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Perimeter Institute O Mistério da

Matéria Escura
GUIA DO PROFESSOR
O Mistério da Matéria Escura

Conteúdo 3 Informação Inicial


Introdução à Matéria Escura
Ligações curriculares
Sugestões de uso do kit
Dicas para o professor
7 Matéria Escura em resumo
Sumário dos conteúdos do vídeo.
8 Atividades para os alunos
Essas atividades podem ser usadas individualmente ou
em conjunto com outras. O material pode ser adaptado
para uma variedade de cursos e séries. Folhas de ativida-
des para os alunos foram incluídas no DVD-ROM em um
formato eletrônico editável para que você possa adaptá
-lo à sua turma.
8 Demonstração: Prever, Observar, Explicar: Movimento Circular
Uniforme
Essa demonstração utiliza uma montagem didática típica
de movimento circular uniforme para introduzir os alunos
ao conceito de matéria escura.
11 Demonstração Prática: Lente Gravitacional
Essas demonstrações didáticas usam objetos simples
para modelar as lentes gravitacionais.
12 Atividade 1: Resumo em Vídeo
Questões de fixação referentes ao conteúdo do vídeo.
14 Atividade 2: Conceitos-chave
Questões que possibilitam aos alunos um aprofundamen-
to numérico e conceitual no material.
16 Atividade 3: Gravidade e Movimento Orbital
Atividade onde alunos utilizam um tecido elástico de
espaço-tempo e uma variedade de bolas para modelar o
movimento orbital.
18 Atividade 4: Matéria Escura em uma galáxia
Os alunos utilizam dados reais para explorar o conflito
entre o que é esperado e o que é observado.
20 Atividade 5: Análise Matemática Avançada
Atividade suplementar de aprofundamento para alunos
mais avançados.
22 Atividade 6: Laboratório de Matéria Escura
Os alunos utilizam uma montagem didática típica de mo-
vimento circular uniforme para explorar a conexão entre
velocidade orbital e força central.
26 Resumos dos Capítulos do Vídeo
Essa seção fornece informação prévia adicional sobre
o conteúdo do vídeo, bem como mobiliza tópicos que
apontam para além dele. Questões são antecipadas e so-
bre elas é fornecida informação clara, concisa e precisa.

37 Soluções de Atividades
43 Informação adicional
Quem são as pessoas no vídeo?
Apêndice A: Dados brutos para velocidades orbitais das
estrelas na Galáxia do Triângulo (M33)
Apêndice B: Equações e Constantes da Matéria Escura
Créditos

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O Mistério da Matéria Escura

Perimeter Institute

RECURSOS EDUCACIONAIS - PERIMETER INSTITUTE PARCERIA PERIMETER-SAIFR-SERRAPILHEIRA


Esta série de recursos educacionais tem por objetivo Este material foi traduzido para o português através de
auxiliar professores na explicação de uma gama de uma parceria entre o Perimeter Institute, o ICTP South
tópicos importantes em física. Trata-se do produto de uma American Institute for Fundamental Research e o Instituto
colaboração extensiva entre pesquisadores internacionais, Serrapilheira. O ICTP-SAIFR é um centro sul-americano
educadores da área de ciência e a equipe de extensão para física teórica em São Paulo que organiza atividades
do Instituto Perimeter. Criado tendo em mente tanto de pesquisa (ictp-saifr.org) e divulgação científica
professores experientes quanto professores jovens, cada (outreach.ictp-saifr.org) com o apoio da Fundação de
módulo foi cuidadosamente testado em sala de aula. Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e do Instituto
de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista. O
Instituto Serrapilheira (serrapilheira.org) é uma instituição
PERIMETER INSTITUTE
privada sem fins lucrativos que promove ciência no Brasil
O Instituto Perimeter para Física Teórica é um instituto de por meio do financiamento de pesquisas de excelência
pesquisa independente, sem fins lucrativos, cuja missão é com foco em produção de conhecimento e iniciativas de
realizar avanços na nossa compreensão do universo e das divulgação científica.
forças que o governam. Tais avanços estimulam o progresso
em toda a Ciência e o desenvolvimento de novas tecnologias
transformadoras. Localizado em Waterloo, Ontário, Canadá,
o Perimeter fornece um grande leque de atividades de
formação e extensão que visam estimular talentos na
área científica, bem como compartilhar a importância de
descobertas e inovações com estudantes, professores e
público em geral. Em parceria com os governos do Canadá
e de Ontário, o Perimeter é um exemplo de colaboração
público-privada de sucesso em pesquisa, formação e
divulgação científica.

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O Mistério da Matéria Escura

Introdução

A astronomia tem tratado da luz ao longo de milhares de O vídeo começa explicando como físicos, mesmo não con-
anos. Astrônomos têm estudado a luz de estrelas distantes, seguindo enxergar a matéria escura, conseguem ver seus
galáxias, planetas e outros objetos no espaço. Porém, nas efeitos nas velocidades de estrelas no interior das galáxias.
últimas décadas, físicos começaram a perceber que objetos Em seguida, são descritas teorias existentes a respeito do
celestes que emitem algum tipo de luz formam apenas uma que é feita a matéria escura. O vídeo termina citando vários
pequena fração do universo. experimentos atuais para a detecção de matéria escura.
Esses experimentos são tão cruciais para o nosso enten-
O resto do universo é feito de matéria invisível que não emite,
dimento do universo que o primeiro grupo a obter sucesso
reflete ou absorve qualquer tipo de radiação eletromagnética.
provavelmente ganhará o Prêmio Nobel.
Essa “matéria escura” domina galáxias e forma cerca de 90%
da massa de toda galáxia no universo. Sem ela, as galáxias A matéria escura é muitas vezes confundida com a energia
(incluindo a nossa) se movimentariam mais lentamente. escura, mas não há nenhuma conexão conhecida entre os
dois fenômenos. A matéria escura explica o excesso de for-
Além de ser um dos tópicos mais importantes na física atual,
ça gravitacional observada ao redor das galáxias, ao passo
o tema da matéria escura é também muito acessível. Este kit
que a energia escura explica a pressão negativa que faz o
faz uma introdução à matéria escura usando conceitos de
universo se expandir a uma taxa crescente.
gravitação universal e movimento circular uniforme. O mate-
rial é destinado a alunos dos últimos anos do ensino médio e Este kit é o resultado de um processo que levou um ano e
as únicas equações necessárias para compreender o que é envolveu professores, físicos, alunos e profissionais da in-
aqui apresentado são: dústria cinematográfica. Todo o material aqui apresentado foi
testado em sala de aula em diversas ocasiões. Esperamos
que você encontre nas páginas a seguir um suplemento útil
para suas aulas de física.

O detector ATLAS no grande colisor de hádrons (LHC, sigla em inglês) no CERN.

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O Mistério da Matéria Escura

Ligações
curriculares

Tópico Relação com Materiais


matéria escura relevantes

Movimento orbital Planetas orbitam em torno do Sol de maneira previsível: os pla- Atividade 1: Resumo em vídeo
netas mais distantes se movem mais lentamente do que planetas Atividade 2: Conceitos-chave
próximos. Atividade 3: Gravidade e Movimento orbital
Capítulos do vídeo: 1, 2 e 3

Movimento circular Uma das evidências mais fortes em favor da matéria escura Atividade 1: Resumo em vídeo
uniforme vem da velocidade orbital de estrelas em movimento circular Atividade 2: Conceitos-chave
uniforme. Atividade 3: Gravidade e Movimento orbital
Atividade 4: Matéria Escura em uma Galáxia
Atividade 6: Laboratório de Matéria Escura
Demonstração: Preveja, Observe, Explique
Capítulos do vídeo: 1, 2 e 3

Gravitação universal Como não podemos ver a matéria escura, podemos inferir sua Atividade 1: Resumo em vídeo
existência apenas através de seus efeitos gravitacionais. Atividade 2: Conceitos-chave
Atividade 3: Gravidade e Movimento orbital
Atividade 4: Matéria Escura em uma Galáxia
Demonstração: Preveja, Observe, Explique
Capítulos do vídeo: 1, 2 e 3

Colisões bidimensionais Numerosos experimentos estão em curso tentando detectar Atividade 2: Conceitos-chave
partículas de matéria escura em colisões elásticas com núcleos Atividade 5: Análise Matemática Avançada
atômicos.
Capítulo do Vídeo: 7

Natureza da ciência Existem muitas teorias competindo para explicar do que é feita Atividade 1: Resumo em vídeo
a matéria escura. Alguns físicos acreditam que a matéria escura Atividade 2: Conceitos-chave
sequer existe.
Capítulo do Vídeo: 7

Relações matemáticas A relação entre a velocidade de uma estrela e a massa de uma Atividade 2: Conceitos-chave
galáxia dentro de seu raio de órbita é Atividade 4: Matéria Escura em uma Galáxia
Atividade 5: Análise Matemática Avançada
Atividade 6: Laboratório de Matéria Escura
Capítulos do vídeo: 2 e 3
Físicos usam esta relação para ajudar a inferir a existência de
matéria escura.
Lentes gravitacionais A massa deforma o espaço-tempo. A luz, ao atravessar o Atividade 5: Análise Matemática Avançada
espaço-tempo deformado, é defletida, revelando a presença de
Demonstração prática
massa invisível.
Capítulo do vídeo: 5

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O Mistério da Matéria Escura

Formas sugeridas de
utilizar esse recurso
Ao desenvolver este material, tentamos dar a você flexi- Sugestão para aulas duplas
bilidade e escolha. Além dos vídeos para sala de aula e Primeira aula
uma série de demonstrações práticas, o material inclui seis
folhas de exercício para os estudantes. Nós te encorajamos Atividade 6: Laboratório de Matéria Escura
a escolher aquilo que melhor supra suas necessidades e a Os alunos investigam como a velocidade de um objeto em
modificar qualquer uma das folhas de exercício como achar órbita depende da massa do corpo central.
melhor (cópias eletrônicas editáveis podem ser encontradas Segunda aula
no DVD-ROM).
Demonstração: Prever, Observar, Explicar (5-10 minutos)
Sugestão para aula simples Usar a demonstração de movimento circular uniforme para
relacionar massa e velocidade.
Demonstração: Prever, Observar, Explicar (5-10 minutos)
Usar a demonstração de movimento circular uniforme para Video (25 minutos)
relacionar massa e velocidade. A divisão em capítulos propicia pausas para revisão e dis-
cussão
Vídeo (25 minutos)
A divisão em capítulos propicia pausas para revisão e dis- Atividade 2: Conceitos-chave (15-20 minutos)
cussão. Usar jogos de cartas (A, B, C, D) ou lousa pode facilitar a
discussão desta revisão.
Atividade 2: Conceitos-chave (15-20 minutos)
Usar jogos de cartas (A, B, C, D) ou a lousa pode facilitar a Lição de casa:
discussão desta revisão. Atividade 4: Matéria Escura em uma galáxia.
Lição de casa:
Atividade 1: Resumo em vídeo

Dicas para o professor


O vídeo de 30 minutos foi dividido em cenas baseadas em Demonstração para “Prever, Observar, Explicar”: Movi-
tópicos curriculares e pode ser assistido em uma única apre- mento Circular Uniforme
sentação ou em partes, de acordo com a sua preferência.
Demonstrações para Prever (criar hipóteses), Observar e
As sugestões seguintes são o resultado do uso destes recur- Explicar (POE). No início destas atividades, antes de começar
sos por professores experientes com suas turmas. Estamos efetivamente a demonstração, o professor solicita que os
confiantes de que essas atividades vão desafiar e inspirar alunos coloquem, seja na lousa, seja em papel, suas suposi-
seus alunos a explorar o mistério da matéria escura. Cada ções, hipóteses e explicações. Ao fim da demonstração, os
atividade pode ser utilizada individualmente ou em combina- alunos examinam suas suposições para identificar dúvidas de
ção com outras. conteúdo ou erros que eventualmente tenham cometido. A
Matéria escura em resumo discussão de possíveis hipóteses é vivamente recomendada
neste tipo de atividade, pois oferece aos alunos a oportunida-
Esta síntese de uma página acerca dos conceitos mencio- de de consolidar o aprendizado.
nados no vídeo pode ser usada como uma cartilha para
introduzir seus alunos ao tópico ou como folha de revisão Esta demonstração utiliza uma montagem típica de movi-
para fixar a informação. mento circular uniforme para introduzir os alunos ao conceito
de matéria escura. Ela começa com a relação entre a veloci-
dade da rolha de borracha em órbita e a massa das arruelas
suspensas. Uma vez que essa relação estiver firmemente
estabelecida, o conceito é estendido para a astronomia, onde
a velocidade de planetas em órbita é usada para medir a
massa do Sol, e a velocidade de estrelas em órbita é usada
para medir a massa do centro da galáxia.

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O Mistério da Matéria Escura

Dicas para o professor


Continuação
Demonstração Prática: Lente Gravitacional Atividade 4: Matéria escura em uma galáxia
Essas demonstrações utilizam objetos simples para modelar Nessa atividade de análise de dados, os alunos usam
as lentes gravitacionais. Um pires invertido e uma fita são medidas da velocidade orbital da galáxia UGC 11748 para
usados para modelar o desvio da luz causado pelo Sol. A fita explorar o conflito entre o que é esperado e o que é obser-
representa a luz de uma estrela distante que viaja em linha vado. Inicialmente, com base na distância entre o centro da
reta por uma superfície plana, mas que se encurva ao passar galáxia e diversas estrelas, os alunos calculam e põem em
sobre a superfície arredondada do pires. Deve-se tomar cui- gráfico as respectivas velocidades orbitais, as quais, em
dado para que a fita seja pressionada do modo mais suave seguida, são comparadas às velocidades orbitais de fato
possível durante a atividade. A base de uma taça de vinho observadas para essas estrelas. A curva de rotação obtida
age como uma lente, distorcendo a imagem dos círculos pelos estudantes nessa atividade é essencialmente a mesma
desenhados na página. Os alunos observam um conjunto que foi produzida por Vera Rubin para Andrômeda. Note que
de círculos de diferentes ângulos para explorar os possíveis esses cálculos são bastante sensíveis aos algarismos signifi-
resultados. Note que os arcos produzidos pelo vidro são cativos, de modo que as respostas podem variar dependen-
muito similares aos encontrados em imagens astronômicas. do da metodologia aplicada.
Atividade 1: Resumo em vídeo Atividade 5: Análise Matemática Avançada
Lista de perguntas criada para estimular o diálogo entre Atividade de aprofundamento contendo material que vai
alunos. Os alunos podem trabalhar sozinhos, em pares ou além do currículo do ensino médio, mas ainda dentro das
participar de discussões em grupos. O uso de jogos de possibilidades de alunos mais avançados. Para uma discus-
cartas ou da lousa pelos alunos permite ao professor medir são mais detalhada sobre a equação do ângulo de desvio,
quão bem os conceitos foram entendidos. visite Einstein Online: http://www.einstein-online.info/spotli-
ghts/equivalence_light
Atividade 2: Conceitos-chave
Essa lista de perguntas permite ao aluno explorar um pouco Atividade 6: Laboratório de Matéria Escura
mais o material, tanto numérica quanto conceitualmente. Nessa atividade de laboratório, os alunos usam uma mon-
tagem típica de movimento circular para analisar a conexão
Atividade 3: Gravidade e Movimento Orbital
entre velocidade orbital e força central. Os alunos desen-
Nessa atividade de POE, alunos usam um tecido elástico de volvem um modelo matemático baseado na análise de
“espaço-tempo” e uma variedade de bolas para modelar o diagramas de corpo livre e testam-no contrapondo dados
movimento orbital. O tecido que funciona melhor é conside- experimentais. O modelo é então aplicado para determinar
ravelmente grosso e elástico em todas as direções. É vendi- a massa de um objeto suspenso medindo sua velocidade
do na maioria das lojas de tecidos como material para roupa orbital. Após terem estabelecido que a massa do objeto
de banho ou de atividades esportivas. Pegue pedaços qua- central pode ser determinada usando a velocidade orbital, os
drados do maior tamanho possível, de preferência com pelo alunos devem examinar dados astronômicos para determi-
menos 1,5 metro de comprimento em cada lado. Prenda nar a massa do Sol e a massa da galáxia Via Láctea contida
algum objeto pequeno no centro do quadrado para que você dentro da órbita do Sol.
tenha algo para segurar. Pequenas bolas lisas de tamanho
variado, como bolinhas de gude, bolinhas de mouses antigos
ou rolamentos de esfera são usados como planetas. Evite
usar bolas de bilhar (muito pesadas) ou de ping pong (muito
leves). O tecido deve ser esticado uniformemente, com uma
pessoa puxando o centro para baixo, formando um cone. Os
alunos, então, exploram as variáveis envolvidas no movimen-
to orbital – é imperativo que os alunos façam suposições
concretas antes da demonstração. Nós queremos que os
alunos construam modelos mentais sobre movimento, e não
que apenas brinquem.

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O Mistério da Matéria Escura

Matéria Escura
em Resumo
Em 1967, Vera Rubin observou que as estrelas dentro Físicos também possuem evidências independentes da
da galáxia de Andrômeda apresentavam velocidades existência da matéria escura através de observações
orbitais maiores do que o esperado. de imagens distorcidas de galáxias distantes (lentes
gravitacionais).
Físicos tem observado o mesmo fenômeno na galáxia
do Triângulo. Apesar de ninguém saber do que é feita a matéria
escura, os físicos possuem atualmente uma grande
Ao medir as velocidades orbitais das estrelas dentro da quantidade de teorias.
galáxia do Triângulo usando a fórmula
Uma das primeiras teorias da matéria escura era que
ela seria composta inteiramente de objetos celestiais
compactos, como planetas, estrelas-anãs e buracos
físicos calcularam que a massa dessa galáxia dentro negros. Observações detalhadas derrubaram essa
de um raio r = 4,0 × 1020 m seria equivalente à massa teoria.
de 46 bilhões de sóis.
A maioria dos físicos atualmente acredita que a matéria
Porém, ao medir o brilho da galáxia do Triângulo, escura é feita de um tipo de partícula subatômica
também calcularam que sua massa dentro de um raio chamada de WIMP, que, até hoje, ainda não foi
r = 4,0 × 1020 m é, de fato, equivalente a 7 bilhões de detectada em laboratório.
sóis.
Existem muitos experimentos tentando detectar uma
A discrepância entre esses dois resultados implica que dessas partículas hoje em dia em diversos países.
há uma massa invisível equivalente a 39 bilhões de sois
dentro de Triângulo. A matéria escura não está relacionada à energia
escura. A energia escura se refere a um mecanismo
Essa massa invisível é chamada de “matéria escura”. misterioso que faz o universo se expandir.

Físicos observaram muitas outras galáxias e a maioria


deles está convencida de que, em média, a matéria
escura equivale a 90% da massa de cada galáxia no
universo.

Relação massa-luminosidade A galáxia Andrômeda Buraco negro

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O Mistério da Matéria Escura

Demonstração: Prever, Observar, Explicar


Movimento Uniforme Circular
Embora a matéria escura seja um tópico bastante abstrato, alguns dos conceitos básicos que
evidenciam sua existência podem ser explicados através de demonstrações simples e práticas.
Essa demonstração usa a montagem de movimento centrípeto ilustrada na Figura 1 para rela-
cionar a velocidade de objetos em órbita com a massa do objeto em torno do qual eles orbitam.
O instrumento consiste em uma rolha de borracha amarrada à ponta de um pedaço de
barbante. O barbante é passado através de um tubo estreito de vidro ou plástico e algumas
arruelas são presas à outra ponta. A fim de equilibrar as forças que atuam ao longo do bar-
bante, um clipe de papel (ou equivalente) é preso numa certa posição, como descrito abaixo.
Para usar o instrumento, segure o tubo verticalmente, prenda o clipe de papel no local de-
sejado ao longo do barbante e balance a rolha para que ela se mova em um círculo horizon-
talmente. Variar a velocidade da rolha alterará o raio de sua órbita, assim como a altura do
clipe de papel. Ajuste a velocidade da rolha para que o clipe de papel permaneça aproxima-
damente entre 1-2 cm abaixo do tubo, como na Figura 2. Enquanto o clipe permanecer na Figura 1 Montagem de movimento
mesma altura, saberemos que as forças atuando sobre ele estão equilibradas, e o raio e a centrípeto.
velocidade do objeto em órbita serão constantes.
Esta demonstração faz os estudantes considerarem as forças atuando no equipamento de
movimento centrípeto e os leva à relação entre velocidade orbital e força central. Os pontos-
-chave são:
a força atuando sobre a rolha de borracha é gerada pelo peso das arruelas
velocidades orbitais maiores requerem uma força maior
a velocidade orbital pode ser usada para determinar a massa das arruelas suspensas

Uma vez que a conexão entre velocidade orbital e massa é estabelecida, ela pode ser esten-
dida: a velocidade orbital dos planetas pode ser usada para determinar a massa do Sol e a
velocidade orbital das estrelas pode ser usada para determinar a massa das galáxias.
A demonstração segue o formato “Prever, Observar e Explicar”. Os alunos preveem o que
acontecerá, expõem sua hipótese, observam o que de fato ocorre e explicam quaisquer Figura 2 Defina o raio da órbita ajus-
discrepâncias em relação ao que esperavam. Lousas ou qualquer meio semelhante podem tando a velocidade da rolha para que o
clipe de papel permaneça logo abaixo
ser usados para fazer suposições, obter explicações e facilitar o diálogo entre os alunos. É da parte inferior do tubo.
crucial para a compreensão dos alunos que eles formulem, se comuniquem e critiquem suas
suposições e explicações.

Observe a rolha de borracha se movendo em um círculo horizontal com velocidade constante.


(a) Desenhe o diagrama de corpo livre para as arruelas suspensas. Compare e discuta com seus colegas.

(b) Qual dos diagramas de corpo livre a seguir melhor representa as forças atuando na rolha de borracha?

8 | Prever, Observar, Explicar


O Mistério da Matéria Escura

(c) Preveja o que vai acontecer com o clipe de papel se dobrarmos o número de arruelas suspensas mas mantivermos o
restante da montagem inalterada. Explique.

(d) Observe e explique as diferenças entre suas observações e sua suposição.

(e) Preveja o que seria preciso alterar para manter o clipe de papel onde estava inicialmente. Explique.

(f) Observe e explique as diferenças entre suas observações e sua suposição.

(g) Considere dois sistemas idênticos com apenas uma diferença: um deles tem o dobro de arruelas suspensas que o outro.
Preveja o que você observará quando luzes de LED são presas à rolha e colocadas em movimento circular uniforme com
suas luzes apagadas. Explique.

(h) Observe e explique as diferenças entre suas observações e sua suposição.

Prever, Observar, Explicar | 9


O Mistério da Matéria Escura

Análise de Observações Astronômicas:


(a) Usando a lei de gravitação universal, a segunda lei de Newton para o movimento e uma equação para a aceleração
centrípeta, obtenha uma expressão para a massa do Sol usando órbitas planetárias.

(b) A Terra orbita o Sol a uma distância de 1,5 x 109 m. Determine a massa do Sol.

(c) O Sol gira em torno do centro de sua galáxia a uma distância de 2,56 x 1020 m uma vez a cada 200 milhões de anos.
Determine a massa do centro da galáxia.

(d) Quão confiante você está de que a física que descreve o movimento da rolha de borracha em um fio pode ser estendida
para sistemas tão grandes quanto galáxias? Discuta.

10 | Prever, Observar, Explicar


O Mistério da Matéria Escura

Demonstração Prática
Lente Gravitacional
Uma das peças-chave dos dados observacionais apontando para a existência
da matéria escura são as lentes gravitacionais. De acordo com a teoria da rela-
tividade geral de Einstein, a massa deforma o espaço-tempo e a luz que passa
por esse espaço-tempo deformado acaba mudando de direção. Observações
atentas de objetos distantes produziram mapas bem detalhados da distribui-
ção da matéria escura.
1. A luz é desviada por objetos massivos.
Use uma fita adesiva para mostrar como a luz de uma estrela distante viaja.
Pegue um pedaço de fita adesiva de 50 cm de comprimento e cole aproxi-
madamente 20 cm sobre a mesa — mantendo-a o mais plana e lisa possível.
Coloque a borda do pires virado em seu caminho, como mostrado abaixo.
Pressione cuidadosamente o resto da fita para que percorra suavemente a
borda, continuando pela superfície do pires e então de volta para a mesa.
COSMOS mapa da matéria escura em 3D
(a) Desenhe o caminho da luz no diagrama abaixo. Coloque a Terra no fim do percurso.

Luz da estrela
(fita adesiva)
Sol
(pires)

(b) Posicione seu olho na altura da mesa e observe o caminho da luz. Onde você diria que a estrela está? Desenhe no diagrama.

(c) A curvatura da luz foi observada pela primeira vez durante um eclipse solar em 1919. Por que essa observação teve que
acontecer durante um eclipse solar?

2. Objetos observados através do espaço-tempo deformado estarão distorcidos.


Coloque uma taça de vinho em cima de cada um dos círculos abaixo. Mova-a lentamente através das figuras, observando
os círculos através da base da taça. Faça um esboço das imagens que você vê.

3. Observações astronômicas apontam para a existência de massa invisível.


Assista à excelente simulação envolvendo lentes gravitacionais no website do Instituto de Astronomia da Universidade do
Havaí: http://www.ifa.hawaii.edu/info/press-releases/Bolton7-08/lensing_animation.html

Faça um esboço de como uma galáxia distante aparenta ser quando há um objeto de grande massa entre nós e a galáxia.

Demonstração prática | 11
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 1 NOME :

Resumo em vídeo

v v v v

r r r r

1. Qual dos gráficos acima melhor representa a relação entre v e r para planetas orbitando o Sol?
a) A b) B c) C d) D

2. Qual dos gráficos acima melhor representa a relação entre v e r para estrelas orbitando o centro de uma galáxia?
a) A b) B c) C d) D

3. Físicos conseguem calcular a massa do Sol usando as medidas do raio:


a) do Sol e de sua velocidade
b) da órbita do Sol e de sua velocidade
c) de um planeta e de sua velocidade
d) da órbita de um planeta e de sua velocidade

4. Quando astrônomos medem a massa da galáxia do Triângulo usando o Método de Brilho, o resultado obtido é muito
menor do que aquele encontrado ao se usar o Método Orbital. Essa constatação pode ser explicada pelo fato de
a) as estrelas na galáxia do Triângulo serem compostas por elementos mais leves que aqueles do Sol.
b) o Método Orbital subestimar a massa da Galáxia do Triângulo.
c) a Galáxia do Triângulo conter uma grande quantidade de massa invisível.
d) a Galáxia do Triângulo conter apenas massa que emite luz visível.

5. Observações que indicam a presença de Matéria Escura foram feitas:


a) somente nas galáxias de Andrômeda e do Triângulo.
b) somente nas galáxias de Andrômeda, do Triângulo e Via Láctea.
c) em todas as galáxias que passaram por um estudo a respeito da presença de matéria escura.
d) em muitas, porém não todas as galáxias passaram por um estudo a respeito da presença de matéria escura.

12 | Atividade 1
O Mistério da Matéria Escura

6. Evidências para a existência de matéria escura provêm de observações:


a) de lentes gravitacionais e da órbita da Lua ao redor da Terra.
b) de lentes gravitacionais e das órbitas das estrelas.
c) da órbita da Lua ao redor da Terra e das órbitas das estrelas.
d) de lentes gravitacionais, das órbitas das estrelas e da órbita da Lua ao redor da Terra.

7. A massa encontrada através das lentes gravitacionais está de acordo com a quantidade de massa encontrada através de:
a) métodos orbitais
b) métodos de brilho
c) ambos os métodos
d) nenhum dos métodos

8. Matéria escura é chamada de “escura” porque ela:


a) emite apenas radiações de energia alta como raios-X e raios gamma.
b) emite apenas radiações de baixa energia, como micro-ondas e ondas de rádio.
c) reflete luz, mas não emite outros tipos de radiação, como as estrelas.
d) não emite ou reflete qualquer tipo de radiação ou luz.

9. A maioria dos físicos pensa que a matéria escura é feita de:


a) WIMPs ou áxions.
b) estrelas-anãs marrons.
c) buracos negros ou planetas.
d) estrelas como o Sol.

10. Qual das alternativas seguintes é verdadeira?


a) Os físicos sabem exatamente do que é feita a matéria escura.
b) Os físicos não têm ideia a respeito do que é feita a matéria escura.
c) Apenas alguns físicos sabem do que é feita a matéria escura.
d) Os físicos possuem algumas ideias sobre a matéria escura. Estas ideias estão sendo atualmente testadas através de
experimentos.

Atividade 1 | 13
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 2 NOME :

Conceitos-chave

Fórmulas úteis

1. Marte orbita o Sol em movimento uniforme circular. O raio da órbita de Marte é 2,28 × 1011 m e sua velocidade orbital é
2,41 × 104 m/s.

2,28 x 1011 m

Sol Marte

a) Desenhe um diagrama de corpo-livre para Marte e use-o para obter uma expressão para a massa do Sol em termos
da velocidade orbital de Marte, o raio de sua órbita e a constante gravitacional universal.

b) Use a expressão derivada em a) para determinar a massa do Sol.

2. O gráfico abaixo relaciona a velocidade orbital dos planetas com o raio de suas órbitas:

v v v

r r r r
a) Qual é a força que mantém os planetas em órbita?
b) Porque os planetas “externos” se movimentam mais lentamente que os planetas “internos”?
c) Rearranje sua resposta para 1a) e encontre a equação para o gráfico acima.

14 | Atividade 2
O Mistério da Matéria Escura

3. Astrônomos têm estudado a galáxia UGC 128 por muitos anos. Eles mediram seu brilho e calcularam que a massa das
estrelas dentro de um raio de 1,30 × 1021 m é de 3,34 × 1040 kg. Estrelas orbitando dentro deste raio foram observadas
viajando a uma velocidade de 1,30 × 105 m/s. Qual porcentagem da massa dentro do referido raio é de matéria escura?

4. Na parte rural de Minnesota, nos EUA, há um detector de matéria escura conhecido como Cryogenic Dark Matter Search
(Pesquisa Criogênica de Matéria Escura – CDMS, na sigla em inglês), localizado a uma profundidade de 700 metros numa
mina abandonada. Ele envolve uma grande quantidade de cristais de germânio (Ge) de 250g que são resfriados até se
aproximarem do zero absoluto (–273 °C).
De acordo com a teoria das “partículas massivas de fraca interação” (WIMP, da sigla em inglês para “weakly interacting
massive particles”), bilhões de WIMPs vindas do espaço estão entrando na Terra a cada segundo. Apesar de normalmente
atravessarem objetos sólidos como se estes não existissem, existe uma chance pequena de uma WIMP colidir com o
núcleo de um átomo do material pelo qual ela está passando.
Como resultado, no CDMS há uma pequena chance de uma WIMP colidir com um núcleo de átomo de germânio dentro
do detector, como mostrado abaixo:

WIMP
/s
km
75
230 km/s
WIMP Ge

Ge

a) Na figura acima, uma WIMP com massa de 1,07 × 10–25 kg e velocidade inicial de 230 km/s colide com um núcleo de
germânio estacionário de massa 1,19 × 10–25 kg. Se a WIMP é desviada e sua velocidade reduzida para 75 km/s, use
a conservação de energia para determinar a quantidade de energia transferida para o núcleo. (É essa a energia que os
cientistas precisam detectar de alguma forma.) Assuma que a colisão é elástica.

b) Quantas vezes a energia achada em “a” é menor que a energia necessária para levantar um grão de areia em um
milímetro (1 x 10–7 J )?

5. Um amigo lhe envia um email no qual se diz cético sobre a existência da matéria escura. Ele diz: “Eu pensava que a
ciência tratava apenas de observações e de objetos que podemos ver. Como você pode dizer que a matéria escura existe
se ninguém consegue vê-la?” Escreva uma resposta de cinco a dez frases descrevendo evidências para a existência da
matéria escura e defendendo a visão de que algo não precisa ser visível para ser entendido pela ciência. Em sua resposta,
dê um exemplo cotidiano de algo que existe, embora não seja visível.

Atividade 2 | 15
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 3 NOME :

Gravidade e Movimento orbital


Nessa atividade, você usará um pedaço grande de tecido elástico para modelar o movimento orbital. Puxe o tecido para
baixo pelo centro, usando um objeto pesado ou com a ajuda de outra pessoa para mantê-lo em uma posição. Seu desafio é
fazer uma bola rolar pelo tecido de forma que orbite o maior número de vezes. Você não pode mexer no tecido para fazê-la
continuar em movimento.

1. a) Preveja e Explique: Quais variáveis podem interferir na habilidade da bola para orbitar?

b) Observe e Explique: Que combinação de variáveis precisam estar alinhadas para que a bola orbite?

c) Estenda e Explique: Por que a Lua não cai na Terra?

2. a) Preveja e Explique: Como o raio de uma órbita afeta o período da órbita?

b) Observe e Explique: Compare os períodos orbitais de diferentes bolas para diferentes raios.

c) Estenda e Explique: Os dados planetários abaixo estão de acordo com suas observações?

Planeta Raio Orbital Período Orbital


(x1010 m) (dias)
Mercúrio 5,79 88
Vênus 10,8 225
Terra 14,9 365
Marte 22,8 688

16 | Atividade 3
O Mistério da Matéria Escura

3. a) Preveja e Explique: Como a massa da bola afeta o período da órbita?

b) Observe e Explique: Compare os períodos orbitais de bolas com diferentes massas.

c) Estenda e Explique: De que forma os dados abaixo apoiam suas observações?

Satélites Naturais Massa Raio Orbital Período Orbital


e Artificiais da Terra (kg) (x106 m) (dias)
ISS 4,17x105 6,73 0,063
Telescópio Espacial Hubble 1,11x10 4
6,94 0,067
Satélite GPS 2,37x103 26,6 0,5
Lua 7,35x10 22
384 27,3

Compare os dados para objetos orbitando a Terra com os dados de objetos orbitando Júpiter. Como os dados mostram
que o período da órbita depende da massa do objeto central?

Luas de Júpiter Massa Raio Orbital Período Orbital


(x1022 kg) (x108 m) (dias)
Io 8,93 4,22 1,77
Europa 4,80 6,71 3,55
Ganymede 14,8 10,7 7,15
Callisto 10,8 18,8 16,7

4. Você e um grupo de alunos vão representar como as luas de Júpiter orbitam. Quais variáveis vocês precisam levar em
consideração para que o movimento seja preciso? Como as velocidades das luas se comparam?

5. As massas da Terra, Júpiter e do Sol são de 5,98 x 1024 kg, 1,90 x 1027 kg, e 1,99 x 1030 kg, respectivamente. Seus pais se
perguntam como astrônomos medem a massa desses objetos astronômicos. Mostre como você explicaria isso a eles.

Atividade 3 | 17
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 4 NOME :

Matéria Escura em uma Galáxia


Fórmulas úteis

Raio orbital da Velocidade Velocidade Massa gravitacional Massa


estrela medida calculada 41 faltante
(× 10 kg)
(× 1020 m) (× 105 m/s) (× 105 m/s) (%)

1,85 2,47 2,36 1,69 8,99


2,75 2,40
3,18 2,37
4,26 2,25

6,48 2,47

Astrônomos analisaram as estrelas na galáxia UGC 11748 e encontraram que a maioria delas está localizada dentro de um
raio r = 1,64 × 1020 m, e que a massa total dentro deste raio é 1,54 × 1041 kg, ou 77,4 bilhões de vezes a massa do Sol.
É esperado que as estrelas situadas fora deste raio orbitem da mesma forma que os planetas orbitam em torno do Sol. Nes-
sa atividade você analisará o movimento de estrelas localizadas nas zonas externas de UGC 11748.

1. Use os valores da tabela acima para montar um gráfico relacionando


a velocidade medida e o raio orbital nos eixos fornecidos ao lado.
Chame a curva traçada de “medida”.
Velocidade medida (× 10 5 m/s)

2. a) Para cada raio orbital, calcule a velocidade esperada se a única 2.00


massa fosse a massa luminosa de 1,54 × 1041 kg. Anote suas
respostas na coluna “Velocidade Calculada”.
b) Mostre como o cálculo é feito para um exemplo, isto é, para um
raio orbital.
1.00

c) Monte um gráfico relacionando a velocidade calculada e raio orbital 1 2 3 4 5 6


nos eixos fornecidos ao lado. Chame a curva traçada de “calculada”.
Raio Orbital (×10 20 m)

3. Compare as curvas “medida” e “calculada” traçadas acima. Discuta uma possível explicação para quaisquer diferenças.

18 | Atividade 4
O Mistério da Matéria Escura

4. a) Use as velocidades medidas para calcular a massa da galáxia contida dentro de cada raio orbital. Anote suas respostas
na coluna “Massa Gravitacional”.
b) Mostre como o cálculo é feito para um exemplo, isto é, para um raio orbital.

5. Para cada raio orbital, calcule a diferença entre a massa gravitacional dentro deste raio e a massa total das estrelas
visíveis (1,54 x 1041 kg). Represente essa diferença como uma porcentagem da massa gravitacional dentro do raio orbital.
Anote suas respostas na coluna “Massa Faltante”.

6. Seus resultados estão de acordo com a seguinte afirmação? “É razoável esperar que as estrelas orbitem ao redor da
massa gravitacional contida dentro do raio de sua órbita da mesma maneira que os planetas orbitam ao redor do Sol.”
Discuta.

7. Explique a forma de seu gráfico de velocidade medida versus raio orbital.

Atividade 4 | 19
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 5 NOME :

Análise Matemática Avançada


A. Lente Gravitacional
Algumas das evidências mais convincentes para a existência de matéria escura vem do fenômeno conhecido como lente
gravitacional, previsto pela primeira vez por Einstein em sua teoria da relatividade. A teoria prevê que grandes massas no
espaço, como aglomerados de galáxias, curvam a luz que passa perto delas. Assim, quando a luz de uma estrela distante
passa perto de um corpo de grande massa, seu caminho é desviado pela gravidade. A lente gravitacional foi observada ex-
perimentalmente pela primeira vez em 1919, quando o físico Arthur Eddington observou a luz de uma estrela distante sendo
curvada pelo Sol.
Onde a estrela
parece estar

Posição
verdadeira
da estrela

As variáveis essenciais na expressão do ângulo de desvio θ podem ser deduzidas de princípios básicos e análise dimensio-
nal. É de se esperar que uma massa grande M desvie mais a luz, e que uma distância d maior desvie menos a luz, de forma
que a expressão provavelmente seja M/d. A razão de G/c2 é obtida usando análise dimensional. O componente final da
expressão é o coeficiente numérico.
2
Se nós considerarmos esse problema usando apenas o princípio de equivalência, teremos a solução Newtoniana:

Se nós incluirmos a curvatura do espaço prevista por Einstein, teremos:

onde G = 6,67 x10-11 Nm2/kg2, M é a massa do objeto (em kg), d é a distância mais próxima que a luz alcança do centro do
objeto (em m) e c é a velocidade da luz.

1. Dado que a massa do Sol é de 1,99 × 1030 kg e seu raio é de 6,96 × 108 m, calcule o ângulo de desvio para a luz de uma
estrela distante que passa rente à superfície do Sol.

2. Um raio de luz que passa a uma distância de 16 milhões de anos-luz do centro de um aglomerado de galáxias se curva
em um ângulo de 2,0 x 10-5 radianos. Use a lente gravitacional para calcular a massa do aglomerado.

20 | Atividade 5
O Mistério da Matéria Escura

3. Organize os três cenários seguintes de acordo com o ângulo de desvio (do maior para o menor) para a luz que passa rente
às bordas dos aglomerados.
a) Um aglomerado de galáxia com massa de 1014 vezes a massa do Sol e um raio de 107 anos-luz.
b) Um aglomerado de galáxia com massa de 5 x 1014 vezes a massa do Sol e um raio de 3 x 106 anos-luz.
c) Um aglomerado de galáxia com massa de 2 x 1014 vezes a massa do Sol e um raio de of 4 x 106 anos-luz.

B. “Vendo” a Matéria Escura na Terra: Colisões de WIMP


Um dos muitos experimentos em andamento atualmente na Terra em busca da matéria escura está localizado na parte rural
de Minnesota, EUA. Localizado a 700 metros de profundidade numa mina abandonada, é chamado de Cryogenic Dark Mat-
ter Search (Pesquisa Criogênica de Matéria Escura – PCME). O experimento envolve uma grande quantidade de cristais de
germânio com 250g, resfriados até se aproximarem do zero absoluto (–273 °C), e é feito para detectar matéria escura se ela
for composta por partículas massivas de fraca interação (WIMP, da sigla em inglês para “weakly interacting massive parti-
cles”). Até hoje, o experimento ainda não detectou WIMPS.
4. Se a matéria escura é feita de WIMPS, então bilhões dessas partículas do espaço estão caindo sobre a Terra a cada
segundo. Apesar de normalmente atravessarem objetos sólidos como se
estes não existissem, ou seja, sem oposição, há uma pequena chance de
uma WIMP colidir com o núcleo de um átomo do material pelo qual ela WIMP
está passando.
Assim, no PCME, há uma pequena chance de que um WIMP colidirá com
o núcleo de um átomo de germânio dentro do detector. 230 km/s
WIMP Ge
Essa colisão seria elástica, como demonstrado à direita.
Você foi contratado como consultor pelo PCME e alguns dos físicos
pediram sua ajuda com o seguinte problema: Ge
Suponha que uma WIMP tenha massa de 1,07 × 10–25 kg e uma velo-
cidade inicial de 230 km/s.
Ela colide com o núcleo de um átomo de germânio em repouso com massa de 1,19 × 10–25 kg.
O átomo de germânio é desviado com uma energia de 10 keV (1 eV = 1,60 ×1019J).
Os físicos gostariam de saber em que direção o átomo de germânio se movimenta depois da colisão.
Encontre a resposta para esse problema e escreva uma explicação clara e detalhada de como você chegou a essa conclu-
são para que possa mandá-la para os físicos do PCME.

Atividade 5 | 21
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 6 NOME :

Laboratório de Matéria Escura:


Medindo a massa usando o Movimento Circular
Um objeto se movendo a uma velocidade constante em um percurso circular está acelerando (i.e., a direção do vetor veloci-
dade está mudando constantemente). Essa aceleração é causada por uma força resultante que atua em direção ao centro do
círculo (força centrípeta). Qualquer mudança na força resultante produzirá uma mudança no movimento orbital do objeto.

Preveja
Como a velocidade de um corpo em órbita muda à medida que a força aplicada aumenta, permanecendo o raio de órbita constante?

Materiais
Rolha de borracha 16 arruelas
Barbante Cronômetro
Tubo de plástico ou vidro Balança eletrônica
Clipe de papel Massa desconhecida
Procedimento
1. Meça e anote a massa (i) da rolha e (ii) de todas as arruelas juntas.
2. Seu professor mostrará como montar o aparelho.
3. Mantenha o raio de revolução da rolha entre 40 e 80 cm. Para isso, coloque o clipe de papel logo abaixo da base do tubo.
Anote a distância do topo do tubo até a metade da rolha.
4. Amarre oito arruelas a um segundo clipe de papel amarrado na ponta livre do barbante. Gire a rolha no plano horizontal,
mantendo o primeiro clipe de papel suspenso logo abaixo da base do tubo. Assim que a rolha estiver orbitando a uma
taxa constante, anote o tempo que ela demora para completar 10 ciclos.
5. Aumente o número de arruelas em dois, mantendo o raio constante. Novamente, anote o tempo referente para 10 ciclos.
Repita este procedimento até obter resultados para pelo menos cinco massas diferentes.
Aplicação
Você receberá um objeto de massa desconhecida. Siga o procedimento acima e anote o tempo necessário para completar 10 ciclos.
Análise
1. Desenhe diagramas de corpo-livre para as arruelas e a rolha.
2. Use esses diagramas para derivar uma expressão que relacione v2 com mA. O ângulo entre o barbante e a linha horizontal
deve ser relativamente pequeno para que seja ignorado em todos os cálculos.
3. Use a geometria de uma trajetória circular para converter o período de movimento em velocidade linear para a rolha.
4. Trace um gráfico do quadrado da velocidade da rolha v2 em função da massa das arruelas mA. Calcule a inclinação da
linha (lembrando de incluir as unidades corretas).
5. Use a expressão derivada no segundo passo para dar uma explicação física para a inclinação do gráfico de v2 versus mA. Com-
pare a inclinação calculada no quarto passo com a inclinação gerada pelo seu diagrama de corpo-livre do segundo passo.
6. Use esses resultados para calcular a massa desconhecida. Compare sua resposta com o valor obtido usando a balança.
Questões
1. Dois estudantes estão girando rolhas idênticas em raios orbitais idênticos. Uma das rolhas está se movendo notavelmente
mais rápido que a outra. O que você pode inferir sobre o número de arruelas amarradas à rolha mais veloz?
2. A Terra orbita o Sol por conta da atração gravitacional. Como você pode usar os dados da órbita da Terra para medir a
massa do Sol? Encontre os dados relevantes e calcule a massa do Sol.
3. O Sol orbita o centro da Via Láctea com um raio de 8,33 kpc (1 parsec = 3,26 anos-luz) e a uma velocidade de 220 km/s.
Determine a massa da Via Láctea contida dentro da órbita do Sol.
4. Físicos estimam a massa de matéria luminosa numa galáxia medindo o brilho desta galáxia. Eles observaram que, em
muitas galáxias, as estrelas orbitam o centro das galáxias a velocidades maiores do que o esperado. Usando ideias
aprendidas neste laboratório, dê uma explicação para essas observações.

22 | Atividade 6
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 6
Laboratório de Matéria Escura:
Notas para o Professor
Em termos gerais, a matéria escura é matéria que podemos detectar somente através de sua interação gravitacional com
outros objetos. Algumas das evidências mais convincentes para a sua existência vêm da análise de estrelas que estão se
movendo muito mais rapidamente do que é esperado baseado na massa visível em torno da qual elas giram.
Ao introduzir os alunos à relação entre massa e velocidade nessa atividade, você fornecerá a noção física necessária para
que possam explorar um dos maiores problemas ainda não resolvidos na Física atual.

Segurança
A atividade aqui apresentada envolve girar objetos presos a um barbante, o que é algo
inerentemente perigoso. Se o barbante arrebentar ou os nós se desfizerem, a rolha de
borracha poderá ser projetada tangencialmente. Caso os devidos cuidados não sejam
tomados, a rolha pode também acertar o estudante segurando o aparelho. Assim:
1. Sempre cheque o equipamento antes de iniciar o laboratório. Substitua
qualquer barbante desgastado.
2. Faça os estudantes usarem óculos de proteção durante a atividade para evitar
machucados nos olhos.
3. Tenha certeza que os estudantes possuem espaço suficiente para realizar a
atividade sem colocar em perigo os colegas ou eles próprios.
Figura 1 A rolha orbita abaixo
do topo do tubo quando em
Introdução movimento orbital.
Nessa atividade, os alunos explorarão a relação entre a massa de um número de
arruelas e a velocidade orbital de uma rolha de borracha que gira ao redor delas. A atividade demonstra que podemos usar
a velocidade de um objeto em órbita para inferir a magnitude da massa responsável pela rotação. Uma série de questões
levará os alunos a ver como podem usar essa relação para analisar objetos astronômicos e, em última análise, encontrar
evidência para a matéria escura.
Quando a rolha está em movimento orbital, ela orbita logo abaixo do topo do tubo, por conta de sua massa. Portanto, o
comprimento do barbante entre a rolha e o tubo é desviado do plano horizontal, como mostrado na Figura 1. O ângulo θ
mede a extensão desse desvio.
Se os alunos considerarem rigorosamente o ângulo θ ao analisar esta atividade, encontrarão uma expressão um tanto compli-
cada para v (velocidade orbital da rolha) em termos de mA (a massa das arruelas), a qual não se presta prontamente para aná-
lise (detalhes podem ser encontrados no Apêndice B do DVD-ROM). Esse fato e o fato que θ é sempre relativamente pequeno
são boas razões pelas quais os estudantes podem ignorar θ nos passos 5 e 6. 
Conhecimentos prévios
Antes de realizar essa atividade, os alunos precisam estar familiarizados com os seguintes conceitos:
A circunferência de um círculo é dada por 2πr, onde r é o raio.
O termo “período” descreve o tempo necessário para um ciclo.
Movimento centrípeto é causado por uma força resultante agindo em direção ao centro do círculo.
A força resultante que age em planetas é a força da gravidade e sua magnitude e direção são dadas pela Lei de
Newton para a gravitação universal.

Modificações
Dependendo da ênfase particular do seu curso, as seguintes modificações podem ser feitas:
Não pese as arruelas. Faça seus alunos descobrirem apenas a relação qualitativa entre massa e velocidade.
Faça os alunos usarem técnicas gráficas para encontrar a relação entre v2 e mA, em vez de mandá-los desenhar o
gráfico de v2 versus mA.
Faça os alunos compararem os resultados obtidos para valores diferentes do raio da órbita para explorar como essa
quantidade afeta a velocidade orbital.

Atividade 6 | 23
O Mistério da Matéria Escura

Análise
Dados amostrais
Substituindo T e a expressão para aC (equação 6.1) na
Número de arruelas 8 10 12 14 16 segunda lei de Newton para a rolha
Massa das arruelas (g) 43,2 53,9 64,7 75,5 86,3
Fresultante = mR a
Tempo para 10 ciclos (s) 8,51 7,58 6,92 6,40 6,00
(6.2)
Velocidade da rolha (m/s) 4,60 5,14 5,63 6,08 6,50

Do diagrama de corpo-livre para as arruelas podemos ver


Massa da rolha de borracha = 12,4 g
que T = mA g e portanto
Massa das 16 arruelas = 86,3 g
Distância do topo do tubo até a metade da rolha = 62 cm mA g = mR (6.3)
Massa desconhecida
Massa medida em balança = 54,0 g Expressando v 2 nesta equação, temos
Tempo para 10 ciclos = 7,68 s mA g r
Velocidade da rolha = 5,07 m/s mR
gr
1. mA representa a massa das arruelas. Sejam mR a massa
mA (6.4)
mR
da rolha, T a magnitude da tensão no barbante, g a
aceleração devido à gravidade e θ o ângulo entre o
barbante e um plano horizontal traçado a partir do topo Assim, o quadrado da velocidade da rolha é proporcional à
do tubo. massa das arruelas, com a constante de proporcionalidade
igual a
Os diagramas de corpo-livre serão os seguintes: gr
(6.5)
mR
T

T Como θ é relativamente pequeno para todos os valores


de mA, mantê-lo igual a zero nos cálculos acima nos dá
θ uma aproximação precisa. Se o valor de θ é incorporado,
a relação entre v2 e mA se torna consideravelmente mais
complicada e não se presta prontamente a ser analisada
pelos alunos. Mais detalhes sobre isso podem ser
Fg = mS g encontrado no Apêndice B do DVD-ROM.
Fg = mR g
Fg = mW g
Fg = mA g 3. Exemplo de cálculo
washer
arruela stopper
rolha

2. À medida que a rolha orbita no plano horizontal, a


magnitude da força resultante atuando sobre ela é igual
à componente horizontal da tensão no barbante. Pelo
Onde r representa o raio orbital da rolha e T é o período da
diagrama de corpo-livre para a rolha, podemos ver que essa
órbita da rolha.
componente é igual T cos θ . Se θ = 0, ela se reduz a T.
Como a rolha está em movimento circular uniforme, sua
aceleração é dada por

(6.1)
r
onde r é a distância entre a rolha e o topo do tubo.

24 | Atividade 6
O Mistério da Matéria Escura

4.
Quadrado da velocidade da rolha
versus massa das arruelas

60
v2 (m 2 /s 2 )

40
20
0
0 20 40 60 80 1 00

m a (g )

Para calcular a inclinação da linha:

inclinação

5. Da equação 6.4, a inclinação do gráfico de v2 versus


mA depende da massa da rolha, do raio da órbita, e da
aceleração decorrente da gravidade. Usando os dados a
seguir: mR = 12,4 g , r = 62 cm, e g = 9,8 m/s2, temos

Assim, a inclinação medida de 5,0 × 102 m2/ (kgs2) é 2%


maior que o valor previsto pelos diagramas de corpo-livre.
6. Usando os dados de amostra de r = 62 cm and v = 5,07
m/s e a fórmula

Nota: A resposta final foi obtida usando todos os dígitos presentes em


respostas intermediárias, e não por arredondamento.

Assim, a massa da massa desconhecida calculada através


da órbita da rolha é de 53g. Isso difere da massa medida
pela balança em apenas 2%.

Atividade 6 | 25
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 1 do vídeo
Introdução
Este capítulo do vídeo: As medições mais distantes que Rubin conseguia obter
apontavam que nesta região externa da galáxia as velo-
Apresenta Vera Rubin e suas medições das velocidades
cidades orbitais eram constantes, girando em torno de
orbitais das estrelas em Andrômeda.
Explica que Rubin esperava que as velocidades orbitais 225 Km/s. A atuação da matéria escura é mais perceptível
das estrelas exteriores diminuíssem com o aumento da nas regiões mais externas, pois é lá que a matéria escura
distância delas ao centro de Andrômeda.(como é o caso predomina sobre a matéria visível. Nas regiões internas de
das velocidades orbitais dos planetas no Sistema Solar). uma galáxia, as velocidades orbitais aumentam linear-
Mostra que, contrariamente ao esperado, as mente, como esperado, pois há muito mais matéria visível
velocidades orbitais permaneciam constantes a do que matéria escura.
despeito da variação da distância e, além disso, eram Evidências anteriores
maiores que o esperado.
apontando para a existência
Explica que, com o passar do tempo, as observações
de Rubin levaram físicos a repensar a composição de de matéria escura
todo o universo. Apesar das observações de Rubin
Contexto Histórico nos anos 1960 terem levado a
matéria escura ao mainstream da
Vera Rubin foi uma astrôno-
Física, já havia, naquele momen-
ma de Washinton, D.C., EUA.
to, algumas evidências, embora
Entre 1967 e 1969 ela, com
parciais, apontando para a existên-
a ajuda de seu colega Kent
cia de matéria escura. Em 1933,
Ford, usou dois telescópios
o astrônomo suiço Fritz Zwicky Fritz Zwicky
(um no Kitt Peak e outro no
examinou as velocidades de
Lowell Observatory, ambos
galáxias individuais dentro do aglomerado (cluster) Coma
nos Estados Unidos) para ob-
e descobriu que elas eram tão grandes que excediam a
servar as velocidades orbitais
velocidade de escape do aglomerado. Isso significa que
de estrelas dentro da galáxia
o aglomerado deveria ser instável e se desfazer, o que
Vera Rubin de Andrômeda.
claramente não era o caso.
Apesar de outros astrônomos terem anteriormente medido
velocidades orbitais de estrelas em diversas galáxias, o que
Zwicky concluiu que deveria haver uma vasta quantidade
tornou as observações de Rubin únicas foi a tecnologia que
de matéria invisível dentro do cluster segurando-o através
usou. Ford tinha recentemente construído um espectrômetro
da gravidade. Porém, os dados de Zwicky continham
de alta sensibilidade capaz de coletar dados das regiões mais
muitas incertezas e, assim, outros físicos encaravam-nos
externas e fracas das galáxias. Isso permitiu a Rubin observar
de forma cética.
fenômenos anteriormente inacessíveis a astrônomos.
As velocidades orbitais dos planetas no Sistema Solar
diminuem quanto mais distante estão do Sol. Por isso, Rubin
esperava observar uma diminuição similar nas velocidades
orbitais das estrelas em Andrômeda. Em vez disso, porém,
viu que as velocidades orbitais eram como mostrado na
Figura 1.
Velocidade (km/s)

Velocidades observadas
200

100
Velocidades esperadas Figura 2 A galáxia de Andrômeda. As estrelas nela orbitam em
movimento circular uniforme.

Distância do centro da galáxia


Figura 1 Velocidades orbitais esperadas e observadas para as estrelas em Andrô-
meda. As velocidades esperadas são baseadas no pressuposto que a maior parte
da massa de Andrômeda está no centro da galáxia, onde a maior parte das estrelas
é encontrada.

26
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 2 do vídeo
Medindo a massa do Sol
Este capítulo do vídeo: Para uma órbita circular, a distância percorrida em um perío-
do completo é 2 r. Então, a velocidade:
Mostra como podemos usar a lei de Newton da
gravitação universal para calcular a massa do Sol a
partir da órbita de qualquer planeta.

Substituindo isso em (2.5):


O método para medir a massa discutido nesse capítulo do
vídeo é comumente conhecido como o Método Dinâmico.
Porém, nós usamos o termo Método Orbital para enfatizar (2.6)
sua conexão com as velocidades orbitais das estrelas.
Órbitas Elípticas Nós produzimos uma equação similar à equação em 2.2.
Órbitas planetárias são elípticas, com o Sol em um dos Enquanto a ≈ r, é válido tratar as órbitas elípticas como se
focos, como na Figura 1. A terceira lei de Kepler diz que o fossem circulares. A órbita de Júpiter é apenas ligeiramente
quadrado do período, T, é proporcional ao cubo do semieixo elíptica. A diferença entre a massa do Sol calculada assu-
maior do movimento: mindo uma órbita elíptica ou circular é menor que 0,01%.
(2.1)

onde MS é massa do Sol e G é a constante gravitacional


de Newton. Rearranjando a equação para expressar MS ,
obtemos:
(2.2) a

No vídeo, como na maioria dos livros texto, consideramos


órbitas planetárias como sendo circulares, com a força cen-
trípeta atuando sobre o planeta sendo dada por:

(2.3)
Figura 1 Planeta orbitando o Sol em uma órbita eliptica. a é o semieixo
maior da órbita.
onde mP é a massa do planeta, v a velocidade linear do pla-
neta e r o raio de sua órbita.
A força atuando sobre o planeta é a gravidade, descrita pela
lei da gravitação universal de Newton:

(2.4)

Igualando as duas forças e resolvendo para MS , temos:

(2.5)

27
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 3 do vídeo
Medindo a Massa de uma Galáxia:
Método Orbital
Este capítulo do vídeo: Efeito Doppler
Explica como calcular a massa de uma galáxia dentro O princípio básico subjacente à forma como físicos medem
de um raio dado através das velocidades e raios a velocidade de uma estrela usando o Efeito Doppler é o
orbitais de estrelas (Método Orbital). mesmo usado para medir a velocidade de uma ambulância
Aplica o Método Orbital à galáxia do Triângulo e calcula através do desvio Doppler de sua sirene, como visto na
a massa de 46 bilhões de Sóis dentro de um raio de Figura 1. Nesse último caso, nós medimos a frequência apa-
4,0 × 1020 m. rente f da sirene e calculamos sua velocidade vs (vindo em
nossa direção ou se afastando de nós) ao saber sua frequên-
Distribuição de massa cia verdadeira f0 e usando a fórmula
Uma característica interessante do Método Orbital é que
empregamos a mesma equação usada para calcular a (3.1)
massa do Sol:

onde v é a velocidade do som no ar parado, vs é a velocidade


da fonte em movimento e f0 é a frequência verdadeira emitida.
para calcular a massa de uma galáxia dentro de um certo
raio. Isso leva à seguinte questão: Ao utilizar essa equação
para uma galáxia, não estamos assumindo que a massa de
uma galáxia está concentrada no seu centro, como a massa
do Sistema Solar?
A resposta para essa pergunta é que nós não assumimos
isso. A equação:

se aplica a qualquer distribuição esférica e simétrica de


massa, incluindo tanto distribuições espalhadas quanto
concentradas. Assim, ela se aplica a uma galáxia cuja massa
se espalha por um grande volume. Figura 1 Podemos usar o efeito Doppler para medir a velocidade
de uma ambulância.
O motivo dessa equação se aplicar a qualquer distribuição
esférica e simétrica de massa é que tal distribuição produz
um campo gravitacional fora de seu raio que é idêntico Físicos usam uma equação semelhante para encontrar as
àquele que seria produzido se toda essa massa estivesse velocidades de estrelas dentro de galáxias, mas há duas
concentrada no centro da distribuição. Assim, o campo diferenças. Primeiro, físicos não medem diretamente a mu-
gravitacional externo para essa massa independe da dis- dança de frequência das ondas de luz emitidas pela estrela.
tribuição de massa, dependendo apenas da massa total M Em vez disso, medem a mudança de frequência de ondas de
contida na distribuição. rádio emitidas pelo gás de hidrogênio orbitando na mesma
Nós usamos esse fato implicitamente ao calcular a atração velocidade que a estrela. Isso lhes permite calcular a veloci-
gravitacional entre dois corpos (por exemplo, o Sol e a Terra) dade do gás e, assim, a velocidade da estrela.
usando a distância entre seus centros como a distância r na A segunda diferença é que físicos usam uma equação ligei-
lei universal de gravitação de Newton (por exemplo, entre o ramente diferente da equação 3.1, pois radiação eletromag-
Sol e a Terra). nética viaja na velocidade da luz e deve ser tomada usando
Um segundo problema relacionado ao Método Orbital e à a teoria da relatividade de Einstein, como detalhado no
distribuição de massa é: por que o Método Orbital mede Apêndice D do DVD-ROM.
apenas a massa de uma galáxia dentro de um raio determi- Note que na animação do desvio Doppler em estrelas
nado? Isto é, por que ele também não mede a massa que presente no vídeo, nós exageramos em grande escala
está para além desse raio? Uma resposta para essa questão as mudanças de cor associadas ao efeito Doppler para
pode ser encontrada no Apêndice C do DVD-ROM. salientá-las.

28
O Mistério da Matéria Escura

Efeito Doppler e a Orientação de Galáxias De onde vêm os dados para Triângulo?


É importante notar que o efeito Doppler mede apenas a ve- Os valores da velocidade (v = 123 km/s) e do raio
locidade de uma estrela se aproximando ou se afastando de (r = 4,0 × 1020 m) de Triângulo usados nesse vídeo vêm de
nós. Ele não mede nenhum movimento lateral ou transversal medições recentes desta galáxia. O conjunto completo de
em relação à Terra. dados está no Apêndice A.
Se uma galáxia está orientada de forma que podemos ver Medindo o Raio Orbital de uma Estrela
apenas a borda de seu plano orbital (uma galáxia edge-on),
Outra questão que surge deste capítulo do vídeo é como
algumas de suas estrelas estão se movendo diretamente em
os físicos medem o raio de órbita de uma estrela em uma ga-
nossa direção, ao passo que outras estão se afastando dire-
láxia distante. O Apêndice E do DVD-ROM responde a essa
tamente de nós, como mostrado na Figura 2. Usando o efeito
pergunta.
Doppler, podemos medir a velocidade orbital dessas estrelas.
Porém, se o plano orbital de uma galáxia está diretamente
voltado para a Terra (uma galáxia face-on), então todas as
suas estrelas se movem com velocidade inteiramente trans-
versal em relação à Terra, como mostrado na Figura 3. Nesse
caso, tanto as estrelas quanto o gás de hidrogênio deixam
de exibir qualquer mudança de frequência e nós não pode-
mos medir sua velocidade usando o efeito Doppler. Apenas
uma pequena fração de galáxias são face-on.
A maioria das galáxias está em algum ponto entre esses dois
extremos de ser edge-on ou face-on. Elas possuem seus pla-
nos orbitais inclinados em certo ângulo em relação a nós. En-
tão, físicos usam o efeito Doppler para medir um componente
das velocidades de suas estrelas. A partir disso, a velocidade
total é encontrada determinando o ângulo de inclinação e
ajustando a velocidade medida de acordo com ele.

Figura 2 Galáxia Edge-on Figura 3 Galáxia Face-on. Para uma galáxia edge-on, podemos
medir a velocidade orbital através do efeito Doppler. Para uma galáxia
face-on, não podemos.

29
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 4 do vídeo
Medindo a massa de uma galáxia:
O método do brilho
Este capítulo do vídeo: Sete Bilhões de Sóis
Descreve como medir a massa de uma galáxia a partir O resultado, através do Método do Brilho, de 7 bilhões de
de seu brilho (Método do Brilho) Sóis representa a massa combinada dos seguintes fatores
Aplica o Método do Brilho à galáxia do Triângulo e dentro de um raio de 4,0 × 1020 m: (i) todas as estrelas, (ii)
obtêm uma massa 39 bilhões de Sóis menor que o o gás de hidrogênio e (iii) o gás de hélio. Hélio é o segundo
valor obtido pelo Método Orbital. elemento mais abundante no universo depois do hidrogênio
Mostra como essa discrepância pode ser explicada e existe uma quantidade considerável dele em Triângulo.
pela existência de uma vasta quantidade de massa
chamada matéria escura. Quão preciso é o Método do Brilho?
Explica que todas as galáxias até hoje examinadas Como muitos cálculos em astronomia, o Método do Brilho
– no que diz respeito a conter ou não matéria escura – contém uma quantidade considerável de incerteza. Porém,
demonstraram conter uma vasta quantidade de matéria esse fato não é excessivamente significativo pois a discre-
escura. pância entre Os Métodos do Brilho e Orbital é muito grande.
Mesmo se a massa verdadeira das estrelas e gás dentro de
Como era de se esperar, o método que físicos usam atual- um raio de 4,0 × 1020 m fosse o dobro do valor para 7 bilhões
mente para calcular a massa de uma galáxia através de seu de Sóis (um erro de 50%), haveria ainda a discrepância de
brilho é consideravelmente mais complicado que o método 32 bilhões de Sóis.
apresentado no vídeo. Porém, o princípio central subjacente
ao método usado é que galáxias com massas maiores cos- Além da discrepância numérica entre Os Métodos do Brilho
tumam conter mais estrelas e, assim, costumam brilhar mais. e Orbital, o padrão geral da velocidade orbital das estrelas
dentro de galáxias (velocidade orbital constante com o au-
Uma explicação mais detalhada dos passos envolvidos nes- mento da distância) é fundamentalmente diferente do padrão
se método é a seguinte: esperado (velocidade orbital diminuindo com o aumento
da distância). Assim, mesmo se as massas das estrelas em
1. Primeiro, físicos medem a distribuição da luz dentro de
galáxias distantes fossem maiores que as estimativas atuais,
uma galáxia observando uma imagem dela. isso teria apenas o efeito de mover o gráfico para as velo-
2. Depois, usam essa distribuição para calcular o brilho cidades esperadas (Figura 1) para cima. Isso não alteraria o
aparente total da galáxia dentro de um raio r, somando padrão geral do gráfico e, de todo modo, não chegaríamos a
toda a luz dentro de r. uma correspondência entre os gráficos observado e espera-
3. Então, usam o conhecimento da distância da galáxia do. Assim, as estrelas e o gás sozinhos não podem explicar
para determinar sua claridade total verdadeira (i.e. as velocidades observadas para as estrelas, não importando
luminosidade) dentro de r. quão larga seja sua massa combinada.
4. Depois, estimam quanto de massa dentro da galáxia,
em média, produz uma, assim chamada, unidade de
claridade. Essa quantidade é um fator de conversão
Velocidade (km/s)

Velocidades observadas
de luminosidade para massa e pode ser estimada por
200
uma variedade de formas. Por exemplo, físicos às
vezes usam conhecimento da abundância relativa de
diferentes tipos de estrelas dentro de uma galáxia, em 100
Velocidades esperadas
conjunto com a luminosidade e a massa de cada tipo,
para estimar o fator de conversão.
5. Por fim, multiplica-se a luminosidade total verdadeira
Distância do centro da galáxia
dentro de r pelo fator de conversão para obter um
resultado para a massa dentro do raio r.
Figura 1 Velocidades orbitais esperadas e observadas em Andrômeda. As
velocidades esperadas são feitas com base no pressuposto que a vasta maioria
da massa de Andrômeda está no centro da galáxia, onde a maioria das estrelas é
encontrada.

30
O Mistério da Matéria Escura

Relação massa-luminosidade
O gráfico apresentado na Figura 2 coloca o brilho (i.e. lumi-
nosidade) em função da massa de estrelas individuais. Ele
mostra a bem conhecida relação massa-luminosidade. Apesar
da relação mostrada ser linear, nós usamos escalas logarítmi-
cas em ambos os eixos por motivos de simplificação.

A relação verdadeira é

(4.1)

Figura 2 Relação massa-luminosidade


Onde MS e LS são, respectivamente, a massa do Sol e sua
luminosidade. M e L são a massa e a luminosidade da
estrela em questão. (Note que o expoente 4 é apenas uma
aproximação. Em alguns casos, outro valor é usado, como
3,5 ou 3,9).
Densidade da Matéria Escura
Medidas de velocidade orbital podem ser feitas a distâncias
que estão para além das estrelas mais externas ao se olhar
para baixas concentrações de gás de hidrogênio. Físicos
encontraram que, para a região que está além das estrelas
mais externas, as velocidades medidas permanecem cons-
tantes com a distância e, além disso, são muito maiores do
que o esperado.
Figura 3 Representação de uma nuvem de matéria escura ao
Pelo formato do gráfico resultante da velocidade orbital versus redor de uma galáxia.
o raio orbital, determina-se que a massa total de matéria es-
cura, Mescura, dentro de um raio r aumenta linearmente com r,

Mescura (4.2)

Na medida em que a matéria escura atrai gravitacionalmente


mais matéria escura, ela tende a ser encontrada aglutinada.
Como resultado, na imagem da matéria escura (Figura 3) que
aparece perto do fim deste capítulo do vídeo, a densidade
de matéria escura é maior no centro e gradualmente diminui
à medida que nos distanciamos dele.
A Matéria Escura é a mesma coisa que a Energia Escura?
A matéria escura se distingue da energia escura, uma forma
de energia invisível recentemente descoberta que muitos
físicos acreditam compor uma grande parte do universo. A
energia escura é anti-gravitacional e parece ser responsável
por fazer o universo se expandir a uma taxa cada vez maior.
Matéria escura na Galáxia do Triângulo
Como dito no vídeo, existem 7 bilhões de Sóis de massa
luminosa na Galáxia do Triângulo dentro de um raio de 4,0
× 1020 m e 39 bilhões de Sóis de matéria escura no mesmo
raio. Existem poucas estrelas além desse ponto, apesar
de pequenas quantidades de gás hidrogênio poderem ser
encontradas. A matéria escura se estende além de 4,0 × 1020
m e, em suma, há mais do que 39 bilhões de Sóis de matéria
escura na Galáxia do Triângulo.

31
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 5 do vídeo
Evidências de Einstein
Este capítulo do vídeo:
Explica que grandes massas no espaço sideral
encurvam raios de luz próximos (lente gravitacional)
Explica como podemos usar o grau de distorção
observado em imagens de galáxias distantes para inferir
a presença de matéria escura em aglomerados de
galáxias.

A ideia de que a massa encurva a luz que viaja em seu


entorno vem da teoria da relatividade geral de Einstein. De
fato, Einstein alcançou fama mundial pela primeira vez em
1919 porque outro físico, Arthur Eddington, observou luz Albert Einstein
sendo encurvada pelo Sol, confirmando a existência desse
fenômeno.
O desvio – isto é, o encurvamento da luz – causado por
imensos aglomerados de galáxias é geralmente muito pe-
queno: menor que um grau. Porém, no vídeo, nós exagera-
mos o efeito para enfatizá-lo.
Aglomerados de galáxias
Lentes gravitacionais permitem o estudo da matéria escura
na escala de aglomerados de galáxias, os quais envolvem
grandes quantidades de galáxias individuais, como na
Figura 1. Os físicos encontraram que a razão entre matéria
escura e estrelas e gás de hidrogênio nessa escala é signifi- Figura 1 Lente gravitacional num cluster (aglomerado) de galáxias.
cativamente maior do que em galáxias individuais.
Algumas observações envolvendo lentes gravitacionais são
difíceis – ou mesmo impossíveis – de explicar sem a maté-
ria escura, de forma que muitos físicos pensam que a lente
gravitacional produz a evidência mais forte para a existência
desse material elusivo.
Além do mais, como a lente gravitacional é um aspecto da
teoria da relatividade geral de Einstein e não da teoria de
gravitação universal de Newton, ela fornece evidências para
a presença de matéria escura que são independentes da
evidência vinda das velocidades orbitais das estrelas nas
galáxias.

32
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 6 do vídeo
Ideias equivocadas sobre a matéria escura
Este capítulo do vídeo: de lente gravitacional de pequenas escalas. Em vez de tentar
observar distorções nas imagens de galáxias inteiras, físicos
Mostra que a maior parte da matéria escura não é feita
olham para distorções nas imagens de estrelas individu-
de planetas, estrelas anãs marrons ou buracos negros.
ais. Essas distorções são o aumento temporário de brilho
causado por estrelas anãs, buracos negros ou outros objetos
Uma das primeiras teorias sobre a matéria escura (dos anos
“escuros” encurvando luz ao seu redor e agindo como uma
1970) dizia que ela era feita de objetos celestes conhecidos,
lente convergente. Físicos descobriram certa massa invisí-
como planetas do tamanho de Júpiter, estrelas anãs mar-
vel dessa forma, mas não o suficiente para explicar toda a
rons e buracos negros. Esses e outros objetos semelhantes
matéria escura.
são conhecidos conjuntamente como objetos astrofísicos
massivos [de grande massa] de halo compacto (MACHO, da
sigla em inglês para Massive Astrophysical Compact Halo
Objects), e a teoria que diz que a matéria escura é feita deles
é chamada de teoria MACHO da matéria escura.
Planetas
O problema principal com a ideia de que planetas formam a
maior parte da matéria escura é que deveriam existir muitos
deles. Por exemplo, existem 39 bilhões de Sóis de matéria
escura na Galáxia do Triângulo num raio de 4,0 ×1020 m. A
massa de Júpiter é apenas um milionésimo da massa do
Sol, e, por isso seriam necessários mais de 10 trilhões de
planetas do tamanho de Júpiter para dar conta de toda essa Figura 2 Estrela anã marrom
matéria escura. Isso corresponderia a milhares de planetas
para cada estrela num raio de 4,0 × 1020 m, como na O segundo motivo pelo qual é improvável que a maior parte
Figura 1. Dado que nosso Sistema Solar possui apenas oito de matéria escura seja feita de buracos negros se relaciona
planetas, isso parece extremamente improvável. às explosões chamadas de “supernovas”, as quais acom-
panham sua criação. Supernovas acontecem quando uma
estrela massiva atinge o fim de sua vida e colapsa sob a
gravidade. A isso se segue uma explosão incrivelmente clara
(uma supernova) que expele grandes quantidades de uma
gama de elementos químicos, como na Figura 4. Se a massa
de uma estrela antes da supernova é maior que aproxima-
damente 25 vezes a massa do Sol, a força da gravidade no
colapso é tão forte que resulta num buraco negro.
Os elementos criados numa supernova emitem um espectro
de emissão característico e podem ser facilmente detecta-
dos pelos físicos. Assim, a criação de um buraco negro deixa
um traço visível. Se a matéria escura fosse feita inteiramente
Figura 1 Se a matéria escura é feita inteiramente de planetas, seriam de buracos negros, haveria grandes quantidades de elemen-
necessários milhares de planetas para cada estrela numa galáxia.
tos criados numa supernova espalhados pelo universo. Po-
rém, observações atuais indicam que a quantidade deles não
Anãs marrons e Buracos Negros chega nem perto do suficiente para apoiar a ideia de que
Dois outros candidatos a matéria escura são as estrelas matéria escura é composta inteiramente por buracos negros.
anãs marrons (também conhecidas como anãs marrons) e
buracos negros, como nas Figuras 2 e 3. Ambos possuem
massa, mas emitem tão pouca luz que não podemos vê-los
prontamente usando telescópios. Apesar disso, físicos
conseguem detectar sua presença através de experimentos

33
O Mistério da Matéria Escura

Visualizando um buraco negro composta de qualquer tipo de átomo (a massa bariônica). O


Em vários pontos deste capítulo do vídeo, mostramos uma total de massa bariônica no universo é apenas um quinto do
imagem de um buraco negro cercado de trilhas coloridas total de matéria escura e por isso parece que, no melhor dos
(Figura 3). Elas representam radiação eletromagnética emi- casos, apenas uma pequena fração da matéria escura é feita
tida por matéria próxima a ele ao ser atraída para o buraco de gás de hidrogênio.
negro, uma ocorrência comum. Neutrinos
Gás de hidrogênio Há ainda uma teoria sobre a matéria escura que diz ser ela
Outro candidato para a matéria escura é o gás hidrogênio feita de neutrinos – partículas minúsculas, muito leves, que
esparsamente distribuído. O hidrogênio é o elemento mais passam através de objetos sólidos como se estes não exis-
abundante no universo e existem vastas quantidades dele tissem, dificultando sua detecção.
nas galáxias, bem como entre elas. Quando ele está espar- Existem grandes quantidades de neutrinos pelo universo,
samente distribuído, pode ser muito difícil detectá-lo. por isso alguns pesquisadores nos anos 1980 tiveram a ideia
Porém, há fortes evidências de que o gás hidrogênio (ou de que neutrinos poderiam compor a maior parte da matéria
qualquer outra coisa feita de átomos) não compõe a maior escura. Recentemente, porém, físicos conseguiram estimar
parte da matéria escura. Essa evidência vem da muito bem- a massa do neutrino e concluíram que ela é muito pequena
sucedida teoria da Nucleossíntese do Big Bang, que permite para ser responsável pela maior parte da matéria escura.
aos físicos estimar a quantidade total de massa no universo

Figura 3 Buraco negro. Figura 4 Supernova: uma explosão que acontece no fim da vida
de uma estrela massiva.

34
O Mistério da Matéria Escura

Capítulo 7 do vídeo
Teorias atuais da Matéria Escura
Este capítulo do vídeo: Áxions
Discute a possibilidade de que não existe matéria Uma segunda teoria envolvendo partículas não-detectadas é
escura e que, em vez disso, precisamos modificar a de que a matéria escura é feita de partículas subatômicas
nossas leis atuais da gravidade chamadas de áxions. Áxions são muito mais leves do que
Descreve como a maioria dos físicos pensa que elétrons e não possuem carga elétrica. Uma das principais
a matéria escura consiste de um tipo de partícula diferenças entre WIMPs e áxions diz respeito à massa de
subatômica até agora, porém, não detectada. cada um. Assim, a diferença entre as duas teorias (WIMPs e
Discute os dois principais candidatos para essa nova áxions) é que a matéria escura é feita ou bem de um grande
partícula: partícula massiva de fraca interação (WIMPs) número de partículas leves (áxions) ou bem de um número
e áxions. menor de partículas mais pesadas (WIMPs).
Entrevista alguns pesquisadores de matéria escura
sobre suas opiniões a esse respeito. Procurando pela matéria escura na Terra
Discute alguns dos experimentos em andamento que
A Terra está localizada na galáxia Via Láctea, que é domina-
tentam detectar diretamente a matéria escura.
da por matéria escura. Isso significa que se a matéria escura
é feita de WIMPs ou áxions, bilhões de partículas invisíveis
Existem quatro evidências primárias que apontam para a
estão atravessando seu corpo a cada segundo, como na
existência de matéria escura. São elas:
Figura 2. Físicos deveriam ser capazes de detectar uma
A velocidade orbital de estrelas em galáxias pequena fração dessas partículas (se elas existem) usando
Lentes gravitacionais experimentos altamente sensíveis. Assim, muitos grupos ao
A estrutura em larga-escala do universo redor do globo montaram um número desses experimentos.
Radiação cósmica de fundo (CMB, da sigla em inglês Alguns dos mais promissores são feitos a uma profundidade
para Cosmic Microwave Background) de 2 Km em uma mina de níquel no SNOLAB, em Sudbury,
Ontário, Canadá.
Todas as teorias para a matéria escura mencionadas no
Capítulo 6 do Vídeo envolvem objetos que foram detectados
experimentalmente. Suas falhas sugerem uma das duas
possibilidades seguintes:
A matéria escura é feita de objetos que nunca foram
detectados em experimentos.
A matéria escura não existe. Muito das evidências para
sua existência vem de efeitos relacionados à gravidade
(por exemplo, as velocidades orbitais de estrelas,
lentes gravitacionais). Portanto, se as nossas leis da
gravidade atuais não se aplicam numa escala galática,
essa evidência é prejudicada.

WIMPs Figura 1 Muitos físicos pensam que a matéria escura é feita de WIMPs.

Tendo eliminado todos os tipos de matéria detectada expe-


rimentalmente como candidatos à matéria escura, muitos
físicos se voltaram para variedades não-detectadas. Uma
das ideias mais populares é a que a matéria escura é feita
de partículas subatômicas hipotéticas chamadas de “weakly
interacting massive particles”, partículas massivas de fraca
interação, (WIMPs), como na Figura 1.
WIMPs são várias vezes mais massivos que um próton e
não possuem carga elétrica. Radiação eletromagnética é
produzida por partículas carregadas, então, como WIMPs
não são carregadas, não emitem radiação eletromagnética
de nenhuma frequência e, assim, aparentam ser escuras.
Muitos físicos estão confiantes que a matéria escura é feita Figura 2 Se a matéria escura é feita de WIMPs ou áxions, então bilhões de
por grandes nuvens de WIMPs que se movem a alta veloci- partículas de matéria escura estão atravessando seu corpo a cada segundo.
dade em todas as direções.

35
O Mistério da Matéria Escura

Experimento de Matéria Escura PICASSO Modificando Newton


Um dos experimentos no SNOLAB é o PICASSO (da sigla Uma pequena parte dos físicos defendem uma solução
em inglês Project in Canada to Search for Supersymetric radical para o mistério da matéria escura: modificar a lei de
Objects, “Projeto no Canadá para Buscar Objetos Super- gravitação universal de Newton para escalas de galáxias
simétricos”), que é salientado no vídeo. Ele consiste em (ou maiores). Uma dessas teorias é a chamada Dinâmica
milhões de pequenas gotículas de Freon líquido superaque- Newtoniana Modificada (MOND, na sigla em inglês para Mo-
cido (C4F10 ) suspensos num gel. Há uma pequena chance de dified Newtonian Dynamics) e pode explicar a discrepância
um WIMP que esteja passando pelo experimento colida com de massa entre os Métodos Orbital e de Brilho. A MOND faz
um núcleo de flúor dentro de uma das gotículas. Quando isso alterando a relação entre a magnitude da força gravita-
esta colisão acontece, energia é transferida para a gotícula, cional F e a distância r de
fazendo o líquido evaporar e uma pequena bolha se formar.
A bolha, então, se expande rapidamente, mandando uma
para
onda de choque que pode ser detectada usando sensores
acústicos. para distâncias muito grandes.
Experimento de Matéria Escura ICE CUBE
Outro experimento envolvendo matéria escura está localiza- Apesar da MOND conseguir explicar a evidência que suporta
do no Polo Sul. O experimento ICE CUBE consiste de uma a existência da matéria escura em galáxias, ele não conse-
vasta gama de detectores de luz sensíveis localizados em gue explicar a evidência obtida através das lentes gravita-
buracos com 1 Km de profundidade no gelo. Se a matéria cionais. Além disso, alterar uma lei física básica é algo muito
escura for composta de WIMPs, então a matéria escura que raro na Física e a maioria dos físicos não acredita que essa
é aprisionada gravitacionalmente no Sol e na Terra deveriam, seja a solução para o mistério da matéria escura.
indiretamente, fazer a luz atingir os detectores em um padrão Conclusão
característico.
A corrida para ser o primeiro a detectar a matéria escura
CERN e o LHC aqui na Terra é intensa. Quem conseguir primeiro vai ter, pela
Outro experimento que pode detectar a matéria escura primeira vez na história, observado diretamente a partícula
acontece nos arredores de Geneve, Suíça, no CERN, o maior que compõe, em média, 90% da massa de qualquer galáxia
acelerador de partículas do mundo. Usando o Large Hadron do universo. Um Prêmio Nobel seria quase garantido.
Collider (LHC), físicos esperam um dia criar partículas de ma-
téria escura (WIMPs) através de colisões de energias extremas
entre partículas subatômicas. Se obtiverem sucesso, isso
pode criar evidências para a teoria WIMP da matéria escura.

Figura 3 O experimento PICASSO em Ontário, Canadá.

36
O Mistério da Matéria Escura

Atividades
Soluções
2. a) A atração gravitacional do Sol mantêm os planetas em
Atividade 1 suas órbitas.
Resumo em vídeo b) Da lei da gravitação universal, o campo gravitacional
do Sol diminui com o aumento da distância ao Sol. Assim,
os planetas mais externos se movimentam mais devagar
porque estão sujeitos a um campo gravitacional mais fraco
1. b 2. a 3. d 4. c 5. c 6. b 7. a 8. d 9. a 10. d e assim são menos acelerados e possuem velocidades
orbitais menores, como previsto pela equação

Atividade 2
Conceitos-chave c) Começando com a resposta para 1. a)

1. a) Seja FG,S a magnitude da força gravitacional do Sol


sobre Marte. Além disso, mM e v representam a massa e a Rearranje para expressar v
velocidade orbital de Marte, r o raio da órbita de Marte ao
redor do Sol e MS a massa do Sol.

Essa é a equação para o gráfico na planilha (folhas de


FG,S atividades).
3. Temos a seguinte informação
Sol
Sun Marte
Mars

A quantidade de matéria escura Mescura é a diferença entre


a massa total Mgal e a massa luminosa Mestrelas

Podemos calcular Mgal da seguinte maneira:

b) Temos a seguinte informação

Substituindo isso na resposta para a), obtemos

37
O Mistério da Matéria Escura

A quantidade de matéria escura é 5. Uma boa resposta para essa questão deve incluir os
seguintes pontos:
Uma das principais evidências para a matéria escura vem
das observações de estrelas em galáxias. As estrelas es-
tão se movendo a velocidades maiores do que o espera-
do caso as galáxias contivessem apenas matéria visível.
Existem muitas formas de detectar objetos. A visão é
apenas um dos nossos cinco sentidos.
Existem muitos exemplos de cientistas aceitando a
existência de coisas que não conseguem ver. Por
exemplo, ondas de rádio, átomos, campos magnéticos.
Exemplos de coisas cotidianas que acreditamos existir
mas que não conseguimos ver:
(Nota: Resposta final obtida usando todos os dígitos presentes em
respostas intermediárias, não por aproximação.)
Ar: mesmo não conseguindo enxergá-lo, podemos
detectar seu movimento (i.e. vento).
Raios-x: não podemos vê-los, mas permitem a médicos
4. a) Temos as seguintes informações e dentistas obter imagens de várias partes do corpo.
Micro-ondas: apesar de não conseguirmos enxergá-
las, elas aquecem nossos alimentos em fornos de
micro-ondas.

Atividade 3
Gravidade e Movimento Orbital
Como a colisão é elástica, podemos calcular a energia do
núcleo de germânio pela mudança de energia do WIMP Os alunos DEVEM prever, explicar e escrever as próprias
usando o princípio de conservação de energia cinética. ideias ANTES de começarem a análise. Isso os incentiva
Antes da colisão a construir modelos mentais fortes em vez de apenas
brincarem.
1. Os alunos podem demorar algum tempo para fazer a
Depois da colisão atividade com sucesso. Forneça um bom tempo para que
eles investiguem e resolvam o problema em grupo. Ao fim
e ao cabo, os alunos vão perceber que a bola precisa ser
lançada lateralmente e na velocidade certa. Para que a
Assim, a quantidade de energia transferida para o núcleo atividade funcione bem, o pano precisa estar bem nivelado
de germânio é e tensionado; o poço deve ser o mais profundo possível.
Os alunos podem ver uma resposta para “Porque a Lua
não Cai?” em https://www.perimeterinstitute.ca/videos/
b) Como precisamos de 1 x 10-7 J de energia para levantar alice-and-bob-wonderland-why-doesnt-moon-fall-down 
um grão de areia em 1mm 2. Deve estar bem claro que quanto menor o raio, mais curto
o período. Isso pode ser visto com dados planetários (e,
mais para frente, com dados de satélites), contanto que
permaneçamos dentro de um sistema.
Assim, a quantidade de energia transferida para o núcleo 3. Os alunos devem ser capazes de perceber que a massa da
de germânio é 40 milhões de vezes menor do que a esfera orbitante não importa (muito). Uma bolinha de gude e
energia necessária para levantar um grão de areia em uma bola de tênis podem ter as mesmas órbitas, apesar da
1mm. diferença de massa. Você pode demonstrar isso lançando
Logo, cientistas precisam de um detector altamente as duas bolas ao mesmo tempo. Outras variáveis também
sensível se quiserem algum dia detectar uma WIMP. desempenham um papel aqui (atrito, área de superfície
etc.), então os resultados podem não ser exatos.
A Estação Espacial Internacional (ISS) é muito mais
massiva que o Telescópio Espacial Hubble (HST), mas
seus raios e períodos são quase o mesmo. A massa do
corpo orbitante não importa. Isso é semelhante ao fato de
objetos caírem com mesma aceleração.

38
O Mistério da Matéria Escura

Nossa lua possui um raio orbital similar à lua Io, de Júpiter, 2. b)


mas com um período maior. A diferença se dá por conta
da massa dos corpos centrais (Júpiter é 320 vezes mais
massivo que a Terra).
4. O benefício de atividades de “atuação” deste tipo está
mais na discussão que se dá entre os alunos do que
na performance em si. Órbitas menores tem períodos
menores. As órbitas devem ser circulares – são apenas
ligeiramente elípticas –, e na mesma direção. A massa
do objeto orbitante é irrelevante. Você pode incrementar
essas atividades com uma simulação no computador de
movimento orbital. Duas simulações muito boas, cortesia
do Physics Education Technology (PhET):
http://phet.colorado.edu/en/simulation/gravity-and-orbits 3. O gráfico “medido” é “praticamente” constante. As
para objetos orbitando a Terra e velocidades não mudam tanto à medida que os raios
http://phet.colorado.edu/en/simulation/my-solar-system orbitais aumentam. O gráfico “calculado” mostra uma
para objetos orbitando o Sol. relação inversa. As velocidades diminuem à medida que o
raio orbital aumenta.
5. Astrônomos medem o raio e o período orbital de satélites
e usam uma fórmula para calcular a massa do objeto Para obter as velocidades calculadas, nós assumimos que
central. Baseado nessa atividade, os alunos devem ser apenas a matéria visível exerce uma força gravitacional
capazes de deduzir que astrônomos usam o raio orbital e sobre as estrelas. Se existisse matéria invisível na galáxia,
o período para determinar a massa. Estudantes avançados a massa visível estaria abaixo da massa total. Assim, como
devem ser capazes de deduzir a fórmula a partir da lei de há uma relação entre massa e velocidade, isso também
gravitação de Newton e de uma equação para movimento significaria que as velocidades calculadas estariam
circular para obter: abaixo das velocidades verdadeiras (i.e. as velocidades
medidas). Assim, a presença de matéria invisível na galáxia
onde, pode explicar a diferença entre os gráficos “medido” e
M é a massa do objeto central (em kg); “calculado”.
r é o raio (em m);
4. b)
T é o tempo de uma órbita (em s); w
G é constante gravitacional universal
6,67 x 10-11 N m2/kg2.

Atividade 4
Matéria Escura em uma Galáxia

1. e 2. c)

Velocidade medida
5. b) Seja Minterior a massa dentro de um raio de
Velocidade (× 10 5 m/s)

2,00
1,64 x 1020 m. Assim, para r = 1,85 × 1020 m

Velocidade calculada

1,00

1 2 3 4 5 6

Raio Orbital (×10 20


m) Nota: A resposta final foi obtida usando todos os
dígitos presentes nos passos intermediários, não por
arredondamento.

39
O Mistério da Matéria Escura

Substituindo esses valores na equação 5.1, obtemos


Raio orbital Velocidade Velocidade Massa gra- Massa
da estrela medida calculada vitacional faltante
(× 1020 m) (× 105 m/s) (× 105 m/s) (× 1041 kg) (%)
1,85 2,47 2,36 1,69 8,99
2,75 2,40 1,93 2,37 35,2
3,18 2,37 1,80 2,68 42,5
2. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano,
4,26 2,25 1,55 3,23 52,4
e, assim,
6,48 2,47 1,26 5,93 74,0
1 ano-luz
6. Não é razoável esperar que as estrelas orbitem como os pla-
netas. Como os resultados na coluna “massa faltante” mos-
tram, há uma grande quantidade de matéria escura espalha- Usando a equação
da por UGC 11748. Assim, a massa dessa galáxia não está
concentrada perto do centro galáctico, em contraste com a
forma da massa do Sistema Solar, que está concentrada em
seu próprio centro. Como resultado, não esperaríamos que
Nós temos
as velocidades orbitais das estrelas seguissem o mesmo
padrão das velocidades dos planetas no Sistema Solar.

Para distribuições de massa esfericamente simétricas,


uma distribuição dispersa produz um campo gravitacional
fora da distribuição que é idêntico ao campo produzido
por uma distribuição concentrada em um centro com a
mesma massa total. Porém, o campo gravitacional produ-
zido pela distribuição dispersa dentro de sua própria distri-
buição é diferente. Assim, as forças gravitacionais agindo
sobre objetos, como as estrelas, dentro da distribuição Essa massa é equivalente a 5,1 × 1014 ou 510 trilhões de
diferem das forças gravitacionais dentro da mesma região vezes a massa do Sol.
para a distribuição concentrada. Como resultado, há uma
diferença entre as velocidades de objetos dentro dessa 3. Da fórmula
região para as duas distribuições.
7. As velocidades medidas permanecem constantes à
medida que o raio orbital aumenta. A explicação mais
simples para isso é postular a existência de algum tipo de O ângulo de desvio θ é proporcional à massa do cluster
massa que nós não conseguimos ver (i.e. matéria escura). (aglomerado) dividido pelo raio. Isso dado,
O fato de que a diferença de massa aumenta com o raio
Para a) θ é proporcional a 1014/107 = 107.
orbital, para além de onde a maioria das estrelas estão,
indica que a matéria escura se estende para além de onde Para b) θ é proporcional a (5 × 1014/3 × 106) = 1,67 × 108.
a matéria luminosa termina.
Para c) θ é proporcional a (2 × 1014/4 × 106) = 5,0 × 107.
Assim a ordem em termos do maior ângulo de desvio para
o menor, é b, c, a.
Atividade 5
Análise Matemática Avançada B. “Vendo” a Matéria Escura na Terra
4. Para resolver esse problema, vamos nomear os ângulos
de desvio para a WIMP e para o núcleo de germânio como
A. Lente Gravitacional a seguir
1. Nós podemos resolver esse problema usando a fórmula WIMP
(5.1)

230 km/s
WIMP Ge
onde G = 6,67 × 10-11 Nm2/kg2, c = 3,00 × 108 m/s, θ
d = 6,96 × 108 m, e M = 1,99 × 1030 kg.
Ge

40
O Mistério da Matéria Escura

Usando o princípio de conservação de energia Elevando ambos os lados ao quadrado, obtemos

(5.2) (5.5)

Da equação 5.4

A energia final do átomo de germânio é 10 keV,


que é igual a
E assim

Assim, a velocidade final do átomo de germânio é


(5.6)

Somando as equações 5.5 e 5.6, obtemos

(5.7)
Rearrumando a equação 5.2 descobrir , obtemos

Resolvamos agora essa equação para cos θ e assim


encontrar um valor numérico para essa quantidade.
Expandindo o lado direito da equação 5.7, temos
Substituindo os valores para m W , e Ge , chegamos a

(5.8)
Da conservação de momento na direção x
Substituindo os seguintes valores na equação 5.8
(5.3)

Da conservação de momento na direção y

(5.4)

Obtemos
Como queremos encontrar θ, eliminaremos encontrando
expressões para sen2 e cos2 das equações 5.3 e 5.4 e
usando a identidade sen2 + cos2 = 1.

Da equação 5.3
Assim, θ = 41,2 graus.
Logo, um átomo de germânio com uma energia de 10 keV
é defletido num ângulo de 41,2 graus abaixo da horizontal
(i.e. 41,2 graus em sentido horário do eixo x positivo).
O WIMP recua 52,2 graus em sentido anti-horário do eixo
x positivo.

41
O Mistério da Matéria Escura

Atividade 6 Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano:


9,46 x 1015 m
Laboratório de Matéria Escura Assim,

1. Se os objetos são idênticos e os barbantes são do mesmo Assim, = 2,57 × 1020 m.


comprimento, podemos inferir que a rolha que está se Substituindo esse resultado na expressão acima para
movendo mais rápido possui uma massa maior (i.e. mais
arruelas) presas ao barbante.
2. A Terra orbita o Sol devido à atração gravitacional do Sol
sobre a Terra. A força centrípeta FC necessária para manter
a Terra em órbita precisa ser igual à força de gravidade FG 4. A explicação mais simples para o fato de as velocidades
exercida sobre a Terra pelo Sol. orbitais observadas serem maiores do que o esperado é
que a massa dentro de uma galáxia que exerce uma força
gravitacional sobre as estrelas é maior do que a esperada.
Assim, parece que os cálculos de massa feito pelos físicos
baseados na luminosidade não estão levando algo em
consideração (i.e. há uma massa invisível que não foi
incluída nos cálculos).

3. O Sol é mantido em sua órbita pela força gravitacional


produzida pela massa da Via Láctea contida dentro sua
órbita. Equacionando as forças centrípeta e gravitacional
atuando sobre o Sol

42
O Mistério da Matéria Escura

Quem são as pessoas no vídeo?


O status dos profissionais abaixo refere-se às posições ocupadas por eles na época em que o vídeo foi filmado.

PROFESSOR JOAO MAGUEIJO é físico no PROFESSOR SLAVA MUKHANOV é um físico


Imperial College. Bastante conhecido por propor na Ludwig-Maximilians University de Munique,
uma teoria de acordo com a qual a velocidade da conhecido como um dos pioneiros na teoria da In-
luz era maior no início do universo (velocidade da flação Cósmica. Esta teoria diz que o universo, em
luz variável). seus momentos iniciais, se expandiu imensamente
em uma pequena fração de segundo.

PROFESSOR CLIFF BURGESS é um famoso DR. JUSTIN KHOURY é um cosmólogo no


físico de partículas na McMaster University e no Perimeter Institute for Theoretical Physics que pes-
Perimeter Institute for Theoretical Physics. Possui quisou, entre muitas outras coisas, uma alternativa
um amplo leque de interesses, incluindo teoria das para a teoria tradicional do Big Bang/Inflação
cordas, cosmologia e física de partículas. Cósmica. Segundo esta teoria alternativa o uni-
verso existia mesmo antes do Big Bang (Universo
Ekpirótico).

DRA. CLAUDIA DE RHAM é uma pesquisadora PROFESSOR ASSOCIADO UBI WICHOSKI


de pós-doutorado na Mc Master University e no é um físico experimental na Laurentian Universi-
Perimeter Institute for Theoretical Physics. Trabalha ty. Após trabalhar em cosmologia teórica e física
com teorias extra-dimensionais em cosmologia. de raios cósmicos, está agora envolvido em dois
experimentos subterrâneos: PICASSO (Projeto no
Canadá para busca de objetos supersimétricos,
sigla em inglês) e EXO (Observatório de xenônio
enriquecido, sigla em inglês).

DR. CHRIS JILLINGS é um físico experimental NARRADOR - DR. DAMIAN POPE é gerente
trabalhando em um experimento de matéria escura senior das atividades de extensão científicas no
no SNOLAB chamado DEAP (Experimento de Ma- Perimeter Institute for Theoretical Physics, Water-
téria Escura com Argônio e discriminação na forma loo, Ontário, Canadá. Possui PhD em física teórica
de pulso, sigla em inglês). pela University of Queensland, Australia e sua área
de especialização é física quântica. Também possui
vasta experiência em explicar as maravilhas da
física para pessoas de todas as idades e perfis.

43
O Mistério da Matéria Escura

Apêndice A
Dados brutos para Velocidades Orbitais das
Estrelas na Galáxia do Triângulo (M33)

Raio (m) Velocidade (km/s)


1,23 × 10 19
37,0
2,47 × 10 19
54,7
3,70 × 10 19
67,5
4,94 × 10 19
79,1
6,17 × 10 19
85,3
7,41 × 10 19
89,1
8,64 × 10 19
93,1
9,87 × 10 19
96,5
1,11 × 10 20
99,6
1,23 × 10 20
101
1,36 × 10 20
103
1,73 × 10 20
106
2,11 × 10 20
109
2,49 × 10 20
117
2,86 × 10 20
119
3,24 × 10 20
118
3,61 × 10 20
120
3,98 × 10 20
123
4,38 × 10 20
131
4,75 × 10 20
136

Referência: Corbelli, E. and Salucci, P.: “The Extended Rotation Curve and the
Dark Matter Halo of M33” Monthly Notices of the Royal Astronomical Society,
Vol. 311, No. 2, January 2000, pp. 441–7.

44
O Mistério da Matéria Escura

Apêndice B
Equações e Constantes da Matéria Escura

Descrição Equação Variáveis Unidade SI


Lei de Gravitação FG – força da gravidade N
G – constante gravitacional Nm2/kg2
MS – massa do Sol kg
MP – massa do planeta kg
r – raio orbital m
2a Lei de Newton Fresultante – força resultante atuando sobre objeto N
m – massa do objeto kg
a – aceleração do objeto m/s2
Aceleração Centrípeta aC – aceleração centrípeta m/s2
v – velocidade linear de objeto em órbita m/s
r – raio de órbita m
Desvio da Luz θ – ângulo de desvio radianos
G – constante gravitacional Nm2/kg2
M – massa do corpo desviante kg
d – distância ao cento do corpo central m
c – velocidade da luz m/s
Energia cinética EK – energia cinética J
m – massa do objeto kg
v – velocidade linear do objeto m/s
Conservação de Energia EK – Energia Cinética total antes do evento J
Cinética E’K – Energia Cinética total depois do evento J
Terceira Lei de Kepler T – período da órbita planetária s
G – constante gravitacional Nm2/kg2
MS – massa do Sol kg
a – comprimento do semieixo maior m
Efeito Doppler f – frequência aparente Hz
f0 – frequência verdadeira Hz
v – velocidade do som no ar m/s
vs – velocidade da fonte móvel m/s

Nome Símbolo Valor Unidade SI


Constante Gravitacional G 6,67x10 -11
Nm2/kg2
Massa do Sol MS 1,99x1030 kg
Massa de Júpiter MJ 1,90x10 27
kg
Semieixo maior de Júpiter (elíptico) aJ 7,79x10 11
m
Raio da órbita de Júpiter (circular) rJ 7,78x1011 m
Velocidade da luz c 3,00x108 m/s

45
O Mistério da Matéria Escura

01 Explorando o Universo – Perimeter Institute


O Mistério da Matéria Escura
Guia do Professor
EQUIPE DE AUTORES REVISÃO
Dr. Damian Pope Jandira Oliveira
Perimeter Institute for Theoretical Physics Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), São
Paulo, Brasil
Dave Fish
Sir John A. Macdonald Secondary School, Lucas David Feitosa Campos
Waterloo, Ontario Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza e Instituto Sul-
-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), São Paulo, Brasil
Roberta Tevlin
Colegiado Danforth e Instituto Técnico, ADAPTAÇÃO DO LAYOUT PARA O PORTUGUÊS
Toronto, Ontário Mikka Mori
CONSELHEIRO CIENTÍFICO DIREITOS AUTORAIS
Cliff Burgess Publicado pelo Perimeter Institute for Theoretical Physics, 31 Caroline Street North,
Universidade McMaster e Perimeter Institute for Theoretical Physics Waterloo, Ontário, Canadá, N2L 2Y5. Copyright © 2013 por Perimeter Institute for
Theoretical Physics.
PROFESSORES COLABORADORES
Michael Burns, Instituto Colegiado Waterloo, Ontário Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste documento coberto pelos direi-
Jason Jennings, Colégio Secundário Sackville, Sackville, Nova Escócia tos autorais, exceto quaisquer páginas reproduzíveis inclusas aqui, podem ser repro-
Patrick Kossman, Escola Greenhall, Balgonie, Saskatchewan duzidas, transcritas, ou usadas em qualquer forma ou em qualquer formato — gráfi-
Tim Langford, Colégio Secundário Newtonbrook, Toronto, Ontário co, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópias, gravações, filmagens, distribuição
Lisa Lim-Cole, Escola Secundária Uxbridge, Ontário online ou sistemas de armazenamento de informações — sem a permissão escrita
Alan Linville, Escola W. P. E de Ciência e Tecnologia, do Perimeter Institute for Theoretical Physics. Para permissão de uso de material
Edmonton, Alberta deste texto ou produto, envie um pedido online para o Perimeter Institute. As
informações e atividades apresentadas neste livro foram cuidadosamente editadas
Brent McDonough, Escola Secundária Católica Trindade Sagrada,
e revisadas para serem precisas e são destinadas a seu valor instrucional. Porém, a
Edmonton, Alberta
editora não o representa ou acerta garantias, nem quaisquer representações implí-
Chris Nicols, Escola Secundária Castle View, Castle Rock, Colorado, USA citas em relação ao material aqui estabelecido, e a editora não se responsabiliza por
Nanouk Pare, John Abbott College, Montreal, Quebec esse material. A editora não será responsável por quaisquer danos gerais, especiais,
consequentes ou exemplares resultantes, no todo ou em parte, do uso do leitor ou
DIREÇÃO DE PROJETO EDITORIAL
crédito desse material.
Kevin Martindale
John Yip-Chuck AGRADECIMENTOS
New Leaf Media Professor Stacy McGaugh
Departmento de Astronomia, Universidade de Maryland, College Park,
DESIGN DE INTERIOR E COMPOSIÇÃO
U.S.A. Pelos dados da Tabela 3 e assistência com a descrição detalhada
Elizabeth Goheen
do método de Brilho no capítulo 3 do item “informações suplementares”
DESIGN DE CAPA
CRÉDITOS - IMAGENS (STScI / AURA)
Gabriela Secara
Detector ATLAS, p. 3 Galáxia do Redemoinho M51, p. 29
IMPRESSÃO O detector ATLAS no CERN NASA, ESA, S. Beckwith (STScI),
Denison Print e a equipe do patrimônio Hubble (STScI
COSMOS mapa da matéria escura em / AURA)
3D, p. 11
DESENVOLVIMENTO, PRODUÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO DE VÍDEO
NASA/ESA/Massey Albert Einstein, p. 32
Peter Conrad Bettman / CORBIS
Conrad Entertainment Inc. Vera Rubin, p. 26
Vera Rubin e Mark Godfrey Abell 2218, p. 32
PRODUTOR EXECUTIVO NASA, ESA, Andrew Fruchter e equipe
Fritz Zwicky, p. 26 ERO [Sylvia Baggett STScI),
Greg Dick Arquivos do Instituto Caltech Richard Hook (ST-ECF), Zoltan Levay
Diretor do Programa de Extensão Educacional
Galáxia Sombrero M104, p. 29 (STScI)] (STScI)
Perimeter Institute for Theoretical Physics
NASA e a equipe do patrimônio Hubble
COORDENAÇÃO DA TRADUÇÃO
Lucas David Feitosa Campos
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza e Instituto Sul- O Perimeter Institute for Theoretical Physics agradece o apoio do Governo
-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), São Paulo, Brasil de Ontario e do Governo do Canadá.

TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS


Ivan Nery Cardoso

46
O Mistério da Matéria Escura

Notas

47
O Mistério da Matéria Escura

Notas

48
Perimeter Institute
O Instituto Perimeter para Física Teórica é um instituto de pesquisa leque de atividades de formação e extensão que visam estimular
independente, sem fins lucrativos, cuja missão é realizar avanços talentos na área científica, bem como compartilhar a importância
na nossa compreensão do universo e das forças que o governam. de descobertas e inovações com estudantes, professores e público
Tais avanços estimulam o progresso em toda a Ciência e o em geral. Em parceria com os governos do Canadá e de Ontário,
desenvolvimento de novas tecnologias transformadoras. Localizado o Perimeter é um exemplo de colaboração público-privada de
em Waterloo, Ontário, Canadá, o Perimeter fornece um grande sucesso em pesquisa, formação e divulgação científica.

Recursos Educacionais – Perimeter Parceria Perimeter-SAIFR-Serrapilheira


Institute
Este material foi traduzido para o português através de uma
Esta série de recursos educacionais tem por objetivo auxiliar parceria entre o Perimeter Institute, o ICTP South American
professores na explicação de uma gama de tópicos importantes Institute for Fundamental Research e o Instituto Serrapilheira.
em física. Trata-se do produto de uma colaboração extensiva entre O ICTP-SAIFR é um centro sul-americano para física teórica em
pesquisadores internacionais, educadores da área de ciência e a São Paulo que organiza atividades de pesquisa (ictp-saifr.org)
equipe de extensão do Instituto Perimeter. Criado tendo em mente e divulgação científica (outreach.ictp-saifr.org) com o apoio da
tanto professores experientes quanto professores jovens, cada Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo e do
módulo foi cuidadosamente testado em sala de aula. Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista.
O Instituto Serrapilheira (serrapilheira.org) é uma instituição
privada sem fins lucrativos que promove ciência no Brasil por
meio do financiamento de pesquisas de excelência com foco em
produção de conhecimento e iniciativas de divulgação científica.

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ISBN 978-1-927633-90-8

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