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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE COIMBRA

COMPONENTE DE PROJECTO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Domínio Cognitivo e Motor

AUTISMO

ENTRE A FAMÍLIA E DA ESCOLA

DOCENTE DISCENTES

Doutor João Vaz Anabela Saraiva Quadrado

Clara Maria Morais Correia

Cláudia Maria Cardoso Duarte


“Autismo começa com A, por acaso – ou necessidade – a primeira letra do alfabeto.

Também com A começa Amizade, Altruísmo, Apoio, Atenção, Amor…

Se a proximidade dessas palavras tem algo a ver, ou é apenas obra do acaso, quem vai

dizer é o seu coração.

Auxilie um Autista da melhor forma que possa: seja com Amizade, Com Atenção, com

Amor… ou, se o seu coração permitir, utilize o alfabeto inteiro: respeito, inclusão social,

serenidade, gentileza, carinho, e tantos outros sentimentos que apenas o correcto uso do

Alfabeto não consegue exprimir.

Como muitas Autistas. A Humanidade, letrada, agradece.”

Priscilla S. Gonçalves

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


1. Designação da Acção

AUTISMO

ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

Esta Acção de Formação será ministrada por três formadoras. As temáticas


serão abordadas em três sessões de seis horas, distribuídas por três Sábados
consecutivos.

2. Enquadramento e razões justificativas da Acção

Durante um longo período de tempo, julgou-se que as crianças com


Perturbação do Espectro do Autismo seriam incapazes de adquirir conhecimentos e
melhorar a sua qualidade de vida. Todavia, nos dias que decorrem, tal diagnóstico já
não faz sentido, uma vez que podemos investir profundamente na educação dessas
crianças. Tal facto é-nos confirmado por Ozonoff et al (2003, p.47), que nos
disseram:

“Julgou-se em tempos que o autismo era um diagnóstico desesperado,


com reduzidas perspectivas de melhoras e mesmo sem tratamento (…).
Actualmente, porém, a investigação sugere que as crianças com autismo
podem melhorar muito com certas espécies de intervenções.”

A escolha do tema da nossa formação, “Autismo – Entre a Família e a


Escola”, fundamenta-se nos mais diversos interesses, sendo que o primordial se
centra, de facto na criança com Espectro Autista, nas suas características e no modo
como poderá superar algumas das dificuldades que a caracterizam. Quanto mais
precocemente se iniciar a intervenção, melhores serão os resultados. Programas de
intervenção precoce estruturados, especializados e consistentes contribuem para
melhorias significativas nas capacidades e comportamentos destas crianças.
Para além da criança, iremos, por outro lado, centrar a nossa atenção no meio
envolvente daquela, isto é, nas atitudes da família, educadores / professores e dos
próprios colegas face a ela, considerando-os elementos fundamentais numa
intervenção. É de extrema importância que tanto a família como os educadores /
professores consigam unir-se de forma a proceder a uma intervenção adequada, no

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sentido de promover o desenvolvimento harmonioso da mesma. Pretendemos
mostrar que, apesar dos limites manifestados por uma criança com Perturbações do
Espectro do Autismo e de todas as dificuldades e emoções sentidas pelos
educadores / professores e família, a estimulação e motivação de todos são
essenciais.
Assim, as causas e as características do Espectro do Autismo, as atitudes da
família, educadores e colegas, bem como as diferentes formas de intervenção serão
os conteúdos principais abordados no nosso trabalho.

3. Destinatários da Acção

Docentes do Ensino Pré-escolar, 1º, 2º e 3º Ciclos e Secundário, a leccionar


no Ensino Regular.
Grupo de 25 formandos.

4. Objectivos a atingir

Nesta formação pretendemos essencialmente os seguintes fins:

4.1 Objectivos Gerais

 Promover a Escola Inclusiva


 Sensibilizar os formandos para a problemática das PEA
 Fomentar o interesse pela pesquisa sobre as PEA

4.2 Objectivos Específicos

1. Perturbação do Espectro do Autismo


 Conhecer a perspectiva histórica do conceito de Autismo;
 Definir as Perturbações do Espectro do Autismo (PEA);
 Indicar as causas e características do Espectro do Autismo;
 Conhecer os critérios clínicos de diagnóstico das PEA;

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 Conhecer instrumentos de diagnóstico/avaliação das Perturbações do
Espectro do Autismo.
 Conhecer todos os tratamentos

2. A PEA na Família

 Conhecer o ciclo de reacções emocionais e crenças parentais associadas ao


diagnóstico de uma Perturbação do Espectro do Autismo;
 Reconhecer a importância da família no processo de avaliação e de
intervenção.

3. A PEA na Escola

 Constatar as dificuldades e emoções sentidas pelos educadores e


professores;
 Constatar as emoções sentidas pelos colegas dos alunos com PEA;
 Enquadrar legalmente o Espectro do Autismo.

4. Estratégias de Intervenção

 Conhecer estratégias de intervenção na comunicação e comportamento

 Conhecer o modelo de ensino estruturado: Modelo TEACCH

 Distinguir estratégias para desenvolver as competências sociais em crianças e


jovens com PEA, no Ensino Regular;

 Produzir estratégias de Intervenção no ensino pré-escolar, básico e


secundário no ensino regular

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5. Plano Geral da Acção

Designação da Acção: Autismo - Entre a Família e a Escola

Componente da Duração Calendário Formadores


Acção
Perturbações do
Espectro do Autismo 6 horas Sábado Clara Correia
--/--/2008
A PEA na Família
A PEA na Escola 6 horas Sábado Anabela Quadrado
--/--/2008
Estratégias de
Intervenção 6 horas Sábado Cláudia Duarte
--/--/2008

6. Conteúdos da Acção (EM ELABORAÇÃO)

1. Perturbação do Espectro do Autismo


O Autismo é uma perturbação do neurodesenvolvimento que implica dificuldades
nas áreas da Interacção Social, Comunicação e Comportamento. A gravidade da
perturbação e as suas características variam, pelo que se fala actualmente em
Perturbações do Espectro do Autismo (PEA).
1.1 Evolução histórica do conceito de Autismo
1.2 Perturbações do Espectro do Autismo
1.3 Variação clínica ao longo do desenvolvimento
1.4 Etiologia – Identificação das Causas
1.4.1 Teorias psicogénicas
1.4.2 Teorias biológicas
1.4.3 Teorias psicológicas

1.5 Diagnóstico
1.6 Diagnóstico diferencial
1.7 Tratamento

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1.8 Prognóstico

2. A PEA na Família

A família constitui o alicerce da sociedade e, assim, é um dos principais contextos de


desenvolvimento da criança.

2.1 Reacção familiar e ciclo de sentimentos


Perante um diagnóstico de PEA, as reacções iniciais mais típicas
manifestadas pelos pais serão as de choque, rejeição e incredulidade,
seguidas de sentimentos de culpa, frustração, raiva, depressão e desânimo
(desorganização emocional). Mais tarde ocorre o ajustamento e a possível
aceitação (reorganização emocional).

2.2 Envolvimento parental – Modelo Ecológico


Os pais são os primeiros e os mais marcantes educadores na vida dos seus
filhos. Deste modo, a Escola deverá sempre envolver a família nas decisões
mais importantes respeitantes à criança/jovem com PEA.O
professor/educador deve reconhecer a participação activa das famílias. Os
pais são elementos cruciais na planificação, execução e avaliação dos
programas de intervenção dos seus filhos.

2.3 Estratégias de intervenção


A colaboração entre a família da criança com PEA e a escola é fundamental,
para que se possam desenvolver estratégias que colmatem as necessidades,
não só da criança com perturbação do desenvolvimento, mas de todos os
membros da família que interagem com ela.
A parceria educacional, deve basear-se na partilha, no respeito, na
negociação, na informação, nas aptidões da família/criança, na confiança e
responsabilidade de ambas as partes nas decisões a tomar.

3. A PEA na Escola
Reconhece-se que a escola se apresenta como uma estrutura central, no
desenvolvimento do processo de inclusão da criança / jovem com PEA na

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sociedade, já que é neste período que acontecem os momentos críticos do seu
desenvolvimento.
3.1 Dificuldades / emoções sentidas pelo educador / professor
A situação educativa é uma situação de comunicação, na qual o educador/ professor
exerce um papel activo de interveniente e de facilitador da comunicação. Sendo uma
das características da criança com PEA, a falha no que diz respeito à comunicação,
o educador/professor poderá sentir dificuldades neste processo.

3.2 Dificuldades / emoções sentidas pelos colegas


3.3 A Escola perante a criança / jovem Autista
3.3.1 A educação Inclusiva e a Declaração de Salamanca
3.3.2 Enquadramento legal – Decreto-lei nº3/2008
3.3.2.1 Projecto Educativo de Escola
3.3.2.2 Projecto Educativo Individual

4. Estratégias de intervenção

4.1 Estratégias de Intervenção e Controlo do Comportamento de alunos com PEA

4.2 Ensino Estruturado segundo o Modelo Teacch

4.3 Ensinar competências da Comunicação a alunos com PEA

4.4 PECS – Sistema de Comunicação por figuras

4.5 Desenvolvimento de competências sociais em crianças e jovens com PEA

4.6 Estratégias de Intervenção no ensino pré-escolar, básico e secundário

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7. Bibliografia

 A Sala TEACCH da Escola da Ajuda (Em linha), 25.3.2008

http://www.asic.pt/pdf/2008RevDiversidades15.pdf

 Autism – Europe (2000). Manual de Boas Práticas para a Prevenção da


violência e dos abusos em relação às pessoas autistas. Lisboa: Protecção
aos Deficientes Autistas

 Autismo - Indice (Em linha), 12.4.2008

http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm32/autismo/ind.htm

 Baptista, C.; Bosa, C. e colaboradores (2002). Autismo e Educação: reflexões


e propostas de intervenção. Porto Alegre: Artmed Editora S. A.

 Barthélemy, C.; Fuentes J.; Gaag, R. van der; Visconti, P. (2000). Descrição
do Autismo. Associação Internacional Autismes-Europe

 Bautista, R. (Org). (1997). Necessidades Educativas Especiais. Lisboa:


Dinalivro (p. 249-266)
 Bosa, C. (2006). Autismo: Intervenções psicoeducacionais. (Em linha),
25.3.2008

www.scielo.br/pdf/rbp/v28/s1/a07v28s1.pdf

 Campos, A. (“s.d.”). Autismo. (Em linha), 16.2.2008

http://www.portoeditora.pt/bdigital/default.asp?
tipo=8&artigo=ESP_20010924_146&...

 Carvalho, A.,; Onofre, C. (s.d.). Aprender a olhar para o outro: Inclusão da


criança com Perturbação do Espectro Autista na Escola do 1º Ciclo do Ensino
Básico. Lisboa: ME / DGIDC

 Centro de Desenvolvimento da Criança; Direcção Regional de Educação do


Centro; Projecto Integrado de Intervenção Precoce. (“s.d.”). Guia Prático para
Actividades Baseadas no TEACCH

 Correia, L. M. (Org). (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto


Editora

 Correia, L. M. (2008). Inclusão e Necessidades Educativas Especiais: Um


guia para educadores e professores. Porto: Porto Editora

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 Cumine, V.; Leach, J.; Stevenson, G. (2006). Compreender a Síndroma de
Asperger: Guia prático para educadores. Porto: Porto Editora

 Decreto-Lei nº3/2008 de 7 de Janeiro, Ministério da Educação

 DSM-IV/TR (Em linha), 21.5.2008

 Direcção Geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular (Em linha),


2.6.2008

http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php

http://sitio.dgidc.min-edu.pt/recursos/lists/repositrio
%20recursos2/dispform.aspx?id=771&rootfolder=/recursos/lists/repositrio
%20recursos2/publicações/educação%20especial

 Entre dois mundos. (2004, Abril) Revista Farmácia Saúde, 91 (p.18-20)

 Evans, M.(Director).(2006). Snowcake [Filme].UK/ Canada: Revolution Films

 Haddon, M. (2007). O Estranho Caso de um Cão Morto. Lisboa: Editorial


Presença (Publicação original 2003)

 Happé, F. (1994). Introducción al autismo. Madrid: Alianza Editorial

 Hewitt, S. (2006). Compreender o Autismo : Estratégias para alunos com


autismo nas escolas regulares. Porto: Porto Editora

 Howlin, P. (1997). Autism- Preparing for Adulthood. London and New York:
Routledge

 Jordan, R. (2000). Educação de crianças e jovens com autismo. Instituto de


Inovação Educacional

 Jordan, R; Powell, S. (1990). As necessidades curriculares especiais das


crianças autistas: Capacidades de Aprendizagem e Raciocínio. London:
AHTACA

 Larkey, S. (2007). Como alcançar sucesso. Porto: Porto Editora

 Levinson, B. (Director). (1988). Rain Man: Encontro de irmãos [Filme].


Hollywood: Metro Goldwyn Mayer

 MacWilliam. P. J.; Winton, P. J. ; Crais, E.R. (2003). Estratégias Práticas para


a Intervenção Precoce Centrada na Família. Porto. Porto Editora

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 Macário, E. (2008, Abril 2). Abrir portas ao autismo. Diário as Beiras. p.3

 Magerotte, G.; Duprez, M.; Magerotte, C.; Houchard, V.; Bury, F. (2005). Os
problemas de comportamento. Lisboa: APPDA

 Martins, A. (2006). Autista, quem …? Eu?. Lisboa: Livros e Livros

 Ministério da Educação (2007) Seminário: Perturbações do espectro do


autismo e modelo de ensino estrurado.

 National Institute of Helth. (2008). Autism Spectrum Disorders (Pervasive


Developmental Disorders)(Em linha), 17.2.2008.
http://www.nimh.nih.gov/health/publications/autism/complet-publication.shtml

 Organização das Nações Unidas. (1994). Declaração de Salamanca.


Salamanca. A/RES/48/96.

 Ozonoff, S.; Rogers; S.J.; Hendren, R.L. (2003). Perturbações do espectro do


autismo: perspectivas da investigação. Lisboa: Climepsi Editores

 Pereira, E. G. (1996). Autismo: do conceito à pessoa. Lisboa: Secretariado


Nacional de Reabilitação

 Pereira, M. C. (2005). Autismo: A família e a escola Face ao Autismo. Vila


Nova de Gaia: Edições Gailivro, S.A.

 Pereira, M. C. (2005). Autismo: Uma perturbação pervasiva do


desenvolvimento. Vila Nova de Gaia: Edições Gailivro, S.A.

 Teles, P. (“s.d.”). Compreender o Estudante com Sindrome de Asperger


.Orientações para Professores .(Em linha) 24.3.2008

www.asic.pt/pdf/2008RevDiversidades15.pdf

 Siegel, B. (2008). O munda criança com autismo. Porto: Porto Editora

 Tetzchner, S.; Martinsen, H. (2000). Introdução à comunicação aumentativa e


alternativa. Porto: Porto Editora

 Strecht, P. (2003). Sair da Concha. (Em linha), 16.2.2008


http://www.apsa.org.pt/backoffice/presentationlayer/resourcesuser//documents
/sair-da-concha.pdf -

 Winnicott, D.W. (1997). Pensando sobre crianças (pp.175-193).Porto Alegre:


Editora Artes Médicas Sul, Ltda.

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 Zimerman, D.; Osorio, L. C. e colaboradores (1997). Como trabalhamos com
grupos. São Paulo: Artes Médicas Editográfica

8. Metodologias de Realização da Acção

As sessões terão uma componente teórica e prática com vista a uma aprendizagem
activa, recorrendo a diversas metodologias e bases de trabalho diferenciadas, das
quais se destacam:

 Exposições teóricas curtas

 Trabalhos individuais e de pequeno grupo (não mais de cinco formandos)

 Debates em grande grupo

 Leitura e discussão de textos

 Visionamento de filmes

 Elaboração de materiais pedagógicos

 Relatos de experiências vivenciadas pelos formandos nas suas práticas

9. Gestão e Organização dos Recursos

A Acção decorrerá no Concelho de Coimbra, em qualquer Agrupamento de Escolas


que manifeste interesse na temática da formação. Será necessária uma sala com
capacidade para os 25 formandos, e que possa ser adaptada para trabalho em
grupo. O espaço deverá também dispor de meios para que os equipamentos
necessários possam funcionar. Os recursos que utilizaremos serão os seguintes:

 Material policopiado do suporte informático utilizado pela formadora.

 Livros

 Filmes

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 Computador

 Datashow

 Televisão

 Leitor de DVD

 Tesouras, cola, vários tipos de papel

 Lápis de cor e marcadores

10. Regime de Avaliação dos Formandos

Os formandos serão avaliados de uma forma contínua, havendo também lugar para
uma auto-avaliação. A avaliação seguirá uma escala de 0 a 20 valores. As
formadoras avaliarão os seguintes itens com base nos respectivos coeficientes:

 Auto-avaliação – 1 / 10

 Assiduidade – 1 / 10

 Participação – 1 / 10

 Portefólio –7 / 10 Este portefólio será elaborado em grupo (cinco formandos).


Dele constarão todos os trabalhos efectuados durante os três módulos da
acção. Este documento poderá ser enriquecido e entregue posteriormente,
em data e local a combinar com as formadoras. Os critérios de avaliação a ter
em conta neste trabalho serão: apresentação, compreensão dos conteúdos,
criatividade. A nota final deste trabalho será atribuída a todos elementos do
grupo. O valor final individual será encontrado através de uma média
aritmética, calculada sobre a avaliação de cada módulo. As pontuações serão
registadas num quadro único.

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PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

AUTO - AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS

Nome:__________________________________________________________

Data: _____/_____/_______

Assinale com um X no quadrado que melhor traduz a sua opinião.

Escala: 1 = Nenhum ; 3 = Suficiente ; 5= Bastante

1.1) Efectue a sua auto-avaliação em relação a: 1 2 3 4 5

a) Assiduidade

b) Participação

c) Portefólio

1.2) Indique outros aspectos:


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________

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PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

AVALIAÇÃO DOS FORMANDOS

Nome:__________________________________________________________
Data: _____/_____/_______
Auto-avaliação Assiduidade Participação Portefólio
NOME TOTAL
(DE 0 a 1) (DE 0 a 1) (DE 0 a 1) (DE 0 a 7)
M M M M M M M M M M M M
O O O O O O O O O O O O
D. D. D. D. D. D. D. D. D. D. D. D.
I 2 3 I 2 3 I 2 3 I 2 3

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PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

FOLHA DE PRESENÇAS

MÓDULO 1 MÓDULO 2 MÓDULO 3


(--/--/2008) (--/--/2008) (--/--/2008)
NOME
MANHÃ TARDE MANHÃ TARDE MANHÃ TARDE

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O FORMADOR

11. Modelo de Avaliação da Acção

 Questionário onde o formando regista opiniões acerca de diversos aspectos


do decurso da Acção.

 Relatório do formador.

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PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

AVALIAÇÃO DA ACÇÃO PELOS FORMANDOS

Nome (facultativo):
___________________________________________________________
Data: _____/_____/_______

Assinale com um X no quadrado que melhor traduz a sua opinião.


Escala: 1 = Não adequado 3 = Adequado 5= Muito adequado

1) Classifique os tema(s)/conteúdos da acção em 1 2 3 4 5


relação a:

a) Interesse

b) Clareza

c) Aplicabilidade

d) Concretização dos objectivos propostos

e) Equilíbrio entre a parte teórica e a parte prática

2) Classifique as metodologias da acção em relação a: 1 2 3 4 5

a) Adequação do(s) método(s) ao(s) conteúdo(s)

b) Fomento de actividade em grupos de trabalho

c) Oportunidade à intervenção dos formandos

d) Qualidade dos materiais utilizados

e) Promoção de actividades para os formandos

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3) Classifique o desempenho do(s) formador(es) em 1 2 3 4 5
relação a:

a) Capacidade de motivação

b) Clareza nas intervenções

c) Relacionamento

d) Promoção de debate e discussão

e) Acompanhamento da actividade dos formandos

4) Classifique a adequação do processo de avaliação dos 1 2 3 4 5


formandos:

a) tipo (teste, trabalho, apresentação oral,...)

5) Classifique a organização da acção em relação a : 1 2 3 4 5

a) O tempo atribuído ao(s) tema(s)

b) Horário das sessões de trabalho

c) A documentação fornecida pelo formador

d) Espaço onde decorreu a acção

e) Materiais/instrumentos didácticos

f) Materiais de apoio (retroprojector, computador, vídeo, ...)

g) Materiais de trabalho (fotocópias, acetatos, cartolinas,...)

6) Esta acção de formação correspondeu às suas expectativas?


_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________________________________

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7) Apresente observações/sugestões para futuras acções de formação:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________________________________________________________________

8) No conjunto, a acção para si teve um valor global de:

1 2 3 4 5

Obrigada pela colaboração – As formadoras Anabela Quadrado, Clara Correia

e Cláudia Duarte

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

RELATÓRIO DO FORMADOR

Nome :________________________________________________________
Data: _____/_____/_______

INTRODUÇÃO: (Síntese do Relatório/ Justificação da Acção)

DESENVOLVIMENTO: (Cronograma da Acção /Objectivos / Decorrer da Acção/


Metodologias de trabalho/ Recursos utilizados/ Materiais produzidos pelo Formador
e Formandos/ Avaliação dos Formandos/ Análise da adequação entre a planificação
e o decorrer da Acção/ Previsão dos efeitos da Acção nos Formandos/ Análise da
auto-avaliação dos Formandos/ Projecção da avaliação da Acção dos Formandos na
futura prática do Formador)

CONCLUSÃO: (Apreciação global dos assuntos constantes do Desenvolvimento /


Sugestões para Acções futuras)

Coimbra, de de 2008

(ASSINATURA)

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


MÓDULO 1

Perturbações do Espectro do Autismo

Temática principal: PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO -


INTERVENÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

Temática parcial: PERTURBAÇÕES DO ESPECTRO DO AUTISMO

Formadora: Clara Correia

Data da realização: 1º DIA - …/…/2008

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Horários: Das 9.00 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas

Conteúdos:

Evolução Histórica

Até ao final dos anos 60 acreditava-se que autismo e esquizofrenia mantinham


uma estreita relação

Leo Kanner

Reconhece a proximidade entre esquizofrenia e autismo mas defende a


identidade diagnóstica deste

TRÊS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS

1. Inabilidade de relacionamento com pessoas e situações:

Falha no contacto afectivo: as demonstrações de “carinho” são actos vazios

Existência num mundo à parte onde os outros têm a função de servir os seus
interesses(ALONENESS)

Incapacidade de mostrar sentimentos

Hipersensibilidade a estímulos

Problemas com a alimentação

2. Dificuldade de comunicação

Mutismo

Linguagem idiossincrática

Dificuldade de manter um diálogo

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Discurso monocórdico e linguagem repetitiva

Ecolália imediata e tardia sem compreensão de significado

Inversão pronominal: “ele” em vez de “eu”

Memoria excepcional

Contacto visual limitado

3. Obsessão pela conservação do estado das coisas (SAMENESS)

Relutância face à alteração das rotinas

Atracção por actividades repetitivas

Os sintomas e tratamento são básicos de todo o espectro.

Na medida em que a PEA é uma perturbação do desenvolvimento, assiste-se


a uma variação clínica da síndrome com a idade e a experiência.

Autismo Atípico (Perturbação Pervasiva do Desenvolvimento sem outra


especificação)

• idade de início: evidencia-se somente depois dos 3 anos de idade, até aos 12

• Não preenche todos os critérios de diagnóstico nas três áreas principais de


comprometimento

• Há problemas de desenvolvimento em outras áreas.

• Surge mais frequentemente em indivíduos com deficiência mental profunda e


em indivíduos com um grave transtorno específico do desenvolvimento

• Podem ser acompanhado de síndrome de Tourett (tiques motores e vocais),


doença obsessiva- compulsiva ou hiperactividade

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SÍNDROME DE RETT Síndrome de Rett

Causa: Possível disfunção genética

Incidência: 1: 10 000 – forte preponderância feminina

Primeiros sintomas: 6 a 18 meses

Regressão no desenvolvimento da linguagem, social, mental e motora

Doença neurológica progressiva

Características típicas

Dispraxia: incapacidade de realizar actos voluntários

Movimentos estereotipados de torção com as mãos: “lavar as mãos”

Movimentos descontrolados dos pés

PERTURBAÇÃO DESINTEGRATIVA DA INFÂNCIA

Causa: Possível mutação genética

Incidência: 2: 100 000 – preponderância masculina

Primeiros sintomas: 2 a 4 anos

Regressão no desenvolvimento após longo período de desenvolvimento normal

Comprometimentos motor, social e de linguagem

Perda de controlo de esfíncteres

• O pensamento estrutura-se através de um linguagem interior carregada de


significados, o seu comprometimento não permite a construção de blocos e
esquemas de conhecimento sobre a realidade

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“Cada vez mais se reconhece que a característica principal do Autismo é um deficit
cognitivo, em especial na área da cognição social.” (Jordan, R., Powell, S., 1990,
p.4)

Durante o seu crescimento, o autista poderá colocar-se em ambientes adaptados,


que lhes permitam a máxima autonomia possível, com a mínima ansiedade
provocada. Os programas de tratamento devem orientar-se por estas directrizes. Os
tratamentos possíveis não curarão o autista, mas certamente dar-lhe-ão uma melhor
qualidade de vida.

“(…) o autismo é uma perturbação do desenvolvimento de origem atípica e de base


orgânica, com efeitos psicológicos difusos, ainda só é possível reconhecê-lo através
de observação directa conhecedora do comportamento.” (Cumine, V. et al, 2006,
p.19-209)

COMPORTAMENTOS COMUNICACIONAIS NECESSÁRIOS ESTABELECIMENTO


E REGULAÇÃO DA INTERACÇÂO SOCIAL RECÌPROCA

As investigações actuais apontam em várias direcções no âmbito das causas


biológicas:

Neurologicos: PERTURBAÇÃO EM DETERMINADA ÁREA DO SISTEMA


NERVOSO CENTRAL

Alterações nas principais estruturas cerebrais

Neuroquimicos:Problemas ao nível dos neurotransmissores: serotonina, dopamina e


epinefrina –função de contracção muscular e actividade nervosa

Genética: investigações apontam para existência de um gene responsável.


Associação com X frágil e T21, esclerose tuberosa, neurofibromatose e
hipomelanose e gémeos

Imunológicos : infecção viral uterina; rubéola , herpes pós natal, citomegalovirus

Perturbações metabólicas: fenilcetonúria, anomalias no metabolismo da purina e


acidose láctea

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Factores pré, peri e pós-natais: hemorragias, medicação, alterações no líquido
amniótico, gravidez tardia

Diagnóstico

“não há um comportamento caracterizadamente ‘autista’, sendo este evidenciado


pelo padrão geral de comportamento e pelas causas que lhe estão subjacentes.”
(Jordan, R., 2000, p.14)

“ As pessoas com autismo são muito diferentes entre si em todos os grupos etários,
e o diagnóstico de autismo revela um grupo multifacetado” (Tetzchner, S. e
Martinsen, H., 2000, p.85)

“Crê-se que alguns indivíduos com síndroma de Asperger nunca chegam a ser
oficialmente diagnosticados, por estarem tão subtilmente afectados.” (Hewitt, S.,
2006, p.11)

O diagnóstico deve ser visto como o início de uma etapa no desenvolvimento de


cada criança.

TRATAMENTO

As terapias existentes actualmente são muito variadas.

O DSM e o ICD 10 são revistos periodicamente de forma a serem actualizados de


acordo com novas investigações. Esta revisão é essencial ao diagnóstico clínico.

Diagnóstico Diferencial: ver Bosa pgas44/45

Perturbações específicas da linguagem, défice semântico-pragmático

(existe linguagem, mas uso, conteúdo e compreensão deficitária)


Mutismo selectivo

Deficiência mental

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


DDAH- Desordem por Défice de Atenção e Hiperactividade-parecem não
ouvir, não seguem indicações, têm dificuldades de organização de tarefas e
distraem-se facilmente

Personalidade esquizóide– ALUCINAÇÕES E DELÍRIOS

POC- Perturbação Compulsiva Obsessiva

Privação emocional

Défices sensoriais (surdez e cegueira)


TEORIA DA MENTE

DÉFICE DE COERÊNCIA CENTRAL copiar cumine pag33….lista de


dificuldades

DÉFICE DA FUNÇÃO EXECUTIVA copiar cumine pag33….

TEORIA DA MENTE

DIFICULDADE EM USAR O CONHECIMENTO DOS SEUS ESTADOS


MENTAIS, QUE TAMBÉM DESCONHECE, PARA REFLETIR NOS OUTROS
O QUE SENTEM

“Falha ou atraso no desenvolvimento da competência de comungar com o


pensamento dos outros indivíduos” (Pereira, M., 2005, p.29)

Incapacidade de formar metarepresentações

capacidade de entender os propósitos, necessidades, desejos e convicções


dos outros e que podem ser diferentes dos nossos

Acreditar em alguma coisa que se sabe não ser verdade, sem deixar de ter
consciência da realidade FALSA CRENÇA

1. Perturbação do Espectro do Autismo -

1.1 Evolução histórica do conceito


1.2 Do Autismo Clássico ao Síndroma de Asperger
1.3 Autismo e esquizofrenia
1.2 Etiologia – Identificação das Causas
1.2.1 Teorias psicogénicas

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


1.2.2 Teorias biológicas
1.2.3 Teorias psicológicas
1.3 Tríade de incapacidades no Espectro do Autismo
1.4 As características da PEA ao longo da idade
1.5 Diagnóstico e tratamento

Objectivos:

(TEXTO)

Gestão e Organização dos Recursos:

Tendo em conta o tipo de espaço de que se dispõe, utilizaremos os seguintes


materiais de apoio:

 Material policopiado do suporte informático utilizado pela formadora.


 Livros

 Filmes

 Computador

 Datashow

 Televisão

 Leitor de DVD

Metodologias:

 Exposições teóricas curtas


 Trabalhos individuais e de pequeno grupo (não mais de cinco formandos)

 Debates em grande grupo

 Leitura e discussão de textos

 Visionamento de filmes

 Relatos de experiências vivenciadas pelos formandos nas suas práticas.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


PLANO DA ACÇÃO

MÓDULO I

MANHÃ
HORÁRIO TEMÁTICA METODOLOGIA MATERIAIS
9.00 h Recepção/ Apresentação
9.15 h
9.15 h Perturbações do Espectro Exposição teórica Computador
10.00 h do Autismo Data show
10.00 h Análise e discussão de um Trabalho prático Excerto do livro constante do
10.30 h texto do livro ”O estranho em grupo material policopiado
caso do cão morto” (ACTIVIDADE 1)
10.30 h Intervalo
11.00 h
11.00 h Etiologia Exposição teórica Computador
11.35 h Data show
11.35 h Análise e discussão de um Trabalho prático Excerto do livro constante do
12.00 h texto do livro … em grupo material policopiado
(ACTIVIDADE 2)
12.00 h Tríade de incapacidades no Exposição teórica Computador
12.20 h Espectro do Autismo Data show
12.20 h Visionamento e discussão Debate Leitor de DVD
13.00 h sobre excertos do filme Trabalho prático
SNOW CAKE em grupo Filme
(ACTIVIDADE 3)

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 1:

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 2:

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE3:

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


ALMOÇO - 13.00 h – 14.00 h

PLANO DA ACÇÃO

MÓDULO I

TARDE
HORÁRIO TEMÁTICA METODOLOGIA MATERIAIS
14.00 h Variação clínica ao longo Exposição teórica Computador
14.30 h do desenvolvimento Data show
14.30 h Análise e discussão de um Trabalho prático Excerto do livro constante do
15.00 h texto do livro “Autista, em grupo material policopiado
quem …? Eu?” (ACTIVIDADE 4)
15.00 h Diagnóstico e tratamento Exposição teórica Computador
15.45 h Data show
15.45 h Visionamento e discussão Debate Computador
16.15 h sobre excertos de filmes de Trabalho prático
casos práticos em grupo Internet
(ACTIVIDADE 5)
16.15 h Intervalo
16.30 h
16.30 h Auto-avaliação dos Preenchimento Fichas de Auto-avaliação e
17.00 h formandos e da Acção de individual das Avaliação da Acção
Formação Fichas de Auto-
avaliação e
Avaliação da Acção

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 4:

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 5:

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


OBRAS RECOMENDADAS

 Cumine, V., & Leach, J., & Stevenson, G. (2006), Compreender a Síndroma
de Asperger: Guia prático para educadores. Porto: Porto Editora

 Correia, L. M. (2008). Inclusão e Necessidades Educativas Especiais: Um


guia para educadores e professores. Porto: Porto Editora

 Larkey, S. (2007). Como alcançar sucesso. Porto: Porto Editora

 Magerotte, G.; Duprez, M.; Magerotte, C.; Houchard, V.; Bury, F. (2005). Os
problemas de comportamento. Lisboa: APPDA

 Haddon, M. (2007). O Estranho Caso de um Cão Morto. Lisboa: Editorial


Presença (Publicação original 2003)

 Hewitt, S. (2006). Compreender o Autismo : Estratégias para alunos com


autismo nas escolas regulares. Porto: Porto Editora

 Martins, A. (2006). Autista, quem …? Eu?. Lisboa: Livros e Livros

 Pereira,M.C. (2005). Autismo: Uma perturbação pervasiva do


desenvolvimento. Vila Nova de Gaia: Edições Gailivro, S.A.

 FILMES:
Meu filho meu mundo – O milagre do amor (1979)
Rain Man – Encontro de Irmãos (1988)
Snowcake (2006)

 SÍTIOS:
APPDA Associação Portuguesa para as Perturbações do
Desenvolvimento e Autismo:

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


http://www.appda-lisboa.org

Autism Europe:

http://www.autismeurope.org/portal/Default.aspx?tabid=469

DGIDC

http://sitio.dgidc.min-edu.pt/recursos/Lists/Repositrio
%20Recursos2/Attachments/771/Unidades_Autismo.pdf

DSM .IV e ICD 10 (Em linha), 21.4.2008:

http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php

Escala de Comportamento Adaptativos - Escala de Vineland:

http://ags.pearsonassessments.com/Group.asp?
nGroupInfoID=a3000

I.A.R.O.- International Autism Research Organisation

http://www.charitynet.org/~iaro/index.html

National Institute of Mental Health:

http://www.nimh.nih.gov/health/publications/autism/complete -
publication.shtml

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


MÓDULO 2

A PEA na família e a PEA na Escola

Temática principal: AUTISMO – ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA

Temática parcial: A PEA na Família e a PEA na Escola

Formadora: Anabela Quadrado

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Data da realização: 2º DIA - …/…/2008

Horários: Das 9.00 horas às 13.00 horas e das 14.00 horas às 17.00 horas

Objectivos:

2. A PEA na Família
 Conhecer o ciclo de reacções emocionais e crenças parentais associadas ao
diagnóstico de uma Perturbação do Espectro do Autismo;
 Reconhecer a importância da família no processo de avaliação e de
intervenção.

3. A PEA na Escola
 Constatar as dificuldades e emoções sentidas pelos educadores e
professores;
 Constatar as emoções sentidas pelos colegas dos alunos com PEA;
 Enquadrar legalmente o Espectro do Autismo.

Conteúdos:

2. A PEA na Família
A família constitui o alicerce da sociedade e, assim, é um dos principais
contextos de desenvolvimento da criança.

2.1 Reacção familiar e ciclo de sentimentos


 Quando um casal planeia ter um filho, a única coisa que deseja é que seja
saudável. Quando o bebé nasce, se o parto correu bem e a criança não
apresenta nenhum problema, todos se sentem felizes. “Uma grande
percentagem das anomalias físicas e desenvolvimentais são detectadas por
altura do nascimento” (Siegel, B., 2008, p. 163)

À nascença, o bebé com autismo é quase sempre visto como sendo normal.
Aquando do diagnóstico, os pais de crianças com PEA, expressam uma nítida
sensação de perda, na medida em que perderam “a criança idealizada”.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Num primeiro momento, após a confirmação do diagnóstico assiste-se ao choque
e à depressão, traduzidas por uma tristeza profunda, a nítida consciência de perda e
uma acentuada diminuição de auto-estima, visível numa visão negativista de si
próprio e do futuro.

Não raramente, após o diagnóstico, ocorre uma tentativa de negação “Deve


haver algum engano”, até porque as manifestações patológicas não são visíveis e o
próprio diagnóstico não é realizado logo à nascença.

Por norma, há um período em que os pais se isolam com os filhos evitando


contactos sociais, como que se envergonhando do comportamento do filho e
receando a incompreensão dos outros.

Entretanto vem o pânico que decorre de uma sensação de desorientação,


perante a incapacidade de lidar com a situação.

Do pânico à revolta e à raiva vai um pequeno passo: “porquê eu?” “Porquê o


meu filho?” são algumas das questões colocadas. Infelizmente, o autismo não
permite responder facilmente a essas questões.

Com o passar do tempo, os pais começam a perceber que é necessário que o


filho se desenvolva e evolua, iniciando o processo de confrontação com a situação,
até aí objecto de rejeição. Finalmente ocorre a aceitação, logo que os pais se
adaptam à problemática.

Não é um processo fácil e implica que a família se adapte à nova realidade.


De facto a vivência quotidiana com estas crianças torna-se um constante desafio,
gerador de grandes e contínuos níveis de ansiedade, relativamente à família, já que,
às normais necessidades da criança, acrescentam-se uma série de necessidades
especiais. E como o autismo não tem cura, a ansiedade parental acentua-se perante
as dificuldades decorrentes de uma coabitação diária e perante as diferentes etapas
da vida que a criança tem de percorrer.

2.2 Envolvimento parental – Modelo Ecológico

Importância do envolvimento parental

A primeira referência que qualquer criança tem é a família, mesmo tratando-


se de uma criança com PEA. Desde logo, então, o envolvimento da família torna-se
muito importante para o desenvolvimento e educação da mesma.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Segundo Ozonoff et al, (2003, p.155), “Todos os proponentes de intervenção
e investigadores sublinham que a intervenção terapêutica deve ser iniciada cedo, ser
intensiva e envolver as famílias de forma activa.”

Felizmente, conseguimos ultrapassar a ideia decorrente dos anos 50, de que


os pais tinham um papel passivo, para progressivamente se reconhecer a
importância dos mesmos e da necessidade do seu envolvimento mais activo nos
programas educativos dos filhos. (Correia & Serrano, 2000, p.14)

A intervenção centrada exclusivamente na criança deixou de ter lugar, para se


proceder a uma intervenção que responda eficazmente aos problemas não só da
criança, mas também da família. Passou, então, a valorizar-se o envolvimento
parental e a deixar de se ver os médicos como únicos capazes de intervir e cuidar
dos problemas que a criança apresenta.

No que diz respeito às crianças com PEA, esta prática e mudança de ideais é
deveras importante, pois as famílias destas crianças não sabem, na maior parte das
vezes como agir e fazer face à educação de uma criança com este problema. É
necessário ajudar e apoiar a família em tal situação, passando a centrar a
intervenção também naquela.

É fundamental que se reconheça que, apesar dos vários intervenientes na


educação da criança, é aos pais que cabe o papel primordial das primeiras
aprendizagens. (Moreno e Rau, 1987, p.77)

Enquadramento legal para a colaboração com a família

“Os pais ou encarregados de educação têm o direito e o dever de participar


activamente, exercendo o poder paternal nos termos da lei, em tudo o que se
relacione com a educação especial a prestar ao seu filho, acedendo, para tal, a toda
a informação constante do processo educativo.”

(artigo 3º do Decreto-Lei nº 3/2008, de 7 de Janeiro)

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Os pais têm o direito de:
 ser ouvidos;

 ver consideradas as suas opiniões e decisões sobre a educação dos seus


filhos;

 ser esclarecidos sobre normas e regras que regem o funcionamento da


escola e que dizem respeito aos alunos;

 dialogar com os intervenientes no processo educativo;

 colaborar na elaboração do Programa Educativo Individualizado;

 pedir a revisão do PEI;

 recorrer aos serviços competentes caso não esteja de acordo com as


decisões tomadas pela escola em relação à elaboração do PEI;

 conhecer , dar opinião e autorizar a (s) proposta (s) de alteração do PEI;

 serem participantes activos na execução das actividades;

 ver tomadas em consideração as suas diferenças culturais, na selecção,


interpretação e gestão do resultado da avaliação e na elaboração do PEI.

 consultar todos os documentos que existam no processo dos seus filhos e


obter cópia dos mesmos;

 ter assegurada a confidencialidade das informações a respeito dos seus filhos


(Ministério da Educação, citado por, Correia, L.M., 2008, p.158)
Perspectiva Ecológica

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Podemos dizer que o desenvolvimento é definido como um conjunto de
processos através dos quais as propriedades da criança e do ambiente interagem
para produzir estabilidade e mudança nas características da criança ao longo do seu
curso de vida.

“Numa perspectiva ecológica e sistémica, todos os indivíduos são vistos num


processo de desenvolvimento constante e dinâmico, que progressivamente os faz
passar para diferentes contextos, reestruturando os contextos onde se inserem.”
(Correia & Serrano, 2000, p.21)

Segundo Carvalho, (2002, p.80), “este modelo fornece-nos um quadro conceptual


que nos permite compreender a interacção do sujeito com o ambiente e vice-versa,
bem como essas interacções afectam o desenvolvimento.”
Encontrando-se a criança inserida em vários contextos ou sistemas ecológicos,
podemos, de alguma forma, afirmar que cada um destes sistemas depende do outro,
sendo que se der uma acção num sistema, esta vai também fazer-se sentir nos
outros sistemas, provocando mudanças. É através da interacção que a criança vai
afectar o ambiente e vai deixar-se afectar por este, influenciando, assim, o seu
desenvolvimento. A mesma autora cita Bronfenbrenner, (p.80),

“O desenvolvimento humano é visto como um processo pelo qual o sujeito adquire


uma concepção mais alargada, diferenciada e válida do ambiente ecológico, e se
torna motivado e apto a desenvolver actividades desse ambiente ecológico.”

Para caracterizarmos uma criança com PEA, segundo este modelo, devemos ter em
conta o seu mapa ecológico (micro, meso, exo e macrossitema) actual, bem como o
contexto social e cultural da sua própria família. Traçado o mapa ecológico será bem
mais fácil proceder a uma intervenção, com estratégias e objectivos delineados.
É fundamental termos em conta as actividades e as relações interpessoais
experimentadas pela criança no contexto ou espaço em que esta funciona
(microssistema). De igual forma, é importante também ter em conta as interacções
entre dois ou mais contextos, nos quais a criança participa activamente como, por
exemplo, entre o microssistema e o exossistema. (mesossistema). Há também os
contextos nos quais a criança não se encontra directamente envolvida, mas cujos
acontecimentos afectam ou são afectados por aquilo que acontece nos outros
sistemas (exossistema). Temos, por último, o macrossistema que envolve o sistema
de valores e crenças culturais de uma sociedade. (Correia & Serrano, 2000, p.22/23)
É necessário ter em conta estas interacções para que um programa de
intervenção precoce seja bem sucedido e ter a noção de que quanto mais cedo se
começar, tanto melhor.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


2.3 Estratégias de Intervenção

A colaboração entre a família da criança com autismo e a escola é


fundamental, para que se possam desenvolver estratégias que colmatem as
necessidades, não só da criança com perturbação do desenvolvimento, mas de
todos os membros da família que interagem com ela.

Uma abordagem centrada na família, deve procurar desenvolver as


capacidades desta, para responder às necessidades específicas da criança com
autismo, evitando que se tornem dependentes dos serviços de apoio. Assim, o apoio
dado pelo educador/professor é um acréscimo de alento e motivação para a família
em que se concentra a intervenção. Para que se consiga um envolvimento de todos
os membros da família da criança, o profissional deve conhecer alguns pressupostos
teóricos sobre as características e dinâmicas familiares, tendo de considerar a
comunicação interpessoal, uma competência essencial a atingir. A parceria
educacional, deve basear-se na partilha, no respeito, na negociação, na informação,
nas aptidões da família/criança, na confiança e responsabilidade de ambas as partes
nas decisões a tomar.

Nem sempre é fácil aceitar um diagnóstico de PEA para os pais de uma


criança. Os professores /educadores devem aceitar as estratégias da família para
lidar com a situação, podendo estes profissionais contribuir para a integração da
criança autista no seio da família e a melhoria das suas condições de vida dentro e
fora dela.
A colaboração entre a família da criança com autismo e a escola é
fundamental, para que se possam desenvolver estratégias que colmatem as
necessidades, não só da criança com perturbação do desenvolvimento, mas de
todos os membros da família que interagem com ela.
Os educadores/professores da criança com autismo infantil, devem transmitir aos
pais sentimentos de: desculpabilização, quando confrontados com as teorias que no
passado os responsabilizavam pela perturbação dos seus filhos, reconhecimento
pelo esforço em tentarem dar o melhor aos seus filhos autistas e valorização do seu
papel, enquanto pais com necessidades de apoio.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Portanto, o profissional que intervém junto das famílias com crianças autistas, deve
ser capaz de:

 estabelecer uma atmosfera de confiança;


 incentivar os pais a intervir no processo;
 satisfazer as necessidades de informação dos progenitores, através de uma
linguagem acessível, honesta e apenas o essencial;
 ser sensível à dor dos pais, mas proporcionando-lhes oportunidades de
superação dessa dor;
 saber escutar os problemas da família;
 estabelecer um plano de intervenção que respeita a vontade dos pais;
 ter em mente resultados a longo prazo.

3. A PEA na Escola

Reconhece-se que a escola se apresenta como uma estrutura central, no


desenvolvimento do processo de inclusão da criança / jovem com PEA na
sociedade, já que é neste período que acontecem os momentos críticos do seu
desenvolvimento.

3.1 Dificuldades / emoções sentidas pelo educador / professor

A situação educativa é uma situação de comunicação, na qual o educador/


professor exerce um papel activo de interveniente e de facilitador da comunicação.
Sendo uma das características da criança com PEA, a falha no que diz respeito à
comunicação, o educador/professor poderá sentir dificuldades neste processo.
É fundamental que utilize, então, diversos meios de comunicação para
encorajar a criança a desenvolvê-los, encorajando-a a participar. O
educador/professor deve, pois, diversificar as situações de acordo com as
necessidades da criança.
“O educador/ professor deve olhar para uma criança com um olhar único.
Cada pessoa é diferente das outras e cada uma é diferente de si própria quando
muda de ambiente.” (Moreno e Rau, 1987, p.81) Não é fácil para um

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


educador/professor integrar uma criança com PEA no ambiente escolar. Poderão
surgir inúmeras dificuldades, com as quais poderá não saber lidar.

Educar não é impor regras, mas sim ajudar as crianças a desenvolverem-se


para actuarem no futuro. Não devemos esquecer que ser educador/professor é uma
das profissões mais privilegiadas, pois permite-nos enriquecer o nosso
comportamento através do contacto humano.

Face a uma criança com PEA, o educador/professor deve, em primeiro lugar,


tentar informar-se acerca do tema, para depois se poder questionar sobre a forma
como deve actuar. O não saber o que fazer ou como actuar é das questões que
mais perturba os educadores/professores. É imprescindível que o
educador/professor procure a colaboração de outros colegas e especialistas para
que possa exercer o seu papel de uma forma adequada.

Apesar de todas as dificuldades e emoções sentidas ao trabalhar com uma


criança com PEA, o educador/professor nunca deve desistir do seu papel de educar
e preparar as crianças para o futuro. Cabe-lhe observar o que a criança já consegue
fazer e verificar o que pode aprender a fazer com uma intervenção adequada. A
motivação do educador é fundamental para o bem-estar da criança.
Por vezes, o educador pensa que tem que arranjar actividades diferentes para a
criança com Espectro do Autismo. Porém, não é necessário, pois o educador deve
aproveitar as actividades comuns a todo o grupo e adaptá-las.

O educador/professor não deve ficar desesperado ao saber que vai ter uma
criança com PEA na sua sala. As dificuldades conseguirão ser atenuadas se o
educador conseguir aproveitar as ocasiões que se apresentam naturalmente e os
interesses manifestados pela criança na interacção com o grupo.

3.2 Dificuldades / emoções sentidas pelos colegas


3.3 A Escola perante a criança / jovem Autista

3.3.1 A educação Inclusiva e a Declaração de Salamanca

3.3.2 Enquadramento legal – Decreto-lei nº3/2008

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


3.3.2.1 Projecto Educativo de Escola

3.3.2.2 Projecto Educativo Individual

PLANO DA ACÇÃO

MÓDULO 2

MANHÃ

HORÁRIO TEMÁTICA METODOLOGIA MATERIAIS


9.00 h Recepção/ Apresentação

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


9.15 h
9.15 h A PEA na família Computador
10.00 h Reacção familiar e ciclo de Exposição teórica Data show
sentimentos
10.00 h Leitura de um poema Trabalho prático Poema “Descobrir” (Connie
10.30 h escrito por uma mãe em grupo Post, “Seasons of Loss”,
aquando do diagnóstico de 1992)
(ACTIVIDADE 1)
PEA do seu filho. Reflexão
Testemunhos de pais
em grupo sobre o conteúdo
do poema. Leitura de
alguns testemunhos de
pais.
10.30 h Intervalo
11.00 h
11.00 h Envolvimento parental – Exposição teórica Computador
11.35 h Modelo ecológico
Data show
11.35 h
12.00 h Estratégias de intervenção Exposição teórica Computador
Data show
12.00 h A PEA na Escola
12.20 h Dificuldades/emoções Exposição teórica Computador
sentidas pelo
Data show
educador/professor
12.20 h
13.00 h ????????????????

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE 1:
Actividade 1:

Leitura do poema “Descobrir” escrito por uma mãe acerca do diagnóstico de autismo
do seu filho e de alguns testemunhos de pais. Reflexão com o grupo turma sobre o
conteúdo destes documentos tendo em conta a reacção familiar a um diagnóstico de
PEA e o ciclo de sentimentos.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Descobrir

Sono interrompido
E sonhos estilhaçados
Rodeiam o caos das avaliações de diagnóstico e
Das ressonâncias magnéticas
O silêncio acompanha-nos até casa.

Que lugar longínquo é esse


Para onde os teus grandes olhos azuis tantas vezes se viram?
Posso seguir-te até lá,
E depois, só por uma vez,
Podíamos ler um livro da Rua Sésamo juntos.

Levei tanto tempo a dizê-la.


Essa palavra.
Autismo.
Autista.
O meu menino
Que era suposto jogar basebol com o pápá,
Sentir-se entusiasmado quando o carro dos bombeiros passasse…
E, agora, tudo o que faço
Reduz-se à sede de te ouvir dizer
“Mamã, posso beber um sumo?”
(Connie Post, “Seasons of Loss”, 1992, citado por, Siegel, B.,2008, p. ???)

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


Testemunhos de pais:

“No caso de um filho com deficiência, os Pais não têm anticorpos para reagir,
nem alívio natural dado pelo conhecimento de uma experiência já vivida, nem
aceitação da vontade de Deus. Feridos na sua própria carne, têm por vezes
reacções muito primitivas, encontrando-se totalmente desprotegidos e sem
qualquer percepção para aceitar a realidade. Porquê a mim?”

Daphne Economau

“ Nas semanas que se seguiram, eu experimentei um sentimento de profunda


revolta contra tudo e contra todos. Revolta contra os médicos, contra os
políticos, contra a sociedade, contra o sistema educativo, contra as agências
sociais, contra os hospitais, contra o sistema fiscal, contra os padres, contra
Deus, enfim contra tudo. Lentamente, progressivamente, comecei a aperceber-
me de que a Teresa existia e que não havia razões para os meus sentimentos de
revolta. Descobri, então, um novo mundo. Descobri que a Teresa era, apesar
das suas peculiaridades comportamentais e emocionais, uma criança como as
outras.”
Miguel Palha

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


“BEM -VINDO À HOLANDA!”

“Frequentemente sou solicitada a descrever a experiência de dar à luz uma


criança com deficiência – uma tentativa de ajudar as pessoas que não têm com
quem partilhar essa experiência única, a entendê-la a imaginar como vivenciá-
la.
Seria como…
Ter um bebé é como planear uma fabulosa viagem de férias para a ITÁLIA!
Compramos montes de guias e fazemos planos maravilhosos! O coliseu. O
David de Miguel Ângelo. As gôndolas em Veneza. Podemos até aprender
algumas frases simples em Italiano. É tudo muito excitante.
Após meses de antecipação, finalmente, chega o grande dia! Arrumamos as
nossas malas e embarcamos. Algumas horas depois aterramos. O Comissário
de bordo chega e diz: “Bem-vindo à Holanda”
“Holanda!?! Diz você, o que quer dizer com Holanda!?! Eu escolhi a Itália!
Devia ter chegado à Itália. Toda a minha vida sonhei conhecer a Itália.
Mas houve uma mudança de plano de voo. Aterrámos na Holanda e é lá que
você deve ficar. A coisa mais importante é que eles não te levaram a um lugar
horrível, desagradável, cheio de pertilência, fome e doença. É apenas um lugar
diferente. Logo, você deve comprar novos guias. Deve aprender uma nova
linguagem. E você irá encontrar todo um grupo de pessoas que nunca
encontrou antes.
É apenas um lugar diferente. É mais baixo e menos ensolarado que a Itália.
Mas, após alguns minutos, você pode respirar fundo e olhar em redor… e
começar a notar que a Holanda tem moinhos de vento, tulipas e até Rembrants
e Van Goghs.
Mas, todas as pessoas que conhecemos, estão a viajar para Itália… e estão
sempre a comentar sobre o tempo maravilhoso que passam lá. E durante a sua
vida, você dirá:”Sim, lá era onde eu deveria estar. Era tudo o que eu tinha
planeado”.
E a dor que isso causa, nunca, nunca, nunca se irá embora…porque a perda
desse sonho é uma perda extremamente significativa.
Porém… se você passar a sua vida toda, remoendo o facto de não ter ido a
Itália, nunca estará livre para apreciar as coisas belas e muito especiais …
sobre a Holanda.”

Mónica Ávila de Carvalho (Brasil)

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


ALMOÇO - 13.00 h – 14.00 h

PLANO DA ACÇÃO

MÓDULO II

TARDE

HORÁRIO TEMÁTICA METODOLOGIA MATERIAIS


14.00 h
14.30 h
14.30 h
15.00 h
15.00 h Exposição teórica Computador
15.45 h Data show
15.45 h
16.15 h
16.15 h
16.30 h
16.30 h Auto-avaliação dos Preenchimento Fichas de Auto-avaliação e
17.00 h formandos e da Acção de individual das Avaliação da Acção
Formação Fichas de Auto-
avaliação e
Avaliação da Acção

DESCRIÇÃO DA ACTIVIDADE

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA

 1 - Ajuda-me a compreender. Organiza o meu mundo e facilita-me a antecipação do


que vai suceder. Dá-me ordem, estrutura, e não o caos.

2 - Não te angusties comigo, porque também fico angustiado. Respeita o meu ritmo.
Poderás sempre relacionar-te comigo se compreenderes as minhas necessidades e
o meu modo especial de entender a realidade. Não fiques deprimido, o que será
normal é que eu evolua e me desenvolva cada vez mais.

3 - Não me fales muito, nem depressa demais. As palavras são "ar" que não pesa
para ti, mas podem ser uma carga muito pesada para mim. Muitas vezes não são a
melhor maneira de te relacionares comigo.

4 - Como outros crianças, como outros adultos, necessito partilhar o prazer e gosto
de fazer as coisas bem-feitas, ainda que nem sempre o consiga. Faz-me saber, de
algum modo, quando faço bem as coisas e ajuda-me a fazê-las sem erros. Quando
faço muitos erros acontece-me o mesmo que a ti: irrito-me e acabo por me negar a
fazer as coisas.

5 - Necessito mais ordem do que a que tu necessitas, mais previsibilidade no meio


do que a que tu requeres. Temos que negociar os meus rituais para conviver.

6 – É-me difícil compreender o sentido de muitas das coisas que me pedem que
faça. Ajuda-me a entender. Pede-me coisas que podem ter um sentido concreto e
decifrável para mim. Não permitas que me aborreça ou que permaneça inactivo.

7 - Não me “invadas” excessivamente. Às vezes, as pessoas são demasiado


imprevisíveis, demasiado ruidosas, demasiado estimulantes. Respeita as distâncias
que necessito , porém sem me deixar só.

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


8 - O que faço não é contra ti. Quando tenho uma birra ou me auto-agrido, se
destruo algo ou me movo em excesso, quando me é difícil atender ou fazer o que
me pedes, não estou a querer fazer-te mal. Já que tenho um problema de intenções,
não me atribuas más intenções!

9 – O meu desenvolvimento não é absurdo, embora não seja fácil de entender. Tem
a sua própria lógica e muitas das condutas que chamas "alteradas" são formas de
enfrentar o mundo na minha especial forma de ser e perceber. Faz um esforço para
me compreender.

10- As outras pessoas são demasiado complicadas. O meu mundo não é complexo
e fechado mas sim simples. Ainda que pareça estranho o que te digo , o meu mundo
é tão aberto , tão sem trapaças nem mentiras , tão ingenuamente exposto aos
outros, que é difícil penetrar nele . Não vivo numa "fortaleza vazia", nem numa
planície tão aberta que pode parecer inacessível. Sou muito menos complicado do
que as pessoas que são consideradas normais.

11- Não me peças sempre as mesmas coisas nem me exijas as mesmas rotinas.
Não tens que te fazer autista para me ajudar. O autista sou eu, não tu!

12- Não sou só autista. Também sou uma criança, um adolescente, ou um adulto.
Partilho muitas coisas com as crianças, adolescentes ou adultos ditos "normais ".
Gosto de brincar e de me divertir, gosto dos meus pais e das pessoas com quem
convivo, sinto-me satisfeito quando faço bem as coisas. É aquilo que partilhamos
que nos une.

13- Vale a pena viver comigo. Poço dar-te tantas satisfações como outras pessoas,
embora não sejam as mesmas. Pode chegar um momento da tua vida em que eu,
que sou autista, serei a tua maior e melhor companhia.

14- Não me agridas quimicamente. Se te disserem que tenho que tomar um


medicamento, procura que seja revisto periodicamente por um especialista.

15- Nem meus pais nem eu temos culpa do que eu tenho. Nem têm os especialistas
que me tratam. Não serve de nada culpá-los uns e outros. Às vezes, as minhas
reacções e comportamentos podem ser difíceis de compreender ou enfrentar, porém

45 AUTISMO - ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA


não é por culpa de ninguém . A ideia de "culpa" não produz mais do que sofrimento
em relação ao meu problema.

16- Não me peças constantemente coisas acima do que sou capaz de fazer. Porém
pede-me as que sou capaz de fazer. Dá-me ajuda para ser mais autónomo, para
compreender melhor, para comunicar melhor, porém não me ajudes demais .

17- Não tens que mudar completamente a tua vida pelo facto de viver com uma
pessoa autista. Não me serve de nada que tu estejas mal, que te feches e que
fiques deprimido. Necessito estabilidade e bem estar emocional à minha volta para
estar melhor. Pensa que o teu cônjuge também não tem culpa do que se passa
comigo.

18- Ajuda-me com naturalidade, sem o converter numa obsessão. Para me poder
ajudar, tens que ter os teus momentos de repouso ou para te dedicar às tuas
próprias actividades. Aproxima-te de mim, não te vás embora, porém não te sintas
submetido a um peso insuportável. Na minha vida, tive momentos maus, porém
poço estar cada vez melhor.

19- Aceita-me como sou. Não condiciones a tua aceitação a que deixe de ser
autista. Sê optimista sem inventar "histórias". A minha situação normalmente
melhora , ainda que por agora não tem cura .

20- Ainda que me seja difícil comunicar ou não compreenda as subtilezas sociais,
tenho algumas vantagens em relação aos ditos "normais" . Custa-me comunicar,
porém não sei enganar. Não compreendo as subtilezas sociais, porém também não
participo das segundas intenções ou dos sentimentos perigosos tão frequentes na
vida social. A minha vida pode ser satisfatória se for simples, ordenada e tranquila. A
minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua "normal". Nessas
vidas, podemos encontrar-nos e partilhar muitas experiências .

Texto adaptado de Angel Rivière - Assessor Técnico da APNA - Madrid, 1996

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