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Soldagem

Aluminotérmica
de Trilho
Trilha Técnica: Ferrovia | Via Permanente

VALER - EDUCAÇÃO VALE


Soldagem
Aluminotérmica
de Trilho
Trilha Técnica: Ferrovia | Via Permanente

Colaboradores

•• Júlio Rosa
•• Raimundo Baldez
•• Edmar Mencher

Mensagem de direitos autorais:

É proibida a duplicação ou a reprodução deste material ou de parte dele, sob


qualquer meio, sem autorização expressa da Vale.

Este material é destinado exclusivamente para o uso em treinamentos internos.


Caro Empregado,

Mensagem Valer
Você está participando da ação de desenvolvimento Soldagem
Aluminotérmica de Trilho de sua Trilha Técnica.

A Valer – Educação Vale construiu esta Trilha em conjunto


com profissionais técnicos da sua área, com o objetivo de
desenvolver as competências essenciais para o melhor
desempenho de sua função e o aperfeiçoamento da condução
de suas atividades diárias.

Todos os treinamentos contidos na Trilha Técnica contribuem


para o seu desenvolvimento profissional e reforçam os
valores saúde e segurança, que são indispensáveis para sua
atuação em conformidade com os padrões de excelência
exigidos pela Vale.

Agora é com você. Siga o seu caminho e cresça com a Vale.

Vamos Trilhar!
Introdução 5

Sumário
1. Atividade de Soldagem 6
1.1 Contextualização 7
1.2 Aspectos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente 8

2. Princípios Metalúrgicos e Termodinâmicos do Processo 13


2.1 Fundição 14
2.2 Moldes 16
2.3 Termodinâmica da Solda Aluminotérmica 18
2.4 Solidificação e Interação de Gases na Fundição 20

3. Procedimento de Soldagem Aluminotérmica 24


3.1 Avaliação e Preparação do Local de Soldagem 25
3.2 Processo para Soldagem 27

4. Gerenciamento da Soldagem 43
4.1 Orientações Gerais 44
4.2 Trabalho em Grupo 46
4.3 Organização 47
4.4 Gestão do Tempo 48

5. Defeitos e Falhas de Soldagem Aluminotérmica 52


5.1 Defeitos 53
5.2 Falhas 55

6. Desempenho das Soldas Aluminotérmicas 59


6.1 Cenário e Melhorias 60
O transporte ferroviário se destaca de outros como uma boa

Introdução
opção para o transporte de carga por vários motivos.

Para garantir a circulação segura dos trens, é necessário que


o processo de soldagem aluminotérmica, que tem grande
aplicação nas ferrovias, seja compreendido e praticado com
qualidade, considerando os procedimentos recomendados
pelos fabricantes.

Nesta apostila, será abordado o processo de solda


aluminotérmica e suas características técnicas.

Este curso foi elaborado para apresentar as atividades de solda


e seus princípios metalúrgicos e termodinâmicos, os defeitos e
as falhas que podem ocorrer, bem como os aspectos relativos
a saúde e segurança – S&S.

Bom estudo!
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1
Atividade de Soldagem
Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições:

•• 1.1 Contextualização
•• 1.2 Aspectos de Saúde, Segurança e Meio Ambiente
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 7

1.1 Contextualização

0-126-122
Antes de conhecer sobre o procedimento Assim, após a solidificação, o excesso de
de soldagem aluminotérmica e seu material é removido da peça por processos
gerenciamento, é necessário entender mecânicos de prensa ou esmerilhamento.
que a aluminotermia é um processo
Atenção!
que permite a soldagem de duas partes Importante!
Importante!
metálicas por meio do calor gerado por
uma reação química. Saiba Mais! Pode-se dizer que a soldagem
aluminotérmica é um processo
Em outras palavras, podemos dizer que
Recordando! bastante apropriado para o
esse processo é o resultado da fusão de
trabalho de campo, mas requer
uma liga apropriada (mistura/porção)
grande habilidade do soldador.
com o calor gerado a partir de uma
reação exotérmica. O calor da reação
química funde a mistura e dá origem a
um “metal de solda” que é adicionado
no espaço entre os trilhos (abertura/gap)
através do cadinho.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 8

1.2 Aspectos de Saúde,


Segurança e
Meio Ambiente

Características Gerais

Durante a execução da soldagem, é Ao manusear os materiais


imprescindível seguir as normas de para soldagem:
0-126-122
segurança e normas legais, além das que
são impostas pela ferrovia. •• Mantenha os acendedores em suas
embalagens e longe das porções.
o! Atenção! Não os guarde nos bolsos da calça
ou da camisa.
nte! Não respeitar a obrigatoriedade
de uso dos EPIs, manusear •• Proteja as porções, as formas, os
ais! inadequadamente os equipamentos cadinhos e os bujões contra a umidade.

ndo!
utilizados durante a atividade de •• Rejeite as porções úmidas, pois elas
soldagem e não agir de acordo reagem de forma explosiva.
com o comportamento exigido
para as atividades executadas na •• Abafe com areia seca uma porção, em
reação acidental.
ferrovia são atitudes que colocam o
empregado em risco de acidente. •• Mantenha distância segura durante a
reação de ignição de soldas.
Veja, a seguir, recomendações que, ao •• Use sempre os EPIs recomendados.
serem adotadas, ajudam a garantir mais
segurança aos empregados nas atividades
de solda.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 9

Durante a execução das atividades de soldagem:

•• Use colete refletivo ou uniforme de cor viva.


•• Faça a Análise de Risco da Tarefa – ART e/ou Permissão para Trabalhos Especiais –
PTE, contemplando riscos adicionais em situações de túneis, períodos noturnos,
ou em outras situações que não estejam contempladas nos Procedimentos
Operacionais – PRO.

•• Cumpra os Regulamentos de Operações usados na Ferrovia – ROF e o Sistema de


Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional na realização das tarefas e cumpra os
procedimentos específicos do documento de Liberação e Devolução de Linha – LDL.

•• Cumpra todos os procedimentos operacionais que regulam essa atividade na ferrovia.


•• Descreva, na ART, os riscos e as medidas de segurança de todas as atividades
complementares necessárias à execução da tarefa, mas não contempladas nos
procedimentos operacionais, antes de iniciá-la.

•• Inspecione as ferramentas antes da execução das tarefas. É proibido usar


ferramentas defeituosas ou realizar improvisações que coloquem em risco os
executantes das atividades.

•• Mantenha os recipientes de combustíveis fora do raio de ação dos resíduos da solda e


da máquina/maçarico, na execução de soldagens e corte de trilhos.

•• Suspenda a execução de outras atividades na área e retire o grampo com distância


mínima de 20 metros dos demais empregados, caso haja necessidade de fazê-lo com
ferramenta de impacto.

•• Observe e analise o ambiente, antes e durante a atividade de soldagem, para evitar que
ferramentas, materiais e/ou resíduos atinjam o seu próprio corpo ou dos companheiros
de trabalho. Mantenha sempre distância segura.

•• Manuseie, quando necessário, os produtos inflamáveis sem permitir exposição e


acondicionamento de combustíveis em locais onde haja possibilidade de ignição
ao fogo (faíscas, cigarro etc.). A mesma recomendação deve ser seguida durante o
abastecimento dos equipamentos.

•• Inspecione o Grupo Gerador – GG quando usá-lo, verificando se não há vazamento de


combustível, peças soltas, correias avariadas, polias ou partes móveis/rotativas, sem
proteção completa. Em qualquer uma dessas situações, ele não poderá ser utilizado até
que os problemas sejam corrigidos.
0-126-122
•• Esteja com seus exames periódicos em dia.

o! Atenção!

nte! É proibido, a todos os empregados, andar sobre os trilhos. Essa


medida evitará acidentes, como quedas e torção.
ais!

ndo!
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 10

Também existem procedimentos de preservação ambiental; veja a seguir.

Aspectos ambientais e de “5S” durante as atividades de soldagens

Meio ambiente •• Para o armazenamento temporário dos


resíduos perigosos, devem ser adotadas
Todos os operadores devem cumprir medidas para evitar a contaminação
procedimentos de preservação ambiental com óleo (ex.: piso impermeabilizado
e destinar os resíduos conforme ou coberto com lona, preferencialmente
orientação da coordenação de meio com contenção).
ambiente da ferrovia.
•• Em caso de vazamento
0-126-122
de óleo/
produto químico, deve ser
feita a contenção com material
absorvente/adsorvente.
Atenção!

Importante!
Importante!

Saiba Mais! Estabeleça um ambiente limpo e


organizado, garantindo a segurança
Recordando! e contribuindo para a mudança
de comportamento, conforme
orientações do Programa 5S.

Segurança e Saúde: cuidados e riscos


•• Os resíduos gerados nas áreas
deverão ser armazenados •• Verifique o seu equipamento de oxicorte
em recipientes apropriados – e o preaquecimento contra vazamentos.
preferencialmente, tambores com
boca larga, fechados com cinta e •• Antes de acender o maçarico, abra
primeiro a válvula de oxigênio; em
identificados com etiqueta padrão. seguida, a de propano ou GLP.
•• Os resíduos, ao serem acondicionados, •• Para apagar o maçarico, feche
devem ser segregados em, pelo primeiro a válvula de propano e
menos, três grupos: depois a de oxigênio.
•• Grupo 1 – Líquidos e pastosos. •• No caso de retrocesso da chama,
•• Grupo 2 – Madeira, papelão, caracterizado pelo assobio típico,
trapos, estopas etc., contaminados feche rapidamente a válvula de
com óleo. oxigênio e depois a de propano.

•• Grupo 3 – Serragem, areia e brita


contaminadas com óleo.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 11

•• Os cilindros devem ser transportados em carrinhos todo o processo, fixados


adequadamente, e também devem ficar afastados durante todo processo de corte
e soldagem.

•• As mangueiras devem ser protegidas durante o corte do maçarico e devem ter, no


máximo, 25 metros de comprimento.

•• Os equipamentos devem ser inspecionados, antes e durante as atividades, verificando


manômetros, válvulas, abraçadeiras, mangueiras etc.

•• Durante o esmerilhamento, use óculos de proteção e perneiras.


•• Não utilize máquinas de esmerilhar sem protetor para o rebolo.
•• Observe a direção das fagulhas durante o esmerilhamento.
EPIs:

Botina com biqueira

Capacete

Luva de raspa cano longo / Luva de amianto

Óculos para soldagem ou máscara

Protetor auricular

Protetor facial e gorro (capuz)


0-126-122

Soldagem Aluminotérmica de Trilho 12


o!

nte!

ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você estudou o conceito de soldagem


aluminotérmica e os aspectos de saúde, segurança e meio ambiente
envolvidos nesse processo. Pode-se destacar:
•• a necessidade de cumprimento dos Regulamentos de
Operações usados na Ferrovia (ROF) e do Sistema de Gestão
de Segurança e Saúde Ocupacional;
•• a importância dos procedimentos de preservação ambiental e
das orientações da coordenação de meio ambiente da ferrovia;
•• a atenção aos riscos no manuseio de equipamentos e
obrigatoriedade de uso dos EPIs.
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2
Termodinâmicos do Processo
Princípios Metalúrgicos e
Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições:

•• 2.1 Fundição
•• 2.2 Moldes
•• 2.3 Termodinâmica da Solda Aluminotérmica
•• 2.4 Solidificação e Interação de Gases na Fundição
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 14

2.1 Fundição

A soldagem aluminotérmica tem seus A fundição também pode ser considerada


princípios metalúrgicos baseados no uma etapa inicial de fabricação e pode
processo de fabricação conhecido como ser seguida de outros processos para a
"fundição". Exatamente por esse motivo, obtenção do produto final.
é altamente recomendável que alguns Ao mesmo tempo, permite a obtenção
conceitos básicos de fundição sejam de peças com formas praticamente
abordados na formação dos soldadores de
0-126-122 definitivas, sem limitações de tamanho,
trilhos por aluminotermia. formato e complexidade.
Dentre os processos de fabricação,
o! Atenção! a fundição se destaca por permitir
a produção de peças com grande
nte! A fundição não encontra paralelo
variedade de formas e tamanhos (ex.:
com outros processos de fabricação.
ais! sinos, âncoras, tubulações, implantes
ortopédicos, bloco de motor etc.); peças
ndo! Isso porque, em muitos casos, ela é de extrema responsabilidade, como as
o método mais simples e econômico que se destinam à indústria aeronáutica
e, em outros, o único tecnicamente e aeroespacial (palhetas de turbina, por
viável para a obtenção de uma exemplo); e peças mais simples como
determinada forma sólida. bueiros e bancos de jardim.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 15

A produção pode ser unitária (joias,


implantes e peças artísticas) ou seriada,
voltada principalmente para as indústrias Molde de areia Cadinho
mecânica e automobilística.
Metal fundido

Peça fundida

Linha divisória

0-126-122
A fundição pode ser empregada
com os mais variados tipos de ligas
metálicas, desde que elas apresentem as
Atenção! propriedades adequadas a esse processo,
Como visto, a fundição é o processo de como temperatura de fusão e fluidez.
Importante!
fabricação de peças metálicas, que consiste
essencialmente em preencher com
Saiba metal
Mais! Saiba Mais!
líquido (vazar) a cavidade de um molde
Recordando! Temperatura de fusão é a
com formato e medidas correspondentes
temperatura em que o metal
aos da peça a ser fabricada. Para que se
passa do estado sólido para o
entenda perfeitamente, pode-se dizer
estado líquido.
que a fabricação do gelo em casa é um
processo semelhante ao de fundição.
Fluidez é a capacidade de uma
Assim, o metal líquido é vazado no molde
substância de escoar com maior ou
com uma cavidade que corresponde ao
menor facilidade. Por exemplo, a
negativo da peça que se deseja obter.
água tem mais fluidez que o óleo
Após vazamento e solidificação, a peça
porque escorre com mais facilidade.
é retirada do molde com forma próxima
à final, conforme mostra a ilustração a
seguir, precisando apenas passar pelas
etapas de acabamento.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 16

2.2 Moldes

Para construir um molde em areia, é Para a solda aluminotérmica o modelo é o


necessário, primeiramente, fabricar o próprio trilho.
modelo (materialização do desenho da
peça) com o projeto considerando rasgos,
Molde de areia
furos e partes ocas.
Numa primeira abordagem, podemos Para a soldagem de trilhos, é importante
dizer que o modelo é fabricado em estudar a fundição em moldes de areia.
madeira e o molde em areia. Dessa forma, Esse processo de fundição é o mais simples
0-126-122
a partir de um modelo, podemos fabricar e mais usado na indústria.
os moldes que, por sua vez, darão origem
às peças fundidas. A preparação do molde, nesse caso,
consiste em compactar, mecânica ou
o!
manualmente, uma mistura refratária
nte!
Importante! plástica, chamada "areia de fundição",
sobre um modelo montado em uma caixa
ais! A qualidade da peça fundida está
de moldar.
diretamente ligada à qualidade
ndo! do molde. Peças fundidas Areias e aglomerantes devem ser
de qualidade não podem ser criteriosamente escolhidos para garantir
produzidas sem moldes. a reprodutibilidade das propriedades
dos moldes.
Os processos de fundição se classificam em Areia de moldagem é um sistema
dois grupos: heterogêneo, constituído,
essencialmente, de um elemento
•• fundição em moldes de areia; granular refratário (normalmente areia
•• fundição em moldes metálicos. silicosa), de um ou mais aglomerantes e
de um plastificante (água).
Soldagem Aluminotérmica de Trilho0-126-122 17

o!

nte!
Importante!

ais! Alternativamente, podemos suprimir o uso de água se o


aglomerante utilizado for líquido.
ndo!
A areia de moldagem deve apresentar elevada refratariedade, boa resistência mecânica,
permeabilidade adequada e plasticidade (ou moldabilidade).
Para que um produto fundido (solda aluminotérmica) tenha a qualidade esperada, os
moldes devem apresentar as seguintes características essenciais:

•• resistência suficiente para suportar a pressão do metal líquido;


•• resistência à ação erosiva do metal que escoa rapidamente durante o vazamento;
•• mínima geração de gás durante o processo de vazamento e solidificação, a fim de
impedir a contaminação do metal e o rompimento do molde;

•• permeabilidade suficiente para que os gases gerados possam sair durante o


vazamento do metal;

•• refratariedade que permita suportar as altas temperaturas de fusão dos metais e que
facilite a desmoldagem da peça, isto é, o desmanche do molde;

•• possibilidade de contração da peça, que acontece durante a solidificação.


Soldagem Aluminotérmica de Trilho 18

2.3 Termodinâmica da
Solda Aluminotérmica

A soldagem aluminotérmica, em A formação da alumina é extremamente


comparação a outros processos de exotérmica, liberando grande quantidade
soldagem, é mais apropriada para o de calor.
trabalho de campo por causa da sua A reação típica que ocorre em
flexibilidade de utilização. procedimentos comerciais é:
Devido, principalmente, à sua relativa
simplicidade e à independência de fontes 3Fe3O4 + 8Al → 4Al203 + 9Fe + 3350 kcal
externas de energia, a aluminotermia se
consagrou como um dos métodos mais
Essa reação é bastante vigorosa e
empregados na soldagem de trilhos
dura, aproximadamente, 20 segundos,
ferroviários na via férrea.
alcançando facilmente temperaturas
O processo baseia-se nas propriedades superiores a 3.000 ºC. No entanto, há
termodinâmicas da formação do óxido reduções devido a perdas de calor, tanto
de alumínio e foi desenvolvido, em 1898, 0-126-122
no cadinho quanto por radiação. Pelotas
pelo químico alemão Dr. Hans Goldschmid. de ferro-liga são adicionadas para resfriar
Originalmente, ele foi utilizado para a reação para temperaturas próximas a
emprego na fabricação de metais
Atenção!como 2.500 ºC e produzir a composição química
cobalto, tungstênio e cromo. A descoberta desejada na solda.
foi patenteada como Thermit® pela
Importante!
empresa Goldschmidt AG (West Germany). Saiba Mais!
Saiba Mais!
A reação aluminotérmica apresenta a
seguinte fórmula geral: Recordando! Denomina-se mistura o
conjunto de elementos, em
forma de pó, responsáveis pela
Óxido metálico + Al = alumina + metal + calor reação aluminotérmica.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 19

A mistura é composta por aproximadamente 25% de alumínio, e o restante, de magnetita e


ferro‑liga, que produzirão, após a combustão, aproximadamente 70% de aço líquido. Esse aço
representa aproximadamente a metade da mistura original, em peso, e um terço em volume.
A quantidade de ligas contidas na mistura determina a temperatura da reação, que deve
ser menor que 2.500 ºC, para evitar sublimação do alumínio, e maior do que 2.040 ºC, para
proporcionar uma separação adequada entre a escória e a mistura fundida.
No entanto, a reação aluminotérmica não é espontânea à temperatura ambiente,
requerendo uma ignição inicial – para esta etapa, é utilizado um acendedor especial.
Assim, a soldagem aluminotérmica é um processo realizado por fusão, em que os trilhos
são unidos após serem aquecidos por um banho de metal fundido pelo calor da reação
aluminotérmica. A mistura liquefeita age como o metal de adição da junta soldada.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 20

2.4 Solidificação e
Interação de Gases na
Fundição

A partir dos conceitos de perda de fusão, Isso porque a solubilidade dos gases tende
fundibilidade, gases nos metais e do a diminuir com a queda de temperatura,
conhecimento das propriedades físicas dos 0-126-122
obrigando o gás a se recombinar durante
elementos, pode-se estabelecer uma rotina o resfriamento, gerando bolhas e
de fusão para cada metal ou liga. porosidades na peça fundida.
Conhecer os fenômenos queAtenção!
ocorrem
durante a mudança do estado líquido para o Importante!
Importante!
sólido é fundamental para o entendimento
das estruturas de solidificação.
Saiba Mais! Se as medidas tomadas visando
à minimização da absorção de
O conceito de fundibilidadeRecordando!
engloba
gases não forem suficientes para
fluidez e tensão superficial, uma vez que o
eliminar os defeitos citados, pode
metal líquido terá que escoar dentro dos
ser necessário desgaseificar o metal
canais até chegar à cavidade do molde. De
líquido antes do vazamento.
uma forma geral, quanto maior a fluidez
da liga, maior será a tendência para a boa
fundibilidade. Também, o intervalo de Dentre os metais utilizados na indústria de
solidificação e a porcentagem de contração fundição, um dos mais críticos em relação
da liga afetam a sua fundibilidade, que a defeitos ocasionados pelo hidrogênio
pode ser definida como “capacidade de é o alumínio, pois, como a solubilidade
um metal de preencher seções finas e do hidrogênio no alumínio sólido é
reproduzir detalhes do molde”. praticamente nula, o gás tem que se
Do ponto de vista do fundidor, é muito recombinar, gerando microporosidade em
importante conhecer quais são os gases toda a peça.
solúveis no banho e em que quantidade e Já nas ligas ferrosas, a presença do gás CO
de que forma eles são incorporados, uma efetua um arraste do hidrogênio dissolvido,
vez que gases representam uma causa atuando como um desgaseificante.
importante de defeitos das peças fundidas.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 21

No caso de aços, a presença de oxigênio (na forma de FeO) em contato com o carbono
dissolvido no banho leva à formação de CO, que é responsável pelo aspecto característico
das bolhas dos aços efervescentes. Por causa disso, na produção de peças fundidas, é
utilizado sempre o aço acalmado.
Veja, nas figuras a seguir, os tipos de lingotes, com redução gradual da porosidade de a para c:

aa bb cc

Efervescente Semiacalmado Acalmado


(Fonte: Foundry Engineering)

A nucleação (primeiros sinais de solidificação) será sempre heterogênea, e as paredes


do molde funcionam como ponto de partida para a solidificação. A velocidade de
aquecimento, a temperatura e o tempo pelo qual o metal permanece superaquecido
podem afetar a formação ou dissolução de eventuais núcleos heterogêneos formados a
partir de impurezas presentes.
A velocidade de resfriamento até a temperatura de início de solidificação determina o
número total de núcleos – ativos – que podem crescer. Quanto maior for a velocidade do
resfriamento, maiores serão o número de núcleos e o refinamento da microestrutura.
As variações volumétricas experimentadas pelo metal desde a temperatura de
superaquecimento até a temperatura ambiente estão esquematizadas para o aço.
Para análise de como essa alteração é sentida pelos diversos setores da fundição, a variação
volumétrica é subdividida em três partes, a saber:

•• Contração no estado líquido: não tem importância prática, pois sempre é fundido
metal suficiente para completar todos os moldes, acrescido de uns 10% para compensar
perdas durante a transferência do metal e o vazamento.

•• Contração durante a solidificação: dá origem aos vazios internos – rechupe e/ou


porosidade – que podem comprometer a estabilidade física da peça fundida. Para evitar
estes defeitos, é necessário dimensionar cuidadosamente o sistema de alimentação.

•• Contração no estado sólido: como visto anteriormente, o projeto do modelo


deve levar em conta a variação volumétrica da peça para garantir a sua adequação
aos requisitos dimensionais. Outra consequência da contração no estado sólido é a
tendência ao trincamento, principalmente em locais onde o molde se oponha à livre
contração do metal, como em cantos vivos, em mudanças abruptas de espessura etc.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 22

Quando o metal superaquecido é colocado no molde que está em temperatura ambiente,


ocorre a transferência de calor, aquecendo o molde e iniciando o processo de solidificação.
Assim, o calor se propaga no metal já solidificado e no molde.
Conforme mostra a ilustração a seguir, a letra K se refere à transferência de calor por
condução, e a letra N, à transferência de calor newtoniana que age na interface
metal–molde, normalmente recoberta com tintas, retardando a solidificação.

K N K

Molde Sólido Líquido

Solidificação e fundição de metais e suas ligas

Ferramentas utilizadas na soldagem aluminotérmica:

•• presilhas;
•• placa de fundo;
•• prensa;
•• garfo para manipulação do cadinho;
•• maçarico de preaquecimento;
•• suporte para maçarico;
•• bandeja para escória;
•• cavalete para alinhamento e nivelamento;
•• cunha para nivelamento e alinhamento;
•• calibre afilado;
•• tenaz;
•• termômetro;
•• mangueiras para os maçaricos (até 25 m de comprimento);
•• cronômetro;
•• régua de nivelamento e alinhamento;
•• kit de solda (insumos).
0-126-122

Soldagem Aluminotérmica de Trilho 23


o!

nte!

ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você conheceu os princípios metalúrgicos e


termodinâmicos do processo de soldagem. Pode-se destacar:
•• princípios metalúrgicos baseados no processo de fundição;
•• qualidade da solda aluminotérmica, com base na construção e
nas características dos moldes.
Inserir Imagem

3
Soldagem Aluminotérmica
Procedimento de
Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições:

•• 3.1 Avaliação e Preparação do Local de Soldagem


•• 3.2 Processo para Soldagem
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 25

3.1 Avaliação e
Preparação do Local
de Soldagem

O local da soldagem deve ser avaliado pela equipe, antes do início dos trabalhos; assim, a
equipe poderá verificar a necessidade de ferramental adicional.
Nos serviços de preparação de juntas para solda:

•• Desmonte os grampos de cada lado da junta:


•• dormentes em tangente – três;
•• dormentes em curva – seis.
Veja a ilustração a seguir.

>6 >6 Curva


>3 >3 tangente
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 26

Nos serviços de desmontagem de juntas, há riscos de aprisionamento de membros, projeção


de partículas e objetos, esforço excessivo e quedas. Por isso, o executante deve manter a
posição ergonômica correta, evitar o esforço excessivo ao forçar a chave durante a retirada
dos parafusos e, se necessário, pedir ajuda.
Se a solda for realizada nas juntas, limpe e escove as pontas do trilho para eliminar os
eventuais resíduos de lubrificantes ou de oxidação.
Antes do corte, é necessário observar se existem defeitos superficiais graves ou se há trinca
nos furos. Caso haja, o trilho deverá será cortado para eliminar os defeitos e/ou furos e
deslocar a barra. A folga no patim não poderá ser superior à do boleto.
É recomendável que todas as soldas e juntas estejam a uma distância mínima de seis metros.
Caso isso não seja viável, será permitido o assentamento de trilhos com, no mínimo, quatro
metros de distância, desde que seja em tangente, em AMVs (ligações de jacarés/agulhas) ou
na união de juntas isoladas.
Quando a soldagem for executada em pedaço de trilho em curva, os executantes devem
certificar-se de que a dureza do trilho assentado seja a mesma do pedaço a ser soldado. Se
não for, o desgaste acentuado nesse ponto colocará em risco a segurança operacional da
via. Para essa situação, deve ser feito o deslocamento longitudinal da barra, e a inserção do
pedaço de trilho ocorrerá na tangente.
É necessário observar, também, a combinação do desgaste entre os trilhos a serem soldados.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 27

3.2 Processo
para Soldagem

Veja, a partir de agora, ações que


compõem cada passo do processo
para soldagem e conheça como ocorre
sua execução.

Corte

O corte deverá ser feito com máquina


policorte, e a folga entre os trilhos será de
25 mm ± 2 mm para solda normal e 68 mm
± 3 mm para solda de reparo (solda larga).
Deve existir uma distância mínima de
100 mm entre a extremidade do trilho
e o primeiro furo, considerando o corte Calibrador
para ajuste da folga; caso contrário, será
necessário eliminar todos os furos.
1 3
A tolerância de diferença na esquadria do
2 4
corte será de até 1 mm.
A utilização do maçarico para cortar trilhos 25 2

produz tensão residual no local do corte


e altera as propriedades metalúrgicas
do trilho. Portanto, é proibido o uso do
maçarico para execução de cortes para
soldagem aluminotérmica.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 28

0-126-122

o! Atenção!

nte! A falta e as quebras constantes dos equipamentos de policorte


nas frentes de trabalho não poderão ser consideradas situações
ais! emergenciais. Nesse caso, a realização de soldas com uso do
maçarico deve ter consentimento gerencial por escrito da unidade.
ndo!

Os riscos no corte de trilhos referem-se às projeções de partículas ou pedaços de discos de


corte, incêndio em vegetação próxima e/ou dormentes da linha e queimaduras.
O executante deve manter uma posição ergonômica correta para realizar o corte e proteger-
se com uso de EPIs para projeção das partículas. A tarefa deve ser interrompida se for
verificada a presença de pessoas no raio de projeção do disco de corte.
0-126-122
Quando a solda for executada em conjunto com a substituição de trilhos, não será permitida
a execução de serviços complementares – como recolhimento de materiais, limpeza de
lastro e de placas de apoio, posicionamento de almofadas, corte de trilho, ou qualquer outro
o! serviço em conjunto com a retirada ou assentamento dos trilhos – na área de risco onde o
trilho movimentado possa atingir pessoas.
nte!

ais! Saiba Mais!

ndo! Para obter mais informações sobre detecção e retirada de tensão, é


necessário ver itens específicos do processo de execução de alívio
de tensão em Trilhos Longos Soldados – TLS dentro do método
meia-barra.

Antes do alinhamento, é necessário limpar as partes a serem soldadas. Isso é feito com
raspagem e escovamento das pontas (extremidades) dos trilhos, com escova de aço,
eliminando resíduos. Se necessário, as extremidades dos trilhos devem ser aquecidas com
maçarico, a fim de eliminar resíduos de óleo ou graxa.
Os riscos de acidentes por cortes, projeção de partículas e queimaduras devem ser evitados
com uso dos EPIs (luvas e óculos).

Alinhamento

Para o alinhamento dos trilhos, os reguladores de bitola (sargento) devem ser montados no
segundo dormente, a partir do local onde será executada a solda.
A régua metálica de um metro deve ser alinhada em contato com toda a face interna dos
trilhos. Após isso, deve-se fechar e abrir os reguladores para obtenção do alinhamento
necessário, o que poderá ser auxiliado por meio de cunhas metálicas.
No caso de solda em curva, o alinhamento é idêntico ao da tangente, ou seja, o trilho na
região da solda deverá ficar reto.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 29

Caso necessário, deve-se soltar a fixação de mais dormentes para permitir o alinhamento.
Não é admitida nenhuma flecha na extensão de um metro (régua).

Régra 1 m

Ajuste da flecha dos trilhos

Os trilhos devem formar um bico antes da solda.


Verifique o valor da flecha depois do esmerilhamento de acabamento. Os trilhos não podem
nunca estar rebaixados.

Régra 1 m
mm

A medida da flecha (1,5 mm para solda normal e 2,0 mm para solda larga) é calculada para
controlar a contração (encolhimento) do aço durante seu resfriamento.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 30

Se a flecha for mal aplicada, a solda pode ficar canoada ou alta. Esse tipo de defeito
permanece mesmo se o trilho for esmerilhado, pois o boleto e o patim ficarão desnivelados
e, quando o rodeiro passar sobre a solda, causará defeitos superficiais ao seu redor.

Alinhamento e ajuste de flechas

Para nivelar, posicione a régua de um metro na superfície de rolamento dos trilhos, de


maneira centralizada sobre o eixo da folga deles; com a utilização de cunhas colocadas entre
os dormentes e o patim dos trilhos ou com o auxílio dos cavaletes, inicia-se o nivelamento.
Isso deve ser feito batendo nas cunhas com a marreta para elevar as extremidades dos
trilhos ou por meio dos cavaletes até que se tenha uma flecha de 1,5 mm, nas extremidades
da régua para soldas padrão, e 2 mm para solda de reparo (solda larga). Utilizar cunha
graduada para aferição desses valores.
As cunhas para nivelamento devem ser colocadas do mesmo lado onde será utilizado o
cadinho, para evitar torção no trilho.
Na execução da solda Railtech, deve-se utilizar, preferencialmente, o cavalete de nivelamento.
As operações de alinhamento e nivelamento são executadas em paralelo e devem ser
repetidas tantas vezes quantas forem necessárias, até que o perfeito alinhamento e
o nivelamento com a contraflecha previstos sejam alcançados, verificando-se ainda a
igualdade entre os perfis a serem soldados.
Os riscos dessas operações estão relacionados a posicionamento do executante,
prensamento de dedos e impactos contra o corpo, que podem ocorrer devido ao uso da
marreta ao calçar ou retirar as cunhas.
Como recomendações, o executante deve sempre estar de luvas e manter-se numa
posição ergonômica correta – se possível, ajoelhado sobre uma proteção que ajude a
regularizar o piso.
Há também risco de queimadura caso essas operações sejam executadas tão logo o trilho
tenha sido cortado. O uso da luva também protege nesse caso.
É proibido colocar os dedos na abertura do trilho a ser soldado, sendo obrigatório o uso
do limitador.
Ao utilizar ferramentas de impacto, sujeito à projeção de partículas, o executante deverá
fazer uso de óculos e protetor facial.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 31

0-126-122

Moldagem e vedação
Atenção! Atenção!

Comece encaixando cada parte da fôrma


Importante! As duas meias fôrmas não devem
refratária ao trilho. Para um encaixe ficar desalinhadas entre si.
perfeito, pode ser utilizada Saiba
grosaMais!
ou
lima, lixando as imperfeições que não
Recordando! •• terminar o ajuste e o alinhamento
permitem o encaixe, ou provocando atrito posicionando a prensa de fixação.
(lixando) entre as fôrmas e os trilhos a fim Apertar suficientemente as fôrmas,
de eliminar ressaltos e permitir perfeita cuidando para não serem trincadas.
acomodação ao perfil.
É aconselhável cobrir as fôrmas com um
cartão para o prosseguimento das operações.
A colocação dos moldes/fôrma seguirá
a ordem:
1. Ajustar o molde do patim.

4. Centralizar e prender os moldes laterais


com a prensa.

2. Prender o molde do patim.


3. Ajustar os moldes laterais:

•• juntar cada placa lateral na respectiva


meia-fôrma;

•• colocar uma meia-fôrma (centralizar


em cima e embaixo, em relação à folga
e ao molde do patim) e mantê-la no
lugar com uma das mãos;

•• posicionar o segundo semimolde e


ajustá-lo previamente (centralizar em
cima e embaixo, em relação à folga e
ao molde do patim);
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 32

5. Vedar as juntas dos moldes laterais e inferior, aplicando pressão na pasta de vedação.
Colocar à mão, de modo homogêneo, um cordão de massa em toda a volta e na superfície
de separação dos moldes, com o cuidado de pressionar e alisar bem a massa.
Observação: não permitir que caia pasta ou areia de vedação no interior dos moldes (usar o
cartão se necessário).

6. Montar a prensa universal verificando a distância em relação à folga determinada


pelo limitador.
Para evitar a contaminação da solda é aconselhável cobrir as fôrmas com um cartão para o
prosseguimento das operações.
7. Posicionar o maçarico de preaquecimento conforme altura especificada pelo fabricante –
medida da face inferior do maçarico até a superfície do boleto:

FABRICANTE ALTURA (MM)

Thermit Sowos 40 mm a 45 mm

Railtech solda normal 50 mm

Railtech solda reparo 70 mm

8. Colocar cada fôrma refratária na respectiva presilha, encaixando-as no perfil do trilho,


devendo ficar perfeitamente alinhadas e centradas em relação ao eixo da folga.
9. Colocar o cartão de montagem sobre o boleto, na folga entre as extremidades dos trilhos.
A falta do cartão deixará a areia ou a pasta em contato com o trilho, podendo provocar
poros na superfície de rolamento após a reação.
10. Vedar manualmente e com cuidado as folgas existentes entre as laterais e fundos das
fôrmas refratárias e o trilho, começando sempre pelo patim e com utilização de pasta
para vedação.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho0-126-122 33

o!

nte!
Importante!

ais! É necessário ter cuidado:


•• para não obstruir os respiros das fôrmas;
ndo!
•• com o excesso de umidade na areia que pode provocar bolhas
internas na solda e, consequentemente, fraturas.

11. Posicionar, então, a concha para escória apoiada na presilha do lado da fôrma, colocar
areia seca para proteger o fundo da concha e areia de vedação/pasta na rosca do
parafuso da prensa que prende a fôrma metálica entre a concha de escória e a fôrma.
Os riscos de S&S na montagem das fôrmas estão relacionados ao posicionamento do
executante e a queimaduras, caso essas operações sejam executadas com o topo do trilho
ainda quente pelo corte.
Como recomendações, o executante deve sempre estar de luvas e manter-se numa
posição ergonômica correta – se possível, ajoelhado sobre uma proteção que ajude a
regularizar o piso.

Posicionamento do bujão e abastecimento do cadinho

O perigo da tarefa está em o executor Fique atento, pois durante a realização


ficar exposto a objetos ou a substâncias dessa tarefa há risco de queimaduras e
em temperatura alta. É necessário o uso quedas. Por isso, os executantes devem
de luvas cano longo de amianto e avental usar os EPIs específicos, devem ter
de raspa. cuidado com piso irregular e ordenação
Abra o saco da porção, derrame a porção de ferramentas espalhadas. Não manusear
aluminotérmica no cadinho, deixando-a a porção próxima à chama do maçarico,
cair lentamente. Colocar o cadinho pois há risco de acionar a fusão fora do
pronto junto da zona de trabalho e local apropriado.
preparar o acendedor.

1
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 34

Preaquecimento

Abrir o registro de oxigênio e o de gás para acender o maçarico e regular a chama e a


pressão dos manômetros de acordo com orientação do fabricante.
Para solda Railtech, deve-se adotar:

•• Pressão para reguladores Harris ou Welder:


•• Oxigênio – 5,0 bar (70 PSI) / Propano – 1,4 bar (20 PSI) / GLP – 1,4 bar (20 PSI)
•• Altura do maçarico:
•• 50 mm (solda normal) / 70 mm (solda reparo)
•• Comprimento da chama:
•• Lingueta azul – 15 / 20 mm
•• Comprimento total da chama:
•• 350 mm
•• Tempo de preaquecimento tanto para GLP quanto para o propano:
•• TR 68 = 6 min (normal e reparo)

O executante deve fazer acendedor tipo concha para acender o maçarico, ficando proibido o
uso de qualquer outro utensílio.
Coloque o maçarico no suporte da prensa universal, verificando o correto posicionamento e
o ajuste da chama.
O tempo de preaquecimento deve ser de:

•• TR-45= 4 min;
•• TR-57= 4 min e 30 s;
•• TR-68= 6 min.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 35

É necessário também aquecer o tampão de vedação que deverá ser colocado com tenaz
apropriado após o término do aquecimento do trilho.
Retire o maçarico com cuidado depois de transcorrido o tempo de aquecimento
especificado para cada tipo de trilho. Na retirada do maçarico, cuidado para não danificar as
paredes das formas refratárias batendo com o bico do maçarico.
Corte primeiro a alimentação em propano, depois em oxigênio, e retire o maçarico com
cuidado para não comprometer as paredes internas das fôrmas.
Deve-se ter cuidado com o excesso de pressão do maçarico de aquecimento, que poderá
causar desgaste nas extremidades dos trilhos e prejudicar a execução da solda.
Não poderá haver nenhuma perda de tempo entre o fim do preaquecimento e a sangria. Por
conseguinte, as operações devem se encadear sem demora.

Para solda Thermit

Não é recomendado o uso do gás GLP em substituição ao propano. Para a utilização de


outros gases, buscar informações e autorização com a Engenharia de Via Permanente.

PROCESSO DE SOLDAGEM SOWOS SKV SKV-F

TR-32; TR-37 3 – 4 min x x

TR-45 4 – 5 min x x

TR-50 5 – 6 min 3 min x

TR-57 6 – 8 min 3 min 4 min

UIC 60/TR-68/TR-70 8 – 10 min 5 min 5 min


Soldagem Aluminotérmica de Trilho 36

Corrida da solda (vazamento) e retirada do cadinho

Fusão da solda

Operacionalmente, esse processo ocorre da seguinte maneira:


1. Colocar o tampão de vedação com tenaz no centro das fôrmas.
2. Posicionar o cadinho para corrida.
0-126-122
3. Posicioná-lo no centro das fôrmas, girando o seu suporte.

o! Atenção!

nte! Cuidado ao girar o cadinho! Essa ação poderá provocar vibrações no


aço ainda liquefeito.
ais!

ndo!
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 37

Observação: para a Railtech, o posicionamento do cadinho é feito diretamente sobre


as fôrmas.
4. Acender o fósforo (acendedor de porção), introduzindo-o no meio da porção e colocar a
tampa do cadinho.0-126-122
5. Segurar o suporte do cadinho com uma alavanca durante a reação. O vazamento
é automático!
o!

nte!
Importante!

ais! Tenha sempre em mãos fósforo de reserva (acendedor de porção)


de reserva para eventuais falhas no momento do acendimento.
ndo!

6. Acionar o cronômetro no momento da corrida do aço.


7. Após o vazamento, retirar o cadinho deslocando-o para cima na vertical. Não girar.
8. Em seguida, retirar o bico de escória entre a fôrma e a concha e depositar em local
seguro (sem umidade).

Desmoldagem e rebarbagem

Para rebarbar, é necessário retirar a prensa universal, as presilhas e finalmente a placa de


fundo. Inicie a retirada da cuba de escória da solda, três minutos (solda normal) ou dez
minutos (solda reparo) após a corrida do aço.
Transcorrido o tempo após a corrida do aço, retire as placas laterais e a inferior.
Transcorridos seis minutos (solda normal) ou 12 minutos (solda reparo) após a corrida do aço,
efetua-se a rebarbagem da solda, conforme ilustração a seguir.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 38

Após a rebarbagem da solda, proceder à retirada da sobra da solda/escória utilizando


ferramenta ferramenta específica, conforme imagem a seguir:

Retirada de sobra de solda

Atentar para que a altura da lâmina da rebarbadora em relação ao boleto do trilho esteja
0-126-122
entre 1,5 e 3,0 mm.
Remova as rebarbas do boleto e incline os jitos a aproximadamente 45 graus.
o!

nte!
Importante!

ais! Não remover os jitos ou "cachimbos" completamente, pois haverá


resfriamento rápido no patim. Eles deverão ser retirados somente
ndo! após 25 minutos.

Nessa tarefa, há riscos de queimaduras e quedas no momento da colocação e retirada do


maçarico. Os executantes devem usar os EPIs específicos, devem ter cuidado com piso
irregular e atenção no momento da retirada do maçarico.
Para abertura e retirada dos jitos, a ferramenta é utilizada como mostra a ilustração:
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 39

Esmerilhamento

Antes de iniciar o esmerilhamento, é necessário quebrar os jitos ou “cachimbos” conforme


descrito anteriormente.
Para uso de máquinas esmerilhadoras, elétricas/hidráulicas, é necessário que o executante
conheça a rotação máxima do esmeril utilizado, e faça a ligação da tomada/mangueiras
do equipamento (rede0-126-122
elétrica ou grupo gerador elétrico/hidráulico) na voltagem/pressão
compatível para a máquina (110 v/220 v).

o! Atenção!

nte! É proibido o uso de voltagem/pressão acima do permitido.

ais!
Isso aumentará a rotação do esmeril, que pode provocar sua ruptura
ndo! e, consequentemente, o lançamento de pedaços que podem atingir
o executante ou pessoas próximas.

É proibida a troca do esmeril ou concertos nas partes da máquina quando estiver ligada à
eletricidade ou ao grupo gerador hidráulico.
É necessário atentar ao sentido de rotação da máquina, para que o rebolo não seja
arremessado para fora dela.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 40

Ao utilizar a máquina esmerilhadora, faça o desbaste do material excedente que a


rebarbadora não conseguiu retirar totalmente, para igualar o boleto.

Faça o acabamento final da superfície de rolamento e laterais do boleto.


Nesta tarefa, é necessário conferir as tolerâncias com régua e cunha graduada. A régua de 1
metro é centralizada na solda e mede-se com a cunha nas extremidades uma flecha de 0,5
mm. A região de esmerilhamento não deve ultrapassar 60 cm, sendo 30 cm para cada lado
da solda.

Colocar fixações, socaria e fazer acabamento

Dependendo do andamento dos trabalhos, esta etapa pode ser anterior ao esmerilhamento.
Para colocar as fixações, é necessário retirar as cunhas ou cavaletes, para em seguida
completar as fixações (o procedimento de operações com fixações deverá ser cumprido).
Nos serviços de retirada das cunhas ou cavaletes e colocação das placas de apoio, há riscos
de aprisionamento de membros, projeção de partículas, esforço excessivo e quedas. Por
motivo de segurança, é necessário que o executante esteja atento às irregularidades do piso
e ao uso de EPIs.
No aperto de tirefonds, peça de fixação elástica, verifique se a chave está em boas condições.
Para essa ação, não faça esforço excessivo; se necessário, peça ajuda.
Faça também reespaçamento dos dormentes, posicionando um dormente em bom estado
em cada lado da solda, mas somente se necessário.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 41

Em caso de dormente danificado na região •• Os executantes devem observar a


da solda, a equipe deve providenciar sua condição do piso ao usar a escada
substituição conforme o procedimento de acesso dos veículos para descer
específico, dependendo do tipo de fixação
0-126-122 e/ou subir.
do dormente a ser substituído.
•• Há perigos de queda de pessoas em
locais com diferença de nível e de
Atenção! mesmo nível. Existem também os
o!
riscos de ergonomia.
A socaria nos dormentes
nte!
deverá ser realizada conforme •• Manter sincronismo e comunicação
ais! na retirada/colocação de ferramentas
procedimento específico.
acondicionadas.
ndo!
•• Ao encerrar os serviços, cumprir o
Dicas importantes: procedimento de LDL.

•• Recolha em trens de serviço ou Inspeção final e registro da solda


veículos rodoviários os materiais
oriundos dos trabalhos com solda
(fixações danificadas, jitos, escória, Marcar a face externa de cada solda com
sacos plásticos, papelões etc.). algarismos de 8 a 10 mm de altura.
Essa marcação contém:
•• Na impossibilidade de recolhimentos
diários, esses materiais devem ser •• o número do mês de execução
empilhados em locais definidos (de 1 a 12);
pela fiscalização para recolhimento
futuro. Não é permitida a queima dos •• os dois últimos algarismos do ano
de execução;
materiais considerados como lixo.

•• É necessário o cuidado com esforço •• o número de habilitação do soldador;


excessivo e com postura incorreta •• o número da solda (se existir um
ao empurrar, erguer, puxar, manejar, arquivo da solda).
sacudir ou arremessar objetos. Veja ilustração a seguir.
•• Para recolher o lastro com forcado
e separar o material reaproveitável
das impurezas, realizar movimentos
vibratórios e e retorná-los para os vãos
de onde foram removidos.

•• Ao realizar o transporte de
ferramentas pontiagudas, manter
distância dos outros empregados
e atentar para a organização das
ferramentas e seu acondicionamento.
0-126-122

Soldagem Aluminotérmica de Trilho 42


o!

nte!

ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você estudou o Procedimento de Soldagem


Aluminotérmica. Pode-se destacar:
•• a importância da avaliação e da preparação do local para
solda, de maneira que os equipamentos necessários
estejam acessíveis;
•• cada etapa do processo de soldagem e suas características;
•• orientações relativas à saúde e à segurança e utilização dos EPIs.
Inserir Imagem

4
da Soldagem
Gerenciamento
Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições:

•• 4.1 Orientações Gerais


•• 4.2 Trabalho em Grupo
•• 4.3 Organização
•• 4.4 Gestão do Tempo
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 44

4.1 Orientações Gerais

Porções Guardar as porções em ambiente seco e


arejado, armazenadas sobre estrados de
É importante que sejam usadas somente madeira, para que não fiquem em contato
porções adequadas ao perfil e à resistência direto com o piso de concreto, como é
mecânica do trilho a ser soldado. mostrado a seguir.
Porções com embalagens danificadas não
devem ser usadas.
Toda porção é fabricada individualmente
e dimensionada de acordo com sua
aplicação. Por isso, não deve ser adicionada
a uma porção que seja parte de outra para
aumentar o volume final.
Sempre proteger as porções contra a
umidade, pois porções umedecidas, mesmo
depois de secas, não podem ser aproveitadas.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 45

Acendedores

Os acendedores devem ser armazenados em lugar seco e longe das porções, inclusive no
canteiro de obra.

Fôrmas

Devem ser guardadas em lugar seco e protegidas da umidade, inclusive no canteiro de obra.
As fôrmas existem para todos os perfis de trilho e para transição entre perfis diferentes.
Assim, é necessário atenção para o uso de fôrmas adequadas ao perfil do trilho em questão.

Cadinho descartável

O cadinho descartável somente deve ser aberto quando for usado.


0-126-122
É necessário verificar se o cadinho descartável apresenta, externamente, alguma deformação
no seu invólucro metálico. A mesma verificação deve ser feita internamente, e se a superfície
interna apresentar alguma trinca, o cadinho não deve ser usado.
o!

nte!
Importante!

ais! Por ser hermeticamente fechado, o cadinho não necessita de


secagem ou aquecimento antes do uso.
ndo!
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 46

4.2 Trabalho em Grupo

O soldador é um profissional treinado O soldador deve orientar e fiscalizar os


e qualificado para um determinado seus auxiliares em todas as etapas da
processo de soldagem. Seu trabalho é soldagem aluminotérmica; principalmente,
compartilhado com outros auxiliares verificando a execução do procedimento
de soldagem, formando uma equipe. de acordo com as recomendações do
Entretanto, vale lembrar que a fabricante do kit da solda.
responsabilidade pela integridade da Desde o começo da solda, as atividades
solda é do soldador. dos auxiliares e as do soldador devem estar
O soldador mais experiente e qualificado bem definidas, de maneira que cada um
recebe uma posição de destaque e assume saiba o momento certo de agir.
a função de líder de soldagem.
Como a equipe de soldagem trabalha
de forma independente, cabe ao líder
de soldagem, também, as tarefas
administrativas e organizacionais da
equipe, assim como prestação de contas,
registros e relatórios de produção.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 47

4.3 Organização

O soldador e o seu auxiliar devem trabalhar O soldador é o responsável por verificar a


de maneira coordenada. disponibilidade das ferramentas e insumos,
O material de trabalho e as ferramentas como acendedores e os gases.
devem estar organizados e em condições Os parâmetros de soldagem devem
de uso. As ferramentas devem ser ser bem claros para a equipe, incluindo
fornecidas pelo fabricante da solda ou a pressão dos gases, como oxigênio,
certificadas pela área de Engenharia. propano e GLP.
Todas as ferramentas necessárias à
execução da solda aluminotérmica devem
estar à disposição no momento do início
dos trabalhos.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 48

4.4 Gestão do Tempo

Pelas características da manutenção Características do tempo


ferroviária de via permanente, a maioria
dos serviços de soldagens aluminotérmica
deve ser realizada de acordo com uma
•• Sua oferta é sempre inelástica, ou
seja, não importa o tamanho da
faixa de tempo predeterminada pelo demanda, depois de determinado
Centro de Controle Operacional – CCO. um espaço tempo, essa oferta nunca
Ao término dos serviços, o CCO será aumenta ou diminui.
notificado e as vias férreas deverão,
depois de entregues, estar em plenas •• É totalmente irrecuperável, pois o
tempo que já passou se foi para
condições de circulação, isto é, sem
sempre. O tempo é sempre igual
restrições operacionais para o tráfego
para todos.
ferroviário.
É necessário que o “tempo de execução” •• É sempre perecível, porque, além de
não poder ser armazenado, não tem
para esses tipos de serviços sejam tratados
um preço. Erradamente, por vezes,
como uma variável muito importante e
costuma-se confundir o valor de
que sejam constantemente monitorados,
alguns produtos ou serviços com um
seja pelo aspecto técnico de execução –
valor de tempo.
já que várias atividades desses serviços
exigem função cronometrada – seja pelo •• Não pode ser comprado ou alugado.
uso racional do tempo ou para alcançar
o resultado e o volume de produção
•• Em trabalhos, sempre fica a sensação
de que ele está em falta.
esperados ao final dos trabalhos.
As chaves para o uso racional do tempo
Para o uso racional do tempo, é necessário são o planejamento e a programação,
estar atento a alguns pontos. Veja, a seguir, sempre atrelados a uma meta específica.
quais são.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho0-126-122 49

o!

nte!
Importante!

ais! Lembre-se sempre de iniciar seu dia com um tempo dedicado ao


seu planejamento. Faça o seguinte:
ndo! •• Liste todas as atividades relacionadas ao trabalho, com seus
respectivos tempos estimados ou propostos para execução.
•• Registre o tempo real dedicado às atividades.
•• Compare o tempo proposto com o tempo dedicado.
•• Identifique como está usando o seu tempo.

Essa prática ajudará você a gerenciar melhor o seu tempo.

Atitudes Fundamentais

Preparação

Para os serviços de soldagens, é definido com antecedência quem fará cada tarefa. Isso
ocorre porque o sincronismo da equipe determinará o sucesso no resultado da atividade,
seja pelo uso adequado do tempo, seja pela qualidade do produto final.
A predefinição das atividades que, habitualmente, é determinada no planejamento, ocorre
não porque os executantes saibam realizar apenas a tarefa atribuída. Ao contrário disso,
geralmente eles têm competências multifuncionais e sabem executar todas as atividades.
Essas características possibilitam agilidade no planejamento e na execução das tarefas
delegadas conforme competências e disponibilidade dos vários integrantes da equipe.
0-126-122
Uma boa administração do tempo tem a ver com a preparação eficaz para o trabalho.
Essa preparação inclui o que é necessário para a realização das atividades da rotina diária,
semanal e mensal.
o!
Planeje e programe sempre as atividades de trabalho!
nte!

ais! Saiba Mais!

ndo! O planejamento geralmente tem a ver com “o que deve ser


executado”, dando prioridade ao grau de importância das
atividades; já a programação refere-se a "quando será executado" e
está em função do que foi priorizado no planejamento.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 50

Após um dia de trabalho, é recomendado que as anomalias ocorridas durante a execução


das atividades sejam anotadas, bem como sejam relembradas as tarefas mais importantes
para o dia seguinte.
Nos serviços de soldagem devem ser registradas as necessidades para o dia seguinte em
função de alguma quebra, falta de equipamento e de insumos ocorridos no dia atual. Isso
ajudará na reposição dos elementos ou na alteração da programação.
As práticas voltadas para uma boa gestão do tempo não deve ser prioridade somente
do líder, uma vez que todos os empregados são responsáveis pelo sucesso ou fracasso
da equipe.
Outra estratégia para uma boa gestão de tempo é ter pessoas capacitadas nas equipes.
Assim, é necessário treinar para a perfeição. Não deixe de lado o que é difícil, treine antes,
para fazer correto da primeira vez. Adquira bons hábitos de trabalho e seja competente na
sua função.

Ordenação

Todo trabalho começa com a organização do local de armazenamento e dos equipamentos


que transportam as máquinas, equipamentos e materiais de soldas.
Um ambiente limpo e organizado é um ambiente produtivo. Logo, as instalações de
apoio às equipes de solda devem oferecer essas condições, e seus mantenedores, zelar
por esses ambientes.
A organização das equipes de manutenção, nas pequenas coisas e no capricho dos detalhes
de atendimento da programação, poderá poupar recursos para a entrega de seus produtos
no prazo e com mais qualidade.
A conservação de materiais, ferramentas e insumos utilizados nas soldagens também
influenciará na qualidade do produto final de soldagem. Por isso, os locais de
0-126-122
armazenamento devem estar isentos de resíduos oleosos e não podem ser úmidos.

o! Atenção!

nte! A umidade é inimiga dos materiais de soldagens!

ais!
Uma boa gestão de estocagem ajuda a proteger os materiais que são utilizados no processo
ndo!
de soldagem.
Como já estudado, as atividades de soldagem aluminotérmica requerem sincronismo,
baseado nas habilidades e na preparação entre os membros da equipe.
É fundamental que cada um saiba exatamente o que fazer, quando fazer e onde buscar
a ferramenta ou insumo necessário para a execução de sua atividade. A preparação de
ferramentas e insumos no dia anterior, ou antes de iniciar a jornada de trabalho, é um dos
fatores que determinará o bom desempenho da equipe.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 51

O sucesso da equipe é a realização progressiva de suas metas. Para avançar até a posição
desejada, tente não se desviar de suas metas e desenvolva suas competências e habilidades.

Desempenho, controles e registros

Para a uniformidade nos procedimentos e a melhora do desempenho das soldas nas


ferrovias, é fundamental a utilização de um programa de formação e capacitação
permanente dos soldadores.
Paralelamente, é indicado que seja adotado um sistema de certificação na função para
garantir, a longo prazo, a qualidade das soldas executadas.
Quando os executores seguem adequadamente os procedimentos e as práticas
recomendadas pelos fabricantes, a possibilidade de erros e falhas torna-se insignificante, ou
seja, a melhor solda é produzida, e o produto final soldado passa a ser confiável.
A utilização de seções de trilhos semelhantes irá resultar em soldas melhores e mais confiáveis.
O tempo disponibilizado para execução dos trabalhos também afeta na qualidade final do
produto. Qualquer trabalho feito às pressas corre risco de ficar ruim ou apresentar falha. A
prática de "quanto mais rápido, melhor" nem sempre funciona nesses processos. O serviço
deve ser executado no tempo adequado para um bom desempenho.
Após a soldagem, deve-se registrar o que foi feito para que seja possível rastrear e controlar
a vida útil dos produtos entregues, e assim seja possível também controlar a quantidade de
falhas e o índice de confiabilidade.
0-126-122
A investigação das falhas nas soldas também deve ser considerada e registrada. Se não
for descoberto por que determinada solda quebrou, vazou ou apresentou defeitos, não
será possível corrigir as próximas execuções, além de manter-se a possibilidade de ocorrer
o! novamente a falha.

nte! Será que hoje, realmente, você sabe o suficiente sobre as falhas?
ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você estudou o Gerenciamento da Soldagem.


Pode-se destacar:
•• orientações gerais para a realização da soldagem
aluminotérmica com segurança;
•• orientações específicas sobre os trabalhos das equipes e sua
organização.
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5
Soldagem Aluminotérmica
Defeitos e Falhas de
Nesta unidade, serão apresentadas as seguintes lições:

•• 5.1 Defeitos
•• 5.2 Falhas
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 53

5.1 Defeitos

Os defeitos de fundição raramente podem ser atribuídos a uma única causa.


O processo de soldagem aluminotérmica tipicamente produz soldas de boa qualidade. No
0-126-122
entanto, há a possibilidade de ocorrência de defeitos.

o! Atenção!

nte! A natureza metalúrgica da solda aluminotérmica contribui


para o surgimento de defeitos na junta soldada.
ais!

ndo!
Veja, a seguir, os tipos de defeitos responsáveis por falhas.

Outros
Inclusão de areia
Inclusões no boleto
Hot Pull-apart
Queima de esmerilhamento
Grãos colunares no boleto
Falta de fusão
Porosidade
Contração na solidificação
Inclusão de escória
Gota fria
0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0%
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 54

Embora todos os defeitos de soldagem aluminotérmica tenham efeito similar na vida


em fadiga das juntas – aumento da tensão local e redução do desempenho frente a
carregamento cíclico – as origens dos defeitos podem ser diferentes.
Alguns defeitos são causados por procedimentos de soldagem ou material de
consumo inadequados, como black-hole, inclusões de escória ou areia e bordamento
da solda. Outros são gerados por parâmetros de soldagem incorretos, como rechupes,
solda fria e segregação.
Ocorrem, ainda, variações no perfil da solda, geradas por severas condições de serviço, que
também são interpretadas como defeitos.
A causa dos defeitos internos é mais bem interpretada quando se examina a superfície de
ruptura da solda.

Casos e causas

Veja os casos mais comuns:

•• A superfície de ruptura por tração se apresenta ligeiramente plana, em geral, no centro


da solda e com coloração azulada.

•• Causa: houve uma movimentação dos trilhos durante o esfriamento da solda.


•• A superfície de ruptura apresenta pequenos poros em vários pontos no contorno da solda.
•• Causa: umidade na porção aluminotérmica e inconformidade no armazenamento
dos kits.

•• A superfície de ruptura apresenta áreas da extremidade do trilho, sem aderência do aço


Thermit (solda fria).

•• Causa: preaquecimento insuficiente, folga reduzida ou assentamento incorreto


das fôrmas.

•• A superfície de ruptura apresenta inclusões de areia, predominantemente no patim.


•• Causa: queda de pasta de vedação no interior das fôrmas por falta do cartão
de montagem.
A minimização da taxa de defeitos nas soldas aluminotérmicas passa pelo
acompanhamento do histórico das soldas (do armazenamento do kit à inspeção final da
solda) com registros detalhados do procedimento empregado, incluindo o tempo para
execução de cada etapa da soldagem, condições de temperatura no campo, condições do
trilho, fabricante do trilho etc.
A partir da experiência de cada equipe de soldagem, deve-se elaborar um relatório
descrevendo os defeitos mais comuns, as causas encontradas e a solução adotada. Essa
prática pode ajudar bastante na elucidação de novos casos.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 55

5.2 Falhas

A taxa de falhas em soldas aluminotérmicas Recentemente, foram realizados dois


depende das condições de tráfego estudos em ferrovias de carga pesada na
e de manutenção da via. As fraturas Austrália. Um deles aponta que a solda
ocorrem por fadiga ou0-126-122
sobrecarga e são aluminotérmica é a maior contribuidora
incentivadas pelos altos carregamentos, para as estatísticas de falhas, alcançando
principalmente nas vias de cargas pesadas, mais de 75% dos casos relatados na
e estão diretamente relacionadas à ferrovia analisada.
o!
ocorrência de defeitos de soldagem. As fraturas nas soldas ocorrem,
nte! principalmente, durante o inverno, quando
ais! Saiba Mais! a temperatura do trilho está abaixo da
temperatura neutra (Tn) – livre de tensões.
ndo! Estudos de especialistas apontam
As trincas de fadiga são mais frequentes
que 40% das falhas em serviço se
na região do boleto; porém, podem ser
devem às soldas, sendo que 10%
detectadas por ensaios de ultrassom.
dos acidentes com descarrilamento
Na etapa de iniciação, essas trincas são
ocorrem por fratura da solda.
removidas pelo desgaste do trilho ou
por esmerilhamento.
Segundo dados do Departamento No boleto, as trincas surgem a partir
de Transporte dos Estados Unidos, na de concentradores de tensões internas,
década de 1990, as falhas em soldas como inclusões e porosidade. Na alma
(aluminotérmica e por centelhamento) e no patim, a ocorrência de trincas de
eram responsáveis por, aproximadamente, fadiga é menos frequente e há maior
5% dos acidentes ferroviários. dificuldade na detecção. No entanto,
essas regiões da solda são mais
suscetíveis a defeitos superficiais e a
tensões residuais, representando maior
risco à integridade da junta.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 56

Durante o trabalho na ferrovia, a região do patim e da alma é mais solicitada na tração,


enquanto o boleto sofre tração e compressão. Esses detalhes justificam a maior incidência
de fraturas iniciadas na alma e no patim, como mostra a figura a seguir.

Trinca de fadiga interna

Boleto

Alma

Raio entre a alma e o patim

Trinca de fadiga no pé da solda do raio

Patim

Trinca de fadiga no pé de solda do patim

Ainda nesse contexto, veja, no gráfico a seguir, as regiões mais suscetíveis à nucleação de
defeitos e falhas.

35.0%

30.0%

25.0%

20.0%

15.0%

10.0%

5.0%

0.0%
Patim Raio Alma Raio Boleto Outras
alma-patim boleto-alma regiões

Fraturas transversais

As fraturas transversais estão associadas a defeitos na linha central da solda, principalmente


devido à contração do aço solidificado quando o preaquecimento da junta é deficiente.
A falha vertical ocorre na alma, coincidindo com uma larga zona de fusão ou inclusões
de escória.
Outro ponto preferencial para a nucleação desse tipo de falha são os defeitos planares na
região do patim.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 57

Indícios de superaquecimento decorrentes de parâmetros de soldagem negligenciados,


evidenciados pela existência de microestrutura frágil e pela granulometria grosseira do
material junto ao início da falha, foram constatados em análises de falhas de soldas com
fratura vertical.
A figura a seguir mostra um exemplo de uma fratura transversal.

Fraturas horizontais

Devido à possibilidade de deslocamento lateral, as falhas horizontais representam maior


risco de descarrilamento do que as falhas verticais.
Soma-se a esse agravante a dificuldade de detecção da trinca antes da propagação instável,
uma vez que a fratura não apresenta evidência de crescimento por fadiga, o que indica que a
falha se inicia junto a severos concentradores de tensões e se propaga rapidamente.
Esse tipo de falha ocorre, principalmente, em seções curvas com raio entre 600-900 m,
devido a altas magnitudes de solicitações nessa região, embora também sejam registradas
em seções retas.
A falha inicia na alma, geralmente em um canto do colar de solda, e está associada a defeitos
superficiais, trincas de contração e inclusões (não metálicas, de areia ou escória), como pode
ser visto a seguir.
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 58

Dicas para evitar as falhas na soldagem aluminotérmica

•• Melhorar os programas de formação de soldador:


•• a instrução formal rigorosa é necessária para garantir que a uniformidade de
conhecimentos seja obtida por meio de cursos regulares de reciclagem. Deve ser
considerada a certificação para os soldadores de ferrovia.

•• Aderir às práticas recomendadas pelos fabricantes:


•• se as instruções forem seguidas, a melhor solda será produzida.
•• Minimizar a quantidade de diferença de desgaste entre os trilhos:
•• o planejamento adequado, por parte do pessoal de manutenção, minimiza a
incompatibilidade de desgaste e aumenta a vida da solda térmica;

•• a utilização de seções ferroviárias semelhantes irá resultar em soldagens melhores.


•• Dar tempo e equipamentos adequados aos soldadores:
•• geralmente, quanto mais rápido, pior será o serviço.
•• Investigar as falhas de solda térmica:
•• se você não sabe por que quebrou, também não sabe como evitar novas falhas que
podem acontecer de novo. Deve ser considerado o estabelecimento de um banco
de dados de soldagem para acompanhar o desempenho em serviço de soldas e
análise de falhas.
0-126-122
•• Organizar-se para a ação corretiva após uma falha na solda:
•• se isso não for feito, a falha acontecerá de novo.
o! •• Não esperar milagres:
nte! •• as melhorias no processo de soldagem térmica devem ocorrer de forma gradual e
preventiva, e não devido a acontecimentos drásticos.
ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você estudou alguns defeitos e falhas que ocorrem nas
soldagens aluminotérmicas. Pode-se destacar:
•• os casos de defeitos mais comuns e suas respectivas causas;
•• a contextualização das ocorrências de falhas por meio de
estudos e relatos;
•• dicas para que sejam evitadas as falhas na soldagem aluminotérmica.
Inserir Imagem

6
Aluminotérmicas
Desempenho das Soldas
Nesta unidade, será apresentada a seguinte lição:

•• 6.1 Cenário e Melhorias


Soldagem Aluminotérmica de Trilho 60

6.1 Cenário e Melhorias

As projeções de demanda para o tráfego segurança para tráfegos densos, como as


ferroviário indicam aumento em três linhas transportadoras de minério de ferro.
fatores muito importantes para o estudo Diferentes técnicas de soldagem,
da manutenção e integridade da via: consumíveis, simulação numérica, ensaios
•• densidade de tráfego; de fadiga, além de outras tecnologias
que busquem aprimorar as soldas e
•• carga por eixo; proporcionem redução nos custos de
•• velocidade dos trens. manutenção, são de grande interesse para
É relevante observar que a junta soldada por a indústria ferroviária.
aluminotermia pode apresentar defeitos de As propostas estão focadas em áreas
soldagem, mesmo que0-126-122
os procedimentos que exercem maiores influências no
sejam seguidos rigorosamente, como desempenho das juntas soldadas:
recomenda o fornecedor.
o!
•• preparação da junta;
Importante! •• moldes;
nte!
As soldas dos trilhos representam
•• mistura aluminotérmica;
ais!
um dos principais limitadores •• preaquecimento.
ndo! para que a carga por eixo alcance Especialistas no assunto sugerem que
patamares de 40 toneladas. manter o espaço entre os trilhos (gap),
em uma distância de 32 mm durante
a soldagem, proporcionaria um maior
Esses entraves, no entanto, têm estimulado aporte de calor à junta por parte da porção
uma série de pesquisas que visam a aluminotérmica, minimizando os efeitos de
propor melhorias na qualidade da solda, um preaquecimento incorreto.
de maneira a permitir o aumento da carga
transportada e maiores velocidades aos
trens, mantendo-se níveis aceitáveis de
Soldagem Aluminotérmica de Trilho 61

Os trilhos devem estar devidamente alinhados pela altura do patim, mesmo em caso de
haver diferença na altura do boleto devido ao desgaste. Nesse caso, um esmerilhamento
0-126-122
adicional deverá ser empregado após a solda.

o! Atenção!

nte! Um desalinhamento de apenas 5 mm na base da solda pode triplicar


a possibilidade de falha na junta.
ais!

ndo!
Também é sugerido que os moldes devam ser montados mais próximos do trilho, para evitar
o bordamento no colar da solda.
Recomenda-se a utilização de moldes fabricados com cerâmicas de superior qualidade,
que evitem a entrada de gases e a fusão do refratário e proporcionem melhor acabamento
superficial à solda.
Verifica-se também a relação da geometria do colar de solda com um concentrador de
tensões. A partir da análise com elementos finitos, foi proposta uma diminuição no ângulo
do colar da solda e um aumento no raio do pé da junta.
Soldas com ângulo de flanco de 30º e pé de solda com raio de 3 mm mostraram
consideráveis melhorias em ensaios de fadiga, em relação a outras geometrias.
Especialistas em ferrovias australianas têm estudado uma nova tecnologia para aumentar a
integridade da junta e diminuir a incidência de canoamento nas linhas de tráfego pesado.
A proposta consiste em uma mistura aluminotérmica dupla, com uma porção composta
com adições de vanádio para o boleto, e outra mistura convencional, de menor dureza,
para o resto do trilho. O vanádio entre 0,1% e 0,25% confere uma dureza de 280 a 350 HB
ao boleto, enquanto as regiões da alma e do patim apresentam maior resistência, com
durezas médias de 240 HB.
O processo que confere maior tenacidade à fratura e à resistência à fadiga da solda também
está sendo testado em várias ferrovias na Comunidade Europeia.
No Leste da Europa, foram analisados os efeitos de um tratamento de pós-soldagem na
solda (TPS). Um tratamento de 45 minutos a 820 ºC, com resfriamento ao ar, resulta em
aumento significativo na resistência da junta. No entanto, a aplicação prática desta melhoria
é limitada quando a equipe de manutenção tem pouco tempo para realizar soldas ou
reparos na via.
O custo adicional referente à etapa do TPS também é considerado um entrave; no entanto,
sua relação frente às prováveis reduções na manutenção das soldas é desconhecida.
0-126-122

Soldagem Aluminotérmica de Trilho 62


o!

nte!

ais!

ndo! Relembrando!

Nesta unidade, você estudou o desempenho da solda


aluminotérmica. Pode-se destacar:
•• o cenário percebido a partir de testes e de fatos relatados nas
experiências com soldas e pontos de melhoria para o processo.

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