente utilizada em
O instrumento utilizado para o aumento de temperatura do circuitos eletrônicos), cuja in-
medir a corrente elétrica é o am- condutor. Este efeito é a base de tensidade é constante e sempre
perímetro, que pode ser do tipo funcionamento de vários apare- no mesmo sentido; e a corrente
digital ou analógico, podendo ter lhos: chuveiro elétrico, secador de alternada (CA) (geralmente uti-
diversos formatos, variando de cabelos, aquecedor de ambiente, lizada pelos sistemas residenciais,
ferro elétrico, etc.; industriais), cuja intensidade varia
senoidalmente no tempo e com
sentido invertido periodicamente.
Acompanhe nas figuras a seguir.

30 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo
Determine a quantidade de elé-
trons que passam por uma seção
transversal a cada segundo quan-
do o condutor conduz uma cor-
rente de 3 A.

i = ΔQ →
Gráfico 2 - Corrente Contínua ao Longo do Tempo Δt
Fonte: Vieira Júnior (2004, p. 8). → ΔQ = i . Δt
→ ΔQ = 3 . 1
→ ΔQ = 3 C

sendo ΔQ = n . e
→ n = ΔQ → n = 3 →
e 1,6 . 10-19
n = 1,875 . 1019 elétrons →
18750000000000000000 elétrons

Gráfico 3 - Corrente Alternada ao Longo do Tempo


Vamos para a próxima seção?
Fonte: Vieira Júnior (2004, p. 8).
Acompanhe!

Intensidade da Conheça a seguir a tabela de múl-


corrente elétrica tiplos e submúltiplos do ampère.

A intensidade da corrente elétrica


nos indica a quantidade de car- Tabela 5 - Múltiplos e Submúltiplos do Ampère
ga elétrica que atravessa a seção Símbolo Valor em relação à Unidade
transversal de um condutor a cada
Múltipos quiloampere kA  103 A ou 100 A
segundo, sendo determinada pela
miliampere mA  10-3 A ou 0,001 A
equação:
microampere µA  10-6 A ou 0,000001 A
Submúltipos
nano ampère ŋA  10-9 A ou 0,000000001 A
i = ΔQ picoampere ρA  10-12 A ou 0,000000000001 A
Δt Fonte: SENAI (2001, P. 41).

Exemplo
Sendo:
Determine a intensidade da cor-
rente elétrica em um condutor, sa-
bendo que nele passam 300 µC de
i → intensidade da corrente
elétrica em ampère (A); carga em uma seção transversal, a
cada 200 µs.
∆Q → quantidade de cargas
em coulomb (C);
i = ΔQ → i = 300 . 10-6 → i = 1,5 A
∆t → intervalo de tempo em Δt 200 . 10-6
segundos (s).

ELETRICIDADE 1 31
Sendo:
Seção 3
Resistência elétrica
▪▪ R → resistência elétrica do condutor em ohm (Ω);
Resistência elétrica é a dificuldade
que os elétrons encontram para
▪▪ ρ → resistividade do material que constitui o condutor (Ωm);
percorrer um circuito elétrico, ou ▪▪ l → comprimento do condutor em metros (m);
seja, é a oposição que um mate- ▪▪ A → área da seção transversal do condutor em metros cúbicos (m2).
rial apresenta ao fluxo de corren-
te elétrica. A resistência elétrica
pode ser calculada e sua unidade Observando com atenção a equação podemos perceber que quanto
de medida é o ohm, representada maior for o comprimento do condutor, maior será a sua resistência, ao
pela letra grega Ω (lê-se ômega). passo que quanto maior a área da seção transversal, menor será a sua
Assim como outras grandezas, resistência.
também são muito utilizados os
Pelo fato de cada material que existe na natureza ter um átomo diferente
múltiplos e submúltiplos do ohm.
dos demais materiais, é fácil compreender que cada um se comporta de
maneira única em relação à passagem da corrente elétrica devido à sua
Conheça na figura a seguir o sím- estrutura atômica. Isso implica em diferentes valores de resistência espe-
bolo da resistência elétrica. cífica para diferentes materiais, confira na tabela a seguir.

Tabela 6 - Resistividades e Coeficiente de Temperatura para Diferentes Tipos de


Materiais
ρ (Ωm) ρ (Ωmm2/m)
Material α (°C-1)
Para T = 20°C Para T = 20°C
Figura 20 - Símbolo de Resistência Alumínio  2,8 x 10-8  0,028  3,2 x 10-3
Elétrica
Chumbo  21 x 10-8  0,21 4,2 x 10-3
Fonte: Parizzi (2003, p. 39).
Cobre  1,72 x 10-8  0,0172 3,9 x 10-3
Ferro  9 a 15 x 10-8  0,09 a 0,15 5,0 x 10-3
Metais
A resistência elétrica depende do Mercúrio  95,8 x 10-8  0,958 0,92 x 10-3
material que constitui o condutor, Platina  10,8 x 10-8  0,108 3,8 x 10-4
do comprimento desse condutor Prata  1,6 x 10-8  0,016 4,0 x 10-3
e da área da seção do condutor, e Tungstênio  5,2 x 10 -8
0,052 4,5 x 10-3
pode ser determinada pela equa-
Constantan  50 x 10-8  0,50 (0,4 a 0,1) x 10-4
ção:
Latão  8 x 10-8  0,08 15 x 10-4
Ligas Manganina  42 x 10-8  0,42 (0 a 0,3) x 10-4
R=ρ l Metálicas Níquel-
A cromo  100 x 10-8  1,00 1,7 x 10-4
Niquelina  42 x 10-8  0,42 2,3 x 10-4
Fe3O4  0,01 104
Germânio  0,47 47 x 104  
Semicondutores  0,004 a
Grafite 0,007 (0,4 a 0,7) x 10-4  
Silício  3000 3 x 109  
Ebonite 10 a 10
13 16
   
Mármore 10 a 10
7 9
   
Isolantes
Mica 10 a 10
13 15
   
Vidro 10 a 10
10 11
   
Fonte: SENAI (2004, P. 48).

32 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo
Determine a resistência de um condutor de cobre com 30 m de compri-
mento e 0,5 mm2 de seção transversal à temperatura de 20 ºC.

R = ρ l → R = 0,0172 . 30 → R = 1,032 . 106 Ω → R = 1,032 MΩ


A 5 . 10-7

Exemplo
Determine o comprimento necessário para que um fio de níquel-cromo
de seção 1 mm2 apresente uma resistência de 10 Ω.
Figura 21 - Resistor Metálico de um
Chuveiro e Resistor de Carbono

R = ρ l → l = RA → l = 10 . 1 . 10-6 → l = 10 m Fonte: SENAI (2004, p. 56).


A ρ 100 . 10-8

Identificação de resis-
tores por código de cores
DICA Você sabia que existe um código
Realize uma pesquisa para verificar como a resistência é influenciada
de cores para a leitura do valor de
pela temperatura e como se calcula o valor de uma resistência em um resistor?
uma dada temperatura. Faça os registros de sua pesquisa em seu
caderno. Sim, e ele está representado na ta-
bela a seguir, sendo que a primei-
ra faixa corresponde ao primeiro
algarismo, a 2ª faixa ao segundo,
A nossa caminhada em busca de novos conhecimentos continua! Que a 3ª faixa ao número de zeros que
tal percorrermos agora os trilhos que nos levam aos resistores e associa- segue os algarismos e a 4ª faixa à
ção de resistores? Vamos em frente! tolerância percentual máxima para
o valor indicado no componente.

Seção 4
Resistores e associações de resistores
É um dispositivo que transforma toda a energia elétrica consumida inte-
grante em calor, como por exemplo, os aquecedores, o ferro elétrico, o
chuveiro elétrico, a lâmpada comum e os fios condutores em geral.
Figura 22 - Identificação de Resistores
Classificamos os resistores em dois tipos: fixos e variáveis. Os resisto- por Código de Cores
res fixos são aqueles cujo valor da resistência não pode ser alterada, en-
Fonte: Saturnino ([200-?], p. 32).
quanto que os variáveis têm a sua resistência modificada dentro de uma
faixa de valores por meio de um cursor móvel. Veja alguns exemplos na
figura a seguir.

ELETRICIDADE 1 33
Tabela 7 - Identificação de Resistores por Código de Cores

Cor 1° algarismo 2° algarismo


Fator
Tolerância
DICA
multiplicativo
Realize uma pesquisa para
Preto ----------- 0 x1 ----------- verificar como é o princípio
de funcionamento dos re-
Marron 1 1 x 10 1
± 1%
ostatos e potenciômetros,
Vermelho 2 2 x 10 2
± 2% e onde são utilizados, re-
Laranja 3 3 x 10 3
----------- gistrando os seus resulta-
Amarelo 4 4 x 104 ----------- dos em seu caderno.
Verde 5 5 x 10 5
-----------
Azul 6 6 x 10 6
-----------
violeta 7 7 ----------- -----------
Cinza 8 8 ----------- ----------- Associação de
Branco 9 9 ----------- ----------- resistores
Ouro ----------- ----------- x 10-1 ± 5%
Os resistores entram na constitui-
Prata ----------- ----------- x 10 -2
± 10%
ção da maioria dos circuitos elé-
Fonte: Saturnino ([200-?], P. 32).
tricos, formando associações de
resistores. Por isso, é importante
Para ler um resistor com cinco Exemplo que você conheça os tipos e as
faixas: características elétricas dessas as-
Um resistor com as cores abaixo: sociações, pois elas são a base de
▪▪ 1ª faixa – algarismos 1ª marrom – 1 qualquer atividade ligada à eletro-
ignificativo; eletrônica.
2ª preto – 0
▪▪ 2ª faixa – algarismo 3ª amarelo – 4 → 10 x 104 (ou Na associação de resistores é
significativo; quatro zeros) preciso considerar duas coisas:
▪▪ 3ª faixa – algarismo 4ª ouro – 5% os terminais e os nós. Os termi-
significativo; nais são os pontos da associação
R = 100 KΩ ± 5% ou R = 100000 conectados à fonte geradora. Os
▪▪ 4ª faixa – número de zeros; Ω ± 5% nós são os pontos em que ocor-
▪▪ 5ª faixa – tolerância. re a interligação de dois ou mais
Exemplo resistores.
Para ler um resistor com seis fai- Identificar o valor de cada um dos
xas: resistores, cujas faixas coloridas
na sequência são: Associação em série
▪▪ 1ª faixa – algarismo
significativo; Neste tipo de associação os resis-
a. vermelho, vermelho, laranja,
tores são interligados de forma
▪▪ 2ª faixa – algarismo s dourado.
que exista apenas um caminho
ignificativo; R = 22. 103 Ω ± 5% R = 22
para a circulação da corrente elé-
▪▪ 3ª faixa – algarismo kΩ ± 5%
trica entre os terminais.
significativo;
b. marrom, cinza, verde.
▪▪ 4ª faixa – número de zeros; R = 18. 105 Ω ± 20% R = 1,8
▪▪ 5ª faixa – tolerância; MΩ ± 20%
▪▪ 6ª faixa – temperatura.
c. amarelo, violeta, dourado,
prateado.
R = 47. 10-1 Ω ± 10% R = 4,7
Ω ± 10%

34 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Figura 24 - Resolução de Resistência equivalente em Série
Figura 23 - Circuito com quatro Lâmpa- Fonte: Batista ([200-?], p. 48).
das associadas em Série e percorridas
por uma mesma Corrente Elétrica
Fonte: SENAI (2004, p. 58). Associação em
VT = V1 = V2 = V3 ...
Nota: se uma lâmpada queimar, todas paralelo
se apagam.
Uma associação de resistores é
denominada de paralela quan-
Características da associação em do os resistores que a compõem ▪▪ a corrente i na associação é
série: estão interligados de forma que igual à soma das correntes em
exista mais de um caminho para cada resistor.
▪▪ a intensidade da corrente i é
a circulação da corrente elétrica
a mesma em todos os resistores,
entre seus terminais.
pois eles estão ligados um após o
iT = i1 + i2 + i3 ...
outro;

iT = i1 = i2 = i3 ...
Você pode calcular a resistência
do resistor equivalente da associa-
ção, da seguinte forma:
Figura 25 - Circuito com quatro Lâmpa-
▪▪ a tensão V na associação é das Associadas em Paralelo e Submeti-
igual à soma das tensões em cada das à mesma ddp 1 = 1 + 1 + 1 ...
resistor. Fonte: SENAI (2004, p. 61). RT R1 R2 R3
Nota: se uma lâmpada queimar, as
ou
outras permanecem acesas.
VT = V1 + V2 + V3 ...
RT = R1 . R2 . R3
Características da associação em R1+ R2+ R3
paralelo:
▪▪ a tensão V é a mesma em
Você pode calcular a resistência
todos os resistores, pois estão
do resistor equivalente da associa-
ligados aos mesmos terminais A Exemplo
ção, da seguinte forma:
e B;
Determine a resistência equiva-
lente do circuito.
RT = R1 + R2 + R3 ...

Exemplo
Determine a resistência equiva-
lente do circuito. Figura 26 - Resolução de Resistência Equivalente em Paralelo
Fonte: Batista ([200-?], p. 49).

ELETRICIDADE 1 35
Associação mista É importante destacar que por
meio do dispositivo de controle, o
É aquela na qual você encontra, ao mesmo tempo, resistores associados circuito poderá estar fechado ou
em série e em paralelo. A determinação do resistor equivalente final é aberto.
feita a partir da substituição de cada uma das associações, em série ou em Acompanhe no quadro a seguir os
paralelo, que compõem o circuito pela sua respectiva resistência equiva- principais elementos dos circuitos
lente. Acompanhe a figura a seguir! elétricos e seus símbolos!

Quadro 1 - Principais elementos dos


circuitos elétricos e seus símbolos
correspondentes

Elementos Símbolos
Figura 27 - Associação Mista de Resistências
Amperímetro
Fonte: SENAI (2004, p. 64).
Chave
interruptora
Exemplo
Determine a resistência equivalente do circuito a seguir: Condutor

Cruzamento
com conexão
Cruzamento
sem conexão
Fonte, gerador
ou bateria

Lâmpada
Figura 28 - Resolução de Associação Mista de Resistências
Fonte: Batista ([200-?], p. 50). Resistor

Vamos para a próxima seção? Acompanhe! Voltímetro


Fonte: SENAI (2001, p. 73).
Seção 5
Veja na imagem a seguir o exem-
Circuitos elétricos plo de um circuito simples simbo-
simples (CC) lizando três lâmpadas em série.

Um circuito elétrico consiste em um caminho para a corrente elétrica.

Você sabe o que é necessário para ser um circuito elétrico?


Para ser caracterizado como um circuito elétrico é necessário que o ca-
minho para a corrente elétrica contenha no mínimo:
▪▪ uma fonte de força eletromotriz;
▪▪ uma carga, que pode ser uma resistência, uma lâmpada, um motor
Figura 29 - Circuito Simples com 3
ou qualquer outro dispositivo que absorva energia;
Lâmpadas em Série
▪▪ condutores que interliguem os componentes e que permitam a pas- Fonte: Batista ([200-?], p. 48).
sagem da corrente;
▪▪ dispositivo de controle para interromper o circuito, que pode ser um
interruptor, disjuntor, etc.

36 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Lei de Ohm Exemplo
A Lei de Ohm é a lei básica da Em uma lanterna, uma lâmpada utiliza uma alimentação de 6 V e tem
eletricidade e eletrônica e seu co- 36 Ω de resistência. Qual é a corrente consumida pela lâmpada quando
nhecimento é fundamental para o estiver ligada?
estudo e a compreensão dos cir-
cuitos elétricos. i = V → i = 6 → i = 0,166 A
Estudando a corrente elétrica que R 36
circula nos resistores, Georg Si-
mom Ohm determinou experi-
Exemplo
mentalmente a relação entre a di-
ferença de potencial nos terminais O motor de um carrinho de autorama atinge a rotação máxima quando
de um resistor e a intensidade da recebe 9 V da fonte de alimentação. Nessa situação a corrente do motor
corrente nesse resistor. é de 230 mA. Qual é a resistência do motor?
A intensidade da corrente que pas-
sa por um resistor é diretamente R = V → R = 9 → R = 39,1 Ω
proporcional à diferença de poten- i 0,23
cial entre os terminais do resistor.
A constante de proporcionalidade
Exemplo
é a resistência do resistor.
Essa relação pode ser expressa Dado o circuito a seguir, determine a corrente total que circula nele.
pela equação:

R= V
i

Sendo: Figura 30 - Determinação de Corrente Total em Circuito


▪▪ R → resistência elétrica Fonte: Batista ([200-?], p. 48).
do condutor em ohm (Ω);
▪▪ V → força eletromotriz
aplicada à resistência, ou ten- Exemplo
são elétrica em volt (V); Dado o circuito a seguir, determine a corrente total que circula nele.
▪▪ i → corrente elétrica em
ampère (A).

Você também pode analisar e Lei


de Ohm por meio de gráficos,
veja a seguir um exemplo. Figura 31 - Determinação de Corrente Total em Circuito
Fonte: Batista ([200-?], p. 49).

Potência elétrica
A maior parte dos equipamentos, dispositivos e máquinas elétricas ne-
cessita que a potência seja especificada no projeto ou na aquisição, por
isso a potência elétrica é uma grandeza muito importante na eletricidade.
Gráfico 4 - Representativo da Lei de Ohm Mas o que é potência elétrica?
Fonte: Parizzi (2003, p. 42).

ELETRICIDADE 1 37
Conhecer a potência total instala-
Define-se potência elétrica como sendo a grandeza que relaciona o da é muito útil para o projeto da
trabalho elétrico realizado com o tempo necessário para sua realiza- instalação predial de urna residên-
ção. Enfim, potência elétrica é a capacidade de realizar um trabalho cia, afinal, as tomadas, os fios e os
na unidade de tempo, a partir da energia elétrica. disjuntores deverão suportar as
correntes drenadas pelos apare-
lhos. Veja na tabela a seguir os da-
dos de normalização de fios pela
A potência elétrica pode ser expressa pela equação:
ABNT NBR 6148.

Tabela 9 - Capacidade de Condução do


P= W
Condutor em Função da Bitola
Δt
Sendo: Bitola do fio Corrente
▪P → potência elétrica em joule por segundo (J/s); (mm2) máxima (A)
▪W → energia transformada no equipamento elétrico em joules (J); 1,5 15
▪Δt → intervalo de tempo em segundos (s). 2,5 21
4,0 28
6,0 36
10 50
16 68
A unidade joule/segundo é conhecida também como watt (W) e corres-
25 89
ponde à potência quando está sendo realizado um trabalho de 1 joule em
cada segundo. Assim, se uma determinada máquina fizesse um trabalho 35 111
de 30 joules em 10 segundos, seria gasto na razão de 3 joules por segun- 50 134
do, e, portanto, a potência seria de 3 watts. 70 171
90 205
Confira a seguir a tabela de múltiplos e submúltiplos do watt. Fonte: Batista ([200-?], p. 73).

A partir da equação anterior e da


Tabela 8 - Múltiplos e Submúltiplos do Watt Lei de Ohm podemos deduzir
Símbolo Valor em relação à unidade outras duas equações que relacio-
Múltiplo quilowatt kW 103 W ou 1000 W nam a potência com a resistência,
Unidade watt W  1 W tensão ou corrente elétrica. Con-
fira!
miliwatt mW 10-3 W ou 0,001 W
Submúltiplos
microwatt µW 10-6 W ou 0,000001 W
Fonte: SENAI (2001, p. 83).
P=V.i e V=R.i
Quando temos um aparelho sob uma tensão constante e consumindo substituindo obtemos:
uma corrente elétrica, podemos calcular a potência elétrica desse apare-
lho por meio da seguinte equação: P = (R . i). i → P = R . i2

ou
P=V.i
Sendo P = V. V → P = V2
R R
▪▪ P → potência elétrica em watts (W);
▪▪ V → tensão elétrica em volt (V);
▪▪ i → corrente elétrica em ampère (A).
Equivalências importantes:

38 CURSOS TÉCNICOS SENAI


1 CV = 736 W P = R . i2 Portanto, potência nominal é
HP = 745,7 W → P = 8 . 102 a potência para qual um apa-
BTU = 0,293 W → P = 800 W relho foi projetado.

Exemplo
Veja o disco apresentado na figura Quando uma lâmpada, aquecedor
a seguir e observe todas as variá- Um isqueiro de automóvel fun-
ou motor trabalha “dissipando a
veis da Lei de Ohm e da potência ciona com 12 Vcc fornecidos pela
sua potência nominal”, diz-se que
elétrica. Vamos lá! bateria. Sabendo que sua resistên-
o aparelho está na sua condição
cia é de 30 Ω, calcule a potência
ideal de funcionamento.
dissipada.
Terminamos aqui a unidade 2 des-
te livro didático. Aproveite o mo-
mento para descansar um pouco,
P = V2 → P = 122 → P = 4,8 W
R 30 levante, dê uma caminhada, tome
um café ou uma água e depois re-
torne aos estudos.
Ah! E por falar nos estudos, que
tal, juntos conhecermos o concei-
Potência nominal to e os princípios do eletromag-
Certos aparelhos elétricos, tais netismo? Vamos lá, ainda temos
como chuveiros, lâmpadas e mo- muitas novidades para você.
Figura 32 - Disco com todas as Vari-
tores têm uma característica parti-
áveis da Lei de Ohm e da Potência cular: seu funcionamento obedece
Elétrica a uma tensão previamente estabe-
Fonte: Vieira Júnior (2004, p. 31). lecida. Assim, existem chuveiros
para 127 V ou 220 V; lâmpadas
para 6 V, 12 V, 127 V, 220 V e ou-
tras tensões; motores para 127 V,
Exemplo 220 V, 380 V, 760 V e outras. Por
Uma lâmpada de lanterna de 6 V isso, os aparelhos que apresentam
requer uma corrente de 0,5 A das tais características devem sempre
pilhas. Qual é a potência da lâm- ser ligados na tensão correta (no-
pada? minal), normalmente especificada
no seu corpo.

Quando tais aparelhos são ligados


P = V . i → P = 6 . 0,5 → P = 3W
corretamente, a quantidade de ca-
lor, luz ou movimento produzida
é exatamente aquela para a qual
foram projetados.
Exemplo
Um aquecedor elétrico tem uma Por exemplo, uma lâmpada de
resistência de 8 Ω e solicita uma 127V/100W, ligada corretamente
corrente de 10 A. Qual é a sua po- (em 127 V), produz 100 W entre
tência? luz e calor. Diz-se, nesse caso, que
a lâmpada está dissipando a sua
potência nominal.

ELETRICIDADE 1 39
Unidade de
estudo 3
Seções de estudo

Seção 1 – Princípios do magnetismo


Seção 2 – Princípios do eletromagnetismo
Seção 3 – Indução eletromagnética
Magnetismo e Eletromagnetismo

Seção 1
Princípios do
magnetismo
As primeiras observações sobre
os efeitos magnéticos foram fei-
tas na Ásia Menor, onde foram
encontradas algumas pedras que
tinham a propriedade de atrair
pedaços de ferro. Essas pedras
foram chamadas de magnetita e
hoje sabemos que são constituí-
Figura 38 - Orientação dos Ímãs Elementares em Diferentes Corpos
das de óxido de ferro (Fe3O4).
Fonte: Parizzi (2003, p. 70).

Chama-se magnetismo a proprie- Para facilitar a representação de


A magnetita, por ser en- dade pela qual um ímã exerce sua um campo magnético, utilizamos
contrada na natureza já em influência. Ainda não completa- o conceito de linha de força. Ge-
forma de ímã, é classificada mente conhecida a natureza das ralmente definem-se linhas de
como um ímã natural. forças magnéticas de atração e força de um campo magnético
repulsão, embora conheçamos assim:
as leis que orientam suas ações e
como utilizá-las.
A maioria dos ímãs utilizados Experimentalmente podemos ob-
hoje é produzida artificialmente são trajetórias percorridas
servar que as propriedades de um por uma massa magnética hi-
por meio de processos industriais. ímã se manifestam mais acentu- potética norte, concentrada
Os ímãs artificiais podem ser tem- adamente em seus extremos. A em um ponto material, móvel
porários ou permanentes, sendo partir disso, os extremos do ímã no campo.
que os temporários são feitos de passaram a ser chamados de polos
ferro doce, enquanto os perma- magnéticos. Os polos são o norte
nentes são feitos de ligas de aço e o sul.
(geralmente contendo níquel ou
cobalto). Podemos dizer que polos são as
duas regiões onde o ímã exerce
maior influência. Acompanhe!
Um imã é composto de imãs ele-
mentares que podem ser os áto-
mos ou moléculas que o com-
põem. Assim, para obter um ímã
basta orientarmos os ímãs ele-
mentares de um metal, processo
esse que se chama imantação.
No entanto, nem todos os metais
podem ser imantados. Confira
alguns exemplos na imagem a se- Figura 39 - Polos Magnéticos de um Ímã
guir. Fonte: SENAI (2004, p. 74).

ELETRICIDADE 1 41
Por isso, diz-se que as linhas de A Terra deve ser considerada
força saem do polo norte e vão como um grande ímã. Veja na Outra propriedade importan-
para o polo sul, como você pôde imagem a seguir, o campo magné- te dos ímãs é que polos de
observar na imagem anterior. tico circundando-a. As polarida- mesmo nome se repelem, ao
Espalhando-se limalhas de ferro des geográficas e magnéticas es- passo que polos de nomes
tão indicadas. Vale ressaltar que o contrários se atraem.
no campo magnético de um ímã,
nota-se de maneira bem clara que eixo magnético não coincide com
elas se dispõem segundo linhas o eixo geográfico.
bem definidas, que são as linhas No polo norte geográfico fica si-
de força do campo magnético. tuado o polo sul magnético e no Intensidade do campo
Veja! polo sul geográfico fica situado o magnético
polo norte magnético. Confira!
É preciso observar que o campo
magnético não se manifesta so-
mente em um plano: ele é uma
região do espaço. Supondo-se, no
interior do campo de um ímã uma
superfície de 1cm2, o número de
linhas de força que passam através
dessa superfície permite avaliar a
intensidade do campo magnético
Figura 40 - Disposição das Limalhas de Ferro no Campo Magnético de um Ímã (H), uma grandeza expressa em
Fonte: Batista ([200-?], p. 70). oersted (Oe).

Se um ímã for suspenso pelo seu


centro, nota-se que as extremida-
des se orientam sempre na mes- DICA
ma direção: um dos polos sempre A intensidade do campo
aponta para o norte e a outra ex- magnético não é igual em
tremidade aponta sempre para o todos os seus pontos, pois,
sul. à medida que se afasta do
ímã, escasseiam-se as li-
nhas de força.

DICA
A bússola nada mais é que
um pequeno ímã suspenso O número total de linhas de força
pelo seu centro de gravida- de um ímã é chamado fluxo de in-
de, empregada para orien- Figura 41 - O Planeta Terra como um dução magnética, cujo símbolo é
tar os viajantes. Imenso Ímã Φ (fi - letra grega) e é medido em
Fonte: Batista ([200-?], p. 70). weber (Wb). Outra unidade possí-
vel para expressar o fluxo de indu-
Se um ímã for aproximado de uma ção magnética é o maxwell (Mx).
Se você partir um ímã ao meio,
bússola, nota-se que o polo norte A relação entre as unidades weber
obterá dois novos ímãs com dois
da bússola é repelido pelo polo e maxwell se dá por:
polos cada um. Da mesma for-
norte do ímã. O mesmo aconte-
ma, dividindo ao meio cada um
ce com os polos Sul do ímã e da
dos novos ímãs você obterá mais
bússola. Entretanto, o polo norte
ímãs, porém com dois polos. Por-
do ímã atrai o polo sul da bússo- 1Wb = 108 Mx
tanto, é impossível separar os po-
la, enquanto que o polo norte da
los de um ímã, pois por mais que
bússola é atraído pelo polo sul do
você os divida, eles sempre terão
ímã.
dois polos.

42 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Observe, na imagem a seguir, que
na região “A” do espaço haverá
Seção 2 ▪▪ “•” → indica corrente
elétrica ou campo magnético
uma intensidade de campo mag- Princípios do saindo do plano;
nético com maior valor do que eletromagnetismo ▪▪ “x” → indica corrente
a correspondente na região “B”, elétrica ou campo magnético
uma vez que, na região “A”, há um entrando no plano.
maior número de linhas de força.
Campo magnético em
um condutor reto
A corrente elétrica, passando por
um condutor, faz com que ele
adquira propriedades magnéticas,
como o surgimento de linhas de Figura 44 - Sentido do Campo Magné-
campo magnético. Essas, entre-
tico, com Corrente saindo do Plano da
tanto, são muito fracas e imper-
Folha (Direita) e entrando no Plano da
ceptíveis para pequenos valores
Folha (Esquerda)
da corrente elétrica. O sentido
das linhas de campo magnético Fonte: Parizzi (2003, p. 72).
é dado pela regra da mão direita.
O vetor B representativo da in-
Figura 42 - Região Indicando o Fluxo Confira a seguir!
tensidade de campo em um pon-
Magnético em um Ímã
to é tangente ao campo no ponto
Fonte: Batista ([200-?], p. 71).
considerado.
Podemos determinar a intensida- A intensidade de campo no ponto
de do campo magnético por meio considerado é diretamente pro-
da seguinte equação: porcional à corrente no condutor
e inversamente proporcional à
distância do centro do condutor
ao ponto, podendo ser determina-
H=Ф
do pela equação:
A

Onde: B = μ0 . i
2π . r
Figura 43 - Regra da Mão Direita
Fonte: Parizzi (2003, p. 71).
▪▪ H → intensidade do campo
magnético em oersted (Oe); Com o polegar na direção da cor- Sendo:
▪▪ Ф → fluxo magnético em rente, o movimento dos dedos
weber (Wb); para pegar os fios indica o sentido
▪▪ A → área de uma deter- do campo. ▪▪ ▪ B → intensidade do campo
magnético em tesla (T);
minada região onde passam Como observamos, ao longo do
linhas de fluxo magnético condutor, a representação das li- ▪▪ ▪ i → corrente elétrica que per-
expressa em centímetros nhas de campo magnético é dada corre o condutor em ampère (A);
cúbicos (cm2). de acordo com a imagem a seguir, ▪▪ ▪ r → distância do centro de um
respeitando as seguintes conven- condutor ao ponto que se deseja
ções: calcular a intensidade do campo
magnético em metros (m);
Nossa caminhada ainda não ter-
minou! Vamos conhecer agora os ▪▪ ▪ μ0 → constante de permeabili-
princípios do eletromagnetismo. dade magnética do meio (T . m)
Continue nesta viagem pelo mun- A
do do conhecimento! Para o vácuo, μ0 = 4π . 10-7 T . m .
A

ELETRICIDADE 1 43
Exemplo Campo magnético no
B = μ0 . i
Um fio de cobre reto e extenso
2.r
centro de um solenóide
é percorrido por uma corrente
Os campos criados em cada con-
elétrica de intensidade i = 1,5 A.
dutor que forma o solenóide se
Sabe-se que µ0 = 4π . 10-7 T.m/A,
somam e o resultado final é um
calcule a intensidade do vetor Sendo:
campo magnético idêntico ao de
campo magnético originado num
um ímã permanente em forma de
ponto à distância r = 0,25 m do
barra, como você pode observar
fio. ▪▪ B → intensidade do campo na figura a seguir.
magnético em tesla (T);
▪▪ i → corrente elétrica que
B = 4π . 10 -7 . 1,5 → percorre o condutor em am-
2π . 0,25 père (A);
B = 1,2 . 10-6 T ▪▪ r → distância do centro de
um condutor ao ponto que se
deseja calcular a intensida-
de do campo magnético em
metros (m);.
Campo magnético no
centro de uma espira ▪▪ μ0 → constante de perme- Figura 46 - Configuração das Linhas de
abilidade magnética do meio Campo Magnético no Interior de um
Para determinação do sentido do (T . m). Solenóide
campo magnético no centro da A
Fonte: Parizzi (2003, p. 72).
espira, continue utilizando a regra Para o vácuo, μ0=4π . 10-7
da mão direita, com o polegar in- T . m.
A intensidade de campo magné-
A
dicando a direção da corrente e o tico no centro do solenóide pode
movimento dos dedos indicando ser determinada pela equação:
o sentido das linhas de campo.
Exemplo
B = µ0 . N . i
Uma corrente elétrica de intensi- 1
dade i = 8,0 A percorre uma es-
piral circular de raio r = 2,5 πcm.
Determine a intensidade do vetor
campo magnético no centro da Onde:
espira, sabendo que µ0 = 4π . 10-7
T . m.
A ▪ B → intensidade do campo
magnético em tesla (T);
▪ i → corrente elétrica que per-
B = 4π . 10-7 . 8,0 corre o condutor em ampère (A);
Figura 45 - Representação das Linhas 2 . 2,5π . 10-2
de Campo Magnético no Centro de → B = 6,4 . 10-5 T ▪ l → comprimento do solenói-
Espira Circular
de em metros (m);
Fonte: SENAI (2004, p. 78). ▪ N → número de espiras do
solenóide;
▪ μ0 → constante de permeabili-
A intensidade de campo magné- dade magnética do meio (T. m).
tico no centro da espira pode ser A
determinada pela equação: Para o vácuo, μ0 = 4π . 10-7 T . m .
A

44 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo Os fatores que aumentam a força Durante dez anos Faraday traba-
magnética de um eletroímã são: lhou no caso até conseguir sucesso
O campo magnético no interior
em 1831. Ele observou que num
de um solenóide tem intensidade ▪▪ maior número de espiras;
circuito, como o demonstrado a
B = 8 . 10-2 T, o comprimento do ▪▪ maior intensidade da corrente seguir, o galvanômetro defletia no
solenóide é l = 0,5 πm e a corren- elétrica; instante de ligar e desligar a chave,
te que o atravessa tem intensida-
▪▪ material de que é constituído mas permanecia imóvel quando a
de i = 4,0 A. Sendo µ0 = 4π . 10-7
o núcleo; chave ficava ligada. Confira!
T.m/A, determine o número de
espiras. ▪▪ maior seção do núcleo;
▪▪ menor distância entre os
polos.

B = µ0 . N . i → N = B . 1 → 8 . 10-2 . 0,5π → N = 25000 espiras Figura 48 - Circuito Elétrico com


1 µ0 .i 4π . 10-7. 4,0
Núcleo
Fonte: SENAI (2004, P. 87).

Eletroímãs O eletroímã é usado sob diversas Com isso ele concluiu que o fluxo
Ao enrolar um condutor em for- formas: magnético variável era o respon-
ma de espiras, constitui-se uma sável pelo aparecimento da força
▪▪ ímãs temporários; eletromotriz (fem) no enrolamen-
bobina, onde o campo magnético
resultante é a soma do campo em ▪▪ reatores; e to, onde estava conectado o gal-
cada condutor. Portanto, a inten- ▪▪ transformadores. vanômetro.
sidade campo magnético em uma Quando ligamos a chave, a cor-
bobina depende diretamente da rente não atinge seu valor de re-
Desejando-se produzir atração gime instantaneamente, levando
corrente e do número de espiras.
magnética de certas peças de aço certo tempo para que isso ocorra.
Se você desejar aumentar ainda que acionam os contatos durante
mais as propriedades magnéticas, O mesmo acontece quando desli-
determinado tempo, usa-se um gamos. Por isso é que o fluxo nes-
deverá introduzir, no solenóide, eletroímã, que só possui proprie-
um núcleo de ferro, com isso terá ses instantes é variável.
dades magnéticas quando a cor-
construído um eletroímã, apre- Dessa forma, se um condutor for
rente passa através dele.
sentando polaridade conforme submetido a um campo magné-
ilustra a figura a seguir. tico variável, entre os seus extre-
E por falar em propriedades mag- mos aparecerá uma diferença de
néticas, você já ouviu falar em in- potencial que é conhecida como
dução eletromagnética? Esse é o fem induzida. O fenômeno em
nosso próximo assunto. Vamos questão é denominado indução
em frente! eletromagnética.

Poderia ser produzida uma fem


Seção 3 induzida num condutor se o mes-
Indução mo fosse aproximado ou afastado
eletromagnética de um ímã (dentro de seu campo
magnético). O mesmo efeito seria
Depois que Oersted demonstrou obtido se o condutor fosse manti-
em 1820 que a corrente elétrica afe- do em repouso e o ímã se aproxi-
tava a agulha de uma bússola, Fa- masse dele ou se afastasse.
Figura 47 - Eletroímã com Núcleo de
raday manifestou sua convicção de
que o campo magnético seria capaz
Seção quadrada
de produzir corrente elétrica.
Fonte: Batista ([200-?], p. 73).

ELETRICIDADE 1 45
Os três casos citados apresen-
tam um ponto em comum: para
o condutor, está sempre haven-
do uma variação de fluxo. Essa é
a condição para que se produza
uma fem induzida.

Lei de Faraday
Toda vez que um condutor esti-
ver sujeito a uma variação de flu-
xo, nele se estabelecerá uma fem Figura 49 - Condutor Fixo Imerso em um Campo Magnético Variável
induzida enquanto o fluxo estiver Fonte: SENAI (2004, p. 88).
variando.
Essa fem é diretamente propor- ▪▪ Movimento relativo entre um fluxo constante e um condutor.
cional à taxa de variação do fluxo
no tempo e pode ser determinada
pela equação:

ε = - ΔФ
Δt

Sendo:

Figura 50 - Condutor Móvel em Campo Magnético Constante

ε → fem induzida em volt (V); Fonte: SENAI (2004, P. 88).


∆φ → variação de fluxo
magnético em weber (Wb); ▪▪ Combinação dos dois anteriores, ou seja, movimento relativo entre
∆t → intervalo de tempo du- um condutor e um fluxo magnético variável.
rante o qual houve variação
de fluxo em segundos (s). Exemplo
Uma espira retangular, de dimensões 6 cm e 10 cm, é colocada perpen-
dicularmente às linhas de indução de um campo magnético uniforme
de intensidade 10-3 T. A intensidade do campo magnético é reduzida a
A justificativa do sinal negativo zero em 3 segundos. Determine a fem induzida média nesse intervalo
é explicada pela Lei de Lenz que de tempo.
você verá mais adiante.
Um fluxo variável no tempo pode
ser obtido de três formas, confira! Área → A = 6 . 10 → A = 60 cm2 → A = 6 . 10-3 m2
ΔB = B final – Binicial → ΔB = – 10-3 T
▪▪ Condutor imerso em um fluxo ΔФ = ΔB.A → ΔФ = (–10-3). 6.10-3 → ΔФ = – 6.10-6 Wb
variável (por exemplo, o fluxo
ε = – ΔФ → ε = – (–6 . 10-6) → ε = 2.10-6 V
produzido por uma CA).
Δt 3

46 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Lei de Lenz Tensão induzida em Exemplo
Faraday foi o primeiro homem a condutores que cortam Um avião se desloca a 1080 km/h,
produzir uma força eletromotriz um campo magnético perpendicularmente ao campo
induzida e a determinar o seu magnético vertical da Terra, cuja
Com base na Lei da Faraday é intensidade no local é B = 3 .10-5
valor. Porém a determinação do possível encontrar uma fórmula
seu sentido é devida a Lenz, que T. O comprimento total das asas
particular para calcular a tensão do avião é l = 40 m. Determine a
apresentou a seguinte proposição, induzida em condutores que se
conhecida como Lei de Lenz: fem induzida entre os pontos ex-
movimentam no interior de um tremos das asas desse avião.
campo magnético.

“O sentido de uma força ele-


tromotriz induzida é tal que No esquema a seguir, vamos su- 1080 km/h: 3,6 = 300 m/s
ela se opõe, pelos seus efei- por que o condutor se desloca do
tos, à causa que a produziu“. ponto A ao ponto B com veloci-
ε=–B.v. l→
(BATISTA, [200-?], p. 79). dade constante v, no interior de ε = – 3 . 10-5 . 300 . 40 →
um campo B, percorrendo assim ε = – 0,36 V
uma distância Δx.

No caso de um condutor imerso


em um campo magnético variável,
a polaridade da fem será tal que Histerese magnética
se o circuito for fechado, circulará Até agora você estudou sobre
uma corrente, criando um fluxo ímãs elementares de um deter-
que irá se opor à variação do fluxo minado material sem, no entanto,
Figura 52 - Condutor se deslocando
inicial. Veja! entrar em detalhes.
em um Campo Magnético
Fonte: SENAI (2004, P. 90).

Pela Lei de Faraday

ε = – ΔФ → O fluxo é dado por: ΔФ = B . A


Δt
ε = – B . A → A área A é função de Δx e l → A = Δx . l
Δt
ε = – B . Δx . 1 → sabemos que v = Δx
Δt Δt
Logo obetmos: ε = - B . v . l

Figura 51 - Variação de Fluxo Magné-


Sendo:
tico e Surgimento de Corrente Elétrica
Induzida
Fonte: Parizzi (2003, p. 76).
ε → fem induzida em volt (V);
B → intensidade do campo magnético em tesla (T);
v → velocidade do condutor, perpendicular ao campo em metros por
Observe na imagem anterior que segundo (m/s);
a corrente elétrica induzida gera l → comprimento do condutor em metros (m).
um campo magnético que se opõe
à variação do campo magnético
do ímã. Isso justifica a existên-
cia do sinal “negativo” na Lei de
Faraday.

ELETRICIDADE 1 47
A partir daí, se começarmos a di-
Um ímã elementar nada mais minuir o campo H (diminuindo
é do que um átomo de um o valor da corrente), a indução
determinado material que também irá diminuir. No entan-
exibe as características de um to, quando H chega a zero, exis-
ímã. Todo átomo que se com- tirá ainda certo valor de indução
porta dessa forma é chamado chamado de indução residual (Br).
de dipolo magnético.
Figura 53 - Campo Resultante Diferen- Essa indução residual se deve ao
te de Zero em um Material Ferromag- fato de que depois de cessado o
nético (Esquerda) e Campo Resultante efeito de H, alguns domínios per-
As propriedades magnéticas dos Nulo em um Material Diamagnético
manecem orientados.
dipolos são devidas a três causas, (Direita)
acompanhe. Fonte: SENAI (2004, p. 84).
Para eliminar a indução resi-
▪▪ A primeira é devido à circu- dual, é necessário aplicar um
lação dos elétrons em torno do Consideremos um material ferro-
campo em sentido contrário
átomo (análogo a uma espiral magnético inicialmente desmag- (invertendo o sentido da cor-
percorrida por corrente). netizado que constitui o núcleo rente). A esse valor de campo
de um solenóide. Enquanto não necessário para eliminar a in-
▪▪ A segunda é devido ao spin do houver corrente elétrica no sole- dução residual chamamos de
elétron (SPIN é o movimento de nóide, os campos magnéticos H, campo coercitivo.
rotação do elétron em torno de gerado pela corrente, e B, indu-
seu próprio eixo). zido no material ferromagnético,
▪▪ A terceira é devido ao SPIN são nulos. Quando injetamos uma Estamos agora novamente com
do núcleo. No entanto, as duas corrente i, cria-se um campo H B=0, mas às custas de um campo
últimas contribuições são despre- e esse campo, orientando alguns -Hc. Se continuarmos a aumen-
zíveis se comparadas à primeira. dos domínios do material, faz tar o campo H (negativamente),
com que apareça um campo B. a indução aumentará, porém em
Conforme vamos aumentando H, sentido contrário, até o material
Assim, os átomos em que pe-
B vai aumentado até que todos os saturar novamente.
quenos campos magnéticos pro-
domínios sejam orientados, quan-
duzidos pela movimentação dos Trazendo o campo H a zero nova-
do o material estará então satura-
elétrons em suas órbitas e pelos mente, teremos então um valor de
do (ponto Pi).
SPINS se combinam para pro- indução residual -Br.
duzir um determinado campo Novamente é necessário aplicar
resultante são os dipolos caracte- um campo em sentido contrário
rísticos de um material ferromag- (agora positivo) para levar Br até
nético. Poderá também acontecer zero. Aumentando H, o material
que a combinação desses campos chega de novo ao ponto de satu-
em um átomo resulte num cam- ração P1, completando o chamado
po nulo. Se assim o for, o material ciclo de histerese.
será dito diamagnético.
Os fenômenos da histerese mag-
nética devem ser interpretados
Veja na imagem a seguir um cam- como consequência da inércia e
P1, P2 = pontos de saturação
po resultante diferente de zero dos atritos a que os domínios es-
Br, -Br = indução residual ou
(material ferromagnético). tão sujeitos. Isso justifica o fato
remanescente
de um núcleo submetido a diver-
Hc, -Hc = campo coercitivo
sos ciclos da histerese sofrer um
aquecimento.
Figura 54 - Curva de Imantação de uma Tal aquecimento representa para
Substância Ferromagnética um equipamento uma perda de
Fonte: SENAI (2004, p. 85). energia, que depende, por sua vez,
da metalurgia do material de que

48 CURSOS TÉCNICOS SENAI


é feito o núcleo, (particularmente Pode-se perceber que em cada Pode-se, também, reduzir os efei-
da percentagem de silício), da fre- ponto no interior do núcleo a tos das correntes de Foucault
quência, da espessura do material corrente é nula, pois o efeito de pela adição de elementos que au-
em um plano normal ao campo e uma corrente é anulado por ou- mentam a resistividade do núcleo
da indução magnética máxima. tra. No entanto, isso não acontece (como o carbono) sem no entan-
na periferia. Aí as correntes, todas to comprometer as propriedades
com mesmo sentido, somam-se magnéticas do núcleo.
Resumindo, podemos dizer e circulam pela periferia do nú- Apesar de serem na maioria dos
que a perda por histerese é cleo. Isso faz com que o núcleo se casos indesejáveis, as correntes de
proporcional à área do ciclo aqueça por efeito Joule, exigindo Foucault têm sua aplicação prática
de histerese. uma energia adicional da fonte. na confecção de medidores a dis-
co de indução, relês e freios ele-
tromagnéticos.
Do exposto, subentende-se que É por essa razão que essas Uma situação aplicada onde é de-
os aparelhos elétricos de corren- correntes são chamadas pa- sejável a existência das correntes
te alternada, cujos núcleos ficam rasitas. de Foucault é na construção dos
sujeitos a variações de campo fornos de indução, em que uma
magnético, ficam expostos a um peça metálica se funde, devido ao
número de ciclos de histerese por efeito Joule originado.
segundo igual à frequência da ten- Para reduzir o efeito das correntes
são aplicada. parasitas, deve-se laminar o nú- Bem, estamos caminhando para a
Por esse motivo, seus núcleos de- cleo na direção do campo, isolan- reta final desta nossa viagem. Na
vem ser feitos com material de es- do-se as chapas entre si. Isso im- próxima e última unidade de es-
treito ciclo de histerese para que pede que as correntes se somem tudos, conversaremos um pouco
as perdas sejam as menores pos- e as perdas por efeito Joule serão sobre circuitos elétricos CC e CA.
síveis. pequenas. Confira na imagem a Vamos lá, embarque em mais esta
seguir o exemplo de um núcleo aventura pelo mundo do conheci-
Por outro lado, os materiais com
metálico laminado. mento!
largo ciclo de histerese têm gran-
de aplicação na confecção de ímãs
permanentes por apresentarem
alta indução residual.

Correntes de Foucault
Também chamadas de correntes
parasitas. São correntes que circu-
lam em núcleos metálicos sujeitos Figura 56 - Representação de Núcleo
a um campo magnético variável. Metálico Laminado
Veja a imagem a seguir. Fonte: SENAI (2004, p. 89).

Figura 55 - Representação das Correntes de Foucault em Núcleo Metálico (Esquer-


da) e Vista de Corte Frontal (Direita)
Fonte: SENAI (2004, p. 88).

ELETRICIDADE 1 49
Unidade de
estudo 4
Seções de estudo

Seção 1 – Corrente alternada


Seção 2 – Indutância, capacitância e
impedância
Seção 3 – Potência em corrente alterna-
da e sistema trifásico
Seção 4 – Aterramento
Circuitos Elétricos (CA)

Seção 1
Corrente alternada
A tensão alternada muda cons-
tantemente de polaridade. Isso
provoca nos circuitos um fluxo de
corrente ora em um sentido, ora
em outro. Acompanhe!

Figura 58 - Representação Esquemática de um Gerador


Fonte: SENAI (2004, p. 89).

Funcionamento do Perceba que conforme a espira


gerador gira, aumentando o seu ângulo
em relação às linhas de força do
Representaremos aqui o funciona- campo, maior é o fluxo de campo
mento de um gerador analisando magnético no seu interior, atin-
a posição das espiras em relação gindo o valor máximo quando a
às linhas de campo magnético. espira estiver a 90º, onde ocorrerá
Figura 59 - Representação da Corrente
Inicialmente o plano da espira se a geração máxima da fem induzi-
encontra paralelo às linhas de for- da, conforme você pode visuali-
Alternada em Circuito
ça do campo, não havendo varia- zar na imagem a seguir.
ção de fluxo de campo magnético
Para você entender como se pro-
no interior da espira, e dessa for-
cessa a geração de corrente alter-
ma não é gerada a fem induzida.
nada, é necessário saber como
funciona um gerador elementar
que consiste de uma espira dis- Em seguida a espira se movimenta
posta de tal forma que pode ser rotacionando de 45º. Nesse mo-
Gráfico 6 - Fem Induzida para a Posição
girada em um campo magnético mento já existe variação de fluxo
de 90º da Espira em Relação às Linhas
estacionário. magnético no interior da espira,
fazendo surgir uma fem induzida, de Força do Campo
Assim, o condutor da espira corta
como representado na imagem a Fonte: SENAI (2004, p. 92).
as linhas do campo eletromagnéti-
co, produzindo a força eletromo- seguir.
Ao se girar a espira até a posi-
triz (ou fem).
ção de 135º, diminuirá o fluxo de
campo magnético, diminuindo
Veja na imagem a seguir o exem- também a fem induzida. Quando
plo de uma representação esque- a espira chegar à posição de 180º,
mática de um gerador. ela estará novamente paralela às
Gráfico 5 - Fem Induzida para a Posição linhas de força do campo e, por-
de 45° da Espira em Relação às Linhas tanto, não haverá fluxo algum de
de Força do Campo
campo magnético atravessando
por ela, logo a fem induzida será
Fonte: SENAI (2004, p. 92).
nula. Veja as imagens a seguir.

ELETRICIDADE 1 51
Observe que o gráfico da fem in-
duzida para uma rotação comple-
ta da espira resulta em uma curva
senoidal (ou senóide), que repre-
senta a forma de onda da corrente
de saída do gerador.

Frequência e período
Um ciclo corresponde ao con-
junto dos valores positivos e ne-
gativos de uma senóide completa.
Dessa forma podemos considerar
que meia senóide corresponde a
um semiciclo.
Ao número de ciclos que ocorrem
em um segundo damos o nome de
Gráfico 7 - Fem Induzida para a Posição de 135º e de 180º da Espira em relação às frequência, representada por f. A
Linhas de Força do Campo unidade de frequência é o hertz
Fonte: SENAI (2004, p. 93). (Hz). O tempo necessário para a
ocorrência de um ciclo completo
Quando a espira ultrapassa a posição de 180º, a fem induzida que nela corresponde ao período, repre-
surgirá terá o seu sentido invertido, respeitando a Lei de Lenz. sentado por T, e sua unidade é o
Ao variarmos o ângulo da espira de 180º a 360º, a fem induzida que segundo (s).
surgirá será a mesma que de 0º a 180º, porém como seu sentido é inver- Existe uma relação matemática
tido, assumirá valores negativos, como você pode observar na imagem entre a frequência e o período, na
a seguir. qual o aumento no valor de um re-
sulta em uma redução no valor de
outro. Assim, quando temos uma
senóide com grande frequência,
essa terá um período pequeno. A
relação matemática é:

f= 1
T

No Brasil e na maior parte dos


países do mundo, a corrente alter-
nada é gerada na frequência de 60
Hz. Em alguns países, como o Pa-
raguai, por exemplo, a frequência
utilizada é de 50 Hz.

Gráfico 8 - Fem Induzida para as Posições de 225° A 360° da Espira em Relação as


Linhas de Força do Campo
Fonte: adaptado de SENAI (2004).

52 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Exemplo A tensão de pico a pico da CA
senoidal é o valor medido entre Tensão eficaz Vef = VP
Uma corrente CA varia ao longo
os picos positivo e negativo de Ѵ2
de um ciclo completo em 1/100
um ciclo. A tensão de pico a pico Corrente eficaz Ief = Ip
s. Qual é o período e qual é a fre-
é representada pela notação Vpp. Ѵ2
quência?
Considerando-se que os dois se-
miciclos da CA são iguais, pode-
se afirmar que:
f = 1 →
T Exemplo
f = 1 → Para um valor de pico de 14,14 V,
1 / 100 VPP = 2VP a tensão eficaz será de quanto?
f = 100 Hz

Vef = VP = 14,14 = 10V


Ѵ2 Ѵ2
Valor de pico
Chama-se valor de pico o valor
máximo atingido por uma onda
senoidal, podendo ser esse valor Assim, para um valor de pico de
positivo ou negativo. Analisando 14,14 V, teremos uma tensão efi-
o gráfico a seguir, você poderá caz de 10 V.
observar que a onda senoidal par-
te de zero, vai até o valor máximo Gráfico 10 - Valores Pico a Pico da Ca
positivo, retorna a zero, vai até o Fonte: Batista ([200-?], p.67). DICA
valor máximo negativo e retorna a
A tensão/corrente eficaz é
zero novamente. Confira! Essas medições e, consequente- o dado obtido ao se utilizar,
mente, a visualização da forma de por exemplo, um multímetro.
onda da tensão CA são feitas com
um instrumento de medição de-
nominado de osciloscópio.
Também podemos determinar o
Da mesma forma que as medidas valor da tensão/corrente média
de pico e de pico a pico se apli- por meio das seguintes expres-
cam à tensão alternada senoidal, sões:
aplicam-se também à corrente al-
ternada senoidal.
Gráfico 9 - Valor de Pico da Ca Tensão eficaz Vmed = 2 . VP
Fonte: Batista ([200-?], p. 67). Valor eficaz π
Corrente eficaz Imed = 2 . Ip
Tem-se, então, em destaque o va- Valor eficaz da corrente alterna-
da é o valor da corrente alternada π
lor máximo positivo (representa-
do pela sigla que efetivamente corresponde ao
Vp+) e o valor máximo negativo da corrente contínua.
(representado pela sigla Vp-). Existe uma relação constante en-
tre o valor eficaz (ou valor RMS) Vamos continuar nossa aventura?
de uma CA senoidal e seu valor Pegue carona na próxima seção e
de pico. Essa relação auxilia no embarque nos temas indutância,
Conclui-se, portanto, que
cálculo da tensão/corrente efica- capacitância e impedância. Vamos
o valor de pico é sempre a
metade do valor total da zes e é expressa de acordo com as em frente!
tensão, pois se considera seguintes equações:
apenas a tensão de um se-
miciclo.

ELETRICIDADE 1 53
A corrente alternada, passando A indutância de uma bobina de-
Seção 2 através de um resistor, estará em pende de diversos fatores:
Indutância, capacitância fase com a tensão, isto é, o ângulo
▪▪ material, seção transversal,
e impedância da fase é nulo (φ = 0º). A esse fato
formato e tipo do núcleo;
se dá o nome de efeito resistivo
ou ôhmico puro. ▪▪ número de espiras;
▪▪ espaçamento entre as espiras;
Defasagem entre
Passa-se por um indutor – devido ▪▪ tipo e seção transversal do
corrente e tensão
ao fenômeno de autoindução da condutor.
Sabe-se que a corrente alternada e bobina –, a corrente estará atrasa-
a tensão variam em ambos os sen- da em relação à tensão de ângulo Como as bobinas apresentam in-
tidos, durante um determinado de 90º (φ = 90º ). Tem-se, então, dutância, elas também são chama-
intervalo de tempo, descrevendo um efeito indutivo. Num capaci- das de indutores. Estes podem
um ciclo. tor, a corrente se adianta da ten- ter as mais diversas formas e po-
Representando graficamente essa são de 90º. O efeito é capacitivo. dem inclusive ser parecidos com
variação, obtêm-se uma onda para um transformador.
a corrente e outra para a tensão.
Indutância
É a propriedade que tem um cor-
po condutor de fazer aparecer, em
DICA si mesmo ou em outro condutor,
Os valores máximos da cor- uma força eletromotriz induzida.
rente e da tensão durante Sabe-se que só existe tensão in-
um ciclo podem ou não coin- Figura 59 - Formas de Indutores
duzida num corpo quando o mes-
cidir. Quando coincidem, Fonte: SENAI (2004, p.104).
mo está submetido a um campo
diz-se que ambas estão em
fase, se não coincidem, es-
magnético variável. Nesse caso, Quando o corpo induz em si mes-
tão defasadas. a indutância de um corpo é uma mo uma força eletromotriz, o fe-
propriedade que só se manifesta nômeno é chamado autoindução
quando a corrente que passa pelo e se diz que o corpo apresenta au-
corpo varia de valor no tempo. toindutância denominada força
A diferença em graus entre os eletromotriz de autoindução.
instantes em que ocorrem os va- Outro caso de indutância é co-
lores máximos da corrente e da A unidade de medida da indu- nhecido como indução-mútua.
tensão é chamada ângulo de fase tância é o henry (H). Quando dois condutores (bobi-
(φ - fi, letra grega). Quando a cor- nas) são colocados um próximo
rente e a tensão estão defasadas, do outro (sem ligação entre si),
pode ocorrer que a corrente esteja há o aparecimento de uma tensão
adiantada ou atrasada em relação induzida num deles quando a cor-
à tensão, como você pode obser- rente que passa pelo outro é vari-
var nos gráficos a seguir. ável. Esse é o princípio de funcio-
namento do transformador.

O símbolo do indutor (L) está


representado na figura a seguir,
confira!

Gráfico 11 - Defasagem entre Tensão e Corrente.


Fonte: Batista ([200-?], p.102).

54 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Reatância indutiva
Em CA, como os valores de ten-
são e corrente estão em constante
modificação, o efeito da indutân-
cia se manifesta permanentemen-
te. Esse fenômeno de oposição
permanente à circulação de uma
Figura 60 - Símbolo do Indutor Figura 62 - Associação em Paralelo de
corrente variável é denominado
Fonte: Batista ([200-?], p. 105). Indutores
de reatância indutiva.
Fonte: Batista ([200-?], p. 106).

Associação em série e A reatância indutiva pode ser de-


A associação paralela pode ser
terminada pela equação:
em paralelo de indutores usada como forma de obter indu-
tâncias menores ou como forma
Na associação em série de indu-
de dividir uma corrente entre di-
tores, a indutância total é igual à
versos indutores. XL=2π.f.L
soma das indutâncias individuais,
veja:
Tensão induzida no
indutor Sendo:
LT = L1 + L2 + L3 +L4 + ...
A tensão induzida no indutor
pode ser determinada pela equa-
ção: ▪▪ XL → reatância indutiva
em ohms (Ω);
▪▪ ƒ → frequência da corren-
te alternada em hertz (Hz);
ε = L . Δi
Δt
▪▪ L → indutância do indutor
em henry (H).

Sendo:
Exemplo
Figura 61 - Associação em Série de
Em um circuito, qual é a reatância
Indutores ▪▪ → fem induzida em volt
(V);
de um indutor de 600mH aplica-
Fonte: Batista ([200-?], p. 106).
do a uma rede de CA de 220 V,
▪▪ L → indutor dado em 60 Hz?
Na associação em paralelo de in- henry (H);
dutores, o inverso da indutância
▪▪ ∆i → variação da corrente
total é igual à soma dos inversos em ampères (A);
das indutâncias individuais, con- XL = 2 π . f . L →
fira: ▪▪ ∆t → tempo decorrido du-
rante a variação da corrente XL = 2 π . 60 . 0,6 →
em segundos (s). XL = 226,2 Ω

1 = 1 + 1 + 1 + 1 + ...
LT = L1 L2 L3 L4
Exemplo
Determine a corrente que circula
em uma bobina de 400 mH, quan-
do ligada a uma fonte de 380 V,
cuja frequência é de 60 Hz.

ELETRICIDADE 1 55
Em circuitos alimentados por CA,
XL = 2 π . ƒ . L → XC = 1 →
com cargas resistivas-indutivas ou
XL = 2 π . 60 . 0,4 → 2π . f . C
resistivas-capacitivas, a resistên-
XL = 150,8 Ω XC = 1 →
cia total do circuito será a soma
2π . 60 . 16.10-6
quadrática da resistência pura (R)
i= V → XC = 165,7 Ω
com as reatâncias indutivas (XL)
XL ou capacitivas (XC).
i= V →
i = 380 →
XC
150,8
i = 120 → Esse somatório quadrático é de-
i = 2,52 A
165,7 nominado de impedância, repre-
i = 0,72 A sentada pela letra Z e expressa em
ohms (Ω), podendo ser determi-
Reatância capacitiva nada pela equação:

Quando um capacitor é alimen- Impedância


tado com tensão CA, a corrente lmpedância é a combinação de Z2 = R2 + X L 2
que circula por esse capacitor será duas oposições: ou
limitada pela reatância capacita- Z = R2 + XC2
2

va (Xc). ▪▪ resistência ôhmica (pura);


Sendo assim, a reatância capaci- ▪▪ reatância capacitiva ou indu-
tiva é a grandeza que se opõe à tiva, ou ainda a soma vetorial da
passagem de corrente CA por um reatância capacitiva e indutiva. Para o cálculo da impedância de
capacitor, e é medida em ohms. A um circuito, não se pode simples-
reatância capacitiva pode ser de- Em resumo, têm-se: mente somar valores de resistên-
terminada pela equação: cia com reatâncias, pois tais valo-
▪▪ resistência, como sendo a opo-
res não estão em fase.
sição total à corrente contínua;
De acordo com o tipo de circuito,
▪▪ impedância, como sendo a são usadas equações distintas para
Xc = 1
oposição total à corrente alter-
2π . ƒ . C os circuitos: em série e em parale-
nada.
lo. Acompanhe!

A existência de componente re-


Sendo: ativos, que defasam correntes ou
tensões, torna necessário o uso de
XC → reatância capacitiva formas particulares para o cálculo
em ohms (Ω); da impedância de cada tipo de cir-
cuito em CA. Confira a seguir os
ƒ → frequência da cor-
tipos de impedância.
rente alternada em hertz
(Hz);
Tabela 10 - Tipos de Impedância
C → capacitância do ca- Tipo de Causa por
Grandeza Símbolo Unidade Representação Fórmula
pacitor em faraday (F). circuito oposição

R=V Resistência do
Resistivo Resistência R Ohm Ω
I material usado

Corrente de
Exemplo Indutivo
Reatância
XL Ohm Ω 2.π.ƒ.L autoindução e
indutiva
Calcule a corrente absorvida por quadrática
um capacitor de 16 µF quando li- Variação constante
Reatância 1
gado a uma fonte de 120 V, 60 Hz. Capacitivo
capacitiva
XC Ohm Ω
2.π.ƒ.C
de polaridade da
tensão da rede
Fonte: SENAI (2004, p. 108).

56 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Circuitos em série Resistor, indutor e capacitor Resistor e capacitor
(circuito RLC – série) (circuito RC – paralelo)
Nos circuitos em série, podemos
ter três situações distintas:
▪▪ resistor e indutor;
▪▪ resistor e capacitor; ou
▪▪ resistor, indutor e capacitor
simultaneamente.

Resistor e indutor
(circuito RL – série)
Z = XC . R
Ѵ XC2 + R2

Figura 67 - Circuito RC em Paralelo


Z = Ѵ(XL - XC)2+R2
Fonte: SENAI (2004, p. 110).

Figura 65 - Circuito RlC em Série


Fonte: SENAI (2004, p. 109). Resistor indutor e capacitor
(circuito RLC – paralelo)

Z = XL . R Circuitos em paralelo
Ѵ XL2 + R2
Nos circuitos em paralelo, tam-
Figura 63 - Circuito Rl em Série bém podem ocorrer três situações
Fonte: SENAI (2004, p. 109).
distintas:
▪▪ resistor e indutor;
▪▪ resistor e capacitor; ou
Resistor e capacitor Z= 1

( )( )
(circuito RC – série) ▪▪ resistor, indutor e capacitor 1 + 1-1
2 2
simultaneamente.
R XL XC
Resistor e indutor
(circuito RL – paralelo) Figura 68 - Circuito RC em Paralelo
Fonte: SENAI (2004, p. 110).

Diagrama fasorial
R L
Outra forma muito importante
de se analisar a impedância em
circuitos é por meio do diagrama
fasorial, seja ele constituído pelos
Z = Ѵ XC2 + R2
Z = XL . R fasores que representam a tensão
Ѵ XL2 + R2 ou a corrente nos elementos que
constituem o circuito.
Figura 64 - Circuito RC em Série
Analise a seguir como fica a repre-
Fonte: SENAI (2004, p. 109). Figura 66 - Circuito Rl em Paralelo sentação do diagrama fasorial de
Fonte: SENAI (2004, p. 110). um circuito RL em série:

ELETRICIDADE 1 57
Observe no diagrama anterior
que a corrente i do circuito está
adiantada em relação à corrente
iC no capacitor, mas está atrasada
em relação à corrente iR no resis-
tor. Observe também que a ten-
são no gerador está em fase com a
corrente no resistor e que o ângu-
lo φ representa a defasagem entre
Figura 69 - Diagrama Fasorial Circuito RL em Série a corrente no resistor e a corrente
Fonte: Batista ([200-?], p. 116). no circuito.

Como você pôde observar, no indutor a corrente está atrasada em 90º Ao analisar um circuito RLC e
com relação à tensão (VL). Como a corrente na resistência está em fase construir o diagrama fasorial
com a tensão VR, ambas são representadas no mesmo eixo. (imagem a seguir) para o circuito,
A tensão do gerador é obtida por meio de uma soma vetorial entre VR e deve-se observar que a tensão no
VL, facilmente resolvida aplicando o teorema de Pitágoras. resistor está em fase com a cor-
rente. Já a tensão no indutor está
A seguir visualize um diagrama fasorial de um circuito RC em série: adiantada de 90º em relação à
corrente, e a tensão no capacitor
está atrasada de 90º em relação à
corrente.

Gráfico 12 - Diagrama Fasorial Circuito RC em Série


Fonte: Batista ([200-?], p. 120).

Nesse diagrama é possível observar que a tensão no gerador está atra-


sada em relação à tensão no capacitor, mas está adiantada em relação à
tensão no resistor. Também é possível observar que a tensão no gerador
está em fase com a corrente no circuito e que o ângulo φ representa a
defasagem entre a tensão no gerador e a tensão no resistor.

A seguir observe o diagrama fasorial de um circuito RC em paralelo: Figura 70 - Circuito RlC em Série
Fonte: Batista ([200-?], p. 123).

Pode-se observar que a tensão no


indutor VL está defasada de 180º
em relação à tensão no capacitor
VC. Para obter a tensão resultante
da soma das três tensões, primei-
ramente, deve-se somar vetorial-
mente VL com VC, cujo resultado
será simplesmente a subtração VL
Gráfico 13 - Diagrama Fasorial Circuito RC em Paralelo – VC, já que estão defasados de
Fonte: Batista ([200-?], p. 122). 180º.

58 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Gráfico 14 - Diagrama Fasorial Circuito
RlC em Série
Fonte: Batista ([200-?], p. 124).

Uma vez realizada a subtração Gráfico 15 - Diagrama Fasorial


vetorial de VL – VC, pode-se de- Fonte: Wolski (2007, p. 139).
terminar a tensão do gerador VG
realizando a soma vetorial do re-
sultado anterior com a tensão no Exemplo
resistor VR. Novamente, o ângulo Um circuito RC série, composto de uma capacitância de 20 µF e uma
φ representará a diferença de fase resistência de 70 Ω, é submetido a uma tensão de 100 V na frequência
entre a tensão no gerador e a ten- de 60 Hz. Determine a corrente, as quedas de tensão, o ângulo de fase e
são no resistor. construa o diagrama fasorial.

Exemplo
1 1
XC = → XC = → X C = 132,6 Ω
Calcule a corrente, as quedas de 2.π .f.L 2.π .60.20.10 -6
tensão e o ângulo de fase em um
Z = R2 + X C 2 → Z = 70 2 + 132,62 → Z = 149,9 Ω
circuito RL série, em que R = 100
Ω e L = 0,4 H. A tensão da fonte V 100
i= → i= → i = 0,67 A
é igual a 120 V, na frequência de Z 149,9
60 Hz. Em seguida, construa tam- VR = R . i → VR = 70 . 0,67 → VR = 46,9 V
bém o diagrama fasorial. VC = −X C . i → VC = −132,6 . 0,67 → VC = −88,8 V
X 132,6
sen ϕ = − C → sen ϕ = − → ϕ = arcsen − 0,8846 → ϕ = −62,2º
R 149,9

X L = 2.π .f.L → X L = 2.π .60.0,4 → X L = 150,8 Ω


Z = R2 + X L 2 → Z = 100 2 + 150,82 → Z = 180,94 Ω
V 120
i= → i= → i = 0,66 A
Z 180,94
VR = R . i → VR = 100 . 0,66 → VR = 66 V
VL = X L . i → VL = 150,8 . 0,66 → VL = 99,5 V
X 150,8
tan ϕ = L → tan ϕ = → ϕ = arctan 1,508 → ϕ = 56,5º
R 100

Gráfico 16 - Diagrama Fasorial


Fonte: Wolski (2007, p. 142).

ELETRICIDADE 1 59
Exemplo ▪▪ perdas por correntes de
Um circuito RLC série é composto de uma resistência de 250 Ω, uma Foucault – são originadas pelas
reatância indutiva de 300 Ω e uma reatância capacitiva igual a 150 Ω correntes parasitas induzidas.
ligadas a uma fonte CA de 220 V. Determine a corrente, as quedas de Tornam-se mais significativas nos
tensão, o ângulo de fase e construa o diagrama fasorial. circuitos magnéticos de maior
porte e nos condutores de maior
seção.
Z = R2 + (X L - X C )2 → Z = 2502 + (300 - 150)2 → Z = 291,5 Ω
Quando se fala em instalações
V 220 elétricas em CA, deve-se saber
i= → i= → i = 0,75 A
Z 291,5 que todos os equipamentos que
VR = R . i → VR = 250 . 0,75 → VR = 187,5 V possuem um circuito magnético
VC = X L . i → VL = 300 . 0,75 → VL = 225 V (motores, trafo, etc.) absorvem
VC = −X C . i → VC = −150 . 0,75 → VC = −112,5 V dois tipos de energia: a ativa e a
R 250 reativa:
cos ϕ = → cos ϕ = → ϕ = arc cos 0,8576 → ϕ = 30,9º
Z 291,5
▪▪ potência ativa (efetiva) – é
aquela que efetivamente produz
trabalho. Exemplo: a rotação do
eixo do motor;
▪▪ potência reativa – é aque-
la que, apesar de não possuir
trabalho efetivo, é indispensável
para produzir o fluxo magnético
necessário ao funcionamento dos
motores, transformadores, etc.;
▪▪ potência aparente – cada
uma dessas potências corres-
ponde a uma corrente, também
denominada ativa e reativa.
Essas duas correntes se somam
vetorialmente para formar uma
Gráfico 17 - Diagrama Fasorial potência aparente. Esta, embora
Fonte: Wolski (2007, p. 144). chamada aparente, é bastante
real, percorrendo os diversos
condutores do circuito, pro-
vocando seu aquecimento, e,
Seção 3 portanto, gerando perdas por
Potência em corrente alternada e sistema trifásico efeito joule.

Na maioria das instalações elétricas ocorrem perdas nos circuitos elétri-


cos, e as principais são: As equações que permitem de-
terminar as potências podem ser
obtidas a partir do diagrama faso-
▪▪ perdas por efeito joule – são provocadas pela passagem de cor- rial de tensões e corrente de um
rente elétrica por meio de condutores, ocasionando seu aquecimento. circuito RLC série, formando as-
Aparecem em todos os componentes do circuito: transformadores, sim o chamado diagrama de po-
condutores, motores, lâmpadas, etc. Estas perdas são, sem dúvida, as tências. O diagrama de potências
mais significativas, variando com o quadrado da corrente elétrica; costuma ser representado em for-
ma de triângulo, obtendo-se assim
▪▪ perdas por histerese – são provocadas pela imantação remanescen-
o chamado triângulo de potên-
te do ferro, manifestando-se em todos os circuitos magnéticos subme-
cias, como você pode observar
tidos a campos alternados: trafos, motores, reatores, etc.;
na imagem a seguir.

60 CURSOS TÉCNICOS SENAI


VR 2
S 2 = P2 + Q 2 → S = P2 + Q 2 Q = i2 (X L - X C ) P=
R
Q V2
sen ϕ = → Q = S . sen ϕ P = i2 .R S=
S Z
P
cos ϕ = → P = S . cos ϕ S = i2 . Z
S
Figura 71 - Triângulo de Potências
Q (VL - VC )2
Fonte: SENAI (2004, p. 116). tan ϕ = → Q = P . tan ϕ Q=
P XL - X C

Observe que a potência reativa


(Q) corresponde à diferença en- Exemplo
tre a potência reativa indutiva e Calcule a potência ativa, reativa e aparente de um circuito RC série, em
a potência capacitiva. Portanto, que R = 150 Ω e XC = 300 Ω, ligados a uma fonte CA de 200 V. Cons-
dependendo dos valores de capa- trua também o triângulo de potências.
citância e de indutância do circui-
to, pode-se ter a potência reativa
capacitiva maior que a indutiva. 1 1
Nesse caso, o triângulo de potên- XC = → XC = → X C = 132,6 Ω
2.π .f.L 2.π .60.20.10-6
cias fica voltado para baixo. Veja!
Z = R2 + X C 2 → Z = 702 + 132,62 → Z = 149,9 Ω
XC 300
tan ϕ = − → tan ϕ = − → ϕ = −63,43º
R 150
S = V . i → S = 200 . 0,6 → S = 120 VA
P = S . cos ϕ → P = 120 . cos (−63,43º) → P = 53,67 W
Q = S . sen ϕ → Q = 120 . sen (−63,43º) → Q = -107,33 VAr

Figura 72 - Triângulo de Potências


Fonte: adaptado de SENAI (2004).

É importante salientar aqui as


unidades correspondentes a cada
tipo de potência, confira:

P (potência ativa) → W;
Q (potência reativa) → VAr;
S (potência aparente) → VA. Figura 73 - Triângulo de Potências
Fonte: Wolski (2007, p. 153).

Veja que é possível obter várias


relações entre os três tipos de
Fator de potência
potência aplicando o teorema de Fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem entre a corrente
Pitágoras e as relações trigonomé- e a tensão. Se o circuito for indutivo (consumidor de energia reativa), o
tricas: fator de potência é dito em atraso. Se o circuito for capacitivo (fornece-
dor de energia reativa), é dito em avanço.

ELETRICIDADE 1 61
P = V x I x cosφ (W) DICA
Q = V x I x senφ (VAr)
Por isso as concessionárias de energia não permitem instalações in-
dustriais com fator de potência inferior a 0,92 (Portaria n°. 1.569-93
do DNAEE), cobrando, inclusive, multas daquelas indústrias cujas
Outra forma de se determinar o instalações possuam um fator de potência abaixo de 0,92.
fator potência é fazendo a razão
entre a potência ativa (P) e a po-
tência aparente (S):
Observe a seguir uma tabela com equações para determinação de algu-
mas grandezas.

P = fator de potência
Tabela 11 - Fórmulas para Determinação De I (A), P (Cv), Kw E Kva (Indutiva)
S
Corrente Corrente
Para obter Alternada trifásico
contínua monofásico
Como o valor do fator de potên-  I (ampères), P x 736
P x 736 P x 736
cia corresponde ao cosseno do Vxn Vx n x cosφ Vx Ѵ 3 x n x cosφ
P (CV)
ângulo de defasagem entre cor-
rente e tensão, é possível determi-  I (ampère), _ KW x 1000 KW x 1000
nar o valor desse ângulo fazendo a V x n x cosφ V x Ѵ 3 n x cosφ
P(KW)
função inversa do cosseno:
IxU
 KW
I x V cosφ x n I x Vx Ѵ 3 cosφ x n
1000 1000
1000
arc cos ( P ) = ângulo de defa-
S _
 KVA
IxV I x Vx Ѵ 3
sagem entre i e V
1000 1000
Fonte: SENAI (2004, p. 117).
Quando o fator de potência é in-
ferior a uma unidade, existe um Exemplo
consumo de energia aplicada na
produção da indução magnética. Em uma indústria a potência ativa ou efetiva é de 150 KW. O fator de
potência é igual a 0,65 em atraso. Qual é a corrente que está sendo de-
Em uma instalação com baixo fa- mandada à rede trifásica de 220 V, e qual seria a corrente se o fator de
tor de potência para produzir uma potência fosse igual a 0,92?
potência ativa P é preciso uma
potência aparente S maior, o que
onera essa instalação com o cus-
φ1 = arc cos 0,65 = 49,46º
to mais elevado de cabos e equi-
pamentos. Dessa forma, quanto
φ2 = arc cos 0,92 = 23,07º
mais baixo for o fator de potên-
cia, maiores deverão ser, portan-
1º caso: KVA = 150/0,65 = 231 KVA, para φ1 = 0,65
to, as seções dos condutores e as
capacidades dos transformadores
2º caso: KVA = 150/0,92 = 163 KVA, para φ2 = 0,92
e dos disjuntores.
Quando um circuito possui baixo il = 231 . 1000 = 606 A i2 = 163 . 1000 = 428 A
fator de potência, tem-se alto va-
lor de potência reativa (Q), obri- 220 . Ѵ 3 220 . Ѵ 3
gando assim a fonte geradora a
fornecer mais potência aparente
(S) do que realmente seria neces-
Como você pôde observar, haverá uma redução na corrente (606 – 428
sário.
= 178 A), com o fator de potência igual a 0,92. Assim, a queda de tensão
nos condutores diminui e melhora a eficiência de todo o sistema ligado
à rede.
62 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Correção do fator de Exemplo da carga da instalação e do seu
tipo, podem ser utilizados vários
potência Uma indústria tem instalada uma
sistemas de distribuição.
carga de 200 KW. Verificou-se que
Quando uma rede tem um fator Considerando-se somente os sis-
o FP (fator de potência) é igual a
de potência inferior a 0,92, é ne- temas de corrente alternada, tem-
85% (em atraso).
cessário melhorar esse fator de se:
potência para atender às exigên- Considerando esses dados, qual
cias da concessionária e alcançar deverá ser a potência (KVAr) de a. Sistema monofásico a dois
economia na despesa com a ener- um capacitor que, instalado, ve- condutores (fase e neutro).
gia elétrica. Tal melhoria pode ser nha a reduzir a potência reativa,
conseguida instalando capacito- de modo que o fator de potência b. Sistema monofásico a três con-
res em paralelo com a carga, de atenda às prescrições da conces- dutores (fase, fase, neutro).
modo a reduzirem a potência re- sionária, isto é, seja igual (no mí-
ativa obtida da rede externa, pois nimo) a 0,92? c. Sistema trifásico a três condu-
compensam a natureza indutiva tores (3 fases) - é o sistema
do subsistema de transmissão e a secundário que pode estar co-
maior parte de suas cargas. Q1 = P . tan φ1 nectado em triângulo ou estre-
la com o ponto neutro isolado.
Em cargas indutivas a tensão Q2 = P . tan φ2 Seu uso se faz sentir principal-
possui fase adiantada em relação
mente em instalações indus-
à corrente, significando um fator
triais, onde os motores repre-
de potência menor que a unidade. Para se reduzir a potência de Q1 sentam a carga predominante.
Dessa forma, a companhia de dis- para Q2, você deve ligar uma car-
tribuição tem que fornecer maior ga capacitiva igual a: d. d) Sistema trifásico a quatro
quantidade de corrente. Adicio- condutores (3 fases e um neu-
nando capacitância ao circuito tro) – é o sistema de distribui-
implicaremos num resultado mais ção empregado nas instalações
eficiente no uso e na transferência Qc = Q1 - Q2 = P (tan φ1 - tan φ2)
elétricas industriais.
de energia.
Normalmente é utilizada a con-
O chaveamento dos capacitares
figuração estrela como o ponto
para correção do fator de po- Assim você terá:
neutro aterrado, podendo se ob-
tência pode causar problemas na
ter as seguintes variedades de cir-
qualidade da energia, principal-
cuitos na prática:
mente se o banco de capacitores cos φ1 = 0,85 → φ1 = 31,78º e
está localizado próximo à carga. tan φ1= 0,619 ▪▪ A quatro contutores:
Quando isso ocorre, a única so- 220Y/127V; 380Y/220V;
cos φ2 = 0,92 → φ2 = 23,07º e
lução é fazer um novo arranjo dos 440Y/254V; 208Y/120V.
tan φ2= 0,425
alimentadores com a finalidade de ▪▪ A três condutores: 440V;
adicionar perdas na linha entre os 380V; 220V.
capacitores e a carga.
Logo: ▪▪ A dois condutores: 127V;
220V.

O sistema trifásico possui defasa-


Qc= P (tan φ1 - tan φ2) = 200.
gem de 120° entre fases, assim:
(0,619 - 0,425) = 38,8 KVAr
Nas ligações estrela - triângulo, as
bobinas do gerador, em numero
de três, produzem três fases com
120° de defasamento entre si,
onde convencionamos:
Sistema trifásico
Após a geração da energia elétrica, ▪▪ Fase A Entrada A e Saída A’
Figura 74 - Banco de Capacitores para
esta precisa ser distribuída até os da bobina.
Correção de Fator de Potência
seus consumidores. Dependendo
Fonte: Batista ([200-?], p. 131).

ELETRICIDADE 1 63
▪▪ Fase B Entrada B e saída B’ da
bobina.
▪▪ Fase C Entrada C e saída C’ da
Bobina.

Confira a seguir o exemplo de um


sistema trifásico.

Figura 91: Ligação estrela ou Y.


Figura 90: Sistema trifásico. Fonte: Vieira Jr (2004, p. 38).
Fonte: Vieira Jr (2004, p. 38).
Esse tipo de ligação produz os seguintes fasores:

Ligação estrela ou Y

A ligação dos terminais A’, B’, C’


resultam num alternador ligado
em Y (estrela). Onde, na ligação
estrela, as correntes de linha são
iguais as de fase, a tensão de linha
é 3 vezes a tensão de fase, ou
seja:

ILinha = IFase e VLinha = 3 . VFase

Figura 92: Fasores da ligação estrela ou Y.


Fonte: Vieira Jr (2004, p. 38).

Ligação triângulo ou ∆
A ligação dos terminais A em B’, de B em C’ e de C em A’ resulta num
alternador ligado em D, onde, na ligação triângulo, as tensões de linha
e de fase são iguais e a corrente de linha é 3 vezes a corrente de fase,
ou seja:

VLinha = VFase e ILinha = 3 . IFase

64 CURSOS TÉCNICOS SENAI


Seção 4
Aterramento
O aterramento elétrico, em geral,
é um assunto que resulta diver-
sas dúvidas quanto às normas e
procedimentos no que se refere
ao ambiente elétrico industrial.
Muitas vezes, o desconhecimen-
to das técnicas para realizar um
aterramento eficiente ocasiona a
queima de equipamentos, ou pior,
o choque elétrico nos operadores
desses equipamentos.
Figura 93: Ligação triângulo ou ∆. O aterramento elétrico tem três
Fonte: Vieira Jr (2004, p. 39). funções principais:
▪▪ Proteger o usuário do equipa-
Esse tipo de ligação produz os seguintes fasores:
mento contra as descargas atmos-
féricas por meio da viabilização
de um caminho alternativo para a
terra, de descargas atmosféricas.
▪▪ Descarregar cargas estáticas
acumuladas nas carcaças das
máquinas ou equipamentos para
a terra.
▪▪ Facilitar o funcionamento dos
dispositivos de proteção (fusíveis,
disjuntores etc.) por meio da cor-
rente desviada para a terra.

Sistemas de aterra-
mento

Quem orienta os sistemas possí-


Figura 94: Fasores da ligação triângulo ou ∆. veis de aterramento na indústria é
Fonte: Vieira Jr (2004, p. 40). a NBR 5410. Segundo ela, têm-se
três possíveis sistemas de aterra-
Então, pronto para conversar um pouco sobre aterramento? Vamos lá, mento. Confira a seguir:
muitas novidades ainda esperam por você! ▪▪ Sistema TN-S: observe, na
imagem a seguir, que o secundá-
rio de um transformador (cabine
primária trifásica) é ligado em
Y. O neutro é aterrado logo
na entrada e levado até a carga,
enquanto paralelamente outro
condutor, identificado como PE,
é utilizado como fio terra e é
conectado à carcaça (massa) do
equipamento.

ELETRICIDADE 1 65
Figura 95: Sistema de aterramento TN-S.
Fonte: Vieira Jr (2004, p. 47).

▪▪ Sistema TN-C: embora esse sistema seja normalizado, não é


aconselhável, pois o fio terra e o neutro são constituídos pelo mesmo
condutor. Agora, sua identificação é PEN (e não PE, como no ante-
rior). Observe, na imagem seguinte, que após o neutro ser aterrado na
entrada, ele próprio é ligado ao neutro e à massa (carcaça de qualquer
equipamento) do equipamento.

Figura 96: Sistema de aterramento TN-C.


Fonte: Vieira Jr (2004, p. 48).

66 CURSOS TÉCNICOS SENAI


A grande diferença entre a terra e o neutro é que: pelo neutro, há cor-
rente circulando, e pelo terra, não. Quando houver alguma corrente cir-
culando pelo terra, normalmente ela deverá ser transitória, isto é, desviar
uma descarga atmosférica para a terra, por exemplo. O fio terra, por
norma, vem identificado pela letra PE e deve ser de cor verde e amarela.
▪▪ Sistema TT: esse sistema é o mais eficiente de todos. Observe, na
próxima imagem, que o neutro é aterrado logo na entrada e segue
(como neutro) até a carga (equipamento). A massa do equipamento,
por sua vez, é aterrada com uma haste própria, independente da haste
de aterramento do neutro.

Figura 97: Sistema de aterramento TT


Fonte: Vieira Jr (2004, p. 48)

Em geral, o próprio fabricante do equipamento especifica qual sis-


tema deve ser utilizado para aterramento. Mas, como regra, geral
tem-se:

n Sempre que possível, optar pelo sistema TT em 1º lugar;

n Caso, por alguma razão operacional ou estrutural do local, não seja

possível o sistema TT, optar pelo sistema TN-S;

n Optar pelo sistema TN-C em último caso, isto é, quando realmente

for impossível estabelecer qualquer um dos sistemas anteriores.

ELETRICIDADE 1 67
Finalizando
O estudo desta unidade curricular, Eletricidade I, teve como objetivo desenvolver conhecimen-
tos, habilidades e atitudes necessárias para fornecer a você condições básicas para a sua evolução
no restante do curso. As informações estudadas neste material didático ofereceram subsídios para
que você possa ter conhecimentos mínimos necessários com relação à eletricidade, porém isso
não representa o todo.
Certamente a realização de atividades experimentais, práticas laboratoriais e pesquisas contri-
buirão muito para um aprofundamento e melhor construção do conhecimento.
A você, caro aluno, caberá distinguir os diferentes recursos das tecnologias disponíveis e buscar
novas alternativas, não estando preso ao que os materiais didáticos e livros podem lhe oferecer.
Estamos convictos de que o processo de ensino-aprendizagem ocorre, em grande parte, pela sua
dedicação e pela qualidade das informações que estão à sua disposição.
Por isso, tendo apenas como referência este material didático, você deve se sentir livre para ob-
servar, exercitar e questionar os temas abordados, buscando sempre que necessário as orientações
do seu professor, que é quem estará ao seu lado para auxiliá-lo em sua caminhada nesta unidade
curricular.

Abraços, Patrick

ELETRICIDADE 1 69
Referências
▪▪ BATISTA, Rogério Silva. Eletricidade Básica. Belo Horizonte: Centro de Formação Pro-
fissional SENAI João Moreira Salles, [200?]. 151 p.

▪▪ CARVALHO, Geraldo Camargo de. FONSECA, Martha Reis Marques da. Partículas do
átomo. 2009. Disponível em: <http://www.escolainterativa.com.br/canais/18_vestibular/
estude/quimi/tem/img/atomo1.gif>. Acesso em 11 out. 2009

▪▪ MINIPA. Alicate amperímetro. Disponível em: <http://www.minipa.com.br/produtos/


Default.aspx?Secao=19&cat=6&subcat=74>. Acesso em: 07 out. 2009.

▪▪ MINIPA. Multímetro. Disponível em: <http://www.minipa.com.br/produtos/Default.


aspx?Secao=19&cat=6&subcat=74>. Acesso em: 07 out. 2009.

▪▪ MUNDIM, Kleber Carlos. Linhas de Força. 1999. Disponível em: <http://www.unb.br/


iq/kleber/EaD/Eletromagnetismo/LinhasDeForca/LinhasDeForca.html>. Acesso em: 25
out. 2009.

▪▪ PARANÁ, Djalma Nunes da Silva. Física: eletricidade. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998. 431 p.

▪▪ PARIZZI, Jocemar Biasi. Eletrônica Básica. 2. ed. Santa Maria, RS: Centro de Educação
Profissional SENAI Roberto Barbosa Ribas, 2003. 101 p.

▪▪ RAMALHO JR, Francisco et. al. Os fundamentos da física. 8. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Moderna, 2003. 468 p.

▪▪ SATURNINO, Luis Fabiano. Princípios de eletricidade. [S. l.]: Centro de Formação Pro-
fissional SENAI Fidélis Reis, [200?]. 102 p.

▪▪ SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. SC. Eletrotécnica. Flo-


rianópolis, 2004. 140 p.

▪▪ SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL. PR. Eletricidade. Cu-


ritiba, 2001. 142 p.

▪▪ VIEIRA JÚNIOR, Magno Estevam. Eletricidade Básica. Ouro Branco, MG: Unidade
Operacional do SENAI MG Ouro Branco, 2004. 56 p.

▪▪ WOLSKI, Belmiro. Curso técnico em eletrotécnica: eletricidade básica, módulo 1, livro


3. Curitiba: Base Didáticos, c2007. 160 p.

ELETRICIDADE 1 71

Você também pode gostar