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1. INTRODUÇÃO
1.4 HIPÓTESE
1.5 OBJETIVOS
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Diante disso, Jung ressalta que há uma tendência global de ocidentalização, na qual o
pensamento racional e a ênfase na materialidade são valorizados na sociedade. Existe uma
prevalência em direcionar o interesse para aspectos tangíveis e factuais, gerando um
entusiasmo por acontecimentos concretos. (JUNG, 2013 p.13).
O materialismo científico introduziu apenas uma hipótese, e isso constitui um
pecado intelectual. Ele deu um nome novo ao princípio supremo da realidade,
pensando, com isso, haver criado algo inédito e destruído algo antigo. Designar o
princípio do ser como Deus, matéria, energia, ou quer que seja nada se cria de novo,
troca-se apenas o símbolo.
O Ocidente é também extrovertido em sua atitude religiosa. Hoje em dia soa como
uma ofensa afirmar que o Cristianismo possui um caráter hostil, ou pelo menos uma
atitude de indiferença em relação ao mundo e suas alegrias.
Pelo contrário, o bom cristão é um cidadão jovial, um homem de negócios
empreendedor, um excelente soldado, o melhor em todas as profissões. Os bens
profanos são considerados, muitas vezes, uma recompensa especial ao
comportamento cristão, nada mais lógico, portanto, que uma extroversão tão ampla
não pudesse conceder ao homem uma alma que encerrasse em si algo que não
proviesse exteriormente do conhecimento humano, ou que não fosse produzido pela
graça divina.
As pessoas no Ocidente adotam a crença de que uma verdade é considerada
convincente somente quando é respaldada por evidências empíricas e fatos objetivos.
Confiam em observações e pesquisas precisas na natureza, visando encontrar uma
correspondência entre sua concepção da verdade e o comportamento do mundo externo.
Reconhecem que suas percepções imediatas possuem uma dose de subjetividade, exigindo,
assim, processos de verificação, análise e comparação para mitigar as reações influenciadas
pelo fator subjetivo. O termo "fator subjetivo" refere-se à disposição inconsciente que
influencia a qualidade da impressão e é extremamente difícil alcançar uma primeira
impressão objetiva. Geralmente, requer-se um meticuloso processo de verificação, análise e
comparação para moderar e ajustar as reações imediatas do referido fator subjetivo.
Apesar da tendência da atitude extrovertida em rotular o fator subjetivo como
puramente subjetivo, a importância atribuída a esse elemento não implica necessariamente
um subjetivismo de natureza pessoal. A psique e sua essência são amplamente reais. Como
mencionado anteriormente, elas transformam até mesmo objetos materiais em representações
psíquicas. Há um número infindável de coisas que podem ser observadas, experimentadas e
compreendidas de maneiras variadas. (JUNG, 2013)
Jung utilizou a palavra latina "religere" e o conceito de "numinoso" de Rudolf Otto
para definir o termo religião. Ele descreve que a religião é uma observação cuidadosa e
consciente do que Otto chamou corretamente de numinoso. Essa definição, segundo Jung, é
válida para todas as formas de religião, incluindo as mais antigas. Ele acredita que toda
confissão religiosa tem sua origem na experiência do numinoso, juntamente com a fidelidade,
fé e confiança relacionadas a essa experiência numinosa, resultando em uma transformação
da consciência. Numinoso é uma força inconsciente com um valor emocional tão intenso que
se impõe à vontade e ao eu consciente. Ele adota o conceito de numinoso para estabelecer
uma relação entre a experiência arquetípica do inconsciente coletivo e a experiência religiosa.
Jung sugere que as imagens simbólicas do self possuem uma numinosidade que representa
significativamente para a consciência, resultando em uma modificação especial nela.
(MARINHO, 2022).
O fator subjetivo, em sua essência, é composto pelas formas eternas da atividade
psíquica, ligando-o à numinosidade aqueles que depositam confiança nesse fator estão se
fundamentando na realidade dos princípios psíquicos subjacentes. Ao agir dessa maneira, eles
podem expandir sua consciência rumo às profundezas, permitindo-se assim entrar em contato
com as leis fundamentais da vida psíquica. Dessa forma, estarão habilitados a alcançar a
verdade intrínseca que emana naturalmente da psique, desde que essa verdade não seja
perturbada pelo mundo exterior não psíquico. Em qualquer caso, essa verdade compensará o
acúmulo de conhecimento adquirido por meio da investigação do mundo externo, através do
processo de individuação.
A impressão que se tem, igualmente, é de que a hataioga serve, antes de tudo, para
extinguir o eu pelo domínio de seus impulsos não domesticados. Não há a menor
dúvida de que as formas superiores da loga, ao procurar atingir o samadhi, têm
como finalidade alcançar um estado espiritual em que o eu se ache praticamente
dissolvido. A consciência reflexa, no sentido empregado por nós, é considerado
algo inferior, isto é, um estado de avidya (ignorância), ao passo que aquilo que
denominamos de "pano de fundo obscuro da consciência reflexa" é entendido, no
Oriente, como consciência reflexa "superior". O nosso conceito de "inconsciente
coletivo" seria, portanto, o equivalente europeu do bodhi, o espírito iluminado.
Podemos considerar que através da meditação as camadas semi fisiológicas inferiores
da psique são controladas pela prática através da exercitação e mantidas sob controle, não são
negadas ou reprimidas como acontece no processo ocidental. Esse processo particular parece
ser impulsionado pelo fato de que no Oriente se dá maior importância ao "fator subjetivo", o
que leva a uma restrição do eu e de seus desejos. A atitude introvertida geralmente se
manifesta nos dados iniciais da apercepção consciente. A apercepção consciente é composta
por duas etapas: a primeira é a apreensão do objeto, e a segunda é a assimilação dessa
apreensão à imagem ou conceito já existente que nos permite "compreender" o objeto. A
psique não é uma entidade vazia, sem nenhuma qualidade. Ela é um sistema definido, com
suas próprias condições e reage de maneira específica. Qualquer nova representação, seja
uma apreensão ou uma ideia espontânea, desperta associações que surgem do acervo de
memórias. (JUNG, 2013)
Dessa forma é relevante ressaltar que que as diferentes atitudes, tanto a extroversão
quanto a introversão, revelam tanto grandiosidade quanto fraqueza. Ele enfatiza que
tendemos a subestimar aquilo que tememos. Em ambas as tradições, a característica
predominante é a unilateralidade, e Jung acredita que não há objeção a ser feita a isso, pois
sem essa unilateralidade, o desenvolvimento diferenciado do espírito humano seria
impossível.
A extroversão está sempre acompanhada de desconfiança em relação ao eu interior,
mesmo que muitas vezes essa percepção passe despercebida. No Oriente, o eu interior
exerceu um poder tão profundo sobre o eu exterior que o mundo nunca teve a oportunidade
de separá-lo de suas raízes mais profundas. O eu interior sempre esteve em destaque, levando
o indivíduo a se afastar de sua essência mais íntima. A unicidade do espírito, a unidade, a
indefinição e a eternidade sempre estiveram unidas no Deus uno. O homem se tornou
insignificante, um ser diminuto, e fundamentalmente imerso em uma consciência imperfeita
(JUNG, 2013 p.31).
A tendência extrovertida do Ocidente e a tendência introvertida do Oriente possuem
um objetivo comum muito importante: ambos fazem esforços desesperados por
vencer aquilo que a vida tem de natural. É a afirmação do espírito sobre a matéria, o
opus contra naturam, indício da juventude do homem, que se delicia toda a vida a
usar da mais poderosa das armas jamais inventadas pela natureza: o espírito
consciente. O entardecer da humanidade, que se situa ainda num futuro longínquo,
pode suscitar num ideal diferente. Com o passar do tempo talvez nem sequer se
sonhe mais com conquistas.
Carl G. Jung (2013) coloca em questão que perspectiva religiosa sempre reflete a
atitude psicológica e seus preconceitos específicos, mesmo para aqueles que esqueceram ou
nunca ouviram falar de religião. No contexto da psicologia, o Ocidente é cristão em todos os
aspectos, não apenas no sentido religioso, mas também psicologicamente. A ideia de graça
vem de uma fonte externa, de qualquer forma. É compreensível que a alma humana possua
complexos de inferioridade. Por outro lado, o Oriente tolera com compaixão esses estágios
espirituais "inferiores" em que o homem se envolve com o pecado devido à sua ignorância
sobre o carma, ou atormenta sua imaginação com a crença em deuses absolutos, que, se ele
olhar mais profundamente, perceberá serem meros véus ilusórios criados por sua própria
mente. Portanto, a psique é o elemento mais importante, é o princípio vital que permeia tudo,
é a essência de Buda; é o espírito de Buda, o Uno, o Dharma Raya. Toda vida emana da
psique, e todas as suas diversas formas de manifestação se reduzem a ela. Essa é a condição
psicológica primordial e fundamental que impregna o ser oriental em todas as fases de sua
existência, influenciando todos os seus pensamentos, ações e sentimentos,
independentemente da crença que ele professe.
Porém Jung também considera pontos positivos sobre o ocidente e o oriente no
comentário ao livro segredo da flor de ouro de Richard Wilhelm (2022) ele pontua que não
deve se menosprezar os méritos da ciência ocidental ao mesmo passo que a intuição oriental
não deve ser subestimada.
De fato, a ciência não é um instrumento perfeito, mas, nem por isso, deixa
de ser um utensílio excelente e inestimável, que só causa dano quando é
tomado como um fim em si mesmo. A ciência deve servir e erra somente
quando pretende usurpar o trono. Deve inclusive servir às ciências adjuntas,
pois devido à sua insuficiência, e por isso mesmo, necessita de apoio das
demais. A ciência é um instrumento do espírito ocidental e com ela se abre
mais portas do que com as mãos vazias. É a modalidade da nossa
compreensão e só obscurece a vista quando reivindica para si o privilégio de
constituir a única maneira adequada de apreender as coisas. O Oriente nos
ensina outra forma de compreensão, mais ampla, mais alta e profunda - a
compreensão mediante a vida. Conhecemos esta última a modo de um
sentimento fantasmagórico, que se exprime através de uma vaga
religiosidade, motivo pelo qual preferimos colocar entre aspas a "sabedoria"
oriental, remetendo-a para o domínio obscuro da crença e da superstição.
Desta forma, ignoramos totalmente o "realismo" do Oriente. Não se trata
porém de intuições sentimentais, de um misticismo excessivo que tocasse as
raias patológicas de um ascetismo primitivo e intratável, mas de intuições
práticas nascidas da flor da inteligência chinesa e que não temos motivo
algum para subestimar. (JUNG, 2022 p.17)
3. METODOLOGIA
1. Avaliar a x
importância do
tema
2. Buscar x x x x
bibliografia para
o estudo
3. Selecionar x x
e separar o
conteúdo
escolhido
4. Estrutura o x x x
conteúdo da
pesquisa
5. Elaborar a x x
introdução do
trabalho
5. Criar o x x x
referencial
teórico
6. Terminar o x
trabalho
7. Efetuar a x
revisão do
material
8. Finalizar a x
entrega do
trabalho
5. REFERÊNCIAS
CAZELLI, Felipe Ribeiro. IMAGO DEI:. Deus como arquétipo do inconsciente coletivo
em C. G. Jung., REFLEXUS, v. 14, ed. 1, 30 jun. 2020. DOI
https://doi.org/10.20890/reflexus.v14i1.2277. Disponível em:
https://revista.fuv.edu.br/index.php/reflexus/article/view/2277. Acesso em: 8 jun. 2023.
SOUZA, R. P. de. Psique e energia psíquica, segundo C. G. Jung: uma introdução. Self -
Revista do Instituto Junguiano de São Paulo, [S. l.], v. 8, p. e002, 2023. DOI: 10.21901/2448-
3060/self-2023.vol8.179. Disponível em: https://self.ijusp.org.br/self/article/view/179.
Acesso em: 09 jun. 2023.