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I n f a n t o - .

J u v e n i l
L iv r o

Texto: Tânia Lopes


ção: Marcelo Lopes
Ilustra
SACOLINO
( ou a cris e exis tenc ial de um
saco de papel)

Para ler e
colorir.
1º Lugar
1º Concurso Literá rio
Carlos Drummond de Andra de
Universidade Federal de Santa Maria
Literatura Infanto-Juvenil

Comissão Julgadora:
Lígia Militz da Costa
Leila Agne Ritzel
Maria Luiza R. Remédios
Na escolinha de ·t .
as aulas. per, eria, acabaram

. . A prof essori nha saiu no seu caminhar


l1ge1ro. _Não podia perde r tempo.
Tinha prova s para avaliar, cadernos
para olhar e aulas a prepa rar.
A moça dedicada, da escola fazia seu
ideal de vida; dos seus alunos, sua
,V

preocupaçao constante.
Apes ar da pressa, ela não deixou de
notar que, no chão do corredor, alguém
jogar a um saco de papel todo
amar rotad inho.
• _ Ah! Essas crianças! - pensou,
enqua nto se abaixava para pegar o saco,
quand o ouviu um gemido.
SALA DE AULA '13' .

- UiL ..
Era o saco~
A professora nem se admirou tanto,
acostumada que estava com as esquisitices
do mundo.
t1
tr t
-:---...:::
*-

- O que você faz no chão todo


o? -
amassadinho? Por que não está no lix
ralhou ela. ,
- Quem? Eu? E comigo que você está
falando? - perguntou o saco.
- Sim respondeu a professora.
- Como fala comigo, se eu não
existo? - retrucou ele.
- Existe sim, você é um saco de
papel. ..

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1

- HumL .. Quem sou eu? Um saco sem


identidade, sem rosto, que nêío vale mais
nada ...
Não sou um saco de leite, nem de
batatas, nem de supermercado, nem o
glorioso saco de Papai Noel... Ao menos se
eu fosse um simples mas útil saco de lixo!. ..
Saco como eu, já virou até palavrão!. .. -
desabafou tristinho.

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- Ond e já se vi u ta m an ha as ne ira ?
d o s se m pre tê m al gu m a utilida de
Tudo e to
- retrucou a professora.
- Eu não! Sou um saco velho de
a ti ra d o no ch ão ... Q ue m so u eu ? ... D e
papel,
onde vim? ... Pra onde vou? ...
" - S e r ou nã o ser? - Eis a questão."
,
e as pe ss oa s fa la m , ou m el ho r,
E assim qu
la va H a m le t, um pe rs on ag em do
assim, fa
grande pensador, Shakespeare...
- A h~ A m oça na o va i qu erer qu e um
sa co co nh eç a O m elet es e
pobre
Cheiquespirros ...
---..
-- ---
\~~ ; o~ > () . '

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o
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,

- Acho que você está precisando de


um pouco de ânimo ... Essa tris tez a não faz
bem ...
Quem sabe eu te dou para alguma
criança brincar?
- Não! Não faça isso, por favor! Ela
vai me soprar e Ploc! Fico todo
rebentad inho ...

10
- O senhor saco esta, me .
medroso... saindo um
Nem parece filho d
história tão bonita... e gente com
- Eu? Filho de gente com h. , .
CI IT d 1stor1a?
' h. ; :··
- aro. o os os papéis t em,
- Cont - istor,a.
. . , _e me, por favor, pois eu não
se,_de ~1stor1a nenhuma! - pediu O saco, já
mais animado.
A profes sora tomou ares de quem
está dando aula e começou a falar.
- O homem , com a necessidade de
transmitir, guard ar sua história, precisava
de um material leve para poder escrever.
Primeiro tentou as pedras , mas eram
tão pesadas!. ..
Usou então folhas de papiro, peles de
animais bem raspadas e limpinhas ... Depois,
com o avanço dos tempos e a necessidade
cada vez maior de material mais leve ainda,
começou a fabricar papel de outras
maneiras, com trapos, as fibras de linho e
seda, bagaço de cana, etc ...
Com o aperfeiçoamento das
máquinas, passou a usar a polpa da madeira
para fazer papel.
Hoje, plantam-se grandes extensões
de terras com árvores, que depois são
cortadas, trituradas, transformadas em
uma massa que passa por diversos
processos de secagem e, depois, mais
tarde, viram folhas de papel para as mais
variadas utilidades ...
E quando todos pensam que eles n~o
valem mais nada, os papéis velhos sao
reciclados e ganham vida nova!

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- Que história mais linda e triste,
professora! Quer dizer que eu já fui uma
bela árvore?... Estou começando a me
sentir importante ...
r

l
quando eu
- E vai se sentir melhor
aos ami gos meu s, os lápis ...
pedir auxílio
você vai me
- Veja lá o que
confiad o o saco .
aprontar! ... - falou des
eto e con fie em mim ...
- Fique qui
pro fes sor a pegou os lápis e
A
nho no saco .
carneçou a desenhar uma cari
" /-
- _._ ...-:.;~ ~

·---...
' - (g @

-
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"' i

'

jeitinho
Aos poucos o saco tomou um
, nariz, tudo
bem bonitinho, com olhos , boca
bem certinho ...
chama
- Pronto! Agora você se
Um fantoch e de pape l!. ..
SACOLINO...
ente!
O saco não cabia em si de cont
saco com
- VIVA! VIVA! Sou um
rosto, iden tida de e história!
foi
Obrigado, professora ... Você
legal!
. Agora qualquer crian
brincar comigo...
ê .
ça va, gostar de

. - Não vou t e dar para nenhuma


criança, vou te levar comigo. Você vai me
ajudar a dar aula!. ..
- Aula, eu? - espantou-se Sacolino _
- Sobre o quê? ...
- Ora!. .. - respondeu a professora -
Sobre a importância de "SER" e de cada
um "FAZER" a sua própria história" ...
A professora saiu no seu passinho
ligeiro, de quem, não tem tempo a perder ...
Junto com seus livros, cadernos e
14Pis, ia Sacolino, sorrind 01
Fim
(des ta história, e, início
de outr as, que você
vai cria r com Sacolino!)

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