1. O excerto é composto por 3 momentos. O primeiro momento corresponde ao
primeiro parágrafo, o diálogo entre Ricardo Reis e Marcenda. O segundo momento corresponde ao segundo parágrafo, este assenta principalmente na caracterização de Marcenda. O terceiro momento corresponde aos últimos dois parágrafos, a narração do jantar de Reis com o Doutor Sampaio e Marcenda. 2. A comparação utilizada acentua a fragilidade da sua mão, podemos ainda considerar que “chumbo cravado no peito” se refere à possibilidade de que o desgosto da morte de sua mãe possa ser a causa da sua lesão. 3. As intervenções do narrador na caracterização de Marcenda contribuem para elevar o seu estatuto. Ao comparar Marcenda com outras mulheres, ”(...) é a confessada surpresa de vermos como uma rapariga deste país foi capaz de manter tão seguida e elevada conversa, dizemos elevada por comparação aos padrões correntes (...)”, o narrador acentua a superioridade desta personagem, elevando-a a um caráter de ideal feminino. 4. Quando, no final do segundo parágrafo, Marcenda solicita a presença de Lídia ao seu quarto, Reis sente-se incomodado. Esta ordem parece a Reis “insólita”, ou seja, fora do normal, devido à “promiscuidade de classes”, visto que Marcenda e Lídia são e classes distintas e a posição inferior de Lídia é algo continuamente incomoda Reis ao longo da obra. 5. É usado o adjetivo “inevitável” visto que, a ação decorre num momento de agitação e conflitos políticos e militares. 6. Ao longo do diálogo, Reis é pouco interventivo e não dá a sua opinião, esta atitude revela o seu desinteresse relativamente às questões abordadas pelo doutor Sampaio. 7. A metáfora “uma mão de ferro calçada com uma luva de veludo” é uma clara referência ao Estado Novo. A mão de ferro representa a repressão, a censura e a violência utilizadas pelo regime para manter a ordem. Enquanto que luva de veludo representa a imagem que transparecia do regime, uma imagem de paz, de ordem e de prosperidade resultante da censura e da propaganda.