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FORMULAÇÃO,
GESTÃOE AVALIAÇÃO
DE POLÍTICAS PÚBLICAS
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FORMULAÇÃO, GESTÃO E AVALIAÇÃO DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 04
Objetivos
Vale ressaltar, ainda, que não se deve confundir a palavra policy com a
menos comumente utilizada polity, que se refere à ordem de uma unida-
de politicamente organizada e não se traduz literalmente só com a pala-
vra “política” em português, como é o caso de politics e policy. Destarte, é
evidente que ao se utilizar da expressão “política pública”, embora pro-
vavelmente se esteja tratando de política no sentido de politics, a palavra
dentro da expressão equivale a policy.
Por outro lado, Leonardo Secchi é categórico ao afirmar que não, a omis-
são não pode constituir política pública. Seu argumento, todavia, é um
pouco contraditório, ao inicialmente determinar que não o seria devido
à necessidade da política “resultar em uma diretriz intencional” (SECCHI,
2010, p. 5) e depois afirmar que mesmo que a respectiva omissão fosse
intencional, ainda se caracteriza falta de política frente a um problema.
Logo, a política pública não seria meramente resultante de uma ausên-
cia de decisão.
Aceitar qualquer tipo de omissão por parte de atores estatais como ele-
mento constituidor de uma política pública parece demasiadamente per-
missivo, mas negar que a decisão de um governo de, por exemplo, não
intervir em certas áreas ou aspectos do comércio internacional faça parte
de sua política pública também é problemático. Assim, dadas essas duas
posições, a melhor solução parece ser a que adota elementos desses dois
extremos, de modo que a omissão poderá constituir política pública, mas
apenas quando for essa intencional, quando a posição do ator estatal é
clara de que ele decide não agir face a uma situação de interesse público
em que há expectativa de que o faça.
EXEMPLIFICANDO
Se o governo brasileiro tivesse decidido por não explorar o
pré-sal devido aos elevados custos de fazê-lo, essa teria sido
uma omissão intencional e, portanto, poderia fazer parte de
uma política pública de busca de fontes alternativas de ener-
gia renovável.
Como nos vários tópicos anteriores, não há resposta simples, mas parece
que o cerne da questão está no papel do Estado na sociedade. Ao se con-
siderar que o moderno Estado Democrático de Direito tem como fim últi-
mo a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que se encontram sob
sua tutela – fato indubitável, eis que do contrário não haveria razão para
os homens se organizarem nessa forma de sociedade –, se pode deduzir
que, no mínimo, esse Estado deva tentar solucionar os problemas que
afetam a sociedade, qual sejam, os problemas ditos de relevância pública.
Consequentemente, deve o Estado, através das políticas públicas – a for-
ma organizada de seu agir para a perseguição de um objetivo específico
–, pelo menos reagir para tentar solucionar os problemas que se façam
evidentes na sociedade.
Logo de início, o mero fato de que as políticas públicas são compostas por
ações e medidas coordenadas já deixa evidente que deve haver um objeti-
vo específico e preestabelecido. Afinal, julga-se impossível a coordenação
de qualquer coisa sem que haja um fim para esta; não existe coordenação
para nada, no vácuo. Organização é necessária para alcançar ou obter
algo que se deseja; quer seja um fluxo de trabalho mais eficiente em uma
empresa ou a redução do número de casos de pessoas infectadas com o
vírus da dengue em um município.
LINK
Acessando o link abaixo você poderá consultar a legislação
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – um
exemplo de política que tem bem delineados seus objetivos
e diretrizes.
Já as políticas de cunho constitutivo nada mais são que políticas que regu-
lam a própria atividade política em geral – incluídas aqui estão as regras
Por fim, vale notar que outro método interessante de se classificar as po-
líticas públicas é o que sugere Reinaldo Dias, que as diferencia confor-
me os principais temas abrangidos: políticas sociais, que abordam saúde,
educação, etc.; políticas macroeconômicas, que lidam com temas fiscais,
cambiais, etc.; políticas administrativas, que abrangem assuntos como o
da própria organização da democracia e a participação social nela; e polí-
ticas específicas ou setoriais, quais sejam, sobre o meio ambiente, refor-
ma agrária, preservação cultural, etc. (DIAS, 2012, p. 17).
ASSIMILE
Abordagem estatista é aquela que considera que somente
atores estatais podem elaborar e implementar políticas pú-
blicas, diferente da multicêntrica.
São esses atores: os grupos de interesse – sobre os quais Boneti traz aten-
ção especial para o fato de que, hoje, muitas vezes são elites internacio-
nais (BONETI, 2011, p. 69) –, os partidos políticos, a mídia, organizações de
terceiro setor – como organizações não governamentais e entidades filan-
trópicas – e todos os demais destinatários das políticas públicas – como
indivíduos particulares ou mesmo organismos internacionais que tenham
interesse no tópico sobre o qual trata a política pública específica.
3. Considerações finais
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 01
1. Em termos de políticas públicas e de acordo com a opção
que se fez ao longo da leitura fundamental, a omissão por
parte do Estado:
a) Não pode constituir uma política pública, visto que é
mera falta de política.
b) Só pode constituir política se o Estado tiver obrigação
de agir frente a um problema de relevância pública.
c) Sempre constitui política pública, pois quem se omitiu
foram atores estatais.
d) Pode ser considerada como constitutiva de política pú-
blica, se a omissão for intencional.
e) Pode ser considerada como constitutiva de política pú-
blica, independentemente de ser intencional ou não.
Referências Bibliográficas
BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política. 2. ed. Tradução Daniela Beccaccia
Versiani. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
BONETI, Lindomar Wessler. Políticas públicas por dentro. 3. ed. Ijuí: Unijuí, 2011.
BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e políticas públicas. São Paulo:
Saraiva, 2002.
Gabarito – Tema 01
Questão 1 – Resposta: D
Como visto na leitura fundamental, a omissão por parte do Estado
pode ser considerada como constitutiva de política pública, mas só
se for intencional, pois do contrário seria meramente um lapso, uma
falha dos atores estatais.
Questão 2 – Resposta: C
Objetivo, metas, instrumentos e diretrizes são os elementos que se
consideram essenciais a qualquer política pública, sem os quais não
há devida coordenação das ações e medidas da política e sem essa
organização não há sequer política; assim, são também os termos
que melhor preenchem as lacunas.
Questão 3 – Resposta: E
Quer se use a palavra “conjunto”, “programa” ou “quadro”, o impor-
tante é que se mencione em qualquer conceito de política pública que
há agrupamento de várias ações e medidas e, ademais, é necessário
Objetivos
Vale notar que, não obstantes as variações, a maioria dos modelos faz uso
de muitos termos idênticos ou com sentidos similares – como elaboração,
formulação, criação e construção –, sendo Procopiuk o que mais diverge
dos demais. Apesar de interessante, o modelo que esse autor utiliza pare-
ce ser o menos adequado, pois nomes simples como “iniciação” e “conclu-
são” pouco servem para informar um leitor sobre o que está contido nes-
sas etapas e, desafiando todos os demais modelos, a sua fase de imple-
mentação inclui a “elaboração de um programa com objetivos e padrões
de desempenho, incluindo cronogramas de operações” (PROCOPIUCK,
2013, p. 142); de modo que se propõe, estranhamente, a criação de obje-
tivos na implementação da política, em vez de anteriormente.
2. Identificação do problema
EXEMPLIFICANDO
Para fins de maior esclarecimento, se necessário, outro
exemplo é o da falta de sufrágio universal no passado, em
que a lei só permitia que parcela limitada dos cidadãos bra-
sileiros pudesse votar, e que, por pressão de uma sociedade
que evoluiu seu pensamento para ser mais inclusiva, foi mu-
dada para reconhecer o direito de voto de todos aqueles que
meramente alcançassem idade mínima.
Por fim, retoma-se aquela classificação mais ampla que dividiu o proces-
so de identificação do problema em três itens, para se discorrer sobre o
terceiro, qual seja, da avaliação da possibilidade de resolução. É essa con-
sideração talvez mais importante do que se possa imaginar, pois, como
bem lembra Secchi, “costuma-se dizer que um problema sem solução não
é um problema”; assim, não há que se desperdiçar tempo procurando
solução se já há certificação de que ela não existe. Não obstante isto, res-
salta-se que existem problemas que, apesar de jamais poderem ser com-
pletamente extintos, podem ser mitigados; ou seja, há solução parcial que
pode amenizar as consequências negativas do problema sobre os indiví-
duos afetados, e essa melhoria – se significativa – é digna de ser buscada
através do uso de políticas públicas.
ASSIMILE
A título de assimilação do conteúdo, lembra-se que os três
itens da identificação do problema são a percepção desse
problema, a sua definição ou delimitação, e a avaliação quan-
to à possibilidade de resolução do mesmo.
3. Construção da agenda
LINK
Para se ter uma ideia de que tipo de problemas poderiam
adentrar a agenda de um governo, você pode folhear os
artigos da revista Agenda Política da UFSCAR, cujos tópicos
tratados com frequência são de relevância pública. UFSCAR.
Agenda Política. Disponível em: <http://www.agendapolitica.
ufscar.br>. Acesso em: 30 abr. 2018.
2
Traduzido do original: “[...] no es un documento formal de tipo programático, ni presupone la existencia de una jerarquía en
los problemas, como tampoco asegura que a la inclusión de un problema se suceda de forma inevitable una decisión [...]”.
3
Traduzido do original: “The systemic agenda will always be more abstract, general, and broader in scope and domain than
any given institutional agenda”.
4
Traduzido do original: “Because of the inertia present in any system, institutional agendas will always lag to some extent
behind the more general systemic agenda. Among other things, this means that there will be a modicum of social conflict
in even the most responsive system”.
4. Considerações finais
Glossário
Referências Bibliográficas
COBB, Roger W.; ELDER, Charles D. Participation in american politics: the dyna-
mics of agenda-building. 2. ed. Londres: The Johns Hopkins University Press, 1983.
DEUBEL, André-Noël R. Políticas públicas: formulación, implementación y evalua-
ción. Bogotá D.C.: Aurora, 2006.
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas públicas: princípios, propósitos e pro-
cessos. São Paulo: Atlas, 2012.
FERNÁNDEZ, Antoni. Las políticas públicas. In: BADIA, Miquel Caminal (Ed.). Manual
de ciencia política. Madri: Tecnos, 2008.
Gabarito – Tema 02
Questão 1 – Resposta: E
A percepção do problema refere-se ao modo como todos os atores
relevantes percebem o problema e o grau de insatisfação que eles
têm com o mesmo; assim, não se limita a atores com capacidade
direta de elaboração de políticas públicas. É também fase dentro do
processo de identificação do problema, que é anterior à construção
da agenda. Por fim, apesar de ter certo grau de subjetividade, não
deixa de ser útil para fins de identificação do problema público.
Questão 2 – Resposta: B
Como disposto na alternativa correta, o fato de que o problema do
trânsito afeta muitas pessoas significa que seu impacto é amplo.
Ademais, apesar de estar em frase negativa, a segunda lacuna deve
ser preenchida com “aspectos emotivos”, já que a frase seguinte dá
Questão 3 – Resposta: B
Ambas as afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primei-
ra, pois, de fato, a agenda institucional é menos geral, ampla e abs-
trata que a sistêmica, eis que a inclusão de problemas na agenda
institucional tem que considerar os limites de recursos do Estado
– limites de verbas, de funcionários, de oportunidade, etc. – e ser
mais seletiva. Não seria útil uma agenda institucional muito ampla,
pois se forem considerados como prioritários muitos problemas, en-
tão, em essência, a agenda perderia o seu propósito organizacional.
Contudo, infelizmente, isto resulta no que se falou no texto, que é a
lentidão relativa da inclusão de problemas na agenda institucional
com relação à sistêmica; o que é naturalmente frustrante para a so-
ciedade, que quer que todos os problemas que considera importan-
tes o sejam assim também considerados pelo Estado.
Objetivos
Isto não quer dizer que serão definidos todos os detalhes de cada alterna-
tiva de política que se propõe – o que seria ineficiente –, mas o serão até
certo ponto, que pode variar dependendo das características particulares
do problema que se intenta resolver e da própria solução que se traz.
Assim, como frequentemente é o caso ao se tratar do ciclo de políticas
públicas, há um grau de indefinição ou subjetividade quanto a esse as-
pecto, em que não há determinação exata do quanto deverá progredir a
elaboração de cada alternativa. Porém, é fácil de se imaginar que deve ser
suficiente para preencher pelo menos um quesito, que é o de que deve-
rão ser elaborados tantos detalhes da política quanto for necessário para
que, posteriormente, seja possível haver decisão bem informada sobre
o que a solução envolve, as probabilidades que ela tem de atingir o seu
objetivo e o custo de sua implementação.
Apesar do conceito – que será explicado mais adiante – ser bom, o nome
dado é estranho, pois a expressão “indução de comportamento” parece,
de certa forma, oposta à ideia de coerção. Nesse sentido, remete-se ao
jurista Eros Grau que, referindo-se à intervenção do Estado na Ordem
LINK
Exemplos desse tipo de mecanismo são várias das disposi-
ções da Lei Cidade Limpa de São Paulo e, a título de curiosi-
dade, no link a seguir você pode ler o texto legal na íntegra,
conferir as informações no próprio site sobre a lei ou até dar
uma olhada na cartilha explicativa fornecida. PREFEITURA DA
CIDADE DE SÃO PAULO. Lei Cidade Limpa. Disponível em:
<http://www9.prefeitura.sp.gov.br/cidadelimpa/conheca_lei/
conheca_lei.html>. Acesso em: 04 maio 2018.
EXEMPLIFICANDO
Um exemplo bem explícito desse uso da expressão “técnica” em
documento oficial do Poder Público é o da Resolução nº 316, de
2002, do Conama, que “dispõe sobre procedimentos e critérios
para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de
resíduos” e que no artigo 2º, alínea II, descreve o conceito de
“melhores técnicas disponíveis” como “o estágio mais eficaz e
avançado de desenvolvimento das diversas tecnologias de tra-
tamento, beneficiamento e de disposição final de resíduos, bem
como das suas atividades e métodos de operação [...]”.
Assim, são soluções que envolvem uma atuação talvez mais direta do
Estado do que as demais e que, para muitos casos, podem se constituir
como os únicos mecanismos aptos a solucionar um problema público.
Para esse fim de previsão de resultados, William N. Dunn lista três abor-
dagens que se fundamentam em diferentes bases: extrapolação de ten-
dências, teorias e juízos informados (DUNN, 2016).
A abordagem baseada em teorias, por sua vez, é aquela que pretende pre-
ver os resultados da alternativa de política através do uso de “um conjun-
to proposições e regras sistematicamente estruturadas e testáveis empi-
ricamente”2 (ibidem, p. 126) que permitem que se deduza uma conclusão
correta. Um exemplo disso poderia ser um caso em que se sabe que uma
empresa é capaz de construir uma ponte de arquitetura complexa e de
grande extensão em um mês e que o Poder Público pretende, como uma
das ações da política, contratar uma empresa para construir uma ponte
1
Traduzido do original: “extension into the future of trends observed in the past”.
2
Traduzido do original: “systematically structured and empirically testable sets of laws and propositions”.
Por fim, vale notar que mesmo que a previsão dos resultados de uma
alternativa indique que a solução dela produzirá efeitos bons, isso não
necessariamente quer dizer que ela será uma boa alternativa, pois, como
se verá em seguida, para serem consideradas como tal, as alternativas
devem ser propostas em momento e em contexto adequados, de acordo
com uma janela de oportunidade que se vê aberta.
ASSIMILE
Para fins de assimilação, lembre-se de que o ciclo de políticas
públicas, da forma como se preferiu definir em aula ante-
rior, é composto pelas etapas de: identificação do problema,
construção da agenda, formulação, tomada de decisão, im-
plementação e avaliação.
Não se trata esse caso, contudo, de grave divergência teórica dos autores,
mas sim de mera preferência, pois o conceito, em verdade, envolve todas
essas fases do referido ciclo – deve-se lembrar que ele mesmo sequer é
um conceito com forma unanimemente definida. Assim, o tratamento da
ideia de janelas de oportunidade pode ocorrer em qualquer desses mo-
mentos e, inclusive, ser abordado em múltiplos pontos.
Apesar de ser uma questão complexa com que se trabalhar, ela pode ser
compreendida de modo relativamente simples, pois nada mais é do que
uma averiguação do fato de que, para ser bem-sucedido, o processo de ela-
boração de políticas públicas deve se utilizar das soluções disponíveis para
os problemas presentes, mas respeitando o ânimo ou humor da sociedade.
Assim, como bem sumariza André-Noël Roth Deubel, “com relativa frequ-
ência a conjuntura, mais que o plano, dita as possibilidades reais de ação
política”5 (DEUBEL, 2006, p. 83).
4
Tradução feita por Capella dos termos problem stream, policy stream e political stream (CAPELLA, 2007).
5
Traduzido do original: “[...] con relativa frecuencia que la coyuntura más que el plan dicta las posibilidades reales de acción
política”.
5. Considerações finais
• Em âmbito de formulação, deve-se detalhar as políticas tanto quan-
to for possível, dependendo dos recursos disponíveis e de quantas
alternativas se propõe.
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 03
1. Se a probabilidade de sucesso da política pública que se
elabora for baixa, não se deve estabelecer metas PORQUE
o não cumprimento de metas é indesejável.
Analisando as duas afirmações acima, conclui-se que:
KINGDON, John. Agendas, alternatives, and public policies. 3. ed. Nova York:
Harper Collins, 2003.
Gabarito – Tema 03
Questão 1 – Resposta: D
A primeira afirmação é falsa, pois ainda que se compreenda que o
elaborador de política possa não querer elaborar metas para uma
política que tenha baixa probabilidade de sucesso – devido aos efei-
tos políticos negativos que surte do não cumprimento de metas –,
isto, por si só, não é um bom motivo para que não se insira esse
elemento essencial que permite o acompanhamento do progresso
da política implementada pela sociedade. Já a segunda afirmação é
verdadeira, pois, de fato, o não cumprimento de metas é indesejável.
Questão 3 – Resposta: B
A previsão de resultado da política é baseada em extrapolação de
tendências, pois da verificação de que a instalação de câmeras foi
bem-sucedida em alguns locais generalizou-se que essa solução terá
sucesso em qualquer local. Apesar da conclusão poder estar incor-
reta – os potenciais infratores dessa nova área podem ser mais per-
sistentes, acreditando, por exemplo, que o uso de máscaras evitará
que sejam identificados –, dadas as informações disponíveis, não é
possível negá-la categoricamente; portanto, é certo afirmar que ela
“pode estar correta”.
Objetivos
Nesta aula você irá aprender sobre a etapa do ciclo de políticas públicas
denominada de tomada da decisão. Logicamente, como é a etapa que se
colocou após a formulação das propostas de política que trazem alterna-
tivas de solução para os problemas incluídos na agenda, essa decisão se
trata da escolha entre as opções elaboradas na etapa anterior.
1. A Decisão
Por fim, cabe aqui, neste tópico, fazer lembrete quanto ao conceito das
janelas de oportunidade, cuja abertura depende não só da confluência do
fluxo de problemas e soluções, mas também do político. Portanto, a esco-
lha pelo tomador de decisão de uma alternativa que ignora fatores políti-
cos, ainda que em verdade seja uma solução adequada para o problema,
é uma que, nos termos da imagem descrita, estaria tentando atravessar
uma janela fechada – o que é possível, mas não sem se quebrá-la –, ou
pelo menos de abertura muito pequena e mais difícil de se adentrar do
que uma janela aberta por completo.
Ademais, não se pode esquecer que, se for verificado que há uma única
solução para o problema público, o custo poderá ter de ser aceito, mes-
mo que seja muito elevado. É, por vezes, o caso de soluções técnicas que
Mas não se resume àqueles casos a importância desse critério, visto que
há um fator político que não pode ser desconsiderado que é a expec-
tativa de resposta da sociedade com relação à rapidez de resolução do
problema. Ainda que não seja urgente, um problema como o da mobilida-
de urbana deficiente oriunda de tráfego excessivo pode ser considerado
como extremamente inoportuno pelos cidadãos, ao ponto de influenciar
as suas tendências de voto para eleger atores políticos que prometam
tratar desse problema de modo mais imediato.
2.3. Sustentabilidade
2.4. Equidade
1
Traduzido do original: “public choice”.
2
Traduzido do original: “corresponde a la visión taylorista y positivista de que siempre existe una solución superior a otra
(one best way) que se puede encontrar a través de un proceso de estudio científico”.
Posto isto, ressalta-se que as falhas apontadas não anulam por completo
a utilidade do modelo, visto que a definição de um conceito idealizado, no
mínimo, serve para nortear a forma como se age na realidade. Assim, ten-
ta-se espelhar o ideal, aproximando-se a realidade dele no máximo que
for possível, o que, no presente caso, significa que ao decisor cabe ser o
mais objetivo e bem informado que conseguir.
Ademais, Deubel aponta que esse modelo traz como limites da racionali-
dade também o fato de que há, inevitavelmente, uma restrição temporal
para a decisão, que deve ser tomada mais cedo ou mais tarde – variando
o nível de urgência de acordo com o problema tratado –; bem como exis-
te ainda um fator subjetivo da própria natureza do agente decisor, visto
Este modelo, dessa forma, não alega que se deva – ou possa – buscar “a
melhor solução”, mas simplesmente uma solução satisfatória, a que se
chega através da utilização de critérios “razoáveis” de acordo com o con-
texto de preferências e obrigações em que se encontra aquele que decide
sobre um número limitado de alternativas que consegue analisar.
Logo, não há uso de razão pura, mas uma combinação de razão e intui-
ção e, do mesmo modo que o modelo anterior, parte-se de um problema
identificado para se chegar a uma solução apropriada para ele.
Para começar, já não aceita sequer que a decisão seja resultante sempre
de processo linear que se inicia com um problema e chega a uma conclu-
são sobre como solucioná-lo. Em vez disso, propõe algo mais próximo do
caos da realidade, que é a análise pelos tomadores de decisão de situa-
ções empíricas passadas e a alteração de escolhas futuras com base nos
fracassos e sucessos dessas experiências.
EXEMPLIFICANDO
Exemplos claros do processo envolvido nesse modelo, bem
como de sua utilidade quanto à adequação de soluções e
problemas são os de problemas internos de um país cujas
causas não se percebe que são de origem internacional. É o
caso do problema de salários baixos que é afetado por situa-
ções de comércio exterior, que em um primeiro momento se
tenta solucionar pela via exclusiva de medidas internas, mas
que depois se percebe que as causas são externas; então, re-
define-se o problema como sendo de caráter internacional e
se ajustam as alternativas de acordo com esse novo escopo.
ASSIMILE
A título de assimilação, vale ressaltar que este modelo é, de
fato, tão anárquico quanto seu nome sugere e tão simples
quanto parece. Trata-se de mera verificação de uma situação
que ocorre na realidade, em que as decisões são tomadas de
modo extremamente desorganizado.
4. Considerações finais
• A decisão é imperfeita, pois tomada por agente incapaz de abs-
trair-se completamente de sua própria subjetividade e a escolha
é feita sobre alternativas que não só têm vantagens, mas também
desvantagens.
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 04
1. Quanto à liberdade do tomador de decisão para decidir
entre as alternativas propostas, a afirmativa exclusiva-
mente correta é a de que:
a) Ele desfruta de liberdade completa para escolher a al-
ternativa que desejar ou até demandar que se criem
novas alternativas, se não estiver satisfeito com as
propostas.
b) Ele desfruta de liberdade restrita, pois deve necessaria-
mente escolher entre as alternativas já formuladas.
a) V – F – V – F.
b) V – F – F – V.
c) F – F – V – V.
d) V – V – F – F.
e) F – V – F – V.
Referências Bibliográficas
DEUBEL, André-Noël R. Políticas públicas: formulación, implementación y evalua-
ción. Bogotá D.C.: Aurora, 2006.
LANE, Jan-Erik. The public sector: concepts, models and approaches. Londres:
SAGE, 1993.
Gabarito – Tema 04
Questão 1 – Resposta: D
A última alternativa é errada, pois afirma a impossibilidade de algo
que é teoricamente possível e as três primeiras estão erradas, pois
ainda que apresentem pontos de vista válidos, estes não podem ser
afirmados como corretos à exclusão dos demais. Desse modo, a res-
posta correta é a alternativa que afirma que, de fato, não há unani-
midade de resposta sobre o tema.
Questão 2 – Resposta: D
A primeira afirmação é falsa, pois o modelo da lata de lixo equivale
ao de anarquia organizada, que nada tem a ver com ideias de eco-
nomia. O modelo que faz uso do conceito de homo economicus, da
forma corretamente descrita na segunda afirmação, é o modelo de
escolha pública.
Questão 3 – Resposta: B
Comentário: A segunda afirmativa é falsa, pois, ao se ignorar por
completo o critério de equidade, a solução escolhida poderá ser uma
Objetivos
Como foi visto na aula sobre a formulação das alternativas que poderiam
se tornar políticas públicas, não é viável ou desejável que essas alternati-
vas, que apresentam diversas soluções para um problema de relevância
pública que se intenta resolver, sejam minuciosamente detalhadas, de-
vido ao fato de que na fase de tomada de decisão só se escolherá uma
delas para ser posta em prática na forma de política pública.
Além disso, André-Noël Roth Deubel levanta outro fim a que se destina
esse trabalho de planejamento sobre a implementação, ao mencionar
Todavia, este último caso deve ser menos comum, já que, devido ao ta-
manho reduzido da área de implementação com relação a políticas de
escopo maior, as políticas públicas criadas em municípios poderão mais
facilmente considerar as referidas variáveis já na própria etapa de formu-
lação de alternativas.
1
Traduzido do original: “la aplicación de los reglamentos por diferentes entidades y en distintos lugares implica que la
implementación no es una sola, sino plural”.
EXEMPLIFICANDO
A título de exemplo, pode-se considerar a criação do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), autarquia federal que foi criada pelo
artigo 2º da Lei nº 7.735/1989, em meio a uma política que
pretendia melhorar o sistema de gestão ambiental brasileiro.
Apesar de existir a partir do momento de promulgação da-
quela lei, não tinha o IBAMA existência prática até que se or-
ganizasse para ter um número mínimo de funcionários, um
prédio para servir de sede da autarquia, materiais de escritó-
rio e vários outros elementos básicos.
2
Traduzido do original: “es frecuente, en primer lugar, que muchas políticas se aprueben sin la provisión de recursos para
implantarlas adecuadamente”.
Por fim, vale ressaltar que isto requer a realização de licitação por parte
do Poder Público para selecionar qual empresa será encarregada de pres-
tar o serviço; processo este que pode ser muito laborioso, como se verifi-
ca no exemplo do projeto de trem de alta velocidade que ligaria a cidade
de Campinas à capital paulista e São Paulo à cidade do Rio de Janeiro, cujo
processo licitatório teve diversos problemas que causou vários adiamen-
tos desde 2005 e que em 2011 teve um leilão – forma de licitação – sem
que houvesse interessados3. E não se limita a isto a atuação do Estado
nesses casos, pois, ainda que limitada, deve haver fiscalização do cum-
primento do acordado pela empresa privada, que deve prestar o serviço
de forma adequada; adequação que, segundo o próprio texto da lei de
concessões, se verifica quando se “satisfaz as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na
sua prestação e modicidade das tarifas” (BRASIL, 1995).
3
Fonte: AGÊNCIA BRASIL. Trem Rio-SP só seria viável por concessão, diz governo. EXAME. São Paulo, 20 abr. 2017. Disponível
em: <https://exame.abril.com.br/brasil/trem-rio-sp-so-seria-viavel-por-concessao-diz-governo>. Acesso em: 20 maio 2018.
Como menciona Secchi, um problema que logo se faz evidente neste caso
é o de que, por ser a implementação rígida e de responsabilidade total
dos administradores, se a política pública falhar, a culpa será completa-
mente daqueles que a implementaram – por tê-lo feito incorretamente
– ou dos que decidiram por implementá-la na forma prescrita; contudo,
é comum que se presuma a culpa daqueles que aplicaram na prática as
ações e medidas antes do que dos atores que simplesmente imaginaram
soluções. Assim, implementações desse tipo facilitam a ocorrência do que
se chama de blame shifting, que é a prática de passar a responsabilidade
ou culpa de um problema para outros (SECCHI, 2010).
Embora possa parecer o mais ideal para todos os casos, deve-se ressaltar
que o modelo bottom-up também tem seus problemas e não é difícil de
se imaginar quais são quando todos os atores do processo de implemen-
tação passam a ter maior responsabilidade e um certo poder decisório
– ainda que limitado. Se há riscos de implementação falha no modelo
top-down, no modelo bottom-up há ainda uma possibilidade significativa
de que o propósito da política se desconfigure por completo, visto que
adaptações pequenas realizadas independentemente, sem a devida su-
pervisão, podem implicar em expressiva alteração quando conjuntamen-
te consideradas.
ASSIMILE
Para fins de assimilação, de forma simples, pode-se conside-
rar que o modelo top-down é o mais rígido, com as determi-
nações da política devendo ser seguidas à risca e o bottom-up
é mais flexível, com os atores não tomadores de decisão “co-
laborando” para a formulação da política pública através do
ajuste dela durante a implementação.
4. Considerações Finais
Glossário
AGÊNCIA BRASIL. Trem Rio-SP só seria viável por concessão, diz governo. EXAME. São
Paulo, 20 abr. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/trem-rio-sp-
so-seria-viavel-por-concessao-diz-governo>. Acesso em: 19 maio 2018.
FERNÁNDEZ, Antoni. Las políticas públicas. In: BADIA, Miquel Caminal (Ed.). Manual de
ciencia política. Madri: Tecnos, 2008.
MELLO, Celso Antônio B. de. Curso de direito administrativo. 26. ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.
VALLÈS, Josep M. Ciencia política: una introducción. 7. ed. Barcelona: Ariel, 2008.
Gabarito – Tema 05
Questão 1 – Resposta: D
Não só estão todas as afirmações corretas, como o conjunto delas
engloba quase todos os aspectos do planejamento da implementa-
ção de uma política pública.
Questão 3 – Resposta: A
Não há, como na segunda alternativa se sugere, interesse direto em
“funcionários motivados”, pois a motivação dos mesmos não é cri-
tério para se decidir sobre possível parceria do Estado com atores
privados. Na terceira alternativa se menciona a capacidade de uma
empresa de gerar lucro para os implementadores, o que, em termos
de critérios para seleção de atores privados com os quais o Estado
irá trabalhar, é evidentemente contrário ao interesse público. Já na
quarta alternativa se menciona o aumento de custos, ao invés da
redução, o que é, claro, indesejável. E, por fim, a última alternativa
menciona a tributação elevada de uma empresa, que, embora seja
uma opção para ajudar a custear uma política, não é um critério que
serve ao fim de que se trata. Portanto, só resta a primeira alternativa
como inteiramente correta.
Objetivos
ASSIMILE
O modelo top-down é aquele que determina que uma política
pública deve ser implementada exatamente da forma como
foi definida pelos tomadores de decisão e o bottom-up é o
que permite que os implementadores façam ajustes a ela,
conforme se verifique necessidade em meio ao processo de
implementação.
É aqui que terá peso o referido apoio – ou a falta dele –, pois é nos momen-
tos de potencial fracasso da execução que a política pública necessitará
de apoio para que possa ser mantida. Se o conjunto de ações e medidas
dela é impopular, por exemplo, a sociedade pode começar a demandar
Ainda nessa linha de apoio político, é importante ressaltar que não são só
rivais políticos que falham em providenciar apoio contínuo a uma política
na etapa de execução, pois, embora não se coloquem em posição con-
trária a ela, os respectivos formuladores e tomadores de decisão de uma
política pública podem simplesmente abandoná-la.
Nesse sentido, nota André-Nöel Roth Deubel que, de modo geral, “é muito
difícil que a prática política se interesse seriamente pelo desenvolvimento
de teorias para conceber políticas eficazes”1 (DEUBEL, 2006, p. 122); ou
1
Traduzido do original: “es muy difícil que la práctica política se interesse seriamente por el desarrollo de teorías para
diseñar políticas efectivas”.
Quanto a esse risco de uma política fracassar pela falta de apoio de seus
próprios criadores ou de um novo governo de outra corrente ideológica, é
interessante que se remeta à visão de Antoni Fernández, que menciona as
ideias de Weber sobre a necessidade de manutenção de um certo nível de
neutralidade dos burocratas – entendidos como os funcionários públicos
sobre os quais recai o dever de execução de fato das decisões políticas –,
para ressaltar a importância dos mesmos a fim de garantir a sobrevivên-
cia de uma política pública quando há mudança de governos ou mesmo
dos ânimos da sociedade com relação àquela política (FERNÁNDEZ, 2008,
p. 513-514).
2
Traduzido do original: “Los cambios continuos y algunos eventos específicos provocan la erosión y el desgaste de cualquier
decisión política”.
EXEMPLIFICANDO
Em termos das complexidades do apoio social, pode-se pen-
sar em uma política que venha a tratar do alto nível de crimi-
nalidade em um município através da contratação de mais
policiais. Quando for implementada, essa política provavel-
mente será muito popular, mas se for eficaz e reduzir consi-
deravelmente a criminalidade, então talvez em anos seguin-
tes possa emergir na sociedade a impressão de que o gasto
do governo com policiais seja excessivo, já que não há mais
tantos crimes. Assim, a política implementada pode perder
apoio social apesar do fato de que, neste caso hipotético es-
pecífico, a sua manutenção seja exatamente o que mantém
o nível de criminalidade baixo.
3
Traduzido do original: “la aplicación más efectiva de una política suele darse en la medida en que sus objetivos y sus
medios van adaptándose a las condiciones específicas de sus destinatarios”.
LINK
Um exemplo de como se dá a supervisão de políticas
públicas em execução pode ser conferido no site a seguir, do
Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União,
em que se descreve a forma precisa como a entidade realiza
a tarefa de acompanhar o processo de execução de diversas
políticas públicas. BRASIL. Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União. Avaliação da Execução
de Programas de Governo. Disponível em: <http://www.
cgu.gov.br/assuntos/auditoria-e-fiscalizacao/avaliacao-de-
programas-de-governo>. Acesso em: 30 maio 2018.
Posto isso, passa-se então para o último dos três aspectos mencionados
referentes a essa fase acompanhamento, que é o de realização de corre-
ções em meio à execução de uma política pública.
4. Considerações Finais
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 06
1. De acordo com as ideias do modelo top-down, os atores
que supervisionam o processo de execução de uma políti-
ca pública devem:
a) Partir de uma observação teórica do processo de exe-
cução para verificar quais os problemas que surgiram
durante esse processo e, então, sugerir correções que
irão aprimorá-lo.
b) Partir de uma observação empírica do processo de exe-
cução para verificar quais os problemas que surgiram
durante esse processo e, então, sugerir correções que
irão aprimorá-lo.
c) Partir de uma observação empírica do processo de exe-
cução para verificar quais os problemas que surgiram
durante esse processo e, então, sugerir correções que
irão aproximá-lo da intenção original da política pública.
d) Partir do disposto nos documentos formais da políti-
ca pública para verificar quais as falhas que surgiram
durante o processo de execução e, então, sugerir cor-
reções que irão aproximá-lo da intenção original da po-
lítica pública.
e) Partir do disposto nos documentos formais da política
pública para verificar quais as falhas que surgiram du-
rante o processo de execução e, então, sugerir corre-
ções que irão aprimorá-lo.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União. Avaliação
da Execução de Programas de Governo. Disponível em: <http://www.cgu.gov.br/
assuntos/auditoria-e-fiscalizacao/avaliacao-de-programas-de-governo>. Acesso em:
30 maio 2018.
DIAS, Reinaldo; MATOS, Fernanda. Políticas públicas: princípios, propósitos e pro-
cessos. São Paulo: Atlas, 2012.
DEUBEL, André-Noël R. Políticas públicas: formulación, implementación y evalua-
ción. Bogotá D.C.: Aurora, 2006.
FERNÁNDEZ, Antoni. Las políticas públicas. In: BADIA, Miquel Caminal (Ed.). Manual de
ciencia política. 3. ed. Madri: Tecnos, 2008.
SANTOS, Flavio et al. O orçamento-programa e a execução das políticas públicas.
Revista do Serviço Público, Brasília, v. 68, n. 1, p. 191-212, 2016. Disponível em:
<https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/1038/798>. Acesso em: 30
maio 2018.
SARAVIA, Enrique. Introdução à teoria da política pública. In: SARAVIA, Enrique;
FERRAREZI, Elisabete (Orgs.). Políticas públicas: coletânea. Brasília: ENAP, 2006.
Gabarito – Tema 06
Questão 1 – Resposta: D
A noção de uma “observação teórica” na primeira alternativa é sim-
plesmente ilógica, portanto, incorreta. Já a partida de uma observa-
ção empírica e a ideia de aprimoramento da execução da política – ao
invés de mero ajuste corretivo – referem-se aos conceitos do modelo
bottom-up e não do top-down. Assim, só resta a alternativa correta.
Questão 2 – Resposta: A
Ambas as afirmações são verdadeiras, pois, de fato, com o passar
dos anos pode haver um desgaste da imagem da política pública com
relação à sociedade por diversas razões; sendo uma delas a contida
na segunda afirmação, que menciona que a redução da visibilidade
do problema pode fazer com que a sociedade não tenha mais tanto
interesse em manter a política devido à preocupação reduzida que
se tem com o problema. Vale ressaltar que aqui se fala da percepção
de uma política pública frente à sociedade, não de julgamento pro-
priamente dito de sua utilidade.
Questão 3 – Resposta: E
A primeira afirmativa é falsa, pois a diversidade profissional, ainda
que seja necessária para a execução de uma política, constitui sim
um problema, já que profissionais de áreas diferentes requerem
orientações diferenciadas, o que inevitavelmente torna mais difícil
a gestão da política conforme essa variedade de atores aumenta.
A terceira afirmativa é falsa pois, embora a participação dos referidos
Objetivos
Destarte, logo se faz evidente que o tema é mais amplo do que de início
pode se imaginar, visto que há uma série de avaliações que são realizadas
em várias fases do ciclo de políticas públicas.
Dificilmente será uma política pública – qualquer que seja ela – avaliada
uma só vez em meio ao ciclo de políticas públicas. Como se viu em aulas
anteriores, há vários momentos nas diversas etapas que compõem o re-
ferido ciclo em que é avaliada e reavaliada a política, esteja ainda em fase
de elaboração ou até já implementada e em execução.
ASSIMILE
Vale lembrar que, como se viu em aulas anteriores, a avalia-
ção não é a única etapa que se insere parcialmente em ou-
tras. Por exemplo, a formulação da política também se repe-
te em diversos momentos posteriores à etapa que carrega o
nome de “formulação”, quer seja na forma de reformulação
da alternativa de política durante a tomada de decisão ou
mesmo durante a execução, a título de adequar a política à
realidade do que ocorre após serem implementadas de fato
as suas disposições.
Por fim, Deubel traz ainda uma outra possibilidade que outros autores
não reconhecem – mas não necessariamente rejeitam –, que é a de haver
uma avaliação mista, em que atores externos e internos a realizem con-
juntamente e ao final tentem chegar a um consenso com relação às suas
divergências.
Vale notar que avaliações desse tipo podem ocorrer desde a etapa de
formulação das alternativas até a execução da política e, inclusive, após
a conclusão dessa execução, mas anteriormente à sua extinção formal,
em momento em que se decide entre a continuidade da política pública,
continuidade com reestruturação marginal de seus aspectos práticos –
que é quando caberão as avaliações formativas – ou extinção da política
(SECCHI, 2010).
As avaliações somativas, por sua vez, são as que têm a função de fornecer
informações que serão utilizadas para que se decida se deve ou não ha-
ver a referida continuidade da política pública. Evidentemente, esse tipo
de avaliação só poderá ocorrer após acontecer a implementação de uma
política; contudo, não se limita ao momento mencionado após a conclu-
são da execução, já que é possível que uma avaliação, durante um proces-
so de execução, encontre tantos problemas que seja incitada a extinção
precoce daquela política pública.
Opta-se, aqui, pelo uso da primeira tipologia. A segunda peca por não
incluir a possibilidade da análise conceitual da política e por separar a
avaliação da satisfação dos beneficiários da política dos seus resultados.
As políticas públicas são criadas para resolver problemas de relevância
pública, cujo caráter público com frequência emerge exatamente da insa-
tisfação geral da população com relação àquele problema. Assim, ainda
que os objetivos listados sejam outros, o fim último da maioria das polí-
ticas, na verdade, é o de satisfazer a população e, portanto, avaliar esse
fator de modo separado dos resultados parece ser imprudente – se não
for até inviável.
Posto isto, passa-se então para a explicação de cada um dos três tipos da
tipologia de Llaneza e Guerrero. A avaliação conceitual é aquela que ana-
lisa as bases da política pública, incluindo a definição de seus objetivos,
os diagnósticos socioeconômicos em que foi baseada, a correlação do
que foi proposto com o problema que se pretendeu resolver, a lógica das
ações e medidas envolvidas e até a relação daquela política com outras.
Portanto, uma política considerada como ruim após uma avaliação con-
ceitual é uma que não deveria sequer ser ou ter sido implementada ou,
pelo menos, não sem que fossem realizadas alterações consideráveis; já
que contém erros graves de fundamentação, como a falta de lógica do
conjunto de ações realizadas, que podem sequer agir de fato sobre o pro-
blema que se diz tentar resolver.
Por fim, as avaliações ex post são aquelas que ocorrem em momento pos-
terior ao processo de execução de uma política pública e, destarte, pode-
rão elas analisar qualquer tipo de conteúdo, pois a política já chegou à sua
conclusão formal.
2.1. Indicadores
2
Parafraseado do original: “¿qué hemos de medir?”.
2.2. Critérios
De acordo com o tipo de política pública a ser avaliada, poderão ser le-
vados em conta mais ou menos critérios, mas fato é que alguns desses
são considerados, se não universais, então, pelo menos, muito comuns às
mais variadas avaliações que se faz. Todavia, deve-se ressaltar que até em
casos em que se consideram os mesmos critérios, ainda poderão haver
grandes diferenças em termos de avaliação, já que os avaliadores podem
também atribuir pesos maiores ou menores a cada um eles.
Posto isto, passa-se então para o detalhamento de cada um dos mais co-
muns critérios utilizados em avaliações de políticas públicas, que, segun-
do Secchi, são os de: economicidade, eficiência econômica, eficiência ad-
ministrativa, eficácia e equidade (SECCHI, 2010).
2.3. Padrões
EXEMPLIFICANDO
Exemplos clássicos de avaliações de políticas públicas em
que é difícil determinar a referida causalidade são os casos
das mais variadas políticas econômicas, pois, no atual mundo
globalizado e de capital financeiro pouco regulado, é muito
difícil precisar as causas exatas das mudanças na economia
interna de um país, já que existem inúmeros fatores inter-
nacionais que a influenciam e o fazem de modo constante
e rápido. Assim, frequentemente, tudo que podem fazer os
economistas que tentem avaliar uma política econômica é
estimar em que medida fatores externos foram os responsá-
veis pelos efeitos que surgiram, mas não afirmar como fato
essa causalidade estimada.
Ainda, outros obstáculos que podem surgir em meio à avaliação são refe-
rentes aos próprios resultados produzidos. Primeiramente, há o proble-
ma com relação à produção desses resultados, já que em certos casos os
efeitos das políticas públicas só irão se manifestar após passado um perí-
odo de maturação (ibidem). Assim, pode-se acabar avaliando uma política
como fracassada, mas que, no futuro, perceba-se que, em verdade, teve
sucesso. Exemplo disto é o de políticas que lidem com a educação infan-
til, pois não se farão imediatamente aparentes a maioria dos efeitos da
mesma, mas somente quando os indivíduos objetos da política atingirem
a fase da adolescência ou adulta, anos após aquela implementação.
4. Considerações Finais
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 07
1. De acordo com o material, a diferença entre os resultados
e os impactos de uma política pública é que:
a) Os impactos podem ser positivos ou negativos, enquan-
to os resultados são positivos.
b) Os impactos referem-se às consequências separadas
da política pública para cada indivíduo ou grupo de in-
divíduos, já os resultados referem-se às consequências
gerais da política.
Referências Bibliográficas
Gabarito – Tema 07
Questão 1 – Resposta: D
A primeira alternativa está incorreta, pois os resultados podem tam-
bém ser considerados positivos ou negativos. Já a segunda e a tercei-
ra, além de não trazerem a diferença correta entre impactos e resul-
tados, ainda apresentam definições errôneas do que sejam impactos
e resultados. Por fim, a quinta alternativa está incorreta devido ao
fato de que as definições de resultados e impactos estão invertidas.
Questão 2 – Resposta: B
A primeira afirmação é uma espécie de definição do critério da efici-
ência administrativa e a segunda é um fato acerca dele que não tem
qualquer influência sobre essa definição. Assim, embora sejam ver-
dadeiras, uma afirmação não justifica a outra.
Questão 3 – Resposta: A
O suposto fracasso de uma política pública frente à sociedade não
é um obstáculo para a avaliação da política, mas sim mero objeto
de análise dela. Ademais, a definição de objetivos de uma política é
um problema de formulação, não avaliação de políticas públicas; a
dificuldade da avaliação está em se tentar interpretar objetivos que
foram mal definidos. Por fim, a falta de vontade política para realizar
avaliação não pode ser considerada um problema próprio do pro-
cesso de avaliação, pois ele sequer existe nessa situação hipotética.
Assim, a única alternativa correta é a restante, que não inclui ne-
nhum desses erros.
Objetivos
1. Accountability
Inclui, mas não se limita àquela tradicional fiscalização entre os três pode-
res – Executivo, Legislativo e Judiciário –, pois entidades e atores referen-
tes a um mesmo poder podem fiscalizar uns aos outros também, como
juízes de cortes superiores que decidem sobre a corretude dos julgamen-
tos das cortes inferiores.
Ainda, há, de certa forma, incentivo para que não haja cumprimento dessa
tarefa de fiscalização mútua entre agências e atores estatais, pois, devido
a essa característica de mutualidade, a cobrança de um ator para outro
vem acompanhada da expectativa de que o segundo possa cobrar algo
também do primeiro, até como forma de represália – independentemen-
te de haver, de fato, questão que já deveria ter sido cobrada. Assim, não
é raro que se verifique cooperação explícita ou implícita entre agências
estatais no sentido de ignorarem problemas das demais para que os seus
próprios problemas sejam, dessa forma, também ignorados.
EXEMPLIFICANDO
Um exemplo claro da diferença entre a manipulação da per-
cepção quanto a um problema e quanto a uma política pú-
blica é o caso de um rio evidentemente poluído. Atores esta-
tais podem arguir pela eficácia ou ineficácia de uma política
implementada para despoluí-lo, ao afirmar que o progresso
dela é lento, mas bom, ou que ocorre em nível insignificante
e a política é ineficaz. Contudo, dificilmente se poderá mani-
pular a percepção da sociedade para fazê-la crer que o pro-
blema está resolvido, já que, por exemplo, o fato de a água
do rio ainda não ter retornado à sua coloração natural deixa
evidente que o problema persiste.
A terceira e última situação que pode levar uma política pública a ser ex-
tinta é aquela em que, ainda que não tenha sido resolvido, o problema
simplesmente perdeu importância frente à sociedade em geral e o Estado,
a ponto de sair das agendas sistêmica e institucional; ou, até mesmo, sair
só da agenda institucional, pois, fundamentalmente, quem tem poder de
decisão direto sobre as políticas públicas é o Estado e, portanto, a agenda
mais relevante no caso é a relativa às prioridades dele.
1
Traduzido do original: “derivada del hecho de que las organizaciones especializadas estan diseñadas para durar”.
2
Traduzido do original: “adaptan su funcionamiento con el fin de sobrevivir”.
Fernández (2008) traz esse obstáculo que Secchi (2010) não menciona,
que é um caso mais específico em que se imagina a possibilidade de ha-
ver uma coalizão de todos os interessados e beneficiários da política pú-
blica que, juntos, se opõem à extinção dela.
Além de aumentar os mencionados custos de iniciação do processo de
extinção da política, as coalizões também podem continuar durante o
mesmo, para que não se tenha sucesso. A ação dessas coalizões pode se
manifestar de inúmeras formas, com a mais evidente delas sendo, talvez,
a possibilidade de haver marchas, passeatas e outros tipos de manifes-
tações públicas que explicitem a vontade daqueles atores de impedir a
extinção daquela política.
3
Traduzido do original: “The greater effectiveness of relatively small groups-the ‘privileged’ and ‘intermediate’ groups-is
evident from observation and experience as well as from theory”.
3. Considerações Finais
Glossário
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
TEMA 08
1. De acordo com o que foi visto nesta leitura fundamental,
pode-se afirmar quanto à extinção de políticas públicas que:
a) As políticas públicas são frequentemente extintas,
devido à necessidade do Estado de ser eficiente e
não desperdiçar recursos com políticas ineficazes ou
desnecessárias.
b) As políticas públicas são frequentemente extintas, de-
vido à facilidade de fazê-lo, já que são criadas pelos
agentes estatais e eles podem extingui-las quando e
como desejarem.
c) As políticas públicas dificilmente são extintas, pois, em
ves de extingui-las, são geralmente redefinidos os pro-
blemas de que elas tratam ou alteradas algumas dis-
posições da política para que tenha continuidade sob
outra forma.
Referências Bibliográficas
DEUBEL, André-Noël R. El estudio de caso. In: DEUBEL, André-Nöel R. Políticas públi-
cas: formulación, implementación y evaluación. Bogotá D.C.: Aurora, 2006.
FERNÁNDEZ, Antoni. Las políticas públicas. In: BADIA, Miquel Caminal (Ed.). Manual de
ciencia política. 3. ed. Madri: Tecnos, 2008.
OLSON, Mancur. The logic of collective action: public goods and the theory of
groups. Cambridge: Harvard University Press, 2002.
VALLÈS, Josep M. Ciencia política: una introducción. 7. ed. Barcelona: Ariel, 2008.
Gabarito – Tema 08
Questão 1 – Resposta: C
As duas primeiras alternativas são incorretas, pois sofrem de erro
fundamental ao afirmar que há extinção em ritmo frequente de
políticas públicas – o que é contrário ao posicionamento de todos
autores citados neste material. A quarta alternativa é incorreta,
pois afirma que há frequente unanimidade de posicionamento
dos interessados em uma política pública, o que é praticamente
impossível que ocorra, considerando-se o grande escopo das po-
líticas públicas. Por fim, a última alternativa é incorreta devido ao
fato de que, embora tenha grande influência na decisão, não é a
sociedade em geral que irá decidir se uma política pública será ex-
tinta ou não, mas sim os agentes estatais encarregados de realizar
essa tarefa.
Questão 3 – Resposta: D
A primeira alternativa é incorreta, pois as definições de accountability
vertical e horizontal estão invertidas. A segunda alternativa é incor-
reta, pois traz denominações para os dois tipos de accountability que
não são as adotadas. Por fim, a terceira e a última alternativa são
incorretas, pois afirmam que a accountability só se constitui por meio
de mecanismos informais ou formais, quando, em verdade, pode se
realizar por mecanismos de qualquer uma dessas duas formas.