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ManualdeTreinadores GrauI 01 PsicologiaSidonioSerpa2016 PDF
ManualdeTreinadores GrauI 01 PsicologiaSidonioSerpa2016 PDF
PSICOLOGIA
3. A RELAÇÃO TREINADOR-ATLETA
IPDJ_2016_V1.0
MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
Índice
INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO E JUVENTUDE //
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
3. A RELAÇÃO TREINADOR-ATLETA
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OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
No final deste capítulo, o leitor deve ter conhecimento
sobre os aspetos psicológicos e psicossociais que
influenciam o desempenho.
FATORES
PSICOLOGIA
DO DESPORTO
1.
PSICOLÓGICOS
E PSICOSSOCIAIS
DO DESEMPENHO
DESPORTIVO
INTRODUÇÃO
O João tem 13 anos. Pratica futebol no clube da sua terra. sua equipa. Não obstante ser um pouco introvertido em
Tem muito jeito. É o que dizem as pessoas do clube, incluindo algumas situações, é muito sociável e gosta de trabalhar em
o treinador e os companheiros. É fisicamente ágil, forte e grupo, sendo um líder naturalmente aceite.
tem grande resistência, raramente se queixando de cansaço. Nos treinos é capaz de se concentrar profundamente nas
Aliás, a sua flexibilidade permite-lhe a execução de gestos tarefas, realizando o que lhe é pedido pelo treinador. Tanto
que a outros provocariam lesões musculares. Por outro lado, consegue «fechar a sua focalização no ponto para onde
tem uma enorme capacidade de compreender rapidamente pretende rematar a bola», no treino de livres ou de grandes
as situações de jogo e tomar as decisões acertadas, como o penalidades, como «abri-la» e captar claramente a posição
passe mais adequado, a progressão em drible ou a ação de de companheiros e adversários no momento de iniciar um
recuar para defender. De um modo pouco habitual para a contra-ataque.
sua idade, sabe exatamente o que quer, com objetivos bem Ao contrário da maioria dos seus companheiros, prefere
definidos relativamente à sua atividade de desportista, jogar nos recintos adversários. Consegue regular a sua
o que o leva a ser assíduo e empenhado nos treinos e compe- ativação psicofisiológica de modo a reagir à hostilidade dos
tições. Mesmo perante adversários de nível superior ou em adeptos adversários, mantendo o controle das emoções.
desvantagem no resultado, não se inferioriza, afirmando Quando joga «em casa», sente mais dificuldades. Aí, o pai
o seu valor pessoal e «puxando» combativamente pela nunca falta a um jogo e não é capaz de ficar calado. Depois
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insiste em analisar o que se passou, criticando muitas vezes tornar-se uma grande estrela internacional. O jovem sabe
quer as opções do treinador, quer a própria atuação do que isto é muito importante para o seu pai. Também gos-
João. É que o pai tem enormes ambições quanto ao futuro taria de progredir nesta sua carreira desportiva, mas receia,
do João, desejaria vê-lo num grande clube e, um dia, vê-lo sobretudo, desiludir o pai.
Esta história é comum a muitos jovens que praticam as mais diversas modalidades desportivas e contém bastante
informação psicológica:
l identificamos, por um lado, aspetos que se relacionam com as caraterísticas psicológicas do protagonista, sejam
elas mais estáveis como as que respeitam à personalidade (ex.: introversão, sociabilidade) ou de caráter modificá-
vel, como as referentes ao controlo emocional ou à motivação;
l ressalta também o contexto em que a prática tem lugar, seja este o treino, o local das competições ou a presença
do público, o que condiciona as reações do jovem;
l podemos ainda encontrar informação relacionada com caraterísticas do jogo que apelam a determinados
processos psicológicos, como a alternância de um tipo de concentração mais estreito para outro mais amplo,
ou uma decisão rápida perante as alterações que sucedem no decorrer do jogo de futebol.
A figura 1 mostra a necessidade de conhecer as diferentes condicionantes da prática desportiva de modo a gerir o
processo de preparação do praticante.
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
1.2.1 A TAREFA
Dadas as suas particularidades, os diversos desportos apelam a distintas exigên-
cias psicológicas, cujo conhecimento é fundamental para estruturar os proces-
sos de treino. Do mesmo modo que o treino específico de um halterofilista não
se faz com destrezas acrobáticas típicas da ginástica artística, ou longas corridas
próprias do maratonista, também o praticante de tiro com arco não treina a sua
adaptação psicológica realizando tarefas que obriguem a dispersar a sua aten-
ALGUMAS COMPONENTES
ção para uma multiplicidade de estímulos simultâneos e em movimento. PSICOLÓGICAS QUE APELAM A UM
PROCESSO DE ADAPTAÇÃO ESPECÍFICA
Vejamos algumas componentes psicológicas que apelam a um processo de DOS PRATICANTES
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1.2.2 A SITUAÇÃO
A realização das tarefas desportivas têm lugar num determinado contexto
físico e social, constituindo constrangimentos da ação do praticante, para
os quais ele se deve preparar de modo a aproximar-se do seu potencial de
desempenho. Por este motivo, são parte integrante da realização desportiva
componentes da situação como as que se indicam a seguir:
l pressão temporal;
l pressão do resultado.
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
PSICOLOGIA
DO DESPORTO
É através do
conhecimento
das caraterísticas
e exigências
psicológicas de
cada modalidade
desportiva, que são
estabelecidas as
bases psicológicas
do desporto (...)
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
. FASE DE INICIAÇÃO:
l partilham o entusiasmo com
os filhos;
l estão interessados na moda-
lidade;
l dão o apoio necessário à
prática;
l não pressionam quanto aos
resultados.
. FASE DE DESENVOLVIMENTO:
l fazem sacrifícios pessoais
para facilitar a atividade;
l condicionam a própria vida
em função das exigências da
prática dos filhos;
l fazem investimentos finan-
ceiros necessários à melhoria
do processo de treino-com-
petição.
. FASE DE ESPECIALIZAÇÃO:
Enquanto o treinador é o gestor do processo desportivo dos praticantes, os
l têm uma interferência redu-
pais criam as condições na sua vida que se desejam facilitadoras da atividade
zida na vida desportiva dos
desportiva, mas que por vezes podem assumir um caráter perturbador.
filhos;
De um modo geral, os pais sempre querem o melhor para os seus filhos.
l fornecem o necessário apoio
O problema é que nem sempre sabem o que devem fazer ou tomam as
psicológico quando necessário;
decisões mais adequadas.
l continuam a constituir uma
O que as crianças e os jovens pensam e fazem, resulta em muito da
reserva quanto ao apoio
influência que recebem dos pais e das reações destes a tudo o que se refere
financeiro.
ao envolvimento associado ao desporto (fig. 2).
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
2. INFORMAR OS PAIS
- Sobre toda a atividade dos filhos, designadamente quanto a horários, programa, metodologias ou evolução na atividade.
3. ENVOLVER OS PAIS
- Nos treinos e competições, quer na condição de assistentes interessados na atividade dos jovens, quer de uma
forma ativa, pedindo-lhes colaboração em algumas tarefas logísticas ou referentes à organização da vida dos filhos.
4. VALORIZAR OS PAIS
- Tanto nas suas qualidades pessoais, tão importantes no processo de formação das crianças e jovens, como no papel que re-
presentam no âmbito da prática desportiva dos filhos, promovendo neles a consciência da responsabilidade que têm neste
contexto.
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Conclusões
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Autoavaliação
n Enuncie três fatores intrínsecos ao atleta que influenciem o seu
desempenho desportivo.
?
n
nho?
n Quais são as caraterísticas dos pais dos atletas típicas das dife-
rentes fases da carreira?
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Fatores psicológicos e
psicossociais do desempenho desportivo
GLOSSÁRIO PSICOLOGIA
DO DESPORTO
F
FATORES INTRÍNSECOS AO ATLETA
Caraterísticas, qualidades e compe-
tências do atleta que influenciam o
seu comportamento.
P
PERSONALIDADE
Conjunto de caraterísticas psicoló-
gicas relativamente estáveis que,
em interação, determinam o modo
como as pessoas sentem, pensam e
se comportam.
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3. A RELAÇÃO TREINADOR-ATLETA
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A motivação e o processo de treino
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
No final deste capítulo o leitor deve ter conhecimento:
- dos fatores motivacionais da prática desportiva;
- das caraterísticas motivacionais associadas às diferen-
tes fases da evolução dos praticantes;
- de estratégias motivacionais no âmbito do treino.
PSICOLOGIA
DO DESPORTO
2. A MOTIVAÇÃO
E O PROCESSO
DE TREINO
INTRODUÇÃO
O treinador daquele grupo de jovens nadadores conhece de praticarem este desporto lhes daria mais prestígio
bem as diferenças entre os discípulos que começam a entre amigos e conhecidos.
praticar a modalidade na altura adequada de aderirem Depois, ao longo do tempo, as diferenças tornam-se
à prática e os outros. Uns foram levados pelos pais que mais nítidas. Há, por exemplo, os que nunca faltam e
achavam que aprender a nadar era um elemento de cumprem sempre com grande empenhamento as tarefas
segurança, ou que seguiam os conselhos do médico no prescritas e há os «ronhas» no treino que arranjam sem-
respeitante ao tratamento de uma doença respiratória. pre um pretexto para a «gazeta».
Outros vieram com um amigo que já praticava há mais Por outro lado, alguns lá vão cumprindo as tarefas de trei-
tempo, porque pensavam ser uma oportunidade de man- no, apenas como uma atividade de tempos livres sem grandes
ter o convívio e a amizade. Também havia aqueles que objetivos no horizonte, enquanto outros têm bem claro o desejo
tinham visto as competições dos últimos Jogos Olímpicos de constante aperfeiçoamento avaliado pelas prestações nas
na televisão e se entusiasmaram com a beleza e emoção competições-alvo, ou a ambição de ser um nadador famoso
que tinham testemunhado, ou os que achavam que o facto cuja imagem lhe dê prestígio e, eventualmente, dinheiro.
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MOTIVAÇÃO
ATIVAÇÃO DIREÇÃO
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A motivação e o processo de treino
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Refere-se à perceção de conseguir que a mente controle o corpo, ou de que evolui no domínio sobre as ações
técnico-desportivas. Está também associado ao prazer de aprender novas habilidades desportivas.
. DESCARGA DE TENSÕES
Relaciona-se com a experiência de alívio da tensão emocional provocada pela vida diária, com a sensação de
calma e harmonia, ou mesmo de euforia, decorrente da prática desportiva.
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A motivação e o processo de treino
ALGUNS EXEMPLOS
DE MOTIVOS EXTRÍNSECOS
PSICOLOGIA
. RECONHECIMENTO E APROVAÇÃO SOCIAL DO DESPORTO
Neste caso, os praticantes procuram obter prestígio e reconhecimento dos outros, pelo facto de serem desportis-
tas e pelos resultados que possam obter. Os pais e outros familiares, os seus pares, os professores e treinadores,
são normalmente as pessoas cuja aprovação é mais importante. As crianças acreditam, por vezes, que o facto de
praticar e ter sucesso num determinado desporto está relacionado com a aprovação dos adultos significativos,
influenciando o amor que os pais lhes dedicam, ou o respeito e amizade do treinador.
. MOTIVOS AFILIATIVOS
Tem lugar quando se procura na prática desportiva um meio de conhecer pessoas, fazer amizades, ser aceite num
grupo, ou sentir que se pertence a um coletivo.
. RECOMPENSAS MATERIAIS
Está associado com o desejo de, através do desporto, alcançar benefícios de caráter material, como prémios mone-
tários devidos a resultados, bolsas de estudo ou outras. A possibilidade de viajar ou receber outro tipo de prémios,
inclui-se neste grupo de motivações.
. ESTATUTO SOCIAL
Refere-se ao desejo de ser considerado importante, de ser alvo da atenção e admiração dos outros, ou de ser trata-
do com respeito e de forma diferenciada.
. COMPETIÇÃO/PODER
É o motivo que carateriza quem aborda o processo de treino-competição como se fosse uma guerra em que
tem que dominar os outros, revelando superioridade sobre os adversários, mas também muitas vezes querendo
demonstrar que é melhor do que os companheiros. Procura-se, na prática desportiva, ocasião para afirmar o
poder sobre os outros.
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A motivação e o processo de treino
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a) Fase de iniciação
b) Fase de desenvolvimento
c) Fase de especialização
d) Fase de regressão
a) FASE DE INICIAÇÃO
Neste período verifica-se, nas crianças e jovens, uma motivação geral para as
atividades desportivas que corresponde a uma necessidade indiferenciada de
movimento. Aqui encontramos praticantes que facilmente se interessam e
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A motivação e o processo de treino
b) FASE DE DESENVOLVIMENTO
Esta fase caracteriza-se pela emergência da necessidade de se sentir com- Como é comum
petente no desempenho das tarefas, o que se sobrepõe à necessidade de
movimento, a qual se mantém mas perde o seu caráter indiferenciado. Os jo- dizer-se na linguagem
vens tendem a escolher uma determinada prática ou desporto que abordam dos treinadores,
de uma forma mais organizada e com objetivos mais claros.
É agora possível observar-se formas distintas de envolvimento no processo.
«uns vão treinar e
Como é comum dizer-se na linguagem dos treinadores, «uns vão treinar e outros outros apenas vão ao
apenas vão ao treino!...» Os motivos e orientações pessoais determinam diferen-
treino!...»
tes comportamentos e abordagens do sistema de treino.
Os que apresentam uma maior probabilidade de atingir níveis de exce-
lência revelam um empenho sério e profundo, cumprindo com grande rigor
as tarefas que o treinador prescreve e orientando-se para superar os desafios
colocados pelo desejo de constante aperfeiçoamento. O potencial de quali-
dades superiores que expressam as suas realizações tem correspondência na
forma como pensam, sentem e se comportam no processo de treino em que
estão intensamente envolvidos.
c) FASE DE ESPECIALIZAÇÃO
Os praticantes que atingiram esta fase centram-se nos aspetos inerentes aos
seus desempenhos e à forma de os melhorar. A atividade é agora de grande
especificidade, de acordo com as caraterísticas da sua modalidade despor-
tiva e da metodologia de treino. Surgem alguns tipos de motivações de
caráter secundário, como sejam aspetos materiais ou sociais.
Nos praticantes de excelência, a atividade desportiva está sempre presente e
a condicionar toda a sua vida. Têm uma permanente preocupação em encontrar
soluções para se aperfeiçoar, do que resulta que os seus pensamentos, e mesmo
os sonhos, estão absorvidos, durante uma percentagem significativa do tempo,
com a temática relacionada com o processo de treino. A procura da perfeição
tem lugar no rigor que colocam no cumprimento de todas as tarefas e na forma
como programam a sua vida, incluindo a busca de conhecimentos que propor-
cionem uma melhor compreensão do seu desporto.
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d) FASE DE REGRESSÃO
Corresponde à diminuição das capacidades físicas e do potencial de pres-
tação. Sucede frequentemente que os praticantes que alcançaram um nível
Sucede frequen- de elevado rendimento, no momento em que esta fase se aproxima e ten-
de a verificar-se, abandonam totalmente a atividade desportiva. Uma vez
temente que os
que se habituaram a regular e gerir o seu comportamento em função de
praticantes que objetivos de realização desportiva, não se adaptam a uma nova realidade
alcançaram um nível e cessam, pelo menos durante algum tempo, a participação no desporto.
Em muitos casos, este período é vivido com grande intensidade emocional
de elevado rendimento, e a adaptação a uma nova realidade é difícil e traumática.
no momento em que Para diminuir as consequências psicológicas negativas associadas a
este período, deve ter lugar uma preparação específica, quer antecipando
esta fase se aproxima, de forma realista a sua possibilidade, quer estruturando estratégias adapta-
e tende a verificar-se, tivas adequadas. Nos desportistas de alta competição que durante muitos
anos organizaram toda a sua vida em torno da carreira desportiva, trata-se
abandonam totalmente da vivência de um verdadeiro período de pré-reforma no qual é necessário
a atividade desportiva. programar atividades e interesses alternativos. A procura de atividades
físicas e desportivas de substituição deve ser uma preocupação nesta
fase. O indivíduo deve reencontrar o prazer geral do movimento, através
do envolvimento numa prática que encerre prazer e permite reformular
objetivos e finalidades.
Acontece também que muitos praticantes que nunca atingiram um
verdadeiro nível de especialização, no sentido em que não estiveram inte-
grados num sistema de treino desportivo sistemático, com vista ao elevado
rendimento num desporto, mas que se dedicaram a atividades com caráter
recreativo, poderão «saltar» a fase de especialização, passando diretamente
para a de regressão. Seja neste caso, ou na circunstância de ex-atletas de
competição, este período é caraterizado pela recuperação da motivação
geral menos diferenciada, obedecendo a uma necessidade higiénica e
lúdica do movimento. O prazer da prática pela prática torna-se novamente
motivo de envolvimento, ainda que possam coexistir outros, de caráter
extrínseco, como sejam os relacionados com fatores afiliativos.
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A motivação e o processo de treino
PSICOLOGIA
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A motivação e o processo de treino
Um determinado jovem dedicava-se empenhadamente proporcionaram-lhe uma evidente evolução, de tal forma
ao seu desporto, treinando com assiduidade, mesmo que lhe foi atribuída um subsídio financeiro de determi-
para além dos horários e dias normais de treino. No sistema nado valor. Inesperadamente, considerou o quantitativo
de treino em que estava incluído estavam estabelecidas insuficiente reagindo do seguinte modo: por este valor
quatro sessões semanais, mas era frequente treinar seis a não vale a pena treinar mais do que sou obrigado. E
oito vezes por semana. O seu empenho e a sua capacidade voltou às quatro sessões semanais!
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Conclusões
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Autoavaliação
n Enuncie três fatores intrínsecos ao atleta que influenciem o seu
desempenho desportivo.
?
n Dê três exemplos de motivação extrínseca para o desporto.
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A motivação e o processo de treino
GLOSSÁRIO PSICOLOGIA
DO DESPORTO
C O
CLIMA MOTIVACIONAL ORIENTAÇÃO MOTIVACIONAL
Ambiente psicológico global que Decorre de um conjunto de crenças
afeta os participantes e tem por individuais que determinam o
base uma orientação privilegiada modo como as pessoas se envolvem
para objetivos de tarefa ou de na atividade, seja centrado nos
resultado, valorizada pelos elemen- aspetos associados ao desempe-
tos mais influentes no contexto nho, seja na preocupação com a
desportivo. obtenção de um resultado final (ex:
na competição).
M
MOTIVAÇÃO EXTRÍNSECA
Refere-se às razões de envolvi-
mento numa atividade que lhe são
exteriores, mas que se relacionam
com incentivos ou recompensas
que lhe estão associadas.
MOTIVAÇÃO INTRÍNSECA
Refere-se às razões de envolvimento
numa atividade para satisfação do
prazer pessoal que a prática provoca.
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Índice
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3. A RELAÇÃO TREINADOR-ATLETA 35
3.1 As funções do treinador 36
3.2 O treinador como líder 38
3.3 As competências de comunicação 41
3.4 As dimensões instrumental e socioemocional da intervenção 45
3.5 A componente situacional da relação treinador-atleta 49
3.6 A educação para a autonomia do atleta 50
3.7 O treinador e a carreira do atleta 52
CONCLUSÕES 55
AUTOAVALIAÇÃO 55
GLOSSÁRIO 56
3. A RELAÇÃO TREINADOR-ATLETA
34
A relação treinador-atleta
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
No final deste capítulo o leitor deve ter conhecimento:
- dos estilos de liderança do treinador favoráveis à evo-
lução dos jovens praticantes;
- das estratégias de comunicação no processo de treino;
- do papel do treinador em cada fase da carreira dos atletas.
PSICOLOGIA
DO DESPORTO
3. A RELAÇÃO
TREINADOR-ATLETA
INTRODUÇÃO
Jogava-se o «tie-break» da quinta partida num ambiente o segundo que, à velocidade de 144 km por hora, coloca ma-
de profunda emoção e drama. Frente a frente estavam o gistralmente, sem que Corretja consiga tocar-lhe. Na jogada
americano Pete Sampras e o espanhol Alex Corretja, dois dos seguinte, Sampras ganha o encontro ficando o adversário
melhores jogadores do mundo naquele ano de 1996. Corre- de joelhos a chorar a sua sorte. O americano, nos limites
tja dispõe de um «match-point» com que pode terminar o da resistência, foi transportado para o posto clínico onde
jogo a seu favor. Sampras serve e vai à rede. A seguir amor- abraçado à namorada comentou: «Fi-lo por Gully!». Gully,
tece com um volei, mas o espanhol consegue chegar-lhe ou Tim Gullicson, que faria anos alguns dias mais tarde,
e tenta passar o adversário com uma bola cruzada. Como tinha sido o seu treinador durante muitos anos, e morrera de
que por instinto, Sampras estica-se e ganha o ponto, ficando cancro pouco tempo antes. Pete Sampras nunca o esqueceu.
completamente esgotado com esta troca de bolas intensa e É como se estivesse sempre presente, assistindo e torcendo
violenta. Falha seguidamente o primeiro serviço, mas ganha por ele nos grandes torneios.
Este episódio, descrito num jornal da época, revela a profunda ligação que vulgarmente se estabelece entre treinador
e atleta, mesmo no mais elevado nível do desporto mundial, testemunhando que a dimensão afetiva e emocional
transcende muitas vezes a dimensão técnica que juntou estes dois atores durante o processo desportivo. De facto,
não é apenas no desporto infantojuvenil que o treinador assume tamanha importância para os jovens discípulos,
a qual pode ser demonstrada no exemplo da mensagem escrita por uma mãe num cartão que acompanhava uma
oferta a um ex-treinador do seu filho, por altura de uma importante realização pessoal daquele:
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A relação treinador-atleta
CONSTANTE NO IDENTIFICA-SE
PENSAMENTO COM FIGURAS
DO ATLETA PARENTAIS
Treinador
OBJETO DE
RESPEITADO
SENTIMENTOS
COMO MODELO
AMBIVALENTES
MODELA AS
EMOÇÕES DO
ATLETA
FIGURA 8 - Papéis do treinador.
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n é um líder normalmente imposto, já que é escolhido pela estrutura que enquadra os atletas,
os quais tipicamente não têm parte ativa na designação do treinador;
n é um líder formal porque desempenha as suas funções num contexto organizacional que
lhe atribui funções a desempenhar de acordo com os seus objetivos e finalidades;
n tem um poder legítimo que resulta da transferência de poder que a organização (ex: clube,
federação) lhe dirige quanto à especificidade do seu domínio de intervenção;
n tem o poder de coerção, isto é, pode punir os membros do grupo que dirige, de acordo com
os seus critérios relativos às normas e processos de funcionamento coletivo;
n tem o poder de recompensa, porque pode premiar os membros do grupo, de acordo com
os seus critérios relativos às normas e processos de funcionamento coletivo;
n tem o poder de referência, quando é alvo de admiração e respeito por parte dos subordina-
dos, quanto às suas qualidades técnicas e pessoais.
38
A relação treinador-atleta
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ESTÍLOS DE TREINO
- TREINO-INSTRUÇÃO É PREFERIDO POR ATLETAS QUE:
- tenham uma motivação elevada para a tarefa;
- tendam a possuir o sentimento de que o controlo das suas ações e respetivos resultados
dependem essencialmente de si;
- gostem de ter as suas ações e atividades bem organizadas e sistematizadas.
40
A relação treinador-atleta
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Existem assim «filtros» que retiram à mensagem a sua «pureza objetiva», tanto
retirando parte da informação, como acrescentando ou deturpando o que é
comunicado. Vejamos alguns:
42
A relação treinador-atleta
ELEMENTOS BÁSICOS DO
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
PSICOLOGIA
1.
DO DESPORTO
2. CODIFICAÇÃO DA MENSAGEM.
Resulta do modo como se transforma o pensamento em palavras ou gestos, no sentido
de comunicar o que se pretende. Deve ter-se em conta a adequação às caraterísticas e
capacidades do recetor da mensagem.
3. ENVIO DA MENSAGEM.
Corresponde ao ato de transmitir as ideias de um modo verbal ou através de gestos.
O modo como se expressa a mensagem deve ser adequado a quem ela é destinada.
4. CANAL DE TRANSMISSÃO.
Refere-se ao meio escolhido para transmitir a mensagem que pode ser a linguagem para
mensagens verbais, ou os movimentos corporais para mensagens não verbais. A comuni-
cação pode ser feita face a face, quando treinador e atleta estão em presença um do outro,
mas pode utilizar outros canais como o telefone, o computador, o vídeo, etc. Em qualquer
caso é necessário ter em conta a possibilidade de se verificarem «ruídos» que constituem
interferências no processo e que pode deturpar o conteúdo da mensagem.
5. DESCODIFICAÇÃO DA MENSAGEM.
Consiste na interpretação que o atleta realiza do que lhe foi transmitido pelo treinador.
Esta interpretação é muito influenciada por aspetos psicológicos do recetor, como as
atitudes, história pessoal, expetativas, etc. e que pode coincidir, ou não, com o conteúdo
objetivo da mensagem.
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NORMAS PARA A
COMUNICAÇÃO COM EFICÁCIA
1. RESPEITO E SENSIBILIDADE.
Os atletas devem ser tratados com respeito verdadeiro e sincero, independentemente
do seu nível técnico ou etário. Deve haver cuidado para não ofender ou magoar os
sentimentos dos praticantes, nem os deixar mal colocados perante as outras pessoas.
2. SABER OUVIR.
Muitas vezes é mais importante ouvir do que falar. O ato de ouvir revela interesse pelo
outro, transmitindo-lhe confiança. É indispensável para o conhecimento do outro e
para recolher informação que fundamente uma intervenção adequada. O ouvir permite
centrar a relação no outro, enquanto falar centra a relação no próprio.
3. TOLERÂNCIA E EMPATIA.
Tal como qualquer ser humano, os atletas podem errar. O treinador não deve projetar
neles a sua própria frustração mas, pelo contrário, demonstrar compreensão e dispor-se
a ajudá-los. Deve ser empático, sentindo as alegrias e tristezas dos discípulos.
4. MANTER A CALMA.
A regulação emocional dos praticantes, individualmente e das equipas, é condicionada
pelos estados emocionais expressos pelo treinador. O autocontrolo é uma das qualidades
indispensáveis aos bons técnicos que determina também o respeito que os discípulos
sentem por ele.
5. SER EXPRESSIVO.
Deve ter capacidade para exprimir os afetos necessários ao estabelecimento de uma
boa relação e ao desenvolvimento dos sentimentos positivos dos atletas: aprovação
dos bons comportamentos, agradecimento quando é alvo de amabilidade e distinções,
felicitações pelas ações bem sucedidas, etc.
6. CRÍTICA CONSTRUTIVA.
A crítica deve ser sempre no sentido de transmitir informação sobre o que foi feito e
indicações com vista a que os atletas melhorem. Deve haver sempre o cuidado de que
são os comportamentos que estão em causa e não as pessoas que os realizam. Por isso,
as críticas devem centrar-se nas tarefas e nunca nas qualidades das pessoas.
44
A relação treinador-atleta
7. SINCERIDADE E CONSISTÊNCIA.
A falta de sinceridade do treinador será sempre detetada mais tarde ou mais cedo pelos
atletas que perderão a consideração e respeito por ele. Todas as promessas devem ser
cumpridas e o que se diz deve ser consistente com o que se faz. PSICOLOGIA
8.
DO DESPORTO
LEALDADE.
Não se deve falar dos atletas nas suas costas, mas antes dizer-lhes diretamente o que se
pensa e lhes diz respeito, falando olhos nos olhos. Os praticantes devem poder confiar
com razão nos seus treinadores em todas as circunstâncias.
9. USAR O HUMOR.
O processo de treino é voluntariamente escolhido pelos praticantes que dele pre-
tendem retirar prazer e que, por vezes, contrasta com a atitude demasiado tensa do
treinador que se sente a trabalhar. O humor ajuda a criar um clima agradável de dispo-
nibilidade para o trabalho.
45
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46
A relação treinador-atleta
SITUAÇÃO
A NECESSIDADE DE COMBINAR
AS DIMENSÕES SOCIOAFETIVA PSICOLOGIA
DO DESPORTO
E INSTRUMENTAL É EVIDEN-
CIADA NOS RESULTADOS DE
ESTUDOS QUE REVELAM QUE
TREINADOR ATLETA
OS ATLETAS:
n gostam habitualmente de
opiniões do treinador;
COMPORTAMENTAL COGNITIVA AFETIVA n pretendem que o treinador
FIGURA 10 - Modelo de
PRESTAÇÃO influências do treinador
(Serpa).
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verbal e não-verbal;
n as emoções do atleta são modeladas pelas estratégias de interação do
treinador;
n há necessidade de o treinador tomar consciência dos seus comportamen-
EFICÁCIA NA GESTÃO
EMOCIONAL DO PROCESSO
1. Deve evitar a tendência de ativar constantemente os atletas antes da competição.
6. Deve controlar as suas próprias emoções na relação com os praticantes, evitando as rea-
ções e comportamentos que reduzem as suas tensões, mas que não ajudam a adaptação
dos atletas.
48
A relação treinador-atleta
b) NÍVEL DE COMPETIÇÃO.
Nos níveis superiores do alto rendimento, os praticantes têm uma maior
capacidade de análise dos aspetos que interferem na prestação, tendendo a
ser mais autónomos na procura de soluções. Ao invés, nas etapas de formação,
o treinador tem um impacto profundo que resulta de ser menos filtrado pelos
praticantes, os quais, devido à sua inexperiência, não possuem referências para
além do que transmite o seu técnico, quer do ponto de vista instrumental, quer
socioafetivo. O treinador deve ter presente as necessidades inerentes ao nível
em que está a intervir e adequar o conteúdo e a forma de relacionamento.
c) TREINO OU COMPETIÇÃO.
Os constrangimentos que condicionam os afetos, cognições e comporta-
mentos de atletas e treinadores, são diferentes em treino e em competição.
Muitas vezes existe na situação de treino uma maior preocupação com o
processo de aquisição e aperfeiçoamento das tarefas, enquanto nas com-
petições se tende a focalizar no resultado. Esta tendência leva a que o clima
estabelecido entre os atores seja distinto e que as diferenças verificadas na
competição, relativamente ao habitual no treino, possam vir a constituir fato-
res adicionais de perturbação. Assim, devem equilibrar-se as duas situações,
49
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50
A relação treinador-atleta
PSICOLOGIA
DO DESPORTO
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de conhecimentos e experiências.
52
A relação treinador-atleta
53
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SUGESTÕES DE LEITURA Os estudos que se têm ocupado da evolução da relação treinador-atleta per-
(referentes ao conteúdo do presente nível) mitem, de um modo geral, retirar as seguintes conclusões:
Paula Brito, A. (2007). Psicologia do
Desporto para Atletas. Lisboa: Editorial n Existe uma dinâmica na relação entre treinador e atleta ao longo da carreira.
Caminho
n Verifica-se uma tendência para que a evolução decorra de uma orientação
Becker, B. (2002). Psicologia aplicada centrada na componente afetiva, para uma orientação centrada na tarefa.
ao treinador esportivo. Novo Hamburgo:
n O poder da relação recai inicialmente sobre o treinador, tendendo, nas fases
Feevale
mais evoluídas, a ser repartido entre atleta e treinador, com o progressivo
Gould, D, & Weinberg, R.S. (2008).
Fundamentos da Psicologia do Esporte e do
aumento da colaboração no processo de tomada de decisão.
Exercício (4.ª Edição). Porto Alegre: Artmed n A orientação para a tarefa é facilitada pela existência de compatibilidade mú-
2. Deve levar em conta as alterações das motivações e objetivos pessoais do atleta e não
se centrar nas preocupações inerentes aos seus próprios objetivos profissionais.
54
A relação treinador-atleta
Conclusões
- A intervenção do treinador inclui a função instrumental e a função
socioafetiva que devem ser cuidadosamente geridas.
Autoavaliação
n Quais são as principais funções do treinador?
?
Quais são os elementos básicos no processo de comunicação?
n
so de comunicação?
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MANUAL DE CURSO DE TREINADORES DE DESPORTO //
GRAU I
GLOSSÁRIO
INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO E JUVENTUDE //
PROGRAMA NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
C
condições de trabalho e à influência
comportamental sobre os indiví-
duos e grupos relativamente aos
objetivos desportivos.
CARREIRA DESPORTIVA
Atividade desportiva de longa
duração, com o objetivo de realizar
resultados de elevado nível e impli-
cando um aperfeiçoamento contínuo
do atleta (Stambulova, 1977).
L
LIDERANÇA
Processo comportamental que tem
por objetivo influenciar os indiví-
duos e grupos para que possam
alcançar os objetivos pretendidos.
P
PAPÉIS DO TREINADOR
Conjunto de comportamentos
requeridos ou esperados da pessoa
que ocupa uma posição de lide-
rança formal no grupo desportivo.
Refere-se ao desenvolvimento das
competências técnicas dos atletas,
à sua educação para o desenvolvi-
mento pessoal, à organização das
56
FICHA TÉCNICA
PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE TREINADORES
MANUAIS DE FORMAÇÃO - GRAU I
EDIÇÃO
INSTITUTO PORTUGUÊS DO DESPORTO E JUVENTUDE, I.P.
Rua Rodrigo da Fonseca nº55
1250-190 Lisboa
E-mail: geral@ipdj.pt
AUTORES
FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE DESPORTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
O DESPORTO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
HUGO LOURO
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DAS HABILIDADES DESPORTIVAS
JOÃO BARREIROS
DESENVOLVIMENTO MOTOR E APRENDIZAGEM
JOSÉ RODRIGUES
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DAS HABILIDADES DESPORTIVAS
LUÍS HORTA
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO, NUTRIÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS
LUTA CONTRA A DOPAGEM
LUÍS RAMA
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO - MODALIDADES INDIVIDUAIS
OLÍMPIO COELHO
DIDÁTICA DO DESPORTO
PEDAGOGIA DO DESPORTO
PAULO CUNHA
TEORIA E METODOLOGIA DO TREINO - MODALIDADES COLETIVAS
RAÚL PACHECO
FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO, NUTRIÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS
SIDÓNIO SERPA
PSICOLOGIA DO DESPORTO
COORDENAÇÃO DA EDIÇÃO
DFQ - Departamento de Formação e Qualificação
DESIGN E PAGINAÇÃO
BrunoBate-DesignStudio
© IPDJ - 2016