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Versão para Impressão - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - ENTENDENDO O PERCURSO DESTE COMPONENTE CURRICULAR PDF
Versão para Impressão - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - ENTENDENDO O PERCURSO DESTE COMPONENTE CURRICULAR PDF
JOVENS E ADULTOS:
ENTENDENDO O
PERCURSO DESTE
COMPONENTE
CURRICULAR
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília
Apresentação
Olá, seja muito bem-vindo(a)!
Nesta unidade, que está dividida em 4 seções, trataremos da Educação de Jovens e Adultos:
entendendo o percurso deste componente curricular.
Na terceira seção, vamos analisar como Paulo Freire influenciou na Educação popular da
EJA, devido à urgência de se promover uma educação de massa, visando a preparar as
pessoas para o trabalho nas fábricas, onde o autor menciona que a educação não é uma
ação neutra, e sim política.
Esta Unidade está organizada em quatro seções que abordam, na sequência, os seguintes
conteúdos:
Bons estudos!
Objetivos
Compreender o contexto histórico em que a Educação de Jovens e Adultos surge, no
Brasil, até se tornar uma modalidade de ensino.
Identificar no contexto histórico brasileiro quando a Educação de Jovens e Adultos se
torna necessária, a partir da educação Jesuíta.
Verificar como ocorreram as reformas e movimentos que influenciaram na Educação
de Jovens e Adultos, ao mesmo tempo, em que cuidam da renovação dos sistemas de
educação de modo geral.
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Desafio
Leia o artigo “Identidades da EJA: Conquistas, Desafios e Estratégias de Lutas ”, de
Barbara Belanda Benevides da Silva, Josué Campos e Neuza Custódio Ribeiro. O artigo trata
da identidade da EJA, fatos, acontecimentos e interesses voltados para a aprendizagem.
Ao realizar a leitura, você deverá postar, no AVA, uma breve dissertação, com no mínimo 10
linhas e no máximo 15 linhas, apontando a sua compreensão a respeito das lutas,
conquistas e desafios da EJA.
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Conteúdo
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: contexto
histórico
Para iniciar esta seção, podemos afirmar que, em nosso país, temos uma história da
educação muito recente e, em se tratando de Educação de Adultos, há uma dívida histórica
e gigantesca na tentativa de alfabetizar os jovens e adultos, que vem desde o
descobrimento do Brasil, quando ainda éramos uma nação indígena, até os tempos atuais, e
o que se configura é que não conseguimos superar a meta de todos os jovens e adultos
alfabetizados no país.
Por que afirmo isto? Porque quando o Brasil foi civilizado, o processo de escolarização não
se deu de forma imediata, pois essa não era uma prioridade de nossos colonizadores. Por
isso, para poder explicar e entender o atraso com a Educação de Jovens e Adultos, em
nosso país, podemos começar pegando o caminho histórico a partir da educação imposta
pelos jesuítas, em 1549 (ARANHA , 2010).
De acordo com Aranha (2010), os Jesuítas eram padres que vinham para o Brasil com a
intencionalidade de civilizar os índios, por isso queriam catequizá-los e, em alguns casos,
até alfabetizar, mas essa não foi uma tarefa nada fácil e nem a prioridade dos jesuítas. Essa
aculturação dos índios acontecia, muitas vezes, de forma agressiva, imposta pela batalha de
escravizá-los, pois os índios conheciam muito bem a mata e sumiam entre ela. Outra forma
aconteceu pela conquista dos índios, naturalmente, com peças de teatro, arte, muita música
e lúdico, com a intencionalidade de conquistá-los para, assim, poder civilizá-los. Veja a
Figura 1.
Inicialmente, as aulas com os jesuítas aconteciam em qualquer lugar, os índios mais velhos
não tinham muita paciência para parar e escutar os jesuítas e era mais fácil trazer, para esta
escuta, os curumins mais novos.
Nesse percurso, havia a crença que esse trabalho dos missionários, era o caminho para
salvar almas, mas por trás de tudo isso, pode-se dizer que esse era o melhor caminho para a
submissão, e dominação, dos índios pelos colonizadores (PILETTI , 1988).
A colonização no Brasil não tinha diretamente a ideia de alfabetizar índios, pois em meio a
este processo de aculturação dos índios, havia um jogo de interesses de exploração de
nossas riquezas e escravizar os índios. Aliás, “escravizar os índios” foi uma tentativa que
não deu muito certo, pois eles conheciam muito bem a sua região e quando queriam
sumiam entre a mata. Por isso, a ideia era mais de conversão do que ensinar as letras aos
índios.
Deste modo, conforme Soares (1996), podemos afirmar que as primeiras iniciativas para a
Educação de Adultos no Brasil aconteceram no período colonial. Os filhos dos
colonizadores e mestiços recebiam as instruções através das escolas criadas pelo Padre
Manuel de Nóbrega. Em 1759, a Coroa Portuguesa, cismada com a diminuição dos lucros
que o país estava lhe proporcionando, envia para o Brasil, o Marques de Pombal, que já
chegou desconfiado que os Jesuítas não mais estivessem servindo aos interesses da cora
portuguesa, promovendo, portanto, a expulsão dos jesuítas. Mas, em troca, nada trouxe de
novo para educação de nosso país. Este período foi considerado praticamente nulo para o
avanço da escolarização brasileira. Esta fase na História da Educação é conhecida como o
“Período Pombalino”, que é caracterizada pela expulsão dos jesuítas. Veja Figura 2.
De acordo com Aranha (2010), essa situação significou atraso educacional e isso muda
com a chegada da família Real ao Brasil. Foi a partir deste acontecimento, que se tornou
necessário a organização de locais de ensino adequados para atender à demanda
educacional dos parentes da aristocracia portuguesa.
Por isso, podemos afirmar que foi com a vinda da Família Real para o Brasil, que houve as
primeiras exigências para a criação de escolas ao nível da família aristocrata portuguesa,
não para todos os índios e sim para quem fazia parte deste grupo seleto da corte. A partir
deste acontecimento histórico, outras demandas aconteceram na área educacional de
nosso país, pois havia a necessidade urgente de adultos alfabetizados de cursos técnicos e
superiores para dar conta das necessidades da Coroa, a exemplo do Curso Militar,
Advocacia e Medicina em nosso país. É neste contexto, que, no Brasil, havia um alto índice
de analfabetos e a necessidade de escola ao nível dos filhos dos que compunham a corte
em nosso país.
Por isso, no império, foram firmadas novas ações na Educação de Jovens e Adultos e pouco
se fazia pelas escolas de primeiras letras, pois este não era o foco naquele momento. Havia
as chamadas aulas régias, que aconteciam em escolas noturnas para ensino de adultos,
porém não havia exigências para atestar a qualidade do ensino e tratavam-se de cursos de
curta duração. Em 1824, na Constituição Imperial, temos escrito que é reservada a todos os
cidadãos a instrução primária gratuita. Apesar de esta lei existir, ela era muito restrita
(SOARES, 1996).
No sentido de que, neste período, eram considerados cidadãos as pessoas livres, da elite e
que, possivelmente, poderiam ocupar funções, neste país de natureza burocrática imperial
ou até em funções políticas. Isso quer dizer que, para filhos das camadas populares, por
mais que tivessem interesse em estudar e fossem livres, não poderiam estar incluídos nesta
categoria de alunos aptos a frequentar a escola. Ou seja, por muito tempo as escolas
brasileiras tinham um caráter elitista e eram destinadas a quem podia pagar. Essa restrição,
neste contexto histórico de nosso país, também é motivo para justificar que nada, ou pouco,
se fez para a Educação de Jovens e Adultos, pois não era de interesse da coroa alfabetizar
as pessoas das camadas populares (SOARES, 1996).
De acordo com Paiva (1973), quando a sociedade brasileira começou a seguir o caminho
rumo à industrialização e à urbanização, esses acontecimentos exigiam que um novo
modelo de sociedade fosse colocado em prática, em que o cidadão demonstrasse certo
domínio de conhecimento e que apresentasse habilidades de trabalho, e, de modo geral, a
escola passou a assumir a função de educar para a vida, e de novas aprendizagens do
trabalho. Em 1854, é datado o ano em que surge a primeira escola noturna brasileira.
Passados, aproximadamente, 20 anos, em nosso país, já existiam cerca de 117 escolas, a
exemplo das províncias do Pará e do Maranhão, que já estabeleciam fins específicos para
sua educação. Ainda conforme o autor citado, foi no Pará e no Maranhão que visaram
ensinar aos escravos, isto aconteceu a partir do entendimento que era preciso compreender
que os homens do povo pudessem conhecer seus direitos e deveres (PAIVA, 1973).
Após a abolição dos escravos, surge uma sociedade fabril. Isso quer dizer que o Brasil
precisava de mão de obra para trabalhar nesta fábrica e a sociedade se redesenha, passa
por mudanças. Agora temos o operário da fábrica e isso exige pessoas escolarizadas, ou
que pelo menos realizem leituras e saibam, no mínimo, realizar as quatro operações
matemáticas. Com a reforma eleitoral, a Lei Saraiva, em 1880, foi uma das primeiras
iniciativas a sugerir a obrigatoriedade escolar, no tocante aos adolescentes e adultos, em
cidades que tenham escolas funcionando à noite. É perceptível, neste período, a urgência
por escolas que atendam os adultos no turno da noite, mas não teve muito sucesso, pois
com qualquer dificuldade os alunos evadiam-se (PAIVA, 1973).
Ao final deste texto, ficou evidenciado que a educação indígena é um marco na história da
educação no Brasil, nesse ínterim, por cerca de 210 anos, entre a catequização dos índios e
a expulsão dos jesuítas, mas até a chegada da Família Real, pouco se fez para o
desenvolvimento da educação do país, naquele momento. Havia uma forte ideia de
exploração das riquezas do Brasil, mas era praticamente zero as iniciativas de alfabetizar
índios adultos, com a finalidade de torná-los cultos para os saberes escolares, por isso,
podemos concluir que pouco, ou quase nada, se fez para que os índios aprendessem as
primeiras letras. A ideia de instituição escolar, para os filhos da aristocracia, só se
concretiza a partir da vinda da Família Real ao Brasil.
Vamos iniciar esta seção perguntando: Em que lugar acontece a Educação de Jovens e
Adultos no Brasil?
Podemos dizer que, em nosso país, temos uma história da educação muito recente e, em se
tratando de Educação de Adultos, há uma dívida histórica em alfabetizar nossos jovens e
adultos, que vem desde o descobrimento do Brasil, quando ainda éramos uma nação
indígena, até os tempos atuais, pois não conseguimos superar a meta de adultos
alfabetizados no Brasil.
Até a Primeira Guerra Mundial, não podemos afirmar que havia discussões acerca do
problema da educação para o povo. Neste contexto, além de trazer à tona a necessidade de
aumentar a rede de ensino elementar, junto a essa necessidade do povo brasileiro, também
havia o alto índice de adultos analfabetos, que se tornou o problema da educação dos
adultos. Paiva (1973, p.168) afirma que, em meio às décadas de 1920 e 1930, já havia
reformas do ensino que tratassem da “educação dos adultos ao mesmo tempo em que
cuidam da renovação dos sistemas de um modo geral. Somente na reforma de 28 do
Distrito Federal ela recebe mais ênfase, renovando-se o ensino dos adultos na primeira
metade dos anos 30”. Temos aí, o cenário de um Brasil praticamente todo manufatureiro,
agrário e sua população concentrada na zona rural, o que muda após a Primeira Guerra
Mundial, quando se torna um país industrializado e mais urbanizado.
Isso quer dizer que o trabalho era manual e que precisávamos de um novo perfil de
funcionário. A fábrica tinha funções e o seu funcionário deveria, no mínimo, saber ler e
escrever, para poder trabalhar. Esse novo perfil exigido para o homem trabalhador, exigia que
ele viesse morar na cidade, perto das fábricas e, com isso, também foram reivindicados
escolas, igrejas, hospitais, o que culminou no desenvolvimento de grandes cidades. Veja a
Figura 3.
Figura 3 - Industrialização
Nas discussões de ampliação de oportunidades de estudos, para quem não tinha acesso à
educação, nem podia pagar por ela, e a urgência da escolarização de pessoas para atuarem
na fábrica, tem se posto um jogo de interesses, agravado pela falta de políticas que
assegurassem, de fato, a gratuidade do ensino.
De acordo com Moura (1999, p.25), em 1940, surgem, no Brasil, várias propostas para a
área da alfabetização de jovens e adultos, tais como:
A regulamentação do Fundo Nacional de Ensino Primário – FNEP; a criação do
INEP, incentivando e realizando estudos na área; o surgimento das primeiras
obras especificamente dedicadas ao Ensino Supletivo; lançamento da CEAA –
Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, através da qual houve uma
preocupação com a elaboração de material didático para adultos e a realização
de dois eventos fundamentais para a área: o 1º Congresso Nacional de Educação
de Adultos realizado em 1947 e o Seminário Interamericano de Educação de
Adultos de 1949 (MOURA, 1999 p.25).
Deste modo, as campanhas e a educação de massa surgem como uma urgência em nossa
sociedade:
Outro fator, que contribuiu para uma educação de massa, é a consideração da
pessoa analfabeta como ignorante, incapaz, cabeça dura, sem jeito para as
letras. Nesse caso, as pessoas adultas que não fossem alfabetizadas deveriam
receber a mesma educação empregada na educação de crianças, pois esses
adultos analfabetos estavam inaptos a compreender. Mas, ao mesmo tempo em
que se considerava adultos como crianças, tinha-se a ideia de que os adultos
eram mais fáceis de alfabetizar, por isso os alfabetizadores não necessitariam de
formação especializada, qualquer pessoa alfabetizada poderia exercer a função
de maneira voluntária (STRELHOW , 2010, p.53).
Contudo, sem muito sucesso, essa Campanha foi extinta. Sem sucesso por questões
administrativas, financeiras e metodologias adequadas a faixa etária de seus alunos. Em
1934, tivemos no Brasil o Plano Nacional de Educação, que previa o ensino primário integral
obrigatório e gratuito estendido as pessoas adultas.
Segundo Paiva (1973), entre as décadas de 1950 e 1960, estava cada vez mais explícita a
urgência de promover uma educação da massa, pois era preciso que a população estivesse
alfabetizada, para poder trabalhar nas fábricas. Essas décadas são consideradas um marco
na área da educação de adultos. É neste período que aconteceu o "II Congresso Nacional de
Educação de Adultos". Paulo Freire ganha destaque neste evento defendendo o relatório
idealizado por um grupo de educadores pernambucanos, "A Educação de Adultos e as
populações Marginais: o problema dos mocambos". Neste trabalho, o educador defende
que deve acontecer na educação de adultos, a estimulação na colaboração, decisão,
participação e responsabilidade social e política. Ainda sobre este educador, é relevante
destacar que ele é um educador brasileiro, que ganha destaque com sua atuação na
Educação de Jovens e Adultos, com a educação popular que sistematiza, a partir de 1962. É
importante afirmar aqui que, Paulo Freire, apesar de trabalhar com a educação popular, por
várias vezes fez questão de dizer que não instituiu um método, porém, sua atuação caminha
num percurso que indica que a educação não é uma ação neutra, e sim política.
Você deve estar se perguntado, neste momento, por que política professora?
Porque a marca que Paulo Freire deixou para nós, foi que não há neutralidade na educação e
sim a educação dever ser intencional. Não existe um educador neutro, não existe aquele que
diz estar em cima do muro, existe aquele que está deste ou daquele lado do muro. Paulo
Freire explica, ainda, que a sociedade é dividida em classes, e quando você está de um lado
do muro, você estará colaborando com um modelo de sociedade, onde tem poucos no
poder, e se você estiver atuando do lado de lá do muro, suas ações devem estar condizentes
com o que o povo precisa de fato, e não a elite. Para isso, é preciso que se tenha todo um
sistema coerente, no qual a teoria informa a prática pedagógica e seus meios.
Reafirmando o que já foi escrito aqui, Paulo Freire defendeu a educação popular como
prática de liberdade, e que um educador deve ter intencionalidades políticas, com a
finalidade de emancipação do sujeito. Por isso, dizemos que a proposta para a
alfabetização de adultos, defendida por este estudioso, deve acontecer conforme a área da
educação popular. Esse interesse, deste educador, contou com o apoio de intelectuais e
estudantes católicos envolvidos numa ação política em conjunto a grupos considerados
populares.
Paulo Freire escreveu várias obras na área da Educação Popular, dentre elas, merece
destaque a “Pedagogia dos Oprimidos”. Nesta obra, o educador explicita o modelo de
educação bancária, que em nada emancipa a vida desse aluno, mas defende, neste livro,
que o ensino, nas escolas para adultos, deve procurar saber a realidade em que vive esse
aluno, para saber agir, pedagogicamente, e, assim, se tornar um elemento de transformação
desta realidade. A educação de fato deve visar a transformação da realidade vivida e,
jamais, visar o conformismo, com o que se apresenta, pois devemos evitar a alienação de
nossos alunos.
De acordo com Eugênio (2004, p.43), em 1964, temos, no Brasil, a aprovação do “Plano
Nacional de Alfabetização”, que objetivava colocar em prática programas de alfabetização
orientados pela proposta de Paulo Freire, que não durou muito tempo, pois foi interrompida
de imediato após o golpe militar. “O golpe de 1964 põe fim aos ricos momentos de
educação popular do início dos anos de 1960. Extingue-se o debate educacional, através de
cassações, exílios, tortura e de destruição da literatura marxista”.
Sendo assim, no início de 1960, o pensamento pedagógico freiriano, e sua proposta para a
alfabetização de adultos, origina-se nas propostas de alfabetização e educação popular.
Nesse período, o Plano Nacional de Alfabetização foi disseminado por todo o Brasil e a
preparação, do referido documento contou com o apoio de estudantes, sindicatos e diversos
grupos, estimulados pela ebulição política da época. Por isso, podemos afirmar que o
pensamento deste estudioso da educação popular, se edificou numa prática baseada no
entendimento de que há uma relação direta entre a problemática educacional e a
problemática social. Paulo Freire, em seus livros, discute esta problemática e nos faz refletir
que, antes o analfabetismo era considerado causa da pobreza, assim as pessoas
analfabetas passavam a ser percebidas como uma consequência da situação de pobreza,
gerada por uma estrutura social que não defende a igualdade.
Conforme a citação acima, percebe-se que era uma ação intencional da época, trabalhar a
alfabetização de forma técnica e com finalidades de atender ao mercado de trabalho da
época, que tinha urgência em atender ao mercado de trabalho, com pessoas alfabetizadas
minimamente, para estarem aptas ao trabalho nas fábricas, que se instalavam no Brasil.
Portanto, muitos dos brasileiros que queriam fazer a diferença, se permitindo educar e
serem educados, foram massacrados pela ditadura militar e exilados. Compreende-se que, a
educação da EJA, segundo Freire, deve formar cidadãos conscientes da sociedade a qual
estão inseridos, e que, de fato, deve dispor-se a modificação da realidade vivida e nunca
tender ao conformismo, uma vez que devemos procurar evitar a alienação e evasão escolar
dos alunos.
Mudanças ocorridas na EJA, no fim da Ditadura Militar
Por isso, podemos afirmar que, o dever do Estado, para com a educação, está garantido
com a redação do Inciso I, do artigo 208, acima. Apesar das discussões promovidas neste
artigo, neste período, também pouco se fez pela Educação de Jovens e Adultos. A crítica
sobre esta questão é que esta lei assegura a educação para todos, mas afirma que não
demorou para que o discurso de desqualificação da Educação de Jovens e Adultos
acontecesse nas propostas de educadores brasileiros e da assessoria do Banco Mundial,
propondo uma Emenda Constitucional, no citado artigo, na qual o governo manteve a
gratuidade da educação pública para todos que não tiveram acesso à escolaridade básica.
Sendo assim, ficou a Educação de Jovens e Adultos, no mesmo patamar da Educação
Infantil, reconhecendo que a sociedade foi incapaz de garantir escola básica para todos, na
idade adequada.
Como se pode perceber, a Educação de Jovens e Adultos é caracterizada por uma prática de
constantes avanços e recuos na história da educação brasileira.
Sendo assim, na década de 1990, apesar da existência deste artigo na Constituição Federal,
que definiu a educação como “direto de todos”, ainda há poucas políticas públicas
educacionais favoráveis a este setor.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram
acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade
própria.
Agora com a LDBEN 9394/96, com artigos que discorrem sobre direitos da Educação de
Jovens e Adultos, também temos o parecer do Conselho Nacional de Educação
reconhecendo a dívida social e a necessidade de investimento pedagógico nesta
modalidade de Ensino. Nisto, admite que há necessidade de uma reorganização curricular e
repensar as experiências e etapas anteriores que aconteceram em nossos estados, e,
também, foram construídas Diretrizes Curriculares, visando à implementação da Política
Educacional para adultos e jovens trabalhadores.
Observa-se acima que, a Educação de Jovens e Adultos – EJA, está presente nos artigos 37
e 38, e tratam sobre a EJA de forma muito superficial, nos quais não há propostas que
garantam as necessidades básicas para o acesso, a permanência e a aprendizagem dos
envolvidos, e com a diminuição da idade para 15 e 18 anos, nos níveis de conclusão de
Educação Básica, nesta determinação da lei, aumentou, expressivamente, a demanda por
esta modalidade de estudo.
Na década de 1990, com a redemocratização de nosso país, após retornar ao Brasil,
naquele momento político, apoiado por vários governos municipais progressistas, Paulo
Freire, na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, desenvolve Programas de
Alfabetização e Escolarização de Jovens e Adultos, e lança o Movimento de Alfabetização
de Jovens e Adultos - MOVA, colocando em prática seus ideais, espalhando-se por todo o
país (HADDAD , 2007).
O autor destaca, ainda, que apesar de que as ENEJAS aconteçam em todo o país, com apoio
de várias organizações, tais como CONSED, UNDIME, SESI e UNESCO, e, mais recentemente,
de vários ministérios do governo, especialmente do Ministério da Educação, mantiveram a
sua natureza independente de discussão, em prol da qualidade do ensino da EJA. Todos os
encontros foram documentados e, a partir deles, é realizado um relatório final, que sintetiza
as reflexões, recomendações e decisões tomadas, para posterior divulgação de seus
resultados. O Ministério da Educação, a partir de 2004, realiza um diálogo com os fóruns,
com a finalidade de lançar propostas de política públicas nesta área da educação. Foi
através das constantes discussões e relatos de experiências de Educação de Jovens e
Adultos, na década de 1990, que, em 10 de maio de 2000, foram produzidas as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Este documento determina a
Educação de Jovens e Adultos como direito, e trocam a ideia de compensação, por
princípios de reparação e equidade em nosso país. Esse documento, também, visa à
superação do ponto de vista preconceituoso do analfabeto, ou iletrado , como pessoa
inculta ou apta para tarefas e funções ditas desqualificadas no mundo do trabalho.
No Brasil, neste contexto, é perceptível que a Educação de Jovens e Adultos passa por
grandes transformações, pois passa a ser incluída no Plano Nacional de Educação (PNE),
em 2001.
Atualmente, a modalidade da EJA ainda está longe de chegar perto das expectativas, pois
falta capacitação, há evasão escolar considerável, dentre outros.
Finalizando a Unidade
A intenção dos Jesuítas que vinham para o Brasil, era procurar civilizar a população
indígena e, em alguns casos, até alfabetizar, mas essa não foi uma tarefa nada fácil.
As primeiras iniciativas para a Educação de Adultos no Brasil aconteceram no período
colonial. Os filhos dos colonizadores e mestiços recebiam as instruções através das
escolas criadas pelo Padre Manuel de Nóbrega. Não havia na lei nenhuma orientação
de como deveria ser garantido o direito dos alunos da EJA.
Dica do Professor
Leia mais em:
Paulo Freire. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996, 165p.
©2018 Copyright ©Católica EAD. Ensino a distância (EAD) com a qualidade da Universidade Católica de Brasília
Saiba Mais
Leia o artigo “Educação de jovens e adultos: reflexões, perspectivas e desafios ”, de Pedro
Augusto de Oliveira Diniz.
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Referências
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. 3. ed. São
Paulo: Moderna, 2010.